Uma jovem hebreia de Nazaré
Seu nome era Maria, uma jovem hebreia de Nazaré, de uma família simples, vinda da periferia da Galileia, um povoado agrícola e de artesãos. Pertencer a Nazaré, vilarejo desprezado, desconhecido e sem história, era ser gente comum, de vida simples, sem conhecimentos teológicos.
Como toda mulher judia, praticava a religião hebraica, era de oração, elevava as suas preces e professava a sua fé no Deus único. Frequentava a pequena sinagoga, onde aprofundava-se no conhecimento das Sagradas Escrituras e nutria a sua esperança ao memorizar as orações dos Salmos e na escuta do livro do profeta Isaías. O seu povo vivia uma realidade humana de impossibilidades e barreiras. Quantas vezes não teria Maria ouvido, na sinagoga, do livro de Isaías, que uma virgem conceberia e daria à luz um filho, e que receberia o nome Emanuel? (Is, 7,14). Ela esperava a realização da promessa de Deus, que enviaria um Salvador para libertar o seu povo.
Maria, predestinada aos planos de Deus
Porém, Maria, desde sempre, esteve predestinada aos planos de Deus, não só para colaborar na salvação do seu povo, mais de toda humanidade.
Pelo pecado original, o ser humano se tornou sujeito ao erro, mas em Maria se concretiza a promessa de Deus. Ela nasce sem mácula, com a graça original, a simples jovem de Nazaré é superior a toda criatura, inferior somente a Jesus Cristo, por isso é chamada de Imaculada Concepção.
O Espírito de Deus que pousou sobre a terra, que era sem forma e vazia, coberta pelas trevas, trouxe a vida e tudo se fez (Gn 1,2). Esse mesmo Espírito sempre esteve presente em Maria desde a sua concepção em vista da sua maternidade divina. Porém, Maria teve a liberdade de escolher, de dizer Sim ou Não a Deus.
Maria, cheia de graça
Na vida que segue, em seus afazeres domésticos, de repente lhe aparece uma criatura sobrenatural, que fala com ela. Que significado teriam essas palavras?: "Cheia de graça,… e encontraste graça diante de Deus! … Conceberás e darás à luz a um filho" (Lc 1, 28-38).
Ter a graça significa receber de alguém o favor, a bênção, a bondade. Cheia de graça é estar totalmente preenchida com a gratuidade de Deus, não havendo um espaço sequer de sua existência que não seja repleto da graça.
A saudação evidencia a presença do Espírito de modo muito particular em Maria. Dizer cheia de graça é, portanto, dizer cheia do Espírito Santo. (CIC 2676)
E o conceber um filho, qual o significado? Sim, estava prometida em casamento e preparava-se para isso, mas como tudo aconteceria? Vem mais uma resposta intrigante: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do altíssimo te envolverá com sua sombra (Lc 1, 35).
Maria de Nazaré diz sim a Deus
Com pouco ou nenhum entendimento, Maria de Nazaré diz 'sim' a Deus. Então, o Espírito desce sobre Ela, e o verbo se faz carne e habita entre nós.
Não sabia ela que ao dizer 'sim' mudaria a direção da sua vida e também de toda a criação, da humanidade inteira para sempre. Maria totalmente cheia da graça de Deus, essa graça transborda na pessoa de Jesus para toda a humanidade.
A simples jovem de Nazaré gerou em seu ventre o Salvador, o Emanuel. Cumpre-se n'Ela a promessa do profeta Isaías: " … uma virgem conceberá …" .
O Espírito Santo e Maria são os iniciadores da obra da salvação de Cristo para o mundo. Inaugura-se um novo tempo para a humanidade.
Maria é a primeira a fazer a experiência de Pentecostes
Maria, cheia do Espírito Santo, é a primeira a fazer a experiência de Pentecostes. O Espírito de Deus, que atua em Maria, vai agindo e preparando os eleitos para a missão, como aconteceu com João Batista, o percurso da vinda de Jesus. Ela comunica, com sua simples presença e saudação, o Espírito Santo, e Izabel e o filho em seu ventre ficam cheios desse Espírito.
Uma missão que não exclui a dor, o desprezo nem a morte. Maria experimentou a espada ao transpassar a sua alma, ao ver seu Filho, morrer na cruz. Naquele momento de dor, porém de pé, recebe do Filho a missão da maternidade espiritual de toda a humanidade, quando Ele diz: "… mulher eis aí o teu filho". (Jo 19,26)
Maria, mulher de Esperança
A sua vida em Nazaré foi escola de fé e esperança, tudo o que guardará em seu coração, era a certeza do crer, o fim não culminaria da cruz, pois havia uma promessa da parte do Senhor: "Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!" (Lc 1,45). Uma esperança cultivada ao longo da vida, alicerçada na Palavra de Deus e guardada no coração fez dela que acreditou ser testemunha da ressurreição.
Agora, como Mãe de cada ser humano, acompanha os discípulos que estavam vacilantes na fé. Diante de tais acontecimentos com a sua fé já provada permanece firme. Ela os firma na fé na ausência física de Jesus após Sua subida aos céus.
A presença de Maria em Pentecostes
Maria, junto com os discípulos no cenáculo, encorajava-os a perseverar na oração e numa fé expectante da promessa de Jesus: "Não vos afasteis de Jerusalém… dentro de poucos dias, sereis batizados com o Espírito Santo" (Atos 1,4).
A presença de Maria em Pentecostes serve como um testamento, pois o que a aconteceria com os apóstolos seria o mesmo que já havia acontecido com Maria.
No Cenáculo, ela, que na encarnação foi a primeira a experimentar a graça do Espírito, indica que, em Pentecostes, essa graça é a herança de toda a Igreja.
Como n'Ela o Espírito de Deus gerou o Salvador, por Ela se inaugura, em Pentecostes, a manifestação da Igreja. Por esse motivo, recebe o título de Mãe da Igreja.
Maria, Mãe da Igreja
Uma vez repleta do Espírito Santo, em Pentecostes, Maria permanece com a mesma graça que já havia recebido do Espírito, pois quem está cheio da graça nada mais tem a receber. Maria, porém, com a sua simples presença, é um vaso que comunica a mesma graça que recebera de Deus aos que estavam presentes no cenáculo, como a comunicou a Isabel e a João Batista.
É em Pentecostes que a Igreja é oficializada e os discípulos que estavam amedrontados se tornam corajosos e anunciam a Boa Nova de Jesus.
O que o Espírito realiza em Maria é o que realizou nos apóstolos em Pentecostes, e é o que realiza, ainda hoje, na vida dos cristãos.
Referências:
- Bíblia CNBB
- Catecismo da Igreja Católica
- Livro Maria Mãe da Humanidade

Nilza Pires Corrêa Maia
Nilza Pires Corrêa Maia é Brasileira, nasceu no dia 09/03/1974, em Várzea Grande, MT. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 1999 no modo de compromisso do Núcleo.