26 de dezembro de 2010

Tenho confiado em Deus ou em mim mesmo?

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Nem sempre é possível caminhar amparado pelas certezas
É feliz quem na vida apreende com tudo o que ela proporciona, e quem consegue perceber nos fatos, nas alegrias e nas decepções realidades que acrescentem positivamente ao próprio universo de compreensão a respeito da existência. Em algumas situações parece que a vida nos "puxa o tapete", quando vemos nossos sonhos e tudo o que construímos desmoronar. Tais situações podem nos ensinar muito, nos levando a compreender a vida de maneira mais autêntica e acompanhada por Deus.

Muitas vezes, sentimos "sumir nosso chão" quando algo que desejávamos muito nos é tirado, e quando o que queríamos não acontece; porém, diante de tais situações é preciso que o coração questione se, de fato, a realidade com a qual sonhávamos era o melhor para nós.

É difícil ver nossos projetos desmoronarem, mas esses são momentos privilegiados para constatarmos se esses eram verdadeiramente os sonhos de Deus para nós.

Deus sabe o que é melhor para nós, Ele consegue enxergar além do que conseguimos compreender, e quando entregamos a Ele as rédeas de nossa vida Sua ação se faz real em tudo e através de tudo, nos retirando de caminhos tortuosos e nos conduzindo pela estrada certa, mesmo quando não somos capazes de perceber.

Muitas vezes, construímos nossa história e pautamos nossas escolhas em ideais puramente nossos, nos amparando somente naquilo que são nossas convicções pessoais, sem submeter a Deus nossa vontade. Agindo assim corremos o risco de viver constantemente frustrados, em virtude de termos confiado em nossas próprias forças e não n'Aquele que verdadeiramente sabe do que precisamos.

Deus nos conhece melhor que nós mesmos; Ele sabe o que, de fato, nos realizará em nossa essência.


O Cristianismo é um território onde a confiança se estabelece como "necessidade", pois nem sempre é possível caminhar amparados pelas certezas nas quais desejaríamos ancorar nossa história.

A certeza que precisa ancorar nossos passos é aquela que brota confiança no Deus que cuida de nós e que sempre tem o melhor para nós, mesmo quando tudo parece escuro.


Deus sempre está agindo, nos moldando e nos fazendo melhores. É preciso que confiemos n'Ele e em Sua maneira de agir, e não somente em nossas potencialidades e convicções.

Deus tem o melhor para nós, Ele sempre tem... É preciso confiar e permitir que Ele conduza todas as coisas, pois Ele sabe o que é o melhor.

Foto Adriano Zandoná
verso.zandona@gmail.com

23 de dezembro de 2010

Quando o inesperado bate à nossa porta

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Precisamos aprender a viver intensamente cada momento
No nosso cotidiano, envolvidos nas tarefas e nas situações do dia a dia, sempre nos esquecemos de algumas coisas básicas, até depararmos com o inesperado. Muitas vezes, nós nos envolvemos tanto com as tarefas que acabamos nos esquecendo de Deus, dos irmãos e de que nossa vida aqui é finita. Vivemos como se o nosso tempo aqui fosse infinito; e assim, perdemos tempo. Deixamos de amar aqueles que nos cercam.

A finitude do nosso tempo faz com que nos esforcemos para aproveitar o tempo de vida de que dispomos e não deixemos passar em vão ocasiões e momentos irrepetíveis. Cada minuto de nossa vida, ao lado das pessoas que conhecemos e amamos, é único e precisa ser aproveitado com toda a intensidade. Cada encontro com o outro é uma oportunidade que não volta a se repetir.

Em 2002, vivi a experiência do inesperado bater à minha porta, quando meu irmão sofreu um grave acidente de carro e, em fevereiro de 2004, foi para junto de Deus. No ano do acidente, posso dizer que tive a graça de aproveitar breves momentos, intensamente.

Ele morava em Araguaína (TO) e eu estava na missão de Natal (RN). Ele foi para casa em férias no final de ano, mas devido à missão eu não pude ir. Como somos pernambucanos ele estava a poucas horas da cidade onde eu estava, na hora de voltar para sua cidade, ele mudou a rota e passou, em plena madrugada, na minha casa, para matarmos um pouco a saudade. Essa foi a última vez que vi o meu irmão com vida. Foram poucos minutos, mas vividos com intensidade, vividos como únicos e irrepetíveis.

Hoje, compreendo que a consciência de nossa finitude nos dá oportunidade para concentrarmos a atenção no essencial. Dá-nos oportunidade de entendermos que cada pessoa é única e irrepetível. Ensina-nos a não pararmos nas diferenças, mas olharmos a individualidade de cada um como riqueza. Ensina-nos a sairmos de nós mesmos para servir o outro, para amar o outro. Ensina-nos a viver cada momento que vivemos como únicos. Dessa forma, conseguimos viver o tempo presente como ele deve ser vivido: colocando nossas preocupações em Deus e nos concentrando na essência da vida: Amar e Servir. Precisamos aprender a viver intensamente cada momento. Aprender a não nos deixarmos levar pelas tarefas e atividades do cotidiano, de forma a não deixarmos passar em vão os momentos de encontro com o outro, e a não deixarmos passar em vão os momentos oportunos para amar.

Foto Manuela Melo
psicologia@cancaonova.com

20 de dezembro de 2010

Tudo tem seu tempo

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A busca dessa sabedoria é tarefa de todos
Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu (cf. Eclesiastes 3, 1). Nesta máxima da sabedoria em Israel, fundamento da cultura grega presente no mundo judaico, bem localizado no horizonte cristão, vê-se o quão oportuna é a figura de um ancião que tem o intuito de instruir os jovens.

Há uma sabedoria que não pode ser esquecida sob pena de perder o verdadeiro sabor das coisas e dos sentidos adequados para a existência, provocando os desvarios absurdos que têm configurado a sociedade contemporânea. Concretizados em violência, corrupção, imoralidade, indiferença com a dor dos outros, perversidade; e ainda no entendimento da vida como disputa, na surdez para o grito dos pobres. Estes desvarios acontecem pela falta de sabedoria que pode estar ausente ou ser cultivada nas estratégias da governança moderna, nas especializações das ciências deste tempo, ou mesmo na aprendizagem dos processos formativos.

Essa sabedoria capacita corações e inteligências para o discernimento adequado, de modo que as escolhas configurem condutas à altura da dignidade humana em todos os níveis e na direção de cada pessoa, respeitada a sua singularidade.

A busca dessa sabedoria é tarefa de todos. Não se pode delegá-la, seja na família, nas instituições, nos variados contextos - ou eximir-se dessa missão. Os fluxos que configuram a cultura ocidental estão comprometidos. Impedem, lamentavelmente, por atos e escolhas, o cultivo permanente dessa sabedoria para equilibrar a vida e vivê-la dignamente desde a fecundação até a morte com o declínio natural. A vida de todos está o tempo todo por um fio. É resultado da falta de sabedoria de que tudo tem seu tempo - discernimento que modula a inteligência livrando-a dos desatinos da irracionalidade e preservando o sentido de limite, sem comprometer a liberdade e a autonomia.

No livro do Eclesiastes, capítulo terceiro, o ancião se empenha na tarefa de instruir os jovens. Insiste na compreensão que não pode ser substituída nem pela ciência e nem por estratégias.

Vale retomar sempre as indicações do sábio ancião: "Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de destruir e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir; tempo de lamentar e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar, tempo de abraçar e tempo de afastar-se dos abraços, tempo de procurar e tempo de perder, tempo de guardar e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amor e tempo de ódio, tempo de guerra e tempo de paz". Está indicado que a vida não pode ser vivida e conduzida sem essa sabedoria. Trata-se de um caminho longo na vivência do amor, na prática da justiça, na assimilação de valores, no exercitar-se no gosto de ser bom e de encantar-se com o outro.

As instituições todas, sobretudo a família, têm tarefas fundamentais nesse processo para tecer uma cultura ancorada na sabedoria. Se esse caminho não for percorrido, com urgência e perseverança, os desvarios da violência, das disputas, das agressões e da perda de sentido continuarão desfigurando instituições, culturas, modos de viver. Assim as vítimas, e também agentes, desse processo, serão especialmente os mais jovens.

Diante da atual realidade torna-se premente modular os corações e as culturas no horizonte dos valores que se revelam na pessoa de Jesus Cristo. A propósito de que tudo tem seu tempo, vivenciamos o momento propício para refletir sobre o verdadeiro sentido do Natal. É preciso sabedoria para não se curvar diante de enfeites, de Papai Noel e de outros símbolos comerciais que parecem ofuscar Jesus Cristo, o Dom maior de Deus Pai para a salvação da humanidade.

É tempo de cultivar símbolos como o presépio, antiga tradição educativa que modelou corações no bem, cuja intuição sábia de São Francisco de Assis nos deixou como herança. É tempo de reavivar o coração na fé e nos valores que só o encontro com Cristo pode garantir.

Resgatando a inspiração de Francisco de Assis, a Arquidiocese de Belo Horizonte convida todos a reacenderem a chama do amor de Deus, fonte inesgotável da sabedoria que sustenta a vida.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

15 de dezembro de 2010

A felicidade que se busca no Natal

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Presente algum poderá eliminar o vazio de nosso coração
É praticamente impossível não deixar de perceber que o Natal está chegando. As casas ganham uma ornamentação especial, árvores são iluminadas, jardins decorados e o comércio se movimenta traçando estratégias para melhores faturamentos. As pessoas se mobilizam de tal maneira que nenhuma outra celebração do ano parece igual. Os mais desavisados podem pensar que dezembro é o mês das festas. O comércio se desdobra em turnos de trabalho, promovendo competições, distribuindo prêmios por meio de sorteios, entre muitas outras ações.

Nas empresas, colaboradores brindam a chegada de mais um Natal, com festas, brincadeiras e troca de presentes... Toda essa movimentação parece revigorar nas pessoas a força de encontrar um sentido para suas vidas que, por muitas vezes, não passam de dias rotineiros, repletos de superficialidades, os quais se repetem por anos a fio.

Não é raro nós vermos pessoas reclamando ou tristes exatamente na noite em que a humanidade se rejubila com a graça que Deus dispensou à humanidade. Talvez, essas pessoas esperassem viver – na atitude de presentear e de serem presenteadas – o verdadeiro significado dos votos de felicidade expressos nos cartões ou nas frases, muitas vezes, repetidas quase que automaticamente. Para outras, os votos de felicidades são traduzidos na esperança de gozarem de muita saúde e muito dinheiro para realizar todos os sonhos de consumo.

Infelizmente, devido à necessidade de se alcançar a alegria vendida pelo mundo, muitos de nós mal nós damos conta da grandeza da oferta concedida por Deus a cada um de nós neste tempo. A felicidade que se busca não está contida num pacote ou, simplesmente, nos votos de dias sem preocupações, crises ou sofrimentos. Sabemos que presente algum poderá eliminar o vazio de nosso coração ou tirar a inquietude de nossa alma com as diversas preocupações e decepções. O grande diferencial que supre as lacunas de nossa alma e que revitaliza nossas forças, especialmente quando somos assolados pelas tempestades da vida, tem sido proclamado pela Igreja há mais de 2.000 anos.

Talvez esteja faltando em nossa vida – entre as atividades agendadas para o feriado de Natal – o compromisso de buscarmos viver o encontro com Aquele que é a salvação para ricos e pobres; brancos e negros; livres e cativos; e razão de toda existência. Em nossos dias, grandes transformações continuam acontecendo na vida daquelas pessoas que se dispõem a conhecê-Lo. Pois, ao vivermos uma experiência com Ele não nos encontramos com um personagem histórico que viveu há milhares de anos, mas com Alguém que vive e realiza prodígios na vida de quem O acolhe como Amigo.

Não se conhece alguém que, ao assumir a participação de Jesus Cristo na sua vida, tenha sido decepcionado ou abandonado às margens do caminho; ou que, ao ter clamado por Sua ajuda, tenha sido desprezado.

Neste novo tempo, em vez de permitirmos que o Menino Deus nasça numa manjedoura fria, que possamos testemunhar a alegria de acolher em nosso coração Aquele que pode preencher a nossa alma e nos propor um novo caminho em direção à almejada felicidade.

Abraços e votos de feliz Natal repleto de mudanças!

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

13 de dezembro de 2010

Eliminar o motivo de sua tristeza

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Os cristãos são o suave odor de Cristo
Em algumas situações específicas, em que duas pessoas eram condenadas à morte, os romanos costumavam aplicar uma pena extremamente cruel. Amarravam as duas pessoas uma à outra, rosto com rosto, braço com braço, mão com mão, perna com perna, e assim por diante; depois matavam apenas uma delas e as colocavam ambas no sepulcro, amarradas. À medida que o cadáver ia se decompondo, liberava substâncias que consumiam em vida o corpo daquela que com ele estava amarrada.

Dessa maneira, podemos entender melhor a que São Paulo aludia ao dizer: "Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte?" (Rm 7,24). Ele não falava de seu corpo físico, mas do corpo do pecado ao qual estava amarrado.

Qual aquele condenado, não temos forças para nos livrar deste corpo de pecado que nos consome; estamos de tal maneira amarrados a ele que parecemos formar um só corpo, e não estamos amarrados por fora, mas por dentro, em nosso coração.
Precisamos de alguém que nos desamarre e nos livre desse corpo que nos mata e que nos faz apodrecer em vida.

Os cristãos são o suave odor de Cristo, mas, quando se tem um corpo de pecado trancado no coração, o próprio coração se corrompe e começa a empestear, com o mau cheiro, o ar à sua volta. Dessa forma, em vez de ser causa de alegria e felicidade para si e para os outros, torna-se causa de sofrimento e infelicidade porque se afasta de Deus e entra em discórdia com as pessoas para defender interesses egoístas.

A verdade é que somos as primeiras vítimas desse mal; sentimo-nos tristes, abatidos e abandonados porque somos pecadores, porque, em nosso coração, vive uma lepra chamada pecado, que o insensibilizou à presença amorosa de Deus. E o pior é que não podemos fugir dele como se foge de uma pessoa desagradável; não podemos fugir, porque o pecado nos fala de dentro do nosso coração (cf. Sl 36,2), nós o levamos conosco para onde vamos.

Tenha certeza: o pecado é o motivo de sua tristeza, e só Jesus pode lhe devolver a alegria verdadeira. É necessário que Ele o liberte desse mal, mate essa lepra e mude seu coração corrompido em um novo coração. Toda pessoa que pensa ser impossível que seus pecados lhe sejam perdoados, entra em desespero e com o seu desespero torna o seu estado pior do que era antes. Então, tenha confiança em Deus!

Se você alguma vez já se sentiu perdido e, por causa de alguma coisa que fez, teve medo de cair no inferno, sentiu-se desolado e sem forças, se depois de repetidas lutas contra um mesmo pecado mais uma vez você foi vencido por ele e sentiu vontade de desistir, tenho uma ótima notícia para você: Só quem assim se sentiu pode experimentar o que é ser salvo pelo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, e este mesmo Jesus pode eliminar a sua tristeza na raiz!

.: Do livro: "Vencendo Aflições – Alcançando Milagres"

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

8 de dezembro de 2010

A coroa do Advento e seu significado

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Simboliza a eternidade e sua cor representa a esperança e a vida
Deus se faz presente na vida de todo ser humano e de todas as formas deixa-nos sentir Seu amor e desejo de nos salvar. A palavra ADVENTO é de origem latina e quer dizer CHEGADA. É o tempo em que os cristãos se preparam para a vinda de Jesus Cristo. O tempo do Advento abrange quatro semanas antes do Natal.

Atualmente há uma grande preocupação em reavivar este costume muito significativo e de grande ajuda para vivermos este tempo. A coroa ou a grinalda do Advento é o primeiro anúncio do Natal. É um círculo de folhagens verdes, sua forma simboliza a eternidade e sua cor representa a esperança e a vida. Vem entrelaçado por uma fita vermelha, símbolo tanto do amor de Deus por nós como também de nosso amor que aguarda com ansiedade o nascimento do Filho de Deus.

No centro do círculo se colocam as quatro velas para se acender uma a cada domingo do Advento. A luz das velas simboliza a nossa fé e nos leva à oração, e simbolizam as quatro manifestações de Cristo:

1° Encarnação, Jesus Histórico;
2° Jesus nos pobres e necessitados;
3° Jesus nos Sacramentos;
4° Parusia: Segunda vinda de Jesus.

No Natal se pode adicionar uma quinta vela branca, até o término do tempo natalino e, se quisermos, podemos pôr a imagem do Menino Jesus junto à coroa: temos que nos atentar, porém, que o Natal é mais importante do que a espera do Advento.

Essa coroa é originária dos países nórdicos (países escandinavos, Alemanha), a qual contém raízes simbólicas universais: a luz como salvação, o verde como vida e o formato redondo como eternidade.

Simbolismos estes que se tornaram muito adequados ao mistério natalino cristão, e que por isso, adentraram facilmente nos países sulinos. Visto que se converteram rapidamente em mais um elemento de pedagogia cristã para expressarmos a espera de Jesus como Luz e Vida, em conjunto com outros símbolos, certamente mais importantes, como são as leituras bíblicas, os textos de oração e o repertório de cantos.

O comércio e o sistema deste mundo fazem questão de esquecer o verdadeiro sentido do Natal e nós podemos cair nessa, mas é possível dar presente e celebrar o verdadeiro sentido: O Menino Jesus é o nosso grande presente!

Sugestão: você pode fazer uma coroa do Advento em sua casa e celebrar com sua família à luz da nossa fé a chegada de Jesus Cristo nosso Salvador. E a cada domingo ir acendendo as velas, convidando seus familiares para rezar.

Oração: Senhor Jesus, celebrar o teu Natal é fazer da minha vida, da minha casa, um lugar de eternidade e salvação. Que a Tua luz brilhe em cada coração. Acendendo cada vela desta coroa do Advento queremos acender a esperança, o amor, a fraternidade e a Salvação que é o grande presente que queremos dar a todos que amamos por intermédio do Menino Jesus, que vai nascer em nossa família.

Como você se prepara para celebrar esta grande festa do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo? Clique em comentários e diga como você vive este tempo litúrgico? Natal feliz é Natal com Cristo!

Escute este conteúdo:

Visite o PODCAST do padre Luizinho:

Padre Luizinho - Comunidade Canção Nova
http://blog.cancaonova.com/padreluizinho/

6 de dezembro de 2010

Ainda há tempo

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Para dançar, dar um telefonema, contemplar o pôr-do-sol
A vida segue seu curso, cada dia traz suas novidades e o tempo não para. Constantemente nos pegamos pensando nas coisas que deveríamos ter feito e chegamos à constatação de nos que faltou tempo! Será que isso é normal? Ou será que estamos inventando coisas de mais para fazer, preenchendo tanto o tempo que nos falta espaço para viver?

Dizem os grandes sábios que o segredo para uma vida feliz é viver bem cada coisa a seu tempo. Mas em dias como os que vivemos, nos quais tudo é imediato e as oportunidades de escolha são sempre vastas, é tarefa um tanto difícil discernir o que fazer a cada instante.

Eu, particularmente, gosto de planejar o meu dia de acordo com o que preciso fazer, seja no trabalho, seja em casa ou até mesmo no lazer. Mas o fato é que agindo assim, também corro o risco de controlar meu tempo nos deveres e aprisionar minha liberdade de ser livre e viver naturalmente.

Basta alguma coisa sair fora dos planos que me vejo bastante contrariada. É como se eu me atropelasse nos meus passos e o tempo fugisse de minhas mãos em segundos. Não é fácil lidar com o tempo e a velocidade da vida, aliás, é sabedoria que requer aprendizado, arte e disposição. Eu quero aprender. E você?

Podemos viver sem pensar sobre coisas assim, mas considero importante refletir na vida que estamos levando... Hoje, parei para fazer isso me perguntando: "Será que a vida está indo de modo muito rápido ou sou eu quem está meio lenta?" Talvez eu precise acertar o passo. Sou mais do que aquilo que eu faço; o ser e o fazer são realidades distintas que precisam de harmonia.

Já ouvi alguém dizer: "Sua cabeça até pode ser uma máquina, mas seu coração não!" Talvez esteja aí a razão dos descompassos do momento. É que o coração não combina com a pressa, ele tem seus mistérios, exige calma e arte para lidar com ele. É sensível, e o sentimento não combina com imediatismos. Para conquistar um bom emprego, a competência é conjugada com a agilidade, mas para conquistar um coração não é assim... Acredito que seja essa a razão do vazio que facilmente contemplamos nas pessoas que valorizam somente o poder. Quando nos interessamos de mais por "aquilo que queremos", falta-nos tempo para nos interessarmos por "aqueles que queremos". E aí o resultado quase inevitável são os atropelos e o vazio no fim da história. A opção é única: se quisermos conciliar os interesses de nossa vida, precisaremos ser vigilantes para que não nos enganemos nas escolhas e corajosos para recomeçar sempre que for preciso. E jamais abrirmos mão do essencial. O que é essencial para a sua felicidade?

Considero importante que identifiquemos as razões para vivermos alegres. Não para vivermos inebriados, esquecendo-nos do mal que possa estar no mundo, mas para poder dar um impulso à nossa vida, que tem, com certeza, nos oferecido coisas boas, as quais a velocidade não nos deixa contemplar. O sorriso, o choro, a simplicidade das crianças e os momentos de reflexão são boas formas de podermos valorizar a vida e apreciar o que de bom vai passando por nós. Não percamos mais tempo a correr sem destino certo. Andemos com mais calma, apreciemos mais a paisagem e quando chegarmos ao ponto determinado, veremos que a alegria da vida não está na chegada, ela foi distribuída durante o caminho. Se formos muito depressa, nos faltará tempo para recolhê-la.

A boa notícia que lhe apresento hoje é que ainda há tempo... Há tempo para mostrar quem somos sem temer a reação dos outros. Há tempo para cantar, dançar e brincar com as crianças.

Há tempo ainda para um bilhete no café da manhã, um telefonema inesperado durante o dia só para dizer: "Te amo".

Há tempo para despertar o que talvez tenha ficado quieto por anos a fio. Para contemplar o pôr-do-sol, para molhar os pés na água do mar, caminhar descalço na areia da praia sem ter hora marcada para chegar. Há tempo para ser feliz e hoje é o tempo!

Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

3 de dezembro de 2010

O purgatório existe?

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Os católicos acreditam, mas a Bíblia não fala dele
Os católicos acreditam na existência do purgatório, mas a Bíblia não fala dele. É verdade que na Sagrada Escritura não se encontra a palavra "purgatório", como também não achamos nela as palavras "sacramento da confissão", "Eucaristia" e "Crisma". No entanto, a Bíblia descreve situações, estados ou lugares que se identificam com a ideia de purgatório.

Em II Macabeus 12,43-46 lemos: "Judas, tendo feito uma coleta, mandou duas mil dracmas e prata a Jerusalém, para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição… Santo e salutar pensamento de orar pelos mortos. Eis porque ele ofereceu um sacrifício expiatório pelos defuntos, para que fossem livres de seus pecados". Ora, ser livre de seus pecados, depois da morte, pelo sacrifício expiatório, indica claramente a existência do purgatório.

Alguns biblistas percebem a confirmação do purgatório nas palavras de Jesus em Mateus 5,25-26: "Põe-te depressa de acordo com o teu adversário, enquanto estás ainda em caminho (da vida) com ele; a fim de que teu adversário não te entregue ao juiz, e o juiz ao guarda, e sejas metido na prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares até o último centavo". É claro que Jesus fala do justo juizo divino, depois da morte. Ora, sair dessa prisão depois da morte, depois de ter pago o último centavo (seja pelo sofrimento, seja pelas orações e expiações dos vivos) pode acontecer só no purgatório.

Outra alusão à existência do purgatório encontramos em I Coríntios 3,12-15: "[…] Aquele, cuja obra (de ouro, prata, pedras preciosas) sobre o alicerce resistir, esse receberá a sua paga, aquele, pelo contrário, cuja obra, (de madeira, feno, ou palha ), for queimada, esse há de sofrer o prejuízo; ele próprio, porém, poderá salvar-se, mas como que através do fogo." Também aqui a Tradição Apostólica entendia fogo do purgatório.

Entre testemunhas cristãs dos primeiros séculos, escreve Tertuliano: "A esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágios todos os dias aniversários de sua morte" (De Monogamia, 10).

Padre Anderson Marçal
http://blog.cancaonova.com/padreanderson/2010/10/25/o-purgat

1 de dezembro de 2010

Como você corrige as pessoas?

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O que não se pode fazer por amor, não se obtém por outros meios
Como você corrige seu filho, seu esposo, sua esposa, seu empregado, seu colega, seu subordinado de modo geral? É um dever e uma necessidade corrigir aqueles a quem amamos, mas isso precisa ser feito de maneira correta. Toda autoridade vem de Deus e em Seu nome deve ser exercida; por isso, com muito jeito e cautela.

Não é fácil corrigir uma pessoa que erra; apontar o dedo para alguém e dizer-lhe: "Você errou!", dói no ego da pessoa; e se a correção não for feita de modo correto pode gerar efeito contrário. Se esta for feita inadequadamente pode piorar o estado da pessoa e gerar nela humilhação e revolta. Nunca se pode, por exemplo, corrigir alguém na frente de outras pessoas, isso  o deixa humilhado, ofendido e, muitas vezes, com ódio de quem o corrigiu. E, lamentavelmente, isso é muito comum, especialmente por parte de pessoas que têm um temperamento intempestivo (conhecidas como "pavio curto") e que agem de maneira impulsiva. Essas pessoas precisam tomar muito cuidado, porque, às vezes, querendo queimar etapas, acabam queimando pessoas. Ofendem a muitos.

Quem erra precisa ser corrigido, para seu bem, mas com elegância e amor. Há pais que subestimam os filhos e os tratam com desdém, desprezo. Alguns, ao corrigi-los, o fazem com grosseria, utilizando palavras ofensivas e marcantes. O pior de tudo é quando chamam a atenção dos filhos na presença de outras pessoas, irmãos ou amigos, até do (a) namorado (a). Isso os humilha e os faz odiar o pai e a mãe. Como é que esse (a) filho (a), depois, vai ouvir os conselhos desses pais? O mesmo se dá com quem corrige um empregado ou subordinado na frente dos outros. É um desastre humano!

Gostaria de apontar aqui três exigências para corrigir bem uma pessoa:

Nunca corrigir na frente dos outros.
Ao corrigir alguém, deve-se chamá-lo a sós, fechar a porta da sala ou do quarto, e conversar com firmeza, mas com polidez, sem gritos, ofensas e ameaças, pois este não é o caminho do amor. Não se pode humilhar a pessoa. Mesmo a criança pequena deve ser corrigida a sós para que não se sinta humilhada na frente dos irmãos ou amigos. Se for adulto, isso é mais importante ainda. Como é lamentável os pais ou patrões que gritam corrigindo seus filhos ou empregados na frente dos outros! Escolha um lugar adequado para corrigir a pessoa.

Gostaria de lembrar que a Igreja, como boa Mãe, garante-nos o sigilo da Confissão, de maneira extrema. Se o sacerdote revelar nosso pecado a alguém, ele pode ser punido com a pena máxima que a instituição criada por Cristo pode aplicar: a excomunhão. Isso para proteger a nossa intimidade e não permitir que a revelação de nossos erros nos humilhe. E nós? Como fazemos com os outros? Só o fato de você dar a privacidade à pessoa a ser corrigida, ao chamá-la a sós, ela já estará mais bem preparada para a correção a receber, sem odiá-lo.

Escolha o momento certo.
Não se pode chamar a atenção de alguém no momento em que a pessoa errada está cansada, nervosa ou indisposta. Espere o melhor momento, quando ela estiver calma. Os impulsivos e coléricos precisam se policiar muito nesses momentos porque provocam tragédias no relacionamento. Com o sangue quente derramam a bílis – às vezes mesmo com palavras suaves – sobre aquele que errou e provocam no interior deste uma ferida difícil de cicatrizar. Pessoas assim acabam ficando malvistas no seu meio. Pais e patrões não podem corrigir os filhos e subordinados dessa forma, gritando e ofendendo por causa do sangue quente. Espere, se eduque, conte até 10 dez, vá para fora, saia por um tempo da presença do que errou; não se lance afoito sobre o celular para o repreender "agora". Repito: a correção não pode deixar de ser feita; a punição pode ser dada, mas tudo com jeito, com galhardia. Estamos tratando com gente e não com gado.

Use palavras corretas.
Muitas vezes, um "sim" dito de maneira errada é pior do que um "não" dito com jeito. Antes de corrigir alguém, saiba ouvi-lo no que errou; dê-lhe o direito de expor com detalhes e com tempo o que fez de errado, e por que fez aquilo errado. É comum que o pai, o patrão, o amigo, o colega, precipitados, cometam um grave erro e injustiça com o outro. O problema não é a correção a aplicar, mas o jeito de falar, sem ofender, sem magoar, sem humilhar, sem ferir a alma.

Eu era professor em uma faculdade, e um dos alunos veio me dizer que perdeu uma das provas e que não podia trazer atestado médico para justificar sua falta. Ter que fazer uma prova de segunda chamada, apenas para um aluno, me irritava. Então, eu lhe disse que não lhe daria outra prova. Quando ele insistiu, fui grosseiro com ele, até que ele pôde se explicar: "Professor, é que eu uso um olho de vidro e, no dia da sua prova, o meu olho de vidro caiu na pia e se quebrou; por isso eu não pude fazê-la". Fiquei com "cara de tacho" e lhe pedi mil desculpas.

Nunca me esqueci de uma correção que o meu pai nos deu quando meus oito irmãos e eu éramos ainda pequenos. De vez em quando nós nos escondíamos para fumar longe dele. Nossa casa tinha um quintal grande e um pequeno quarto no fundo; lá nós nos reuníamos para fumar.

Um dia, nosso pai nos pegou fumando; foi um desespero… Eu achei que ele fosse dar uma surra em cada um de nós; mas não, me lembro exatamente até hoje, depois de quase cinquenta anos, da bela lição que ele nos deu. Lembro-me bem: nos reuniu no meio do quintal, em círculo, depois pediu que lhe déssemos um cigarro; ele o pegou, acendeu-o, deu uma tragada e soprou a fumaça na unha do dedo polegar, fazendo pressão, com a boca quase fechada.

Em seguida, mostrou a cada um de nós a sua unha amarelada pela nicotina do cigarro. E começou perguntando: "Vocês sabem o que é isso amarelo? É veneno; é nicotina; isso vai para o pulmão de vocês e faz muito mal para a saúde. É isso que vocês querem?" Em seguida ele não disse mais nada; apenas disse que ele fumava quando era jovem, mas que deixou de fazê-lo para que nós não aprendêssemos algo errado com ele. Assim terminou a lição; não bateu em ninguém nem xingou ninguém; fomos embora. Hoje nenhum de meus irmãos fuma; e eu nunca me esqueci dessa lição. São Francisco de Sales, doutor da Igreja, dizia que "o que não se pode fazer por amor, não deve ser feito de outro jeito, porque não dá resultado". E se você magoou alguém corrigindo-o grosseiramente, peça-lhe perdão logo; é um dever de consciência.

 

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com