30 de dezembro de 2024

O Natal e o Jubileu: tempo de esperança e reconciliação

Um chamado à esperança e reconciliação

O Natal oferece à humanidade a límpida e inesgotável fonte do amor de Deus. E a humanidade precisa ser banhada por esse amor maior – necessidade tão forte e evidente, que a liturgia da Igreja celebra, anualmente, o Natal de Jesus, celebração vivida fortemente por vários dias, com seus ritos, silêncios, proclamações e interpelações, capazes de contribuir para que todos alcancem o sentido da salvação: o Filho de Deus se dignou a vir e a tornar-se o Emanuel, Deus Conosco.

O ato de amor de Deus é desconcertante. O Verbo Eterno, Jesus Cristo, filho amado de Deus-Pai, entra na carne humana para alargar e iluminar o horizonte novo da humanidade. Garante, assim, a salvação do mundo, ameaçada pelos limites do próprio ser humano. Santo Agostinho diz com sabedoria: "Ele vem a nós pelo que assumiu de nós e nos salva pelo que manteve de si mesmo".

O Natal e o Jubileu: tempo de esperança e reconciliação

Ridofranz / GettyImages

Há de se reconhecer o lastro destrutivo da fraqueza humana, desarrumando vidas, estreitando horizontes, adoecendo e dizimando, conforme mostram os cenários de pobreza, de guerras e exclusões. O Natal anuncia a graça da indispensável renovação da vida de cada um, por uma humanidade restaurada nos parâmetros do amor maior. Celebrar o Natal é convite-convocação para superar a fraqueza humana diante da missão de se fazer o bem.

Construindo um mundo melhor com esperança

Essa fraqueza descompassa a vida com escolhas que estão na contramão do equilíbrio ecológico, humano, social, econômico e político. O Natal é a experiência renovada para que os cristãos retomem o caminho da salvação, com suas dinâmicas próprias, renovando e fortalecendo a identidade daqueles que acolhem a missão insubstituível de seguir o Salvador do mundo, Jesus Cristo, o Menino-Deus que vem ao encontro de todos.

E seguir Jesus pede o abandono de tudo o que, internamente, gera incapacidade para amar, fixando o olhar em Cristo, deixando-se impactar pela simplicidade de Jesus – o modo como Deus entra nas condições humanas. O exercício desse desapego alarga horizontes, dissipa sombras que envolvem a existência humana, possibilitando um caminho luminoso, livre de estreitamentos doentios.

Faz prevalecer a força do amor, capaz de transbordar solidariedade e fraternidade, essenciais às mudanças que todo ser humano deve almejar. Ensina bem a mística oriental o quanto importa o esforço para cumprir os mandamentos de Deus, o amor maior, Aquele que primeiro amou. Aqueles que verdadeiramente se esforçam e cumprem os mandamentos recebem de Cristo o verdadeiro troféu.

Esperança no Natal, a mensagem central do ano jubilar

Por isso mesmo Natal é tempo de pedir, insistentemente, a sabedoria essencial ao exercício da misericórdia e ao
reconhecimento da verdade, para não ceder espaço à maldade ou ao domínio do maligno. É tempo de bater às portas de Deus, com constância, para garantir que sejam escancarados os caminhos para o céu. Assim, a celebração e vivência do Natal constituem leitura atenta e imersão na força do Evangelho, abrindo rico itinerário, reorientando os rumos da vida, a redefinição de propósitos, cultivando a disposição profética de se buscar a justiça e a paz.

Natal é, pois, o exercício da consciência a respeito da própria dignidade de filho e filha de Deus, irmãos e irmãs uns dos outros, livrando os corações de intrigas, maldades e ressentimentos. A dignidade maior – todos filhos e filhas de Deus – é resgatada com a encarnação do Verbo, Sua Paixão, Morte e Ressurreição.


Nesta celebração do Natal de Jesus, é inaugurado, a partir da convocação do Papa Francisco, o Ano Jubilar 2025 – todos chamados ao exercício espiritual de ser peregrinos de esperança, buscando a reconciliação com Deus, consigo mesmo, com os semelhantes e com a natureza. A vivência dos Anos Jubilares é tradição da Igreja Católica, instituída, em 1300, pelo Papa Bonifácio VIII, para favorecer a experiência de se buscar a graça de Deus, trilhando o caminho da reconciliação com o Criador.

Ano jubilar, um chamado à esperança verdadeira

Em 2025, o convite é para que todos cultivem esperança, reconciliando-se e reconquistando a inteireza perdida, no horizonte da afirmação de São Paulo apóstolo, escrevendo aos Romanos: "A esperança não decepciona". Há de se viver os dias do ano jubilar, buscando participar das peregrinações, das celebrações e das vivências zelosamente preparadas pela Igreja – indo a Roma ou às igrejas jubilares mais próximas, para qualificar ainda mais o próprio tecido interior.

Uma qualificação imprescindível para conquistar a força essencial às grandes mudanças na própria vida, na sociedade e no mundo. É tempo de curar os desânimos, superar os medos, ceticismos e pessimismos, firmando os passos na confiança, na serenidade e na certeza da graça de Deus, redentora e salvífica. Uma ocasião para reavivar a esperança, alicerçada em Cristo – a esperança fidedigna – e assim ajudar a arquitetar um futuro mais harmonioso para a humanidade.

Todos aceitem o convite para viver o Ano Jubilar 2025 buscando se encontrar, qualificadamente, com a esperança, com Jesus Cristo. Cada pessoa se torne qualificado peregrino de esperança, especialmente neste tempo de Jubileu, oportunidade singular para nutrir a vida com o amor de Deus – a esperança que não decepciona.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/192419/

O coração, a casa e a Igreja: promessas de Deus para um novo tempo!

A encarnação do verbo: celebrando a presença de Deus

Celebramos, com alegria, o Natal do Senhor, contando o tempo e nossos dias pela plenitude dos tempos, marcada pela Encarnação do Verbo Eterno de Deus. Que maravilha saber que não vivemos girando em torno de nós mesmos, mas voltados para aquele que dá sentido à nossa existência, o Senhor de nossas vidas, mergulhados, através do Batismo, na vida da Santíssima Trindade, Pai e Filho e Espírito Santo! A Deus toda honra e toda glória, neste ano que termina, no ano novo que vai começar e até os confins do mundo e da eternidade!

Alguns espaços nos são propostos para recolher os frutos do Natal e fazê-los multiplicados no ano novo: o coração, o mais íntimo de nós mesmos, onde só Deus pode penetrar e se joga o confronto entre seu plano de amor e nossa liberdade, é lá dentro que desejamos plantar a forças da graça recebida de Deus e a resposta da fé. É do tamanho da eternidade o que Deus faz conosco e o Natal tornou patente! Deus nos ama com um amor infinito e sério.

O coração, a casa e a igreja: promessas de Deus para um novo tempo!

Oleh_Slobodeniuk / GettyImages

Não fomos jogados ao léu no mundo ou em nossos relacionamentos com a vida e as pessoas. Fomos criados para nos realizarmos e sermos felizes nesta vida e na outra, depois de nossa Páscoa pessoal na morte! Não nos resignamos a permanecer fechados ou nos acostumarmos com os problemas e sofrimentos! Não fomos destinados ao acomodamento e à preguiça, mas feitos com um dinamismo nascido da imagem e semelhança com as quais foram criados os homens e as mulheres!

O amor renovador diante da vontade de Deus

Consequências? Assumir com fé e grande responsabilidade o dia a dia, vivendo bem cada momento presente, acolhendo com amor todos os acontecimentos passados, sendo capazes de agradecer, reconhecer as próprias falhas, acolher o perdão de Deus, perdoar, começando de dentro de nós mesmos, todas as ofensas recebidas, dispostos à reconciliação que nos for possível com os outros.

Vale a recomendação de São Paulo: "É assim que eu conheço Cristo, a força da sua Ressurreição e a comunhão com os seus sofrimentos, tornando- me semelhante a ele na sua morte, para ver se chego até a Ressurreição dentre os mortos.  Não que eu já tenha recebido tudo isso, ou já me tenha tornado perfeito. Mas continuo correndo para alcançá-lo, visto que eu mesmo fui alcançado pelo Cristo Jesus. Irmãos, eu não julgo já tê-lo alcançado. Uma coisa, porém, faço: esquecendo o que fica para trás, lanço-me para o que está à frente. Lanço-me em direção à meta, para conquistar o prêmio que, do alto, Deus me chama a receber, no Cristo Jesus" (Fl 3,10-13).

Para tanto, uma boa dose de criatividade e liberdade interior contribuirá para a vivência do tempo novo que se abre, um verdadeiro dom de Deus. A casa e os relacionamentos próximos podem ser um espaço de verdadeiro treinamento. Com certa frequência podemos projetar os conflitos pessoais e familiares nos demais espaços de vida e convivência. Desejamos fazer a proposta de um amor maior pela casa/família e também pela casa/espaço familiar. Nossas casas podem ser mais harmônicas, acolhedoras para nós mesmos e os outros!

Família, o templo do amor de Deus na terra

Um pouco mais de tempo à mesa de uma refeição, sem formalidade, a ajuda recíproca nas dificuldades de estudo dos irmãos, e daí por diante! Consideremos como tarefa possível, exigente, sem dúvida, mas essencial, dar mais tempo e qualidade de vida junto dos familiares. Sempre impressiona o fato de que Deus, que é Todo-poderoso, tenha planejado a vinda de seu filho ao mundo numa família, sem dúvida excepcional, mas família, com moradia, trabalho, dificuldades materiais, viagens, alegrias e angústias. A casa é o espaço do amor de caridade para todos nós!

E, neste final de semana, celebramos justamente a Festa da Sagrada Família! Em nossas Paróquias, pode ser o ano que vai começar o tempo de um grande mutirão de valorização do Sacramento do Matrimônio. É tempo de fazer crescer o número e qualidade das famílias marcadas pela graça sacramental! Cresça e apareça mais a pastoral familiar, que tem feito tanto bem por toda parte, nas várias dimensões de sua atividade! E desejamos chamar este trabalho de "Pastoral Vocacional para o Matrimônio".

A Igreja se abre para um tempo especial, o Jubileu convocado pelo Papa Francisco, "Peregrinos de Esperança". Um desafio de nossos tempos, com todas as guerras e os problemas sociais e econômicos existentes, é justamente a falta de perspectivas para tantas pessoas. A Igreja tem como tarefa para o ano do Jubileu oferecer uma verdadeira injeção de esperança ao mundo.

Transformando o mundo por meio da esperança em Deus

E para nós cristãos, a esperança é uma virtude teologal, um dos presentes recebidos no Batismo. Vejamos o que diz o Papa, na Bula de convocação do Jubileu (n.3): "Com efeito, a esperança nasce do amor e funda-se no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na cruz: 'Se de fato, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida"(Rm 5, 10).


E a sua vida manifesta-se na nossa vida de fé, que começa com o Batismo, desenvolve-se na docilidade à graça de Deus e é por isso animada pela esperança, sempre renovada e tornada inabalável pela ação do Espírito Santo. Na verdade, é o Espírito Santo, com a sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nas pessoas de fé a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida.

O amor de Deus como fundamento de um novo tempo

Com efeito, a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino: "Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores graças àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Senhor nosso"(Rm 8, 35.37-39).

Por isso mesmo essa esperança não cede nas dificuldades: funda-se na fé e é alimentada pela caridade, permitindo assim avançar na vida. A propósito escreve Santo Agostinho: "Em qualquer modo de vida, não se pode passar sem estas três propensões da alma: crer, esperar, amar".

Com simplicidade, propomos ao coração o crer, à família o amar, e à missão da Igreja no mundo o esperar!

Feliz, verdadeiro, abençoado e santo ano novo!

Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/ano-novo/o-coracao-casa-e-igreja-promessas-de-deus-para-um-tempo-novo/

18 de dezembro de 2024

Anjos querubins: guardiões da adoração

"Fez ainda um querubim numa extremidade e o segundo na outra, formando uma peça só com o propiciatório. Os Querubins tinham asas estendidas para cima, cobrindo com elas o propiciatório. Estavam com as faces voltadas uma para a outra, com o rosto voltado para o propiciatório" (Ex 37,8-9).

A palavra querubim vem do hebraico כְּרוּב (keruv), que significa "aquele que é propício" ou "abençoador". De fato, a tradição bíblica sempre ligou esses seres celestiais à dimensão da adoração em relação direta ao trono de Deus e da Sua presença gloriosa. A primeira citação desses nossos irmãos se encontra em Gn 3,24, onde o Senhor os coloca na entrada do paraíso, com uma espada de fogo que gira, impedindo o homem caído de entrar.

O que podemos falar desses seres angelicais é que eles possuem a dimensão da adoração em forma comunitária e, estando em comunhão uns com os outros, ao adorarem, trazem em si a presença do fogo da glória de Deus. Então, se os serafins queimam na presença do Senhor e tornam-se abrasadores, os querubins, por sua vez, carregam a presença de Deus no meio deles (Ez 10,6-9). Esse fogo que eles guardam em si mesmo nada mais é do que a presença do Senhor, que se manifesta em forma de fogo, que ilumina e purifica a noite e o dia.

Anjos querubins guardiões da adoração

Crédito: pamela_d_mcadams / GettyImages

Referências sobre os querubins

A referência mais conhecida que temos dos Keruvim é a imagem dos dois sobre a tampa da arca da Aliança. Vejamos os detalhes do texto sagrado:

Estão ajoelhados um de frente para outro, e formam uma só peça unidos pelos joelhos

Ao construir a arca, o Senhor ordenou a Moisés que erigisse sobre a tampa desta (propiciatório) dois querubins feito de ouro maciço. Estar um de frente para o outro demonstra a dimensão da comunhão na adoração. Por isso, Nosso Senhor ensina que "onde dois ou três estão reunidos no meu nome eu estou no meio dele" (Mt 10,20), dando a cumprir a realidade de dois corações, unidos em comum acordo, ao entrar em relacionamento com o seu Deus. Eles adoram unidos, fazendo que se tornem pelos joelhos uma "peça" só, isto é, uma única oração.

Esses nossos irmãos do segundo coro da primeira hierarquia celeste estão profundamente em comunhão com o Senhor. Por tê-lo em meio a si, em forma de fogo devorador, estes entram em relação com Deus e este se faz conhecer, ensinando-os os mistérios e segredos mais íntimos. Por isso, a tradição teológica entende que os "abençoadores" são capazes de ter a ciência de Deus e de seus segredos e, por esse motivo, podem ensinar aos outros anjos e homens sobre os segredos da revelação divina. A este propósito nos ensina o grande Pseuso-Dionisio:

«Os Querubins designam aptidões a conhecerem e a contemplarem a Deus, a receberem os mais altos dons da Sua Luz, a contemplarem na sua potência primordial o esplendor divino, a acolherem em si a plenitude dos dons que transmitem sabedoria e a comunicá-los em seguida às essências inferiores graças a expansão da própria sabedoria que lhes foi transmitida»1.

Conhecimento elevado e místico de Deus

A sabedoria que os envolve, e o conhecimento próximo que estes possuem da visão beatifica faz sim que estes seres maravilhosos conheçam a profundidade de Deus e o seu Amor.

Se os serafins ardem de amor, os querubins por sua vez são abrasados pelo conhecimento elevado e místico de Deus2. Não é por nada que, em todas as referências em que se faz dos querubins, veremos sempre que estão em dois ou mais, e no meio deles está a presença do Senhor.

A esse respeito, a liturgia católica nos ensina que, ao celebrarmos os santos mistérios, fazemos a experiência pessoal e comunitária de ter em nosso meio aquele que se dá totalmente em seu corpo e em seu sangue. Logo, o que vivemos enquanto corpo místico de Cristo nada mais é que a experiência de adorar a Deus em um louvor que une muitas vozes e corações, e ao subir ao trono divino como um incenso, chega a Deus como uma única oração de tantos santos (Ap 8,3).


As asas estendidas para cima cobrindo o propiciatório

Um segundo elemento importante, que temos na mensagem simbólica da arca da aliança, são as asas dos querubins. Tais asas estão voltadas para cima e, ao mesmo tempo, a sombra destas protegem a tampa do propiciatório. Aqui, podemos aprender duas lições: a primeira é que as asas apontadas para o alto representam toda a elevação espiritual dos keruvins, que tem a sua liberdade voltada inteiramente para Deus; a segunda é o "cobrir" o propiciatório. Este nos ensina que as asas dos querubins, além de os elevarem a Deus, fazem deles anjos protetores de quem está embaixo deles. Logo, querubim também é guarda não somente do paraíso, mas de cada adorador.

As asas, na linguagem bíblica e no mundo antigo, representam a proteção e, ao mesmo tempo, a liberdade3. É debaixo das asas do Altíssimo que o fiel encontra o seu refúgio nos tempos de tribulação (Sl 90/91). Jesus chorou sobre Jerusalém por causa da sua rejeição de não ter aceitado a proteção de suas asas que como uma galinha acolhe os seus pintinhos (Lc 13,34).

Interessante é o comentário de São João Crisóstomo a respeito dos querubins. Em sua homilia sobre os dois ladrões, ele nos ensina que, ao prometer o paraíso celeste ao ladrão na cruz, Nosso Senhor tirou a espada da condenação da entrada do Éden e abriu para nós a porta que antes tinha sido fechada. Os mesmos querubins que impediam a nossa entrada no céu, hoje são nossos irmãos que conosco adoram e louvam a Deus para sempre4.

Seja Querubim!

Concluindo, podemos dizer que hoje é possível entrar em comunhão com estes irmãos, uma vez que a sua natureza está voltada completamente para os mistérios divinos. A beleza em tudo isso é que, se os querubins entram no mistério do conhecimento e ciência de Deus através das brasas e do fogo que queima no meio deles, nós, por excelência, na liturgia eucarística, temos em nosso meio o fogo devorador da Eucaristia, e ali encontramos prostrados os querubins que, junto conosco, adoram ao Cordeiro Santo que se dá no altar.

Seja querubim! Seja guardião da adoração onde você estiver. Busque ir além e verás que o paraíso, outrora fechado, agora, em Cristo, foi por nós aberto, e junto com nossos irmãos celestes, em comunhão com toda a Igreja podemos com eles cantar:

"Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, Aquele que era, que é e que há de vir!" (Ap 4,8).

Referências:

1 PSEUDO-DIONISIO, Hierarcha celeste,BIBLIOTHECA PATRISTICA, VII, p. 14-15.
2 Cfr. SÃO TOMÁS DE AQUINO, Summa Theologica II, Edições Loyola, São Paulo 2005, Q. 108, Art. 5, p.776.
3 Cfr. DICIONÁRIO DE FIGURAS E SÍMBOLOS BÍBLICOS, Paulus 2º edição, São Paulo 2006, p.18-19.
4 Cfr. SÃO JOÃO CRISOSTOMO, De cruce et latrone, hom. I, 1-2. PG 49,399-401.

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/anjos-querubins-guardioes-da-adoracao/

16 de dezembro de 2024

Moral e representação: o dever moral da representação política

A responsabilidade moral dos representantes

Aqueles que assumem o compromisso de representar os cidadãos nas instâncias de poder precisam reconhecer: o exercício dessa responsabilidade requer irrenunciável dever moral, pois não se pode negligenciar o cumprimento da "palavra dada". Trata-se de responsabilidade que deve emoldurar a conduta de cada cidadão, e, principalmente, das figuras públicas governamentais.

Moral e representação o dever moral da representação política

Crédito: Jupiterimages / GettyImages

Deve-se cumprir as promessas e os protocolos assinados, os acordos estabelecidos em cúpulas, congressos, reuniões de grupos majoritários, sobretudo quando contemplam metas de preservação ambiental e promoção da justiça social. Ao se assumir um compromisso, não bastam os discursos bem arquitetados. Ora, tem razão a sabedoria popular quando aponta que "falar é fácil, cumprir é que são elas". Ou ainda quando se diz que o "papel aceita tudo".

Governantes e servidores públicos, contracenando com demais cidadãos – a quem devem servir – são chamados, permanentemente, a respeitar o primado da sociedade civil – cláusula inegociável e intocável.

O descaso com a sociedade: inaceitável na função pública

Preciosamente ensina a Doutrina Social da Igreja Católica que a comunidade política está a serviço da sociedade civil, isto é, a serviço das pessoas. Quando são ocupados cargos nas instâncias do poder, torna-se ainda maior a obrigação de fielmente cumprir as metas e os compromissos assumidos.

A comunidade civil não pode ser tratada com o descaso que se expressa a partir do desrespeito às tarefas que são intrínsecas à função pública. Isso significa que são injustificáveis atitudes que buscam apenas contemplar interesses cartoriais e oligárquicos. A comunidade política nasce do coração da sociedade civil, a quem deve servir.

Distanciar-se dessa verdade é grave, pois inviabiliza o cumprimento do dever moral de efetivar e promover o bem comum, essencial a todos. Esse dever moral dos governantes precisa incidir, especialmente, no campo econômico, onde não são válidas, simplesmente, as regras do mercado – a economia deve reger-se por princípios inegociáveis.

Economia a serviço do desenvolvimento humano

A ordem econômica não pode ser considerada esfera autônoma em relação ao campo moral. A dimensão moral da economia deve ser prioridade dos governantes, para que seja alcançada uma eficiência econômica capaz de levar a humanidade ao desenvolvimento solidário. São interligadas, pois, intrinsecamente, a moral e a economia.

A Doutrina Social da Igreja, nesta direção, ensina que a moral constitutiva da vida econômica não é nem opositiva nem neutra, inspira-se na justiça e na solidariedade. Uma inspiração que se desdobra no compromisso de promover uma economia eficaz e inclusiva, na contramão de um crescimento que desconsidera o bem dos seres humanos, condenando muitas pessoas à indigência e à exclusão.

Torna-se evidente, portanto, a exigência moral de se respeitar propósitos assumidos, sem desvirtuamentos, sem se descuidar do que está documentado em acordos e declarações. A meta a ser alcançada é a promoção do bem comum, que contempla todos os cidadãos e precisa ser garantido a partir da dedicação da comunidade política.

O papel da comunidade política na promoção do bem comum

Compreende-se a importância determinante dos desempenhos governamentais para consolidar a autoridade política. Somente conquistam a autoridade política, obtendo o reconhecimento da população, aqueles que se pautam no horizonte do dever moral, sem negociações espúrias ou conivências mesquinhas.

Iluminados pelo dever moral de buscar garantir à comunidade uma vida balizada pela ordem e retidão, líderes políticos hão de cumprir suas promessas, para não cair em descrédito, gerando atrasos que inviabilizam respostas urgentes.


A autoridade política pertence ao povo que a confia a governantes para que possam bem exercer a representação pública. Assim, aqueles que estão no exercício do poder precisam buscar merecer, sempre mais, a confiança da população, que verdadeiramente detém a autoridade política.

Fundamento da credibilidade política

Esse merecimento se conquista buscando servir com qualidade, a partir da promoção de valores humanos essenciais, que garantam o desenvolvimento sustentável. O respeito às leis deve ser o horizonte comum a todos, a ser vivido a partir do dever moral de propor e cumprir metas. Caso contrário, prevalecerão somente a ostentação de aparatos, os discursos vazios, demagógicos, que apenas concretizam frustrações.

Aparatos e discursos que, distantes de parâmetros morais, contribuem para normalizar uma economia perversa e excludente, onde ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, sempre mais pobres.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/moral-e-representacao-o-dever-moral-da-representacao-politica/

15 de dezembro de 2024

Imaculada e imaculados: Maria nos leva ao encontro do Cristo

Imaculada Conceição no Advento: um tempo de esperança e preparação

A Solenidade da Imaculada Conceição, neste ano celebrada no Segundo Domingo do Advento, remete-nos com alegria às palavras sábias e precisas de São Paulo VI, na Exortação Apostólica "Marialis Cultus" (cf. Números 3 e 4): "No tempo do Advento a Liturgia, não apenas na Solenidade de 8 de dezembro, celebração, a um tempo, da Imaculada Conceição de Maria, da preparação radical (cf. Is 11,1.10) para a vinda do Salvador e para o feliz exórdio da Igreja sem mancha e sem ruga, recorda com frequência a bem-aventurada Virgem Maria, sobretudo nos dias 17 a 24 de dezembro; e, mais particularmente, no domingo que precede o Natal, quando faz ecoar antigas palavras proféticas acerca da Virgem Mãe e acerca do Messias e lê episódios evangélicos relativos ao iminente nascimento de Cristo e do seu Precursor.

Imaculada e imaculados Maria nos leva ao encontro do Cristo

Crédito: ilbusca / GettyImages

Desta maneira, os fiéis que procuram viver com a Liturgia o espírito do Advento, ao considerarem o amor inefável com que a Virgem Mãe esperou o Filho, serão levados a tomá-la como modelo e a prepararem-se, também eles, para irem ao encontro do Salvador que vem, bem vigilantes na oração e celebrando os seus divinos louvores.

A Liturgia do Advento, conjugando a expectativa messiânica e a outra expectativa da segunda vinda gloriosa de Cristo, com a admirável memória da Mãe, apresenta um equilíbrio cultual muito acertado, que bem pode ser tomado como norma a fim de impedir quaisquer tendências para separar, como algumas vezes sucedeu em certas formas de piedade popular, o culto da Virgem Maria do seu necessário ponto de referência: Cristo.

Além disso, faz com que este período, como têm vindo a observar os cultores da Liturgia, deva ser considerado como um tempo particularmente adequado para o culto da Mãe do Senhor: orientação essa, que nós confirmamos e auspiciamos ver aceita e seguida por toda a parte".

Maria Imaculada: modelo de fé e discípulo para o Advento

Assim predispostos, tomamos de nosso cancioneiro religioso, uma preciosidade: "Imaculada, Maria de Deus, coração pobre acolhendo Jesus. Imaculada, Maria do povo, mãe dos aflitos que estão junto à cruz. Um coração que era sim para a vida, um coração que era sim para o irmão, um coração que era sim para Deus, Reino de Deus renovando este chão.

Olhos abertos para a sede do povo, passo bem firme que o medo desterra, mãos estendidas que os tronos renegam, Reino de Deus que renova esta terra. Faça-se, ó Pai, vossa plena vontade, que os nossos passos se tornem memória do amor fiel que Maria gerou, Reino de Deus atuando na história!" (Letra e Música: Frei Fabreti).

O plano de Deus: a Imaculada Conceição como preparação para a encarnação

O plano de Deus: Imaculada! Desde toda a eternidade, o amor de Deus preparou a participação humana na Encarnação do Verbo, preservando a Virgem Maria de toda a mancha do pecado original, justamente em previsão dos méritos de Cristo. Escolha livre na eternidade dos desígnios da Trindade Santíssima, para acolher o mistério da liberdade humana de uma apenas adolescente na realização da Salvação.

Tudo começa no alto, nos planos de Deus. E aquela que foi feita Imaculada, acolhe Jesus, com seu coração pobre e simples, tão sem pretensões que se declarou escrava!

Imaculada Maria: coração pobre acolhendo a Palavra de Deus

Maria Imaculada! Se Jesus Cristo é o Verbo de Deus encarnado, podemos olhar para Maria como a toda revestida da Palavra de Deus, aquela que escolheu radicalmente fazer a vontade de Deus, tornando-se Mãe antes em sua alma e depois no corpo, um coração que era sim para a vida, um coração que era sim para o irmão, um coração que era sim para Deus, Reino de Deus renovando este chão!

O fato de ser Mãe Imaculada acompanhou toda a sua existência nesta terra. Por onde passou, fez o bem, visitando e servindo sua prima Isabel, enfrentando com serenidade todos os eventuais infortúnios e perdas que experimentou com valentia e convivendo com Jesus e José na Casa de Nazaré! Uma casa e uma oficina de trabalho, um espaço certamente harmônico e belo, iluminado pelo gênio feminino de Nossa Senhora!

Mãe Imaculada sempre de olhos abertos para a sede do povo

Mãe, serva, Nossa Senhora! Olhos abertos para a sede do povo, passo bem firme que o medo desterra, mãos estendidas que os tronos renegam, Reino de Deus que renova esta terra. Aquela que foi Mãe se fez discípula e modelo para os discípulos de todos os tempos.


Caná é o sinal de seu zelo, com o qual continua, pelos séculos afora, a levar a Jesus tudo o que significa aquele "Eles não têm mais vinho"! Testemunham esta verdade a quantidade de títulos, correspondentes a todas as necessidades humanas, a ela atribuídos em todas as partes do mundo. Lá do Céu, assim acompanha a peregrinação da fé de todos os filhos acolhidos aos pés da Cruz.

Imaculada Conceição: um chamado à imaculatização em nossa vida

Imaculada! Ela passa na frente, mas todos nós somos chamados à imaculatização! "Em Cristo, Deus nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos santos e imaculados diante d'Ele no amor. Conforme o desígnio benevolente de sua vontade, ele nos predestinou à adoção como filhos, por obra de Jesus Cristo, para o louvor de sua graça gloriosa, com que nos agraciou no seu bem-amado" (cf. Ef 1,4-6).

Se podemos considerar a Virgem Maria como a "humanidade passada a limpo", ela antecipa o que todos nós somos chamados a viver, sem nivelar nossa vida pelo rodapé do pecado e da maldade. Com ela e contemplando-a com alegria, todos somos convidados a olhar para o alto e para frente.

Quando recebeu a visita do Anjo, os padres da Igreja dizem que Maria só poderia caminhar para as alturas, simbolizadas pelas montanhas em que moravam Isabel e Zacarias! Podemos pedir confiantes, a esta altura do Advento: Faça-se, ó Pai, vossa plena vontade, que os nossos passos se tornem memória do amor fiel que Maria gerou, Reino de Deus atuando na história!

Para colocar em prática o que meditamos, seja nosso propósito de Advento arrumar e limpar a casa de nosso coração, para que seja parecido com Maria, e o Natal aconteça de verdade no meio de nós!


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/imaculada-e-imaculados-maria-nos-leva-ao-encontro-do-cristo/

É preciso seguir as normas existentes nos diretórios litúrgicos

Entendendo melhor sobre os diretórios litúrgicos

Quando se fala de "escolha" da Missa, não se trata de uma escolha arbitrária ou ao bel-prazer do sacerdote presidente. Embora seja ele quem presidirá a Eucaristia, o padre precisa seguir as normas e orientações existentes nos diretórios litúrgicos como, por exemplo, a Introdução Geral do Missal Romano (IGMR) que será o livro que nos orientará durante este artigo.

É preciso seguir as normas existentes nos diretórios litúrgicos

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

O sacerdote precisa conformar-se com o calendário da Igreja em que ele está situado. Existem algumas datas que em certos tempos litúrgicos são obrigatórias de serem seguidas. São elas: os domingos, os dias feriais do Advento, o Natal, a Quaresma e o Tempo Pascal, as festas e memórias obrigatórias. Contudo, nas memórias facultativas da Virgem Maria e de Santos venerados pelos fiéis, o padre pode celebrá-las em função da piedade do povo de Deus.

A Introdução Geral ao Missal Romano (IGMR), no n° 29, deixa estritamente claro a importância das leituras bíblicas: "Quando, na Igreja, se lê a Sagrada Escritura, é o próprio Deus quem fala ao seu povo, é Cristo, presente na sua Palavra, quem anuncia o Evangelho". Na liturgia da Palavra, é Deus quem comunica aos fiéis, por isso a leitura das Sagradas Escrituras jamais podem ser substituídas por outras leituras que não estejam no Cânon Romano, por mais nobre que sejam.

O que dizem os diretórios litúrgicos?

Durante os domingos e solenidades, as leituras são três: do Profeta, do Apóstolo e do Evangelho, a fim de fazer com que o povo de Deus conheça a obra de salvação. Durante as festas, são feitas duas leituras e nos dias de semana o Lecionário Ferial traz as devidas leituras. Já, nas Missas rituais, nas quais se incluem alguns Sacramentos ou Missas por várias necessidades, faz-se uma escolha especial dos textos da Sagrada Escritura (IGMR, 359).

A Oração Eucarística faz parte das orações presidenciais, ela é o ponto central de toda a celebração da Santa Missa. Pode-se encontrar também, no Missal Romano, inúmeros Prefácios que servem para evidenciar os aspectos do mistério da salvação.

Dessa forma, a orientação é a seguinte: "a Oração Eucarística I, também conhecida como Cânone Romano, pode-se usar sempre, mas é mais indicado nos dias que têm um Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) próprio, ou nas Missas com Hanc igitur (Aceitai benignamente, Senhor) próprio, bem como nas celebrações dos Apóstolos e dos Santos mencionados nessa Oração". Contudo, por motivos pastorais, nesses dias pode-se usar a Oração Eucarística III (IGMR, 365).

A Oração Eucarística II é mais indicada nos dias feriais e em circunstâncias específicas, mesmo contendo Prefácio próprio, pode-se utilizar outros Prefácios. A Oração Eucarística III pode-se usar em qualquer Prefácio; ela é normalmente usada nos domingos e festas. Já, a Oração Eucarística IV tem Prefácio fixo e é a que mais contempla a história da salvação, podendo ser empregada sempre que a Missa não tem Prefácio próprio ou nos domingos (IGMR, 365).

Missas e orações para cada circunstância

A exemplo da vida de Jesus, a Liturgia Sacramental proporciona ao fiel a possibilidade de santificar quase todos os acontecimentos da sua vida, por meio do mistério pascal que envolve todos os sacramentos. Dessa forma, existindo a possibilidade de escolher leituras e orações, o ministro ordenado deve agir com prudência e fazer as escolhas devidas somente quando forem realmente convincente pastoralmente.


Dentro de necessidades especiais e com a autorização do bispo, pode-se celebrar alguma particularidade por necessidade pastoral, exceto nas solenidades, nos domingos do Advento, Quaresma e Páscoa, nos dias dentro das Oitavas da Páscoa, na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, na Quarta-Feira de Cinzas e nos dias feriais da Semana Santa.

Liturgia em dias específicos, segundo os diretórios litúrgicos

As celebrações em honra da bem-aventurada Virgem Maria, dos Anjos ou de algum Santo podem acontecer para satisfazer os fiéis dentro dos dias feriais do Tempo Comum, mesmo existindo memórias facultativas. Contudo, quando acontecer de haver memórias obrigatórias ou uma féria do Advento, até 16 de dezembro; do Tempo do Natal, de 2 de janeiro em diante; ou do Tempo Pascal, depois da Oitava da Páscoa; não é permitido Missas votivas ou em diversas necessidades. Ainda existe uma recomendação de celebrar-se a memória da Virgem Maria no sábado.

A Igreja também oferece, pelos fiéis defuntos, o sacrifício Eucarístico, para que, por meio desse mistério, alcance auxílio espiritual, e, para os vivos, consolo e esperança. Em primeiro lugar, está a Missa exequial, em que é permitido celebrar todos os dias com exceção nas solenidades de preceitos, nos domingos do Advento, no Tríduo Pascal, Quaresma e Tempo Pascal.

É permitido alguma adaptação aos diretórios litúrgicos?

É do bispo diocesano a responsabilidade por aquele rebanho localizado na sua diocese. Ele é, ali, o sumo sacerdote de quem depende a vida dos seus fiéis em Cristo, ele deve ordenar, promover e zelar pela Liturgia dentro da sua diocese. Dessa forma, o Bispo tem competência para realizar adaptações litúrgicas. Uma das funções importantes do Bispo é alimentar o espírito da Sagrada Liturgia nos sacerdotes, diáconos e fiéis.

A Conferência Episcopal também tem a incumbência de realizar algumas adaptações. Esses ajustes estão contidos na Introdução Geral do Missal Romano, por exemplo: gestos e atitudes corporais, gestos de veneração do altar e do Evangeliário, alterações nos textos dos cânticos de entrada, ofertório e comunhão, as leituras das Sagradas Escrituras que serão utilizadas em determinadas circunstâncias, a maneira de dar a paz, o modo de receber a Sagrada Comunhão, o material do altar, as alfaias sagradas, realizar traduções dos textos bíblicos utilizados nas celebrações.

O notório, para cada fiel, é que a Igreja, em suas mais variadas "áreas", assim como na Liturgia, vive dentro de um organismo vivo e organizado. Por isso também afirmamos que o Espírito Santo é quem assiste a Igreja, pois Ele é gerador de ordem. O amor que cada um deve ter pela Igreja é de igual forma o amor que Cristo tem por Ela, pois os dois compõem um mesmo corpo.

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/catequese-liturgica/e-preciso-seguir-as-normas-existentes-nos-diretorios-liturgicos/

14 de dezembro de 2024

Como se relacionar com Nossa Senhora no dia a dia?

Cada paróquia no Brasil tem um título de Nossa Senhora que ganha destaque na comunidade local. Quando se aproxima a festa relacionada a esse título mariano, a paróquia se mobiliza, faz novena, quermesse e celebra muito a festividade.

Nossa Senhora só está presente em nossa vida nesses momentos particulares? Somos fiéis devotos dela, mas só pedimos sua intercessão nas Missas celebrativas ou quando estamos com problemas a resolver? Não é esse o desejo de Deus ao nos dar Maria como Mãe, nem é o desejo dela ao nos assumir como filhos. Ela quer participar do nosso dia a dia, auxiliando-nos e fortalecendo-nos na caminhada até Deus.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Trazer Nossa Senhora para perto

São Bernardo nos ensina que "nos perigos, nas angústias e dúvidas, devemos pensar em Maria, invocando-a". São Boaventura afirma: "Jamais li que algum santo não tivesse sido devoto especial da Santíssima Virgem". Na oração da Ladainha de Nossa Senhora, nós a chamamos de "auxílio dos cristãos". Sim, ela o é! Nossa Senhora é Auxiliadora!

No Evangelho de João 19,26-27, vemos que "Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse a ela: 'Mulher, eis o teu filho!'. Depois, disse ao discípulo: 'Eis a tua mãe!'. A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu'".

Papa Francisco, ao meditar essa leitura, fala-nos: "Temos uma Mãe que está conosco, que nos protege, acompanha e ajuda também nos tempos difíceis, nos maus momentos".

A maternidade de Maria

Podemos encontrar um vasto conteúdo nos escritos dos Papas e Santos da Igreja mostrando-nos a real maternidade de Maria. A resposta de João às Palavras do Cristo na cruz nos mostra qual deve ser nossa postura ao acolher a Virgem Santa como Mãe: "A partir daquela hora, o discípulo a acolhe no que era seu". Esse é o centro do relacionamento materno entre Maria e seus filhos, não somente crer na maternidade, mas trazer Nossa Senhora para perto, colocá-la a par dos acontecimentos e sentimentos que, diariamente, compõem nossa vida, e para isso há um caminho eficaz: a oração.

Seja o Rosário, o Ofício, a Ladainha ou uma jaculatória que invoca a proteção da Santíssima Virgem, seja um momento longo ou um breve elevar da alma até o colo sublime da Mãe de Deus, o certo é que devemos seguir o exemplo de João e trazer Maria para tudo o que nos pertence. Apresentar a ela nossos conflitos e medos, nossas vitórias e projetos, e tê-la como Mãe é encontrar nela uma companheira para o dia a dia.

Muitas vezes, durante o meu dia, elevo meu coração a Maria. Além de rezar o Santo Terço, vou colocando-me nas mãos dela no decorrer das horas e dos fatos ocorridos. Quando estou realizando algum trabalho, para o qual não tenho muito domínio, vou pedindo a Maria que venha em meu auxílio. Quando vivo uma situação difícil, busco nela um apoio.


Mostra-te, Mãe

Na Carta Encíclica Adiutricem Populi, Papa Leão XIII fala de uma jaculatória simples, mas eficaz: "Mostra-te, Mãe". Ele convida os cristãos a invocarem Maria nos acontecimentos do dia e pedir sua presença ou seu conselho.

Maria não somente quer nos acolher como filhos, como deseja nos acompanhar por toda nossa peregrinação aqui na Terra rumo à morada eterna.

Nos acontecimentos duros da vida, nos momentos de solidão e dor, alegria e realização, clamemos essa simples oração que nos ensina o Santo Padre: "Mostra-te, Mãe". Confiemos: aquela que acompanhou Jesus até o Calvário também nos acompanhará por todos os caminhos.

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/como-se-relacionar-com-nossa-senhora-no-dia-a-dia/

13 de dezembro de 2024

Conheça a história da santa protetora dos olhos



Santa Luzia (ou Santa Lúcia), cujo nome deriva do latim, é muito amada e invocada como a protetora dos olhos, janela da alma, canal de luz.

Conta-se que pertencia a uma família italiana e rica, que lhe deu ótima formação cristã, ao ponto de Luzia ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe queria vê-la casada com um jovem de distinta família, porém pagão. Ao pedir um tempo para o discernimento foi para uma romaria ao túmulo da mártir Santa Ágeda, de onde voltou com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto aos sofrimento por que passaria, como Santa Ágeda.

Vendeu tudo, deu aos pobres e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa. Santa Luzia, não querendo oferecer sacrifício ao deuses e nem quebrar o seu santo voto, teve que enfrentar as autoridades perseguidoras e até a decapitação em 303, para assim testemunhar com a vida, ou morte o que disse: "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade".

Somente em 1894 o martírio da jovem Luzia, também chamada Lúcia, foi devidamente confirmado, quando se descobriu uma inscrição escrita em grego antigo sobre o seu sepulcro, em Siracusa, Ilha da Sicília. A inscrição trazia o nome da mártir e confirmava a tradição oral cristã sobre sua morte no início do século IV.

Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão ("Luzia" deriva de "luz"), já era exaltada desde o século V. Além disso, o papa Gregório Magno, passado mais um século, a incluiu com todo respeito para ser citada no cânone da missa. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira.

Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura. Foi enaltecida pelo magnífico escritor Dante Alighieri, na obra "A Divina Comédia", que atribuiu a santa Luzia a função da graça iluminadora. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje.

Luzia pertencia a uma rica família de Siracusa. Sua mãe, Eutíquia, ao ficar viúva, prometeu dar a filha como esposa a um jovem da Corte local. Mas a moça havia feito voto de virgindade eterna e pediu que o matrimônio fosse adiado. Isso aconteceu porque uma terrível doença acometeu sua mãe. Luzia, então, conseguiu convencer Eutíquia a segui-la em peregrinação até o túmulo de santa Águeda ou Ágata. A mulher voltou curada da viagem e permitiu que a filha mantivesse sua castidade. Além disso, também consentiu que dividisse seu dote milionário com os pobres, como era seu desejo.

Entretanto quem não se conformou foi o ex-noivo. Cancelado o casamento, foi denunciar Luzia como cristã ao governador romano. Era o período da perseguição religiosa imposta pelo cruel imperador Diocleciano; assim, a jovem foi levada a julgamento. Como dava extrema importância à virgindade, o governante mandou que a carregassem à força a um prostíbulo, para servir à prostituição. Conta a tradição que, embora Luzia não movesse um dedo, nem dez homens juntos conseguiram levantá-la do chão. Foi, então, condenada a morrer ali mesmo. Os carrascos jogaram sobre seu corpo resina e azeite ferventes, mas ela continuava viva. Somente um golpe de espada em sua garganta conseguiu tirar-lhe a vida. Era o ano 304.

Para proteger as relíquias de santa Luzia dos invasores árabes muçulmanos, em 1039, um general bizantino as enviou para Constantinopla, atual território da Turquia. Elas voltaram ao Ocidente por obra de um rico veneziano, seu devoto, que pagou aos soldados da cruzada de 1204 para trazerem sua urna funerária. Santa Luzia é celebrada no dia 13 de dezembro e seu corpo está guardado na Catedral de Veneza, embora algumas pequenas relíquias tenham seguido para a igreja de Siracusa, que a venera no mês de maio também.


Fonte: https://noticias.cancaonova.com/brasil/conheca-a-historia-da-santa-protetora-dos-olhos/

12 de dezembro de 2024

Rezemos uma oração a Nossa Senhora de Guadalupe

Rezemos uma oração a Nossa Senhora de Guadalupe

Foto Ilustrativa: Laks-Art by GettyImages


Perfeita, sempre Virgem Santa Maria,
Mãe do Verdadeiro Deus, por quem se vive.
Tu, que, na verdade, és nossa Mãe Compassiva,
te buscamos e te clamamos.
Escuta com piedade nosso pranto, nossas tristezas.
Cura nossas penas, nossas misérias e dores.
Tu, que és nossa doce e amorosa Mãe,
acolhe-nos no aconchego do teu manto,
no carinho de teus braços.

Que nada nos aflija nem perturbe nosso coração.

Mostra-nos e manifesta-nos a teu amado Filho,
para que n'Ele e com Ele encontremos
nossa salvação e a salvação do mundo.
Santíssima Virgem Maria de Guadalupe,
Faz-nos mensageiros teus,
mensageiros da Palavra e da vontade de Deus.
Amém.

Oração de São João Paulo II a Nossa Senhora de Guadalupe

Oh, Virgem Imaculada, Mãe do verdadeiro Deus e Mãe da Igreja, Tu, que desse lugar manifestas tua clemência e tua compaixão a todos que solicitam teu amparo, escuta a oração que te dirigimos, com filial confiança, e a apresente a teu Filho Jesus, nosso único Redentor. Mãe de Misericórdia, Mestra do sacrifício escondido e silencioso, a ti, que vens ao encontro de nós pecadores, te consagramos, neste dia, todo nosso ser e todo nosso amor.

Consagramos-te também nossa vida, nossos trabalhos, nossas alegrias, enfermidades e dores. Concede a paz, a justiça e a prosperidade a nossos povos. Tudo o que temos e somos colocamos sob teus cuidados, Senhora e Mãe nossa. Queremos ser totalmente teus e percorrer contigo o caminho de plena fidelidade a Jesus Cristo em sua Igreja. Não nos soltes de tua mão amorosa. Virgem de Guadalupe, Mãe das Américas, te pedimos por todos os bispos, para que conduzam os fiéis por caminhos de intensa vida cristã, de amor e humilde serviço a Deus e às almas.

Contempla essa imensa messe e intercede para que o Senhor infunda fome de santidade em todo o Povo de Deus, e envie abundantes vocações sacerdotais e religiosas, fortes na fé e zelosos dispensadoras dos mistérios de Deus. Concede aos nossos lares a graça de amar e respeitar a vida que começa com o mesmo amor com que concebeste, em teu seio, a vida do Filho de Deus.

Virgem Santa Maria, Mãe do Formoso Amor, protege nossas famílias, para que estejam sempre muito unidas, e abençoe a educação de nossos filhos. Esperança nossa, lança-nos um olhar compassivo, ensina-nos a procurar, continuamente, a Jesus e, se cairmos, ajuda-nos a nos levantar, a nos voltarmos a Ele, mediante a confissão de nossas culpas e pecados no sacramento da Penitência, que traz serenidade à nossa alma.

Nós te suplicamos para que nos concedas um grande amor a todos os santos sacramentos, que são as pegadas de teu Filho na terra. Assim, Mãe Santíssima, com a paz de Deus na consciência, com nossos corações livres do mal e do ódio, poderemos levar a todos a verdadeira alegria e a verdadeira paz, que vem de teu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, que com Deus Pai e com o Espírito Santo vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.

Sua Santidade João Paulo II México, janeiro de 1979.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/rezemos-uma-oracao-a-nossa-senhora-de-guadalupe/

9 de dezembro de 2024

Oração para alcançar a paz interior

No alvorecer da esperança, venho Te pedir, Senhor,
a paz que restaura os corações aflitos.
Desejo a paz, que cura as feridas
e tranquiliza as emoções agitadas
das falas precitadas.

Cubra-me com o manto da serenidade,
ilumina-me com a luz da bondade
e acalma minhas tempestades interiores.

Ensina-me, Senhor,
a lição das flores, que, silenciosamente,
desabrocham espalhando a beleza da vida
e o perfume suave da delicadeza
sem nada pedir em troca.

Que minha vida irradie a paz das manhãs
e o acalento findar das tardes serenas.
Que meu silêncio não seja apenas ausência de palavras,
mas sim uma oferta de amor a ti.

Fala, Senhor, através do meu olhar!
Que eles possam ver além das aparências,
e que meus pensamentos de condenação
se convertam em prece pela conversão
para aqueles que, antes de me roubarem a paz,
já furtaram de si próprios a dádiva do amor.


Que os ventos contrários da maldade alheia,
não ofusquem a beleza da caridade;
que os espinhos do julgamento
sejam professores para aqueles que ainda precisam
aprender a graça de se deixarem florescer de bondade.

Em Tuas mãos, depósito minha esperança
de ser para todos o que Tu és para mim:
uma fonte inesgotável de misericórdia
na qual, agora, adentro para alvejar com Teu amor
minha alma aflita e cansada.

Amém!


 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/oracao-para-alcancar-paz-interior/

Como participar liturgicamente da Santa Missa?

Aprenda a participar liturgicamente da Santa Missa e a crescer na fé

Para que a nossa participação na Santa Missa seja consciente, ativa e frutuosa, é necessário conhecermos bem o que celebramos. Contudo, muitos católicos não receberam uma formação adequada acerca da liturgia da Santa Missa, e seguem aquilo que lhes foi ensinado sem questionamento algum.

Como participar liturgicamente da Santa Missa?

Créditos: Daniel Mafra / cancaonova.com

A Igreja quer manter sempre a sua unidade. Não são várias Igrejas Católicas, mas uma única Igreja. Por isso mesmo é necessário que haja uma unidade na liturgia, e aqueles que presidem as celebrações são os primeiros que devem vivenciar aquilo que celebram em plena unidade com a Igreja em todo o mundo. Por isso mesmo, todo presbítero deve ser o primeiro a aceitar e praticar as normas litúrgicas que regulam a liturgia. Triste é observarmos que, em muitos casos, o rito da celebração foi totalmente desfigurado por acréscimos que visam apenas inflar o ego de quem preside. Lembramos com carinho a frase de Adélia Prado: "A Missa é como um poema, não suporta enfeite nenhum".

Participação da assembleia na Santa Missa

Criou-se, em muitos lugares, o costume de a assembleia rezar junto com o sacerdote as orações que são próprias de quem preside a Santa Missa. Algumas orações são próprias de quem preside. A assembleia tem a sua participação em momentos próprios:

"Para fomentar a participação ativa, promovam-se as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes corporais. Não deve deixar de observar-se, a seu tempo, um silêncio sagrado" (Sacrosanctum Concilium, 30).

"Sem dúvida, o povo participa sempre ativamente e nunca de forma puramente passiva: 'associa-se ao sacerdote na fé e com o silêncio, também com as intervenções indicadas no curso da Oração Eucarística, que são: as respostas no diálogo do Prefácio, o Santo, a aclamação depois da consagração e a aclamação 'Amém', depois da doxologia final, assim como outras aclamações aprovadas pela Conferência de Bispos e confirmadas pela Santa Sé'" (Redemptionis Sacramentum, 54).

Compreendendo a liturgia

Quando falamos em seguir as normas litúrgicas previstas, não estamos falando de coisas sem importância, mas de unidade eclesial. A liturgia não é nossa, mas sim um tesouro da Igreja. Celebrar segundo as prescrições significa também criar comunhão com o Corpo Místico de Cristo.

Ninguém tem autoridade para modificar ou variar os textos litúrgicos. Muitos têm transformado as celebrações litúrgicas em verdadeiros espetáculos de mau gosto. Desfiguraram tanto o rosto da Santa Missa, que chegam a confundi-la, muitas vezes, com um culto neopentecostal.


"Contudo, o sacerdote deve estar lembrado de que ele é servidor da Sagrada Liturgia e de que não lhe é permitido, por própria conta, acrescentar, tirar ou mesmo mudar qualquer coisa na celebração da Missa" (Instrução Geral do Missal Romano, 24).

"Cesse a prática reprovável de que sacerdotes ou diáconos, ou mesmo os fiéis leigos, modificam e variem, à seu próprio arbítrio, aqui ou ali, os textos da sagrada Liturgia que eles pronunciam. Quando fazem isso, trazem instabilidade à celebração da sagrada Liturgia e não raramente adulteram o sentido autêntico da Liturgia" (Redemptionis Sacramentum, 59).

 



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/catequese-liturgica/como-participar-liturgicamente-melhor-da-santa-missa/

8 de dezembro de 2024

Passado, presente e futuro: vem, Senhor Jesus!

O Messias prometido: um coração preparado para a Sua vinda

Desejamos recuperar, com toda disposição, as esperanças proclamadas pelos profetas, ao longo dos séculos, olhando para frente e para o alto, formando o Povo de Deus que desejava ver o Messias prometido. Sejam nossas as expectativas do pequeno Resto, Pobres de Javé, que não se permitiram o desânimo diante do que pareciam ser as demoras do próprio Deus.

Passado, presente e futuro vem, Senhor Jesus!

Crédito: kevron2001 / GettyImages

Compartilhamos a fidelidade de Zacarias e Isabel, quando a luz se acendeu, vinda da visita do Arcanjo Gabriel. Bendito tempo em que o pai ficou mudo, até que viesse à luz aquele que seria a Voz a clamar pela preparação urgente e próxima da chegada do Messias. São também nossas as orações que chegaram até os contemporâneos de Maria e José, descendentes dessa porção fiel na esperança. Esteja em nosso coração a força com que estes dois, Maria e José, enfrentaram todas as adversidades para responder positivamente ao chamado de Deus.

É também nossa a estrada percorrida por meses a fio pelos Magos chegados do Oriente, pois é nossa a Estrela Guia! Dos pobres pastores dos arredores de Belém pedimos o dom de sua santa curiosidade, para irmos verificar o acontecimento que mudou a história do mundo! É também acolhida por nós a expectativa da Igreja, que nunca se cansará de proclamar "Vinde, Senhor Jesus", acolhendo em si todos os clamores da humanidade, quando esta, mesmo quando não sabe dar este nome, clama pela plenitude que só Deus pode dar! Passado, presente e futuro, tudo em nós e no mundo clama pela feliz Esperança!

Maranathá: mantendo viva a chama da fé

Vem Senhor Jesus, com os sonhos do Povo e dos Profetas, homens e mulheres na História do Povo Escolhido, para que não fiquemos desanimados diante dos desafios de nosso tempo!

Vem, Senhor Jesus! Dá-nos o mesmo vigor de Isabel, Zacarias e João Batista, para enfrentar o desânimo e proclamar nas montanhas, no deserto ou às margens do Jordão que a hora era chegada.

Faze-nos perguntar mais uma a vez a João Batista sobre o que devemos fazer. Faze-nos ouvir o como aplainar os caminhos e encher os vales, ouvindo de novo: "As multidões lhe perguntavam: "Que devemos fazer?" João respondia: 'Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!' Até alguns publicanos foram para o batismo e perguntaram: 'Mestre, que devemos fazer?' Ele respondeu: 'Não cobreis nada mais do que foi estabelecido.' Alguns soldados também lhe perguntaram: 'E nós, que devemos fazer?' João respondeu: 'Não maltrateis a ninguém; não façais denúncias falsas e contentai-vos com o vosso soldo'" (Lc 3, 10-14). Abre nosso coração para que cada estado de vida e cada profissão encontre respostas semelhantes, para que tua vinda aconteça!

Vem, Senhor Jesus: uma oração de Advento

Vem Senhor Jesus, nos muitos passos percorridos por José e Maria na direção de Belém. Faze que as estradas da Belém do Pará sejam pisadas e repisadas por almas santas e revestidas de tua Palavra bendita!

Vem, Senhor Jesus, quando muitas portas se fecham, mas há palhas suficientes e uma manjedoura disposta a acolher-te. Aqui em Belém, foi um presépio a fortaleza de onde saíste para plantar teu Reino e anunciar a Boa Nova. Na terra de Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Belém ou Santa Maria de Belém, em casas que escolheste, como as primícias de Nossa Senhora da Conceição de Benfica, ou Sant'Ana e Santíssima Trindade.

Verdadeiras sementes para as tantas casas, de palha ou pedras e tijolos, chegando hoje a cento e sete Paróquias ou Áreas Missionárias e um imenso número de Comunidades e Capelas! Vem, Senhor Jesus, habitar estas Casas Santas onde "mora o Cálice Bento e a Hóstia Consagrada!


Vem, Senhor Jesus, onde quer que dois ou mais estiverem reunidos em teu nome. Vem reconhecer o valor do amor recíproco nas famílias e nas comunidades e onde quer que as pessoas sejam capazes de se amar e se respeitar! Confirma nossos laços comunitários, de fraternidade e de amizade!

Vem, Senhor Jesus: o desejo de um povo

Vem, Senhor Jesus, nos pequenos e pobres, nos quais reconhecemos tua presença que clama pelo reconhecimento, pela partilha e pelo dom da caridade. Vem visitar de novo, Senhor, todas as instituições que expressam o amor de caridade, vem acompanhar aquelas pessoas que se desdobram para alimentar os moradores de rua! Dá-nos a graça de respeitá-los profundamente, abre os seus corações e os nossos para oferecer-lhes caminhos alternativos e dignos para sua vida.

Vem, Senhor Jesus, entra em todas as repartições públicas, nos comércios, nos bancos, nos demais espaços de trabalho, nas oficinas, nas escolas, nas construções, nos hospitais e nas prisões, onde quer que exista uma pessoa humana, que todos se reconheçam destinatários de teu amor infinito e de teu Evangelho. Vem santificar os lugares e as possibilidades de lazer, purificando-os para que sejam dignos das criaturas que foram feitas à imagem de Deus! Vem, Senhor Jesus, penetra nos recintos mais alheios à tua presença e ao teu amor, sejam quais forem, para quebrar resistências e iluminar as mentes e aquecer os corações!

Vem, Senhor Jesus: uma oração de esperança e paz

Vem, Senhor Jesus, às nossas famílias, espaços de vida e calor do afeto, com que queremos celebrar o Natal que se aproxima. Dá-nos a graça de cantar e rezar em nossas casas (cf. Padre Zezinho, Oração da Família): "Que nenhuma família comece em qualquer de repente, que nenhuma família termine por falta de amor, que o casal seja um para o outro de corpo e de mente, e que nada no mundo separe um casal sonhador.

Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte, que ninguém interfira no lar e na vida dos dois, que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte, que eles vivam do ontem, no hoje em função de um depois.

Que a família comece e termine sabendo onde vai, e que o homem carregue nos ombros a graça de um pai. Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor, e que os filhos conheçam a força que brota do amor. Que marido e mulher tenham força de amar sem medida, que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão.

Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida, que a família celebre a partilha do abraço e do pão. Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos, que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois.

Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho, seja a firme a esperança de um céu, aqui mesmo e depois. Abençoa, senhor, as famílias, amém. Abençoa, senhor, a minha também". Na casa da família e na casa da Igreja, Vem, Senhor Jesus!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/passado-presente-e-futuro-vem-senhor-jesus/

7 de dezembro de 2024

A defesa da fé contra heresias: um dever de todo católico

Quando o assunto em foco se faz em defesa da fé católica, alguns podem se desinteressar, acreditando ser um assunto que diz respeito somente ao clero. Portanto, isso seria um grande equívoco. A Igreja é o Corpo de Cristo e zela pela unidade, e juntos, como Igreja, é importante buscar as ferramentas necessárias e o conhecimento da Palavra e da doutrina da Santa Igreja para defender a fé católica.

A defesa da fé contra heresias: um dever de todo católico

Crédito: Mordolff / GettyImages

Qualquer um pode ser um herege?

O herege é aquele que escolhe não acreditar em alguma verdade de fé. "Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela" (CÓDIGO de Direito Canônico; Cân. 751). Mas o que são as verdades de fé? Segundo o Catecismo da Igreja Católica:

"O depósito da fé, que contém a Palavra de Deus, escrita ou transmitida, foi confiado pelos Apóstolos à totalidade da Igreja." (CATECISMO da Igreja Católica; CIC 84)

"O Magistério da Igreja exerce plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando propõe, de maneira obrigatória, verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com elas têm uma conexão necessária." (CATECISMO da Igreja Católica; CIC 88)

Sendo assim, para cometer o crime da heresia, diferentemente do que alguns podem pensar, é necessário ser um cristão. Assim, um pagão não pode ser considerado um herege, pois nunca professou a fé católica ou foi batizado.

"A heresia é um pecado que deve ser combatido para proteger a fé, pois, ao desviar-se da verdade, ela coloca em perigo a salvação das almas." (Suma Teológica II-II, q.11, a.3)

Agora, contemplamos duas realidades: a pessoa herética e a pessoa ignorante. Como lidar com os dois personagens apresentados? A Palavra nos ilumina: "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo" (Efésios 6).

Vale destacar dois equipamentos da armadura de Deus: o cinto da verdade e a espada da verdade. Para confrontar heresias e doutrinas pagãs, é necessário buscar a verdade, e Jesus afirma: "Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz." (João 18, 37). O cinto da verdade protege o corpo, simbolizando o conhecimento da verdade. Sem buscar o conhecimento em Deus e na Palavra, não há insumo para ser um efetivo defensor da fé. "Meu povo foi destruído por falta de conhecimento." (Oséias 4,6). A espada da verdade ajuda a lutar contra o mal, simbolizando o Espírito que dá força e graça para enfrentar os combates. "Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina." (2 Timóteo 4,2)

O castigo como último recurso de um pai que zela pelo filho

A Igreja reconhece que, em momentos de crise, Deus pode suscitar ações extraordinárias para proteger a fé. É preciso "suportar com magnanimidade as ofensas dirigidas a nós, mas não tolerar sequer ouvir as injúrias feitas a Deus". No Evangelho de São Lucas, fica evidente a presença da santa ira em Nosso Senhor Jesus Cristo, quando n'Ele desperta um grande descontentamento com os vendilhões que estavam no templo.

 "Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas: — Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!" (João 2,15-16)

A ira santa é presenciar uma injustiça e se sentir irado. A ira virtuosa, que alguns santos apresentaram, esteve presente em Jesus Cristo, como último recurso na tentativa de corrigir os erros daqueles que não foram mansos em permitir ser tocados pelas vias caridosas. Jesus se apresenta como um pai que repreende o filho após constantes alertas, castigando-o pela desobediência.

São Nicolau, um grande defensor da fé católica

No terceiro século, mais precisamente em 325 d.C., acontecia o primeiro concílio da Igreja, o Concílio de Niceia, uma assembleia ecumênica que tinha por objetivo condenar as heresias do arianismo, uma doutrina que negava a consubstancialidade de Jesus e Deus Pai, alegando que Jesus era um semideus, não o próprio Deus humanado.

Nessa assembleia, estava reunida uma numerosa quantidade de bispos e conselheiros religiosos. Dentre eles, o bom velhinho, conhecido como São Nicolau de Mira, um homem caridoso e humilde. Nicolau era dedicado na assistência aos mais pobres, mas não buscava receber mérito por seus atos. O seu único desejo era fazer das suas atitudes semelhantes às de Jesus.

Nicolau cultivava um grande amor a Cristo em seu coração e, mesmo sendo homem tão singelo, não suportou ouvir ofensas ao santo nome de Deus. Em um momento em que ouvia alguns dos escritos produzidos por Ário, o criador da doutrina ariana, São Nicolau não se conteve e esbofeteou-lhe a boca, guiado pela santa ira e amor a Deus. Agindo em defesa da fé católica, São Nicolau adotou uma postura extrema e firme, ao entender ser o último recurso possível, repudiando as profanas afirmações ditas por Ário, professor de uma doutrina herética ofensiva a Jesus Cristo.

"Portanto, meus amados irmãos, sejam firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que no Senhor o vosso trabalho não é em vão" (1 Coríntios 15, 58).

A defesa da fé e o combate a heresias e ataques coordenados contra a Igreja e o santo nome de Deus são essenciais para a transmissão, com palavras e exemplos, de valores, tradições e posturas que um católico deve buscar.

"Todos os fiéis participam da compreensão e da transmissão da verdade revelada. Receberam a unção do Espírito Santo que os instrui e os conduz à verdade total." (CATECISMO da Igreja Católica; CIC 91)


Abaixar a cabeça para tais atitudes é corroborar para a criação e disseminação de pensamentos profanos que levam à perdição de muitas almas. O exemplo de São Nicolau deve ser admirado como uma inspiradora defesa da fé. Assim como Jesus, aquele momento foi utilizado como último recurso por parte do bispo de Mira. Não é certo fazer uma interpretação seletiva deste evento, a Igreja ensina que a caridade deve estar no centro de qualquer defesa da fé.

"Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas somente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e assim transmita graça aos que ouvem." (Efésios 4, 29)

Matheus Eleutério
Estudante de Jornalismo


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/defesa-da-fe-contra-heresias-um-dever-de-todo-catolico/

4 de dezembro de 2024

Conheça e reze, diariamente, a oração universal ao Espírito Santo

Clame a presença do Espírito Santo!

Crédito: Ester Vieira/ portalcancaonova.com

Espírito Santo Consolador,
concedei-me o dom da fortaleza.
Fortalecei minha alma para superar as dificuldades de cada dia,
os tormentos das perseguições e as insídias do maligno.
Ajudai-me a ser forte em meio às fraquezas espirituais,
para que eu seja sinal de Teu amor e bondade.

Espírito Santo de Luz,
concedei-me o dom da sabedoria.
Que eu tenha o discernimento necessário
para distinguir o mal do bem,
a mentira da verdade,
a guerra da paz.
Que Tua santa sabedoria ilumine
os espaços confusos de minha alma.

Espírito Santo Paráclito,
concedei-me o dom do entendimento,
para que eu compreenda corretamente
a vontade do Pai Celestial para minha vida.
Dai-me entender o próximo com amor,
misericórdia e paz.
Que eu compreenda, com todo meu ser,
o amor de Cristo Jesus por mim e pela humanidade.

Espírito Santo, Advogado Celestial,
concedei-me o dom da ciência.
Que, iluminado pela Tua luz divina,
eu compreenda corretamente
os planos de Deus para minha vida,
e seja obediente aos ensinamentos divinos.
Sendo assim, um sinal permanente
da misericórdia do Mestre Jesus no mundo.

Espírito Santo, Conselheiro Divino,
concedei-me o dom do conselho.
Ilumina meu entendimento,
para que eu busque em Deus as respostas
para minhas dúvidas e inquietações humanas e espirituais.
Colocai em meus lábios palavras que restabeleçam a paz no mundo,
e ajudai-me a levar sempre um conselho que devolva
às almas aflitas a serenidade em Deus.

Divino Espírito Santo,
concedei-me o dom da piedade.
Que minhas orações sejam pontes de amor,
que unam meu coração ao coração
de Deus Pai e do Cristo Senhor.
Que meu fervor espiritual se renove sempre,
para que minha alma frutifique na fé e na esperança.

Espírito Santo, Consolador dos aflitos,
concedei-me o dom do temor de Deus,
para que eu tenha sempre frente meus olhos,
a bondade divina,
e que meus pensamentos, palavras e ações,
não sejam uma ofensa ao amor misericordioso
do Pai Celestial.

Assim seja!


 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/conheca-e-reze-diariamente-oracao-universal-ao-espirito-santo/