30 de julho de 2018

O ressentimento começa através de pequenas coisas

O ressentimento começa nas pequenas coisas, nas decepções insignificantes

"Vós purificastes vossas almas obedecendo à verdade para praticardes um amor fraterno, sem hipocrisia. Amai-vos uns aos outros de coração puro, com constância, vós que fostes novamente gerados por uma semente não corruptível, mas incorruptível, pela palavra de Deus viva e permanente" (1Pd 1,22).

A conclusão dessa passagem vemos em 1Pd 2,1: "Rejeitai, portanto, toda a maldade e toda a astúcia, toda a forma de hipocrisia, inveja e maledicência".

Foto ilustrativa: Jorge Ribeiro / cancaonova.com

São Paulo disse à comunidade de Efésios: "Estais encolerizados? Não pequeis, não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis oportunidade alguma ao diabo" (Ef 4,26-27).

Isso significa que não existe nenhuma pessoa viva, aqui na Terra, que não passe pela experiência de ter um momento de ressentimento e irritação; e o encardido se aproveita disso para tentar nos mandar para o inferno. O que nós temos de fazer é não darmos entrada a ele.

O ressentimento começa nas pequenas coisas, de decepções insignificantes; então, fazemos "tempestade em copo d'água" e transformamos aquilo que era um ressentimento bobo em ira ou ódio. O passo para isso acontecer é remoermos, ressentirmos tudo, ou seja, sentimos tudo novamente, relembrarmos os fatos. Cada vez que fazemos isso, o ódio aumenta. Mas como poderemos lutar contra isso?

Passos contra o ressentimento

O primeiro passo é compreender sempre a atitude daquele que nos ofende, pois nunca sabemos o que ele passou durante o dia. O segundo passo é não ficarmos comentando com as outras pessoas o que passou durante o mal entendido, pois isso ajuda a aumentar nosso ressentimento, criando um círculo vicioso. Você já viu aquelas pessoas que, onde vão, contam a mesma história para todos, sempre se fazendo de vítima, de coitado? Isso acontece  quando tocamos no assunto com a pessoa errada. Sentiu vontade de falar, procure um padre e confesse-se com ele.

Quando você não ama uma pessoa, é o passo para não amar duas, três, quatro e assim por diante. Você briga com a vizinha, já é um passo para ficar de mal com o marido dela, com a avó. Até mesmo o cantor que essa pessoa gosta você passa a detestar.


Tudo isso ocorre pelo desamor que existe entre nós, e as pessoas que mais sofrem são as que não amam. O desamor não é somente não gostar da pessoa, ter ressentimento por ela, pois amar é dar-se sem esperar nada em troca. Quando, no entanto, não amamos, apenas investimos para que possa receber também; e quando não somos correspondidos, começamos a gerar antipatias.

A pessoa que não ama não consegue chegar à cura interior, e quem não passou pela experiência da cura interior não ama, isso vira um círculo vicioso de pecado, de ressentimento e decepção, e tudo isso vai se transformar em ódio.

Necessário é nos purificarmos para praticar um amor verdadeiro, um amor gratuito, somente assim conseguiremos ficar longe do ressentimento.

Formação Canção Nova

27 de julho de 2018

Quando o casamento acaba, quais são as consequências para os filhos?

Após a separação, como fica o relacionamento pais e filhos?

Bom seria se, por todos os nossos dias, acontecessem somente coisas que tínhamos projetado viver. No entanto, toda opção contrária a nossa vontade traz para a nossa realidade o compromisso de assimilar o novo. É sabido que muitos casamentos correm riscos de um desfecho nada parecido com as alegrias que pensavam viver.

Infelizmente, alguns casais chegam a considerar a separação conjugal como a solução de seus problemas, embora tenham feito o voto de viver juntos por toda a vida. Diante das exigências do relacionamento, podem querer abandonar o compromisso assumido, desejando, assim, recuperar o tempo que acreditam ter perdido, saindo em busca da felicidade que consideram ter deixado para trás.

O casamento acabou e quais as consequências para os filhos

Foto Ilustrativa: grinvalds by Getty Images

Aqueles que, anteriormente, apresentavam-se abraçados em fotografias, talvez, tenham se comportado, ao longo da vida conjugal, indiferentes ou displicentes aos cuidados e carinhos necessários para a renovação do amor, sentimento que os fez investir no casamento eterno. Por mais plausíveis que sejam as razões da separação, haverá outros traumas secundários, que implicarão na vida familiar, especialmente, quando dessa relação vieram os filhos. Pois como sabemos: "Na disputa entre o mar e o rochedo, quem sofre são os mariscos". Para os filhos, encarar a realidade de ter seus pais vivendo em casas separadas poderá ser um problema, tendo em vista que a referência de família e o sinônimo de proteção, que todos temos, são compostos de pai, mãe e filhos.

E os filhos na separação?

Muitos são os relatos de filhos que experimentaram os dissabores da ruptura do casamento de seus pais. Dúvidas surgem na cabeça deles diante dessa desagradável surpresa, pois a quem irão recorrer? Quem vai os ajudar a solucionar os impasses e inseguranças que vão aparecer ao longo da vida? Ou com quem deverão morar? (Isso, quando essa escolha lhes é permitida). Além de não poderem contar com o esteio familiar como antes, deverão fazer a difícil opção entre aqueles que por eles são igualmente amados. Tudo isso significaria colocar sobre seus ombros uma responsabilidade muito além de suas próprias forças.


Em meio a tantas situações complicadas para gerir, não será difícil perceber, no comportamento deles [filhos], a presença do medo, do sentimentos de revolta, raiva, incompreensão, desconforto, além da sensação de abandono entre outros.

Como buscar ajuda?

Antes que as consequências dos atos dos pais repercutam na vida daqueles que se sentem impotentes diante das dificuldades dos adultos, certamente, será importante que os cônjuges falem um ao outro o que realmente desejam e esperam como contribuição para o reaquecimento da relação. Muitas vezes, nessas ocasiões, a ajuda de um profissional na área da psicologia será também de grande valia. É bom lembrar que, para todo e qualquer outro relacionamento que possam pretender viver, serão exigidos o mesmo carinho, atenção, romantismo, empenho, dedicação e a leal cumplicidade para sua perpetuação.

"Em mar revolto, marinheiros não içam velas." Estabelecer a disposição comum em reviver as simples coisas que foram deixadas para trás será a chave para alcançar o sucesso no casamento.



Dado Moura

Dado Moura trabalha atualmente na  Editora Canção Nova, autor de 4 livros, todos direcionados a boa vivência em nossos relacionamentos. Outros temas do autor estão disponíveis em www.meurelacionamento.net twitter: @dadomoura facebook:

www.facebook.com/reflexoes


25 de julho de 2018

O que nos motiva a sermos melhores?

Entenda o que nos motiva a sermos pessoas melhores

Se quiser ser de Deus, terá de viver as duas vias do Senhor: "Amarás ao Senhor teu Deus e ao próximo como a ti mesmo". O que você entende por esta palavra: "amor"?

É impressionante o quanto o amor de Deus nos toca! Os poetas sempre tentaram decifrar esse sentimento, mas nunca o conseguiram, assim como Luiz de Camões em seu célebre poema: "O amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer".

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Como é amar?

O amor não se poetiza. Quantas vezes o sentimos, mas não sabemos onde realmente dói? O amor é revelação, inauguração, tem o poder de ser novo com aquilo que estava velho.

Jesus sabe da capacidade de olhar as coisas miúdas da vida, às quais não damos valor e aquelas que ninguém havia visto antes. Colocando os pés no seguimento de Cristo, ouvimos a Palavra para olhar a vida diferente: 'Amar a Deus sobre todas as coisas'. E o que significa amar o meu próximo? O que significa olhar para o meu irmão e saber que nele tem uma sacralidade que não posso violar? Como posso descobrir esse convite de Deus de abrir os olhos às pessoas? No dia de hoje, eu lhe proponho que acabe com os "achismos" do amor. A primeira coisa que Deus precisa curar é o que nós achamos do amor. Pois, muitas vezes, em nome dele [amor], nós fazemos absurdos: sequestramos, matamos, fazemos guerra, criamos divisões.


O amor nos dá uma força que nem nós mesmos sabíamos que tínhamos. É a capacidade que ele tem de nos costurar. Quantas vezes olhamos para a objetividade do outro, que nos motiva a sermos melhores! É o amor com suas clarezas e confusões. Muitas vezes, em nome do amor, tratamos as pessoas como "coisas". Quando Deus entra em nossa vida e entramos na vida de outras pessoas, temos de entrar como Ele, agregando valores. Caso contrário, é melhor que fiquemos de fora, porque somos um território que merece respeito.

Na passagem da sarça ardente (cf. Ex 3,2ss ), Deus se manifesta em uma árvore que pega fogo, mas não é consumida. Esse é o amor de Deus: Quanto mais nós amamos, mais somos consumimos; e se estamos esgotados, é porque amamos de menos. Vamos ficando sem vigor, mas a sarça queima sem se consumir. O fogo do amor não queima, pois faz outro fogo, e a experiência do amor de Deus é feita pelo amor de um para o outro.

É possível medir o amor?

Quantas vezes você passou noites inteiras acordado pelo seu filho? Quanto sono perdido? Isso é por amor. Amar o outro é levar prejuízo. Você vai saber o que é o verdadeiro amor quando você se consumir, mas não se esgotar. Você nunca vai dizer que está cansado de amar o seu filho. Você está cansada dos problemas causados por ele, mas não de o amar. Quantas pessoas que procuram e estão necessitadas do amor, mas, em sua busca, correm atrás das micaretas e baladas? A busca do amor está aguçada. Todos estão querendo saber o que é o amor e todos estão precisando de cura. Quantas pessoas foram amadas erroneamente, trazendo as marcas de um amor estragado!

Tenha a coragem de tirar as histórias do passado que doem e que você carrega até o dia de hoje. Nenhuma pessoa pode amar a Deus se não se ama. Nenhuma pessoa pode ter uma experiência com Deus se não for pelo amor a si própria, pelo respeito por si mesma. O amor a Deus passa o tempo todo pelo cuidado que eu tenho com a minha vida, com a minha história. Como sou capaz de amar o próximo como a mim mesmo, se ainda não me amo? Faça caridade a você primeiro. Os seus amigos vão agradecer por você se amar.

Quando o amor nos atinge, somos mais felizes. Um povo que se ama sabe aonde vai. Eu ainda acredito no que Deus pode em mim. Volte a gostar de você!



Padre Fábio de Melo

Padre Fábio de Melo, sacerdote da Diocese de Taubaté, mestre em teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção Espiritual" na TV Canção Nova.

21 de julho de 2018

Uma alimentação saudável previne a hipertensão arterial

Uma boa alimentação reduz os riscos de doenças crônicas como câncer, diabetes e hipertensão arterial

Já ouvimos muito as pessoas falarem assim: "Tal alimento faz bem para isso ou é bom para aquilo", mas, afinal, o que queremos saber com essas informações?

Isso é o que chamamos de "alimento funcional", ou seja, são aqueles alimentos/nutrientes que produzem efeitos benéficos específicos à saúde, além do seu valor nutritivo básico. Trazem benefícios como a prevenção e a redução do risco de doenças crônicas como câncer, diabetes e a hipertensão.

Créditos: marilyna by Istock Photo

Hoje, vamos falar sobre os alimentos que ajudam a prevenir a hipertensão, ou como a conhecemos popularmente, "pressão alta". Essa é uma doença caracterizada pelo aumento na tensão dos vasos sanguíneos. A pressão se eleva por vários motivos, mas, principalmente, porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem. Isso pode ser provocado pela modificação no volume de sangue que circula nas veias, pela variação na frequência cardíaca (batimentos por minuto) e também pela variação na elasticidade dos vasos.

Muitos de nós podem ter essa doença, já que ela pode surgir devido à nossa herança genética ou por aquilo que ingerimos em excesso, principalmente o sal. Também podemos desenvolver a hipertensão por causa da idade, pela falta de prática de atividade física ou mesmo pelo excesso de peso.

Que tipo de alimentos, então, podemos consumir para prevenir o aparecimento da hipertensão ou até mesmo para que ela apareça mais tardiamente, se já tivermos predisposição genética para desenvolvê-la?

Prevenção em dois pontos

Podemos partir de dois pontos, para que essa prevenção aconteça de forma eficaz:

– Primeiro ponto: o que precisamos EVITAR na nossa alimentação.

* Alimentos ricos em sal e aqueles que, embora não saibamos, possuem uma grande quantidade de sal na sua composição: catchup, biscoitos recheados, refrigerantes, congelados (lasanhas, tortas, pizzas etc.);

* Alimentos embutidos: salsicha, presunto, hambúrguer, mortadela, mussarela etc.
Obs.: Os alimentos industrializados, de forma geral, contêm muito sal na composição, já que todos os conservantes são à base de sal (sódio).

– Segundo ponto: o que precisamos INCLUIR nas refeições.

* Alimentos ricos em fibras: grãos e cereais integrais, folhosos e vegetais consumidos na forma crua, pois a fibra ajuda a eliminar o excesso de sal ingerido nos alimentos;

* Alimentos fontes de ômega 3 (linhaça, chia, atum, sardinha, espinafre, couve e rúcula) considerados grandes aliados do coração. Ajuda a evitar arritmias cardíacas, além de reduzir os níveis de triglicérides no sangue, o que diminui o risco de problemas cardíacos; dessa forma, favorece o controle da pressão arterial.

* Alimentos fontes de potássio (feijão, batata-baroa, banana prata, melão, maracujá, abacate e couve). Este nutriente ajuda a regular a pressão arterial, controlando a quantidade de sódio (sal) no sangue.

* Alimentos fontes de magnésio (soja, amêndoa, espinafre, grão-de-bico, abacate, nozes, farelo de aveia, leite, uva passa, ervilha e arroz integral). Estudos recentes comprovaram que a ingestão desse nutriente reduz e previne os problemas com a pressão arterial.


Com essas dicas, podemos cuidar daquilo que já trazemos como tendência e prevenir o aparecimento da hipertensão arterial, que é muito prejudicial à saúde.

Nunca se esqueça de que as trocas de alimentos industrializados por naturais sempre valem a pena na nossa alimentação, tanto para o tratamento como para a prevenção de qualquer doença.

Deus os abençoe!

REFERÊNCIAS: Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde



Cristiane Zandim

Cristiane Pereira Zandim nasceu em Brasília / DF. É missionária na comunidade Canção Nova desde 2011. Cursou Nutrição na Universidade Universidade Federal Dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

18 de julho de 2018

Cristo era um revolucionário?

A adoção da análise marxista é um veneno para a fé católica. Como, então, seria Cristo um marxista, um revolucionário?

O ex-Presidente Hugo Chávez, da Venezuela, para justificar o seu governo socialista de linha marxista e a implantação do totalitarismo no país, disse: "O Cristo verdadeiro é o da propriedade comum, era comunista mais que socialista; era um comunista autêntico, um anti-imperialista, inimigo da oligarquia, inimigo das elites e do poder" (Rádio Vaticano, 10 de janeiro de 2007).

Cristo, de fato, foi um comunista e revolucionário? Não.

Arte: Wesley Almeida / cancaonova.com

Quando o Papa João Paulo II abriu a III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Puebla, no México, em 1979, ele deixou claro:

"Essa visão de Jesus como o Revolucionário de Nazaré não se coaduna com a fé católica." Com essas palavras, o Papa cortava na raiz as pretensões da Teologia da Libertação, de linha marxista-leninista, que se fortalecia na América Latina na década de 1970. A partir daí, foi visível que o grande Papa iniciou um grandioso trabalho na Igreja, especialmente junto aos Bispos, para sanar os erros da Teologia da Libertação; o que foi eficaz, graças a Deus (A Teologia da Libertação, Ed. Cléofas, 2000).

Cristianismo e Comunismo são antagônicos

Onde está o antagonismo entre Cristianismo e Comunismo? O Comunismo prega o materialismo histórico (ou dialético), isto é, todos os acontecimentos da história são determinados pelo fator econômico; a ordem política, a cultural e religiosa reduzem-se a fenômenos econômicos. Isso é contrário aos princípios cristãos, que reconhecem no homem uma alma espiritual, aberta para os valores transcendentais.

Esses valores levaram os homens a desprezar, muitas vezes, o valor econômico em função dos bens espirituais. Lembre-se, por exemplo, dos grandes santos que abalaram o mundo (Santo Agostinho, Santo Tomás, Santa Teresa D'Ávila, Santo Inácio de Loyola, São João Bosco etc.); nenhum deles atuou tendo o fator econômico como determinante.

O Comunismo é materialista e é adverso à fé e ao Cristianismo, sendo que a produtividade econômica é considerada o único valor reconhecido, de modo que a fé em Deus Criador e em Jesus Cristo Salvador são vistas como inútil e alienante. A religião é considerada "o ópio (droga) do povo" e odiavam a Igreja de Cristo. Para ver isso, basta ler a obra de Karl Marx: "O Capital", de 1867.

A análise marxista é estruturada sobre a teoria violenta da "luta de classes", jogando uma classe contra outra; é o motor da história. Considera que toda a história é movida pelo conflito entre patrões e operários, o que está errado e injusto, pois muitos outros fatores movem a história: as relações de amor, paz, aliança, tanto entre indivíduos como entre sociedades. A mentalidade da luta de classes é anticristã, porque incita ao ódio e joga irmão contra irmão. O Cristianismo não aceita a luta como meio ordinário de transformar a sociedade, ao contrário, ensina a reconciliação, o diálogo entre as partes, o acordo, o perdão.

Para o "práxis" marxista, "os fins justificam os meios". Pode-se lançar mão da violência, da corrupção, do roubo, da falsidade e da morte para implantar o Comunismo. Tudo é válido! "Por isso, o Comunismo matou cerca de 100 milhões de pessoas no século XX, e foi o maior fracasso do mesmo século" (O Livro Negro do Comunismo).

Marxismo, veneno para a fé católica

Por isso tudo, os bispos latino-americanos reunidos em Puebla, no ano de 1979, fizeram essa grave advertência sobre o perigo do uso do Marxismo na Teologia:

"Cumpre salientar aqui o risco de ideologização a que se expõe a reflexão teológica, quando se realiza partindo de uma "práxis" que recorre à análise marxista. Suas consequências são a total politização da existência cristã, a dissolução da linguagem da fé na das ciências sociais e o esvaziamento da dimensão transcendental da salvação cristã." (n.º 545).

Em outras palavras, a adoção da análise marxista é um veneno para a fé católica. Como, então, seria Cristo um marxista, um revolucionário?

O Marxismo e o Cristianismo são mutuamente incompatíveis. As tentativas de aliança entre ambos redundam em desvirtuação de um ou de outro.

O Comunismo nega o direito da propriedade particular e defende que todos os meios de produção devem estar nas mãos do Estado. A Igreja não concorda com isso, embora a injusta distribuição acarrete graves males, e é preciso ser corrigida, mas nem por isso se deve negar o direito à propriedade particular.


A análise marxista atrai os intelectuais e as massas, hoje em dia, porque propõe "acabar com a injustiça social". De que modo? Com que meios? É preciso que a busca desse ideal desejado por todos não seja feita por meios imorais, como são os meios marxistas, que desrespeitam a pessoa humana, usa a violência, a luta de classes e o incitamento ao ódio entre irmãos. Todos queremos justiça social, mas pela pureza e caridade, não pela violência.

O Santo Padre João Paulo II, em discurso aos Bispos do CELAM, rejeitou a hipótese de utilizar-se a análise marxista como premissa para a elaboração de um sistema de pensamento católico: "(…) A libertação cristã usa 'meios evangélicos, com a sua eficácia peculiar, e não recorre a algum tipo de violência nem à dialética da luta de classes (…)' (Puebla, 486) ou à praxis ou análise marxista" (n.º 8).

É nessa linha que se deve promover os pobres e a justiça. Essa é a diferença fundamental entre o socialismo marxista de Hugo Chavez e Fidel Castro e o Cristianismo.

O meu Reino não é desse mundo

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), em 20 de dezembro de 2007, manifestou-se, ao então Presidente da Venezuela Hugo Chávez, congratulando-se com ele por sua reeleição, e pedindo-lhe que mantivesse a educação religiosa e não implementasse no país, "um socialismo inspirado na filosofia marxista". "Esperamos que este socialismo, que ainda não está definido, (…) não siga a linha de um totalitarismo, de uma visão estatizada de ocupar todos os espaços, e não se inspire na filosofia marxista" – disse o Cardeal-arcebispo de Caracas, Jorge Liberato Urosa Savino, na época, Presidente da Conferência Episcopal Venezuelana, numa coletiva de imprensa.

Infelizmente, esse apelo não foi ouvido, e o ditador caminhou a passos largos para implantar o socialismo marxista e totalitário na Venezuela, segundo o modelo de Cuba.

Para a análise marxista, a felicidade está apenas neste mundo, e o que existe é apenas o "Reino do homem", e não o "Reino de Deus". Mas Cristo, no momento crucial do seu julgamento diante de Pilatos, foi enfático: "O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse desse mundo, certamente os meus súditos teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus; mas o meu Reino não é deste mundo" (Jo 18,36).



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino

16 de julho de 2018

O questionamento agora é: qual é o hexa no país do futebol?

Na Copa, nossa chance passou, mas nosso país ainda pode alcançar o patamar de nação campeã

A onda apaixonante do esporte, particularmente do futebol, permite metáforas interessantes para inspirar o país a trilhar novo caminho e a alcançar o almejado patamar de nação campeã. A luta pelo título mundial ocorreu em campo, e os resultados obtidos pouco mudaram o cotidiano abastado de uma minoria, que inclui os atletas. A frustração da derrota, no entanto, mexe com os brios e as emoções de uma avalanche de cidadãos. É preciso assimilar a perda na competição esportiva e valorizar mais o que realmente impacta a vida de muitos.

O questionamento agora é: qual é o hexa no país do futebol?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Obviamente, há lugar para a paixão esportiva sempre, mas o sentimento que o futebol desperta não deve ocupar o lugar de todas as razões e emoções necessárias para promover transformações profundas na realidade. Perdido o título, fica a pergunta: e agora, qual o é o "hexa" a ser conquistado?

Sociedade unida

Parece que, nesta Copa do Mundo, a paixão esportiva foi vivida de modo mais saudável. Reflexo disso é que a derrota da seleção brasileira não gerou um clima de "fim de mundo". E a esperança é que a perda dentro de campo seja oportunidade para o aprendizado de lições que, se bem assimiladas, podem levar a vitórias importantes, inclusive no âmbito esportivo. Ao observar o que não deu certo, é possível construir novos projetos, a serem regidos por pessoas comprometidas com o qualificado exercício da cidadania. E o primeiro passo é ter consciência da realidade.

Há sinais de que o povo começa a desenvolver essa consciência. Um dos exemplos é a forma reduzida com que as pessoas manifestaram seu entusiasmo com a Copa deste ano e a timidez da decoração nas ruas e praças. Afinal, diante das fragilidades do contexto social, não há espaço para euforia. A esperança é que cada vez mais pessoas cultivem uma certeza: o que mais conta, agora, é vencer os desafios e processos que estão corroendo a nação brasileira e avançar em direções que permitam reconstruir o país. Isso significa superar os cenários vergonhosos das misérias, corrupção, agressão irracional do meio ambiente e tantos outros males que refletem certo descompromisso com o exercício da cidadania.


Que hexa queremos para o país?

Ganhar a Copa do Mundo é um sonho, motivo de festa, mas esse objetivo está longe de ser o mais importante na vida de uma nação. Inclusive, porque, equivocadamente, o futebol torna-se, gradativamente, apenas um negócio, fonte de lucro para pequenos grupos que acumulam muito dinheiro e privilégios. O esporte, em vez disso, deveria ser promovido a partir de sua força educativa, capaz de reconfigurar o tecido cultural da sociedade, qualificando as pessoas para construírem um futuro melhor. Assim, em vez de almejar o "hexa" na Copa, o povo poderia eleger novas prioridades, a partir do respeito ao bem comum.

As prioridades que precisam ser assumidas são muitas, incontáveis, percebidas a partir das diversas carências do país. Para reconhecer o "hexa" a ser conquistado é preciso questionar-se a respeito do Brasil que se quer construir. No centro da resposta, certamente, não estará a celebração de uma festa passageira. Em vez disso, as prioridades são a recomposição indispensável dos parâmetros éticos que devem nortear a conduta de cada pessoa, a promoção da solidariedade e da honestidade, forças capazes de impulsionar um recomeço para o Brasil.

Reinício social

Esse reinício é o verdadeiro caminho rumo às vitórias capazes de superar a violência, a exclusão social e a ganância sem limites, que passa por cima de tudo, destruindo o planeta, a casa comum. Cada brasileiro é convocado a sonhar com um país melhor e, a partir disso, agir. Afinal, muitas situações precisam ser reconfiguradas. É urgente, por exemplo, construir um novo modo de se fazer política, livre de interesses egoístas, e zelar para que as ações no poder judiciário sejam, de fato, orientadas pelos parâmetros da verdade e da justiça.

A lista de prioridades para que seja possível construir uma nação campeã é grande e demanda especial empenho de todos. Para efetivar o sonho de construir um país renovado, vale investir todas as emoções e razões, "correr" velozmente. Em vez de se apegar às paixões passageiras, todos assumam a tarefa cidadã de responder ao seguinte questionamento: e agora, qual é o "hexa"?



Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br

13 de julho de 2018

O que fazer quando Deus demora para atender nossas preces?

Devemos aprender a esperar em Deus

É muito mais fácil, para qualquer pessoa, agitar-se e correr do que se aquietar e esperar. São poucos os que esperam sem se indignar contra as "demoras de Deus", e é muito fácil descobrir os limites da própria paciência, mesmo entre os que confiam, porque esses limites são muito curtos.

Conhecer a promessa: "Pois que se uniu a mim, eu o livrarei; e o protegerei…" (Sl 90,14), faz bem ao coração. É confortável saber e sentir que estamos revestidos da proteção de Deus.

O que fazer quando Deus demora para atender nossas preces

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Sob a proteção de Deus

Aqueles que se uniram assim ao Senhor colocaram-se debaixo de sua guarda. Essa união é uma aliança; rompê-la é pôr-se novamente vulnerável. A questão é que muitas pessoas encontram dificuldade em entender e aceitar que estar sob a proteção do Senhor significa viver em completa obediência a Ele. Daí, começam a imaginar se já não poderão satisfazer todos os seus desejos e seguir os próprios impulsos.

Correm, então, um sério risco de se sentir sufocadas, mas Deus sabe por que põe limites aos seus filhos. Ninguém melhor que um pai poderia dizer por que, naquele momento, tem o seu pequenino seguro pela mão. É assim que ele garante a sua segurança, ajuda-o a manter o ritmo, sustenta-o quando tropeça, detém-no em situações de risco e o leva, até que tenha firmeza no andar.

O pior que se pode fazer é abrir uma brecha e romper essa proteção em nome da satisfação dos apetites e prazeres. Tentar escapar da vontade de Deus não é esperteza, é desperdício de tempo e força. E nossa força é tão grande quanto a nossa capacidade de esperar em Deus. Se você tiver paciência para aguardar que o Senhor o oriente em todas as situações da sua vida, irá experimentar uma força, um ânimo, uma disposição que o manterão firme, seguro, sereno.


Acredite em Deus

"Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança" (Albert Einstein). Deus escolheu você desde o momento em que o pôs neste mundo e lhe conferiu poder sobre todas as coisas que estão sob a sua responsabilidade. Ficar firme à espera de que Ele manifeste a Sua vontade e nos mostre por que caminho seguir é mais difícil do que agir. Mas os que assim permanecem, em confiante esperança, comovem o coração de Deus e experimentam o Seu poder. E, experimentando-o, atuam com poder.

Como é feliz o homem que se deixa dirigir por Deus e enfrenta, corajosamente, os problemas que encontra no caminho! É assim que se aproxima da meta dos seus desejos mais profundos. Quem escolhe essa trilha já é feliz a caminho.

"Meu filho, sofre as demoras de Deus, espera com paciência, a fim de que, no tempo exato sua vida se enriqueça na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Põe tua confiança em Deus e Ele te salvará" (Selecionado do livro do Eclesiástico, cap. 2).

Diante da espera, não desanime

A espera causa um sofrimento, e talvez você já tenha chorado muito; mas está escrito, a respeito de todos aqueles que passam por grandes tribulações, que é o próprio Senhor quem os espera para "enxugar-lhes todas as lágrimas dos olhos" (cf. Ap 7,14;21,4).

É importante fazer dessa verdade uma experiência viva e respirar fundo, enchendo o coração de esperança, porque, sem esperança, nada se faz. Quando vemos alguém se levantar, sorrir de novo, acreditar a ponto de parecer que renasceu, é que ele provou o calor e a doçura da esperança.

Há mais pessoas desesperadas do que problemas sem solução. Existem certos venenos em animais peçonhentos que não matam, mas mantêm a vítima em total paralisia. Assim, não podem escapar, nem mesmo se defender. Também é assim quando se perde a esperança: tudo pára, fica-se impotente ante as dificuldades da vida, mesmo das mais simples.


 


Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.

11 de julho de 2018

Quais os benefícios de sermos amigos do Espírito Santo?

Conheça os benefícios de sermos amigos do Espírito Santo e nos aproximarmos d'Ele

"Crer no Espírito é, portanto, professar que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho, «adorado e glorificado com o Pai e o Filho». É por isso que tratamos do mistério divino do Espírito Santo na «teologia» trinitária. Portanto, aqui só trataremos do Espírito Santo no âmbito da «economia» divina" (Catecismo da Igreja Católica, n. 685).

Essa é a experiência de nossa fé, sendo uma Pessoa, nós podemos nos relacionar com Ele [Espírito Santo], ser amigos, próximos e íntimos d'Ele. E é exatamente isso que essa Pessoa da Trindade deseja ardentemente de nós para poder nos revelar o amor do Pai e do Filho e o conhecimento dos dois. Esse é o primeiro grande benefício de sermos amigos dessa Pessoa Divina e nos aproximarmos d'Ele.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

"O Espírito Santo, pela sua graça, é o primeiro no despertar da nossa fé e na vida nova que consiste em conhecer o Pai e Aquele que Ele enviou Jesus Cristo" (CIC n. 684).

O Espírito Santo de Deus é o nosso mestre de vida de oração, Ele nos ensina a rezar como convém, isto é, a alcançar na oração a vontade de Deus, que alimenta e plenifica a nossa alma. "Da mesma forma, o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza, pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis" (Rom 8,26).

"Ninguém conhece o que há em Deus, senão o Espírito de Deus" (I Cor 2,11). Ora, o Espírito, que O revela, faz-nos conhecer Cristo, Seu Verbo, Sua Palavra viva; mas não Se diz a Si próprio. "Aquele que falou pelos profetas" faz-nos ouvir a Palavra do Pai. Mas a Ele, nós não O ouvimos. Não O conhecemos senão no movimento em que Ele nos revela o Verbo e nos dispõe a acolhê-Lo na fé" (Catecismo da Igreja Católica, n. 687).

Os benefícios da amizade com o Espírito Santo

Aproximarmo-nos desta Pessoa Divina e sermos amigos d'Ele nos faz conhecer Sua Palavra e Seu poder. Só pelo Espírito Santo podemos dizer: Jesus Cristo é o Senhor. E pelo mesmo Espírito conhecer e experimentar o amor de Deus Pai.

O primeiro grande fruto da amizade com o Espírito Santo é a experiência do amor de Deus e a salvação em Jesus Cristo, proclamando Seu senhorio: "Ninguém será capaz de dizer: 'Jesus é Senhor', a não ser sob influência do Espírito Santo" (cf. I Cor 12,3b).

Ele nos purifica dos nossos pecados. "Manda teu espírito, são criados, e assim renovas a face da terra" (Sl 104, 30). Ilumina e abre a nossa inteligência: "O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo" (cf. Jo 14,26). O Espírito Santo nos ensina a sermos dóceis e a obedecer aos mandamentos do Senhor: "Porei em vós o meu espírito e farei com que andeis segundo minhas leis e cuideis de observar os meus preceitos" (cf. Ez 36,27).

Este Amigo Divino confirmará a esperança da vida eterna, pois Ele é o penhor da herança dada por Cristo Jesus: "N'Ele acreditastes e recebestes a marca do Espírito Santo prometido, que é a garantia da nossa herança, até o resgate completo e definitivo para louvor da sua glória" (Ef 1, 13-14). Ele revela aos nossos corações que de Deus nós somos filhos, devolve a dignidade e a convivência perdida pelo pecado original: "E a prova de que sois filhos é que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: 'Abbá, Pai!'" (Gl 4,6).


Ele é o nosso conselheiro nas dúvidas e nos mostra qual a vontade de Deus: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: 'Ao vencedor darei como prêmio comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus'" (Ap 2,7). Anima-nos e levanta-nos do abatimento: "Deu-me o Senhor Deus uma língua habilidosa para que aos desanimados eu saiba ajudar com uma palavra. Toda manhã ele desperta meus ouvidos para que, como bom discípulo, eu preste atenção" (Is 50,4).

Ele é o nosso advogado contra o mundo, defensor contra o pecado e, principalmente, nos defende de nós mesmos quando não conhecemos os desígnios de Deus: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós" (cf. Jo 14,16-17). Sendo amigos do Espírito Santo, recorrendo a Ele, pedindo o socorro do Seu auxílio, chegaremos à vontade do Pai, cuja missão é imprimir em nossa alma, em nossa vida, a santidade: "Eleitos conforme a presciência de Deus Pai e pela a santificação do Espírito, para obedecerem a Jesus Cristo e serem aspergidos com o seu sangue" (I Pd 1,2). "Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação" (I Ts 4,3).

"Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei" (cf. Gl 5, 16. 22-23).



Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: http://@peluizinho

9 de julho de 2018

Efeitos espirituais do sacramento da confissão

O sacramento da confissão nos devolve a beleza da ressurreição

Uma vez absolvidos de nossos pecados e reconciliados com Deus, retomamos o nosso caminhar sob a plena graça do Senhor. O sacramento da confissão é a festa do perdão e da misericórdia. Confessados e perdoados nossos pecados, nossa alma é revestida de inúmeros efeitos espirituais, dentre os quais destacamos:

Foto ilustrativa: Daniel Mafra / cancaonova.com

Reconciliação com Deus

O amor do Pai nunca nos abandona. Ele é sempre presente em nossa vida. No entanto, o pecado nos afasta do Senhor, embora Ele sempre permaneça conosco, mesmo que estejamos em situações graves de pecado. Deus não pode se afastar da obra do Seu amor, mas nós, em meio ao pecado, vamos progressivamente nos afastando d'Ele e rompemos nossa aliança, embora Ele permaneça fiel. Uma vez perdoados, restabelecemos a nossa reconciliação com Ele e voltamos ao nosso primeiro amor, abrasados de paz para iniciarmos um novo tempo nos caminhos da vida. O Senhor nos espera de braços abertos, e nós, plenos da graça do perdão, corremos ao seu encontro. Voltamos à origem do nosso amor, mergulhamos na fonte da misericórdia pela qual fomos lavados das antigas culpas.

Reconciliação com a Igreja

Nosso pecado fere nossa relação com a Igreja. No pecado, deixamos de testemunhar o amor de Jesus pelos irmãos, ferimos o Corpo de Cristo e nos ferimos. Se um membro está doente, todos os demais também sofrem. Na dor que o pecado causa, todos sentem os efeitos colaterais da enfermidade, mas o perdão de Deus nos devolve ao seio da comunidade cristã. Lavados no misericordioso Sangue do Cordeiro, tivemos a nossa alma alvejada por Seu amor. Plenificados de Sua graça, somos agora uma célula curada pela ternura da misericórdia divina. O corpo místico de Cristo, antes ferido pelo pecado de nossas culpas, caminha agora com novo vigor. Restabelecemos a unidade antes quebrada e, juntos, continuemos a missão que nos foi confiada.

Reconciliação com nós mesmos

O pecado deixa marcas em nossa alma e abre feridas dolorosas. Caminhamos pela vida sem direção. As trevas ofuscam a beleza do alvorecer, mas o sacramento da confissão nos devolve a beleza da ressurreição. Nossos dias retomam a beleza das manhãs de paz e nossa alma glorifica o Senhor. Dentre as muitas marcas negativas do pecado em nossa vida, uma delas é a descaracterização de nossa imagem original. O pecado, enquanto não confessado, retira de nós as digitais do amor divino, por meio do qual fomos gerados. E uma vez distantes de nossa origem, perdemo-nos de nós mesmos, de Deus e da Igreja. Mas o sacramento da confissão vem em nosso socorro e nos devolve o direito de sermos restaurados à imagem e semelhança de nosso Deus. Reconciliados com nós mesmos, voltamos a sonhar os sonhos de Deus, comprometemo-nos com a missão da Igreja e cumprimos plenamente a nossa vocação de ser sal da terra e luz do mundo.


O sacramento da confissão restaura em cada fiel a vida antes furtada pelo pecado. Não é possível nos reconciliarmos com Deus, com a Igreja e com nós mesmos se antes não procurarmos do mais profundo de nosso coração o perdão de nossos pecados.

A Igreja nos oferece o remédio que devolve a saúde à nossa vida espiritual, e este remédio todos conhecemos: a confissão. Não tenhamos medo de viver na graça sob os efeitos espirituais de uma vida nova que em nós começa com o perdão, a misericórdia e a ternura de Deus.



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor do livro "Amor Sem Fronteiras" pela Editora Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: facebook.com/peflaviosobreiro

6 de julho de 2018

Não entremos em diálogo com a tentação

O risco da malícia

Precisamos ficar atentos com aquilo que precede o pecado em nós, que não dialoguemos com a tentação. Entendamos um pouco como a tentação acontece: por vezes, notamos que, quando iniciamos uma determinada conversa com um teor de malícia, logo isso faz com que um certo tipo de pecado nos atinja.

Pode ser também que você observe que quando encontra uma pessoa, a amizade com ela acaba fazendo com que você caia em pecado, e mesmo que essa pessoa seja boa e que vocês sejam amigos, sempre este encontro termina na concretização de um determinado pecado.

-Não-entremos-em-diálogo-com-a-tentação!

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Às vezes, notamos que, mesmo com boas intenções, quando vamos a um determinado lugar, esse lugar fará com que pequemos se lá permanecermos.

Quantos jovens tem me escrito com problemas em sua sexualidade, porque estão viciados em pornografia! Eles entendem, ou ao menos estão aprendendo, que esse pecado da pornografia os atinge de maneira direta. Primeiro, eles sentem o desejo de, por exemplo, acessar a internet, mas percebem que, no interior deles, já existe uma inclinação para que acessem um site pornográfico. Em vez de, no mesmo instante, eles se determinarem a não ligar o computador, acabam cometendo um dos maiores erros: começam a dialogar com a tentação, a negociar com ela, a pesar os prós e os contras de, naquele momento, ligar o computador. Chegam até a arrumar desculpas muito significativas e nobres para ligar o computador. No entanto, bem lá no fundo, existe uma tentação que está percorrendo um caminho para levá-lo ao pecado.

Essa pessoa, então, acaba acessando páginas boas, com bons conteúdos. Acessa seus e-mails e vai navegando, tentando provar a si mesmo que tinha razão em ligar o computador, pois sabia que não cairia em tentação. De repente, surgem-lhe pensamentos de cunho sexual, e ele reluta num primeiro momento, mas continua com o computador ligado. Mais pensamentos começam a vir e surgir, e ele pensa consigo: "Só vou acessar tal página para ver isso…". Então, acessa uma página que "não é tão pornográfica" assim, mas sua mente vai, cada vez mais, perdendo força, perdendo força. E como o computador já está ligado, ele vai e acessa uma página pornográfica. Depois, acessa outra. Envolvido com a pornografia, chega a ficar por horas nesses tipos de páginas. A partir daí, toda a consequência da tentação concebida em pecado. Alguns caem na masturbação, outros no adultério, na prostituição. Na verdade, onde tudo começou?

Como começa o pecado?

Começou naquele "pequeno desejo" de acessar a internet. Mas o que este jovem não notou foi que, quando a tentação foi descoberta, ela tomou um outro caminho, fez um outro trajeto, colocou até mesmo desejos nobres no seu coração para ligar o computador! E foi aí que este jovem cometeu outro erro: dialogou com a tentação, negociou com ela, pesou prós e contras e foi assim se enfraquecendo em seu discernimento, e a tentação ganhando terreno, cumprindo o seu trajeto, até que ele cometeu o pecado em si!


Você consegue perceber o caminho que a tentação fez com esse jovem até o pecado ser concebido? Assim acontece com todos os pecados! Por isso, é muito importante que nós observemos, fiquemos atentos às nossas motivações para fazer qualquer coisa, porque, por detrás delas, infelizmente, pode estar uma tentação camuflada.

Assim, eu poderia falar do pecado relacionado ao álcool, às drogas e fofocas, ao ódio etc. Por isso, nesse caminho de discernimento, é importante que tenhamos essa clara necessidade de nos observar, de perceber o que nos impulsiona, o que nos move. Também podemos aprender que caminho e estratégia a tentação se utiliza para nos amarrar e nos prender. Espero que tenha ficado clara essa questão de que todo pecado é precedido de uma tentação.

Conte-me como foi sua experiência com a leitura deste texto!

Deus abençoe você!



Danilo Gesualdo

Danilo Gesualdo trabalha desde o ano de 2003 com o Ministério de Cura e Libertação. O missionário participa de encontros e retiros espirituais, em que é convidado a palestrar sobre essa temática. Atualmente, Gesualdo faz um trabalho junto às pessoas que procuram ajuda por meio da oração, na Casa de Maria, em Cachoeira Paulista (SP). Siga o colunista em suas redes Sociais: Instagram, Facebook, Twitter e Youtube..

4 de julho de 2018

Qual é a importância da oração de intercessão na família?

A intercessão é o caminho para rezarmos por aqueles que amamos

A oração de intercessão é profundamente agradável a Deus, pois é desprovida do veneno de nosso egoísmo. Quando rezamos pelos outros, saímos de nós mesmos, de nosso mundinho de mesquinhez e experimentamos o mesmo que Dom Bosco: Deus nos colocou no mundo para os outros.

Jesus viveu para os outros, viveu para o Pai e para nós, esquecendo-se de Si mesmo. Podemos assim dizer que a oração de intercessão é um pedido que nos conforma perfeitamente com a oração de Jesus. Ele é o único intercessor junto ao Pai em favor de todos os homens. Interceder é pedir em favor de alguém, de maneira especial por aqueles que mais necessitam. Só quem experimentou a misericórdia do Senhor pode interceder com eficácia, pois ninguém pode dar o que não recebeu. É um coração misericordioso que faz nossa oração agradável a Deus.

Qual é a importância da oração de intercessão na família

Foto Ilustrativa: Arquivo CN/cancaonova.com

O poder da intercessão

A intercessão não tem limites, não encontra barreiras, vai a qualquer lugar. Nem o tempo pode contê-la. Pela intercessão pode-se atingir todos os homens, também os poderosos deste mundo, os nossos inimigos e até mesmo os que negam Jesus e a ele se opõem. A oração constante obtém a misericórdia de Deus, mesmo para os que não são Seus amigos. Por isso, o Senhor lhe diz: nunca desanime de pedir o meu auxílio. Não abaixe a voz ao suplicar minha misericórdia para o mundo.

O intercessor só pode ser um homem cheio do Espírito, pois o Espírito é o Paráclito, Ele mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. Se estar cheio do Espírito nos leva a interceder, o contrário também é verdade, pois a intercessão vai nos fazendo cada vez mais plenos do Espírito Santo, basta que Ele veja um coração determinado à intercessão, que já vem logo ensinar como fazê-lo.

Sinto muita pena quando vou aos encontros de oração e vejo pais e mães aflitos, a pedir a outros que intercedam por seus filhos e vice-versa, ou ainda mulheres a pedir por seus maridos, maridos por suas mulheres e assim por diante. Não é mau pedir aos outros que rezem pelos que amamos, o doloroso é perceber que tais pessoas acreditam que nossa oração terá mais força que a delas. É doloroso notar o desânimo e ver que muitos não acreditam que Deus os ouvirá. Esquecem-se do sacramento que os envolve e que os uniu em Jesus para serem família.


O casamento não é para obrigar as pessoas a viverem juntas sob o risco de serem condenadas se assim não o fizerem. O casamento é uma graça que capacita os que o receberam a viver o plano de Deus em sua união. Essa graça é eficaz. Ah, se os pais soubessem o poder de sua intercessão pelos filhos. Se a esposa soubesse o que no céu acontece quando ela ora pelo seu marido! Antes de pedir a outros, rezariam eles mesmos por aqueles que Deus lhes confiou.

Depois de suplicar a intercessão do bispo pelo seu filho Agostinho, que andava perdido, Santa Mônica ouviu de sua boca umas palavras que foram proféticas e que encheram de consolo seu coração: "Vá embora, mulher, que é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas!". Se as mães soubessem o valor de suas lágrimas, não as desperdiçariam entre xingamentos e maldições, mas as ofereceriam a Deus no silêncio de seu coração. Lágrimas de mãe removem montanhas. O sofrimento da esposa converte o marido.

Nossas orações são tão preciosas, que Deus destinou os anjos para Lhe apresentarem imediatamente as que estamos fazendo. Desde que a oração seja humilde, confiante e perseverante, tudo se alcança. Quanto maior for nossa confiança, tanto maiores serão as graças que alcançaremos, pois uma grande confiança merece coisas grandes.


Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.

2 de julho de 2018

Por que buscar o isolamento nem sempre é algo ruim?

O isolamento pode ser bom, mas quando ele se torna perigoso?

Buscar a solidão, o isolamento de outras pessoas nem sempre é ruim. O próprio Jesus tinha o hábito de isolar-se e ficar a sós com Deus depois de um dia de trabalho em meio às multidões. Nessas ocasiões, Ele orava e renovava suas forças.

Existe, no entanto, uma solidão que nos faz mal. É aquela em que as pessoas podem viver numa mesma casa com muitas outras e, ainda assim, vivem isoladas delas. Esse tipo de isolamento acontece mesmo entre pessoas tão íntimas como marido e mulher. Que triste!

Por que buscar o isolamento nem sempre é algo ruim-

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Sentimentos que rondam a solidão

O "isolar-se" gera ansiedade, tristeza, depressão, angústia e, em casos extremos, o sentimento de morte. O "isolar-se" corta o diálogo tão necessário na família, faz com que a pessoa se deixe levar pelos pensamentos, que nem sempre são verdadeiros e podem gerar confusão, desorientação. Nesse caso, não é uma busca de Deus, mas uma fuga dos problemas, daquilo que é preciso enfrentar.

A Palavra de Deus diz: "Quem se isola, busca seus próprios interesses" (Pv 18,1).

Neste mundo cheio de problemas, por causa de toda pressão, somos tentados ao isolamento, a nos colocarmos dentro da casca. Se você vive problemas, e a tentação o incita a desistir, a deixar tudo para trás e isolar-se, sinto muito! Você está num caminho torto. Mas, se você vive problemas, a tentação é desistir, isolar-se, mas, mesmo assim, você dá a volta por cima, busca os amigos, o sacerdote, busca orientação na Palavra de Deus, no conselho de alguém, na oração; aí sim, você está no caminho reto.

Abra-se para Deus

Deus abre várias portas para você: Eucaristia, confissão, comunidade e meios de comunicação católicos. Veja quantas formas de Deus falar, e perceba quantas opções você tem para buscar ajuda.

Deus abençoe você! Que Maria passe à frente, resolvendo as situações que hoje você não consegue resolver!

 

 


Paulo Victor e Letícia Dias

Cirurgião-dentista de formação, Paulo Victor foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentador, locutor e radialista. Atualmente, ele mora em Campo Grande (MS). É empresário e casado com Letícia Dias.

Letícia Dias é Gerente de Conteúdo e estudante de Letras/Libras com foco na Educação Especial. Foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentadora de programas. Hoje, ela mantém uma agitada rotina familiar. Letícia tem um filho caçula que nasceu com Síndrome de Down, e isso a refaz todos os dias.