29 de abril de 2022

Como restabelecer a intimidade com Deus a partir dos sacramentos?


Santo Agostinho pôde constatar que, no início da cristandade, existia uma dificuldade em níveis morais, intelectual e espiritual. Ao mesmo tempo, temos o Concílio Vaticano II que percebeu a crise do homem moderno e procurou meios para trazer as pessoas de volta, incluindo o chamado à busca da sabedoria. Princípio da sabedoria é a busca de Deus. Para isso, existe uma receita para a vivência de uma vida santa, mas como estamos em crise, foi-se decaindo a percepção da consciência do pecado. E o primeiro passo para iniciar-se um caminho espiritual é o de permanecer em estado de graça. É possível reaver esse relacionamento com Deus, rompido com o pecado original.

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Como reaver o relacionamento com Deus?

Com a vinda de Jesus e por meio d'Ele, Deus cria os meios de restabelecer essa intimidade. E isso se dá por meio dos sacramentos:

– Batismo;
– Crisma;
– Eucaristia;
– Penitência;
– Matrimônio;
– Ordem;
– Unção dos Enfermos.

Os sacramentos são sinais sensíveis (palavras e ações) acessíveis à nossa humanidade atual. Realizam eficazmente a graça que significam, em virtude da ação de Cristo e pelo poder do Espírito Santo (Cf.CIC 1084).

Vejam, o diploma não faz de uma pessoa um médico; o que realmente a faz capaz são os vários anos de estudo e disciplina. O diploma funciona somente como um sinal da aprovação do aluno que estudou e foi aprovado em medicina. Os sacramentos em si são símbolos daquilo que representam. Por exemplo, o Batismo é o símbolo do banho, de uma lavagem espiritual que o cristão necessita da sujeira do pecado. E o batismo realmente faz isso! Ele nos purifica de todo o pecado e nos faz capazes de alcançar essa ligação íntima perdida no Édem.

A Eucaristia simboliza o sacrifício do Cordeiro, o altar é o lugar do sacrifício e, ao mesmo tempo, o altar é a mesa do banquete festivo do céu. De fato, a Eucaristia alimenta a nossa alma.

O Sacramento da Confirmação ou Crisma trás o batismo do Espírito Santo na vida do cristão. O mesmo que ocorreu em Atos dos Apóstolos, capítulo 2.

O Sacramento do Matrimônio simboliza a aliança entre Deus e os homens. Esse sacramento deve ser vivido dentro de uma dimensão de doação entre os cônjuges, semelhante ao amor e doação do próprio Deus para com seus filhos e a própria Igreja. Ele entregou-se em sacrifício de amor por ela, sem nenhuma reserva.

O Sacramento da Penitência simboliza um julgamento. Ali o "réu" se acusa dos próprios pecados. No entanto, essa confissão dos "crimes cometidos", ao invés de conduzir à condenação, faz alcançar a Misericórdia Divina.

O que são os sacramentos?

Os sacramentos são os meios criados pelo Senhor Jesus para Ele infundir a graça santificante na alma da pessoa. Eles restauram a graça de Deus uma vez alcançada ou a cria, pela primeira vez, no coração da pessoa. Essa graça de Deus trabalha como um organismo, um organismo sobrenatural, e a finalidade desse organismo é a de nos aproximar, cada vez mais, da filiação divina, da união mais íntima possível, entre Deus e o homem.


Existem várias formas de se trabalhar e de aumentar a graça de Deus no nosso interior, e uma dessas formas é a vivência correta dos sacramentos. A Igreja é a "carpintaria" de Jesus; os sacramentos são as ferramentas das quais Jesus se utiliza para operar em nós o crescimento da graça santificante. Uma das graças específicas do Sacramento da Eucaristia é a de aumentar o amor em nós. É fazer o nosso amor crescer, sobrenaturalmente, e se transformar em atos perfeitos. Já a graça específica do Sacramento da Reconciliação é a de fortalecer o penitente da luta contra o pecado e restaurar a intimidade com Deus.

Conteúdo baseado nas aulas do autor do site www.cristianismo.org.br



Roger de Carvalho

Roger de Carvalho, natural de Brasília – DF, é membro da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Casado com Elisangela Brene e pai de dois filhos. É estudante de Teologia e Filosofia.
Autor do blog "Ad Veritaten".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/como-restabelecer-a-intimidade-com-deus-a-partir-dos-sacramentos/


27 de abril de 2022

Por que Maria é estritamente ligada a Cristo?


O Concílio Vaticano II (1962-1965), considerado como o evento mais importante da Igreja no século XX, num dos seus documentos mais significativos, mostra a estreita ligação de Maria a seu Filho Jesus nestes termos: "Pensando nela com devoção, a Igreja penetra mais profundamente no mistério da encarnação e se conforma sempre mais ao seu esposo" (Documento sobre a Igreja, Lumen gentium, n. 65). Em outras palavras, a correta devoção a Nossa Senhora nos aproxima mais de Cristo. Vamos ver como isso acontece.

Os dogmas marianos mostram que Cristo é verdadeiro Deus e homem (Dogma da Maternidade Divina de Maria); apontam para a necessidade de encontrar em Cristo a libertação do pecado (Dogma da Imaculada Conceição); garantem a tensão escatológica, quer dizer que estamos caminhando para a ressurreição final (Dogma da Assunção de Maria); e confirmam a fé em Deus Criador, que intervém livremente na matéria (Dogma da Virgindade de Maria).

Os dogmas de Maria nos levam a Cristo

Ressalta-se a primeira afirmação: para mostrar que Jesus era, ao mesmo tempo, Deus e homem, o Pontífice, "aquele que faz a ponte" entre Deus e o homem, a "fórmula" mais fácil foi afirmar que Maria é a Mãe de Deus. No fundo, este dogma mariano foi mais um dogma cristológico. Aqui, podemos entender que Maria nos leva a Cristo: esse, pois, foi o "caminho" que Deus escolheu para nós, como diz o Credo do Concílio de Niceia (ano de 325): "Por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus: e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e se fez homem".

MARIA ESTRITAMENTE LIGADA A CRISTO

Foto: Arquivo CN

Há, no entanto, uma outra interessante consideração sobre o lugar de Maria na Igreja. A devoção a Maria manifesta a necessária integração entre Bíblia e Tradição: pois esses quatro dogmas têm fundamento na Escritura, como semente que cresce na tradição (liturgia, intuição do povo crente, reflexão teológica sob a guia do Magistério). Falou-se disso, acima, particularmente com referência aos dogmas da Imaculada e da Assunção. Então, na sua pessoa de moça judia, mãe do Messias, Maria liga Antigo e Novo Testamento: sem essa junção, a fé vai demais para o Antigo Testamento ou se limita ao Novo Testamento.

Quanto ao Antigo Testamento, eis, por exemplo, o anjo Gabriel anunciando a Maria que "o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará para sempre na casa de Jacó. E seu reino não terá fim" (1,32-33). O mesmo evangelista relata o cântico do Magnificat, em que Maria fala do cumprimento das promessas de Deus "a Abraão e seus filhos" (1,55). E quanto ao Novo Testamento, nas bodas de Caná, o evangelista João nos apresenta uma significativa atuação de Maria que leva os discípulos a "crerem nele" (2,11).

Maria modelo da Igreja

O Concílio Vaticano II apresenta Maria como modelo perfeitíssimo na fé e na caridade" (Documento sobre a Igreja, Lumen gentium, n. 53). Olhando para esse modelo, a Igreja preserva-se daquele modelo machista, que a reduz a uma ação sócio-política, a uma abstração. E quando vira abstração, não precisa de uma mãe. Ela mostra "o rosto materno de Deus", garantindo a convivência da indispensável "razão" com as indispensáveis "razões do coração".

É interessante verificar que nenhum outro cristão, exceto Maria, é considerado como "modelo perfeitíssimo da Igreja". Esse modelo nos leva necessariamente a seu Filho, Jesus Cristo.

A profunda ligação entre Cristo e Maria nos foi lembrada, a título de exemplo, numa homilia do Papa Francisco, proferida no dia 1º de janeiro de 2015. Eis as suas palavras: "Cristo e sua Mãe são inseparáveis: há entre ambos uma relação estreitíssima, como aliás entre cada filho e sua mãe. Tal inseparabilidade é significada também pelo fato de Maria, escolhida para ser Mãe do Redentor, ter compartilhado intimamente toda a sua missão, permanecendo junto do Filho até ao fim no calvário". Mas o "momento forte", ou "kairos", no qual nós cristãos entendemos e alimentamos nossa fé Naquele que nasceu da Virgem Maria é a Liturgia, ou seja, a oração pública da Igreja. Essa oração, pois, expressa e alimenta a nossa fé.

A lei da oração é a lei da fé

Há um princípio muito importante a ser seguido no caminho da nossa fé, expresso pelo princípio Lex orandi, lex credendi, a saber, "A lei da oração é a lei da fé". Isso significa que a oração expressa a nossa fé.

Tal princípio se aplica particularmente na oração pública da Igreja: a Liturgia. A palavra "Liturgia" vem do grego "leiton ergon" e significa "ao pé da letra", "obra pública". Para nós, refere-se à oração pública e oficial da Igreja. A "Liturgia" é definida pelo Concílio Vaticano II como "o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo" e "obra de Cristo Sacerdote e do Seu corpo, que é a Igreja" (Documento sobre a Liturgia, Sacrossanctum Concilium, n. 7).

A Liturgia se expressa, de maneira eminente, na celebração da Eucaristia, que é "fonte e cume de toda a vida cristã" (Documento do Concílio Vaticano II sobre a Igreja, Lumen Gentium, n. 11).

A partir disso, podemos afirmar que, quando participamos da Celebração Eucarística, vamos entender, expressar e aprofundar a nossa fé. No fundo, a Liturgia é a grande escola da fé do povo cristão. Nessa "escola", precisamos aprender a ser "bons alunos". Isso, pois, significa que, para entendermos o lugar de Maria na vida cristã, é fundamental partir das celebrações da Igreja que faz solene memória da mãe de Cristo.

O lugar de Maria na vida cristã a partir da Liturgia

As três celebrações marianas mais importantes do ano litúrgico apontam para os quatro dogmas marianos: Maria Mãe de Deus, sempre Virgem (1º de janeiro); Imaculada Conceição (8 de dezembro) e Assunção (15 de agosto).

A Igreja definiu estas quatro verdades sobre Nossa Senhora, a saber:
– Maternidade Divina de Maria. Foi definida no Concílio de Éfeso (ano 431).
– Virgindade Perpétua de Maria. Foi definida no II Concílio de Constantinopla (ano 553).
– Imaculada Conceição de Maria. Foi definida pelo Papa Pio IX na Bula Ineffabilis Deus (8 de dezembro de 1854).
– Assunção de Maria. Foi definida pelo Papa Pio XII na Bula Munificentissimus Deus (1º de novembro de 1950).

Essas verdades são expressas na Liturgia. A título de exemplo, podem-se considerar algumas orações da Solenidade de "Maria Mãe de Deus".

Orações à Maria

No dia 1º de Janeiro, Solenidade de Maria Mãe de Deus, a Igreja proclama, ao mesmo tempo, a Maternidade Divina de Maria e sua Virgindade Perpétua.

Eis, pois, como expressar isso:

a) Na Coleta: "Ó Deus, que pela virgindade fecunda de Maria destes à humanidade a salvação eterna, dai-nos contar sempre com a sua intercessão, pois ela nos trouxe o Autor da vida".

b) Na Oração sobre as oferendas: "Ó Deus, que levais à perfeição os Vossos dons, concedei aos Vossos filhos, na festa da Mãe de Deus, que, alegrando-se com as primícias da Vossa graça, possam alcançar a sua plenitude".

c) No Prefácio: "Na verdade, ó Pai, Deus Eterno e Todo-poderoso, é nosso dever dar-Vos graças, é nossa salvação dar-Vos glória, em todo tempo e lugar, e na Maternidade de Maria, sempre Virgem, celebrar os vossos louvores".

d) Oração depois da Comunhão: Ó Deus de bondade, cheios de júbilo, recebemos os sacramentos celestes; concedei que eles nos conduzam à vida eterna, a nós que proclamamos a Virgem Maria, Mãe de Deus e da Igreja.

As partes dessas orações apontam para a fé da Igreja na Maternidade Divina e na Virgindade Perpétua de Nossa Senhora. Esse mesmo "exercício" pode ser feito para as outras solenidades marianas; e, no fundo, para cada celebração cristã.

O sentido da fé dos fiéis e os dogmas marianos

Voltando ao princípio – "a lei da oração é a lei da fé" –, pode-se observar que as definições dos Concílios, ou dos Papas acima indicadas, são todas posteriores à fé do povo.

No mês de junho de 2014, a Comissão Teológica Internacional publicou um interessante documento intitulado Sensus fidelium, que significa o sentido dos fiéis. Eis como o define:

"O sensus fidei fidelis [sentido da fé dos fiéis] é uma espécie de instinto espiritual que capacita o crente a julgar espontaneamente se um ensino ou prática particular está ou não em conformidade com o Evangelho e com a fé apostólica." (N. 49).

Essa afirmação tem uma significativa confirmação quanto à fé da Igreja sobre Maria. A título de exemplo, os dogmas da Imaculada e da Assunção foram definidos recentemente, como foi visto acima: mas o povo de Deus celebrava, fazia séculos, a Imaculada Conceição e a Assunção de Maria: e, particularmente, na Liturgia. Em outras palavras, já havia as festas da Imaculada Conceição e de Nossa Senhora da Glória.

É interessante lembrar, a esse respeito, o que Jesus disse aos Seus discípulos na última ceia: "Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis suportar agora. Quando ele vier, o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade completa" (João 16,12-13). Nesse sentido, os apóstolos não receberam uma "revelação completa" de Jesus. O Espírito, dom do Cristo Ressuscitado, "sopra" sobre o povo de Deus, a Igreja, e a leva, aos poucos "à verdade completa". Nesta "caminhada da fé", guiados pelo Espírito, entendemos sempre mais quem é Cristo e todos os que a Ele pertencem, a partir da Sua Mãe.



Lino Rampazzo

Doutor em Teologia pela Pontificia Università Lateranense (Roma), Lino Rampazzo é coordenador do Curso de Teologia e professor nos cursos de filosofia e teologia da Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/por-que-maria-e-estritamente-ligada-a-cristo/


25 de abril de 2022

É necessário educar com o auxílio da internet!


Parte-se do princípio de que a educação é um "bem comum" e "um direito universal", conforme explicita o Papa Francisco no Pacto Educativo Global, assim, pode-se entender a internet como um lugar privilegiado para um processo amplo de educação. Há de se recordar que, desde o Concílio Vaticano II, com a declaração Gravissimum Educationis, a Igreja propõe a educação como caminho necessário e importante para o progresso social da humanidade.

Papa Francisco propõe como inspiração para uma educação integral e inclusiva o provérbio africano: "Para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira". Nesse sentido, quer o Santo Padre que os educadores alcancem uma mentalidade nova e inclusiva. É preciso fazer um exercício de conversão educativa e pedagógica para superar um conceito de educação que se reduz a percursos educacionais formais. É oportuno abrir a mente e o coração, também percursos informais de ensino e aprendizagem.

É necessário educar com auxílio da internet!

Foto ilustrativa: mixetto by GettyImages / cancaonova.com

Ambientes educativos

Os ambientes educativos não se reduzem à escola e à universidade, mas existem outros lugares e outras iniciativas "que podem ser compreendidos em chave educativa".

Para a Igreja, é certo que a família ocupa o papel central no processo de educação. Entretanto, não de forma isolada ou exclusiva, mas em mútua colaboração com todos os outros sujeitos sociais, instituições governamentais e privadas que são chamadas, pela Igreja, a renovar a paixão pela educação.

Nesse horizonte, cabe trazer aqui a reflexão feita por Herbert Marshall McLuhan, importante educador, intelectual, filósofo e teórico da comunicação canadense, que, no início da segunda metade do século passado, profetizou que o mundo seria uma "aldeia global". Ele estava falando da internet, que impactou o mundo, redefiniu o tempo e o espaço, transformou o modo de ensinar e aprender, criou convergências e capitalizou um grande patrimônio técnico-didático.

A internet é a aldeia do século XXI

O uso da internet é tão importante quanto necessário, que seria um "pecado" contra os educandos e educadores criar um processo educativo, em pleno século XXI, que não considerasse o uso das plataformas digitais e das redes sociais. Elas são a aldeia do nosso tempo, que, conforme diz o Texto Base da Campanha da Fraternidade 2022, versa sobre a educação com "abrangência global e plasma um novo jeito de ser e de viver".


Denis McQuail, um teórico britânico da comunicação, professor emérito da Universidade de Amsterdã, afirma que os meios de comunicação são "a arena onde se desenvolve muitos fatos da vida pública nacional e internacional". Dentro do esquema hermenêutico de educação proposto pelo Papa Francisco, podemos concordar com McQuail que os meios de comunicação, sobretudo a internet, com todas as suas redes e convergências, são "fonte importante de definições e de imagens da realidade social, portanto, o lugar onde se constroem, conservam-se e manifestam-se a mudança cultural e os valores da sociedade e dos grupos". Em poucas palavras, ambiente educativo do qual não se pode prescindir.

Em sintonia com o que dizem a Igreja e os teóricos da comunicação e da educação sobre a internet, nestes espaços virtuais, pode ser exercida uma prática educativa que orienta para o intercâmbio fecundo, a gratuidade que acolhe o conteúdo local e a abertura ao horizonte global. A internet pode ser um lugar de superação do narcisismo bairrista e a inclusão dos pobres e frágeis. É possibilidade para o encontro, a amizade, o perdão.

A Igreja e a internet

A Igreja percebe grande valor da internet no campo educacional, como a existência de bibliotecas digitais com suas obras e os periódicos eletrônicos com possibilidades de serem consultados de qualquer lugar do planeta. Revolucionou o ambiente educativo, criando nova ambiência, as novas tecnologias e metodologias educacionais que permitem Educação a Distância (EaD), ou seja, de qualquer lugar do mundo.

O Concílio Vaticano II, sob o olhar da Inter Mirifica, considera os meios de comunicação "admiráveis invenções da técnica" que, "com o auxilio de Deus, o engenho humano extraiu das coisas criadas". A internet é uma delas.

Entretanto, documentos do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e as mensagens dos Papas para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, não obstante, reconhecem os grandes frutos da internet para a educação, união e o progresso dos povos, alerta para as sombras do ambiente digital, que, muitas vezes, é usado para propagar o ódio, a guerra, o terrorismo, a pedofilia, as notícias falsas dentre outras.



Padre Antonio Camilo de Paiva

Padre Antonio Camilo de Paiva, Mestre em Ciências da Comunicação, pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma; Vice-Reitor do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio de Juiz de Fora; Coordenador e Professor do Curso de Teologia do UniAcademia e Seminário Santo Antônio e Vigário Episcopal para a Educação Comunicação e Cultura.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/educacao/e-necessario-educar-com-o-auxilio-da-internet/


22 de abril de 2022

A Misericórdia Divina está sempre ao nosso alcance


O coração de Jesus Cristo é o lugar de experimentarmos a misericórdia. O Senhor se compadece das nossas fraquezas, já que Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado (cf. Hb 4,15). Por isso, Cristo nos acolhe em Sua misericórdia, no trono do Seu coração. É Nosso Senhor quem primeiro vem a nós, como Ele mesmo disse a Santa Faustina: "Não tenhas medo do teu Salvador. Eu, por primeiro, tomo a iniciativa de Me aproximar de ti" (Diário 1.485).

Nós precisamos estar dentro do coração misericordioso de Jesus, que sempre está aberto e acessível a todos. Podemos perceber essa realidade quando Nosso Senhor diz a Santa Faustina: "A minha misericórdia é maior que as tuas misérias e as do mundo inteiro, quem pode medir a extensão da minha bondade? Por ti desci do céu à terra, por ti permiti que me pregassem na cruz, por ti permiti que fosse aberto pela lança o meu sacratíssimo coração e, assim, abri para ti uma fonte de misericórdia" (D. 1.485).

A Misericórdia Divina está sempre ao nosso alcance

Foto Ilustrativa: by Getty Images / RyanJLane / cancaonova.com

Jesus sofreu para que todos pudessem experimentar a misericórdia

Tudo o que Jesus sofreu foi também para que pudéssemos experimentar a misericórdia em nossa vida, que sempre vem ao encontro das nossas fraquezas e angústias, pois, diante dos nossos erros, as pessoas e o mundo podem até querer nos condenar, mas Jesus Cristo nunca nos condena, porque Ele é o Amor.

Jesus não faz acepção de pessoas para derramar a Sua misericórdia redentora. Ele faz questão de chamar excluídos e pecadores (Cf. Marcos 2,17), envolvendo todos no Seu plano salvífico. Dessa forma, Cristo não faz distinção para manifestar Sua misericórdia, que é para todos. Entretanto, muitas vezes, desviamo-nos dessa misericórdia quando insistimos no sentimento de culpa, que nos faz bloquear Sua ação em nós, pois ficamos paralisados por culpas relacionadas ao que fizemos e ao que não fizemos no decorrer da nossa vida.

Isso nos leva a uma desconfiança do amor, da bondade e da misericórdia de Deus, o que faz com que nos afastemos d'Ele e não nos permitamos ser alcançados por Ele. Por isso, é necessário, diariamente, repetir: Jesus, eu confio em vós, eu confio no Seu coração misericordioso, que me perdoa e acolhe hoje e sempre.


Colocar em prática

São João Paulo II disse: "que a humanidade acolha e compreenda a Divina Misericórdia". Em Mateus 5,7, Jesus diz: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia". Assim, a partir dessas duas frases, façamos uma análise se temos exercido a misericórdia ou se temos julgado e condenado nossos irmãos.

Na Catequese do Papa Francisco, em 10/09/2014, ele disse: "é a misericórdia que muda o coração e a vida, ela pode regenerar uma pessoa e permitir que esta se insira de modo novo na sociedade". Sabemos que Jesus é essa misericórdia que transforma os corações, mas nós precisamos nos convencer interiormente dessa verdade e colocá-la em prática na nossa vida.

Peçamos a intercessão da Mãe da Misericórdia, a Virgem Maria. Que ela nos conduza nesta "misericórdia que se estende, de geração em geração" (Lucas 1,50), para que, como seu Filho Jesus, possamos testemunhar com a vida o que professamos pela fé.



Padre Márcio Leandro Fernandes

Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Márcio Leandro é também Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP). Atua no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/misericordia-divina-esta-sempre-ao-nosso-alcance/


20 de abril de 2022

O que é a Oitava de Páscoa na Liturgia?


Após o domingo de Páscoa, a Igreja vive o Tempo Pascal. São sete semanas em que a Liturgia celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos, dando-lhes as suas últimas instruções (At 1,2). Quarenta dias depois da Ressurreição, Jesus teve a Sua ascensão ao Céu e, ao final dos 49 dias, enviou o Espírito Santo sobre a Igreja reunida no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa. O Espírito Santo dado à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso.

O Tempo Pascal compreende esses cinquenta dias (em grego = "pentecostes") vividos e celebrados "como um só dia". Dizem as "Normas Universais do Ano Litúrgico" que "os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, "como se fosse um único dia festivo", como um grande domingo" (n. 22).

O que é a Oitava de Páscoa na Liturgia?

Foto Ilustrativa: RyanKing999 by Getty Images

Vivamos a ressurreição de Jesus intensamente na Oitava de Páscoa

É importante não perder o caráter unitário dessas sete semanas. A primeira semana é a  "Oitava da Páscoa". Ela termina com o domingo da oitava, chamado "in albis", porque, neste dia, os recém-batizados tiravam as vestes brancas recebidas no dia do batismo. Esse é o Tempo Litúrgico mais forte de todo o ano. É a Páscoa (passagem) de Cristo da morte à vida, a sua existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, seu Corpo. No dia de Pentecostes, a Igreja é introduzida na "vida nova" do Reino de Deus. Daí para frente, o Espírito Santo guiará e assistirá a Igreja em sua missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a Parusia.

Nestes cinquenta dias de Tempo Pascal, e de modo especial na Oitava da Páscoa, o Círio Pascal é aceso em todas as celebrações, até o domingo de Pentecostes. Ele simboliza o Cristo ressuscitado no meio da Igreja.  Ele deve nos lembrar que todo medo deve ser banido, porque o Senhor ressuscitado caminha conosco, mesmo no vale da morte (Sl 22). É tempo de renovar a confiança no Senhor, colocar em Suas mãos a nossa vida e o nosso destino, como diz o salmista: "Confia os teus cuidados ao Senhor e Ele certamente agirá" (Salmo 35,6).

A alegria e as bênçãos do Tempo Pascal

Este é, portanto, um tempo de grande alegria espiritual, onde devemos viver intensamente na presença do Cristo ressuscitado, que transborda sobre nós os méritos da Redenção. É um tempo especial de graças, onde a alma mais facilmente bebe nas fontes divinas. É o tempo de vencer os pecados, superar os vícios,  renovar a fé e assumir com Cristo a missão de todo batizado: levar o mundo para Deus através de Cristo. É tempo de anunciar o Cristo ressuscitado e dizer ao mundo que somente nele há salvação.

Então, a Igreja deseja que nos "oito dias de Páscoa" (Oitava de Páscoa) vivamos o mesmo espírito do Domingo da Ressurreição, colhendo as mesmas graças. Assim, a Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de que "o tempo especial de graças", que significa a Páscoa, estenda-se por oito dias, e o povo de Deus possa beber mais copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável, onde o céu beija a terra e derrama sobre ela suas bênçãos copiosas.

Só pode beneficiar-se dessas graças abundantes e especiais aqueles que têm sede, que conhecem, acreditam e pedem. É uma lei de Deus, e quem não pede não recebe. E só recebe quem pede com , esperança, confiança e humildade.

Viva este tempo de graça

As mesmas graças e bênçãos da Páscoa se estendem até o final da Oitava. Não deixe passar esse tempo de graças em vão! Viva oito dias de Páscoa e colha todas as suas bênçãos. Não tenha pressa! Reclamamos tanto de nossas misérias, mas desprezamos tanto os salutares remédios que Deus coloca à nossa disposição tão frequentemente.

Muitas vezes, somos miseráveis sentados em cima de grandes tesouros, pois perdemos a chave que podia abri-los. É a chave da fé que, tão maternalmente, a Igreja coloca em nossas mãos todos os anos. Aproveitemos esse tempo de graça, para renovarmos nossa vida espiritual e crescer em santidade.


O significado do Círio Pascal

O Círio Pascal estará aceso por 40 dias, lembrando-nos que a grande vela acesa simboliza o Senhor Ressuscitado. É o símbolo mais destacado do Tempo Pascal. A palavra "círio" vem do latim  "cereus", de cera. O produto das abelhas. O círio mais importante é o que é aceso na vigília Pascal, como símbolo de Cristo – Luz, e fica sobre uma elegante coluna ou candelabro enfeitado.

O Círio Pascal é já, desde os primeiros séculos, um dos símbolos mais expressivos da vigília, por isso, ele traz uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, para indicar que a  Páscoa do Senhor Jesus, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos alcança com força sempre nova no ano concreto em que vivemos. O Círio Pascal tem em sua cera incrustado cinco cravos de incenso simbolizando as cinco chagas santas e gloriosas do Senhor da Cruz.

O Círio Pascal ficará aceso na Oitava da Páscoa e em todas as celebrações durante as sete semanas do Tempo Pascal, ao lado do ambão da Palavra, até a tarde do domingo de Pentecostes. Uma vez concluído o tempo Pascal, convém que o Círio seja dignamente conservado no batistério. O Círio Pascal também é usado durante os batismos e as exéquias, ou seja, no princípio e o término da vida temporal, para simbolizar que um cristão participa da luz de Cristo ao longo de todo seu caminho terreno, como garantia de sua incorporação definitiva à Luz da vida eterna.

Viver intensamente a Oitava da Páscoa é uma grande graça que Deus nos dá através da Igreja. Cultive esse tempo, com oração, meditação e vida sacramental, agradecendo ao Senhor tantas bênçãos.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/o-que-e-oitava-de-pascoa-na-liturgia/


18 de abril de 2022

Páscoa: Jesus está vivo, e tudo muda!


A liturgia do domingo de Páscoa nos propõe um trecho maravilhoso do Evangelho de São João (20,1-9) que nos conta: "No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então, ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava…"

Provavelmente, você conhece essa piada de Páscoa: "Por que Jesus apareceu ressuscitado pela primeira vez às mulheres?". E, sorrindo, alguém responde: "Para que a notícia se espalhasse mais rapidamente!".

Páscoa: Jesus está vivo, e tudo muda!

Foto ilustrativa: D-Keine by Getty Images / cancaonova.com

A Páscoa representa a Boa Nova

Sabendo que muitos acusam a Igreja de misógina, é melhor evitar esse tipo de piada. Sobretudo, temos que a evitar, porque essa que é a Grande Notícia, a grande Boa Nova, razão de nossa fé cristã, é a missão de todos os cristãos: temos que dizer ao mundo que Cristo está vivo, que Ele venceu a morte e as trevas.

São Paulo nos diz que se Cristo não ressuscitou dos mortos, a nossa fé é vã (cf. 1 Cor 15,14). Devo acrescentar: se Ele não ressuscitou, todos podemos ficar em casa, fechar todas as igrejas, parar de orar e de exercer a caridade. Quanto a mim, pego minha mala e vou para casa, certo de que perdi meu tempo.

Mas não! Cristo ressuscitou! E já que Cristo está vivo, tudo muda, pois o encontro com Jesus Ressuscitado é transformador: Ele nos coloca de pé, faz-nos avançar e crescer na caridade. Ele nos torna "melhores": mais humanos, mais espirituais, mais fortes, mais corajosos, vitoriosos.

Encontro que transforma corações

Essa é a experiência de Maria Madalena, dos apóstolos e de bilhões de pessoas ao longo da história. Esse encontro não cessa de transformar os corações em todo o mundo.

Ao ler isso que escrevo, talvez algumas pessoas pensem que essa realidade é grandiosa demais e impossível. Ou que isso pode ser verdade, mas que é preciso já estar bem "avançado" na fé para fazer esse encontro com o Ressuscitado.

Se alguém se sente o pior e indigno de Jesus: bem-vindo! Ele veio para os pobres, para os enfermos e para os pecadores… Ou seja, para nós!


Oração

A grande oração que os convido a fazer no dia da Páscoa é seguinte: "Senhor, quebra cadeias!".

Quando ressuscitou, Jesus destruiu as portas da morte que mantinham a humanidade cativa nas trevas: nenhuma cadeia pôde resistir à sua luz poderosa!

Ainda hoje, vamos pedir a Ele que venha ao nosso encontro:

 – Senhor, quebra as cadeias do ódio: o diabo, o grande perdedor, semeia em nós a xenofobia, a intolerância e o racismo; inspira-nos o perdão e a amar até o fim.

– Senhor, quebra as cadeias da falta de confiança: diante das provações da vida, especialmente da traição, da doença e da velhice, a tristeza instala-se e pode cegar-nos. Sem esperança, aguardamos apenas o pior: sentimos que nossa vida nada mais é do que ansiedade e desconfiança dos outros e de Deus. Que Cristo ressuscitado nos dê esperança e gosto pela vida e pela Eternidade.

– Senhor, quebra as cadeias do medo: porque, num contexto de epidemia, guerras e ataques, no qual é nítido o aumento significativo da violência, o medo nos paralisa e nos impede de sermos testemunhas da Luz de Cristo: paramos de lutar pelo Bem e nos escondemos! Que o Senhor nos dê força e coragem.

Por tantas outras razões: "Senhor Jesus, ressuscitado e vitorioso, quebra as cadeias do mal!".

Feliz Páscoa. Feliz vida nova!



Padre André Favoretti

Natural de Vitória – ES, foi ordenado sacerdote dia 25/06/2017, na diocese de Fréjus-Toulon, onde atua como missionário. Antes de ser padre, concluiu uma licenciatura em Geografia (UFES), foi professor e fez uma pós-graduação em filosofia (UFOP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/pascoa/pascoa-jesus-esta-vivo-e-tudo-muda/


13 de abril de 2022

Maria ensina o poder da fé em tempos difíceis


"A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele" (CATECISMO, n. 153). Portanto, o ato de acreditar não é fruto apenas de um esforço humano, mas é também ação da graça de Deus e do movimento do Espírito em nós. Em outras palavras, o Senhor vem em nosso auxílio para que acreditemos e, quanto mais unidos a Ele, tanto mais cresceremos na fé.

O Catecismo da Igreja Católica afirma também que a fé "é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que nos disse e revelou, e que a Santa Igreja nos propõe para crer, porque Ele é a própria verdade. Pela fé, o homem livremente se entrega todo a Deus. Por isso, o fiel procura conhecer e fazer a vontade de Deus" (n. 1814). Desta forma, compreendemos que não é sentimento, e sim virtude, sem a qual não conseguimos viver nossa relação com Jesus.

Com a ausência da fé, nossa experiência com Ele vai ser a mesma de quem estuda um personagem da História: veremos o Senhor como alguém que existiu num tempo, num espaço e morreu deixando um legado, ou, poderemos acreditar também que Cristo cumpriu o seu papel e está no Céu, indiferente a tudo o que vivemos por aqui.

Maria ensina o poder da fé em tempos difíceis

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Crer é ir além disso. É confiar em Jesus e no que ele disse a ponto de nos entregarmos ao seu projeto hoje, de integrar a "vontade de Deus" à nossa, deixando-o assumir o comando das coisas hoje, na realidade em que vivemos de pandemia, quarentena, isolamento, problemas econômicos, dificuldades familiares, doenças e tantas outras questões. A virtude da fé vai se fortalecendo em nós a cada resposta de entrega total e confiança que depositamos em Deus, mesmo nos tempos difíceis.

A fé inabalável da Virgem Maria

Maria é para nós modelo de alguém que acreditou integralmente no Senhor. Ao receber o anúncio do Anjo, Ela não hesitou, mas deu uma pronta resposta ao que tinha sido proposto a Ela por Deus. Desse modo, sem pensar nos desafios que viveria a partir deste "sim", entregou-se e aderiu ao projeto do Senhor para a sua vida. Ela creu que o Pai poderia fazer n'Ela algo impossível aos olhos humanos como foi a concepção de Jesus.

Essa fé em Maria mantém-se inabalável, mesmo nas piores condições: quando precisou fugir para o Egito porque Herodes queria matar Jesus; quando ouviu a profecia de Simeão no dia da apresentação do Senhor no templo ou quando Jesus se perdeu aos 12 anos. A fé sem limites da Virgem é evidenciada no momento da Paixão e Morte do Senhor: Maria acredita, mesmo quando encontra Jesus indo para o Calvário; não lhe falta a fé, quando estava de pé aos pés da Cruz. Sentia dor ao ver seu Filho morrendo, sofria pela falta de fé de muitos e por ver o corpo de Jesus dilacerado, entretanto, não deixou de confiar. Ela não estava indiferente a tudo isso. Pelo contrário, como mãe, sente na pele e na alma a dor do seu Filho, porém, não se desespera nem deixa de acreditar que tudo aquilo estava sob a vontade de Deus. Continuou a ter fé também na hora em que pegou seu Filho nos braços, sem vida, e o sepultou. Em Maria, a fé não era infundada. No que Ela acreditava? No que Jesus falou: que haveria de ressuscitar!


Maria nos sustenta

Na sua audiência geral, do dia 1 de abril de 2015, o Papa Francisco falou: "No Sábado Santo, a Igreja identifica-se mais uma vez com Maria: toda a sua fé está reunida n'Ela, a primeira e perfeita discípula, a primeira e perfeita crente. Na obscuridade que envolve a criação, Ela permanece sozinha a manter acesa a chama da fé, esperando contra qualquer esperança (cf. Rm 4, 18) na Ressurreição de Jesus".

Portanto, no momento mais difícil na vida de fé dos apóstolos, Maria foi quem sustentou a fé da Igreja. Se olharmos as escrituras, veremos que não há relatos de Maria indo ao sepulcro no domingo de manhã, como as mulheres que foram lá para embalsamar o corpo de Jesus (cf.Lc. 24, 1-8). Depois do anúncio de Madalena, Pedro e João também foram ao túmulo. João até afirma que, lá no sepulcro, "viu e creu" (cf. Jo. 20,8).

Essa afirmação do Papa nos sugere que, enquanto os apóstolos viveram – da Sexta-Feira Santa ao Domingo da Páscoa – a tristeza de quem ainda não acreditava na ressurreição. Maria, no Sábado Santo, mesmo sofrida, viveu a fé de que Cristo iria ressuscitar. É provável que Ela não tenha ido ao sepulcro porque acreditava, contra toda a esperança, na Ressurreição de Jesus. E até por isso o sábado é o dia dedicado a Maria.

A fé que precisamos ter

A fé é, portanto, uma das virtudes que sustentou Nossa Senhora e que sustenta todo cristão. Diante das piores dificuldades e das situações mais adversas, como essa que a humanidade está vivendo – da pandemia que nos põe isolados e sem certezas do que vai ser amanhã  ou na dúvida sobre quais atitudes devemos tomar – é a partir da fé que precisamos agir. Da fé que mantém acesa a esperança que nos conserva fiéis, ainda que tudo em nossa volta pareça ruir.

Neste momento, importa ter em nossos corações a Palavra de Deus, a Tradição e o Magistério da Igreja que nos mostram que a morte não é a última palavra e que a nossa fé é pascal: passa pela morte e termina com a vida. Hoje, podemos pedir ao Senhor, com a intercessão da Virgem Maria, o dom e a virtude da fé, para que ela nos conduza com a graça e a ação do Espírito. Na nossa vida nada acontece por acaso! Em todas as situações precisamos ver com os olhos da fé.



Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/maria-ensina-o-poder-da-fe-em-tempos-dificeis/


8 de abril de 2022

Amizades em tempos de likes


O mundo contemporâneo nos proporciona uma série de facilidades, seja no mundo do trabalho, dos serviços e relacionamentos. Aplicativos de todos os tipos nos ajudam a movimentar a vida financeira, fazer compras, localizar cidades, realizar trabalhos, organizar a agenda e também para a hora do entretenimento: músicas, séries e diversas produções audiovisuais nas ferramentas de streaming. Inúmeras são ainda as redes sociais e suas finalidades: compartilhar o dia a dia, aproximar-se de quem está longe, e há ainda quem busque relacionamentos nos apps. Amizades novas surgem, e quem está em diferentes cidades ou até países pode manter o vínculo quase que normalmente.

Uma reflexão, no entanto, torna-se adequada: em tempos de likes, o que devo curtir, o que esperar de uma amizade? Estreitar e cultivar laços por meio das redes sociais é algo incrível! Percebe-se, contudo, nos dias de hoje, uma espécie de "novo código" nas relações, que, muitas vezes, pode ser até nocivo.

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Foto Ilustrativa: Kar-Tr by Getty Images

O que isso quer dizer? Muitas pessoas acabam entrando numa grande ansiedade por receber likes, comentários e interações em suas postagens. E se alguém muito próximo não o faz, chega-se até a rasas conclusões: "fulano não gosta de mim", "fulano não me curte (nos dois sentidos)", "ciclano não se interessa pela minha vida". Ou seja, transpomos para a realidade um novo tipo de comportamento que não vale para amizades verdadeiras, e que não existia, tempos atrás, quando não havia as redes sociais.

O que a Palavra de Deus diz sobre as amizades?

A Bíblia, enquanto Palavra de Deus, transmite toda a sabedoria divina aos homens e para a sua vida como um todo, inclusive no campo da amizade. As Sagradas Escrituras definem, sabiamente, o parâmetro do que realmente significa uma amizade. Vejamos algumas citações bíblicas, tanto do Novo como do Antigo Testamento:

"O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade." (Provérbios 17,17)

"Perfume e incenso trazem alegria ao coração; do conselho sincero do homem nasce uma bela amizade." (Provérbios 27,9)

"É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se!" (Eclesiastes 4,9-10)

"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos." (João 15,13)

"Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, os chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu tornei conhecido a vocês." (João 15,15)

"Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vocês." (Romanos 12,10)


Superlike

Essas são algumas das passagens que esclarecem, indicam e orientam sobre o relacionamento de amizade. Se praticarmos, no dia a dia, na vida real, o que aponta a Palavra de Deus, aí sim que mereceremos um "superlike". De que adianta curtirmos e comentarmos em post do Instagram, Facebook etc., mas, no cotidiano, não darmos a vida pelo amigo, não dedicarmos o amor fraternal ou não estarmos com as pessoas queridas, sobretudo em seus momentos difíceis?

Além disso, na enxurrada de informações pela rede ou na vivência do tempo que parece cada vez mais escasso, pautar uma amizade pelos likes e interações seria até injusto com o outro. Nem todos possuem o mesmo tempo, facilidade ou disposição para se comunicar nas redes sociais.

Sendo assim, prefira o que diz a Bíblia. Seja aquele amigo fiel que doa a sua vida e se faz presente na vida "offline", isto é, longe ou perto, dedica o seu amor fraternal, ajuda, aconselha, felicita-se com o outro em suas conquistas e vitórias ou se compadece em suas tristezas.

Para finalizar, a passagem sobre amizade, tão conhecida do livro de Eclesiástico, a fim de celebrar o dom tão belo da amizade, que perpassa os limites das redes sociais:

"Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua . Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor, achará esse amigo. Quem teme ao Senhor terá também uma excelente amizade, pois seu amigo lhe será semelhante" (Eclo 6,14-17).

Vamos nos guiar pela pela Palavra de Deus? A experiência e os testemunhos dos santos, e até de nossos familiares, atestam que esse é um caminho sem erro.



Gracielle Reis

Gracielle Reis é missionária da Comunidade Canção Nova, sendo segundo elo, na missão de Portugal.

Carioca, jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF): Bacharel e Licenciada em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ): e pós-graduação em Logoterapia, pela Associação de Logoterapia Viktor Emil Frankl (ALVEF).

Atualmente, jornalista na TV Canção Nova, em Portugal.

Em trabalhos com mulheres e famílias, também é instrutora do Método de Ovulação Billings e Consultora de Imagem, Estilo e Coloração Pessoal.

E-mail: graciellereis@gmail.com

Instagram: @gracielledasilvareis [https://www.instagram.com/gracielledasilvareis/]

Facebook: Gracielle Reis


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/amizades-em-tempos-de-likes-o-que-devo-realmente-curtir/


6 de abril de 2022

Como cristãos, somos chamados a viver na bondade


É comum ouvirmos declarações como esta: "Eu sou uma pessoa boa, pois nunca matei, nem roubei ninguém…" O certo é que, para nós cristãos, isso não basta. Somos chamados a algo mais. O próprio Cristo nos ensina que devemos amar nosso próximo como a nós mesmos, e isso nos faz agir diferente.

O problema é que não ser o causador do mal é uma atitude, embora louvável, insuficiente para agradar a Deus e construir um mundo melhor. Mesmo não sendo os causadores dos males do mundo, os cristãos devem se envolver em todos os esforços que busquem sanar os sofrimentos humanos em suas causas mais profundas. Um grande exemplo disso são as Campanhas Solidárias e os serviços voluntários que têm crescido em todo mundo, graças a Deus!

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Foto Ilustrativa: SDI Productions by Getty Images

Faça gestos de bondade, mas vá além

Infelizmente, para algumas consciências mais acomodadas, o pecado da omissão parece nem existir. Nesta época da Quaresma, é até familiar a desculpa: "Não vou confessar, porque não fiz nada de errado!".

Ora, não praticar coisas erradas já é um primeiro passo, claro, mas é só o primeiro. Parar nele é cair em três terríveis pecados: acomodação, omissão e orgulho, e isso não combina em nada com nosso compromisso de cristãos.


Reflita sobre como ter agido

Acredito que a Quaresma seja, por excelência, um tempo propício para refletirmos nesse sentido. Será que, até hoje, tenho sido apenas uma pessoa boa, segundo meu julgamento, ou tenho feito algo mais, amando concretamente meu próximo como o próprio Cristo me ensina?

Em todo caso, este é o tempo favorável. Mãos à obra! Conservemos a bondade, mas não paremos nela, pois Deus nos chama a algo mais.



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN.  De segunda a sexta-feira (exceto quinta-feira), está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 14h40 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/como-cristaos-somos-chamados-a-viver-na-bondade/


4 de abril de 2022

Reze pela cura dos traumas gerados durante a gestação


Orar pela nossa vida intrauterina pode parecer uma coisa sem sentido, mas você não imagina a importância de sermos curados das más lembranças ocorridas no período em que estivemos no ventre materno.

A criança, a partir da sua concepção, absorve tudo o que a mãe lhe transmite e fica inundada de amor ou da sua
falta. Consciente ou inconscientemente, a mãe transfere para a criança todas as suas emoções – amor, medos, raiva, rejeição, tristeza, alegria. Se, durante a gestação, a mãe rejeita a criança, as sequelas desta atitude podem durar até fim de sua vida. Por isso, as raízes mais profundas da nossa história são encontradas precisamente nos primeiros meses de nossa existência.

Se a mãe tentou praticar o aborto, isso pode ter gerado uma mágoa muito grande no coração da criança – é a maior rejeição que uma pessoa pode sentir. Muitas vezes, nas orações de cura interior, percebemos que a raiz de tudo está na atitude que a mãe teve ao tentar realizar o aborto. Essas mágoas precisam de um processo muito longo de cura.

Descubra os traumas do ventre materno

Carregamos muitas marcas da nossa gestação. Neste capítulo, vamos orar por elas e meditá-las. A partir de agora, voltaremos a ser crianças no ventre da mãe. Se hoje não somos felizes e temos muitas travas impedindo nossas realizações, saiba que o projeto de Deus para nós é maravilhoso!

Reze pela cura dos traumas gerados durante a gestação

Foto Ilustrativa: Halfpoint by Getty Images / cancaonova.com

Deus nos diz através do Salmo 139: "Eu te conheço desde antes da fundação do mundo". As nossas deficiências e nossos medos podem estar baseados em uma situação vivida no ventre materno. É importante que nos coloquemos no colo de Deus, meditando a Sua Palavra. Nela seremos curados mês a mês. Nós viemos de Deus! Ele tudo conhece! Somos Suas criaturas.

Oração

Senhor, tu me examinas e me conheces, sabes quando me sento e quando me levanto. Penetras de longe meus pensamentos, distingues meu caminho e meu descanso, sabes todas as minhas trilhas. A palavra ainda não me chegou à língua e tu, Senhor, já a conheces toda. Por trás e pela frente me envolves e pões sobre mim a tua mão. Para mim, tua sabedoria é grandiosa, alta demais, eu não a entendo.

Para onde irei, longe do teu espírito? Para onde fugirei da tua presença? Se subo ao céu, lá estás, se desço ao abismo, aí te encontro. Se utilizo as asas da aurora para ir morar nos confins do mar, também lá tua mão me guia e me segura tua mão direita. Se eu digo: "Que ao menos a escuridão me esconda e que a luz se faça noite ao meu redor"; nem as trevas são escuras para ti e a noite é clara como o dia; para ti as trevas são como luz.

Foste tu que criaste minhas entranhas e me teceste no seio de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste maravilhoso; são admiráveis as tuas obras; tu me conheces por inteiro. Não te eram ocultos os meus ossos quando eu estava sendo formado em segredo, e era tecido nas profundezas da terra. Ainda embrião, teus olhos me viram e tudo estava escrito no teu livro; meus dias estavam marcados antes que chegasse o primeiro. Como são profundos para mim teus pensamentos, como é grande seu número, ó Deus! Se os conto, são mais que a areia, se acho que terminei, ainda estou contigo.

Meu Deus, se matasses o ímpio… assassinos, afastai-vos de mim! Eles falam de ti coisas iníquas, ergueram-se, mas em vão, contra ti. Senhor, não devo odiar os que te odeiam e detestar os que se revoltam contra ti? Eu os odeio com ódio implacável, considero-os como inimigos. Examina-me, ó Deus, e conhece meu coração, prova-me e conhece meus sentimentos; olha se meu caminho se desvia e guia-me pelo caminho eterno (Sl 139,1-24).

Que maravilha, Senhor, sou eu!

Cura pelo primeiro mês de vida

Essa é a oração que brota do coração da pessoa agradecida. Muitas vezes, a nossa falta de fé nos faz pensar que Deus está longe. Deus cuida de nós antes mesmo da nossa fecundação!

Deus me quer por toda a eternidade. Esse alguém sou eu! Não poderia ter sido outro a ser fecundado. Mesmo
que meus pais não me quisessem, mesmo que o mundo inteiro não me quisesse, Deus me quis. Eu sou um vitorioso! Não importa a maneira como minha mãe estava. Deus me quis. Ao final do meu primeiro mês no ventre, eu era uma minúscula sementinha, menor que um grão de arroz, mas o Amor de Deus foi me envolvendo. Após o primeiro mês, já se iniciava minha formação: meu sistema nervoso, o meu centro de comando, meu coração, olhos, aparelho digestivo. Assim como Deus escolheu Maria para ser a Mãe de Jesus, Ele também escolheu a minha mãe. Sou chamado por Ele a ser uma nova criatura para o mundo. Deus me formou, teceu cada parte do meu corpo, com cuidado, ternura e amor.

Um dia para Deus é como mil anos; e mil anos, como um dia. Não existe tempo para Deus. Deixe que Ele venha cortar toda herança negativa que trazemos de nossos antepassados tudo o que foi transmitido para a nossa geração – doenças físicas, psicológicas e espirituais.

A vida é um dom de Deus. Desde o nosso primeiro mês, Ele já tinha um projeto de amor para nós.

Continue rezando:  Estou sob a amável proteção de Deus. Quero sentir a alegria e a gratidão, as primeiras emoções, as primeiras reações no organismo, o manto protetor de Vossa Mãe. Maria, Mãe do Salvador, rogue por nós e por todas as mulheres grávidas, pela nossa vida e pela vida de todas as mães!

Cura pelo segundo mês de vida

No segundo mês de gestação, a partir da quinta semana, já temos um formato oval, parecido com um corpinho. A nossa estrutura corporal e os membros são formados os bracinhos, as mãozinhas, os dedinhos e unhas. Nosso coração começa a bater. Neste tempo, nossa mãe começa a formar um líquido amniótico, que tem a função de envolver o feto e protegê-lo durante toda a gestação. No final desse período, já estamos com aproximadamente três centímetros.

Que maravilha, Senhor!

Reze comigo: Eu quero Te agradecer, Senhor, Deus misericordioso e compassivo, porque me socorres em todas as minhas aflições, em tudo o que passei no ventre materno ameaças, rejeição da minha sexualidade por mil motivos. Se eu era menina, e minha mãe queria que eu fosse um menino; ou se eu era menino, e minha mãe queria menina, isso não foi por maldade. Toda a aflição que surgiu, toda a maldade, todas as dificuldades financeiras, todas as mudanças, a expectativa da minha mãe, sua ansiedade, tudo o que fui herdando no ventre. Ampara-me, Senhor! Imploro por Tua proteção sobre mim, sobre minha mãe, sobre esse segundo mês de gestação! Abençoa meu coração, que agora começa a bater. 

Cura pelo terceiro mês de vida

No terceiro mês de gestação, entre a nona e a décima semana, a cabeça do embrião está delineada, parecendo um tanto desproporcional ao corpo. Nesse período se formam as pálpebras, o globo ocular, e nossos órgãos começam a se desenvolver. Começamos a reconhecer o som da respiração, dos batimentos cardíacos, a voz de nossos pais.
Nesta etapa, se porventura a mãe sofre alguma agressão, até mesmo por gritos, o bebê consegue sentir.

Então, reze: Senhor, cura todo trauma desse terceiro mês, todo trauma já registrado. Cura, Senhor! Se fiquei na
barriga da minha mãe por dois ou três meses sem que ela me percebesse, cura todo sentimento de anulação. Deus, cheio de amor e ternura, peço, confiante, nesse terceiro mês: ilumina minha vida para que eu transmita amor! Cura toda minha afetividade machucada. Cura-me se minha mãe, por excesso de sensibilidade, teve seus sentimentos feridos e os transmitiu para mim.

Cura pelo quarto mês de vida

No quarto mês de gravidez, a partir da décima quarta semana, todos os órgãos internos do feto estão com as estruturas formadas. Entre a décima quinta e a décima sexta semana, o delineamento do rosto fica mais definido, com a formação da boca. A pele vai se formando, os cabelinhos começam a aparecer.

Cura todo trauma, Senhor, que eu possa ter passado neste período. Se minha mãe passou por impaciências, aborrecimentos, cura, Jesus, toda dor! Cura, Senhor, todo sistema nervoso, todos os distúrbios sofridos!

No final desse quarto mês, medimos, aproximadamente, de dez a doze centímetros. Muitas mães erram nessa hora, pois, mesmo não sabendo o sexo da criança, já que ainda não é possível detectá-lo, começam a tratar o bebê como menino ou menina.

Cura, Senhor, todo sentimento de rejeição profunda. Cura todo desvio de personalidade, retira todas as concepções errôneas que tenho de mim mesmo. Eu entrego em Tuas mãos protetoras a minha mãe, o meu quarto mês de gravidez. Acompanha meus passos, assim como acompanhaste os de Maria. Assim como curaste João Batista no ventre materno de Isabel, cura toda a tristeza que me foi transmitida no ventre materno!

Cura pelo quinto mês de vida

No quinto mês, perto da vigésima semana, é possível ver o sexo do bebê por meio do exame de ultrassom.
Nesse mês crescemos bastante, podemos alcançar 25 centímetros.

Agora, cura, Senhor, tudo o que não foi bem formado em mim! Deus, esperança dos pequenos e humildes, confio aos Teus cuidados de Pai a minha vida, a vida da minha família, a vida da minha mãe. Socorre-me nas necessidades, nas minhas aflições. Fortalece minha fé, minha esperança e meu amor durante esse tempo especial da minha formação no ventre materno. Agradeço pela nova criatura que já sou!

Cura pelo sexto mês de vida

No sexto mês, quatro dos cinco sentidos são desenvolvidos: audição, olfato, tato e paladar. A visão será o último. Aqui já carregamos todos os traumas das brigas, gritos, violências, xingamentos, palavras malditas e todo o
barulho do mundo.

Nesta fase, já reagimos a estímulos externos, como a luz, a música, e também percebemos os barulhos físicos de nossa mãe a cada semana. Sentimos também o desejo de nos movimentar. Os músculos e as articulações estão mais firmes, e provavelmente, nessa fase, já assumimos a chamada posição fetal. Como é traumática a posição fetal! Quantas pessoas, quando recebem o repouso no espírito, caem em posição fetal por conta do incômodo da posição no ventre materno.

Agradeço, Senhor, pela vida e pela missão de Maria. Mas agradeço também pela missão da minha mãe, o serviço
de amor e paz, a solidariedade, colaborando para que eu nascesse com saúde. Cura, Jesus, os meus sentimentos.
Enche-me, agora, de ternura, confiança e paz! 

Nesse sexto mês, já sentimos bem-estar e felicidade e já conseguimos perceber as batidas do coração da nossa
mãe. Nesse tempo, já desenvolvemos qualidades para nos tornarmos construtores de um mundo melhor.

Cura pelo sétimo mês de vida

No sétimo mês de gravidez, já estamos bem formados alguns bebês nascem de sete meses. Já conseguimos abrir e fechar os olhos, distinguir gostos – amargo e doce – e responder a certos estímulos com a expressão fácil de choro.

Aqui já colhemos de nossa mãe a sensibilidade à flor da pele. Absorvemos se nossa mãe chora muito ou se preocupa com a solidão. É justamente aqui que acolhemos tudo de nossa mãe. O espaço do útero começa a ficar estreito para nós. Aqui surgem os medos de chegar ao mundo.

Cura, Senhor, todas as situações que minha mãe teve de enfrentar sozinha, todo o medo da solidão. Todas as minhas ameaças de nascer antes da hora. Todo meu medo de chegar ao mundo. Mãe da confiança, rogue por nós! Mãe do silêncio, rogue por nós! Cura- -me do abandono paterno, da ausência de ouvir a voz do pai.

Cura pelo oitavo mês de vida

O oitavo mês é marcado pelo ritmo acelerado do nosso crescimento. A maioria dos órgãos está funcionando, toda estrutura que compõe os olhos e a audição está perfeitamente desenvolvida. Começamos a nos posicionar de cabeça para baixo – posição em que ficaremos até a hora do nascimento.

Senhor Deus, consolo dos aflitos, nesse oitavo mês, cura minha mãe onde ela estiver, acolhe agora todo o senti-
mento de amor, de afeto, de sintonia e também a sua falta. Cura todo trauma, toda ameaça de morte para mim e para minha mãe. Todos os esbarrões, a violência sofrida nesse tempo! Todo abandono no ventre materno. Mãe das crianças abandonadas, rogue por nós!

Cura pelo nono mês de vida

No último mês de gestação, estamos praticamente prontos para nascer. Tudo está funcionando perfeitamente. O nosso corpinho já adquiriu a camada de gordura e agora já está bem fortinho. Podemos estar emocionalmente abalados, mas estamos preparados para nascer!

Cura, Senhor, todo trauma do momento em que nasci. Se nasci de parto natural, fórceps, cesariana. Se nasci
na roça, se passei da hora de nascer, se nasci prematuro. Cura-me dos traumas causados no momento em que o
médico me arranca, me vira de cabeça para baixo e me dá uma chacoalhada para que eu chore! Agora, Senhor, eu nasci. Peço, Senhor, pelas minhas necessidades vitais, por todos os traumas dos meus primeiros dias de vida.

Se minha mãe não tinha leite, se aconteceu a separação de meus pais, se eu fui para a incubadora, se minha mãe passou por momentos complicados no meu nascimento: cirurgias, sustos ou correu risco de morte. Cura todos os traumas! Lava com Teu sangue minha história, a minha mente, a minha formação! Se houve um desmame repentino, cura todo vazio que isso causou na minha vida! Eu sou uma maravilha em Tuas mãos, toca em mim agora! Senhor, eu sei que Tu me sondas, me conheces, me esquadrinhas! 

O perdão é a chave para a cura

É maravilhoso o momento do nascimento. Muitos de nós fomos esperados com alegria; porém, outros, em clima de apreensão e tristeza. Isso acarreta um sentimento de rejeição muito grande, é um golpe doloroso para a criança e causa uma ferida profunda. Se porventura isso aconteceu, a ferida pode ser curada pelo perdão concedido à mãe e ao pai. Esta atitude será a chave para a cura das nossas dores. Só assim todas as nossas crises estarão resolvidas.

Várias situações podem ter motivado a origem dessas feridas. Em qualquer situação podemos receber mágoas.
Nenhum de nós nasceu em uma situação ideal. Todos nós trazemos dores e alegrias. É preciso dar o perdão,
viver a reconciliação com os pais. É crucial conhecer a própria história.

Busque saber como foi a sua gestação, o que aconteceu, quais foram os fatos marcantes. Peça ao Espírito Santo
que ilumine sua memória.

(Trecho extraído do livro "Jesus o amor que cura", da Irmã Maria Eunice)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/reze-pela-cura-dos-traumas-gerados-durante-a-gestacao/


1 de abril de 2022

A Quaresma é o caminho para a alegria do encontro com Cristo


O Tempo da Quaresma nos convida à oração, ao jejum e à penitência como exercícios das virtudes cristãs. É um chamado à prática da caridade, do perdão e das boas obras, que devem ser constantes no caminho da santidade, mas, por vezes, se enfraquecem na vida cotidiana. Reanimados pelas leituras dos Domingos da Quaresma, fortalecidos pela oração e incentivados pela penitência, que essa caminhada nos renove por uma transformação espiritual, revestindo-nos do novo ser, que foi criado à imagem de Deus, na justiça e na santidade verdadeiras [1]. A Quaresma é o caminho para a alegria do encontro com Cristo, vivenciado em comunhão com toda a Igreja.

O Evangelho durante a Quaresma

No 1º Domingo da Quaresma, o Evangelho conta a passagem de Jesus no deserto, sendo tentado pelo diabo, cujas tentações são firmemente combatidas através da citação das Sagradas Escrituras [2]. É o domingo que demonstra a importância do conhecimento da Palavra de Deus para definirmos com clareza o bem e o mal. No 2º Domingo da Quaresma, o Evangelho narra a Transfiguração [3] pela qual "Jesus mostra a sua glória divina, confirmando assim a confissão de Pedro" (Catecismo da Igreja Católica, nº 555). No 3º Domingo da Quaresma, é contada a parábola da figueira que não dava frutos e recebeu uma nova chance, para que o vinhateiro cave ao redor dela e coloque adubo, a fim de que dê fruto no ano seguinte [4].

Essa parábola demonstra a misericórdia de Deus, que – especialmente na Quaresma – nos convida à reflexão interior (cavar) e à fortificação da fé (adubo), permitindo-nos mais um ano para darmos bons frutos. O 4º Domingo da Quaresma narra a tão conhecida parábola do filho pródigo, que traduz a misericórdia e o perdão de Deus Pai para conosco [5]. No 5º Domingo da Quaresma, a misericórdia de Jesus com a pecadora é um convite para, de agora em diante, não pecar mais [6].

A Quaresma é o caminho para a alegria do encontro com Cristo

Foto Ilustrativa: by Getty Images / FREDERICA ABAN / cancaonova.com

A penitência leva à santidade

A certeza de um Deus misericordioso nos conduz à busca do perdão, não um perdão momentâneo, mas sim um perdão verdadeiro e profundo, de quem busca se tornar o homem novo. E essa busca se concretiza através da penitência, pela qual praticamos o cumprimento especial das virtudes cristãs, exigindo um maior esforço para nos aproximarmos da santidade. O Código de Direito Canônico (cân. 1249) determina que os fiéis "cumpram mais fielmente as próprias obrigações". É a proposta do exercício das virtudes próprias da vida cristã, mas com maior ânimo e ainda mais dedicação.

Assim, se lhe falta caridade, proponha-se atos de ajuda ao próximo, como participação em obras assistenciais. Se você peca por ser demais materialista, doe tempo e atenção, aproximando-se do irmão e reconhecendo o valor do carinho, da compaixão e da presença. À luz desses exemplos, proponha-se uma penitência que, de fato, seja custosa no início e exija muito esforço. Assim, com a celebração da Páscoa, aqueles atos que antes eram penitência se tornarão algo natural e se revelarão como verdadeiras virtudes da sua vida de santidade.

Conversão e purificação

Nas palavras do Santo Papa João Paulo II: "A 'penitência' em sentido evangélico significa sobretudo isto: 'converter-se'. Jesus contesta o modo puramente exterior com que muitos contemporâneos seus cumpriam os atos próprios da penitência: a esmola, o jejum e a oração. Eles descuidavam o verdadeiro fim destes atos, que era a purificação interior, necessária para podermos nos encontrar, no íntimo da consciência, 'no segredo do coração', com a santidade misericordiosa de Deus". E o Pontífice concluiu: "A penitência, por conseguinte, não é só esforço; é também alegria. Mais ainda: por vezes, é uma grande alegria do espírito humano, uma alegria que não pode brotar de outras fontes".

Que esse Tempo de Quaresma nos permita uma penitência com esforços além de nós mesmos, pela prática das virtudes que nos faltam e renúncia dos pecados que nos permeiam. Esse esforço, cansativo e doloroso, será no final recompensado por uma verdadeira virtude cristã, integrando uma parte natural da nossa vida de santidade. Que assim seja!

CITAÇÕES DO TEXTO BÍBLICO

[1] (Ef 4, 23-24); [2] (Lc 4,1-13); [3] (Lc 9, 28-36); [4] (Lc 13,1-9); [5] (Lc 15,1-3.11-32); [6] (Jo 8,1-11).

REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.
JOÃO PAULO II. Encontro com os jovens na Basílica Vaticana. Vaticano, 28 fev. 1979.
SAGRADA BIBLIA. Traducción y notas Facultad de Teología Universidad de Navarra. Edição Digital. Editora EUNSA. 2016.



Luis Gustavo Conde

Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos; palestrante focado na doutrina cristã; advogado, tecnólogo e professor. Dúvidas e sugestões, fale comigo nas redes sociais: @luisguconde (Facebook, Twitter e Instagram). Agendamento de palestras e cursos: luisguconde@gmail.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/quaresma-e-o-caminho-para-alegria-encontro-com-cristo/