30 de novembro de 2010

Como podemos nos preparar para o Advento?

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Precisamos estar prontos para o encontro com o Senhor
O Ano Litúrgico gira em torno das duas grandes festas do mistério de nossa salvação: o Natal e a Páscoa. A fim de nos prepararmos bem para essas duas solenidades de máxima importância, a Santa Igreja, com seu amor de mãe e sua sabedoria de mestra, instituiu o Advento, que nos predispõe para o Natal e a Quaresma e nos prepara para a Páscoa. Praticamente um mês e meio de Advento-Natal e três meses de Quaresma-Páscoa. O tempo chamado "Comum", durante o ano, ajuda-nos a caminhar com a Igreja nas estradas da história, iluminados por esses mistérios de nossa fé e conduzidos pelo Espírito Santo.

Iniciamos o tempo do Advento, que assinala também o início de um novo Ano Litúrgico. No decurso dos quatro domingos do Advento, o povo cristão é convidado para preparar os caminhos para a vinda do Rei da Paz. O Cristo Senhor, que, há dois mil anos, nasceu como homem numa manjedoura em Belém da Judeia, deseja ardentemente nascer em nossos corações, conforme as santas palavras da Sagrada Escritura: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo" (Ap 3, 20).

No Advento temos a oportunidade de nos aprofundar na expectativa do "Senhor que virá para julgar os vivos e os mortos" e na semana que antecede a festa natalina a preparação próxima para celebrar o "Senhor que nasceu pobre no Oriente". Entre essas duas vindas, o cristão celebra, a cada dia, o seu coração que se abre para o "Senhor que vem" em sua vida e renova a sua existência.

Celebrar o Natal é reconhecer que "Deus visitou o seu povo" (cf. Lc 7, 16). Tal reconhecimento não se pode efetivar somente com nossas palavras. A visita de Deus quer atingir o nosso coração e transformar-nos desde dentro. A tão desejada transformação do mundo, a superação da fome, a vitória da paz e a efetiva fraternidade entre os homens dependem, na verdade, da renovação dos corações. Somos convidados, em primeiro lugar, a aprender a "estar com Jesus", e então nossa vida em sociedade verá nascer o Sol da Justiça.

O Advento constitui precisamente o tempo favorável para a preparação do nosso coração. Deixemo-nos transformar por Cristo, que mais uma vez quer nascer em nossa vida neste Natal. Celebrar bem a solenidade do Natal do Senhor requer que saibamos apresentar a Deus um coração bem disposto, pois "não desprezas, ó Deus, um coração contrito e humilhado" (Sl 51, 19). Um coração que busca com sinceridade a conversão é fonte de inestimável comunhão com o Senhor e com os irmãos. Neste tempo de Advento não tenhamos medo de Cristo. "Ele não tira nada, Ele dá tudo".

 

No vídeo abaixo, professor Felipe Aquino nos mostra como podemos nos preparar nesse tempo.

Dom Orani João Tempesta

29 de novembro de 2010

O essencial é invisível aos olhos

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Não fomos criados apenas para esta vida transitória e passageira
Você já percebeu que o mundo está dominado pelo consumismo, pela vaidade do corpo, pelo amor à vanglória e pela busca do prazer (hedonismo). O importante hoje é a "cultura do corpo", não mais a do espírito; e esta inversão pôs o homem de cabeça para baixo. Por isso ele está desnorteado, sem norte. As academias de ginástica, os salões de beleza e os consultórios dos cirurgiões plásticos se multiplicam a cada dia, mas os homens e as mulheres continuam infelizes. Falta-lhes algo invisível... A indústria de cosméticos é uma das que mais faturam em todo o mundo.

O valor maior da pessoa humana é o espírito, a alma criada à imagem do Criador; depois vem o corpo, a bela morada da alma. Se o corpo pesa sobre o espírito, este agoniza e o homem fica aniquilado, frustrado, vazio. Se você bater num tambor cheio d'água, ele não fará barulho; mas se você bater num tambor vazio, vai fazer um barulhão.

Os homens também são assim, fazem muito barulho quando estão vazios... Se a hierarquia de valores for invertida, a grandeza do homem fica comprometida. Quando você permite que as paixões do corpo sufoquem o espírito, não há mais homem ou uma mulher em você, mas uma "caricatura" de homem ou de mulher.

O homem do século XX dominou a matéria e a tecnologia, mas lamentavelmente está de cabeça para baixo. É por isso que vimos a matança de dez milhões de irmãos na Primeira Guerra Mundial, o extermínio de cinquenta milhões na Segunda e de mais de cem milhões de vítimas do comunismo na União Soviética e na China.

Além disso, jovem, saiba de uma realidade muito triste: neste século das maravilhas da tecnologia, não houve um dia sequer sem que houvesse, em algum lugar do planeta, uma guerra. Em nenhum dia deste século XX, que há pouco terminou, a humanidade conheceu cem por cento o gosto da paz!

Não é à toa, caro jovem, que a nossa geração é a que mais consome antidepressivos e remédios para dormir e necessita cada vez mais de psicólogos e psiquiatras. Não é mais o corpo que está doente; é a alma. E quando o espírito adoece, toda a pessoa fica enferma.

A cultura do corpo, da glória e do prazer deixa um vazio; porque o homem só pode se satisfazer com aquilo que está acima dele; não com o que está abaixo. 

O prazer, sobretudo, se é imoral, passa e deixa sabor de morte; a alegria, por outro lado, que é a satisfação do espírito, deixa gosto de vida.

Se você se frustrar no nível biológico, porque tem algum defeito físico, pode sublimar essa frustração e ser feliz se realizando num nível mais alto, o da cultura, o do saber.

Se você não pode se realizar no nível racional, pode se realizar no nível espiritual, que é o mais elevado, numa relação íntima com Deus. Mas se você desprezar o nível espiritual, não poderá se realizar porque acima deste não há outro no qual você possa buscar a compensação.

O grande poeta francês Exupèry dizia que "o essencial é invisível aos olhos". A razão é simples: tudo que é visível e material passa e acaba; o invisível, o espiritual, fica para sempre.

Você sabe que os todos os seres criados voltam ao seu nada, voltam ao pó da terra. Por quê? Porque a força que os mantém vivos está em cada um, mas não lhes pertence. O poder de ser uma rosa está na rosa, mas não é dela. Quando você vê uma bela flor murchar é como se ela estivesse lhe dizendo: "A beleza estava em mim, mas não me pertencia; Deus a tinha me emprestado". Da mesma forma, o poder de ser um cavalo está no cavalo, mas não é dele. Se fosse dele, jamais ele morreria. Ele foi criado por Alguém que o mantém vivo. Assim como quando uma bela artista envelhece, e surgem as rugas, ela está dizendo que a beleza estava nela, mas não era propriedade dela.

Deus disse a Moisés: "Eu Sou Aquele que Sou! Yahweh!" Isso quer dizer: Somente Deus é a fonte da vida, e todos os seres dependem d'Ele para existir. Se você ficar cultivando apenas o seu belo corpo e se esquecer de sua alma, amanhã estará amargurado, pois, do mesmo jeito que a rosa murchou, o seu corpo também envelhecerá; e isso é para todos, de maneira inexorável.

Por outro lado, quanto mais você viver, tanto mais a alma poderá se tornar bela e jovem, tanto mais o espírito poderá se renovar.
São Paulo expressou muito bem esta mensagem cristã:

"É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia [...] Porque não miramos as coisas que se veem, mas sim as que não se veem. Pois as coisas que se veem são temporais e as que não se veem são eternas" (II Cor 4, 16-17).

Jovem, você não foi criado apenas para esta vida transitória e passageira, na qual tudo fica velho e se acaba. Você foi feito para a eternidade; para uma vida que nunca acaba.

O jovem fogoso que foi Santo Agostinho, um dia, chegou a esta conclusão: "De que vale viver bem, se não posso viver sempre?"
Para você viver sempre, vai precisar cultivar a sua alma, muito mais do que o seu corpo.

Uma pergunta intrigante: Se você conhecesse uma mulher que está grávida, e já tem 8 filhos, dos quais 3 são surdos, 2 são cegos,  um é retardado mental, e ela tem sífilis, recomendaria que ela fizesse um aborto? Se sua resposta foi "sim", você teria impedido de nascer e viver o grande gênio da música, o compositor alemão Ludwig van BEETHOVEN (1770-1824).

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

25 de novembro de 2010

Relação sexual pré-matrimonial

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Vários são os fatores que servem de estímulo para os casais
É um grande desafio para a juventude viver a castidade até o matrimônio, a chamada "castidade da juventude". Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a castidade "significa a integração da sexualidade na pessoa. Inclui a aprendizagem do domínio pessoal". É uma vivência que, aliada à ordenação dos desejos, torna-nos sempre mais semelhantes a Cristo, conduzindo-nos a uma busca pela santidade de maneira responsável.

Entretanto, a castidade é um grande desafio para os casais de noivos no tempo que antecede o matrimônio, pois vários são os fatores que servem de estímulo à prática da relação sexual antes do casamento em uma sociedade supererotizada.

Nesse contexto, no qual o jovem vive a sua sexualidade, eles são incentivados a todo o momento, e por diversos meios, à busca pelo prazer a qualquer preço, resultando na prática de relações sexuais pré-matrimoniais, também conhecida como fornicação.

Há os que buscam o sexo por "aventura" ou uma relação sexual "ocasional", tipo de envolvimento que ocorre quando o jovem, na busca pelo prazer, numa simples experiência pessoal e prazerosa, faz da outra pessoa um objeto de satisfação momentânea. Trata-se daqueles encontros que, de modo geral, acontecem em bailes, festas, na rua ou mesmo em casas de prostituição.

Existe também a relação sexual entre namorados que ocorre quando o casal inicia um relacionamento heterossexual com algumas características singulares (conhecimento mútuo, amizade, respeito, carinho), mas, apesar disso, se encontram em um estágio de superficialidade, pois desconhecem a linguagem do amor. Como nos casos citados anteriormente, mesmo entre namorados trata-se de um modo de satisfação momentânea, uma busca irresponsável pelo prazer, pois ainda não existe um compromisso amadurecido.

Outra forma de praticar o ato sexual que vai totalmente contra os preceitos da Igreja está presente na relação sexual "extramatrimonial": o adultério.

A relação sexual vivida em um amor autêntico é entrega pessoal total e definitiva, por isso precisa estar acompanhada do compromisso definitivo selado diante de Deus e da comunidade.

Qualquer que seja o propósito dos que se envolvem em relações sexuais prematuras, ainda que realizadas com sinceridade e fidelidade, por si só, não é o meio mais adequado para garantir a relação interpessoal verdadeiramente honesta entre um homem e uma mulher e para protegê-los contra os devaneios, as fantasias e os caprichos das paixões. Portanto, a Igreja convida os noivos a viver a castidade na continência. "Nessa provação, eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus" (CIC 56).

Torna-se cada dia mais necessário e urgente que as famílias cristãs católicas deem testemunho de respeito, de fidelidade, de amor, de carinho e do verdadeiro valor do matrimônio e da família. Assim, serão exemplos de um amor verdadeiro e honesto.

(Trecho do livro: "Sexualidade, o que os jovens sabem e pensam").

Padre Mário Marcelo Coelho - SCJ

22 de novembro de 2010

Casamento misto e a disparidade de cultos

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O cônjuge católico tem uma missão particular
Em muitos países, a situação do casamento misto (entre católico e batizado não católico) se apresenta com muita frequência. Isso exige uma atenção particular dos cônjuges e pastores. O caso dos casamentos com disparidade de culto exige uma circunspecção maior ainda.

A diferença de confissão entre os cônjuges não constitui obstáculo insuperável para o casamento, desde que consigam colocar em comum o que cada um deles recebeu em sua comunidade, e aprender um do outro o modo de viver sua fidelidade a Cristo. Mas nem por isso, devem ser subestimadas as diferenças de casamentos mistos. Elas se devem ao fato de que a separação dos cristãos é ainda uma questão não resolvida.

Os esposos correm o risco de sentir o drama da desunião dos cristãos no seio do próprio lar. A disparidade de culto pode agravar mais ainda essas dificuldades. As divergências concernentes à fé, à própria concepção do casamento, como também mentalidades religiosas diferentes, podem constituir uma fonte de tensão no casamento, principalmente no que tange à educação dos filhos.

Uma tentação pode então se apresentar: a indiferença religiosa.

Conforme o direito em vigor na Igreja Latina, um casamento misto exige, para sua liceidade, a permissão expressa da autoridade eclesiástica (CDC, Can 1124). Em caso de disparidade de culto, requer-se uma dispensa expressa do impedimento para a validade do casamento (CDC, Can 1086). Essa permissão ou dispensa supõe que as duas partes conheçam e não excluam os fins e as propriedades essenciais do casamento, como também as obrigações contraídas pela parte católica no que diz respeito ao Batismo e à educação dos filhos na Igreja Católica (DCD, Can 1125).

Nos casamentos com disparidade de culto, o cônjuge católico tem uma missão particular: "Pois o marido não cristão é santificado pela esposa, e a esposa não cristã é santificada pelo marido cristão" (1 Cor 7,14).

Será uma grande alegria para o cônjuge cristão e para a Igreja se esta santificação levar o cônjuge à livre conversão à fé cristã (1 Cor 7,16). O amor conjugal sincero, a humildade e a paciência, assim como as práticas das virtudes familiares e a oração perseverante podem preparar o cônjuge não cristão a acolher a graça da conversão.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

19 de novembro de 2010

Os 30 'quês' de uma pessoa madura na fé

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Estamos num mundo completamente pluralista
Estamos num mundo completamente pluralista, por isso precisamos nos tornar verdadeiros especialistas em matéria de fé e conversão. Se não for dessa forma, os cristãos "mais ou menos" não vão resistir; daí a necessidade de um amadurecimento real e concreto na fé.

O Projeto Nacional de Evangelização (2004 – 2007) diz que é preciso ter e levar os outros ao encontro pessoal com Jesus, pois só assim vamos nos tornando maduros na fé, que nada mais é do que sermos crianças nas mãos de Deus. Livres da maturidade somente humana que questiona tudo vamos a caminho de sermos verdadeiros cristãos com coluna vertebral.

Textos-base para um aprofundamento e um exame de consciência a respeito da nossa fé: 1 Cor 3, 1-9; Heb 5, 12-14; Ef 4, 11-15.

A pessoa que tem uma fé vivida de forma madura com Deus é uma pessoa:

01 – Que escolhe inteiramente por Deus.

02 – Que sabe discernir a Vontade de Deus.

03 – Que faz a Vontade de Deus até o fim.

04 – Que vive o Evangelho sem questionamentos.

05 – Que é livre em Deus.

06 – Que sabe obedecer.

07 – Que sabe reconhecer os sinais do tempo.

08 – Que vive uma individualidade e não um individualismo.

09 – Que é capaz de viver a alteridade.

10 – Que vive uma fé com obras.

A pessoa que tem uma fé vivida de forma madura com o próximo é uma pessoa:

01 – Que pergunta, sem duvidar do próximo.

02 – Que vive a fé com o próximo.

03 – Que consegue se adaptar com o diferente.

04 – Que se alegra com o crescimento do próximo.

05 – Que reconhece o outro por também ser um filho de Deus.

06 – Que sabe o seu papel na sociedade.

07 – Que contagia o próximo com a santidade.

08 – Que tem como única competição amar mais o próximo.

09 – Que ama com caridade.

10 – Que é original na fé e na opinião.

A pessoa que tem uma fé vivida de forma madura consigo é uma pessoa:

01 – Que tem autonomia na fé.

02 – Que é perseverante, mesmo no sofrimento.

03 – Que se engaja e se compromete.

04 – Que é especialista no que faz.

05 – Que é como para-raios na intercessão.

06 – Que conhece a própria verdade.

07 – Que assume as experiências vividas.

08 – Que sabe receber elogios e também as críticas.

09 – Que sabe falar, mas também escutar.

10 – Que se deixa trabalhar no temperamento pelo Espírito de Deus.

Padre Anderson Marçal
http://blog.cancaonova.com/padreanderson

16 de novembro de 2010

No sofrimento, onde está o amor?

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Já ouvi dizer que o sofrimento é característica dos verdadeiros amantes
Muito me pergunto qual a verdadeira relação entre sofrimento e amor? Já ouvi dizer que o sofrimento é característica dos verdadeiros amantes, mas, ao mesmo tempo, no cotidiano percebemos que, muitas vezes, os sofrimentos que trazemos nos afastam de sentimentos e ações ligados ao amor. Existe alguma ligação entre essas duas realidades ou são completamente antagônicas?

Na maioria das ocasiões em que pensamos sobre o assunto [sofrimento], vêm à nossa mente emoções e sensações ligadas à dor, a frustrações ou à ausência de prazer. Com isso, somos propensos a pensar que o sofrimento não tem ligação com o amor. Exatamente porque, quando experimentamos alguma situação de dor, talvez não consigamos identificar nela a realidade do amor. Mas fazendo uma leitura cristã – e aqui eu apoio-me em uma reflexão de Bento XVI – o sofrimento se torna um trampolim, um degrau, uma característica de quem realmente ama.

Assim diz o Santo Padre em uma das suas alocuções: "Não há amor sem sofrimento, sem o sofrimento da renúncia a si mesmo, da transformação e purificação do eu para a verdadeira liberdade. Onde não houver algo pelo qual valha a pena sofrer, também a própria vida perde o seu valor". A partir dessa reflexão, podemos compreender que o sofrimento toma uma conotação positiva, exatamente porque ele é carregado de sentido. Dessa maneira, ele faz-nos perceber que determinada situação ou pessoa é carregada de significado para nós. Ao passo que identificamos que realmente existe o amor, temos a oportunidade de assumir as consequências dessa atitude de amar mesmo que ela traga, em determinado momento, o desafio do sofrer.

Mas esse sofrer que refletimos e que Bento XVI nos aponta, não é um sofrer passivo, pelo contrário, é um sofrer ativo. Não ficamos parados, inertes em nosso dia a dia esperando o sofrimento. É o movimento completamente diferente, a partir do momento em que caminhamos em direção a determinado objetivo, motivados pelo amor, deixamo-nos purificar pelos sofrimentos que a própria vida nos apresenta. Lembre-se: todos sofremos! Agora, depende somente de você a resposta a esse sofrimento; tenha coragem, não fuja. Esse degrau é importantíssimo para a sua felicidade. Lembre-se: sofrimentos podem se tornar degraus para o nosso crescimento.

Ao olharmos para o exemplo do Cristo percebemos que o suplício da Cruz e toda a sua humilhação só valeram a pena, só tiveram sentido porque no coração d'Ele o motor, a motivação era o amor, amor ao Pai, à Sua Vontade, amor àqueles a quem Ele foi enviado. No momento da suprema agonia podemos entender melhor essa relação entre sofrimento e amor. Jesus Cristo sofrera tanto que os Seus sentidos se fecharam em um movimento de autodefesa. Em uma súplica ao Pai, Nosso Senhor levanta a possibilidade de desistir. Mas nem de longe isso foi algo negativo, antes é uma revelação de como o sofrimento pode fechar-nos em nós mesmos, por causa do medo, algo próprio do ser humano. Apesar disso, o Senhor foi além. Aceitando a crucifixão como consequência de Sua missão, Ele ensina-nos que o coração do homem é capaz de responder de maneira responsável e consciente diante de qualquer tragédia. Cristo acolheu o Seu martírio tendo a convicção de que o mesmo amor que O levava a abraçar a morte Lhe traria novamente a Vida.

Na agonia e no mistério da Cruz conseguimos tocar no amor que dá sentido à nossa dor, à nossa agonia. Cristo Jesus amou-nos tanto que Ele passou amar a Sua Cruz, Sua Paixão.

Diante da afirmação de Bento XVI, posso perguntar a você: Deparando-se com a sua realidade hoje, pelo que vale a pena sofrer? Pelo que vale a pena encarar a dor, na esperançosa certeza de que por causa do AMOR vale a pena passar por isso?

Na certeza de que o Amor nunca decepciona e que ele é o grande sentido para as nossas vidas e nossas vocações, assumamos as consequências de amar, sabendo que, quando o sofrimento chegar, temos a oportunidade de responder de maneira positiva, usando dele (sofrimento) para sermos melhores e ajudarmos os outros a também serem, à imagem do Bom Pastor.

Luis Filipe Rigaud
cn.luisfilipe@gmail.com

13 de novembro de 2010

Como superar as tristezas

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Com um rosto sorridente, o homem duplica as capacidades que possui
Esta é uma receita espiritual para quem quer vencer, em Deus, todas as suas tristezas; não guardá-las consigo, nenhuma, entregar todas a Deus, de verdade.

Se você quer ser feliz, então, proíba a si mesmo de cultivar a tristeza, se mostrar de rosto triste e mal-humorado.

Olhe para trás e veja quantos sofrem mais do que você, com câncer, numa cadeira de rodas, num leito de hospital,... e mude já este rosto triste, ainda que tenha de fazer violência a você mesmo. Cultive a alegria; ela espalha bênçãos; ela contagia os outros. Alimentar tristezas é criar um clima de intranquilidade que gera enfermidade. 

Seja feliz, porque muitos precisam de você para viver, muitos esperam o seu sorriso, muitos precisam se contagiar com a sua alegria. Lembre-se, viver é um privilégio, por isso, você precisa cultivar, diariamente, a planta preciosa da alegria. Você tem o direito de chorar, mas mesmo entre lágrimas nunca tem o direito de renunciar à alegria. Sorria, pois o sorriso é o idioma do amor universal: até as crianças o compreendem. Confúcio disse que "quando você nasceu todos sorriam, só você chorava. Faze por viver de tal modo que, à hora de sua morte, todos chorem, só você  sorria".

Aconteça o que acontecer, viva alegre. A alegria dissipa as nuvens mais negras. Para isso é preciso cuidar dos pensamentos; pois a nossa felicidade depende da índole dos nossos pensamentos. Quem souber dominar seus pensamentos, saberá governar a sua vida.

É saudável saber que nada é estável nas coisas humanas; portanto, é preciso saber evitar tanto a euforia na prosperidade quanto a depressão na adversidade. A imaginação é a alma da tristeza ou da alegria; ela precisa ser dominada; saiba que é mais fácil reprimir a primeira fantasia do que todas aquelas que a seguem.

O pensar bem é causa de saúde e de felicidade; muitas vezes, o contentamento torna os pobres ricos; o descontentamento torna os ricos pobres. Você sabe que "quem ama o feio, bonito lhe parece". Tristezas não pagam dívidas, portanto, de nada vale alimentá-las. Não se pode também ficar remoendo os  tristes acontecimentos  do passado,  pois sabemos  que "águas passadas não movem moinhos". Como dizem os ingleses: "não adianta chorar sobre o leite derramado"; é melhor ir logo em busca de outro.

Com um rosto sorridente, o homem duplica as capacidades que possui. Um coração alegre faz tanto bem quanto os remédios.

O povo diz sabiamente que quem canta seus males espanta. Quando você mergulha na tristeza, não consegue subir um degrau; mas se você se firma na alegria, consegue galgar montanhas.

Acho que você já ouviu a história daquele rapaz que andava triste porque não tinha sapatos, até que encontrou alguém que não tinha os pés... estancou as  lágrimas no mesmo instante. Certamente muitos estão em situação pior do que a nossa. O melhor remédio para a própria tristeza é procurar com presteza consolar a tristeza dos outros. Nada seca tão depressa como uma lágrima, quando enxugamos a lágrima alheia. A caridade produz a alegria; todas as pessoas e grupos que fazem o bem aos outros são alegres.

É fundamental manter o bom humor; ele é, em primeiro lugar, o melhor promotor da saúde. Um sorriso custa bem menos que a eletricidade e dá mais claridade. A alegria não está nas coisas, mas em nós, e ela é para o corpo humano o mesmo que o sol é para as plantas. Quem está contente jamais será arruinado. A vida não aprecia aqueles que se lamentam. Ela os coloca de lado. Ela ama aqueles que a amam.

Nas horas difíceis ou constrangedoras, saiba vencer a tristeza e o mau humor com uma brincadeira saudável, sem ofender aos outros. Certa vez o Papa João XXIII fez uma visita a uma paróquia de Roma; e ao passar pelo povo ouviu uma senhora dizer para outra: -  "Nossa, como ele é gordo!" O Papa ouviu, virou-se para a mulher e disse sorrindo: - "Minha senhora, o Conclave não é um concurso de beleza!" E continuou a caminhada.

Um casal viajava com os filhos; e de repente a esposa começou a se queixar para o marido: "Você não me abraça mais; não me faz mais aqueles carinhos gostosos que fazia quando a gente viajava junto..." E foi reclamando. Muito tranquilo e sem se ofender o marido virou para ela e disse: "Meu bem, naquele tempo a gente não viajava de Kombi com cinco crianças brigando nos bancos de trás!" E foi só risada! Saiba transformar um momento de tensão num momento de descontração, brincando.

A lamentação é uma das coisas mais tristes do relacionamento humano; nada resolve e cria um clima de pessimismo, acusação, tristeza e amargura.Estamos acostumados a reclamar das coisas que nos aborrecem, mas não vemos o lado bom que também existe em nossa vida.

Não fique se queixando tanto dos impostos que você paga, isso significa que você tem emprego, ou tem bens... Não posso reclamar da confusão que eu tenho de limpar após uma festa, pois isso significa que estive rodeado de amigos... Da mesma forma, não devo reclamar das paredes que precisam ser pintadas, da lâmpada que precisa ser trocada, porque isso significa que tenho minha moradia... Assim como não devo me lamentar porque eu não achei um lugar para estacionar o carro, pois isso significa que além de ter a felicidade de poder andar, tenho um carro que muitos não têm.

Não reclame da senhora que canta desafinado atrás de você, ao menos isso significa que você  pode ouvir. Não reclame do cansaço e dos músculos doloridos que você sente ao final do dia porque isso significa que você tem saúde para trabalhar...

E assim, eu e você poderíamos multiplicar esses exemplos.

Por mais difícil que esteja sua situação, tente sorrir, você verá que será mais fácil passar por mais essa prova... Se não resolver seu problema, agradeça a Deus por eles e peça coragem para enfrentá-los com dignidade. Não estrague o seu dia. A sua irritação não solucionará problema algum... As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas... Assim como seus desapontamentos não fazem o trabalho que só o tempo conseguirá realizar...   O seu mau humor não modifica a vida. A sua tristeza não iluminará os caminhos. O seu desânimo não edificará a ninguém. As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você...

         

Se você acordou nesta manhã com mais saúde do que doença, você é mais abençoado do que um milhão que não sobreviverão nesta semana. Quantos por este mundo estão enfrentando os perigos das guerras, o horror das bombas, a solidão de uma prisão, ou as aflições da fome! Quantos não podem frequentar uma igreja sem o medo de molestamento, prisão, tortura, ou morte... Quantos não têm comida em casa, roupas, uma casa para morar... Tudo isso faz a gente concluir que é uma grande blasfêmia ficar reclamando da vida e da própria sorte.

"O que perturba os homens não são as coisas que acontecem, mas sim a opinião que eles têm delas", disse Demócrito (461-361 a.C). Uma pedra pode ser vista de muitas maneiras: O distraído nela tropeçou. O bruto a usou como projétil. O empreendedor, usando-a, construiu. O camponês, cansado, dela fez assento. Para meninos, foi brinquedo. Drummond a poetizou. Já, David matou Golias. Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura. E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem! Não existe "pedra" no seu caminho que você não possa aproveitá-la para o seu próprio crescimento.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

11 de novembro de 2010

Alimentar a esperança é dinamizar a vida

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O sol só não nasce para quem não sai da cama
Deus nos quer cada vez melhores, seja como pedreiros, seja como médicos, garçons, advogados, cozinheiros, etc.. Todos têm seu espaço neste mundo, por isso não é preciso brigar para tomar o lugar do outro.

"O sol nasce para todos", diz o povo. Ele só não nasce para quem não sai da cama. Assim, temos que ser os melhores em tudo e dinamizar a nossa vida com a esperança em Deus. Não podemos ser como os bonecos infláveis que o vento sacode para todo lado, nem como avestruzes que enterram a cabeça na areia para fugir da tempestade. Não devemos fugir dos problemas, e sim, enfrentá-los e resolvê-los com a fé em Deus.

Além disso, é muito importante evitar pensamentos negativos, porque eles anulam os positivos e aniquilam a esperança e a felicidade, além de criarem um clima de desânimo e tristeza: "Nada dá certo para mim". Mais ainda: temos que observar e conviver com pessoas positivas, otimistas, pois elas fazem bem a nós.

Gosto, por exemplo, de me encontrar com o Frei Hans, da Fazenda Esperança, uma vez que, apesar dos muitos problemas, ele sempre está satisfeito com tudo. Ele abre casas de recuperação para drogados no mundo todo e sempre está feliz. Cada vez que o observo, digo para mim mesmo: "Eu não posso ser pior". Vale a pena estar com ele, porque ele transmite alegria e esperança a todos.

Não podemos ser uma Igreja de pessimistas quando o nosso Deus é o Deus das vitórias. Ele nos ama. Tudo o que nos acontece é para o nosso bem, diz a Palavra de Deus (cf. Rm 8,29); se não for para o nosso bem material, o será para o nosso bem espiritual; é essa questão que muitos não entendem.

Até mesmo a morte depende de como a encaramos. Para quem não tem o olhar da fé é uma tragédia, uma desgraça, um absurdo, um fim; mas para quem acredita na ressurreição para a vida eterna com Deus é diferente.

Se engatamos o carro na marcha à ré, nunca andaremos para frente. Esse é o problema de muitos: "engatam" a vida no pessimismo, na derrota, na lamúria, e ainda querem ser felizes, ir para frente, mas não vão de jeito nenhum, pois devem "engatar a primeira marcha". O pessimista só sabe olhar o passado. É incapaz de ter um olhar otimista para o futuro e se enche de medo, que é o microscópio ampliador do perigo: ele faz um formiguinha parecer um boi e nos assusta. Cultivamos tanto o mal que acabamos incapazes de fazer o bem. Ficamos paralisados, inertes.

Desse modo, devemos alimentar a esperança a todo custo e não nos render ao pessimismo e à tristeza de jeito nenhum. A vida também é assim: se acharmos que morreremos, morreremos mesmo, mas se lutarmos, encontraremos a vida, a solução.

Texto extraído do livro: .:
'Animados pela força de Deus'

Wellington Silva Jardim

9 de novembro de 2010

Amizade e felicidade

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A fidelidade é a alma da verdadeira amizade
Malba Tahan contava uma história:

"Dois amigos caçadores estavam no mato, e eis que aparece um grande urso. Ficaram tão espantados que, em vez de atirar no bicho, começaram a correr. Acontece que um deles era gordo, e o urso o alcançava; percebendo que não podia escapar do bicho, deitou-se no chão e fingiu-se de morto, enquanto o outro amigo que era magro subiu numa árvore e ficou só olhando. O urso chegou perto do gordo, cheirou-lhe as orelhas e se foi. O magro desceu da árvore e perguntou ao gordo:

- 'O que foi que o urso falou no seu ouvido?' E este respondeu: - 'O urso me disse que um amigo que abandona o amigo na hora do perigo é um covarde!'".

A fidelidade é a alma da verdadeira amizade. Conta-se que dois amigos inseparáveis foram para uma guerra juntos. Em um combate terrível, um deles ficou ferido gravemente, e sem que o outro percebesse ficou caído. Quando o primeiro voltou para a trincheira, percebeu que o amigo não tinha voltado para o abrigo.

"- 'Meu amigo ainda não regressou do campo de batalha, senhor. Solicito permissão para ir buscá-lo' — disse o soldado a seu superior.

- 'Permissão negada', respondeu o oficial — 'Não quero que você arrisque a sua vida por um homem que provavelmente está morto'.

O soldado, desconsiderando a proibição, saiu, e uma hora mais tarde regressou mortalmente ferido, transportando o cadáver de seu amigo. O oficial ficou furioso.

- 'Eu te disse que ele já estava morto! Agora, por causa da sua indisciplina, eu perdi dois homens! Me diga, valeu a pena ir até lá para trazer um cadáver?'

E o soldado, moribundo, respondeu:

- 'Claro que sim, senhor! Quando encontrei o meu amigo, ele ainda estava vivo e pôde me dizer: 'Eu tinha certeza de que você viria!'"

"Um amigo é aquele que chega quando todo o mundo já se foi".

Você já percebeu a fidelidade de um cão a seu dono? É por isso que dizem que ele é o maior amigo do homem. Já observei que o dono pode ser pobre e miserável, mas o cão não o troca por outro em melhor situação. O dono pode até deixá-lo passar fome e frio, mas ele não o abandona; pode até surrá-lo e ele acaba voltando a seu lado. Isso não é incrível?

Nunca se pode falar mal de alguém, especialmente de um amigo.

Havia numa cidade um homem que tinha o costume de fazer um pequeno discurso de elogio aos mortos minutos antes de serem sepultados. Ele sempre estava no cemitério quando alguém ia ser sepultado e sempre o elogiava com suas palavras. Eis que certo dia morreu alguém que todos odiavam na cidade, porque tinha má fama de avarento, fofoqueiro, mal-agradecido, estúpido, etc.. De modo que na hora do seu sepultamento, muitos foram ao cemitério só para ver o que o homem dos elogios funerais iria dizer do falecido. Na hora do discurso o conhecido orador disse: "Coitado, ele assobiava tão bem!...".

Mesmo nesse infeliz ele soube encontrar uma pequena qualidade, e passou por cima de todos os seus defeitos. Não é bonito isso? Faça o mesmo e você será uma pessoa querida por muitos

O mundo está precisando urgentemente de gente assim. Ninguém gosta de uma pessoa cheia de presunção, autossuficiente, arrogante. Os jovens cunharam uma expressão para identificar uma pessoa assim: "Ele se acha"; se acha o bom, o melhor.

Se você quiser ter amigos, aprenda a elogiar os outros pelas suas menores qualidades em vez de os ficar criticando por seus defeitos. Saiba também que nós conquistamos as pessoas por aquilo que somos para elas, muito mais do que por aquilo que lhes damos.

É se dedicando ao outro que você vai conquistá-lo, seja ele um amigo, o pai, a mãe, o filho ou o empregado. Ofereça-lhe um pouco do seu tempo, de suas palavras, de sua ajuda; deixe-o contar sem pressa a sua história e os seus problemas e você verá como esta pessoa irá admirá-la.

 

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

7 de novembro de 2010

Juventude: Um estado de espírito

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Fomos criados para ser felizes
A juventude é, realmente, um estado de espírito. Lembro-me da minha infância, quando, a partir dos sete anos, diariamente, ao ajudar a Santa Missa às 5h30min, no Santuário de Santo Antônio, escutava os idosos frades franciscanos, ao pé do altar, pronunciarem "Introíbo ad altare Dei, ad Deum qui laetificat iuventutem meam" - "Eu irei ao altar de Deus, ao Deus que dá alegria à minha juventude". Juventude de setenta, oitenta, noventa anos!

Deus nos criou, nos deu a vida! Dom Maravilhoso! Cada um de nós tem a sua história de origem. É sobre a aceitação real dessa história que devemos construir a nossa felicidade. Fomos criados para ser felizes. Talvez não estejamos percebendo plenamente o amor de Deus por nós ao nos criar e ao criar para nós tudo o que existe. O Papa Paulo VI, ao pressentir a proximidade da morte, exclamou: "Oh, superficialidade imperdoável! Não ter percebido a beleza de tudo o que Deus criou para mim, por amor!" E pede ao Senhor perdão por considerar esse sentimento um pecado. "Oh, beleza sempre antiga e sempre nova, quão tardiamente te amei!" (Santo Agostinho).

Realmente, a beleza da vida, da arte, de tudo o que Deus criou é reflexo d'Ele. O Todo-poderoso é a beleza absoluta, da qual deriva e participa toda beleza criada. A propósito da arte, o Papa João Paulo II, na Carta aos Artistas, por ocasião do Ano Santo, afirmou que ela é essencial para a evangelização.

Deus nos criou para si, e devemos estar sintonizados com Ele: pela oração formal, pela contemplação da natureza, pelo cultivo da arte, pela comunicação com nossos irmãos. Se fizermos assim, estaremos vinte e quatro horas por dia sintonizados com o Senhor, vivendo, cada momento presente, sem nos preocupar com o momento seguinte, sem estresse nem depressão.

E dessa forma, vamos acumulando juventude, alegria e, aos noventa anos, poderemos dizer: "Irei ao altar de Deus, do Deus que alegra a minha juventude."

Esperamos, um dia, pela graça de Deus Pai, tomar posse daquela morada à qual Jesus se refere no Evangelho: "Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Vou preparar um lugar para vós e, quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais também vós" (Jo 14, 1-4). Porque nós conhecemos o caminho, a verdade e a vida.

(Artigo produzido a partir da homilia de Dom Lélis em maio de 2006).

Dom Lélis Lara
Bispo emérito de Itabira - Cel. Fabriciano (MG)

4 de novembro de 2010

Livres para escolher

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Muitas práticas religiosas não atraem por lhes faltar consistência
Há encontros e palavras de Jesus que dizem respeito a determinadas pessoas. Ao apóstolo Pedro foi confiada uma missão específica de ser rocha firme na edificação da Igreja. Testemunhas escolhidas de acontecimentos decisivos são o próprio Pedro, com Tiago e João. Doze são apóstolos, colunas do novo Israel de Deus, setenta e dois são os primeiros discípulos. O Evangelho relata que algumas mulheres acompanhavam o Senhor, servindo-O e aos Seus apóstolos com seus bens. Aquela que foi chamada apóstola dos apóstolos foi Maria Madalena. Um, dois, doze, setenta e dois...

Mas há uma outra categoria de destinatários da ação e da Palavra de Jesus: a multidão. Chama atenção o fato de que palavras muito exigentes sejam dirigidas a todos: "Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: Se alguém vem a mim, mas não me prefere a seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e até à sua própria vida, não pode ser meu discípulo" (Lc 14, 25-26). Trata-se de uma provocação positiva à liberdade humana, chamada a tomar decisões que determinam um rumo de eternidade.

Jesus pede definições! Os chamados conselhos evangélicos da pobreza, castidade e obediência são destinados, na justa medida, a todos os que querem segui-Lo (cf. Lc 14, 25-35). Não se trata de privilégios dos religiosos ou religiosas. "Qualquer de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo"! É a pobreza, liberdade em relação aos bens materiais. Mais cedo ou mais tarde, todas as pessoas deverão confrontar-se com escolhas correspondentes aos valores que norteiam suas vidas e aqueles materiais, por mais importantes que sejam, só servirão para o bem se se submeterem ao bem maior. Além disso, no fim de sua caminhada na terra, na páscoa pessoal da morte, só passará o amor. Todos os bens ficarão do lado de cá!

Livres diante dos afetos: "Se alguém vem a mim, mas não me prefere a seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, não pode ser meu discípulo". Quando alguma pessoa é transformada em ídolo, ficando Deus em segundo plano, os afetos serão desequilibrados. Se Deus passa na frente, o amor às pessoas mais queridas será límpido, sem tomar posse uns dos outros. É o sentido transparente e universal da Castidade!

"Quem não carrega sua cruz e não caminha após mim, não pode ser meu discípulo". Renunciar à própria vida! De fato, quem não encontrou a quem obedecer não se realiza plenamente, pois se fechará no terrível individualismo que conduz à infelicidade. E o melhor ponto de referência para a obediência, que significa "prontidão para ouvir", é o próprio Deus.

Não estamos diante de recomendações piedosas, destinadas a um pequeno grupo, mas de decisões com as quais jogamos o sentido de nossa existência, tanto que, sem tais escolhas, somos parecidos com o homem que começou a construir e, não tendo como acabar, torna-se objeto de zombaria (cf. Lc 14, 29-30). Infelizmente, muitas práticas religiosas em nosso tempo não atraem por lhes faltar a consistência das escolhas. Estas sim, mesmo os que pensam de forma diferente as respeitarão, pois coerência de vida não se discute!

Não aconteça com os cristãos de nosso tempo, em sua batalha contra o mal, serem soldados sem estratégia (cf. Lc 14, 31-33). Superficialidade não convencem ninguém! As armas adequadas estão à disposição de quem sabe escolher a Deus, reconhecendo-O mais importante do que todos os bens, afetos e até a própria vida. Quem assim se encontra municiado, participará da vitória que vence o mundo, não destruindo-o, mas o envolvendo na torrente infinita do amor de Deus Pai. "Eu vos disse estas coisas para que, em mim, tenhais a paz. No mundo tereis aflições. Mas tende coragem! Eu venci o mundo" (Jo 16, 33).

Cristãos com coluna vertebral! É o que clama nosso tempo. Estes serão sal para dar gosto ao mundo. "O sal é bom. Mas se até o sal perder o sabor, com que se há de salgar? Não serve nem para a terra, nem para o esterco, mas só para ser jogado fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça" (Lc 14, 34-35).

Foto Dom Alberto Taveira Correa
Arcebispo de Belém - PA

1 de novembro de 2010

A nossa vida em direção a Cristo

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Não basta somente ter dons; antes, precisamos saber usá-los bem
Denis Duarte, nesse estudo dirigido, traz explicações sobre o primeiro capítulo da carta de São Paulo ao povo de Corinto e ensina como aplicar os resultados do estudo em sua vida.

Entendendo as cartas de São Paulo:

O apóstolo deixa claro que a Igreja de Corinto não é independente nem está isolada, pois mostra que a Igreja é formada por todas as comunidades que invocam Jesus (1,2).

Assim, ela já dá sinais do tema central da carta: as divisões internas. Por isso, inclusive, cita nove vezes, o nome de Jesus nos primeiros nove versículos da carta. Tudo deve estar direcionado ao Cristo para que, por Ele, se restabeleça a unidade da Igreja de Corinto.

As palavras de São Paulo aos Coríntios, na abertura da carta, demonstram a força dessa comunidade, uma vez que nela não faltava nenhum dom (1,5 e 1,7). Ao mesmo tempo, como veremos, o uso de tanta graça divina também trazia dificuldades, mas Paulo deixa claro que os dons são de serviço à Igreja e não para causar contendas e divisões. Os dons são para favorecer a comunhão da comunidade (1,9), por isso esses mesmos dons devem estar orientados e submetidos para a volta do Cristo (1,7-8).

Através do site http://www.portrasdaspalavras.com você poderá também fazer seu estudo bíblico

Ouça dicas de como aplicar o texto na vida:




Foto Denis Duarte
contato@denisduarte.com