28 de dezembro de 2023

As crianças martirizadas em nome de Cristo


Dentro da Oitava de Natal, a Igreja celebra, no dia 28 de dezembro, a Festa dos Santos Inocentes. Ela os considera os primeiros mártires por, ainda meninos, terem derramado o sangue por causa de Cristo. O objetivo foi de colocar as vítimas inocentes entre os companheiros de Cristo para circundar o berço de Jesus Menino de um coro gracioso de crianças, vestidas com as puras vestes da inocência, pequeno exército de mártires que testemunharão com o sangue o seu pertencer a Cristo.

Os primeiros mártires de Cristo

Quando os Magos chegaram à Belém, guiados por uma estrela misteriosa, "encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-no e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-lhe presentes – ouro (para o Rei Menino), incenso (para o Deus Menino) e mirra (para o Cordeiro que um dia seria imolado). E, tendo recebido aviso em sonhos para não retornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para suas terras. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: "Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar. E ele, levantando-se, de noite, tomou o Menino e sua Mãe e retirou-se para o Egito. E lá esteve até a morte de Herodes" (Mt 2, 11-15).

mártires

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Esse acontecimento foi narrado somente pelo evangelista São Mateus, que escreveu principalmente aos hebreus com o objetivo de demonstrar que, de fato, Jesus era o Messias anunciado pelos profetas, como previam as antigas profecias: "Então, Herodes, percebendo-se enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e no seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos. Então, cumpriu-se o que fora dito pelo profeta Jeremias: "Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação: Raquel chora seus filhos, e não quer consolação porque não existem mais" (Jer 31,15; Mt 2,16-18).

Glória eterna!

Quanto ao número dos assassinados, os gregos e o jesuíta Salmeron, em 1612, falavam em 14.000; os sírios em 64.000 e o martirológio de Haguenau falava em 144.000. Mas, com os estudos mais avançados e precisos, calcula-se, hoje, que foram apenas cerca de 20 (vinte) ao todo. Foram muitas as igrejas que queriam ter relíquias deles.

A Igreja honra como mártires essas crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancadas dos braços de suas mães para escrever com seu próprio sangue a primeira página do martirológio cristão. Elas merecem a glória eterna, segundo a promessa de Jesus: "Quem perder a vida por amor de mim a encontrará". Para eles, a liturgia repete, hoje, as palavras do poeta Prudêncio: "Salve, ó flores dos mártires, que na alvorada do cristianismo fostes massacrados pelo perseguidor de Jesus, como um violento furacão arranca as rosas apenas desabrochadas. Vós fostes as primeiras vítimas, a tenra grei imolada, num mesmo altar recebestes a palma e a coroa".


A Festa dos meninos do coro e do serviço do altar

Esta celebração dos Santos Inocentes é muito antiga: já, no século IV, acontecia no calendário da Igreja de Cartago, e cem anos mais tarde em Roma, no Sacramentário de São Leão. Hoje, com a reforma litúrgica feita pelo Concílio Vaticano II, a festa passou a ter um caráter de júbilo, e não mais de luto como era antes, como a "festa dos meninos do coro e do serviço do altar", que se celebrava antigamente.

Nesta celebração, os meninos, revestidos das vestes dos cônegos, dirigiam todo o ofício do dia. Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a Festa dos Inocentes ficou sendo a festa deles. Começava na véspera de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte.

Tendo escolhido entre si um "bispo", esses cantorezinhos, com as vestes dos cônegos, cantavam no lugar deles. A esse bispo improvisado competia presidir os ofícios, entoar o Invitatório e o "Te Deum" e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo da Magníficat: "Derrubou os poderosos do trono", no fim das segundas Vésperas. Depois o "derrubado" oferecia um banquete aos colegas, às custas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta celebração foi elevada ao grau de festa por são Pio V (1566-1572), muito próxima da festa do Natal.

 



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/as-criancas-martirizadas-em-nome-de-cristo/


25 de dezembro de 2023

O Senhorio de Jesus em minha vida


Como é belo e precioso o dom que habita no meio de nós, o Filho de Deus, concebido pelo Espírito Santo, por intermédio da Virgem Maria!

Ao compreendermos isso, vivemos uma profunda alegria e adentramos no mistério que é o nascimento de Jesus, Aquele que é a encarnação do próprio Deus. Jesus Cristo para nós é a visita de Deus que se fez homem, Aquele veio ao nosso encontro e nos deixou exemplos a serem seguidos. Aquele que nos promete que "… estará conosco todos os dias" (Mt 28, 20).

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Entendendo isso, precisamos reconhecer a autoridade de Jesus sobre nós, que é eterna, perfeita, absoluta. Ele é o Senhor quem conduz os nossos passos, nos protege em tudo, é a Luz que nos ajuda a enxergar que vai além das dificuldades e das trevas. Aquele em quem depositamos toda nossa confiança.

O nascimento de Jesus inaugurou o tempo da graça para todos os que creem, para nós é o anúncio da vitória do amor; é a força do amor sobre a morte que dominava a humanidade.


Como posso viver sob o Senhorio do Jesus?

Precisamos nos decidir, reconhecer e declarar que Jesus é o Senhor! Se preciso for, declare várias vezes em seu dia, até que você se convença dessa verdade. O Espírito Santo é quem nos ajuda a nos conformar com essa verdade e a viver de acordo com isso, viver a vida no Espírito Santo.

Tendo essa experiência de estarmos cheios do Espírito Santo e reconhecendo a autoridade de Jesus sobre nós, não hesitamos em assumir quem somos! Encaramos os medos e desafios sobre diversas coisas, nos tornamos manifestações vivas de esperança e amor àqueles que estão aflitos. E, sendo assim, proclamamos, em nossos atos, Cristo vivo e vivido.

 



Aline Taciana

Aline Taciana da Silva
Natural de Recife/PE, desde 2019 membro do núcleo da comunidade Canção Nova e atualmente moro na missão de Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/o-senhorio-de-jesus-em-minha-vida/


20 de dezembro de 2023

Deus nos chama a testemunhar o nascimento de Cristo


Eu poderia não ter nascido, mas Deus me quis… Nasci!

Nasci da primeira gestação da minha mãe; e o seu organismo relutou em me segurar. Foram meses de repouso e longas horas de trabalho de parto para eu nascer! E, quando nasci, alegria! A dor foi-se embora e deu lugar à gratidão e à vida. A vida que é um mistério, mistério de amor, um dom que brota do coração de Deus, pelo sim de um homem e de uma mulher, que acontece no tempo e na história de cada um de nós.

Créditos: Studio-Annika/GettyImagens

Créditos: Studio-Annika/GettyImagens/cancaonova.com

O nascimento de Cristo gera nova vida

O ato de nascer gera no coração de cada pessoa um começo, um tempo novo, um pulsar de novas possibilidades, uma nova esperança!

E, assim, também nasceu Jesus, que introduziu a cada um de nós neste mistério, como disse o Papa Bento XVI, "de um Mistério que marcou e continua a marcar a história do homem — o próprio Deus veio habitar no meio de nós (cf. Jo 1, 14), fez-se um de nós (…)" —, Audiência Geral de 21/12/2011, e continua São João Paulo II: "Nasce num estábulo e, permanecendo entre nós, acende no mundo o fogo do amor de Deus" (cf. Lc 12,49). Esse fogo nunca mais se apagará (Homilia na Missa de Natal do ano 2000). E sobre o nascimento de Jesus, dizia ainda São Basílio: "Deus assume a carne precisamente para destruir a morte nela escondida. Como os antídotos a um veneno, quando são ingeridos, anulam os seus efeitos, e como as trevas de uma casa se dissipam à luz do sol, assim a morte que predominava sobre a natureza humana foi destruída pela presença de Deus" (Homilia sobre o Nascimento de Cristo, 2: pg 31, 1461).


O nascimento de Jesus nos alcança todos os dias

O nascimento de Jesus alcançou e o continua a alcançar a minha vida todos os dias! Mistério da encarnação que sou chamada a testemunhar na vivência de minha vocação no dom Canção Nova, no comunicar a vida nova que Ele veio nos trazer. E como é bom fazer esta memória a cada Natal!

Espero que o nascimento de Jesus alcance também a sua vida!

É Natal!



Cristiane Gesuatto Faria Zuazquita

Membro da Comunidade Canção Nova desde 1998, natural de São José dos Campos – SP, casada e mãe de uma filha. Comunicadora e missionária.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/deus-nos-chama-a-testemunhar-o-nascimento-de-cristo/


18 de dezembro de 2023

A necessidade da formação católica. Voar com duas asas!


Entre as várias características que tornam extremamente atrativa a pedagogia empregada por Monsenhor João Clá na contínua formação de seus filhos, destaca-se o ineditismo e leveza com que ele trata questões complexas, deixando-as acessíveis a todos, seja a um jovenzinho de 13 anos ou a um adulto já experimentado na vida.

Como estudar a doutrina católica?

Por exemplo, em uma homilia, no ano de 2008, Monsenhor tratou das diretrizes que se devem adotar como guia para o estudo da doutrina e para a formação católica: todo estudo deve ser realizado e idealizado "com uma substância enorme de orações pelo meio, pervadido de orações e regado por orações. Porque aí sim nós temos as duas asas: uma que se desenvolve para conhecer e outra que se desenvolve para amar, e aí se voa. Porque voar com uma asa só, a gente começa a rodopiar e vai lá para baixo". Ou seja, dentro da necessidade premente que têm todos os católicos de estudar a Doutrina da Igreja da qual fazem parte (primeira "asa"), deve-se também conjugar a vida de oração e de piedade, que dará sentido e valor aos estudos que se fazem (segunda "asa").

Nota-se, nos dias de hoje, em muitos ambientes católicos, uma procura crescente por formação. Porém, assim como o ouro, é difícil encontrar formação católica de qualidade, que seja adequada aos nossos tempos e que conjugue vida de estudo com vida de piedade. Muitas vezes, estuda-se apenas por estudar e não há uma aplicação imediata desses estudos para um objetivo maior. Aos poucos, a formação torna-se vazia e logo deixa de ser atrativa, pois não remete à superioridade da vida interior, da vida de oração. Tenta-se voar com uma asa só!

O desejo de aprender e a vida espiritual

Com efeito, o desejo de aprender sempre mais, de ter uma formação católica substanciosa, de qualidade, deve permear a vida espiritual de todos os católicos. Isto deve-se dar em todos os tempos e com muito mais propriedade nos conturbados dias em que vivemos. Assim, devidamente formados, possam aspirar às melhores práticas de piedade. Em muitos lugares, porém e infelizmente, pratica-se uma devoção meramente instintiva e não uma devoção refletida., que não move os corações. Por exemplo: Nossa Senhora apareceu em Fátima (1917), dirigiu uma mensagem urgente e importantíssima para os católicos de nossos dias. Quantos procuraram conhecer a Mensagem e viver de acordo com o pedido da Mãe de Deus? Às vezes pode até ser que estudaram a Mensagem, conhecem seus pontos principais, mas não a aplicaram à sua própria vida e nem aplicaram ao apostolado que buscam fazer.

Uma formação católica que toque os corações

No Tratado da Verdadeira Devoção, São Luís Maria Grignion de Montfort, em sua "amorosa queixa" a Nosso Senhor Jesus Cristo, menciona os "cristãos católicos, até  dos doutores entre os católicos que, embora façam profissão de ensinar aos outros as verdades, não Vos conhecem… a não ser de uma maneira especulativa, seca, estéril e indiferente"

Existe a necessidade de uma formação católica que seja integral. Quer dizer, que toque até o fundo os corações, que alie os estudos à vida de oração, à vida de piedade. Que torne realidade – e não mera especulação intelectual – aquilo que se aprendeu. Que leve as pessoas que tiverem contato com esses estudos a uma mudança de vida, a uma verdadeira conversão. Se não for assim, a formação inadequada irá refletir o que disse Nosso Senhor no Evangelho: "De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua própria alma?" (Mc 8,36). Em outras palavras, de adiantará todo o estudo, se não salvar a minha alma e não fizer apostolado, como diz São Paulo: "Ai de mim se não evangelizar!" (1 Cor 9,16).

Essa é a formação católica pela qual anseiam milhares de católicos em todo o mundo!

"É preciso aprender com o coração"

Quem tem contato com os Arautos do Evangelho pode constatar e testemunhar o seu empenho, imitando seu Fundador, em trazer ao público católico uma formação católica de excelente qualidade, que reflete um modo de vida, um modo de ser católico para o século XXI. Fiquem no nosso coração as palavras de fogo do Fundador dos Arautos, Monsenhor João Clá, numa homilia de 2010:  "Estudo sem oração é um suicídio! Porque nós aprendemos, é verdade, não tem dúvida, porque estudamos; mas é preciso aprender não só com a cabeça, é preciso aprender com o coração. Porque o homem é um todo, ele é corpo e alma. Portanto, ele precisa dar vida, dar substância a esta participação que ele tem na vida do próprio Deus, com o Batismo. E isto se faz muito mais pela oração do que pelo estudo"


Queira o Divino Espírito Santo, Santificador e guia da Igreja Católica e Distribuidor dos Dons Celestes, que todos os católicos de Boa Vontade tenham acesso a uma formação católica cada vez mais adequada, que os leve diretamente para o Sagrado Coração de Jesus.

Podemos aspirar que essa formação católica chegue o quanto antes? Parafraseando São Luís Grignion de Montfort, podemos perguntar: "Mas, quando e como isso acontecerá?… Só Deus o sabe. Cabe a nós calar, rezar, suspirar e esperar: 'Esperei firmemente no Senhor'".


Fonte: https://www.arautos.org/secoes/artigos/doutrina/a-necessidade-da-formacao-catolica-voar-com-duas-asas-290882


14 de dezembro de 2023

É possível ser honesto e não se envolver com corrupção?


A corrupção está presente em todos os lugares

Definida pelo ato ou efeito de corromper, decompor, a corrupção está mais comum ligada à figura da devassidão, depravação e perversão. Ela possui a capacidade de trazer à tona aquilo que há de mais sujo no homem. E o pior: ela está presente em todos os lugares, independentemente de classes sociais e padrões econômicos.

A corrupção destrói os relacionamentos sociais, familiares, religiosos, políticos. Destruindo o próprio homem que foi criado para a comunhão com os outros, fazendo desses as vítimas, pois, na busca de vias desonestas, o homem corrupto acaba por decompor a si mesmo, prejudicando seus relacionamentos e identidade. É semelhante ao mito de Narciso, que, apaixonado por si mesmo e sua imagem, acaba morrendo afogado no lago.

É possível ser honesto e não se envolver com corrupção?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Essa prática é devastadora, causa estragos profundos nos homens e na comunidade política; macula a possibilidade dos homens serem inteiros; rompe o vínculo da comunhão e confiança, conduzindo-os à situação fétida da putrefação. E, o mais triste, priva a comunidade política de exercer sua função vital, que é servir aos homens, em vista do bem comum.

Os honestos são seres em extinção?

Por isso, atualmente, há uma descrença na verdade, muitos estão desanimados, não acreditam na honestidade como padrão de comportamento moral, porque, os honestos, inúmeras vezes, têm sido criticados por não entrarem nos "esquemas", se autoidentificando como seres em extinção. Por outro lado, não são poucos aqueles que se orgulham do famoso "jeitinho brasileiro", divulgam as suas façanhas e, ainda por cima, parecem que sempre se dão bem.

Não foi por acaso que o santo João Paulo II, em seu discurso aos leigos, em Campo Grande no Brasil, exortou os cristãos a não se deixarem abalar pelo temor de que a fidelidade aos princípios éticos os coloca em situação de desvantagem, num ambiente em que, não raro a lei moral, é desprezada e grande é a corrupção. O Santo Padre afirmou: "Mesmo que às vezes aquele que faz a opção pelo Evangelho pareça ficar em situação de inferioridade, é preciso ter a coragem de dar, em todo o momento, um testemunho ético nítido e inequívoco, desse modo, estareis amando a Deus e estareis servindo o Brasil".


Portanto, não é somente possível ser honesto, e sim necessário, pois o verdadeiro testemunho ético constrói laços incorruptíveis; e esses se tornam meios eficazes de santificação e, consequentemente, fermento de transformação da sociedade. Assim, o homem é chamado a ser inteiro e autêntico, rompendo com toda a decomposição gerada pela corrupção. Unido a Cristo — o homem honesto por essência, torna-se testemunha autêntica do Evangelho em razão de sua incorruptibilidade.

Ricardo Gaiotti
Advogado, Juiz Eclesiástico e Mestre em Direito Canônico pela Universidade de Salamanca (Espanha) e Mestre em Direito Civil pela PUC-SP.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/e-possivel-ser-honesto-e-nao-se-envolver-com-corrupcao/


12 de dezembro de 2023

O que é o Advento?


O Ano Litúrgico inicia-se com o Advento

Começamos o novo Ano Litúrgico e um novo ciclo da liturgia com o Advento, tempo de preparação para o nascimento de Jesus Cristo no Natal. É hora de renovação das esperanças, com a advertência do próprio Cristo, quando diz: "Vigiai!", para não sermos surpreendidos.

O que é o adventoFoto: Wesley Alemida/cancaonova.com

Realização e confirmação da Aliança de Deus

A chegada do Natal, preparado pelo ciclo do Advento, é a realização e confirmação da aliança anunciada no passado pelos profetas. É a aliança do amor realizada plenamente em Jesus Cristo e na vida de todos aqueles que praticam a justiça e confiam na Palavra de Deus.

Estamos em tempo de educação de nossa fé, quando Deus se apresenta como oleiro, que trabalha o barro, dando a ele formas diversas. Nós somos como argila, que deve ser transformada conforme a vontade do oleiro. É a ação de Deus em nossa vida, transformando-a de Seu jeito.


Neste caminho de mudanças, Deus nos deu diversos dons conforme as possibilidades de cada um. E somos conduzidos pelas exigências da Palavra de Deus. É uma trajetória que passa pela fidelidade ao Todo-poderoso e ao próximo, porque ninguém ama a Deus não amando também o seu irmão.

Convocação para vigilância

O advento é convocação para a vigilância. A vida pode ser cheia de surpresas; e a morte chegar quando não esperamos. Por isso, é muito importante estar diuturnamente acordado e preparado, conseguindo distanciar-se das propostas de um mundo totalmente afastado de Deus.

Outro fato é não desanimar diante dos tipos de dificuldades e de motivações que aparecem diante nós. Estamos numa cultura de disputa por poder, de ocupar os primeiros lugares sem ser vigilantes na prestação de serviço. Quem serve, disse Jesus, é "servo vigilante".

Confiar significa ter a sensação de não estar abandonado por Deus. Com isso, no Advento, vamos sendo moldados para acolher Jesus no Natal como verdadeiro Deus. Aquele que nos convoca a abandonar o egoísmo e seguir Jesus Cristo.

Preparar-se para o Natal já é ter a sensação das festas de fim de ano. Não sejamos enganados pelas propostas atraentes do consumismo. O foco principal é Jesus Cristo como ação divina em todo o mundo.

Autor: Dom Paulo Mendes Peixoto (Arcebispo metropolitano de Uberaba – MG)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/o-que-e-o-advento/


7 de dezembro de 2023

A cada novo dia são apresentadas uma nova beleza e descoberta


Ainda bem que o tempo passa! Já imaginou o desespero que tomaria conta de nós se tivéssemos de suportar uma segunda-feira eterna? A beleza de cada dia só existe porque não é duradoura. Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, pois aprisionar a beleza é uma forma de desintegrar a sua essência.

Dizem que havia uma menina que se maravilhava todas as manhãs com a presença de um pássaro encantado. Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa que o canto a alimentava pelo resto do dia. Certa vez, ela resolveu montar uma armadilha para o pássaro encantado. Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse ouvir por mais tempo o seu canto.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O grande problema é que a gaiola o entristeceu e, triste, ele deixou de cantar. Foi então que a menina descobriu que o canto do pássaro só existia porque ele era livre. O encanto estava justamente no fato de não o possuir. Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto a parcela necessária de encanto, a fim de que a garota pudesse suportar a vida.

O encanto alivia a existência. Aprisionado, a menina o possuía, mas não recebia dele o que ela considerava ser a sua maior riqueza: o canto!

Cada dia tem sua própria beleza e o seu encanto, portanto, aprenda a reconhecê-lo

Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto. Por vezes, insistimos em capturar o encantador e, então, o matamos de tristeza. Amar, talvez, seja isso: ficar ao lado, mas sem possuir; além de também viver.

Precisamos descobrir que há um encanto nosso de cada dia que só poderá ser descoberto à medida que nos empenharmos em não reter a vida. Viver é exercício de desprendimento. É a aventura de deixar que o tempo leve o que é dele e que fique só o necessário para continuarmos as novas descobertas.


Nas passagens da vida antiga, há uma beleza escondida que se desdobra em novidades. Coisas velhas que se revestem de frescor. Basta que retiremos os obstáculos da passagem.

Não viva olhando para as tristezas

Deixe a vida seguir! Não há tristeza que mereça ser eterna nem felicidade. Talvez, seja por isso que o verbo dividir nos ajude tanto no momento em que precisamos entender os sentimentos de tristeza e alegria, que só são suportáveis à medida que os dividimos e, enquanto os dividimos, eles passam como tudo precisa passar. Não se prenda ao acontecimento que agora parece ser definitivo. O tempo está passando e uma redenção está sendo nutrida nessa hora.

Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Preste atenção! São miúdos, mas constantes. Olhe para a janela de sua vida e perceba o pássaro encantado na sua história. Escute o que ele canta, mas não caia na tentação de querê-lo o tempo todo só para você. Ele só é encantado porque você não o possui. E nisto consiste a beleza deste instante: o tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, quando o pássaro encantado voltar a pousar na sua janela.


 

 


Padre Fábio de Melo

Padre Fábio de Melo, sacerdote da Diocese de Taubaté, mestre em teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção Espiritual" na TV Canção Nova. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/a-cada-novo-dia-sao-apresentadas-uma-nova-beleza-e-descoberta/


30 de novembro de 2023

O que o Catecismo fala sobre os carismas do Espírito Santo na Igreja?


Em mais um texto da série sobre Catecismo, Rodrigo Santos explica como o Espírito age na vida da Igreja por meio dos seus carismas.

comshalom FOTO: CATHOPIC

O Espírito Santo é para a Igreja o que a alma é para o corpo, ou seja, vida. Sem o Paráclito, a Igreja não respira, seu coração não bate: 

 "O Espírito Santo é 'o princípio de toda a ação vital e verdadeiramente salvífica em cada uma das diversas partes do Corpo', Ele realiza, de múltiplas maneiras, a edificação de todo o Corpo na caridade: pela Palavra de Deus, 'que tem o poder de construir o edifício' (At 20,32); mediante o Batismo, pelo qual forma o Corpo de Cristo; pelos sacramentos, que fazem crescer e curam os membros de Cristo; pela 'graça dada aos Apóstolos que ocupa o primeiro lugar entre os seus dons'; pelas virtudes que fazem agir segundo o bem; enfim, pelas múltiplas graças especiais (chamadas 'carismas') pelos quais Ele torna os fiéis 'aptos e disponíveis para assumir os diferentes cargos e ofícios proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja'"(CIC 798). 

Jesus Cristo veio ao mundo e redimiu os homens, criaturas preferidas de Deus, anunciando o Evangelho. Porém, o Espírito Santo é aquele enviado o Pai do Céu, que irriga as sementes da Boa Nova plantadas nos corações. A missão desse Consolador Perfeito é atualizar o feito redentor do Pai, consumado na oferta de Jesus Cristo. Ele atrai a humanidade inteira, completando a obra redentora, prefigurada na Igreja, família de Deus. Nesse roteiro pedagógico de graça, o Espírito Santo promove a difusão de seus dons e carismas: 

"Extraordinários ou simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados como são para a edificação da Igreja, o bem dos homens e as necessidades do mundo" (CIC 799). 

A Igreja ainda declara como os dons e carismas desse enviado do Pai do Céu: devem ser acolhidos, ou seja, com abertura de coração, reconhecimento, mas também com discernimento. Nenhum carisma, por mais atrativo e frutuoso que seja, está dispensado da referência e  submissão aos devidos pastores da Igreja (cf. CIC 801). 

Que essas benditas lições da Igreja possam nos abrir mais e mais para esse Enviado do Pai!


Fonte: https://comshalom.org/o-que-o-catecismo-fala-sobre-os-carismas-do-espirito-santo-na-igreja/


24 de novembro de 2023

Tornando-se Reflexo do Amor Divino (Mateus 25, 31-46)


Amados e amadas em Cristo, o evangelho de domingo, Mt 25, 3-46, nos convida e refletir sobre nossas ações e atitudes para com o próximo. Mateus é o evangelista que nos apresenta Jesus como o Filho do Pai, reconhecido na tradição como Jesus, o Cristo. Somos chamadas a renovar nossa fé e missão e ter misericórdia e compaixão dos necessitados. Há uma profunda coerência nesta história que acolhe o rejeitado e "traz para casa a ovelha perdida" (ver Mateus 18:10 e 20:28). É uma continuação da reflexão de domingo passado, onde a Palavra falava dos talentos, que é sua Palavra, a fé, seus ensinamentos, que devemos multiplicar e não ficar omissos.

A leitura faz uma analogia comparando dois tipos de criação, muito presente na vida das comunidades daquela época, os bodes, desobedientes e impulsivos, e as ovelhas, com sua lã branca, que remete a pureza e obediência. O texto é considerado apocalíptico, Jesus afirma que no dia do juízo todas as pessoas, de todas as nações, tanto os justos como os ímpios, os bons e os maus, sem exceção, todos estarão diante do Pai. Sendo assim, todas as pessoas são comparadas a ovelhas e bodes. Mateus chama as pessoas cristãs para uma conscientização da missão, a consciência que o poder de Deus nos chama para a ação e responsabilidade.

O tempo que nos é dado na terra é um tempo durante o qual nós devemos responder ao chamado daqueles que são fracos e rejeitados. A expressão "os mais pequeninos dos irmãos" designa todas aquelas pessoas que estão em situação de vulnerabilidade. A mensagem do texto é o amor, Jesus nos convida a amar e cuidar do próximo, como se fosse o próprio Jesus, não existe meio-termo acerca da resposta humana à obra salvadora de Cristo. Só existem duas posições: aceitar ou rejeitar.  A conclusão de Cristo a esta parábola para os dois grupos é que o veredicto para ambas as partes é final e irrevogável. Nossa decisão hoje determina nosso destino eterno. De que lado queremos ficar? À direita com as ovelhas ou à esquerda com os cabritos? Como está nossa atitude em relação às pessoas necessitadas? Estamos participando, multiplicando e saindo em missão, dentro do Projeto de Deus?

Maristela Bonim
Estudante de Teologia
Coordenadora do Cebi – Rondônia
Psicopedagoga e Neuropsicopedagoga


Fonte: https://cebi.org.br/reflexao-do-evangelho/reflexao-de-mateus-25-31-46/


22 de novembro de 2023

Entenda porque a Igreja é una, santa, católica e apostólica


Neste artigo, Rodrigo Santos explica o que significa cada uma destas características atribuídas à Santa Mãe Igreja.

comshalom FOTO: PEXELS.

Na matéria anterior, apresentamos uma das definições que o Catecismo dá sobre a identidade da Igreja: "Templo do Espírito Santo" (cf. CIC 798). Continuemos, então, mergulhando em outros componentes dessa identidade. 

A Igreja de Cristo é também: "Una, Santa, Católica e Apostólica" Leia: "Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica. Estes quatro atributos, inseparavelmente ligados entre si, indicam traços essenciais da Igreja e da sua missão. A Igreja não os confere a si mesma; é Cristo que, pelo Espírito Santo, concede à sua Igreja que seja una, santa, católica e apostólica, e é ainda Ele que a chama a realizar cada uma destas qualidades" (CIC 811). 

Essa autocompressão que a Igreja tem de si mesma, foi um dado de fé e de revelação, construído e amadurecido aos poucos:  "Só a fé pode reconhecer que a Igreja recebe estas propriedades da sua fonte divina. Mas as manifestações históricas das mesmas são sinais que também falam claro à razão humana. 'A Igreja, lembra o I Concílio do Vaticano, em razão da sua santidade, da sua unidade católica, da sua invicta constância, é, por si mesma, um grande e perpétuo motivo de credibilidade e uma prova incontestável da sua missão divina'" (CIC 812). Houve tantos desafios e purificações vividos pela Igreja, primeiro entre o grupo dos doze apóstolos, depois no grupo daqueles 72 discípulos e assim vários e vários outros ao longo dos séculos, que, sem o apoio e assistência do Espírito Santo, ela se teria findado.  

"A Igreja é una, graças à sua fonte: 'O supremo modelo e princípio deste mistério é a unidade na Trindade das pessoas, dum só Deus, Pai e Filho no Espírito Santo'. A Igreja é una graças ao seu fundador: 'O próprio Filho encarnado […] reconciliou todos os homens com Deus pela sua Cruz, restabelecendo a unidade de todos num só povo e num só Corpo'. A Igreja é una graças à sua 'alma': 'O Espírito Santo que habita nos crentes e que enche e rege toda a Igreja, realiza esta admirável comunhão dos fiéis e une-os todos tão intimamente em Cristo que é o princípio da unidade da Igreja'. Pertence, pois, à própria essência da Igreja que ela seja una: 'Que admirável mistério! Há um só Pai do universo, um só Logos do universo e também um só Espírito Santo, idêntico em toda a parte; e há também uma só mãe Virgem, à qual me apraz chamar Igreja'" (CIC 813). 

Deus é a causa eficiente de tudo o que existe. Com relação à sua Igreja, essa afirmação alcança o máximo grau. Alguém poderia então se perguntar: "Se Deus está em todos os lugares do tempo e do espaço, não seria então desnecessário edificar um lugar especifico, como a Igreja?" A resposta é simples: não é Deus que precisa da Igreja para entrar em relação com o homem, mas o homem que precisa de um espaço físico e existencial como a Igreja para entrar em relação com Deus. A Igreja, então, torna-se o Corpo místico de Cristo e instância formal escolhida por Ele para ir ao encontro do homem. 


Entretanto, vale apenas dizer incansavelmente: essa unidade não deve ser compreendida como uniformidade. Nós, seres humanos, somos diferentes uns dos outros em raça, língua, cultura, personalidade, histórico, classe social etc. A grande beleza e profecia da unidade cristã na Igreja é que ela consegue acolher a todos, pois a referência é sempre Cristo. A virtude, alma dessa identidade cristã é o amor (cf. CIC 814).  


Fonte: https://comshalom.org/entenda-porque-a-igreja-e-una-santa-catolica-e-apostolica/


20 de novembro de 2023

Coroa do advento: saiba o que é e como montá-la

Saiba como preparar a sua casa para viver bem o advento!

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Cada ano, no tempo do Advento, a Igreja Católica apresenta a "Coroa do Advento". A coroa é feita com ramos verdes, frequentemente, enfeitada com fitas coloridas e lugares para quatro velas, todos no mesmo nível. O círculo simboliza a eternidade e sua cor verde representa a esperança e a vida. A fita vermelha significa o amor de Deus por nós como, também, do nosso amor que aguarda com ansiedade o nascimento do Filho de Deus.

[Acesse agora página especial do Advento 2023]

A simbólica das velas

No primeiro domingo do Advento, uma vela é acesa recordando o profeta Isaías anunciando a salvação e a vinda do Messias por volta do ano 500 a.C. É uma luz pálida (amarela) porque a salvação é ainda distante. No segundo domingo, outra vela é acesa recordando o precursor de Jesus, São João Batista, testemunhando que a chegada do Salvador está próxima. A celebração faz memória do martírio de São João Batista. No terceiro domingo, uma vela rosa é colocada na Coroa, indicando Maria, a bem-aventurada, trazendo o próprio Salvador e a alegria da salvação. No quarto domingo, mais uma vela é colocada na Coroa, indicando Jesus, trazendo a alegria da salvação. "Verde da árvore da vida, a árvore da cruz, broto da raiz de Jessé".

Na missa do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, uma vela branca é colocada na Coroa um pouco mais alto do que as outras quatro velas indicando a chegada de Jesus, a luz do mundo. Deus nasce no meio de nós, feito homem como nós. Traz consigo a plenitude da divindade. As quatro velas da Coroa do Natal retomam o costume judaico de celebrar a vida da luz na humanidade dispersa pelos quatro pontos cardeais.

Em cada domingo, então, se acende uma vela. Ela poderá ser trazida na procissão de entrada da seguinte maneira: a cruz processional, a Vela do Advento, a Bíblia (ou Lecionário), de onde serão proclamadas as leituras. No momento da aclamação do Evangelho, um coroinha/acólito vai acender solenemente a vela. A pessoa que acender a vela deve permanecer junto à mesa da Palavra de onde é proclamado o Evangelho. Terminada a proclamação, quem preside coloca a vela na Coroa do Advento.


Curiosidade sobre as cores das velas

No Brasil, até pouco tempo atrás, costumava-se usar velas nas cores roxa ou lilás, e uma vela cor de rosa referente ao terceiro domingo do Advento, quando se celebra o Domingo Gaudete (Domingo da Alegria), cuja cor litúrgica é rosa. Porém, atualmente, tem-se propagado o costume de velas coloridas, cada uma de uma cor (roxa, rosa, branca e vermelha). Existem ainda algumas interpretações teológicas desse símbolo: as velas recordariam algumas manifestações de Cristo: 1- Encarnação, Jesus Histórico; 2- Jesus nos pobres e necessitados; 3- Jesus nos Sacramentos; 4- Parusia: segunda vinda de Jesus. Pode-se usar qualquer uma das duas versões, tanto as velas roxas, quanto as coloridas. Atualmente há uma grande preocupação em reavivar este costume muito significativo e de grande ajuda para vivermos este tempo (CNBB).

10 de novembro de 2023

4 dicas para viver bem o Advento


Que o Espírito Santo nos ajude a viver intensamente esse tempo de Graça sem desperdiçarmos absolutamente nada do que Deus tem para nós, seu povo amado. Um bom e Santo Advento!

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Estamos nos preparando para o Advento e resolvemos deixar 4 pontos que nos ajudarão a viver bem este tempo único de conversão e de graças. Existe uma ação de Deus toda especial que nos convida à conversão e ao retorno a vida sobre o senhorio de Jesus.

O fato de estarmos esperando a vinda de Jesus nos enche de alegria e esperança, pois sabemos que não seremos decepcionados, Jesus virá e não tardará. Por isso preparemo-nos para recebê-lo em nossos corações.

1 – Renovar nossa entrega de vida a Jesus Cristo

Submetendo todo o nosso ser ao único e verdadeiro Deus sem nenhuma restrição. Aqui se faz necessário renovarmos nossa entrega de vida a Jesus. Percebermos tudo o que em nós não se submete mais ao Evangelho, a mentalidade de Cristo e termos coragem e romper com tudo o que nos rouba do mesmo.

Coragem para romper com o velho. Coragem para iniciar um novo tempo no seguimento de Cristo. Jesus, Senhor do meu corpo, do meu pensar, do meu agir, dos meus relacionamentos e até da minha fraqueza.

2 – Alimentar a alegria

Trata-se de alimentar a alegria interior que transborda no exterior. Essa alegria é alimentada na intimidade com Deus e no amor aos irmãos. A alegria é uma das grandes marcas do Advento, alegria que se expressa em todo o nosso ser. Alegria que faz o outro feliz. Alegria em poder contar sempre com o grande e infinito amor de Deus, que nos renova a cada dia.

Devemos nesse Advento expulsar do nosso coração toda e qualquer tristeza. É tempo de alegria, de intensa alegria, pois o Senhor está chegando.

 3 – Unidos à Igreja de Cristo

Viver intensamente a unidade com o Corpo de Cristo, a Santa mãe Igreja. Participar ativamente das atividades da sua paróquia, grupo de oração, comunidade, etc. Não podemos nos dispensar de viver a unidade nunca, em nenhum momento, principalmente nesse tempo de Advento, quando juntos como Igreja nos preparamos para receber Jesus.

Nossa vida sacramental deve ser avaliada. Tenho participado da Santa Missa com frequência? Tenho buscado o Sacramento da Confissão? Participo ativamente da Missa no Domingo, dia do Senhor? Essas são perguntas que nos ajudam a enxergar se estamos ou não vivendo a unidade tão essencial nesse momento de preparação.

 4 – Caminhar com Maria

Permanecer unido à Nossa Senhora. Permanecer no colo da mãe. Aprender com ela a esperar o Emanuel no silêncio e na oração, na partilha e no serviço aos irmãos. Esse tempo é propício para renovarmos nossa devoção filial a Nossa Senhora.

Qual a sua devoção mariana? O terço, rosário, ofício da Imaculada Conceição, ladainha, etc. Essas e outras devoções muito conhecidas pelo nosso povo brasileiro nos ajudam a caminhar com aquela que disse sim á vontade do Pai, dando Jesus ao mundo.


Fonte: https://comshalom.org/dicas-para-vivermos-bem-o-advento/


9 de novembro de 2023

São João de Latrão, a Igreja Mãe e Cabeça de todos os cristãos


Sobre o pórtico da Basílica de São João de Latrão encontra-se uma inscrição em latim que traduzimos assim: "Mãe e Cabeça de todas as Igrejas, de Roma e de todo o mundo".

É a catedral de Roma e de seu bispo que, precisamente por ser bispo de Roma, é Papa, "Vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja… Princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade tanto dos bispos como da multidão dos fiéis" (LG 22-23).

São Pedro não é a catedral de Roma, mas São João de Latrão

A Basílica de Latrão foi construída pelo Papa Melquíades (311-314) em uma propriedade doada para este fim pelo Imperador Constantino ao lado do Palácio de Latrão, até então a residência imperial e, mais tarde, a residência papal. Até cinco Concílios foram celebrados ali.

Lembrar a data da Dedicação, ou seja, a Consagração da Basílica de Latrão, faz com que todas as igrejas se lembrem da primazia da Igreja de Roma, que é a primeira entre iguais porque teve a honra de ter Pedro no comando. Mas, como lembra São Gregório Magno, um dos grandes papas da história, a Igreja de Roma é a primeira no serviço e na preservação da verdade.

São João de Latrão – a Igreja Mãe e Cabeça de todos os cristãos

Créditos: scaliger / Getty Imagens

Hoje, as Igrejas de todo o mundo se unem à Igreja que está em Roma e a reconhecem como a "presidência da caridade" da qual Santo Inácio de Antioquia já falava. O Bispo de Roma é o sinal visível da unidade de todo o Povo de Deus. Novamente, Santo Inácio de Antioquia recomendou: 'Assim como o Senhor nada fez sem o Pai, com quem é um, assim também nada façam sem o bispo e os presbíteros. Estejam unidos ao bispo como cordas em uma cítara".

Na festa da dedicação da Basílica de São João de Latrão, celebramos o mistério da presença de Deus na história. A liturgia coloca em nossos lábios o motivo de tal festa: "Senhor, vós nos destes a alegria de construir-vos uma morada entre as nossas casas, onde continuais a encher de graça a vossa família peregrina na terra, e nos ofereceis o sinal e o instrumento da nossa união convosco (…)." (Oração Coleta da Missa).

E no canto do Prefácio, elevaremos nossa oração de louvor e bênção com estas palavras:

"Senhor, Pai Santo, Deus todo-poderoso e eterno,

Vós nos destes aa alegria de construir

em nossos lares um lugar de habitação

onde continuais a encher de graça

sua família peregrina na terra e nos oferece

o sinal e o instrumento de nossa união com o Senhor".

A Igreja é onde ocorre o encontro com Deus!

A dedicação da Igreja Catedral do Bispo de Roma também nos convida a dar graças a Deus por sua presença em nós. E, acima de tudo, para lembrar aos batizados que eles são o templo de Deus e que o Espírito Santo habita neles, como a segunda leitura nos lembra hoje: "Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (…) Santo é o templo de Deus, que sois vós" (1 Cor 3,9-11.16.17).

Não celebramos um edifício de pedra porque a igreja, como um edifício, é apenas um sinal da Igreja formada por todos aqueles que acreditam em Jesus. Todo povo, toda comunidade tem sua igreja; o que para uma família é o lar, para a família dos filhos de Deus é a igreja. Não existe família sem um lar! Todos nós vemos a igreja como o lugar onde ocorre o encontro com Deus: na celebração da Santa Missa, nas liturgias sacramentais, na oração e na adoração ao Santíssimo Sacramento.

As igrejas de tijolo e cimento são um sinal dessa presença de Cristo: é Ele quem fala ali, se dá como alimento, preside a comunidade reunida em oração, "permanece" conosco para sempre (cf. SC 7). Os edifícios são úteis para reunir a comunidade; eles também são uma imagem do que a comunidade e os cristãos individuais são: templo do Senhor.

As paredes são o corpo; o tabernáculo e o altar são sinais da presença do Senhor; a Palavra no ambão é como o Espírito Santo falando e nos lembrando de tudo o que Jesus ensinou.

No cristianismo, a igreja, o novo templo de Deus entre nós, adquiriu um significado mais profundo

Ela é o lugar onde os fiéis celebram, em comunhão de fé, os mistérios divinos, onde o próprio Deus se faz presente em nosso meio para tecer um diálogo eterno com seus filhos e onde, sob as espécies eucarísticas, ele os nutre com seu corpo e sangue.

É o lugar onde os mistérios divinos são revelados nas celebrações litúrgicas e onde a igreja como edifício torna visível a verdadeira Igreja, entendida como uma comunhão de fiéis que experimentam a fraternidade em Cristo. Lugar da celebração que encontra sua expressão mais sublime na celebração da Eucaristia, o memorial da morte e ressurreição do Senhor. A festa de hoje lembra a todos nós a realidade de que, sem pedras vivas, nossas grandes catedrais são apenas esplêndidos testemunhos históricos. E as pedras vivas são os cristãos que se reúnem em torno do carisma de Pedro, chamado a ser uma rocha inabalável na custódia das palavras do Mestre.


Celebrar a Basílica de Latrão é a nossa própria consagração a Deus!

O verdadeiro templo dedicado a Deus somos nós; nós que formamos o novo povo da Aliança firmada no Sangue de Cristo Jesus, a Verdade da qual Ele mesmo falou à mulher samaritana e que constitui o modo adequado de nossa adoração ao Pai. Portanto, ao celebrar a dedicação da Basílica de Latrão, celebramos nossa própria consagração a Deus, em Cristo, em quem formamos um só corpo, unidos na mesma fé e animados pelo único Espírito.

Aqui está o novo templo: o povo de Deus, animado pelo Espírito, na unidade de amor entre todos os seus filhos. Ao viver como irmãos em seu povo, a fé e toda a adoração são realizadas. No "novo templo", irmãos, Cristo está presente. Jesus ensina que o templo de Deus é, antes de tudo, o coração do homem que aceitou sua Palavra.

Rezemos, neste dia, por toda a Igreja, mãe dos santos, mãe sempre fecunda no poder do Espírito, para que cada homem desfrute sempre da dignidade dos filhos de Deus, até que todos alcancemos a alegria plena na santa Jerusalém do céu!

Dom Cristiano Sousa OSB Cam – Mosteiro de Fonte Avellana – Itália


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/sao-joao-de-latrao-a-igreja-mae-e-cabeca-de-todos-os-cristaos/


6 de novembro de 2023

Guardar o dia do Senhor é dever do cristão


A santificação do sábado, sinal de que Deus é o Senhor da vida humana, não dependendo apenas do trabalho das pessoas, é uma preciosidade na prática religiosa e foi mantida com extremo cuidado pelo povo escolhido por Ele. O dia do Senhor aponta também para a confiança absoluta na Providência Divina, que não nos abandona. Mesmo sem o trabalho das mãos, no dia de sábado, as pessoas permanecem vivas! E esse dia se torna, no correr dos séculos, síntese e símbolo de todos os bens experimentados por Israel. Ele é fiel expressão e fruto eficaz da espiritualidade hebraica.

Por meio de vários ritos, como o acender das velas, uma bênção pronunciada pela mãe de família e bênçãos recitadas pelo pai, o dia de sábado mostra sua luminosidade e, "como lâmpada para seus passos" (Sl 118,105), clareia o caminho de Israel, revelando e fortificando sua identidade. O sábado foi sinal de alegria e gratidão pelos dons de Deus e a abertura para a plenitude da mesma alegria prometida por Ele. No decorrer da história desse povo, o sábado passou também por decadência em sua observância e, por outro lado, grupos religiosos fizeram com que o dia da liberdade e da consciência da presença de Deus viesse a ser tratado com pesado rigorismo.

Guardar o dia do Senhor é dever do cristão

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Jesus também esteve, muitas vezes, presente na Sinagoga, como judeu fiel. Ela foi espaço para dirigir palavras reveladoras aos presentes, assim como lugar de curas e atenções às pessoas. Entretanto, em várias ocasiões se estabelece um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas judaicas a respeito da observância do sábado. Jesus tem grande liberdade para fazer o bem nas curas que realiza, priorizando o bem dos mais frágeis, mostrando-se senhor do sábado, o que faz parte da revelação daquilo que ele é, Deus e homem verdadeiro. Nele acontece a superação da visão limitada sobre o dia do Senhor, até porque o dia definitivo chega quando Ele vem e mostra toda Sua força e luz na Ressurreição dentre os mortos.

Domingo, o dia do Senhor

Os primeiros tempos da vida da Igreja assistiram às dificuldades com relação à antiga tradição do sábado, pois os cristãos se voltaram para o primeiro dia da semana, chamado Dia do Senhor, por causa da Ressurreição, justamente a inauguração daquele dia definitivo! O dia da Ressurreição veio a ser a celebração semanal mais importante para nós, e assim o celebramos na Igreja.

"Instituído para amparo da vida cristã, o domingo adquire, naturalmente, também um valor de testemunho e anúncio. Dia de oração, de comunhão e alegria, ele repercute sobre a sociedade, irradiando sobre ela energias de vida e motivos de esperança. O domingo é o anúncio de que o tempo, habitado por Aquele que é o Ressuscitado e o Senhor da história, não é o túmulo das nossas ilusões, mas o berço de um futuro sempre novo, a oportunidade que nos é dada de transformar os momentos fugazes desta vida em sementes de eternidade. O domingo é convite a olhar para diante, é o dia em que a comunidade cristã eleva para Cristo o seu grito: 'Maranatha: Vinde, Senhor!' (1 Cor 16,22). Com esse grito de esperança e expectativa, ela se faz companheira e sustentáculo da esperança dos homens. E domingo a domingo, iluminada por Cristo, caminha para o domingo sem fim da Jerusalém celeste, quando estiver completa em todas as suas feições a mística Cidade de Deus, que 'não necessita de Sol nem de Lua para a iluminar, porque é iluminada pela glória de Deus, e a sua luz é o Cordeiro'" (Ap 21,23) (São João Paulo II, Dies Domini, número 84).


Se algumas línguas o chamam "dia do sol", para nós o domingo é justamente a festa da presença d'Aquele que é a luz do mundo. No entanto, é importante verificar o que temos feito do domingo, pois sua prática pode se degradar e comprometer a própria dignidade da pessoa humana, nele valorizada de modo eminente. De fato, repousar das próprias fadigas corresponde ao ritmo humano e também nos remete à criação do mundo, quando a narrativa bíblica projeta em Deus o descanso e a alegria pela obra realizada. O repouso semanal é importante e deve ser garantido pela legislação civil, e sabemos que ocorrem formas de moderna escravidão em que as pessoas são submetidas ao trabalho de forma iníqua. Como cristão, reivindicamos para todas as pessoas o repouso semanal provado pela história da humanidade como digno e adequado para a vida humana na terra.

Domingo é dia de Missa!

O dia de domingo há de ser preenchido, em primeiro lugar, com a participação na Eucaristia, com a qual se faz presente a Morte e Ressurreição de Jesus. Na escuta da Palavra e na mesa eucarística, os cristãos têm o direito de estar diante do centro da própria fé. Antes de ser uma obrigação, trata-se de um direito! Daí o nosso apelo a que se redescubra o domingo como dia de Missa, e de preferência as famílias encontrem seu modo de participarem como corpo unido do Mistério de Cristo. E vem também a ajudar-nos o esmero com que as Equipes de Liturgia e de Celebração nas Paróquias e Comunidades devem preparar o ato central da vida de Igreja. Quando não é possível a celebração da Missa, multipliquem-se nas Comunidades a santificação do Dia do Senhor com a Celebração da Palavra de Deus, enriquecida ainda em muitas Comunidades com a Sagrada Comunhão, com a reserva eucarística presente em nossos Tabernáculos.

Corremos, entretanto, o risco de transformar o domingo, ou com ele todo o fim de semana, apenas em tempo de ociosidade ou, pior ainda, tempo de todos os vícios nos quais jovens e adultos mergulham de forma arriscada e indigna. O resultado é um esvaziamento terrível, com gosto de ressaca! Sabe-se bem o que significa para muitos a segunda-feira, e porque, popularmente, alguns a chamam de dia de preguiça. Esvaziar-se de valores, entregar-se ao que de menos digno existe só pode trazer frustração às pessoas! O domingo venha a ser recuperado na dimensão do justo repouso e na altura maior, que é a celebração da Ressurreição do Senhor, para que seja, também ele, sinal da vida nova com a qual se comprometem os cristãos.



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/guardar-o-dia-do-senhor-e-dever-do-cristao/


3 de novembro de 2023

Santo Afonso Rodriguez, um profundo e humilde servo de Deus


Não me canso de repetir um princípio que muito me anima: a academia de Deus é a vida e é na vida que são forjados os santos. Mesmo atrás de um aparente drama, esconde-se uma oportunidade.

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Hoje vamos fazer memória de um servo de Deus cuja vida e testemunho são uma confirmação dessa nossa introdução. Seu nome é Afonso Rodriguez. Esse gigante da fé nasceu no dia 25 de julho de 1532, na cidade de Segóvia, Espanha. Pertenceu a uma família muito pobre materialmente, mas rica de fé e amor a Deus. Seu pai era um comerciante simples e sua mãe, uma dedicada dona de casa, cuidadora de onze filhos. Santo Afonso teve uma infância pobre, como dito acima, mas também muito feliz, pois sua família era uma rica fábrica de felicidade, que eram justamente a fé e o amor a Deus.

Acontecimentos dolorosos e providenciais

Afonso vivenciou a primeira grande dor de sua vida com a morte de seu pai. Na época, ele tinha apenas 16 anos. Com essa perda repentina, sua mãe passou por grandes desafios no sustento de seus onze filhos. O jovem Afonso, então, para ajudar sua mãe a manter a casa, resolveu parar de estudar e começou a vender tecidos, aproveitando a lista de clientes de seu falecido pai. Sete anos depois, em 1555, quando a situação tinha se estabilizado um pouco, sua mãe o aconselhou a se casar. Afonso acolheu esse conselho e se casou. Teve dois filhos, entretanto, mais uma vez a vida fez com que esse servo se deparasse com outros acontecimentos dolorosos. Sua esposa adoeceu e veio a falecer, depois, como se não bastasse, seus dois filhos também adoeceram e morreram. Profundamente abatido pelos sofrimentos e perdas, Afonso perdeu o controle sobre os negócios e acabou falindo. 

Triste, sofrido e sem rumo, tentou retornar aos estudos, mas não conseguiu sair-se bem nas provas. Não recebeu a aprovação para a Faculdade de Valência. Depressivo, retirou-se na própria casa. No início, rezava com sacrifício, depois, começou também a jejuar. O tempo foi passando e, de modo silencioso, o Senhor pareceu ter começado a descortinar diante dele uma obra nova. Assim, ele decidiu dedicar toda a sua vida ao serviço de Deus e dos irmãos.

Um irmão entre os irmãos

Apoiado nessa firme decisão, em 1571 Afonso pediu ingresso na Companhia de Jesus como irmão leigo. Seu pedido foi aceito e iniciou a etapa formativa de noviciado que, por sinal, transformaria seu coração e toda a sua vida. Como noviço, foi designado para viver e trabalhar no colégio dos jesuítas em Palma de Maiorca. Esse colégio dedicava-se à formação dos padres. Ali, Afonso encontrou sua realização total de vida. Viveu lá por mais de quarenta anos, consumindo-se por amor a Deus. 

No colégio, Afonso Rodriguez exerceu a função humilde e simples de porteiro. Serviço este que desempenhou por 46 anos. No entanto, se sua função não lhe trazia quase nenhum destaque, espiritualmente ele era um dos mais expressivos entre todos os irmãos religiosos de sua obra, tendo recebido de Deus vários dons extraordinários. Teve ainda várias manifestações como visões, profecias, milagres e dons da cura. 

Afonso foi ainda um requisitado orientador espiritual. Mesmo sendo um simples porteiro, era procurado por corações confusos e desejosos de orientação, tanto leigos como religiosos. Entre estes, dois se destacavam. Primeiro, o Padre Pedro Claver que, mais tarde, tornaria-se um santo da Igreja. Era missionário e ficou conhecido como o grande evangelizador dos povos negros escravizados na Colômbia. O outro, também santo, foi Jerônimo Morato, grande missionário jesuíta martirizado no México. Os dois sempre seguiram as preciosas orientações espirituais do santo porteiro Afonso Rodriguez. 

Consumação de sua oferta de vida

Após ter vivido uma vida simples e totalmente dedicada ao serviço de Deus na portaria do colégio, atento aos irmãos, Santo Afonso Rodriguez adoeceu. Sofreu dores muito fortes pelo período de dois anos, falecendo no dia 31 de outubro de 1617. 

Foi canonizado em 1888, pelo Papa Leão XIII, junto com São Pedro Claver, seu fiel discípulo. Afonso deixou-nos uma herança valiosa por meio de seus escritos, todavia, a maior herança foi sua santidade de vida. Sua obra escrita é considerada pequena, com "apenas" três volumes, porém, com grande valor teológico. Nela, relatou detalhadamente a riqueza de sua vida espiritual. 

Peçamos a Deus, por intercessão de Santo Afonso Rodriguez, a graça de vivermos com profundidade nossa fé e pertença a Deus. Que nossa vida seja, a seu exemplo, uma profecia para o mundo. 

Santo Afonso Rodriguez, rogai por nós


Fonte: https://comshalom.org/santo-afonso-rodriguez-um-profundo-e-humilde-servo-de-deus/


1 de novembro de 2023

Entenda porque a Igreja Católica afirma ser “o povo de Deus”


Essa busca pela identidade da Igreja, mergulha-nos também noutro aspecto igualmente importante: ela é composta de um povo sacerdotal, profético e real. (cf. CIC 783-784).

comshalom FOTO: COMSHALOM | CONVENÇÃO SH 40 ANOS

Um conceito equivocado de um objeto é causa geradora de muitos outros equívocos. Essa imprecisa informação, entre outras coisas, promoveria usos inadequados do objeto supostamente conhecido. Por isso, um dos esforços da Igreja, nesses quase dois mil anos de sua existência, foi o de se apropriar de um conceito claro e preciso de si mesma. Porém, esse esforço não deve ser confundido com a pretensão de esgotar ou "capturar" o mistério nas mãos. Se assim o fosse, não seria mais um mistério. 

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Quem a Igreja é para si mesma? Segundo o Catecismo, a Igreja se define como sendo: "Povo de Deus, Corpo místico de Cristo, Templo do Espírito Santo" (cf. CIC 781). Esse povo de Deus tem algumas características que o diferem de todos os outros povos, pois não se limita a uma cultura, uma língua, uma raça etc. Veja:

"É o povo de Deus: Deus não é propriedade de nenhum povo; mas adquiriu para Si um povo constituído por aqueles que outrora não eram um povo: 'raça eleita, sacerdócio real, nação santa' (1Pd 2,9); vem-se a ser membro deste povo, não pelo nascimento físico, mas pelo 'nascimento do Alto', 'da água e do Espírito' (Jo 3,3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo Batismo;  este povo tem por Cabeça Jesus Cristo (o Ungido, o Messias): porque a mesma unção, o Espírito Santo, flui da Cabeça por todo o Corpo, este é o 'povo messiânico';  'a condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus: nos seus corações, como num templo, reside o Espírito Santo' 'a sua lei é o mandamento novo, de amar como o próprio Cristo nos amou'; é a lei 'nova' do Espírito Santo; a sua missão é ser o sal da terra e a luz do mundo. 'Constitui para todo o género humano o mais forte gérmen de unidade, esperança e salvação' o seu destino, finalmente, é 'o Reino de Deus, o qual, começado na terra pelo próprio Deus, se deve dilatar cada vez mais, até ser também por Ele consumado no fim dos séculos'" (CIC 782).

Como pudemos ver, a vocação da Igreja, povo de Deus, é ser sal da terra e luz do mundo. Não pode perder o sabor e nem apagar seu brilho no anúncio da paz. A Cabeça desse corpo é Cristo, o Messias, o Salvador do mundo. Na cabeça humana, como sabemos, existe o cérebro e, abaixo da região posterior desse órgão, está o cerebelo. O cerebelo é responsável por manter o equilíbrio e a postura, pois controla o tônus muscular e os movimentos voluntários.

Esse esforço de ilustrar com dados científicos, pode nos ajudar a termos alguma base para melhor entender esse simbolismo da cabeça usado pelo Catecismo, para se referir a Cristo em relação ao seu corpo, a Igreja. Essa busca pela identidade da Igreja, mergulha-nos também noutro aspecto igualmente importante: ela é composta de um povo sacerdotal, profético e real. (cf. CIC 783-784). Cada discurso ou ação divisora no seio da Igreja é uma forma de mutilar esse Corpo Santo.   


Fonte: https://comshalom.org/entenda-porque-a-igreja-catolica-afirma-ser-o-povo-de-deus/


30 de outubro de 2023

10 conselhos práticos de Santo Antônio Maria de Claret


"Antônio Maria Claret é uma figura verdadeiramente grande, como apóstolo infatigável"

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  1. Não deixes para ninguém o que tu mesmo podes fazer.
  2. Não disponhas do dinheiro, antes de tê-lo em mãos.
  3. Não compres coisa alguma, por mais barata que seja, se não a necessitares.
  4. Evita o orgulho, porque é pior que a fome, a sede e o frio.
  5. Nunca te arrependas de ter comido pouco.
  6. Toma sempre as coisas pelo lado suave e seguro.
  7. Se estiveres zangado, conta até dez antes de responder, e se estiveres ofendido, será melhor contar até 100.
  8. Pensa bem antes de dar conselho e esteja pronto para servir.
  9. Fale bem do teu amigo; e de teu inimigo não fales nem bem nem mal.
  10. A resposta suave e humilde quebranta a ira, as palavras duras excitam o furor.

 

Santo Antônio Maria Claret

O santo lembrado hoje foi de muita importância para a Igreja que guarda o testemunho de sua santidade, que mereceu a frase do Papa Pio XI que disse: "Antônio Maria Claret é uma figura verdadeiramente grande, como apóstolo infatigável". Nasceu em 1807 em Sallent (Província de Barcelona – Espanha), ao ser batizado recebeu o nome de Antônio João, ao qual ele veio depois acrescentar o de Maria como sinal de sua especial devoção à Santíssima Virgem: "Nossa Senhora é minha Mãe, minha Madrinha, minha Mestra, meu tudo, depois de Cristo".

Antônio Maria ajudou o pai numa fábrica de tecidos até os 22 anos, quando entrou para o seminário de vida, pois almejava um sacerdócio santo e como padre desejou consagrar-se nas difíceis missões da Espanha. Ao ver a pobreza dos missionários e as portas se abrindo, Antônio Maria, com amigos, tratou de fundar a "Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria", conhecidos como Claretianos.

O Carisma era evangelizar todos os setores, por meio da caridade de Cristo que constrangia, por isso dizia: "Não posso resistir aos impulsos interiores que me chamam para salvar almas. Tenho sede de derramar o meu sangue por Cristo!" Mal tinha fundado a Congregação, o Espírito o nomeou para Arcebispo de Santiago de Cuba, onde fez de tudo, até arriscar a própria vida, para defender os oprimidos da ilha e converter a todos, conta-se que ao chegar às terras cubanas foi logo visitar e consagrar o apostolado à Nossa Senhora do Cobre.

Com os amigos o Arcebispo Santo Antônio Maria Claret, evangelizou milhares de almas, isto através de missões populares e escritos, que chegaram a 144 obras. Fundador das Religiosas de Maria Imaculada, voltou a Espanha, também se tornou confessor e conselheiro particular da rainha Isabel II; participou do Concílio Vaticano I, e ao desviar-se de calúnias retirou-se na França onde continuou o apostolado até passar pela morte e chegar na glória em 24 de outubro de 1870.

Foi beatificado em 1934 pelo Papa Pio XI e canonizado por Pio XII em 1950. Pelo seu amor ao Imaculado Coração de Maria e pelo seu apostolado do Rosário, tem uma estátua de mármore no interior da Basílica de Fátima.

Santo Antônio Maria Claret, rogai por nós!


Fonte: https://comshalom.org/dez-conselhos-praticos-de-santo-antonio-maria-de-claret/