30 de dezembro de 2020

Faça uma carta de ano novo repleta de novas expectativas


Ao final de cada ano, um ciclo termina e um ano novo apresenta-se cheio de oportunidades. No último dia do ano, o sol se põe e nasce no dia seguinte, como em todos os demais dias, mas é o dia no qual escolhemos ter a esperança de que o próximo ano será melhor, que nossos sonhos se realizarão ou estaremos mais próximos disso. As forças são renovadas, são feitas novas promessas e a vida se enche de propósito. E, ao fazer planos para este novo ano que está por vir, lembre-se das coisas mais simples, não se imponha apenas obras grandiosas. Dedique-se a quem está por perto, por um momento esqueça a ambição de salvar o mundo todo e conceda momentos de alegria à família e amigos próximos. Silencie teu coração, guarde um pouco da compaixão para teus próprios fracassos, aprende a perdoar-se.

E, para viver um ano novo, firme na fé, acolha de coração aberto os conselhos de São Paulo que, por meio de cartas, ensinou "esperança" ao mundo todo, mas não uma esperança mundana, e sim "esperançar" em Cristo. Aos Hebreus, pediu que "o amor fraterno permaneça. Não vos esqueçais da hospitalidade, porque graças a ela, alguns, sem saber, acolheram anjos" (Hb 13, 1-2). Lembremo-nos dessa lição com carinho, para que estejamos prontos a ajudar o próximo, não desperdice a oportunidade de uma boa obra para com o irmão necessitado. Se assim o fizer, será exemplo do bem e a bondade se multiplicará, assim também Paulo nos aconselhou que "velemos uns pelos outros para nos estimularmos à caridade e às boas obras" (Hb 10, 24).

Foto Ilustrativa: by Getty Image / dusanpetkovic

Neste ano novo, renove suas esperanças

Vivam o sentimento de esperança, espalhem a fé e a alegria, persistam diante da penúria; assim como Paulo pediu aos Romanos: "Alegrando-vos na esperança, perseverando na tribulação, assíduos na oração" (Rm 12, 12). Por certo, a água benta evapora com o calor e o Círio Pascal se apaga com o vento; nessa perspectiva, tenha consciência de que as angústias da vida também atingem o povo de Deus. Contudo, nós temos fé em um Pai que não abandona seu filho, em uma Mãe que roga por nós . É por essa fé que persistimos e, ainda que por algum momento fraquejamos, Deus não abandona um coração arrependido, então, persista e ore. Desse modo, não haverá um só dia neste novo ano em que você será abalado.

Perdoa! Ponha em tuas orações os injustos, os ingratos, os mesquinhos e todos aqueles que fazem mal a nós e aos outros. São esses que precisam de nossas orações, que precisam perceber nas boas obras a vontade de Deus. Todos nós seremos lembrados. Paulo ensinou aos Gálatas que "não desanimemos na prática do bem, pois, se não desfalecermos, a seu tempo colheremos (Gl 6, 9)". Se tua boa obra lhe fez sentir-se traído, se a ingratidão do outro lhe magoa, não desanime, insista na caridade! Chegará a hora que verás na felicidade do outro um pouco de tuas ações, e será tamanha a recompensa que faz desaparecer toda a ingratidão.


E que isso não seja tudo, mas "tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor e não para os homens" (Cl 3, 23), foi o que Paulo aconselhou aos Colossenses. Não existem pequenas obras de caridade, às vezes, só é preciso sorrir para alguém que se sente sozinho. E quão bom é o sentimento de receber um bolo feito com carinho. Dê um presente especial, não entregue "só uma lembrancinha", entregue algo que diga "lembrei-me de você"; e lembrar de alguém com ternura não custa caro. E, se apenas esse último conselho de Paulo lhe tocar o coração, toda obra terá um significado para o próximo, só dará bons frutos e, com certeza, o próximo ano será repleto de felicidades. Então, feliz Ano Novo!



Luis Gustavo Conde

Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos. Palestrante focado na doutrina cristã. Advogado com atuação na área de Direito de Família e Direito Bancário. Tecnólogo em Gestão Empresarial. Professor de cursos técnicos-profissionalizantes.
Instagram: @luisguconde Contato: luisguconde@gmail.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/ano-novo/faca-uma-carta-de-ano-novo-repleta-de-novas-expectativas/

28 de dezembro de 2020

A face mais bela do amor no namoro é o perdão e a fidelidade


Uma vez que o egoísmo é o oposto do amor, um casal egoísta pode ser comparado a duas bolas de bilhar: só se encontram para se chocarem e se afastarem em sentidos opostos.

Será que você é daquelas que vivem mal-humoradas ou que "derruba o beiço" por qualquer contrariedade? Será que você é daqueles que se irrita por qualquer coisinha dela que não esteja do seu gosto? Você perdeu a linha porque ele se atrasou quinze minutos? Você deixou o seu namoro azedar porque ele olhou, apenas um instante, para outra moça que passou ao lado?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Desde o namoro é preciso pedir perdão

"O amor não guarda rancor", diz o apóstolo, mas é claro que haverá no namoro momentos de desencontros. São normais os pequenos desentendimentos, são frutos das diferenças individuais e das circunstâncias da vida. O feio não é brigar, mas sim não se reconciliar, não saber perdoar, não quebrar o silêncio mortal e não dialogar.

Para evitar as brigas e os desentendimentos, é preciso saber combinar as coisas. O povo diz que "aquilo que é combinado não é caro". Aprendam a combinar o passeio, as atividades que cada um gosta de fazer.

É preciso dizer que a face mais bela do amor no namoro é o perdão.

Você tem o direito de ser perdoada, porque errar é humano, mas tem também o dever de perdoar quando ele errar e pedir perdão. O gesto mais nobre de Jesus foi o de perdoar os algozes que O crucificavam. E não há futuro para um casal que não se perdoa mutuamente, essa é a maior reserva de estabilidade para o casal: o perdão.


Fidelidade

Outra face bela do amor é a fidelidade. Ser fiel ao outro não quer dizer apenas não ter outro parceiro, é muito mais do que isso, é ser verdadeiro em tudo e não enganar o outro em nada; é não ser fingido, mascarado nem dissimulador.

Se você mente para a sua namorada, saiba que está destruindo o amor entre vocês. Nada é mais fatal para o amor do que a mentira. A mentira gera a desconfiança; a desconfiança gera o ciúme; o ciúme gera a briga e a separação. A verdade logo aparece, e, quando isso ocorre, deixa o mentiroso desqualificado e não mais digno de confiança. Portanto, quebre toda falsidade, dissimulação e fingimento, porque essas coisas destroem o amor.

Se você fizer do seu namoro uma brincadeira de esconde-esconde, você estará brincando de amar, e isso é muito mau, e ser fiel ao outro é saber respeitá-lo, defendê-lo, e não o trair de nenhuma forma, seja pelos pensamentos, pelas atitudes ou palavras.

Não há o que o amor não possa fazer

Desde o namoro, é preciso ter em mente que a beleza do amor está exatamente na construção da pessoa amada, e isso é uma missão para gente madura, com grandeza de alma. Construir uma pessoa é educá-la em todos os aspectos, é uma obra do coração.

Não há o que o amor não possa fazer. Quando não ajudamos o outro a crescer, é sinal de que o nosso amor por ele ainda é pequeno.

Se o namoro não for exercício constante de amor, ele fica vazio, monótono, sem sabor. E como a natureza tem horror ao vácuo, esse vazio será preenchido por desentendimentos e brigas.

Namorando aprende-se a amar, mas amando aprende-se a namorar.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/a-face-mais-bela-do-amor-no-namoro-e-o-perdao-e-a-fidelidade/

23 de dezembro de 2020

Como devo me preparar para o Natal?


Charles Dickens, um famoso romancista inglês, escreveu certa vez: "Honrarei o Natal em meu coração e tentarei conservá-lo durante todo o ano". Penso que ele estava certo, pois o Natal precisa novamente ser honrado com urgência, porque, há muito tempo, as pessoas têm simplesmente ignorado o real sentido dessa data.

Papa Francisco, em uma de suas homilias sobre o Natal, não hesitou em afirmar à humanidade seu verdadeiro significado: "O Natal é mais! Nós vamos por esse caminho para encontrar o Senhor, porque o Natal é um encontro e nós caminhamos para encontrá-Lo com o coração, com a vida, encontrá-Lo vivo, como Ele é, encontrá-Lo com fé". O Natal é um encontro. Que bela definição o Santo Padre nos deu! Trata-se, portanto, de um encontro com Jesus, o Menino Deus que traz consigo o segredo da verdadeira paz à alma humana ainda tão agitada. Nesse encontro com Cristo, o Sumo Pontífice nos indica a oração, a caridade e o louvor como caminhos para uma boa preparação para bem celebrarmos o nascimento de Jesus.

Foto Ilustrativa: olesiabilkei by Getty Images

Conheça mais sobre o dia do Natal

Gostaria de deter-me, neste primeiro caminho que é da oração, para vivenciarmos o Natal como aquilo que ele verdadeiramente é.

O mundo, nesta época, ensina-nos que tudo consiste em caprichar na compra de presentes, fazer aquela ceia maravilhosa com ricas iguarias, ter o maior número possível de enfeites natalinos dentro de casa, chamar todos os parentes para uma confraternização social – mesmo que, durante os outros 364 dias do ano, vocês nem se falem mais! – e dar, além de tudo isso, umas generosas contribuições para as tais "caixinhas de Natal".

Tudo na vida tem real significado e valor. O Natal é, sobretudo, o aniversário do nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo de Deus que se fez carne e habitou entre nós para nos salvar. Mas grande parte da nossa sociedade, tão consumista e alienada, simplesmente celebra o aniversário ignorando o aniversariante.

Seguir o conselho da Virgem Maria

Nós cristãos não estamos isentos de tal risco. Podemos cair no mesmo equívoco de celebrar esta grande festa ignorando o aniversariante, que é Cristo. Para que isso não aconteça, segue o conselho constante que a Mãe de Jesus nos dá em Medjugorje: "Queridos filhos, rezem, rezem e rezem".

Preparemos o aniversário de Jesus com as nossas orações. Quando nos decidirmos viver o Natal em oração, já estaremos começando a experimentar esse encontro com o Menino Deus. É por meio da oração, dessa busca de uma maior intimidade com Deus, que adentramos no castelo do Rei dos reis e nos livramos daquelas amarras de ressentimentos e lembranças amargas que nos oprimem e estragam o nosso Natal. Porém, não se iluda, meu irmão, pois esse "castelo" nos é revelado na pobreza da gruta de Belém, na qual o Trono de Graça se fez simples manjedoura, e Aquele que detém todo poder e autoridade nas mãos manifesta-se na fragilidade de uma criança nos braços de Sua Mãe.


Somente aquele que reza consegue contemplar esses sinais escondidos, os quais o mundo ainda não foi capaz de enxergar. Aquele que se decidir a viver o Natal em oração, com certeza o viverá de maneira mais santa, renovada e feliz, pois o homem que reza jamais se encontra sozinho. Ele é semelhante àqueles Reis Magos que caminhavam por terras desconhecidas sob a guia de uma estrela. A luz que vinha do Alto os direcionava. O mesmo acontece com a alma orante: ela é sempre conduzida pelo Céu e para o Céu.

Não deixe para rezar somente no Dia de Natal

Que tal fazermos essa maravilhosa experiência nesse tempo? Prepare-se bem para o Natal por meio da oração e não deixe para rezar somente no grande dia. Comece antes, comece agora! Reze o Santo Terço em família, leia na Bíblia as verdadeiras histórias do Natal para seus filhos, participe bem das Santas Missas durante este tempo, faça uma boa confissão e, nos últimos dias do Advento, reze a Novena de Natal com os seus.

Enfim, deixe que a força da oração o guie em direção à gruta de Belém. Ali, você contemplará o Filho de Deus que se fez um de nós e aprenderá que o Natal é a oportunidade que a humanidade tem de recordar que o verdadeiro amor consiste em doar-se até o fim com humildade e simplicidade. Ali, naquela manjedoura construída pela paz em seu coração, você poderá admirar o sorriso do Menino Jesus. Diante desse singelo sorriso, é impossível que a alma humana permaneça sofrendo na dor e na solidão!

Desejo a você e a sua família um Natal diferente dos anos anteriores, um Natal preparado em oração, que marque definitivamente esse tempo novo de recomeços e retomadas na sua vida.

Um abraço fraterno!


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/como-devo-me-preparar-para-o-natal/

17 de dezembro de 2020

Você sabia que Advento é tempo de faxina interior?


As estações da natureza nos ensinam a reconciliar, em nosso coração, o tempo dos mistérios que abraçam nossa fé. Advento é tempo da espera. Ainda não é Natal, mas antecipa-se a alegria dessa festa. Viver cada tempo litúrgico com o coração é um jeito nobre de não adiantar um tempo que ainda não chegou. Na sobriedade que este tempo litúrgico exige, vamos tecendo a colcha das alegrias do Cristo que vem ao nosso encontro.

Esperar é uma alegria antecipada de algo que ainda não chegou. A mulher grávida vive na alma a felicidade antecipada pela vida que, em seu ventre, vai sendo gerada no tempo que lhe cabe. A natureza cumpre o ritual das estações para que cada tempo seja único. Os casais apaixonados esperam o momento do encontro. As famílias organizam a casa no cuidado da espera dos parentes que vão chegar. Esperar é uma metáfora do cotidiano da vida. No contexto do Advento, a espera ganha tonalidades alegres e sóbrias.

Foto Ilustrativa: Arquivo CN/cancaonova.com

No Advento da vida

Casa mal arrumada não é adequada para acolher os amigos e familiares que vão chegar. Jardim sujo não pode se tornar um canteiro para novas sementes. Esperar é também tempo de cuidado e organização. No tempo da espera, o tempo do cuidado na vida espiritual. Chegando ao fim de mais um ano, muitos corações se encontram totalmente bagunçados. Raivas armazenadas nos potes da prepotência, mágoas guardadas nas gavetas do rancor, amizades sendo consumidas pelo micro-ondas da inveja, tristezas crescendo no jardim da infelicidade, violência sendo gerada no silêncio do coração.

Enquanto as lojas fazem o balanço [de seu patrimônio], somos convidados a fazer o balanço de nossa situação emocional. No balancete da vida, o amor deve sempre ser o saldo positivo que nos impulsiona a sermos mais humanos a cada dia.


Casa mal arrumada não é local adequado para receber quem nos visita. Coração bagunçado dificilmente tem espaço para acolher quem chega. Neste tempo do Advento, a faxina da espera deve remover as teias de aranha dos sentimentos que estacionaram em nossa alma. O pó que asfixia o amor deve ser varrido. Tempo novo exige coração novo. Jesus, com Seu amor sem limites, adentrava o coração de cada pessoa e fazia uma faxina de amor; abria as janelas da vida, que impediam cada pessoa de ver a luz de um novo tempo chegar; devolvia às flores, já secas pelas dores e tristezas, as alegrias da ressurreição; semeava nos sertões sem vida as sementes do amor e da paz.

No Advento da vida, as estações do coração se tornam tempo propício para limpar os quartos da alma à espera do Cristo que vem. Se o jardim do coração estiver sendo cuidado, as sementes da esperança vão germinar no tempo que lhes cabe, e o Amor nascerá nas alegrias da chegada.



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/voce-sabia-que-advento-e-tempo-de-faxina-interior/

14 de dezembro de 2020

A Virgem Maria e a virtude da Fortaleza


"A fortaleza é a virtude moral que dá segurança nas dificuldades, firmeza e constância na procura do bem. Ela firma a resolução de resistir às tentações e superar os obstáculos na vida moral. A virtude da fortaleza nos torna capazes de vencer o medo, inclusive da morte, de suportar a provação e as perseguições. Dispõe a pessoa a aceitar até a renúncia e o sacrifício de sua vida para defender uma causa justa. "Minha força e meu canto é o Senhor" (Sl 118,14). "No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo" (Jo 16,33). (CIC 1808)

A virtude de fortaleza em Maria pode ser notada em várias circunstâncias da vida dela. De família simples e modesta, Maria vinha da periferia da Galileia; vivia num povoado de agricultores e artesãos que tinham de trabalhar muito para ter o seu sustento. Nazaré era um lugar pequeno, desconhecido, desprezado e sem história, de gente simples e vida simples, de pessoas oprimidas pelo Império Romano.

Desde sua infância, Maria foi provada no sofrimento, porém, esse sofrimento alimentava a esperança que ela depositava no Deus único e verdadeiro, e a espera do cumprimento para libertação do Seu povo. Sua esperança era fortalecida pela oração contínua e pela palavra de Deus que ouvia na sinagoga.

A Virgem Maria e a virtude da Fortaleza

Foto ilustrativa: J. Park by Getty Images

A virtude da fortaleza solidada no cotidiano da vida de Maria

Sua vida foi de austeridade e simplicidade, fazia trabalhos do campo e também domésticos. A virtude da fortaleza em Maria foi se solidificando na cotidianidade da sua vida; cada situação foi escola que favoreceu a firmeza e a constância na prática do bem.

Vamos nos deter apenas em um fato marcante e significativo da vida de Maria: a crucificação e morte de Jesus na Cruz, pois n'Ele notamos que tudo o que ela viveu antes a preparou para esse acontecimento, quando vemos que a fortaleza dela pode ser considerada também um ato de mortificação universal: "Perto da cruz de Jesus permaneceu de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, então, vendo sua mãe e, perto dela o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho" (Jo 19,25).

Embora Maria não compreendesse muitos acontecimentos da vida de Jesus, ela tinha o coração e a vida em Deus. Ele sempre foi o motivo da sua fortaleza e esperança, pois a virtude da fortaleza está ligada à esperança, na certeza de que nenhum sofrimento é vão quando se espera em Deus.

História de salvação da humanidade

Alguns teólogos estudam e afirmam que Maria é corredentora de Cristo, ou seja, ela participa da história da salvação da humanidade: não existe "fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora" (Bento XVI).

A profecia de Simeão diz que uma espada de dor traspassará a sua alma (cf. Lc 2,35). Maria completou, na própria carne, as dores que faltaram à Cruz de Cristo (cf. Col 1,24).

Jesus foi gerado em Maria por graça e ação do Espírito Santo, no entanto, o Espírito não tem carne, então, todo o físico de Jesus foi dado por Maria, e é o físico de Maria. O sofrimento de Jesus foi o sofrimento de Maria, a lança que transpassou o peito de Jesus na cruz transpassou também o de Maria: "um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água" (cf. Jo 19,34).

Estar de pé aos pés da cruz é uma atitude que expressa a virtude da fortaleza de Maria, que a faz participar da vida do Filho numa Mortificação Universal. Neste ato, Maria está à frente da mais difícil prova ao ver a morte do Filho, e oferecer-se juntamente com Ele ao sacrifício, numa entrega total de vida para salvar, para defender uma humanidade pecadora, uma causa nobre e justa!


A importância da vida de oração

A oração alimenta a virtude da fortaleza fazendo-nos resistir em situações que humanamente não conseguiríamos. A fortaleza é virtude que todos os católicos recebem pelo sacramento do batismo, é um auxílio eficaz para vencer as tentações, permanecer firmes e fiéis diante dos desafios da vida e da cruz de cada dia.

Como Maria, firmemo-nos na Palavra de Deus que nos assegura que diante das tribulações e sofrimentos Ele está conosco, fortalecendo-nos e nos fazendo perseverar na fé e na esperança que nunca nos engana: "Se Deus está conosco, quem é contra nós? (cf. Rm 8,31).

Tenhamos o nosso coração em Deus unidos a Ele na oração, com fé e esperança. A oração nos fortalece e nos faz esperar confiante em Deus. Ele nos faz permanecer de pé como Maria diante das intempéries que a vida nos apresenta.



Nilza e Gilberto Maia

Nilza e Gilberto Maia são casados, jornalistas e missionários de dedicação integral na Comunidade Canção Nova.

Nilza é membro da comunidade desde 1999; e Gilberto, desde 2000. Nilza é graduada em Comunicação Social pela UFMT e pós-graduada em counseling pelo IATES/Curitiba. Gilberto também é counselor pelo IATES/Curitiba e graduado em Gestão Comercial.

Ambos atuaram em suas próprias paróquias nas pastorais, movimentos e ações sociais. O casal viveu em Portugal por sete anos, onde realizaram a missão diretamente no Santuário de Fátima, através de transmissões diárias, para a TV, da Eucaristia e da Oração do Rosário da Capelinha das Aparições.

O casal é autor dos livros publicados pela Editora Canção Nova. Atua também no apostolado como anunciadores da Palavra de Deus, e na formação e acompanhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/a-virgem-maria-e-a-virtude-da-fortaleza/

10 de dezembro de 2020

A fé nos leva a confiar em Deus em qualquer circunstância


A fé nos leva a conhecer a grandeza e a majestade do Senhor. "Deus é grande demais para que possamos conhecê-lo" (Jó 36,26). É por isso que Ele deve ser o primeiro a ser amado e servido. "Amar a Deus sobre todas as coisas", manda o primeiro mandamento.

A fé nos leva a viver em ação de graças. Se Deus é único, tudo o que somos e possuímos vem d'Ele: "Que é que possuis, que não tenhas recebido?" (1Cor 4,7). "Como retribuirei ao Senhor todo o bem que me fez?" (Sl 116,12).

A fé nos leva a confiar em Deus em qualquer circunstância

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A dignidade do homem se revela a partir da fé

A fé nos leva também a conhecer a unidade e a dignidade de todos os homens, pois todos foram criados "à imagem e semelhança de Deus" (Gn 1,27), são filhos do mesmo Deus e irmãos.

A fé nos leva a usar corretamente as coisas criadas, leva-nos a usar de tudo o que nos aproxima do Senhor e a nos desapegarmos das coisas que nos desviam d'Ele.

A confiança em Deus

Dizia São Nicolau de Flue: "Meu Senhor e meu Deus, tirai-me tudo o que me afasta de vós. Meu Senhor e meu Deus, dai-me tudo o que me aproxima de vós. Meu Senhor e meu Deus, desprendei-me de mim mesmo para doar-me por inteiro a vós."


A fé nos leva a confiar em Deus em qualquer circunstância, mesmo na adversidade. Santa Teresa de Jesus exprime-o de maneira admirável nesta oração: "Nada te perturbe, nada te assuste. Tudo passa, Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem nada lhe falta".

Só Deus basta!

(Extraído do livro "Ciência e Fé em harmonia", do Professor Felipe Aquino)



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/a-fe-nos-leva-a-confiar-em-deus-em-qualquer-circunstancia/

8 de dezembro de 2020

De Deus só espere coisas boas


Muitas vezes, acontecem situações desagradáveis na nossa vida, e logo precisamos de um culpado. E nessa de encontrar culpados, acabamos culpando Deus, questionando-O, ou melhor, murmurando: Por que Ele permitiu? Por que Ele não impediu que tal coisa acontecesse?

Só que a gente esquece de duas coisinhas. A primeira é que o Senhor nos deu o livre-arbítrio; então, as coisas que os seres humanos fazem não é culpa nem querer d'Ele, é o próprio homem que escolhe ter atitudes boas ou más.

E a segunda é que Deus não se agrada ao ver Seus filhos sofrerem. Então, o que nos acontece de ruim não é vontade d'Ele para nós. O Senhor, no Seu infinito amor, consegue aproveitar-se dessas situações para o nosso crescimento.

De Deus só espere coisas boas

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

É culpa de Deus?

Quando eu vivia um sofrimento, eu quase sempre culpava Deus, até que ouvi essa frase do Márcio Mendes, e tudo tomou outro sentido para mim: "Deus não se agrada ao ver Seus filhos sofrerem, mas Ele se alegra ao ver Seus filhos sofrendo com sabedoria". Ou seja, aproveite o que está vivendo e aprenda a ser uma pessoa melhor.

Do Senhor só espere coisas boas, pois tudo o que Ele faz é bom. "Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem" (Mt 7,11).


Então, peça coisas boas e espere as bênçãos de Deus para sua vida.



Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). Membro da Comunidade Canção Nova, desde o ano de 2009, a missionária é graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido. Instagram: @regianecn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/de-deus-so-espere-coisas-boas/

3 de dezembro de 2020

Mulher, do sexo frágil às conquistas heroicas


A mulher partiu para conquistar o direito de ser pessoa, a partir de uma condição inferiorizada, de opressão e discriminação. Porém, ela ainda está longe de receber seu verdadeiro valor. Nossa sociedade ainda sofre com uma mentalidade machista e retrógrada.

Pensamento esse que pode prejudicar todo o avanço do ser humano na direção de encontrar harmonia entre os sexos, desde os vários ambientes onde, antes, a presença maciça dos homens era comum, como nas empresas, escritórios e cargos de comando. Poderia prejudicar o avanço das mulheres, até mesmo na nossa casa, já que, também há uma participação mais ativa da mulher, pois ajuda a prover a manutenção do lar.

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A mulher ainda está longe de receber seu verdadeiro valor

O homem tem instinto caçador e pode sentir-se ameaçado quando subordinado a uma mulher ou quando está sendo alcançado por ela, seja direta – em casa ou no trabalho; ou indiretamente – pelos meios sociais, mídia e indústria específicos ao público feminino. Eles podem sentir que sua supremacia está sendo perdida. Isso gera competição e comparação que em nada contribuem para que ambos os sexos alcancem realização de vida.

Cabe a cada um discernir suas características específicas e agir, como também buscar a felicidade a partir desses pontos, somando forças e buscando união. Trazer para perto aquele que é diferente resulta em completar, preencher, transbordar de plenitude o outro que era inteiro só em si.

Gostaria de dirigir-me mais especificamente às mulheres, dizendo-lhes que os traços mais belos do ser feminino estão na percepção, na sensibilidade e na capacidade de amar. Características próprias delas. A mulher lê nas entrelinhas dos fatos, devolvendo-os sob a ótica do amor muito mais facilmente. Eis os alicerces de tantas conquistas e as vias de outras futuras!

Mestra em amar

Conquiste seu espaço sendo feminina, seja mestra em amar. Que seus argumentos sejam em atitudes de amor, decida-se por amar da forma que lhe é própria. Família, marido, namorado, pai, chefe, companheiros de trabalho. Ensine aos homens, que hoje convivem com você, que o amor sempre vence.


Sua sensibilidade, percepção e carinho despertam a atenção dos homens, mostrando-lhes que as coisas podem ser realizadas de forma diferente. Acredite neles. Quando eles têm o incentivo de uma mulher vão mais longe. Mulheres possuem um sentido apurado em perceber o que há de bom nas pessoas.

Aprendendo com as mulheres da Sagrada Escritura

Na Sagrada Escritura, temos muitos exemplos de mulheres que lutaram e venceram; ensinaram e transformaram a vida dos homens pela docilidade vinda do amor.

Suzana, convicção de sua inocência e fidelidade a Deus e ao marido. Rute, não desamparou a sogra, Noemi, por isso conheceu aquele que tinha direito de resgatá-la e ser seu futuro esposo. Ester, rainha de Assuero, rei que foi induzido a exterminar o povo judeu. Essa personagem, por sua conduta agradável ao esposo, convenceu-o de que isso seria injusto.

Finalmente Maria, esposa de São José e Mãe de Jesus, exemplo de disponibilidade ao plano de Deus. Ela foi companheira, amiga, Mãe. Ela é nossa intercessora junto de Deus. Sua conduta foi determinante no plano de salvação para os homens . Ela é espelho para toda mulher.

Nós, homens, só temos a agradecer-lhes pelo que já aprendemos de vocês e por quanto ainda aprenderemos em lhes dar o que realmente lhes é de direito: serem femininas e amar.

Deus as abençoe.



Sandro Arquejada

Missionário da Comunidade Canção Nova, Sandro Arquejada é formado em Administração de Empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente, trabalha na Editora Canção Nova. Autor de livros pela Editora Canção Nova, ele já publicou três obras: "Maria, humana como nós"; "As cinco fases do namoro"; e "Terço dos Homens e a grande missão masculina".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/mulher-do-sexo-fragil-as-conquistas-heroicas/

30 de novembro de 2020

Você tem coragem para seguir a vontade de Deus?


Já parou para pensar ou para se perguntar onde você quer chegar? Para se perguntar o que Deus espera de você? Ou, ultimamente, você tem se preocupado mais com a expectativa que as pessoas criam a seu respeito? Render-se à vontade de Deus nem sempre é fácil. Na verdade, não é fácil mesmo!

Afinal, Ele pede de nós uma disposição para entrarmos em lugares desconhecidos e nos faz descobrir em nós lugares ainda escuros, inabitados e, por vezes, deixados de lado.

Render-se à vontade de Deus nem sempre é fácil

Quando Deus nos convida a adentrarmos num processo de cura, de autoconhecimento ou conquista da liberdade interior, Ele não nos diz exatamente o que vai fazer. Pelo contrário, acho que diz da personalidade de Deus nos surpreender! Fato é que Ele respeita a nossa liberdade, não nos invade nem exige de nós um passo maior do que conseguimos dar. Por outro lado, não dá para passar a vida inteira fugindo do lugar para onde Ele quer nos levar.

Você tem coragem para seguir a vontade de Deus?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O pontapé inicial pode se espalhar em várias situações e, às vezes, a situação que parece ser o principal motivo de tudo é só o fio condutor que nos leva a uma percepção mais universal de nós mesmos. Aqui, eu não estou dizendo que a principal situação não seja importante, pelo contrário, ela é, pois sem ela talvez nada do que estejamos vivendo tivesse iniciado. Muitas vezes, no entanto, para que a principal situação seja solucionada e vivida em plenitude, o olhar vai precisar ser mais periférico, precisaremos olhar para as coisas que acontecem ao nosso redor, colher o que está acontecendo em volta, onde Deus quer chegar com todo aquele movimento que nos prepara para algo.

Caminho de autoconhecimento

Não dá para ficar preso no que as pessoas ditam a nosso respeito; é preciso saber muito bem onde se quer chegar, e 'sei lá' é uma palavra que, definitivamente, não combina com esse caminho. "Mas eu não sei nem o que eu quero fazer depois de me formar no ensino médio…" Que bom que pensa assim, pois, pelo menos, já sabe que está perdido e precisa encontrar uma direção. Isso já é um bom começo! Deus, então, inicia um caminho de autoconhecimento com você.

Eu percebi que Deus não inicia nada se não tiver um objetivo muito concreto, uma finalidade muito acertada, um projeto de felicidade. Mesmo que, durante o processo, o sofrimento pareça sem fim, agoniante e sem solução, ali existe um plano de felicidade. Quando estamos no "olho do furacão" não percebemos nada. E isso é fato, traz medo, insegurança e até um certo desespero: parece que no "túnel" encontraremos de tudo, menos a tão falada luz lá no final.

Nisso tudo existe um movimento para colocar para fora o que, de fato, nós somos. É isso mesmo, pois, muitas vezes, nossas feridas e machucados escondem quem nós somos realmente. E essas feridas nos escondem até de nós mesmos; então, passamos uma vida inteira determinados pelas nossas reações, fechados em um círculo de ideias criadas a nosso respeito por nós e pelos outros, sem nos abrirmos à descoberta real de quem nós somos!

Deus só espera a disposição do nosso coração

Já ouviu aquela frase: "Ninguém dá o que não tem?". Se não nos temos em nossas mãos, não existe a menor possibilidade de nos entregarmos a nada, nem mesmo a Deus. Se não sabemos quem somos, não há a menor possibilidade de nos aventurarmos na descoberta do outro nem na descoberta do que queremos para a nossa vida. Deus, contudo, em Sua infinita bondade, não espera que estejamos prontos para iniciar um caminho. Ele só espera a disposição do nosso coração, só espera saber o quanto nós estamos dispostos a enfrentar para nos unirmos a Ele nesse complexo caminho de descoberta e encantamento de nós mesmos.

Fugir não é o melhor caminho nem a melhor escolha, mesmo que enfrentar seja doloroso e, por vezes, um caminho lento! Por outro lado, Deus respeita nossa liberdade e o quanto conseguimos suportar de todo esse processo que Ele quer fazer conosco.

Tem medo de saber quem você é? Tem medo de saber onde Deus quer lhe falar? Pode ser que seja porque o primeiro a rejeitar seja você mesmo! Não tenha medo de olhar para você e entender que, apesar de todos os seus limites e misérias, há um Deus que o ama. Ele pode levá-lo a uma profunda experiência com Ele por meio da sua disposição de coração.



Pedro Pinheiro

Pedro Pinheiro, 24 anos, é membro da Comunidade Canção Nova desde 2016. Atualmente, ele exerce sua missionariedade no setor de Eventos, como um dos vocalistas do Ministério Amor e Adoração. Pedro é apresentador do podcast "Fala Aí".
Instagram: @pedropinheirocn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/voce-tem-coragem-para-seguir-vontade-de-deus/

26 de novembro de 2020

É preciso ter liberdade sim, mas com responsabilidade


A liberdade é uma realidade ora idealizada, ora sonhada ou perseguida por muitos. Está na moda, hoje em dia, o querer ser livre, o querer fazer o que "der na telha", ou seja, eu faço o que eu quero; além de outros pensamentos supostamente revolucionários e de cunho ideológico.

Pela dita "liberdade", muitos fazem guerra, revoltam-se, rompem paradigmas sem se importar com as devidas consequências.

É preciso ter liberdade sim, mas com responsabilidade

Foto Ilustrativa: by Getty Images / Marcio Binow Da Silva

Reflita sobre o conceito de liberdade

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos diz que "a liberdade é o poder, baseado na razão e na vontade, de agir ou não agir, portanto, de praticar atos deliberados; e também "a liberdade torna o homem responsável por seus atos" (CIC 1731,1734).

Diante disso, concluímos que liberdade é um dom de Deus, é o poder que d'Ele recebemos para decidir aquilo que desejamos para nossa vida. Porém, é preciso compreender que o conceito dessa está intimamente ligado ao de responsabilidade. Não existe liberdade sem responsabilidade, pois, como está expresso no Catecismo, quanto mais o homem age livremente, tanto mais se torna responsável pelas consequências de seus atos.

Ser livre é compreender, com maturidade, que toda ação tem uma consequência, que pode ter conotação positiva ou negativa, de acordo com a escolha que fazemos. É infantilidade agir deliberadamente, sem assumir as consequências de seus atos.


É preciso responsabilidade com a vida

Há quem viva uma sexualidade aventureira e descompromissada, apenas buscando os prazeres do sexo, mas quando se depara com uma gravidez indesejada, decide-se pelo aborto, alegando não ser capaz de assumir a criança (consequência de seu ato). Contudo, lanço a seguinte pergunta: "Por que a pessoa não pensou nisso na hora da relação sexual? Se não tem condições de criar uma criança, por que a fez inconsequentemente? Há quem fume e não quer ter câncer no pulmão, ou  há quem coma demais e não quer engordar. Da mesma forma, há quem traia e não quer ser traído". No entanto, não se pode esquecer de que todo ato tem sua consequência; e mesmo se as pessoas tentarem nos poupar disso, um dia, a vida fará com que nos encontremos com tal realidade.

Há pais que prejudicam os filhos, porque não permitem que eles experienciem as consequências de seus erros, sendo que estes também têm seu fator formativo.

Precisamos ser justos o bastante para permitir que as consequências das ações aconteçam na vida de todos, a fim de que, assim, todos compreendam que escolher é viver ou morrer aos poucos, e que a dádiva da escolha e das supostas consequências não lhes pode ser tirada por ninguém.

Escolher é construir

Vive bem quem sabe decidir, quem sabe utilizar-se de sua liberdade com a devida responsabilidade.

Que a sabedoria nos ensine pela via das consequências a melhor escolha.

Deus abençoe a todos!



Padre Adriano Zandoná

Padre Adriano Zandoná é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em Filosofia e Teologia, tem seis livros publicados: Construindo a Felicidade, Curar-se para ser Feliz, Conquistando a Liberdade Interior, 7 Passos para Restaurar sua Família, A Cura da Alma Feminina e Como Controlar e Vencer a Ansiedade. Dois quais 2 foram traduzidos para o inglês. Gravou quatro CDs pela Gravadora Canção Nova. Apresenta o programa Para ser Feliz ao vivo pela TV Canção Nova (em rede nacional), todas as terças às 20h. É membro da Direção Artística da TV Canção Nova, em Cachoeira Paulista.

Twitter: @peadrianozcn
Facebook: PadreAdrianoZandonaOficial
Instagram: @padreadrianozandona


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/e-preciso-ter-liberdade-sim-mas-com-responsabilidade/

24 de novembro de 2020

Traga o contexto bíblico para a sua vida diária


É preciso que a leitura e a reflexão dos textos bíblicos gerem frutos na nossa vida. Para isso, devemos buscar a aplicação dos ensinamentos de Jesus Cristo cientes de que são épocas e sociedades diferentes, mas o caminho da salvação não mudou. Assim, uma vez compreendida em profundidade a lição, é hora da ação. São questões importantes: o que mudou da realidade social da época de Jesus para a qual vivo hoje? Qual ensinamento é preciso ser relembrado? Como posso transmitir essa lição? Para demonstrar a importância dessas reflexões, vamos analisar a passagem da purificação do templo, que de tão significante, é relatada pelos quatro evangelistas, mas até hoje gera muitas dúvidas e interpretações erradas.

A passagem da purificação do templo pode ser lida em Mt 21,12-17; Mc 11,15-19; Lc 19,45-48 e Jo 2,13-22. É narrado que Jesus expulsa do templo aqueles que ali vendiam e compravam, transformando aquele local de oração em um "antro de ladrões". Mateus e Marcos falam, especificamente, dos vendedores de pombas. João cita também ovelhas e bois. Esses animais são importantes, porque representam as oferendas que eram entregues nos templos. Lembremo-nos de Maria e José que cumpriram o rito de purificação ao apresentar no templo "um par de rolas ou dois pombinhos" (Lc 2,24), a oferenda dos pobres (Lv 12,8). Já para os que tinham melhores condições, a oferenda deveria ser de um cordeiro de um ano como holocausto e um pombinho ou uma rola como sacrifício (Lv 12,6).

Traga o contexto bíblico para a sua vida diária

Foto ilustrativa: andreswd by Getty Images

Os ensinamentos de Jesus e a nossa vida diária

Entende-se que aqueles vendedores e compradores que Jesus expulsou do templo estavam subvertendo o rito de purificação em um mercado de animais, pois quem não comprava ali não poderia cumprir com a lei. Além disso, havia o preceito de que não se apresentasse no templo "com as mãos vazias" (Ex 23,15). Assim, o que, de início, poderia servir para facilitar o cumprimento dos preceitos, corrompeu-se, conferindo às mercadorias um valor maior do que a fé e a oração. Daí a importância da ação de Jesus, que expulsou dali aqueles que maculavam o templo sagrado e impediam os fiéis de fazer suas orações sem que antes comprassem. Os preceitos então foram transformados pela tentação e ganância.

Com uma compreensão mais clara do contexto da passagem, é preciso trazer a lição para nossa realidade, o que faremos em dois pontos. Primeiro, o verdadeiro cristão não deve ir à igreja apenas para cumprimento do preceito. É importante participar da Santa Missa todos os domingos, mas é preciso observar para que seja uma participação sincera, e não uma presença superficial. Ir à missa, porque devo ir, enquanto trato com desprezo o irmão, falto com a caridade e não faço boas obras, é como desgastar a vida cristã com aparência mundana. Estejamos atentos: ir à missa, celebrar os sacramentos e participar de pastorais sem viver os ensinamentos de Cristo fora da Igreja é hipocrisia, mero cumprimento de preceitos, como daqueles que compravam sacrifícios para apresentar no templo e de lá foram expulsos.


O outro ponto: e os vendedores? A ganância corrompeu o que, de início, seria um ato que facilitaria a vida do irmão. Se antes os vendedores visavam facilitar o acesso daqueles que desejam prestar o sacrifício, acabaram por se tornar gananciosos exploradores. Eles impediam que os fiéis entrassem no templo sem comprar suas mercadorias, usando dos preceitos e da Sagrada Escritura para constranger e intimidar. Nos dias atuais, devemos nos atentar para que o mesmo não ocorra em nossas paróquias. Vivemos em um mundo capitalista, que impõe um valor a toda atividade, e assim também é com os templos religiosos, que devem arcar com os custos de suas atividades, "pois, a César o que é de César" (Mt 22,21). É importante, contudo, evitar excessos. No que pudermos ajudar na manutenção das paróquias, façamos por caridade e fé, mas não por imposição nem constrangimento. E aos que não têm mínimas condições, que seja concedida a gratuidade, em especial para a celebração dos sacramentos, que comumente têm uma taxa.

Comércio de artigos religiosos e atos de fé

Portanto, o comércio de Bíblias, terços e outros artigos religiosos não é o que causou a expulsão dos vendedores e compradores na purificação do templo, tampouco é um ato condenável por si só nos dias atuais. Na verdade, o que devemos nos atentar é para que o pagamento ou a compra não seja impedimento para realização de atos de fé, como participação nas missas, orações na igreja, atuação em pastorais e, especialmente, celebração de sacramentos. É inegável que as paróquias têm custos de manutenção e, aos que puderem auxiliar, surge a obrigação. Por outro lado, aqueles que vivem em condição de miséria, que não lhes seja privado também a fé.

Devemos vigiar para que nossas ações não sejam mero cumprimento superficial de preceitos e para que nossas paróquias não se tornem onerosas para os fiéis. Que nossas obras sejam boas e deem frutos. Que nossas paróquias sejam acolhedoras com os mais necessitados. Tenhamos no coração a lembrança de sempre buscar o Reino de Deus e o mais nos será acrescentado (Mt 6,33). Sejamos honestos em nossas ações e caridosos com os irmãos. Que todo o templo seja purificado e livre de superficialidade e hipocrisia. Que assim seja!

Referências:

BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.
BENTO XVI. Homilia durante a XXIII Jornada Mundial da Juventude. Vaticano, 16 mar. 2008.
FRANCISCO. Homilia. Roma, 7 mar. 2015.
FRANCISCO. Meditações Matutinas. 24 nov. 2017.



Luis Gustavo Conde

Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos. Palestrante focado na doutrina cristã. Advogado com atuação na área de Direito de Família e Direito Bancário. Tecnólogo em Gestão Empresarial. Professor de cursos técnicos-profissionalizantes.
Instagram: @luisguconde Contato: luisguconde@gmail.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/traga-o-contexto-biblico-para-a-sua-vida-diaria/

20 de novembro de 2020

Vivamos na esperança dos céus novos e da terra nova


Ao falar-se de céus novos e terra nova, a Igreja tem um papel fundamental para que os cristãos compreendam tal expressão, porque é Ela que será "consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de todas as coisas, e com o gênero humano também o mundo todo, que está intimamente ligado ao homem e por meio dele atinge sua finalidade, encontrará sua restauração definitiva em Cristo" (Lumen Gentium, n. 48).

A Igreja ensina que essa realidade não acontecerá sem grandes provações. Só então, todos os justos, desde Adão, em seguida Abel, o justo, até o último eleito, serão congregados junto do Pai na Igreja universal (Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 769). Portanto, "no fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Depois do Juízo Universal, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado" (CIC, 1042). Os detalhes de como acontecerão todas estas coisas não se sabe, mas a promessa do Senhor é que haverá transformação e renovação de todas as coisas.

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Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Céus novos e terra nova: a consumação da Igreja na glória celeste

A Sagrada Escritura chama de céus novos e terra nova (Cf. 2Pd 3,13): a renovação misteriosa que há de transformar a humanidade e o mundo. É uma realização definitiva do projeto de Deus, como está em Efésios 1,10, que se reunirá sob um só chefe, Cristo, todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na terra (Cf. CIC, 1043).

Isso quer dizer que, neste universo novo, ou seja, a Jerusalém celeste, Deus terá sua morada entre os homens. Ele enxugará toda lágrima, pois nunca mais haverá morte, luto, clamor e dor, porque todas essas coisas antigas se foram (Cf. CIC, 1044).

Assim, diante desta promessa de céus novos e terra nova, que tem seu cume na nova criação em Jesus, podemos ter a certeza de que "os que estiverem unidos a Cristo, formarão a comunidade dos remidos, a cidade santa de Deus (Ap 21,2), "a Esposa do Cordeiro" (Ap 21,9). Essa não será mais ferida pelo pecado, pelas impurezas, pelo amor próprio, que destroem ou ferem a comunidade terrestre dos homens. A visão beatífica, na qual Deus se revelará de maneira inesgotável aos eleitos, será a fonte inexaurível de felicidade, de paz e de comunhão mútua" (CIC, 1045).

Então, o universo visível está destinado a ser transformado? Sim! Para que o próprio mundo, portanto restaurado em seu primeiro estado, esteja sem mais nenhum obstáculo, a serviço dos justos na participação em Cristo ressuscitado (Cf. CIC, 1047).


"Já" viver hoje o que "ainda" irá se consumar na eternidade

Como já vivermos hoje e nos prepararmos concretamente para todas essas promessas de céus novos e terra nova? Jesus Cristo nossa esperança já nos trouxe a redenção e salvação, entretanto, ainda esperamos a consumação dos últimos tempos na parusia. Nesta perspectiva, não só os seres humanos serão transformados, mas, da mesma forma, diz a Igreja que: "Deus prepara uma nova morada e nova terra. Nela reinará a justiça, e sua felicidade irá satisfazer e superar todos os desejos de paz que sobem aos corações dos homens" (CIC, 1048).

Com isso, na prática, cabe a cada um de nós vivermos este tempo de espera da melhor maneira possível, na expectativa da terra nova, que deve nos impulsionar ao desejo em aprimorar esta terra de agora. (Cf. CIC, 1049). Pois, enquanto esperamos os céus novos e terra nova, precisamos viver o amor, o perdão, a compreensão, a paz e a unidade, para que, junto ao progresso terrestre social e cultural também aconteça o progresso do Reino de Cristo.

O Catecismo, sintetiza, afirmando que é preciso propagar na terra os valores da dignidade humana, da humanidade fraterna e da liberdade, pois estes bons frutos da natureza e de nosso trabalho nós os encontraremos novamente limpos de toda impureza, iluminados e transfigurados quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal. Assim, Deus será tudo em todos na Vida Eterna (Cf. CIC, 1050).

Por fim, "desta grande esperança, a dos céus novos e da terra nova nos quais habitará a justiça, não temos penhor mais seguro, sinal mais manifesto do que a Eucaristia, pois, toda vez que é celebrado esse mistério, opera-se a obra da nossa redenção e nós partimos um mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto, não para a morte, mas para a vida eterna em Jesus Cristo" (CIC, 1405).



Márcio Leandro Fernandes

Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Márcio Leandro é também Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/vivamos-na-esperanca-dos-ceus-novos-e-da-terra-nova/

18 de novembro de 2020

Qual é a diferença da Missa diária para a Missa dominical?


Dizia o famoso orador romano Cícero que "a história é mestra da vida" (na obra De oratore, II, 9,36). Trata-se de uma sábia indicação que podemos aplicar também na questão relativa à Missa, celebrada no domingo ou nos dias da semana. Vamos, pois, à história da Missa, a partir dos dados do Novo Testamento e da primitiva história da Igreja.

O ponto de partida da nossa fé, como proclamamos no "Credo", é Jesus, que nos salva por meio de Sua morte-ressurreição. A fé dos discípulos, que tinha entrado em crise com a morte de Jesus, renasce e se fortalece com a Sua Ressurreição. E a Ressurreição de Jesus aconteceu no domingo. Desde o início, os cristãos celebraram sua fé na ressurreição por meio da Eucaristia, da Missa, exatamente no domingo, que os cristãos de origem judaica indicavam como "o primeiro dia da semana".

Qual é a diferença da Missa diária para a Missa dominical?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Quando foi a primeira Missa?

O primeiro nome da Missa foi "a fração do pão". Lemos, por exemplo, no livro dos Atos dos Apóstolos, escrito por São Lucas, que é testemunha desse fato, o seguinte: "No primeiro dia da semana, estávamos reunidos para a fração do pão" (Atos 20,7). Atenção: isso acontece durante a terceira viagem apostólica de São Paulo, no ano 58 depois de Cristo. Passaram-se apenas 28 anos da morte-ressurreição de Jesus: e os cristãos já tinham o hábito de celebrar a Eucaristia, a Missa, no domingo, que era "o primeiro dia da semana". Tal celebração, relatada no citado texto dos Atos, mostra que, substancialmente, os apóstolos seguiam o mesmo "esquema" da Missa de hoje: celebrada no domingo e dividida em duas partes, a saber, a liturgia da palavra (20,7) e a liturgia eucarística, com o "pão partido" (20,11).

Aliás, essa ligação entre Ressurreição e "primeiro dia da semana" se encontra, de maneira significativa, no capítulo 20 do Evangelho de João. "No primeiro dia da semana" (João 20,1) Jesus ressuscita e aparece a Maria Madalena. E "ao anoitecer desse dia" (João 20,19), Jesus aparece a dez discípulos: não doze, pois Judas havia se enforcado e Tomé estava ausente. Mas, "oito dias depois" (João 20,26), quer dizer, no domingo seguinte, Jesus Ressuscitado apareceu novamente, estando presente também Tomé.

Uma ligação entre Missa e domingo é encontrada também no fim da primeira carta aos Coríntios, dentro da iniciativa do apóstolo Paulo, que estava organizando uma coleta em favor dos pobres de Jerusalém. Ele, pois, escreve: "Todo primeiro dia da semana, cada um coloque de lado aquilo que consegue economizar" (1Coríntios, 16,2). Era o dia da Missa, na qual, desde então, já aparece a participação dos fiéis até com espórtulas em dinheiro para ajudar os pobres.

"Senhor" é o título de Jesus Ressuscitado, como lemos, por exemplo, na Carta aos Filipenses: "Para que toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor" (2,11). Mas, na língua latina, o termo "senhor" se traduz com a palavra "Dominus", de onde vem o termo português "domingo", quer dizer, dia do Senhor ressuscitado.

Essa palavra, "domingo", torna-se comum já na época apostólica, pois foi num dia de "domingo", dia do Senhor, que o apóstolo João recebeu as revelações relatadas no livro do Apocalipse (1,10).


A Eucaristia

Essa ligação entre domingo e Eucaristia é confirmada pelos testemunhos dos cristãos dos primeiros séculos. Santo Ignácio de Antioquia, que foi martirizado no começo do 2º século, assim escrevia na sua epístola aos Magnésios (9): "Não precisamos mais manter o sábado, como fazem os judeus. Deve, todo amigo de Cristo, observar o Dia do Senhor como festa, o dia da ressurreição, a rainha e comandante de todos os dias da semana. Foi nesse dia que a nossa vida renasceu e a vitória sobre a morte foi obtida em Cristo". E o mártir São Justino (metade do 2º século), na sua "Apologia" (I,67), fala da celebração eucarística que os primeiros cristãos comemoravam "no dia do sol", como era chamado o domingo no ambiente do Império Romano. Eis o que ele escreveu:

"No dia que se chama do sol [domingo], celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades e nos campos, e ali é lido, enquanto o tempo o permite, as recordações dos apóstolos ou os escritos dos profetas". E continua falando da homilia, da oração dos fiéis e da liturgia eucarística (consagração e comunhão).

Certamente, toda Eucaristia é importante, também aquela que não é celebrada no domingo, pois, como diz o apóstolo Paulo, "todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor até que Ele venha". (1Coríntios 11,26).

Não podemos, no entanto, esquecer que, no começo, a Missa era celebrada exatamente no domingo, para os cristãos manifestarem, juntos, sua fé na Ressurreição de Jesus. Esse é o ponto de partida da nossa fé cristã. Naturalmente, quem puder participar também nos dias da semana vai fortalecer sua comunhão com Jesus. Papa Francisco nos traz essa bela novidade: é o primeiro Papa que partilha, pelos meios de comunicação, a homilia que ele profere durante a Missa celebrada nos dias da semana.



Lino Rampazzo

Doutor em Teologia pela Pontificia Università Lateranense (Roma), Lino Rampazzo é professor e pesquisador no Programa de Mestrado em Direito do Centro Unisal – U.E. de Lorena (SP) – e coordenador do Curso de Teologia da Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/qual-e-a-diferenca-da-missa-diaria-para-a-missa-dominical/

16 de novembro de 2020

É possível prosseguir quando os caminhos não são fáceis?


Muitas vezes, os caminhos que escolhemos não se apresentam tão fáceis como imaginávamos que seriam; e o desejo de desistir vem logo tomar conta do nosso coração e sentimento.

Nada é fácil nesta vida, e dificuldades nós as encontraremos sempre, independente das escolhas que fizermos. Se tudo é difícil, o que fazer então? Seguir em frente, não parar, não estacionar nem ficar naquela de quem não sabe se casa ou se compra uma bicicleta, pois as indecisões e os arrependimentos nos paralisam e nos impedem de atingirmos a nossa meta.

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Os caminhos difíceis nos forjam maturidade

Por isso, mesmo que estejamos vivendo situações complicadas, não podemos ficar parados. Temos de nos levantar e seguir em frente. Não dá para voltar, pois o que deixamos, com certeza, já mudou; aliás, nós já mudamos. Estamos numa constante transformação, e como diz o ditado: "Ninguém se banha no mesmo rio duas vezes". É realmente isso que acontece, pois aquelas águas nas quais a pessoa se banhou, já passaram, já são outras águas, e assim também somos nós: a cada dia que vivemos coisas novas, vamos sendo transformados por elas.

Não existe segurança no passado, só podemos aprender com ele. Os sofrimentos servem para nos fazer crescer. Se soubermos aprender com ele, será para nós um grande mestre, e cresceremos muito como pessoa. Então, mesmo sofrendo, não podemos ficar estacionados. Temos que prosseguir.


Decida-se e siga em frente

Peçamos a ajuda de Deus para nos mostrar quais são os passos, em qual direção precisamos ir, e sigamos. "O importante é prosseguir decididamente" (Filipenses 3,16). Somente prosseguindo vamos saber as graças e bênçãos que Deus tem para nós lá na frente. Abraão não sabia o que aconteceria com ele quando Deus pediu para ele sair de sua terra e ir para outro lugar. Se Abraão não tivesse tido a coragem de partir, mesmo não sabendo o que Ele iria encontrar, ele não seria o Pai da fé. Por isso eu lhe digo: se continuarmos estacionados, nunca saberemos o que Deus tem para nossa vida.

Não percamos tempo! Tomemos a decisão de seguir em frente.



Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). Membro da Comunidade Canção Nova, desde o ano de 2009, a missionária é graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido. Instagram: @regianecn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/e-possivel-prosseguir-quando-os-caminhos-nao-sao-faceis/

13 de novembro de 2020

Mais do que nunca, é preciso entender que só nos resta o hoje


Sei que nada sei. Essa frase atribuída ao filósofo grego Sócrates pode resumir boa parte do ano de 2020. Todos nós tínhamos planos e sonhos, expectativas e planejamentos que foram interrompidos devido à pandemia de coronavírus. O mundo todo se voltou para essa nova síndrome respiratória com causas, efeitos e consequências ainda controversas e em observação por parte da comunidade científica, que tem buscado uma vacina para que, aos poucos, o cotidiano volte ao normal.

Inclusive, o termo "novo normal" foi popularizado para representar esse momento em que utensílios de proteção individual, antes restritos ao cotidiano dos profissionais de saúde, como a máscara facial e o álcool gel, fazem parte das necessidades básicas das pessoas.

A pandemia trouxe à tona a fragilidade do homem que se crê invencível e controlador de sua vida. Boa parte das pessoas tinha, até então, uma falsa sensação de poder absoluto sobre a própria vida, organizada em planilhas, agendas, planejamento conforme suas economias, alimentos, lazer e descanso. Na verdade, nada disso é suficiente para se garantir uma vida em paz.

Mais do que nunca é preciso entender que só nos resta o hoje

Foto ilustrativa: Anastasiia Makarevich by Getty Images

Nós só podemos escolher o hoje

Bastou um novo vírus microscópico para que a humanidade percebesse a sua fragilidade e insignificância. Por mais que se tenha avançado no conhecimento científico e tecnológico, o ser humano é finito, tem inteligência limitada e precisa reconhecer esses limites.

Nós só temos duas certezas em nosso cotidiano: o agora e a hora de nossa morte, como bem rezamos na Ave-Maria. Todo o resto é poeira, é imaginação, e é impossível de ser previsto e garantido.

Durante o isolamento social, muitas famílias se redescobriram: esposos, filhos e pais passaram a conviver muito mais tempo, e puderam exercitar as virtudes como a tolerância, o perdão, a reconciliação, a humildade. Talvez, antes disso, nunca tenhamos parado para pensar em como é difícil suportar os da nossa família, pois a rotina atribulada nos permitia que cada um tivesse suas fugas, mas, durante o isolamento, não houve escolha.

Tivemos que nos confrontar conosco mesmos. Quantos de nós vivíamos de saída em saída, de barulho em barulho, de casa em casa de amigos, de bar em bar, fugindo de nossas fragilidades, da nossa solidão e dos nossos defeitos! Escondendo-nos em uma rotina bastante agitada para que não nos debruçássemos sobre a nossa própria personalidade.

Isolados, muitos perderam o rumo, perderam o emprego, e famílias se desfizeram. Outros conseguiram fazer da crise alguma oportunidade de emprego e renda, nos diferentes setores que se abriram, tal como a educação on-line, os fornecedores de equipamentos de saúde e também os serviços delivery, para citar alguns exemplos. Muitos de nós estão ainda em busca do sentido desse tempo. Outros ainda conseguiram se encontrar como família, sem falsas ilusões, e se instalar na realidade cotidiana dando um passo para melhorar a própria vida e de quem está ao seu redor.


Reflexão

Chegado o fim do ano, é importante que cada pessoa e cada família possa refletir sobre esse tempo e seus aprendizados, e muitos podem ser os elementos norteadores da sua análise, mas eu sugiro que você comece respondendo o seguinte:

Em que você deposita sua esperança?

Qual a sua fonte de alegria, de paz, seu motivo para acordar todos os dias de manhã disposto a enfrentar um novo dia de vida?

Enquanto depositarmos esperanças naquilo que passa, nos prazeres e aparentes seguranças deste mundo, nos governos cujas decisões independem de nós, ficaremos sempre à deriva, cada vez que uma nova realidade que foge do nosso controle nos aparecer – e elas são muitas, e estão todos os dias à nossa frente. Por mais que tenhamos mecanismos para tentar trazer segurança, a verdade é que nossa vida, saúde e segurança não dependem exclusivamente de nós e de nossas escolhas.

Quem vive uma vida sobrenatural, certo de que estamos neste mundo apenas de passagem, tem mais condição de enxergar que a pandemia só escancarou nossa fragilidade. Observe seu cotidiano como um grande milagre, não como sorte, fruto do acaso ou apenas sucessão de um dia após o outro.

Eu não sei como você está hoje, mas sei que se você observar, todos os dias, tudo que de bom e ruim aconteceu para você, e meditar sobre as suas atitudes em cada uma das situações, conseguirá ter mais presença e personalidade na sua vida. E finalizo concordando com Sócrates: a vida irrefletida não vale a pena ser vivida.



Mariella Silva de Oliveira Costa

Além de professora, pesquisadora e jornalista, é Doutora com pós-doutorado em Saúde Coletiva (UnB), Mestra em Tocoginecologia (Unicamp), especialista em Jornalismo Científico (Unicamp) e graduada em Comunicação Social (UFV). Servidora pública federal e idealizadora de muitasmarias.com
Instagram : @marielladeoliveiracostawww.youtube.com/mariellaoficial


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