30 de dezembro de 2022

A oração de Maria do Natal ao Pentecostes


No Natal, a manifestação do Verbo neste mundo é uma manifestação de luz: uma claridade surge no céu, uma estrela guia os magos, os anjos cantam na terra "paz aos homens, objeto da benevolência divina" (Lc 2,14); e nessa manifestação simbólica de luz, iluminados também por ela, nós encontramos São José e a Santíssima Virgem.

A vida que a habitou não deixa a Virgem; essa vida está, daqui em diante, no Verbo encarnado que ela contempla e que as almas poderão agora contemplar como ela, sob o doce véu da carne que ela lhe deu. Nós gostamos de vê-la, a primeira a inclinar-se sobre o olhar que se abre do Menino Deus. Nós pensamos nas fontes cristalinas de São João da Cruz, nas cavernas de pedra; é a Virgem a primeira a conhecê-las.

Todas as luzes do Natal, os acontecimentos as confirmam: eis os pastores e eis os magos que tornam verídicas as palavras do anjo. Eis ainda, no dia da Apresentação, o canto de Simeão e as palavras da profetisa Ana. Tudo isso é para a Virgem um comentário do que ela sabia sem dúvida, mas jamais se sabe bastante dessas coisas.

A Virgem dá graças a Deus!

Mas outras palavras confirmam uma segunda luz: "Uma espada de dor transpassará vossa alma" (Lc 2,35). Ela conhece também o anúncio que faz do profeta Isaías o homem de dor, e ela já encontrou nos olhos de seu Filho o mistério da Redenção. Eis, pois, a confirmação.

Crédito: Keith Lance by GettyImages/cancaonova.com

Qual será essa espada? Ela não o sabe em detalhe, mas a palavra basta para fazer brilhar, em sua oração, o mistério da Redenção.

A oração de Maria do Natal até a vida pública de Jesus

A Virgem sabe que ela dá seu Filho, depois de ter dado completamente a si mesma. Ela sabe que O envia ao sofrimento e à morte, que Deus lhe dará isso. Toda a sua oração de Nazaré aí está: silenciosa, misteriosa, com luz e sofrimento, já sob o véu da Paixão, sem detalhes precisos: um conjunto de sofrimentos onde domina aquele do peso do pecado. A participação da Virgem na Paixão será, aliás, como a nossa, somente interior; é o Getsêmani.

É por esse sofrimento da Mãe do Verbo que ela gera os homens.

Virão em seguida as realizações, primeiro com o ministério público de Nosso Senhor. Maria vibra com os sucessos obtidos na Galileia, e sofre com as dificuldades na Judeia. Eis, enfim, a hora anunciada de Jerusalém. É preciso que a Virgem esteja lá, que ela cumpra sua missão de corredentora.

A oração de Maria na Paixão e na Ressurreição de Jesus

Maria sobe a Jerusalém, onde verá com seus próprios olhos os sofrimentos aos quais é preciso se unir. Notemos as disposições da Virgem nesse momento da Paixão. Mãe dos homens, é a esta segunda graça que ela sacrifica tudo; mãe de Deus, deveria defender seu Filho. Ela não o faz, pois vê os desígnios de Deus; não é somente mãe da Cabeça do Corpo místico, mas dos membros também. Maria oferece, então, seu Filho e O dá completamente, pois a segunda graça exige e comanda tudo nesse momento; poder-se-ia dizer, então, que ela nos ama mais do que a seu Filho.

A Virgem dá também a si mesma, assistindo, visivelmente e com os olhos bem abertos, à Paixão sobre o Calvário.

Quem poderá conhecer o sofrimento de Jesus? Só a Virgem o pode, pois só ela foi ao fundo da alma do Cristo, em todos os instantes, e sobretudo naquele. Maria vê em Jesus a oposição dolorosa do pecado e da pureza divina; ela ressente toda a rudeza dos golpes que caem sobre essa sensibilidade delicada e vigorosa. Entretanto, não há nela fraqueza, nem desmaio. Não. A graça da maternidade a sustenta. Ela conhece o porquê de tudo isso, e não fraqueja, nem ao grito de Nosso Senhor, nem ao seu último suspiro.

Eis teu filho!

A Virgem sabe, como o saberão os santos, que ela gera almas pelo sofrimento, e Nosso Senhor quer confirmar exteriormente essa luz interior. Ele lhe apresenta São João, em quem ela vê a humanidade regenerada: "Eis teu filho" (Jo 19,26).

Maria fica de pé após a morte do Cristo, no Calvário, e é aí que ela é a mais formosa. Parece que sua obra está destruída. Por que ficar lá? Para guardar e representar a esperança.

Tem o corpo de seu Filho entre seus braços, tem à sua disposição o sangue de Cristo, que vai poder dispensar. E porque ela é Mãe do Cristo morto, é também Mãe da Vida, Mãe do Corpo místico que vai se construir pelo mérito da morte de Nosso Senhor.

Desaparece por isso a angústia? Não. Os contrários se unem na vida espiritual. A Virgem continua firme na luta dos dois amores: a maternidade dos homens feriu a maternidade divina com um inefável sofrimento. Santa Teresa de Ávila diz que Nosso Senhor veio muito rapidamente fazer cessar essa dor da qual a Virgem teria morrido seguramente, pois pensemos que, em Maria, a oração continua sempre, todas as suas faculdades estão orientadas em Deus, para a luz, quer sejam de alegria quer sejam luzes dolorosas.

Toda a alma da Virgem vai participar também da Ressurreição.

Que alegria e que glória contemplar esta humanidade transformada, este triunfo da vida divina no corpo do Cristo, pois é também a vida que triunfa no Corpo místico; os Apóstolos lá estão. É a realização, o começo das grandes esperanças.

Sua oração sempre pacífica é, no entanto, triunfante durante os quarenta dias após a Páscoa.

Assim, toda a sua vida é de oração: receber cada coisa e as conservar em seu coração para as repassar na contemplação (cf. Lc 2, 19.51).

A oração de Maria da Ascensão ao Pentecostes

Depois é a Ascensão, a partida de Nosso Senhor. A tristeza que invade os Apóstolos teria podido invadir também a Virgem. Mas não importa que Jesus não esteja mais aqui, pois ele tem a glória nos céus; e, portanto, sua obra está lá. Os Apóstolos não o compreenderam ainda; é Maria que os prepara para receber a luz na oração e na paz, antes da chegada do Espírito Santo. Ei-lo, e ele a enche, ela, em primeiro lugar, para a ação.


Este é o natal do Corpo místico. O Espírito que cumula a Virgem a fecunda uma segunda vez até a consumação dos séculos, e sua presença nela se une à do Verbo. É aí, nesse momento, que ela se torna Mãe de Vida. Até então, a luz lhe tinha sido velada; hoje, essa luz transborda. Compreende-se então o desejo que teve Maria de se retirar na solidão e no recolhimento, para receber em plenitude o Espírito Santo e o difundir com mais abundância sobre Pedro, Paulo, João, e sentir que a vida nascia ao redor do amor.

A oração da Virgem se aproxima então da oração de Nosso Senhor para a união do Corpo místico (cf. Jo 17, 20-26).

"Que eles sejam um comigo, pode ela dizer também, como o Verbo o é comigo, e que eles tenham toda a luz que vós me tendes dado. Eu vos peço por eles, para que eles tenham a iluminação e o amor que vós tendes derramado sobre mim".

Eis, pois, a oração da Virgem

Nós gostamos de ver assim a Virgem, não somente na pura luz de sua irradiação de glória, mas também nos detalhes, nas modalidades exteriores que tomava sua oração.

A Virgem foi humana mais do que nós; sentiu mais profundamente do que nós, porque era mais sensível. Sofreu mais do que nós podemos sofrer.

A Virgem é também mais mãe do que todas as mães: ela é unicamente mãe.

Após Pentecostes, ela não é verdadeiramente senão Mãe, toda entregue à sua graça maternal pela qual deu seu Filho. Também nós devemos nos sentir envolvidos em seu amor maternal imenso. Maria nos amou a ponto de nos sacrificar seu Filho; ela nos restou depois dele, aumentando ainda sua graça: por isso, sempre para nós, suas capacidades de amor. Prestemos a esse amor uma homenagem também de confiança e de abandono. Entreguemos-lhe toda a nossa alma, todo o nosso corpo, pois nossa Mãe não faz distinção entre nossas necessidades: a maternidade espiritual envolve tudo. Abandonemos tudo a esse amor, quaisquer que sejam as circunstâncias em que nos encontremos.

Sejamos filhos, verdadeiramente, dessa Mãe de Deus: ele vem a nós por ela.



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/oracao-de-maria-natal-ao-pentecostes/


29 de dezembro de 2022

Por que o alcoolismo é pecado?


Tudo que atenta contra a vida humana está contra a vontade de Deus. Jesus disse que veio "para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância" (Jo 10,10). Nosso corpo é templo da Santíssima Trindade. São Paulo disse: "Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós. Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado – e isto sois vós" (1 Cor 3,16-17).

Há muitas maneiras de destruir o corpo e a vida: a violência, os esportes perigosos e absurdos, e as drogas, como a maconha, cocaína, crack, LSD, alcoolismo…

Alcoolismo

Tudo isso é pecado porque ofende o Autor da vida, que nos deu a vida como um grande dom e presente para ser vivida para os outros. A vida não é nossa, é de Deus; não sabíamos o dia do nascimento e não sabemos o dia da morte. Ela está em nós, mas não nos pertence. Somos administrador dela e teremos de prestar contas ao Criador.

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Como lidar com o vício do meu cônjuge?

O alcoolismo destrói a pessoa radicalmente. Seu cérebro vai sendo "cozido" pelo álcool e todo o organismo vai morrendo, especialmente o fígado. Dá pena ver quantos homens e mulheres jovens dominados pelo álcool! Além disso, a família sofre as terríveis consequências de um pai ou de uma mãe embriagados; o casamento perece, os filhos sofrem… "O salário do pecado é a morte" (Rom 6,13).


Todo cristão tem de lutar contra a bebida

As razões pelas quais a pessoa mergulha no álcool, compulsivamente, são muitos. A música "O Ébrio", de Vicente Celestino, retrata bem isso. Em muitos se torna uma doença, e isso diminui, de certa forma, a culpa. Mas todo cristão tem de lutar contra a bebida. Não se deixar buscar nela uma fuga para os problemas da vida. É uma atitude de fraqueza e covardia. São Paulo diz: "não vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei-vos do Espírito" (Ef 5, 18). O Apóstolo não está proibindo beber vinho moderadamente, mas se embriagar. Ele recomendava a Timóteo "tomar também um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes indisposições" (I Tm 5, 23).

Vigilância e oração

O cristão pauta a sua vida pela "vigilância e oração" e coloca todas as suas preocupações nos braços do Pai e confia nele, sem buscar nas fugas a solução errada para seus males. É na oração, na Palavra de Deus, na Eucaristia e na Confissão, no santo Terço, que vamos buscar forças para vencer nossas mazelas, mas jamais no álcool.

Aqueles que, porventura, se entregaram ao vicio, devem lutar com as armas da fé, citadas acima, e as armas da terapia: acompanhamento médico, podendo participar dos Alcoólicos Anônimos, buscar uma boa Casa de Recuperação, como as de Bethânia, fundadas por padre Léo etc.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/por-que-o-alcoolismo-e-pecado/


23 de dezembro de 2022

Você sabe qual é verdadeiro sentido do Natal de Jesus?

No final do Tempo do Advento e na proximidade das festas natalinas, o verdadeiro sentido do Natal, da vinda de Jesus Cristo ao mundo, pode ficar obscurecido em meio a tantas coisas que podemos julgar importantes, mas na realidade não são. Neste tempo, é normal que nos preocupemos com a ceia de Natal, com os presentes, com a roupa que vestiremos e tantos outros detalhes que fazem parte das comemorações. No entanto, celebrar o Natal não é simplesmente festejar o aniversário de Jesus Cristo. Em festas de aniversário, normalmente a preparação se limita ao cuidado com o lugar da festa, as comidas, as bebidas, a lista de convidados e outros detalhes exteriores.

Mas celebrar o nascimento de Jesus Cristo, "Deus conosco", exige muito mais do que a simples preparação exterior. A este respeito, podemos até dizer que nos confassamos e fizemos atos de caridade, que neste tempo são práticas comuns. Estas nos ajudam a nos preparar para o Natal, mas não suficientes. O Menino Deus precisa ser acolhido e, para saber se estamos prontos para isso, podemos fazer a nós mesmos algumas perguntas: temos lugar para Deus em nossas vidas? Onde acolheremos o Senhor? Qual será a nossa atitude depois de acolher Jesus Cristo em nossas vidas? Responder a estas perguntas pode nos revelar qual é o verdadeiro sentido do Natal.

O verdadeiro anúncio é levar Jesus Cristo

Em Belém, ninguém quis acolher São José e a Virgem Maria, e com ela o Menino Deus. Neste fato, temos uma imagem da realidade espiritual de que, quando deixamos de acolher a Mãe, deixamos de acolher também o Filho. Como não havia outro lugar, a Santíssima Virgem "deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria". Esta hospedaria é a imagem dos corações ingratos, que acolhem qualquer tipo de pessoas, mas não tem lugar para Deus.

Crédito: Liliboas by Gettyimages/cancaonova.com

A este respeito, "Maria Santíssima disse a uma alma devota: Foi uma disposição divina que a mim e a meu Filho nos faltasse agasalho da parte dos homens, afim de que as almas cativadas pelo amor de Jesus se oferecessem a si próprias para o acolherem e o convidassem amorosamente a tomar morada em seus corações". Depois de dois mil anos, Jesus Cristo continua a vir e procurar um lugar para nascer. Entretanto, quantas vezes não somos nós mesmos que não temos lugar para Ele, por que amamos muito mais as criaturas do que o Criador? Por vezes, nossos corações são como uma péssima hospedaria, cheia de hóspedes das piores estirpes: egoístas, mentirosos, arrogantes, preguiçosos, amantes do prazer. Quantas vezes dizemos que não temos tempo para rezar, mas na correria do dia a dia temos tempo para tudo e para todos, menos para o Senhor do tempo?

Por estas e outras razões que nos venham ao pensamento nestas reflexões, este Natal é um convite para que preparemos o nosso interior e acolhamos o Menino Jesus, que fará morada Sua em nossos corações.

Ser alcançados pela presença de Deus

Jesus Cristo veio ao mundo, que "foi criado por ele e para ele", mas não foi acolhido pelos homens: "Veio para o que era seu e os seus não o receberam". Por isso, o Natal é sempre um convite para preparar os nossos corações para acolher o Menino Jesus, pois "a Verdade que salva a vida acende o coração de quem a recebe com um amor para com o próximo que move a liberdade a voltar a dar aquilo que se recebeu gratuitamente".

Esta é uma oportunidade que não devemos desprezar, já que "ser alcançados pela presença de Deus, que se faz próximo de nós no Natal, é um dom inestimável. Dom capaz de nos fazer 'viver no abraço universal dos amigos de Deus' naquela 'rede de amizade com Cristo, que une céu e terra', que alarga a liberdade humana para o seu cumprimento e que, se for vivida na sua verdade, floresce 'num amor gratuito e cheio de solicitude pelo bem de todos os homens'. Nada é mais belo, urgente e importante que voltar a dar gratuitamente aos homens o que recebemos gratuitamente de Deus!" Nada nos dispensa ou livra deste grave e fascinante compromisso. Dessa forma, "a alegria do Natal, que já conhecemos, enquanto nos enche de esperança, estimula-nos ao mesmo tempo a anunciar a todos a presença de Deus no meio de nós".


A Virgem Maria como modelo incomparável de evangelização

Neste anúncio, temos a Virgem Maria como modelo incomparável de evangelização, pois ela "comunicou ao mundo não uma ideia, mas Jesus, Verbo encarnado". Depois de receber o anúncio do Arcanjo São Gabriel e da realização do Mistério da Encarnação do Verbo, a Virgem de Nazaré partiu apressadamente para as montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou sua prima Santa Isabel. "Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo".

Em Santa Isabel e em seu filho São João Batista, ainda em seu ventre, se realiza o primeiro milagre de Jesus Cristo na ordem da graça. Ambos recebem o Espírito Santo através da simples saudação da Santíssima Virgem, pois ela levou o Menino Deus em seu seio à casa de São Zacarias e Santa Isabel. O Evangelho ainda não fora anunciado por Jesus Cristo, mas Ele, a Boa Nova em pessoa, estava no ventre de Maria. A Virgem Maria sempre leva seu Filho Jesus nos lábios e no coração, por isso sua ação foi tão eficaz.

Jesus Cristo está presente no meio de nós

Por isso, invoquemos Nossa Senhora com confiança, para que recebamos a graça de levar Jesus Cristo, o Salvador, aos homens do nosso tempo. Dessa forma, cada um de nós deve sentir a alegria de partilhar com os outros a Boa Nova do Filho de Deus: "de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna". Jesus Cristo está presente no meio de nós. Ele é o Emanuel, que significa Deus conosco. Jesus não é um Deus distante, mas está sempre presente em nossas vidas. Esta presença de Jesus Cristo é o motivo de nossa alegria, que nos impulsiona a anunciar esta Boa Nova, e o verdadeiro sentido do Natal.

O Natal e a expectativa da vinda gloriosa de Jesus Cristo

Portanto, o verdadeiro sentido do Natal é que Jesus Cristo veio ao mundo e permanece em nosso meio: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo". O Emanuel está e estará sempre presente, nos sacrários por toda a terra, na celebração dos Sacramentos, mas principalmente em nossos corações, até sua vinda definitiva no fim dos tempos.

Neste sentido, a preparação para o Natal se reveste de um caráter permanente, pois o Senhor Jesus está sempre conosco, mas ao mesmo tempo, a sua presença se renova através dos Sacramentos, especialmente na Liturgia. Além disso, devemos vigiar e orar, pois podemos perder a presença do Senhor por causa de nossos pecados e também por que não sabemos o dia nem a hora, se estamos ou não na iminência da segunda e definitiva vinda de Jesus Cristo.

Na expectativa da vinda gloriosa do Senhor, devemos preparar continuamente os nossos corações. No entanto, na segunda vinda do Senhor, não seremos mais nós que O acolheremos em nossos corações. Mas será o próprio Filho de Deus quem preparará um lugar para nós e nos acolherá: "Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo".

 A vinda do Menino Jesus ao mundo

Sendo assim, o Natal é tempo de alegria pela vinda do Menino Jesus ao mundo, mas também é o tempo propício para renovarmos o compromisso de nos prepararmos continuamente para a segunda vinda do Senhor. Pois são "felizes aqueles que lavam as suas vestes [e as alvejaram no sangue do Cordeiro] para ter direito à árvore da vida e poder entrar na cidade pelas portas. Isso posto, a partir deste Ano Santo da Misericórdia, acolhamos a misericórdia de Deus em nossas vidas e assumamos com determinação a nossa vida espiritual.

Por fim, acolhamos com amor a Virgem Maria em nossos corações, pois com ela acolheremos seu divino Filho, e vivamos com alegria a expectativa da vinda gloriosa do Salvador: "Vem, Senhor Jesus!"



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/voce-sabe-qual-e-verdadeiro-sentido-do-natal-de-jesus/

21 de dezembro de 2022

A Imaculada Conceição de Maria no Advento


No Advento eterno, antes da criação do mundo, a Imaculada Conceição de Maria já estava no desígnio amoroso de Deus para a humanidade. É significativo refletir sobre esta verdade, especialmente no Tempo do Advento e na proximidade da Solenidade da Imaculada Conceição. A este respeito, o Papa São João Paulo II nos ensina que existe um Advento primordial e eterno em Deus, que está se cumprindo na história da humanidade.

Este Advento eterno, que é o projeto de Deus para a humanidade, realiza-se em três fases na história da salvação. No primeiro Advento, tem início a Criação do mundo, que tem como centro e ápice o gênero humano, ainda em plena harmonia com o Criador. O segundo, começa com a queda de Adão e termina na primeira vinda de Jesus Cristo. O terceiro e último, tem início naquele que chamamos de Tempo da Igreja, que vivemos hoje e que culminará com a segunda e definitiva vinda do Senhor.

Desde o Advento primordial, Maria foi escolhida, predestinada, para ser a Mãe do Verbo Eterno. Em vista dessa suprema dignidade, foi também concedida a Mãe de Deus a maravilhosa graça da Imaculada Conceição. A graça da Imaculada, que celebramos com toda a Igreja no Tempo do Advento, diz respeito não somente a Santíssima Virgem, mas também à escolha de Deus a respeito de cada um de nós desde toda a eternidade.

A Imaculada Conceição no Advento primordial

Na carta aos Efésios, o apóstolo São Paulo nos dá uma belíssima imagem do Advento: "Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N'Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos". Esta não é ainda a imagem do Advento da vinda de Jesus Cristo, mas "trata-se daquele Advento eterno cujo início se encontra em Deus mesmo, 'antes da constituição do mundo', porque já a 'constituição do mundo' foi o primeiro passo da Vinda de Deus ao homem, o primeiro ato do Advento".

Créditos: by Getty Images / Sidney de Almeida/cancaonova.com

Neste primeiro Advento, todo o mundo visível foi criado para o homem como demonstra o livro do Gênesis. Mas "o início do Advento em Deus é o Seu eterno projeto de criação do mundo e do homem, projeto nascido do amor. Este amor se manifesta com a eterna opção do homem em Cristo, Verbo Encarnado". Em Cristo, fomos escolhidos por Deus, antes da constituição do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos.


"Neste eterno Advento está presente Maria. Entre todos os homens que o Pai escolheu em Cristo, Ela foi-o de modo particular e excepcional, porque foi escolhida em Cristo para ser Mãe de Cristo". E assim Ela, melhor do que qualquer outra pessoa entre os homens "predestinados pelo Pai" para a dignidade de filhos e filhas adotivos, foi predestinada de modo especialíssimo para fazer resplandecer a sua maravilhosa graça, que o Pai nos deu no Filho Bem-amado.

A Virgem Maria

A glória sublime da especialíssima graça de Deus é a Maternidade do Verbo eterno e, em consideração desta, a Mãe de Deus obteve em Cristo também a graça da Imaculada Conceição. Sendo assim, a Virgem Maria está presente naquele primeiro e eterno Advento da Palavra com a dignidade de Mãe de Deus e da sua Imaculada Conceição, segundo o desígnio de Amor do Pai na criação do mundo e no projeto de salvação da humanidade.



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/imaculada-conceicao-de-maria-no-advento/


19 de dezembro de 2022

A Virgem Maria e a figura bíblica da Mulher

A Santíssima Virgem Maria está presente na Bíblia desde o Antigo Testamento, na figura da Mulher, da excelsa Filha de Sião.

A Bíblia e a Tradição da Igreja que, juntas, formam o único depósito da Revelação divina, mostram, de modo cada vez mais evidente, o papel da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo, na economia da salvação da humanidade. Hoje, sabemos que "os livros do Antigo Testamento descrevem a história da salvação, na qual se vai preparando lentamente a vinda de Cristo ao mundo".

Os livros do Velho Testamento, lidos na Igreja e interpretados à luz da Tradição viva, evidenciam a figura de uma "Mulher", a Mãe do Filho de Deus, especialmente, naquele que é chamado de "Protoevangelho": "Maria encontra-se já profeticamente delineada na promessa da vitória sobre a serpente (cf. Gn 3,15), feita aos primeiros pais caídos no pecado".

Créditos: Arquivo CN

A Mulher e a descendência que esmagará a cabeça da serpente

Na maldição da serpente, encontramos não somente a figura da Mulher, que representa a Virgem Maria, mas também seu Filho Jesus Cristo: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3, 15). Os Padres da Igreja viram nesta passagem uma primeira promessa da encarnação do Verbo de Deus, da vinda do Salvador da humanidade, uma referência à descendência de Nossa Senhora, que esmagará a cabeça da serpente.

O Protoevangelho nos ajuda a compreender que o mistério da encarnação do Verbo de Deus, no seio da Virgem Maria, estava previsto desde o início: "Não houve na história um único instante sem Evangelho. No momento da queda começa também a promessa. Para os Padres [da Igreja], era também importante o fato de já nesse momento inicial o tema cristológico estar inseparavelmente ligado ao tema mariano". Dessa forma, vemos que a primeira promessa da vinda do Filho de Deus ao mundo, decifrável somente através de uma iluminação posterior, é uma promessa à mulher, através da Mulher, da Virgem Mãe de Deus.


A promessa da Virgem que conceberia o futuro Rei de Israel

Nossa Senhora é a Virgem, que conceberá e dará à luz um Filho, cujo nome será Emanuel, que significa Deus está conosco: "Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco" (Is 7,14). Maria Santíssima é aquela que gerará o futuro Rei do povo de Israel, que nascerá em Belém de Éfrata, conforme as palavras do profeta Miqueias:

"Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado. Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel. Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele será exaltado até os confins da terra" (Mq 5, 1-3).

Na plenitude dos tempos (cf. Gl 4, 4), tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que Deus Todo-poderoso tinha dito através da profecia de Miqueias: "Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus conosco" (Mt 1, 22-23).

Septuaginta, versão da Bíblia hebraica na língua grega, traduziu o termo hebraico "alma", que significa "jovem", da passagem da profecia de Isaías (cf. Is 7,14), pelo grego "parthenos", que significa "virgem". A Sagrada Tradição assim traduziu, porque "essa é a compreensão de Mateus ao falar da origem singular do Filho de Deus humanado".

A Mulher e o cumprimento das promessas do Antigo Testamento

A Virgem de Nazaré é a excelsa Filha de Sião: "Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém!" (Sf 3, 14). Nela se realiza a promessa, se cumprem os tempos e se inaugura a nova economia da salvação, quando o Verbo de Deus recebeu de Nossa Senhora a natureza humana, a fim de, libertar o gênero humano do pecado através dos mistérios da Sua vida terrena.

Portanto, a Santíssima Virgem Maria se faz presente nas Sagradas Escrituras e no desígnio divino para a salvação da humanidade de modo único. Desde o momento da queda de Adão e Eva, nossos primeiros pais, a promessa do Senhor esteve presente (cf. Gn 3,15). O Messias, nosso Senhor Jesus Cristo, e a "Mulher", a Virgem Maria, estão presentes de modo inseparável na economia da salvação do gênero humano. As Sagradas Escrituras e a Tradição da Igreja atestam que em Nossa Senhora se realizaram as promessas do Antigo Testamento. Pois, o Espírito Santo desceu sobre a Virgem Santíssima e a força do Altíssimo a envolveu com sua sombra (cf. Lc 1, 35), e nela foi concebido Jesus Cristo, o Filho de Deus, prometido pelo Pai como Salvador da humanidade.



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/a-virgem-maria-e-a-figura-biblica-da-mulher/

14 de dezembro de 2022

Monsenhor Jonas Abib: Agora meus olhos Te viram!


Percebo que Deus nos quer levar a assumir e a viver aquilo que São Paulo expressa como experiência pessoal: "Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja" (Col 1,24).

Temos experimentado muitos sofrimentos: tanto cada um de nós pessoalmente como as nossas famílias. Temos experimentado o "completar na nossa carne o que falta às tribulações de Cristo". O que nos faltava certamente, e o Senhor nos quer ver assumindo agora, é o "alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós". É a alegria no sofrimento. É o acolher, de coração e com alegria, os sofrimentos que nos atingem. Nós sofremos por aqueles a quem amamos, para que a graça os atinja com os frutos da redenção de Cristo.

Papa Pio XII

Já o Papa Pio XII dizia, na sua encíclica sobre o Corpo Místico de Cristo, que a salvação de muitos depende e o verbo é este: depende – de sofrimentos, orações e sacrifícios, voluntariamente aceitos pelos outros membros do corpo de Cristo. O próprio Papa Pio XII nos mostra que isso é um mistério: não conseguimos compreender como e por que é assim. Mas a realidade é esta: a salvação de muitos depende das nossas orações e dos nossos sofrimentos voluntariamente acolhidos.


Assumimos com alegria

O próprio São Paulo vai nos dizer: "Sem derramamento de sangue não existe perdão" (Hb 9,22). O nosso suor, nossa lágrima e nosso próprio sangue são necessários para a salvação daqueles a quem amamos. Por isso, assumimos com alegria todo esse sofrimento. Somente pela adoração conseguimos viver essa experiência. Para mim, fica claro que assumir agora como "ministério" o levar a muitos a insondável riqueza da Misericórdia Divina implica sofrimentos e tribulações, sim, mas assumidos com alegria. O segredo e o desafio agora são: alegria no sofrimento.

Extraído do livro: "Agora meus olhos Te viram!"



Mons. Jonas Abib

Fundador da Comunidade Canção Nova e Presidente da Fundação João Paulo II. É autor de diversos livros, milhares de palestras em audio e vídeo, viajando o Brasil e o mundo em encontros de evangelização. Acesse: http://www.padrejonas.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/monsenhor-jonas-abib-agora-meus-olhos-te-viram/


12 de dezembro de 2022

Prepare seu coração para a segunda vinda de Cristo

Papa João Paulo II: "Não devemos esquecer que o "éschaton", isto é, o evento final, entendido de maneira cristã, não é só uma meta posta no futuro, mas uma realidade já iniciada com a vinda histórica de Cristo…

Sabemos, por outro lado, que as imagens apocalípticas do discurso escatológico [de Jesus, Mt 26, 64], a propósito do fim de todas as coisas, devem ser interpretadas na sua intensidade simbólica. Elas exprimem a precariedade do mundo e o soberano poder de Cristo, em cujas mãos está posto o destino da humanidade. A história caminha rumo à sua meta, mas Cristo não indicou qualquer prazo cronológico.

Aguardando a segunda vinda de Jesus

Ilusórias e desviantes são, portanto, as tentativas de previsão do fim do mundo. Cristo só nos assegurou que o fim não acontecerá antes que a Sua obra salvífica tenha alcançado uma dimensão universal através do anúncio do Evangelho: "Esta Boa Nova do Reino será proclamada em todo o mundo para dar testemunho diante de todos os povos. E então virá o fim" (Mt 24,14).

Jesus diz essas palavras aos discípulos preocupados por conhecer a data do fim do mundo. Eles teriam sido tentados a pensar numa data próxima. Jesus faz com que conheçam que muitos eventos e cataclismos devem acontecer antes e serão apenas "o princípio das dores" (Mc 13, 8). Portanto, como diz Paulo, toda a criação "geme e sofre nas dores do parto" aguardando com impaciência a revelação dos filhos de Deus (cf.Rom 8,19-20).


O Pai confiou a humanidade a Jesus

A obra evangelizadora do mundo comporta a profunda transformação das pessoas humanas sob a influência da graça de Cristo. Paulo indicou a finalidade da história no desígnio do Pai de "reunir sob a chefia de Cristo todas as coisas que há no Céu e na Terra" (Ef 1, 10). Cristo é o centro do universo que atrai todos a Si para lhes comunicar a abundância da graça e da vida eterna.

Para Jesus o Pai deu "o poder de julgar porque é o Filho do Homem" (Jo 5, 27). Se o juízo prevê obviamente a possibilidade da condenação, ele contudo é confiado Àquele que é "Filho do Homem", isto é, a uma pessoa plena de compreensão e solidária com a condição humana. Cristo é um juiz divino com um coração humano, um juiz que deseja dar a vida. Só o enraizamento obstinado no mal pode impedir-lhe fazer este dom, pelo qual Ele não hesitou enfrentar a morte" (L'Osservatore Romano, n.17 – 25/4/1998).



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/prepare-seu-coracao-para-a-segunda-vinda-de-cristo/

9 de dezembro de 2022

Deus se fez homem por meio da maternidade Divina de Maria

Ensina o Concílio Vaticano II: "Quis, porém, o Pai das misericórdias, que a Encarnação do Verbo fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de Seu Filho, para que, assim como contribuiu para a morte a mulher também contribuísse para a vida" (LG n. 56).

A solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja do Ocidente. Desde os primeiros séculos, surgiram heresias que perturbaram a vida da Igreja e ameaçaram a "sã doutrina". Dentre elas, uma surgiu com Nestório, patriarca de Constantinopla, no século V, que lançava a dúvida: "Porventura, pode Deus ter uma mãe? Nesse caso não podemos negar a mitologia grega, que atribui uma mãe aos deuses!".

Entretanto, reunida no Concílio de Éfeso, no ano 431, a Igreja proclamou solenemente uma das verdades mais queridas ao povo cristão: "Maria é verdadeiramente Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus". Assim, estava debelada para sempre a perigosa heresia que queria ver em Jesus duas pessoas, uma divina e outra humana, sendo Maria apenas Mãe desta última. Não, disse o Concílio de Éfeso. Maria é "Theotókos" (Theo = Deus, Tokos = Mãe)! Mãe de Deus.

O verbo encarnado e nascido da Virgem

São Cirilo de Alexandria (†442), presente nesse Concílio, havia replicado a Nestório: "Dir-se-á: a Virgem é a mãe da divindade? Ao que responderemos: o Verbo vivo subsiste, é gerado pela própria substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade… Mas ele se encarnou no tempo e por isso pode-se dizer que nasceu da mulher".

Deus se fez homem por meio da maternidade Divina de Maria

Foto Ilustrativa: alexhstock by GettyImages / cancaonova.com

Jesus, Filho de Deus, é Filho de Maria. Seu corpo é todo feito do corpo de Maria. Como Jesus não foi gerado pelo sêmen de um homem, biologicamente tudo lhe veio de Sua Mãe. Por isso, dizia Santo Agostinho: "A carne de Jesus é a carne de Maria" (Maria Medianeira,pg. 16).

Falando da maternidade divina de Maria, assim se expressa São Pedro Damião (1007-1072), bispo e doutor da Igreja:

"Esta matéria extraordinária nos tira até a capacidade de falar. Que língua poderá explicar, que inteligência não ficaria parada de espanto se começasse a pensar que o "Criador nasce da criatura, o artesão vem de seu artefato, que o seio de uma jovem virgem tenha gerado Aquele que pode conter todo o universo?" E ainda: "Ó Virgem admiravelmente fecunda que, num novo e inédito milagre, recolhe no seio Aquele que é sem medida, gera o eterno e dá à luz o que foi gerado antes dos séculos" (MM, p. 36).

A salvação acontece por meio de Maria

Diz o Papa João Paulo II, na Encíclica "A Dignidade da Mulher":
"Isto nos mostra que no ponto chave da história da salvação se dá um acontecimento capital em que entra a figura de uma mulher… Precisamente essa mulher está presente no evento salvífico central que decide da plenitude dos tempos; esse evento se realiza nela e por meio dela" (n. 3).

Por isso, "Maria é a que mais cooperou com a obra da Redenção dos homens", disse João Paulo II. É desse sublime e exclusivo privilégio de ser "Theotókos" que derivam todos os outros títulos que Maria recebe de seus filhos.


A Encarnação é o maior acontecimento de todos os tempos. Deus se fez homem, sem deixar de ser Deus, e isso se fez por meio de Maria.

A Santíssima Virgem

São Luiz de Montfort ensina: "Deus, sem precisar, porque se basta a Si mesmo, quis começar e acabar suas maiores obras, por meio da Santíssima Virgem" (Tratado da verdadeira devoção (Tvd), n. 16).

"Porque o mundo era indigno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, diz Santo Agostinho, Ele o deu a Maria a fim de que O mundo recebesse por meio dela" (Tvd, n. 16). Deus Filho, ensina S. Luiz, "comunicou à sua Mãe tudo o que adquiriu, por sua vida e morte: seus méritos infinitos e suas virtudes admiráveis" (Tvd, n. 16).

São Cirilo de Alexandria argumentava: "As mães, apesar de não gerarem a alma, são ditas, mãe do homem inteiro e não genitoras do corpo humano apenas" (TM, p. 20).

A Jesus por Maria

No Concílio de Éfeso (431), com cerca de duzentos bispos de todas as partes, pesaram as declarações de São Cipriano, Santo Ambrósio, São Basílio, para a tomada da decisão. Foi definida a unidade da pessoa de Jesus e a maternidade divina de Maria. E essa definição foi confirmada, no ano 451, pelo Concílio de Calcedônia e, depois, ainda pelo segundo Concílio de Constantinopla.

O Papa S. Pio X, na encíclica "Ad diem Illum", disse: "Querendo a divina Providência que o Homem-Deus nos viesse por Maria, em cujo seio, por obra do Divino Espírito Santo, Ele quis repousar, resta-nos só a ventura de receber Jesus Cristo das mãos de Maria… Ela é, pois, nossa melhor Guia, nossa melhor Mestra para o conhecimento de Jesus Cristo… Por isso, Ela é quem mais eficazmente pode unir os homens a Jesus Cristo… Só se encontra o Menino com Maria, Sua Mãe" (VtMM, p. 85). E, com este mesmo pensamento, a Igreja tornou célebre esta máxima: "Ad Jesum per Mariam" – A Jesus por Maria.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/deus-se-fez-homem-por-meio-da-maternidade-divina-de-maria/

7 de dezembro de 2022

Como preparar uma novena de Natal em família?


Uma boa festa precisa ser preparada com antecedência, não é mesmo? Imaginemos um casamento: com quanto tempo os noivos se preparam, organizam coisas, fazem contatos, orçamentos, colocam ideias no papel, procuram casa, enxoval e tudo mais?

O Natal é uma das maiores festas cristãs, porque, ao celebrarmos o Nascimento de Jesus, comemoramos a sua encarnação, o fato de Deus ter assumido a nossa natureza humana, e com isso nos eleva à dignidade de filhos, resgata a nossa imagem e semelhança, salva-nos. Portanto, para além dos presentes, ceias, enfeites, existe algo bem mais profundo a ser vivido na festa do Natal. Sendo assim, a preparação para adentrarmos neste mistério precisa ser bem feita.

Neste tempo de Advento, a Igreja nos assiste com uma série de elementos que podem ajudar e nos colocar no sentido real desta festividade. Além da liturgia própria e de toda a simbologia natalina que nos convida a uma meditação, somos chamados a fazer a novena de Natal. Esta é uma prática importante neste tempo preparatório, e não deve ser feita somente nas paróquias ou por iniciativa dos grupos, mas precisa ser uma ação também nas famílias. Abaixo, pensamos em algumas dicas para aproveitarmos bem essa atividade própria do Advento, que é a Novena.

Novena de Natal em família

1. Marque a data do período em que irá fazer a novena em sua casa

Geralmente, as novenas começam no dia 15 ou 16 de dezembro, a depender de como as famílias se organizam para o encerramento, que pode ser no dia 23 ou dia 24, já fazendo parte da Vigília.

2. Motive os participantes

É importante que toda a família se envolva com a novena, por isso avise antes, fale sobre a importância deste momento de oração em família, pense em atividades para cada um durante a oração.

3. Prepare o subsídio

Todos os anos, a Igreja no Brasil disponibiliza um livreto com a novena e que já vem com divisões dos momentos. Se quiser se valer deste material, leia antes, prepare as músicas, veja o que cada pessoa pode fazer e distribua as tarefas. Se optar por outro material, as observações são as mesmas. É importante começar sempre invocando o Espírito Santo para inspirar todo o momento, escolher cantos natalinos ou músicas que digam respeito a esse tempo de Advento. Em qualquer hipótese, é importante ter um subsídio com leituras e meditações próprias. Veja em sua paróquia ou grupo do qual participa, o importante é entender que este é um momento também de evangelização e experiência com o Senhor. Por isso o conteúdo a ser trabalhado é essencial.

4. Não faça a novena sozinho(a)

Inclua as crianças, os adolescentes, jovens e idosos , pois eles sempre podem exercer funções importantes nestes momentos, mesmo que ainda não estejam engajados na Igreja. Essa, inclusive, é uma boa oportunidade de despertar a fé na família.

5. Prepare o ambiente e o momento adequado

Escolha um local apropriado. Alguns fazem a novena à medida em que vão montando o presépio e ou a árvore de Natal, outros já se reúnem ao redor do Presépio montado. Tudo isso é muito bom e já nos coloca no clima natalino. A importância de um horário marcado é para ajudar cada um a se organizar nas tarefas do dia e poder estar presente.

6. Prepare-se antes

Lembre-se: é um momento de evangelização. Além de garantir que todas as ações anteriores sejam feitas, é imprescindível que aquele que estará à frente da novena prepare-se espiritualmente. Faça uma boa confissão antes do período da novena e, a cada dia, as meditações, a fim de ser um instrumento eficaz nas mãos do Senhor, lembrando-se de que a graça passa antes por você.


7. Motive ações concretas a partir das reflexões diárias

Se a novena é um tempo forte dentro deste período de Advento, ela precisa nos levar à mudança de atitudes; e assim como toda a oração, ela quer nos chamar à conversão. Às vezes, os subsídios já nos propõem ações para por em prática que valem a pena serem observadas, mas é preciso estar atento a cada meditação da novena, porque, através delas, o Espírito certamente irá nos inspirar outras coisas, em vista de uma mudança de vida.

Por fim, vivamos estes dias com vigilância, alegria e esperança, porque é isso que o Natal quer trazer a nós. Essas são apenas algumas dicas que compartilho com você após viver a Novena de Natal em família ao longo desses anos. Com certeza, deve haver outras. Partilhe depois conosco como foi a sua experiência de novena. Sem dúvidas, será enriquecedor para nós. Boa novena e, desde já, um Feliz e Santo Natal!



Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/como-preparar-uma-novena-de-natal-em-familia/


5 de dezembro de 2022

São Francisco e o primeiro presépio


comshalom

A maior intenção de São Francisco e plano supremo era observar o Evangelho em tudo e por tudo, imitando com perfeição, atenção, esforço, dedicação e fervor os "passos de Nosso Senhor Jesus Cristo no seguimento de sua doutrina". Estava sempre meditando em suas palavras e recordava seus atos com muita inteligência. Gostava tanto de lembrar a humildade de sua encarnação e o amor de sua paixão, que nem queria pensar em outras coisas.

Precisamos recordar com todo respeito e admiração o que fez no dia de Natal, no povoado de Greccio, na Itália, três anos antes de sua gloriosa morte. Havia nesse lugar um homem chamado João, de boa fama e vida ainda melhor, a quem São Francisco tinha especial amizade porque, sendo muito nobre e honrado em sua terra, desprezava a nobreza humana para seguir a nobreza de espírito. Uns quinze dias antes do Natal, São Francisco mandou chamá-lo, como costumava, e disse: "Se você quiser que nós celebremos o Natal de Greccio, é bom começar a preparar diligentemente e desde já o que eu vou dizer. Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro". Ouvindo isso, o homem bom e fiel correu imediatamente e preparou o que o santo tinha dito, no lugar indicado.

Aproximou-se o dia da alegria e chegou o tempo da exultação. De muitos lugares foram chamados os irmãos: homens e mulheres do lugar, de acordo com suas posses, prepararam cheios de alegria tochas e archotes para iluminar a noite que tinha iluminado todos os dias e anos com sua brilhante estrela. Por fim, chegou o santo e, vendo tudo preparado, ficou satisfeito.

Fizeram um presépio, trouxeram palha, um boi e um burro. Greccio tornou-se uma nova Belém, honrando a simplicidade, louvando a pobreza e recomendando a humildade. A noite ficou iluminada como o dia e estava deliciosa para os homens e para os animais. O povo foi chegando e se alegrou com o mistério renovado em uma alegria toda nova. O bosque ressoava com as vozes que ecoavam nos morros. Os frades cantavam, dando os devidos louvores ao Senhor e a Noite inteira se rejubilava. O santo parou diante do presépio e suspirou, cheio de piedade e de alegria. A missa foi celebrada ali mesmo no presépio, e o sacerdote que a celebrou sentiu uma piedade que jamais experimentara até então.

O santo vestiu dalmática, porque era diácono, e cantou com voz sonora o santo Evangelho. De fato, era "uma voz forte, doce, clara e sonora", convidando a todos às alegrias eternas. Depois pregou ao povo presente, dizendo coisas maravilhosas sobre o nascimento do Rei pobre e sobre a pequena cidade de Belém. Multas vezes, quando queria chamar o Cristo de Jesus, chamava-o também com muito amor de "menino de Belém", e pronunciava a palavra "Belém" como o balido de uma ovelha, enchendo a boca com a voz e mais ainda com a doce afeição. Também estalava a língua quando falava "menino de Belém" ou "Jesus", saboreando a doçura dessas palavras. Multiplicaram-se nesse lugar os favores do todo-poderoso, e um homem de virtude teve uma visão admirável. Pareceu-lhe ver deitado no presépio um bebê dormindo, que acordou quando o santo chegou perto. E essa visão veio muito a propósito, porque o menino Jesus estava de fato dormindo no esquecimento de muitos corações, nos quais, por sua graça e por intermédio de São Francisco, ele ressuscitou e deixou a marca de sua lembrança. Quando terminou a vigília solene, todos voltaram contentes para casa.

Guardaram a palha usada no presépio para que o Senhor curasse os animais, da mesma maneira que tinha multiplicado sua santa misericórdia. De fato, muitos animais que, padeciam das mais diversas doenças naquela região comeram daquela palha e tiveram um resultado feliz. Da mesma sorte, homens e mulheres conseguiram a cura das mais variadas doenças. O lugar do presépio foi consagrado a um templo do Senhor e no próprio lugar da manjedoura construíram um altar em honra de nosso pai Francisco e dedicaram uma igreja, para que, onde os animais já tinham comido o feno, passassem os homens a se alimentar, para salvação do corpo e da alma, com a carne do cordeiro imaculado e incontaminado, Jesus Cristo nosso Senhor, que se ofereceu por nós com todo o seu inefável amor e vive com o Pai e o Espírito Santo eternamente glorioso por todos os séculos dos

Onde está o Rei? Viemos adorá-lo

E visando essa grande oportunidade que o Senhor nos concede, a Comunidade Shalom preparou um grande retiro de aprofundamento e oração para o tempo do Advento, chamado "Onde está o Rei? Viemos adorá-lo". Com esse itinerário, poderemos mergulhar mais profundamente nos mistérios da vida de Jesus e em Seu Evangelho, a fim de descobrir uma nova via de conversão e mudança de vida para cada um de nós. 


Fonte: https://comshalom.org/sao-francisco-e-o-primeiro-presepio/


2 de dezembro de 2022

Advento: preparação para a Festa do Natal de Jesus

O Tempo do Advento é um tempo de preparação para a Festa do Natal de Jesus

Este foi o maior acontecimento da História: o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Dignou-se a assumir a nossa humanidade, sem deixar de ser Deus. Esse acontecimento precisa ser preparado e celebrado a cada ano. Nessas quatro semanas de preparação, somos convidados a esperar Jesus que vem no Natal e que vem no final dos tempos.

Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia nos convida a vigiar e a esperar a vinda gloriosa do Salvador. Um dia, o Senhor voltará para colocar um fim na História humana, mas o nosso encontro com Ele também está marcado para logo após a morte.


 

Nas duas últimas semanas, lembrando a espera dos profetas e de Maria, nós nos preparamos mais especialmente para celebrar o nascimento de Jesus em Belém. Os Profetas anunciaram esse acontecimento com riqueza de detalhes: nascerá da tribo de Judá, em Belém, a cidade de Davi; seu Reino não terá fim… Maria O esperou com zelo materno e O preparou para a missão terrena.

A cada domingo, acende-se uma das velas da Coroa do Advento, que representam as várias etapas da salvação. As velas acesas simbolizam nossa fé, nossa alegria. Elas são acesas em honra do Deus que vem a nós. Deus, a grande Luz, "a Luz que ilumina todo homem que vem a este mundo", está para chegar, então, nós O esperamos com luzes, porque O amamos e também queremos ser, como Ele, Luz. Meditando a chegada de Cristo, que veio no Natal e que vai voltar no final da História, devemos buscar o arrependimento dos nossos pecados e preparar o nosso coração para o encontro com o Senhor. Para isso, nada melhor que uma boa Confissão, bem feita. É uma oportunidade de meditarmos em nossa fé; nossa opção religiosa por Jesus Cristo; nosso amor e compromisso com a Santa Igreja Católica – instituída por Ele para levar a salvação a todos os homens de todos os tempos. Este Menino veio nos trazer o Reino de Paz, Verdade, Justiça, Liberdade, Amor e Santidade.

Assista também: Como viver bem o tempo do Advento?

O Tempo do Advento deve ser marcado pela conversão de vida — algo fundamental para todo cristão. É um processo de vital importância no relacionamento do homem com Deus. Deus – ensinam os Profetas –, não quer a morte do pecador, mas que esse se converta e viva. Jesus quer o mesmo: "Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância" (Jo 10,10). Por isso Ele chamou os pecadores à conversão: "Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus" (Mt 4,17); "convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/advento-preparacao-para-festa-natal-de-jesus/

1 de dezembro de 2022

Invoca a minha misericórdia, pois desejo a salvação do pecador


As nossas orações ao Pai das Misericórdias devem ser precedidas pelo conhecimento do coração do Pai. São Paulo disse:
"Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação. Ele nos consola em todas as nossas aflições para que, com a consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que se acham em toda e qualquer aflição. Pois à medida que os sofrimentos de Cristo crescem para nós, cresce também a nossa consolação por Cristo" (2Cor 1,3-5).

Para mostrar a nós a imensidão da Sua misericórdia para com os pecadores, Jesus contou aos fariseus a parábola do filho pródigo. Um pai nunca quer perder um filho, e Deus, principalmente, Pai de todos nós, não quer perder nenhum deles.
Aquele filho ingrato gastou os bens do Pai com uma vida dissoluta, e depois passou fome; então, lembrou-se do seu pai, criou coragem e voltou a ele, querendo apenas ser recebido como um empregado e não como filho. E sabemos como ele foi recebido: com festa, churrasco, roupa nova e anel nos dedos. É assim que Jesus nos ensina a misericórdia do Pai.

Jesus disse que o Pai não quer que Ele perca nenhum daqueles que lhe deu. Assim, Jesus, que é a "imagem do Deus invisível' (Col 1,14) e o "esplendor da glória de Deus" (Hb 1,3), revelou-nos a profunda misericórdia do Pai ao contar a parábola do bom pastor, que é capaz de deixar 99 ovelhas seguras no aprisco e ir em busca da ovelha perdida. E que alegria quando a encontra!

 

A cruz permanece firme enquanto o mundo gira

Terá mais alegria no céu por um pecador que se converter

"E, depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: 'Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento."


Assim, o Pai está de braços abertos a acolher qualquer um que venha a Ele de coração arrependido. Independente dos seus pecados, o Pai abraça todo aquele que vem a Ele confiante, pois Jesus já pagou na Cruz o preço do nosso perdão. Confiar na misericórdia do Pai é confiar no mistério da Redenção pela qual Jesus nos salvou. Agora, basta confiar, arrepender-se dos pecados e cair nos braços do Pai das misericórdias. São Paulo nos lembra:

Deus é pura Misericórdia

"Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em consequência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo – é por graça que fostes salvos!"(Ef 2,4-5).

O Salmo 50,19, diz: "Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado, ó Deus, não haveis de desprezar". A decisão é de cada um: São Pedro negou Jesus, arrependeu-se e continuou sendo o escolhido de Jesus para chefe da Igreja; Judas se desesperou, não confiou, e se matou. Às vezes, um orgulho refinado nos impede de nos lançarmos nos braços do Pai.

Vale a pena aprender com os santos doutores da Igreja o que eles nos ensinaram sobre a misericórdia do Pai. Santo Agostinho disse: "Não há maior miséria que a de um miserável que não tem misericórdia de si mesmo. Minha única esperança, minha única confiança, minha única firmeza é a misericórdia de Deus". Santo Afonso de

Ligório, doutor, disse: "Agrada sumamente a Deus a nossa confiança em sua misericórdia, porque assim honramos e exaltamos aquela sua infinita bondade que Ele quis manifestar ao mundo nos criando".

Devemos confiar na Misericórdia de Deus

São Francisco de Sales nos ensina algo consolador: "Quanto mais nos sentimos miseráveis, tanto mais devemos confiar na misericórdia de Deus. Porque entre a misericórdia e a miséria há uma ligação tão grande que uma não pode se exercer sem a outra".

E Santo Tomás nos ensina que nunca devemos desanimar da salvação eterna, confiados no poder e na misericórdia divina.
Jesus insiste para que os homens se acheguem a Seu coração misericordioso, que espelha o coração do Pai.

Ele pediu a Santa Margarida Maria Alacoque, no século XVII, que difundisse, no mundo, toda a devoção a seu Sagrado Coração misericordioso. Em nosso tempo, pediu a Santa Faustina Kowalska que difundisse a devoção à Divina Misericórdia, pedindo ao Papa que instituísse a sua festa, o que foi feito pelo Papa São João Paulo II. Em seus diálogos com Deus, Ele insiste com ela na necessidade de nos atirarmos no oceano infinito de Sua misericórdia, que é a do Pai.

O pecado me afasta de Deus

"Que o pecador não tenha medo de se aproximar de Mim. Queimam-me as chamas da misericórdia; quero derramá-las sobre as almas" (Diário n.50). "Antes de vir como justo Juiz, venho como Rei da misericórdia" (n. 83).

"Invoca a minha misericórdia para com os pecadores, pois desejo a salvação deles" (n. 186). "Oh como me fere a incredulidade da alma! Essa alma confessa que sou Santo e Justo e não crê que sou misericórdia, não acredita na minha bondade. Até os demônios respeitam a minha justiça, mas não creem na minha bondade" (n. 300).

"E ainda que os pecados das almas fossem negros como a noite, quando o pecador recorre a minha Misericórdia, presta-me a maior glória e é a honra da minha paixão. Quando a alma glorifica a minha bondade, então o demônio treme diante dela e foge até o fundo do inferno" (n. 378). "As almas que recorrerem a minha Misericórdia e aquelas que a glorificarem e anunciarem aos outros, na hora da morte Eu as tratarei de acordo com a minha infinita Misericórdia" (n. 379).

Jesus sofre por causa dos nossos pecados

"O meu coração sofre porque até as almas eleitas não compreendem como é grande a minha Misericórdia" (379).  É tão importante a devoção à misericórdia do Pai que Jesus mandou que ela difundisse o Terço da Misericórdia, que deve ser rezado sempre, e sobretudo diante dos moribundos para que alcancem a sua salvação. Toda esta reflexão deve se transformar em orações ao Pai da Misericórdia.

Leve, com toda confiança, ao Coração desse Pai, todas as suas angústias, aflições, tribulações, medos, traumas, dores, enfermidades e humilhações que a vida lhe proporciona e descanse nos braços d'Ele.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/invoca-a-minha-misericordia-pois-desejo-a-salvacao-do-pecador/


24 de novembro de 2022

A Igreja Doméstica e os primeiros templos cristãos


Domus Ecclesiae Romana (Ilustração/Reprodução

O Cristão é a morada de Deus, a sua pessoa é o templo em que, pela graça do Batismo, a Santíssima Trindade habita. Nos primeiros 300 anos de sua existência, a Igreja foi perseguida e não pôde erigir templos. A Eucaristia era celebrada nas casas dos cristãos, que se tornavam verdadeiras Domus Ecclesiae – a Igreja Doméstica. Todos tinham consciência de que eram pedras vivas da Igreja.

De fato, São Pedro comentou: "Do mesmo modo vocês também, como pedras vivas, vão entrando na construção do templo espiritual, e formando um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais que Deus aceita por meio de Jesus Cristo" (1Pd 2,5) e São Paulo Acrescentou: "Aquele que se une ao Senhor, forma com Ele um só espírito (…) ou vocês não sabem que o seu corpo é templo do Espírito Santo, que está em vocês e lhes foi dado por Deus?" (1Cor 6,17-19).

Domus Ecclesiae de S. Pedro – Cafarnaum (séc. IV)

Leia também| Por que existem espaços sagrados?

Outros locais comumente escolhidos para a celebração eucarística dos primeiros cristãos foram as catacumbas. E foi sob a terra que surgiram as primeiras expressões artísticas dos cristãos. A imagem mais antiga de Nossa Senhora de que se tem notícia foi pintada na catacumba de Priscila. Os cristãos tinham tanta fé na Ressurreição que, segundo o padre Marko Rupnik: "começaram lá mesmo onde o mundo desmoronou: no fracasso, na fraqueza, na morte", "pois se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé" (1Cor 15,13).

Catacumba de Priscila

As primeiras Basílicas

Após três décadas de perseguições, com o Edito de Milão, em 313, o Imperador Constantino concedeu tolerância religiosa a todos os cristãos. Por sua ordem, foram construídas as Basílicas do Santo Sepulcro, do Santo Calvário e a de Belém, onde Jesus nasceu. 

Em Roma, o imperador ornamentou a Basílica de Latrão e construiu a primeira Basílica de São Pedro, sobre o túmulo do príncipe dos Apóstolos, na colina do Vaticano. Em suas gêneses, as basílicas romanas eram edifícios multifuncionais, que poderiam albergar áreas públicas, políticas, comerciais e sociais. Eram espaços de reunião destinados a assembleias cívicas, funcionando muitas vezes como tribunais ou espaços comerciais (para leilões). Elas eram os edifícios centrais e indispensáveis em qualquer cidade importante. Nelas, o Imperador se manifestava ao povo, ensinava e julgava. O atrium era o lugar da recepção. Esses edifícios, desse modo, se tornaram a construção romana mais adequada ao culto cristão.

Catedral de Monreale, Sicília – Itália

O estilo Romântico

Esse gênero é chamado assim porque teológica e plasticamente expressa bem o sentido católico. É a arte da unidade europeia. Na arquitetura, é uma continuidade das basílicas e, como nelas, não há janelas; se existem, estão fechadas com pedras de alabastro, deixando entrar somente a luz humilde que não fere a retina, símbolo do Espírito Santo. Há pequenas seteiras para ventilação. 

A construção em estilo Romântico é reforçada por sua solidez em pedra e muitas formas redondas e quadradas, com ou sem campanários (torres), significando a Jerusalém Celeste que se visualiza sobretudo no seu interior ou a fortaleza, o próprio Senhor que protege o seu povo. Essas igrejas estão sempre com o pórtico voltado para o oriente, pois "a salvação vem do oriente" (cf. Ez 43,1-5). É um estilo plenamente simbólico. Seus pórticos e capitéis são bíblias de pedra com esculturas sacras em que apenas um simples detalhe poderia originar uma tese de mestrado.

A Catedral de Pisa com o seu Batistério circular e sua torre inclinada foi concluída em 1092.

O Gótico

"Godo" é uma palavra nórdica que quer dizer "pinheiro". Não quer só dizer elevação, mas uma floresta de pinheiros, lugar do obscuro, do Sagrado. As igrejas góticas são, assim, imensas e altíssimas Basílicas onde se desenvolvem os arcos ogivais. 

Com suas torres esguias e pontiagudas, suas paredes mais finas e leves dão lugar a imensos vitrais de temas religiosos. A luz do sol filtrada pela Palavra Divina nas figuras dos vitrais refletirá sobre os fiéis como símbolo da graça. Charles Péguy, escritor e poeta francês do início do século XX, converteu-se na Catedral de Chartres. A Bíblia Pauperum se manifesta nas muitas estátuas em pedra, sendo algumas mais humanizadas. Em algumas das Catedrais góticas, cabiam a toda a população da cidade, tal como está dito na obra "A Cidade de Deus" de Santo Agostinho.

Catedral de Chartres – França



Fonte: https://comshalom.org/a-igreja-domestica-e-os-primeiros-templos-cristaos/ 


21 de novembro de 2022

O Ano litúrgico da Igreja é dividido em tempos litúrgicos


Antes de falar do Ano Litúrgico, precisamos conhecer um pouco melhor a importância da Liturgia.
O Catecismo da Igreja ensina que: "pela liturgia, Cristo, nosso Redentor e sumo Sacerdote, continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra de nossa Redenção" (n.1069).

Isto significa que, por meio da Liturgia, Jesus continua a nos salvar; de modo especial em cada Missa, onde se atualiza a Sua santa Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão ao Céu; para que nela "torne-se presente a nossa Redenção".  Afirma a Constituição do Vaticano II Sacrosantum Concilium:

"Com razão, portanto, a Liturgia é tida como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem, e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, cabeça e membros. Disto se segue que toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote e de seu corpo que é a Igreja, é ação sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja" (SC,7).

Tempos litúrgicos são divididos em 3 ciclos

O Ano litúrgico da Igreja, de doze meses, é dividido em tempos litúrgicos, onde se celebram os mistérios da vida de Cristo, assim como os Santos. O Ano Litúrgico tem três ciclos, anos A, B e C, que se repetem. Cada ano tem uma sequência de leituras próprias. Em 2022 foi o ciclo C. Em 2023 será o ciclo A.

A Igreja estabeleceu, para o Rito Romano, uma sequência de leituras bíblicas que se repetem a cada três anos, nos Domingos e nas Solenidades. No ano A, leem-se as leituras do Evangelho de São Mateus; no ano B, o de São Marcos; e no ano C, o de São Lucas. Já o Evangelho de São João é reservado para as ocasiões especiais, principalmente as grandes Festas e Solenidades.


Jesus Cristo ressuscitou no domingo. Daí a importância deste dia primordial em todo o Ano Litúrgico da Igreja. Um dia litúrgico começa à meia-noite e termina na meia-noite do dia seguinte, exceto nos domingos e Solenidades, que começam na tarde anterior. No Ano Litúrgico, temos também Solenidades, Festas, Memórias e Férias.

A celebração litúrgica mais solene é a Solenidade, por exemplo: Imaculada Conceição de Nossa Senhora (8 de dezembro), Natal (25 de dezembro), Festa da Sagrada Família (26 de dezembro), Maria, Mãe de Deus (1º de janeiro), Epifania do Senhor (2 de janeiro), São José (19 de março). Corpus Christi, Santíssima Trindade, Sagrado Coração de Jesus, Cristo Rei, Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto), São Pedro e São Paulo (29 de junho). Algumas datas são móveis, e algumas a Igreja no Brasil celebra no domingo seguinte.

Festas: é a segunda categoria litúrgica: Apresentação do Senhor, a Transfiguração, a Exaltação da Santa Cruz (14 de setembro), a Visitação de Nossa Senhora (31 de maio), os Santos Arcanjos (29 de setembro). Nesses dias de alegria, rezamos o Glória, mas não o Credo; são lidas apenas duas leituras.
Memórias: são algumas celebrações da Santíssima Virgem Maria e dos demais Santos, os Anjos da Guarda (2 de outubro), os fiéis defuntos (2 de novembro). Algumas memórias são obrigatórias, outras são livres. Não se reza o Glória nem o Credo.
Férias: são os dias durante a semana, de segunda-feira a sábado; elas, têm apenas duas leituras e o salmo responsorial, nelas não se diz o Glória nem o Credo. Já Santo Agostinho (+ 430) nos dá testemunho que na África já existiam as missas diárias.

Você sabia que temos 15 Solenidades e 25 Festas litúrgicas?

São 15 Solenidades e 25 Festas, com leituras obrigatórias; 64 memórias obrigatórias e 96 memórias facultativas, com leituras opcionais. O Calendário apresenta também 44 leituras referentes à Ressurreição de Jesus Cristo, além de diversas leituras para os Santos, Doutores da Igreja, Mártires, Virgens, Pastores e Nossa Senhora.

A organização das leituras próprias para cada ano dá ao católico a possibilidade de estudar toda a Bíblia, em suas partes mais importantes, tanto do Antigo como do Novo Testamento, desde que participe de todas as Missas diárias ou estude a Liturgia Diária nesse período de três anos.

Mesmo quem só participa das Missas nos domingos, ao longo dos três anos do Ciclo Litúrgico, pode meditar os principais textos bíblicos que alimentam a fé e renovam no coração a certeza da Salvação.
Cada Ano Litúrgico começa com o tempo do Advento, quatros semanas antes do Natal, e termina com a Solenidade de Cristo Rei, no último domingo do Ano Litúrgico, no mês civil de novembro.

São  três anos Litúrgicos A, B e C

A Igreja quer que as leituras bíblicas da liturgia dominical voltem a ser lidas novamente após três anos. Seguindo este Ciclo dos três anos Litúrgicos A, B e C, consegue-se ter uma grande visão de toda a Bíblia. Assim, nas celebrações dominicais são proclamados textos que falam do anúncio do Messias, da Encarnação do Verbo, da Sua vida pública (missão), do anúncio do Reino, dos sinais que Jesus realizou, do chamado dos discípulos, etc., até culminar com sua morte e Ressurreição e assim se chegar à esperança da construção do Reino de Deus: a Parusia, com a solenidade de Cristo Rei do Universo.

O Ano Civil começa em 1º de Janeiro e termina em 31 de Dezembro. Já o Ano Litúrgico começa no 1º Domingo do Advento (cerca de quatro semanas antes do Natal) e termina no sábado anterior a ele. O Ano Litúrgico da Igreja tem também leituras bíblicas apropriadas para as celebrações de cada Santo em particular. O Ano Litúrgico de 2023, Ciclo A, vai apresentar nas Missas diárias o Evangelho de São Mateus. Então, é importante saber alguma coisa sobre São Mateus e sobre o Evangelho que ele escreveu.

Créditos: Arquivo CN

É o primeiro Evangelho que foi escrito, em Israel, e em aramaico, por volta do ano 50. Serviu de modelo para os Evangelhos de São Marcos e São Lucas. O texto de Mateus foi traduzido para o grego, tendo em vista que o mundo romano da época falava o grego. O texto aramaico de Mateus se perdeu. Já no ano 130, o Bispo Pápias, de Hierápolis, na Frígia, fala deste texto: "Mateus, por sua parte, pôs em ordem os dizeres na língua hebraica, e cada um depois os traduziu como pode" (Eusébio, História da Igreja III, 39,16).

Também Santo Irineu (†200), que foi discípulo de S. Policarpo, que por sua vez foi discípulo de S. João evangelista, fala do Evangelho de Mateus, no século II: "Mateus compôs o Evangelho para os hebreus na sua língua, enquanto Pedro e Paulo em Roma pregavam o Evangelho e fundavam a Igreja" (Adversus Haereses II, 1,1).

São Mateus era o único dos Apóstolos habituado à arte de escrever

São Mateus era o único dos Apóstolos habituado à arte de escrever, a calcular e a narrar os fatos, pois era publicano, cobrador de impostos para os romanos, então, tinha certa cultura. Compreende-se que os próprios Apóstolos o tenham escolhido para esta tarefa. O objetivo da narração foi mostrar aos judeus que Jesus era o Messias anunciado pelos profetas, desde Moisés (1200 a.C.), por isso, cita muitas vezes o Antigo Testamento e as profecias sobre o Messias. Como disse Ernest Renan, o Evangelho de Mateus tornou-se "o livro mais importante da história universal".

O Evangelho de São Mateus tem seis grandes partes: 1 – A Infância de Jesus (caps. 1 e 2); 2 – Começo da missão de Jesus (3-4); 3 – o Sermão da Montanha; 4 – Ministério de Jesus na Galileia (8 a 18), no cap. 13 Mateus narra sete Parábolas do Reino de Deus; 5 – Ministério de Jesus na Judeia (19 a 25); 6 – Paixão e Ressurreição de Jesus (26 a 28). É o Evangelho mais longo de todos, bem escrito e detalhado.
Portanto, o Ano A é uma oportunidade de se conhecer e meditar bem este Evangelho, escrito por alguém que conviveu com Jesus e que mostra detalhes muito importantes de Sua vida e de Seu ensinamento. É um convite para que participemos assiduamente da Santa Missa neste ano.

Vivendo bem a Liturgia, temos a oportunidade de crescer na fé, na espiritualidade, no amor à Igreja e aos irmãos.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/o-ano-liturgico-da-igreja-e-dividido-em-tempos-liturgicos/