30 de outubro de 2017

Entre a cruz e a espada: toda escolha implica uma renúncia

Fazer uma escolha nem sempre é uma tarefa fácil. Você tem escolhido bem?

Imagine que você se encontra diante de uma decisão importante, que pode mudar toda a sua vida. Alguém se aproxima e lhe diz: "Não há como fugir. Você precisa escolher. Terá de fazer sua opção". Você se sente, então, entre a cruz e a espada. E as circunstâncias se agravam ainda mais se a sua decisão envolver outras pessoas. Em momentos assim, a escolha pode se tornar muito difícil, uma verdadeira arte. Seria muito bom se essas escolhas não comportassem certa carga de angústia. Mas escolher dói, causa inquietação, medo, insônia, porque significa também abrir mão de algo.

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Toda escolha implica também uma renúncia. Ao escolher uma estrada, você desiste de caminhar por todas as outras; assim como, ao escolher uma esposa ou um marido, você dispensa todos os outros possíveis candidatos. É a encruzilhada da vida. Mas é isso que torna linda a história, e que a faz única, irrepetível e merecedora do nosso amor, porque amamos não uma vida sem erros, mas uma vida de possibilidades e escolhas.

Escolhemos lutar!

Nós amamos ser livres. E por piores que as opções nos pareçam, mesmo que nos vejamos sem saída, ainda nos resta escolher o que vamos fazer na situação difícil: se vamos lutar ou nos entregar. É, justamente aqui, que jorra uma força, uma energia, um poder, pois um milagre acontece cada vez que alguém se supera e tira o bem de onde os outros só viam maldades ou não viam nada. O céu faz uma festa quando nós nos recusamos a ser escravos da tristeza e da depressão. Deus salta de alegria quando nós escolhemos nos levantar mesmo contra as expectativas de todos a nossa volta.


Se alguém diz a uma pessoa de que não existem mais saídas, ela dobra os joelhos, até que uma porta nova se abra. Não o faz por pirraça, mas por amor; porque a fé faz brotar esse sentimento. E o amor nos faz enfrentar todos os problemas – ele [amor] mesmo nos dá a vitória sobre os males. Viver assim é perigoso, é subversivo. Viver assim é comprometer-se, é abraçar a cruz de uma vida levada a sério, vivida sem medo até às últimas consequências. E a morte não tem poder sobre uma vida assim. A dor e o sofrimento jamais terão vitória sobre o amor, porque, quando este se torna a medida de cada decisão, toda morte termina em ressurreição.


Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/entre-cruz-e-espada-toda-escolha-implica-uma-renuncia/

27 de outubro de 2017

O perigo das falsas amizades e como lidar com elas

As falsas amizades são os maiores obstáculos para o crescimento espiritual

Assim como Deus nos dá amigos para nos conduzir à vida eterna e experimentarmos as realidades do céu, corremos o risco de nos deixar confundir pela falsidade, pelo erro das amizades que podem aparecer para nos desencaminhar da santidade e da verdade. Precisamos pedir o discernimento dos espíritos [cf. I Coríntios 12,10], a fim de analisar se as amizades são de Deus ou não.

Foto: AntonioGuillem by Getty Images

Podemos ter amigos que querem nosso bem e outros que querem o mal. Estes últimos são chamados de falsos amigos. As falsas amizades são as que se fundem em qualidades sensíveis ou frívolas: "Não persistais em viver como os pagãos, que andam à mercê de suas ideias frívolas" (cf. Efésios 4,17), que são uma espécie de egoísmo disfarçado. Essas amizades vivem daquilo que é mundano: "Principalmente aqueles que correm com desejos impuros atrás dos prazeres da carne e desprezam a autoridade" (cf. II Pedro 2, 10).

Três espécies de falsas amizades

São Francisco de Sales distingue três espécies de falsas amizades: as amizades carnais, que atraem pelas paixões carnais e pela devassidão (cf. II Pedro 2, 18) buscando os prazeres voluptuosos; as amizades sensuais, que se prendem ao ver a formosura, ao ouvir uma doce voz, ao tocar; e as amizades frívolas, fundadas em qualidades vãs (festas, bebedeiras etc).

Existem diversos tipos de amigos falsos: os amigos do copo, que se reúnem somente para beber; amigos da prostituição; amigos do furto e roubo; amigos de fofocas; amigos de ganância e interesses; amigos do sexo.

Como podemos identificar a origem dessas falsas amizades?

Partimos da origem: elas começam de maneira repentina e forte, pois parte de uma simpatia, de um instinto, de qualidades exteriores e brilhantes e emoções vivas ou apaixonantes. Seu desenvolvimento: alimentadas por meios de conversas insignificantes, mas afetuosas, outras por meio de conversas muito íntimas e perigosas, por olhares frequentes, por carícias entre outros. Efeitos: são vivas, absorventes e exclusivas, imaginam que serão eternas e seguidas por outras afeições.

Perigos dessas amizades: são os maiores obstáculos para o crescimento espiritual. À medida que os apegos vão crescendo, vai-se perdendo o recolhimento interior, a paz da alma, o gosto dos exercícios espirituais e do trabalho. O pensamento foge, muitas vezes, para o amigo ausente. A sensibilidade toma as rédeas da vontade, a qual se torna fraca. Partindo para os perigos relacionados à pureza.


Devemos fugir dessas amizades por intermédio da aplicação do remédio certo desde o começo, pois assim é mais fácil, porque o coração ainda não está preso. O rompimento deve ser feito de maneira firme e energética. É necessário evitar procurar e pensar na pessoa em questão, e cortar toda espécie de vínculo ou ligação, antes que seja tarde.

"Cortai, despedaçai, rompei; não vos deveis deter a descoser essas loucas amizades, é forçoso rasgá-las; não convém desatai os seus nós, devem-se romper ou cortar" (São Francisco de Sales). Quem se expõe ao perigo acaba por sucumbir.

25 de outubro de 2017

Família, lugar da bênção de Deus

Família é lugar de acolher a bênção de Deus e multiplicá-la

Essa é uma das mais fundamentais verdades da fé cristã: a família é o privilegiado lugar escolhido por Deus, para aí derramar a sua bênção.

Muito acima do sentido humano de proteção e convivência, ou seja, o papel sociológico, a família é um lugar teológico onde Deus se revela. Nela, o ser humano aprende a crescer segundo o projeto de Deus. A família é lugar de humanização divina.

Foto: Daniel Mafra / cancaonova.com

O ser humano aprende a ser humano dentro da família

"Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens" (cf. Lucas 2,25). Interessante essa anotação, pois, para esse crescimento integral, o próprio Jesus precisou de uma família humana. A bênção divina sobre a família não é somente uma questão espiritual, envolve também o físico e o psíquico. Ninguém é humanamente equilibrado sem alimentar essa tríplice dimensão da existência humana.

O ser humano aprende a ser humano dentro da família. Graça significa alimento do espírito. O ser humano é físico, psíquico e espiritual; contudo, lamentavelmente, muitas famílias se preocupam bastante apenas com a dimensão física – uma ótima casa, conforto, estudo, roupas –, mas se esquecem das outras duas dimensões. Infelizmente, a família não está sendo o lugar dessa bênção de Deus para a afetividade das pessoas.

Família deve ser o lugar onde aprendemos a amar

Se a família é a mais perfeita semelhança de Deus, que é amor e cria ser humano por amor e para o amor, e o cria família, ela tem de ser o lugar onde aprendemos a exercer o amor.

Para ser lugar da bênção de Deus, muitas vezes, não é preciso muita coisa. Pequenos detalhes fazem um grande amor, mas um grande amor não é feito de grandes coisas. Grandes coisas qualquer pessoa faz, tanto para o bem quanto para o mal, se ela estiver no desespero. Agora, fazer, a cada dia, pequenas coisas, de modo extraordinariamente maravilhoso, só quem tem o Espírito Santo de Deus; do contrário, não consegue. E aí está a santidade, esse é o segredo.


Ser uma família cristã no meio do mundo é muito mais do que se dizer católico ou frequentar determinadas práticas religiosas. Ser cristão é adequar nossa vida ao projeto de Deus, ensinado e vivido por Jesus Cristo. Ser cristão é imitar Jesus, especialmente em Sua constante luta por permitir que Deus reinasse neste mundo. Uma família cristã é o espaço privilegiado para se gestar e praticar esse projeto. O casal cristão procura, a dois, realizar esse projeto de vida, e, depois, com todos os seus familiares e nos seus relacionamentos. É uma união de carismas e dons para alcançar uma meta comum.

Sendo uma realidade dinâmica, o matrimônio está aberto à construção e também às feridas que machucam e atrapalham o crescimento da vida familiar. Algumas situações acabam sendo grandes possibilidades de ruptura, mas também podem se transformar em momentos de graça e vida plena.

É preciso aprender a construir a restauração da família.

Texto extraído do livro 'Famílias restauradas', de padre Léo.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/familia-lugar-da-bencao-de-deus/

23 de outubro de 2017

O que é ter fé e também ser uma de pessoa de fé?

A Bíblia e a Igreja sobre o que é a fé

A Sagrada Escritura, na carta aos Hebreus capítulo 11 versículo 1, diz que "a fé é a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem". A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele em nós, que nos certifica dos bens vindouros, como a promessa da vida eterna.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que "a fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos disse, revelou e a Santa Igreja nos propõe a crer, porque Ele é a própria verdade. Pela fé, "o homem livremente se entrega todo a Deus". Por isso, o fiel procura conhecer e fazer a vontade d'Ele. "O justo viverá da fé" (Rm 1,17). A fé viva "age pela caridade" (Gl 5,6). (CIC. 1814).

O que é ter fé e também ser uma de pessoa de fé -

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Nessa perspectiva, a Igreja diz que "a fé é, primeiramente, uma adesão pessoal do homem a Deus; é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda verdade que Deus revelou" (CIC 150). Isso porque "a fé é a resposta do homem a Deus, que se revela e a ele se doa, trazendo, ao mesmo tempo, uma luz superabundante ao homem em busca do sentido último de sua vida" (CIC 26). Dessa forma, não é suficiente dizer que temos fé, mas é preciso responder, concretamente, com a vida o que Deus nos revelou, o seu amor e salvação: Jesus Cristo.

Com isso, para que o homem possa entrar em intimidade com Deus, numa experiência pessoal, o próprio Senhor quis "revelar-se ao homem e dar-lhe a graça de poder acolher esta revelação na fé. Contudo, as provas da existência de Deus podem dispor à fé e ajudar a ver que a fé não se opõe à razão humana." (CIC. 35). Pois, como bem explicou o Papa João Paulo II: "a fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade."

O que é ser uma pessoa de fé?

A carta aos Hebreus, no capítulo 11, após acentuar o que é  , traz também instruções sobre o que é ser uma pessoa de fé.

"É pela fé que compreendemos que os mundos foram organizados por uma Palavra de Deus. Por isso é que o mundo visível não tem sua origem em coisas manifestas" (Hb 11,3). A pessoa de fé é aquela que crê na existência de Deus, que criou todas as coisas visíveis e invisíveis, e que é Ele o organizador de toda a criação.

"Foi pela fé que Henoc foi arrebatado (…). Antes de ser arrebatado, porém, recebeu o testemunho de que foi agradável a Deus. Ora, sem a fé é impossível ser-lhe agradável" (Hb 11,5-6). Uma pessoa de fé é agradável a Deus, porém, deve-se crer não pelos possíveis benefícios a serem recebidos, mas simplesmente por aquilo que Deus é.


"Foi pela fé que Noé, avisado divinamente daquilo que ainda não se via, levou a sério o oráculo e construiu uma arca para salvar a sua família" (Hb 11,7). Ser pessoa de fé é ouvir a Deus e colocar em prática aquilo que aos olhos humanos parece impossível. Assim como Noé, é preciso confiar no anúncio de Deus, que nos é direcionado diariamente.

"Foi pela fé que Abraão, respondendo ao chamado, obedeceu e partiu para uma terra que devia receber como herança, e partiu sem saber para onde ia" (Hb 11,8). Só quem crê, confia. A pessoa de fé obedece e responde a Deus, mesmo sem ter seguranças humanas e materiais, pois, como Abraão, é necessário caminhar na fé rumo à pátria celeste, que é o céu.

"Foi pela fé que também Sara, apesar da idade avançada, tornou-se capaz de ter uma descendência, porque considerou fiel o autor da promessa" (Hb 11,11). A fé nos faz perseverar nas promessas de Deus, que pode até tardar, mas não falha, porque para Deus nada é impossível.

"Foi pela fé que Moisés (…) deixou o Egito, sem temer o furor do rei, e resistiu como se visse o invisível. Foi pela fé que atravessaram o mar vermelho, como se fosse terra enxuta" (HB 11,24.27.29). Uma pessoa de fé acredita no ordinário e extraordinário, que leva a vislumbrar o que não se vê. Já que, também, "foi pela fé que as muralhas de Jericó caíram, depois de um cerco de sete dias" (HB 11,30).

Por fim, no Novo Testamento, o iniciador e consumador da fé, Jesus Cristo, é o exemplo por excelência de uma pessoa de fé, e é n'Ele que nós encontramos a plenitude do que devemos crer e realizar. Assim, é pela obediência da fé ao Cristo que conseguimos dar respostas a Deus. Mesmo sem ver, cremos, pois o próprio Jesus diz: "Felizes aqueles que creem sem ter visto" (Jo 20,29).

20 de outubro de 2017

Por que a prática do sexo antes do casamento é pecado?

O sexo exige o envolvimento da pessoa em sua totalidade

Na sua sabedora milenar, a Igreja não cessa de ensinar que "a sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um ao outro com os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto algo puramente biológico, mas diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa humana como tal. Ela só se realiza de maneira verdadeiramente humana se for parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até a morte." (CIC 2361). Por que o sexo antes do casamento é pecado?

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Foto: grinvalds by Getty Images

Este texto do Catecismo nos fornece material suficiente para respondermos essa pergunta. A primeira e mais relevante afirmação é que o ato sexual é próprio dos esposos. Isso por um motivo nobre e justo: tal envolvimento não é puramente biológico, pois envolve a pessoa na sua integralidade. A segunda coisa é que nós homens, seja do ponto de vista biológico ou psicológico, somos completamente diferentes dos animais.

Corpo e alma

Analisemos, no primeiro momento, a diferença entre o animal e o homem no que toca a sexualidade. O animal, em uma relação sexual, quer chegar ao ápice do prazer a todo custo. Ao chegar à satisfação sexual, não lhe interessa quem ele acabou de acasalar. Já o ser humano não quer só chegar ao ápice do prazer sexual, isto é, ao orgasmo, ele quer também a companhia da pessoa. Existe entre ambos uma afetividade. Isso mostra, como ensina a Igreja, que existe algo que transcende o biológico.

Além de tudo isso que acabei de citar, vale recordar que o ser humano possui alma espiritual. Isso implica dizer que, em uma relação sexual, existe o envolvimento da pessoa em sua totalidade, corpo e alma. Esse fato de o ser humano possuir também alma espiritual faz toda a diferença em comparação com os animais. Fica evidente, desse modo, que o ensinamento da Igreja é claro, o sexo deve ser compreendido do ponto de vista espiritual e não meramente biológico. A alma busca felicidade e não mero prazer.

Por isso mesmo, há a insatisfação de muitas pessoas que vivem o sexo de maneira desregrada, pois sempre está lhe faltando alguma coisa, mesmo que tenha sexo diariamente e com mais de uma pessoa. Quando os seres humanos unem seus corpos, igualmente unem suas almas. Aqui está a razão e a necessidade do sacramento do matrimônio. Não podem se unir corporalmente se a alma não está unida por meio do sacramento.

Comprometimento

Outro aspecto muito importante dentro de um relacionamento é o comprometimento. Em uma união sexual, o homem diz para a mulher e a mulher para o homem "sou todo seu, sou toda sua!", mas quando o sexo é vivido fora do matrimônio, essa promessa não passa de uma mentira. Tanto é que, após a relação sexual, ambos se levantam do leito e cada qual vai para sua casa.

Vale ressaltar, dentro de tudo isso que estamos falando, do sentimento que a mulher tem de estar sendo usada. Ao atender pessoas que viveram tais experiências, percebo que esse fato é constante, pois há um forte sentimento de ter sido usada pelo namorado após a relação sexual. Isso a psicologia feminina não perdoa. A mulher, mais que sentir prazer, precisa sentir-se amada. No entanto, como ela vai se sentir amada se, ao término da relação sexual, o amado já não está mais ao seu lado? Surge, então, uma pergunta básica neste momento: "Ele me ama de verdade ou está me usando?". Esse sentimento de estar sendo usada é inevitável quando não se tem o compromisso.


Consequências do amor

A partir disso, vemos que a pessoa só se realiza plenamente dentro do relacionamento sexual se não lhe faltar o ingrediente principal: o amor. O problema é que, muitas vezes, o amor é confundido com sentimento ou algo parecido, quando, na verdade, ele é muito mais que isso, o amor compromete, exige renúncia, desapego e tantas outras coisas.

Quem não está disposto a arcar com as consequência do amor nunca saberá o que é amar verdadeiramente. As pessoas têm sede do amor verdadeiro, o problema é que estão bebendo em fonte errada. Estão buscando o amor no prazer, na satisfação pessoal, mas, infelizmente, não o encontrarão. Quem busca saciar sua sede de amor no prazer, fatalmente, morrerá de sede.

Assim sendo, o sexo antes do casamento é pecado não porque a Igreja proíbe, mas porque fere a natureza humana. O homem, além de ser biológico, é também espiritual. Mais que buscar prazer, ele busca a felicidade; sendo que a felicidade só será encontrada mediante a vivência concreta do amor. Quem buscar no outro somente o prazer nunca saberá o que é amar alguém de verdade.

18 de outubro de 2017

Você sabe o que é o voto íntimo ou voto secreto?

Reflita sobre o que seriam os votos íntimos que fazemos ao longo da vida

A grande verdade é que muitos de nós já vivemos a realidade de termos feito algum  tipo de voto íntimo ou o que muitos chamam de voto secreto ao longo de nossa vida. Se,​ ​portanto,​ ​o​ ​Filho​ ​vos​ ​libertar,​ ​sereis​ ​verdadeiramente​ ​livres​ ​(Jo​ ​8,36).

A primeira coisa importante a saber é do que, de fato, se trata a realidade de um voto íntimo ou voto secreto. Todo voto é um tipo de compromisso, uma aliança, um pacto que estabelecemos diante de uma situação ou até mesmo de uma pessoa. Uma vez estabelecido esse compromisso, essa aliança, acabamos por nos deixar influenciar por eles de alguma forma.

Você sabe o que é o voto íntimo ou voto secreto

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Em geral, votos íntimos estão sempre relacionados a acontecimentos traumáticos da nossa história ou a situações de sofrimentos que vivemos. Por causa desses acontecimentos dolorosos, estabelecemos, conscientemente ou não, uma aliança com aquela situação de dor. Essas situações, de certa forma, deixaram-nos marcas interiores, e, conforme o tempo foi passando, pode parecer até que deixamos esses traumas para trás, que nos esquecemos deles, mas se eles não foram resolvidos interiormente em nós, não conseguiremos ser homens e mulheres plenamente livres.

Memórias do passado

Viveremos o tempo presente, mas com um passado vivo, ferido e permanente dentro de nós. Um passado que, ao ser relembrado, nos traz ainda a mesma dor dos sentimentos e das emoções do tempo em que fomos feridos.

Para nós, que trabalhamos com a realidade da oração de cura e libertação, sabemos que os acontecimentos dolorosos, os sentimentos e emoções são tão reais, hoje, nessas pessoas, quanto o foram no passado quando ocorreram. E isso as faz, de certo modo, escravas do passado.

Essas situações de dor não resolvidas vão nos descaracterizando, ferindo nossa real identidade. Nesses momentos é que estabelecemos os votos íntimos, os quais permanecem dentro do nosso subconsciente. Mesmo guardados ali, estão vivos.

Quando, por algum motivo, em nosso momento presente, vivemos alguma realidade que seja parecida com a situação de dor que vivemos no passado, é como se abríssemos aquela gaveta e experimentássemos tudo de novo, com a mesma intensidade.

Existem pessoas que, quando criança ou adolescente, por exemplo, experimentaram, em casa, a traumática experiência de ver o casamento do seu pai e da sua mãe sendo destruído pelo álcool e pela violência. Aquele adolescente, ao ver sua mãe apanhando do seu pai, disse para si mesmo: "Eu​ ​não​ ​acredito​ ​no​ ​casamento!​ ​Eu​ ​não​ ​quero​ ​nunca​ ​me​ ​casar!".

Isso foi, na verdade, um voto intimo, pois a pessoa experimentou toda a dor da violência de seus pais e aquilo lhe feriu interiormente e não foi resolvido; ficou uma ferida. Pode acontecer que, quando essa pessoa crescer e começar a relacionar-se afetivamente com outra, iniciar um namoro, possa perceber que, até determinado ponto do relacionamento, tudo vai bem, mas, quando o relacionamento se tornar mais sério e começarem a conversar sobre um possível casamento, essa pessoa não conseguirá ir para frente com o namoro. Poderá dizer até mesmo que, por algum motivo, deixou de gostar da (o) namorada(o). Na verdade, o que está acontecendo, dentro dela, é que aquela situação de dor não resolvida e guardada, juntamente com aquele voto íntimo que ela fez, dizendo que "nunca​ ​se​ ​casaria"​, está vindo para fora novamente. Ela abriu a gaveta da situação dolorosa que a marcou, e agora, de maneira inconsciente, precisa cumprir o voto, o pacto que fez com si mesma. Para isso, precisa terminar o namoro, senão, ele a colocará frente a frente com o matrimônio.

O problema é que há diversos tipos de votos íntimos que vamos fazendo e que podem, realmente, influenciar nossa vida, mas nem percebemos que uma coisa está ligada a outra. Vamos criando pactos íntimos e carregando-os como jugo em nossa vida, como se tivéssemos o compromisso com tal ato!

Nunca diga nunca!

De certa forma, todo voto íntimo pode trazer algum tipo de consequência, principalmente quando está ligado a uma situação de dor, mágoa, tristeza ou decepção. Isso pode refletir mais claramente em nossa vida, por exemplo, quando dizemos:

"Nunca mais vou amar ninguém"
"Nunca mais vou confiar em homem/mulher algum"
"Nunca vou conseguir engravidar"
"Nunca serei feliz com essa pessoa"
"Para sempre vou viver essa vida de pobreza"
"Não vou conseguir jamais dirigir um carro!"
"Eu não presto para nada"
"Eu sou muito burro!"


Um outro exemplo é de uma jovem apaixonada por um rapaz e quer muito se casar com ele, mas, por situações adversas, o relacionamento acaba sendo  rompido. Essa jovem, ainda apaixonada, diz: "Se​ ​eu​ ​não​ ​me​ ​casar​ ​com​ ​ele,​ ​eu​ ​não​ ​me​ ​casarei​ ​com​ ​mais​ ​ninguém".

Nessa afirmação, ela fez um pacto com si mesma, estabelecendo seu voto íntimo. Depois disso, é possível perceber que essa moça somente consegue relacionar-se e apaixonar-se por pessoas erradas ou com rapazes que não queiram se casar com ela. Isso porque, lá no seu subconsciente, relacionar-se com pessoas erradas é uma forma de não conseguir se casar, cumprindo, assim, aquilo que ela determinou para sua vida, que só se casaria com aquele antigo namorado.

Deu para entender? Ficou claro?

Acabamos assumindo esses votos como verdades, as quais ficam guardadas em nosso subconsciente, e, de uma hora para outra, poderão vir à tona, causando-nos grandes prejuízos! Há pessoas que acabam determinando toda a sua vida em cima desses votos íntimos que fizeram; e, às vezes, se veem sem forças para sair dessas situações.

Qual é o caminho para a libertação dos votos íntimos?

O primeiro passo importante é fazermos uma averiguação e identificarmos se, em nossa história de vida, houve momentos de dores, sofrimentos, raivas, mágoas ou tristezas, que nos fizeram intimamente estabelecer um pacto com aquilo que afirmamos contra nós mesmos.

Uma vez que conseguirmos identificar isso, é necessário, agora, que o nosso passado, ainda vivo, seja ressignificado dentro de nós, reescrito. Isso acontece sempre pela luz do Espírito Santo, que nos ajuda a nos reconciliarmos com a nossa própria história, a perdoarmos nós mesmos, perdoar pessoas e até mesmo a necessidade de perdoar o próprio Deus. Esse caminho de reconciliação com nossa própria história é um passo fundamental para a libertação completa.

Após essa reconciliação, é necessário que a oração coloque tudo no seu devido lugar novamente. É preciso, por meio da oração, pedir que o Senhor quebre toda a força que essas palavras possam ter tido sobre nossa vida, pedir que tudo aquilo que nos prendia à força dessas palavras caiam por terra. Será necessário também uma Oração de Renúncia contra esses votos, para que isso seja desvinculado de nossa vida. Assim como, pessoalmente, por causa de situações dolorosas e por meio de palavras, fazemos os votos íntimos, será também por conta da ação do amor de Deus e por meio de nossas palavras que esses votos serão desfeitos.

Depois desses passos, é necessário que tenhamos, agora, a força e a determinação de superarmos o que antes, para nós, seria impossível. Começamos a perceber que, sobre determinadas situações que nos paralisavam, e talvez nos deixem em pânico, temos outros sentimentos e reações. É claro que pode surgir aquele medo ou receio de não conseguirmos, mas podemos ver que haverá uma força para enfrentarmos e superarmos tal situação. Força essa que, antes, achávamos que não tínhamos.

Esse, portanto, é o caminho que precisamos trilhar para nossa completa libertação dos votos íntimos. Que o Espírito Santo o ilumine e inspire.

Deus abençoe você!

16 de outubro de 2017

Aprenda a esperar em Deus

Reinflama nosso interior, Senhor Jesus, e ensina-nos a esperar em Ti

Sabe aqueles momentos, na vida da gente, que parece estarmos com água até o pescoço? Sufocados, sobrecarregados, cansados? Parece que andamos quilômetros sem sair do lugar? Fazemos tanto, mas não vemos os frutos. Talvez você tenha sido criticado, julgado injustamente, caído na má língua do povo, olhado ao seu redor, e só conseguiu ver olhares de reprovação. Você já se sentiu assim algum dia? Ou será que está se sentindo assim agora?

Fazemos parte de uma geração que desaprendeu a esperar! Não sabemos esperar mais nada! Detestamos fila de banco, ponto de ônibus, remédio que demora a fazer efeito. Comemos qualquer coisa, desde que seja rápido, para não atrapalhar o nosso atarefado dia. Transformamo-nos em pessoas imediatistas. Tudo é para ontem. Tudo é urgente. Inclusive a solução dos nossos problemas. Temos de ter uma solução! E bem rapidinho.

Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

Queremos respostas para nossos dilemas, paz, segurança, saúde, dinheiro, felicidade em casa, filhos obedientes e educados entre outros… E bem rapidinho!

Da mesma forma, somos rápidos no relacionamento com Deus, com os outros e com nós mesmos. E numa sociedade na qual a informação é cada vez mais veloz e a tecnologia muda a cada segundo, o tempo para descansar tornou-se artigo de luxo. Diante das situações em que gostaríamos de intervir no tempo, seria bom nos recordarmos da atitude de Noé naqueles dias de dilúvio.

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A lição de Noé

"(…) E eis que pela tarde a pomba voltou, trazendo no bico uma folha verde de oliveira. Assim Noé compreendeu que as águas tinham baixado sobre a terra. Esperou ainda sete dias, e soltou a pomba que desta vez não mais voltou" (Gênesis 8,10-12).

Esse servo de Deus traz essa lição de vida para você e para mim: esperemos as "águas baixarem"! É tudo uma questão de escolha. Ele optou por esperar e, enquanto ficava ali dentro da arca, aguardando, Deus agia. Ele não via, mas Deus agia! Ele [Noé] esperava e Deus baixava, milímetro por milímetro, as águas que cercavam a arca.

Penso que, do jeito que somos afobados, se estivéssemos no lugar dele, talvez pulássemos da arca com um balde na mão, tentando baixar, na marra, o mar ameaçador. E o Senhor iria dar boas risadas de nossa insensatez de imediatistas!


Peçamos a Cristo uma nova mentalidade, um novo jeito de pensar e querer que as coisas se realizem. Deixemos o querer "para ontem"; passemos para o "esperar hoje em Deus". Queira isso! Deseje-o de todo o coração. E você verá o sinal de Deus como resposta à sua obediente espera.

Para Noé, o sinal foi uma pomba com um ramo no bico. E as águas finalmente baixaram. E para você? Qual será o sinal? Espere e verá!

Vamos rezar?

Reinflama nosso interior, Senhor Jesus, ensina-nos a esperar em Ti! Que as águas ameaçadoras que nos cercam baixem ao som de Tua voz! Faça com que sejamos Noés no meio dessa humanidade que não sabe mais esperar por nada nem por ninguém. Faça de nós um sinal de contradição aos olhos deste mundo tão imediatista e necessitado do exemplo de homens e mulheres que sabem esperar em Deus. Amém.

E que essas águas baixem!

Um forte abraço. Na intercessão por você.

Alexandre Oliveira
Missionário da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/aprenda-a-esperar-em-deus/

13 de outubro de 2017

Minha mulher tem um novo amor

O nascimento do primeiro filho traz mudanças importantes na vida da mulher e do casal

Um primeiro olhar, as primeiras conversas, o interesse mútuo crescente que desemboca num compromisso: o namoro. Depois disso, com a bênção de Deus e a aplicação de ambos, o homem e a mulher se tornam cada vez mais unidos, até terem a certeza de que querem viver um com o outro "até que a morte os separe".

Celebra-se o matrimônio, um sacramento poderoso que ainda aguarda reflexões teologais à altura do que realmente significa e opera.


Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com 

Nova fase na vida do casal

Se as histórias de amor entre príncipes e princesas acabam aí, no matrimônio cristão este é o ponto de início de uma nova fase e desejo: gerar filhos.

O amor tem por característica unir, derramar-se e multiplicar-se. O fruto no ventre da esposa é um novo momento de intensa alegria para o casal, o amor está tomando a forma de um novo ser, uma perfeita síntese dos dois.

No entanto, quando a criança nasce, o marido parece ser o mesmo, ganhou um novo título de "pai" e uma cara de bobo que reflete uma alegria que não consegue colocar em palavras, mas, a mulher se torna mãe. Não exagero. Se o homem está tentando vestir a roupa de "pai", a mulher (sabendo ou não como lidar com a criança) tornou-se uma mãe.

Depois de passar por isso três vezes, posso dizer que o impacto do primeiro filho é sempre maior.

Para o homem, que pode acompanhar tudo como espectador, a realidade à sua volta começa a mudar: existe um único e poderoso centro das atenções, que é o filho que chegou.

Tudo gira em torno dele, e parece até que o homem passa a ser o terceiro na hierarquia da casa, pois, depois do reizinho, os cuidados com a mãe (para que esta possa servir ao filho) passam a ser preponderantes.


O novo e exigente amor

Aí percebemos que, embora não tenhamos sido trocados por ninguém, nossa mulher tem um novo e exigente amor.

Do ponto de vista do relacionamento familiar e do casal, é importante que o homem respeite esse momento extraordinário que a nova mãe está vivendo.

Não existe como o ser masculino entender esses nove meses que a mulher passa gestando o filho, além de todas as reações e emoções que ela tem antes, durante e após o nascimento.

Pesa também, mesmo que inconscientemente, essa responsabilidade dela de nutrir, proteger e ajudar a desenvolver esse novo ser que nasceu, de modo que ela gasta todas suas energias e atenções nesse processo. Algo que, antes, realizava sem quase nenhuma dificuldade durante a gestação.

A mulher, ao se tornar mãe, precisa do apoio, presença e firmeza do marido ao seu lado. Não dá para serem "dois bebês" querendo atenção (um muito mais velho e temporão!) ou ficar suportando um ser bicudo, que está se sentindo um pouco de lado e, por isso, passa a ser grosseiro e resistente.

A missão fundamental do esposo

Por outro lado, faz parte da missão própria do marido, no matrimônio cristão, ajudar a mulher a encontrar um equilíbrio na vida e na família.

Cabe ao homem servir de baliza, fornecendo base e bordas seguras para que a mulher possa se movimentar sem cair em exageros.

Assim, a atenção ao filho é primordial, mas é o marido quem ajuda a esposa a não cair em extremos de não comer, não dormir ou ficar emocionalmente instável por preocupar-se demais com a criança.

A primeira febre do bebê é tão apavorante, que faz a Segunda Guerra Mundial parecer um desentendimento bobo para algumas mães de primeira viagem.

Com o passar dos anos, o equilíbrio entre uma educação materna, que se esforça a proteger a qualquer custo, e uma educação paterna, que exige a formação de independência, é extremamente salutar para a criança, o adolescente, o jovem e o ser humano.

Cabe também ao marido continuar esse papel delicado e constante de ajudar a mulher a entender que o filho é criado para o mundo, e não para os pais; e que ela precisa, para o bem de ambos, ir se desvencilhando desse – já não tão novo – amor, mas sempre e cada vez mais exigente.

Esse novo ser continua a ser amado pela mamãe, mas passará a amar e a querer unir-se com outro ser e criar uma nova família.

Ao papai de primeira viagem, fica a dica: você receberá não só uma nova e linda criaturinha no lar, o filho, mas também irá se deparar com uma pessoa que, embora você tenha se casado com ela, é completamente diferente de tudo o que você conhecia antes, é uma nova mamãe.

Ela continua sendo tão amável quanto era sua esposa, mas trará, agora, necessidades e desejos especiais. Bem-vindo à fase dois!

11 de outubro de 2017

O trabalho das mulheres na Igreja

As mulheres contagiam a comunidade com sua feminilidade e maternidade

Vivendo meu sacerdócio, entendo cada vez melhor o papel que as "santas mulheres" tiveram na vida de Jesus. A começar por Maria de Nazaré, poderíamos lembrar também muitas outras "Marias" que seguiram o Senhor fielmente. Ao pé da cruz, elas estavam lá.


Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com 

A maioria dos homens que Jesus evangelizou, durante os três nos de vida pública, simplesmente sumiu na hora do desafio maior. Judas preferiu a morte a encarar a falência do seu sonho de um Messias guerrilheiro.

Pedro, vejam só, o velho Pedro, negou Jesus três vezes diante de uma funcionária do palácio. Ele não estava ao pé da cruz. Nem Tomé, Mateus, Tiago, Judas Tadeu… ninguém. Apenas o jovem João, certamente conduzido pela Mãe de Jesus, e as outras pessoas que estavam ali eram todas mulheres.

As mulheres na Igreja

Hoje, não é diferente em nossas paróquias. São batalhões de catequistas, ministras extraordinárias da comunhão eucarística, secretárias, cozinheiras da casa paroquial, religiosas, agentes da pastoral da saúde, coordenadoras de movimentos, participantes da liturgia entre outras.

O que realmente impressiona não é a quantidade de mulheres que ocupam espaço em nossas paróquias, mas a força, a perseverança e a qualidade do trabalho delas.

As mulheres têm uma força para gerar um novo mundo, que, simplesmente, não existe nesses pobres bípedes pensantes sem útero, aos quais chamamos homens.

Em 1995, o saudoso Papa João Paulo escreveu uma "Carta para as Mulheres" em que dizia:

"Gostaria de manifestar particular gratidão às mulheres empenhadas nos mais distintos setores da atividade educativa, para além da família: creches, escolas, universidades, instituições de assistência, paróquias, associações e movimentos. Onde quer que se revele necessário um trabalho de formação, pode-se constatar a imensa disponibilidade das mulheres a dedicarem-se às relações humanas, especialmente em prol dos mais fracos e indefesos. Nesse trabalho, elas realizam uma forma de maternidade afetiva, cultural e espiritual, de valor realmente inestimável, pela incidência que têm no desenvolvimento da pessoa e no futuro da sociedade".


Feminilidade e maternidade

De fato, a importância do trabalho das mulheres na Igreja não se resume ao funcional. Elas contagiam a comunidade com sua feminilidade e maternidade.

Sem a presença forte e atuante da mulher em uma paróquia, seria impossível a Igreja viver sua dimensão de mãe, mestra e esposa. Contudo, devemos evitar a tentação feminista de criar um clima de "guerra dos sexos' ou de disputa pelos lugares.  No Reino de Jesus, reinar é servir.

Homens e mulheres precisam aprender a belíssima lição de que se completam para formar a mais perfeita imagem e semelhança de Deus, capazes de continuar a obra da criação e também de colaborarem na obra da salvação.

As mulheres têm um potencial enorme para ajudar cada comunidade a ser uma grande família. Este é o maior desafio do terceiro milênio: fazer da Igreja uma família e da família uma Igreja.

Para que isso aconteça é fundamental que todos se sintam responsáveis por uma pastoral da acolhida que esteja presente em todas as pastorais e movimentos. Aqui, novamente, as mulheres são especialistas, pois têm a vocação natural de acolher outra vida no seu ventre. Aliás, a palavra "misericórdia", em hebraico, evoca as entranhas femininas, ou seja, o útero.

A fecundidade evangelizadora da paróquia passa pela natureza feminina. Poderíamos dizer que há certos serviços sacerdotais, na sacerdotalidade própria de todo batizado, que somente podem ser exercidos pelas mulheres.

Faço minha a belíssima prece de gratidão de João Paulo II às mulheres, registrada na mesma carta de 1995

"Obrigado a ti, mulher-mãe, que te fazes ventre do ser humano na alegria e no sofrimento de uma experiência única, que te torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz, que te faz guia dos seus primeiros passos, amparo do seu crescimento, ponto de referência por todo caminho da vida.

Obrigado a ti, mulher-esposa, que unes irrevogavelmente o teu destino ao de um homem, numa relação de recíproco dom, ao serviço da comunhão e da vida.

Obrigado a ti, mulher-filha e mulher-irmã, que levas ao núcleo familiar, e depois à inteira vida social, as riquezas da tua sensibilidade, da tua intuição, da tua generosidade e constância.

Obrigado a ti, mulher-trabalhadora, empenhada em todos os âmbitos da vida social, econômica, cultural, artística, política, pela contribuição indispensável que dás à elaboração de uma cultura capaz de conjugar razão e sentimento, a uma concepção da vida sempre aberta ao sentido do «mistério», à edificação de estruturas econômicas e políticas mais ricas de humanidade.

Obrigado a ti, mulher-consagrada, que, a exemplo da maior de todas as mulheres, a Mãe de Cristo, Verbo Encarnado, te abres com docilidade e fidelidade ao amor de Deus, ajudando a Igreja e a humanidade inteira a viver para com Deus uma resposta «esponsal», que exprime maravilhosamente a comunhão que Ele quer estabelecer com a sua criatura.

Obrigado a ti, mulher, pelo simples fato de seres mulher! Com a percepção que é própria da tua feminilidade, enriqueces a compreensão do mundo e contribuis para a verdade plena das relações humanas."

9 de outubro de 2017

Qual é o posicionamento da Igreja em relação à numerologia?

O cristão não pode acreditar na numerologia, pois o seu futuro está nas mãos de Deus

Numerologia é o estudo qualitativo dos números aplicados ao ser humano. Também são utilizadas as letras do alfabeto, convertendo-as em números por meio de uma tabela e assim determinando um valor numérico para nomes.

Uma das modas dos últimos anos é mudar alguma letra do nome para melhorar a sorte. Também aumenta o número de pessoas que consultam o melhor número para realizar suas atividades. Essas práticas demonstram a crença de que os números e as letras associadas a eles têm a força para revelar aquilo que queremos saber sobre nossas necessidades e também influenciar o futuro. Chama-se a isso de numerologia.

Qual-é-o-posicionamento-da-Igreja-em-relação-a-numerologiaFoto: Sashkinw by Getty Images

O que diz a numerologia?

Para a numerologia, os números ou letras nos dizem como somos, com o que viemos a este mundo e qual será o nosso destino. Trata-se de um método de predição do futuro. Existem diversos métodos de adivinhação que também usam a numerologia: Tarô, Cabala, I Ching entre outros.

A numerologia tem duas crenças básicas: a vida é cíclica e não linear, e o mundo é dinâmico, está vivo, e tudo que está nele também vibra com sua energia. Os números simbolizariam esse fluxo cíclico de energia e os padrões da vida. Desse modo, cada número teria sua própria vibração e representaria caráter, poder, potencial e oportunidades. Para a numerologia, o poder e o potencial de tudo na natureza, incluindo nós mesmos, é mais bem compreendido mediante o estudo detalhado dos números.

A numerologia tem suas raízes no ocultismo e está ligada a antigas artes adivinhatórias. A adivinhação é a pretensão de prever as coisas futuras e ocultas. Pretende descobrir aquilo que pertence somente a Deus. Em diversas ocasiões, Israel usou desse recurso, desobedecendo à Palavra de Deus: "fez passar pelo fogo seus próprios filhos no vale de Beninom; entregou-se à astrologia, à adivinhação e à magia, praticou a necromancia e a bruxaria, e multiplicou-se atos que desagradam ao Senhor, provocando-lhe assim a ira" (2 Cr 33,6).

"Não escuteis, portanto, vossos profetas e adivinhos, nem vossos vaticinadores, astrólogos, e feiticeiros que vos disseram que não sereis sujeitos ao rei da Babilônia" (Jr 27,9)


O que diz a Igreja sobre a numerologia?

Desde o início, o Cristianismo manteve a proibição da prática de adivinhação. Os Concílios de Vanes (461), de Adge (506) e de Orleans (511) excomungaram os adivinhos de qualquer tipo. O Catecismo da Igreja Católica, nº 2115, ensina que o verdadeiro católico professa a certeza de que seu futuro está seguro em Deus.

O Senhor pode revelar o futuro a seus profetas ou a outros santos. Todavia, a atitude cristã correta consiste em se entregar, com confiança, nas mãos da providência, no que tange ao futuro e em abandonar toda curiosidade doentia a esse respeito. A imprevidência pode ser uma falta de responsabilidade.

Artigo extraído do livro "Católico pode ou não pode? Por quê?", de padre Alberto Gambarini, Edições Loyola, 2005.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/qual-e-o-posicionamento-da-igreja-em-relacao-a-numerologia/

5 de outubro de 2017

A luta e a superação de quem venceu a batalha contra o câncer de mama

Célia Barros testemunhou como foi viver o processo de tratamento do câncer de mama

Por Alessandra Borges

O câncer de mama é umas das doenças cancerígenas mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, mas também pode surgir em homens, porém, as chances de incidência neles são bem menores do que nas mulheres.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa é que, no ano de 2016, foram registrados cerca de 57.960 novos casos. Por isso, é importante que as mulheres façam exames periódicos, pois a prevenção do câncer de mama está relacionada ao controle dos fatores de risco como idade, endócrinos, história reprodutiva e comportamentos ambientais, além dos fatores genéticos e hereditários.

A luta e a superação de quem venceu a batalha contra o câncer de mamaFoto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Diante de todos esses fatores, é preciso manter uma vida saudável, pois se estima que, por meio da alimentação, atividade física e uma gordura corporal adequada, é possível reduzir em 28% o risco de a mulher desenvolver um câncer de mama.

História de quem venceu o câncer de mama

Conheça a história de superação de Célia Regina Alves de Barros, de 47 anos, da cidade de Cruzeiro (SP). Ela foi diagnosticada com câncer de mama, em 27 de agosto de 2010, aos 40 anos.

cancaonova.com: Como foi descobrir que estava com câncer de mama?

Célia Barros: Foi um grande susto, pois, sempre me cuidei, sempre fiz os exames preventivos anualmente. Tal foi a surpresa, que passei por três médicos mastologistas ao perceber uma deformação na mama. Então, recebi o diagnóstico de câncer. Foi um pesadelo!

cancaonova.com: Quais foram os maiores desafios vividos durante todo o tratamento?

Célia Barros: Medo de morrer, afinal, associamos o câncer à morte; a reação dos efeitos colaterais, pois, ouvia dizer do sofrimento que era fazer esse tratamento; o medo de não aguentar e desistir de tudo. Mas estes foram desafios vencidos, graças a Deus!

cancaonova.com: Onde você buscou forças para vencer todas as etapas do tratamento?

Célia Barros: Primeiramente em Deus! A promessa de que Ele estaria comigo até os confins dos tempos, Ele cumpriu. Glória a Deus!

Também em minha mãe, que esteve comigo desde o início, os preciosos amigos, irmãos de minha Comunidade Canção Nova – da qual faço parte no núcleo segundo elo –, e também de muitas pessoas que eu nem conhecia e rezaram por minha cura.

cancaonova.com: Hoje, livre do câncer de mama, o que você poderia dizer para as pessoas que estão passando por essa doença?

Célia Barros: Eu creio que passar por esse processo doloroso sem Deus seria impossível! Sem Ele, eu não estaria aqui contando minha história.

A melhor forma que encontrei para vencer foi estar com minha família, estar com os amigos e viver com alegria, pois eu acreditava que tiraria desse mal um bem maior!

cancaonova.com: Como vê a importância dessas campanhas de câncer de mama?

Célia Barros: Acho importantíssimas! Estarmos informadas sobre a prevenção, os cuidados e a eficácia do tratamento, quando a doença é descoberta precocemente, torna tudo mais fácil.


Prevenção ao câncer de mama

A única forma de prever o câncer de mama é a detecção precoce da doença, por meio de um diagnóstico eficaz, a partir do momento em que forem detectados os primeiros sinais ou sintomas. A mulher também pode realizar o autoexame da mama, pois, de acordo com o Instituto Brasileiro de Controle do Câncer de São Paulo, cerca 80% dos nódulos mamários são benignos, e apenas uma pequena porcentagem de secreções está relacionada ao câncer.

Faça a prevenção e não deixe de realizar os exames periódicos. E quanto às mulheres que estão enfrentando essa batalha contra câncer de mama, lutem pela vida.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/luta-e-superacao-de-quem-venceu-batalha-contra-o-cancer-de-mama/

2 de outubro de 2017

O perigo de um desabafo

Fazer de qualquer pessoa um conselheiro para nossos desabafos ou reclamações apenas expõe nossa intimidade

Quando desabafamos com alguém sobre nossas intimidades, podemos ter consequências desastrosas se escolhermos um confidente sem maturidade para acolher o que temos a falar. Uma pessoa fragilizada pelos desentendimentos e crises no seu relacionamento poderá, facilmente, recorrer à ajuda de quem está mais próximo dela.

Foto: Daniel Mafra / cancaonova.com

Dessa forma, um simples colega pode se tornar um conselheiro quando a pessoa, que se encontra numa crise, vê-se favorecida pelas longas horas diárias de convívio no trabalho ou na faculdade. Sem reservas, ela expõe situações, as quais deveriam apenas ser discutidas com aquele que, realmente, faz parte do problema: seu cônjuge, por exemplo. Talvez, por falta de coragem ou por certa dificuldade no diálogo com aquele que é a causa da crise, a pessoa vê no colega uma oportunidade para relatar o que está vivendo.

A pessoa necessitada de amparo, sem perceber e pelo fato de se sentir compreendida em seus desabafos, vê no amigo o "Sr. Compreensão", ainda que este tenha conhecimento de apenas parte da verdade.

Por meio de conversas, sobre assuntos relacionados à intimidade pessoal, a simples amizade poderá se transformar num relacionamento muito estreito. E qualquer desatenção por parte dos colegas poderá fazer surgir entre eles uma atração diferente; favorecida por comportamentos que não deveriam ser vividos entre os amigos. Isso será muito nocivo para qualquer relacionamento, especialmente se o vínculo com o colega se intensificar por meio de telefonemas reservados, e-mails secretos, entre outras atitudes que podem gerar uma crise de ciúme.

Ajuda externa

Muitas vezes, as pessoas que se encontram fora do nosso problema conseguem entender melhor a situação que estamos vivendo. Em certas ocasiões, se faz, realmente, necessário recorrer à ajuda externa, seja por intermédio de um profissional ou com alguém que já tenha vivência e amadurecimento, para que possa ajudar o casal a encontrar as possíveis soluções para seus impasses.

Partilhar é bom, entretanto, mais importante é saber com quem estamos falando de nossa intimidade, que é o nosso "sagrado". Fazer de qualquer pessoa um conselheiro para nossos desabafos ou reclamações apenas expõe nossa intimidade e, ao mesmo tempo, pode adiar a restauração do convívio com aquele que deveria ser o primeiro a saber de nossas necessidades.


A melhor forma de se resolver uma crise é contar com a participação direta do outro naquilo que se refere ao desentendimento. Afinal, faz parte do convívio a dois o acolhimento para as mudanças de forma mútua e o eterno ato de se reconciliar.

Um abraço.