29 de abril de 2015

A exposição dos filhos na internet

Entenda por que a superexposição dos filhos na internet pode revelar uma desordem psíquica nos pais

Definitivamente, a internet e as redes sociais se transformaram numa realidade habitual para nós. Costumeiro também se tornou o fenômeno da superexposição da intimidade no ambiente digital, onde tudo é motivo para uma selfie, um post ou um compartilhamento na rede. Tal comportamento, no entanto, começa a extrapolar os limites do bom senso, sobretudo entre as mamães e os papais conectados que adoram publicar, quase que de hora em hora, uma foto da intimidade dos filhos e da família nas redes sociais.

A exposição dos filhos na internet
Foto: Getty Images

Recentemente, uma pesquisa no Reino Unido revelou que a superexposição dos filhos na internet, atualmente, já começa nas primeiras horas de vida. Neste país, cerca de 57% dos recém-nascidos tiveram fotos publicadas uma hora após o seu nascimento.

Os pequeninos, no entanto, são indefesos diante da lente de seus genitores, da mesma forma que se tornam reféns da necessidade de exposição dos pais, que transformaram os filhos numa espécie de extensão de si mesmos na internet.

Cabe a nós analisarmos dois pontos desse fenômeno da superexposição dos filhos na internet. O primeiro é: o que esse comportamento revela do mundo interior dos pais? E um segundo ponto: quais as consequências e os perigos para a formação da personalidade da criança?

Superexposição e personalidade dos pais

Não é difícil perceber que uma pessoa que tem o costume de se expor excessivamente no mundo digital, quando se torna pai ou mãe, transforma o filho no objeto da exposição. Trata-se de pais narcisistas*, que se preocupam exageradamente com a própria imagem e a estende para a imagem do filho.

O narcisista gosta de ser visto, aprecia o prestígio e a fama, quer 'feedback' sobre tudo o que posta na internet. Quando falamos de pais com essa personalidade, não precisamos ir longe para constatar que qualquer comentário na foto dos filhos do tipo "fofinho", "tá lindo", "ai, que belezinha!", serve, na verdade, como uma massagem no ego narcísico dos pais. O leitor entenda bem que não estamos falando de uma foto ou outra, mas do excesso de exposição dos "babys", o que, no fundo, denuncia uma desordem psíquica dos pais.

Consequências para a personalidade dos filhos

Françoise Dolto, pediatra e psicanalista francesa, disse que "a criança pequena e o adolescente são porta-vozes de seus pais". Assim, uma criança que cresce num ambiente em que tudo merece um clique pode desenvolver uma personalidade narcísica semelhante à dos pais. E isso por dois motivos: 1) porque a superexposição a coloca como o "centro das atenções" a todo momento. 2) porque a linguagem da criança, sobretudo as menores, se baseia muito mais no que os pais fazem do que no que falam.

Respeitar o momento e o espaço sagrado da criança

Existem momentos na vida que são únicos e merecem recordações, mas que também são sagrados e merecem proteção. A hora do sono, da amamentação, do banho, do cocô etc., são momentos íntimos da criança. Isso não significa que não possam ser eternizados numa foto para compor o álbum da família, mas vamos entender que "sagrado" diz respeito àquilo que o mundo não tem acesso. Ao postar uma foto atrás da outra da intimidade dos filhos, os pais passam de protetores a invasores deste mundo sagrado. E quando falamos em proteção, podemos também dizer dos perigos que rondam o mundo virtual, sobretudo quando o assunto é criança.

É importante que os pais mais conectados façam essa reflexão sobre a superexposição dos filhos nas mídias sociais e se perguntem: "O que quero com essa postagem do meu filho?", "Por que vou postar outra foto dele agora?".

É importante que os pais tracem filtros e limites do que e quando postar algo das crianças na internet; afinal, estamos falando do patrimônio mais importante que temos: os nossos filhos.

*O termo "narcisista" foi introduzido no século XIX pela psiquiatria e, posteriormente, por Sigmund Freud na psicanálise, para designar o amor exagerado de uma pessoa por si mesma, em referência ao personagem da mitologia grega Narciso, um jovem de bela aparência que, ao ver sua imagem projetada na água, apaixonou-se por si mesmo.

Autor: Daniel Machado de Assis – Superintendente do departamento de Internet da Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/a-exposicao-dos-filhos-na-internet/

24 de abril de 2015

As sogras são realmente más?

 Sogra má é um mito ou uma realidade?

Ai, ai, essa história de sogra é uma graça! Dizem que sogra é ótima… à distância! É verdade? Vamos então pensar em algumas alternativas sobre o conceito de sogra. Ela é a mãe que disputa com a nora o seu filho? É a amigona ou a mulher que pega no pé? Segundo a enciclopédia virtual livre – Wikipédia –, a sogra é vista como um fardo, como destruidora de namoros, noivados e casamentos. Mas por que todos falam dela?

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Quando o assunto é sogra, você encontra de tudo: termos pejorativos, piadas etc. Cada crueldade! Deus é mais! E para completar, para cada sogra que dizem ser má há, ao seu lado, sempre um sogro alegre, carinhoso e que acha a nora linda. Coitada das sogras!

Sogra má é um mito ou uma realidade? A tendência de todos nós não é sermos sogros e sogras um dia? De todos os desabafos que já ouvi, este me chamou muito à atenção: "Acredito que essas 'picuinhas' entre sogras e noras não passam de imaturidade. Se as duas amam tanto o mesmo homem e querem a felicidade dele, isso não é uma competição, mas um trabalho em grupo. Cada qual tem de entender que ocupam papéis diferentes na vida dele. Ou melhor, na vida de cada uma".  Mas será que esse problema é só com as noras? E os genros?

"A pior sogra era uma turca; a melhor estava morta". Cheia de preconceito, essa piada demonstra o que muitas noras pensam sobre suas sogras. Podemos expressar, de forma diferente, o que muitas sogras, ao longo da história, acabaram construindo sobre si mesmas. Mas ter uma sogra é ter um esposo. Portanto, para muitas noras o jeito é suportar a sogra má. Considero ser uma das relações mais difíceis a de sogra-nora, sogra-genro. Tão complicada que li uma frase de para-choque de caminhão: "Há duas coisas que matam de repente: vento pelas costas e sogra pela frente".

Por que, afinal, a sogra é tão desqualificada, seja pelo genro ou pela nora? Segundo a Psicanálise, a mãe é o primeiro objeto de amor de filhos e filhas. Só que essa mãe um dia vira sogra. Consequentemente, ela toma as dores da filha, assim como compete com a nora. Já de acordo com outras abordagens psicológicas, não precisaria ser a mãe este primeiro objeto de amor na vida dos filhos para que esta situação ocorresse. O ambiente se tornaria um possível responsável para que desencontros como esses acontecessem. É no ambiente que encontramos estímulos positivos e negativos, os quais nos afetam e nós também o afetamos.

A presença das pessoas se torna um estímulo e, a depender da função que elas ocupam em nossa vida, podem nos deixar cada vez mais felizes ou não. Quando não, em alguns casos nos adoecem. O que não quer dizer que, no casamento, esse papel de adoecimento seja o da sogra. Sair do jogo será sempre a atitude mais sábia.

Marido não precisa ficar comparando a comida preparada pela esposa com a da sua mãe. Sogra, lembre-se de que a sua nora não roubou filho de ninguém. E filho, mantenha-se sempre neutro e seja justo quando precisar.

Creio já ter chegado o tempo de atribuir um novo sentido a essa história. O mundo mudou, as pessoas mudaram e as sogras também. Se elas não servem para serem sogras, também não servem para criar os netos. Como é isso mesmo? Vamos ser justos com os membros da nossa família. É tempo de viver bem, ainda que seja com a sogra. E a sogra, que viva bem com a nora e com o genro.

Uma relação como essa precisará se tornar adulta para devolver harmonia na convivência familiar. A sogra por sua vez precisará respeitar as escolhas dos filhos, aceitando-as e se comprometendo a ajudá-lo a viver bem com sua esposa e seus filhos. Noras e genros, o compromisso é de igual importância. Precisarão aprender a conviver a partir das suas frustrações e conflitos familiares. Para isso fomos agraciados por Deus com uma porção de inteligência emocional. Em família, o jogo de cintura é muito importante, assim como o perdão e a verdade também. Precisamos nos admirar e falar bem dos nossos, isso sim deverá ser problema de sogra. É preciso manter viva as raízes que geraram bons frutos. Já as que só trouxeram contendas, fofocas e ciúmes, devem ser arrancadas e jogadas fora. Sem decisão não se vive assim. Tem que querer, decidir e praticar as estratégias que as relações familiares se tornarão motivo de alegria e de encontro. E a casa da sogra e das noras será como uma casa de bênção onde o Senhor tem o prazer de entrar e ficar.

Em todo caso, se nada lhe satisfizer no escrito acima, segue uma história para você ler, viver e contar.

"Era uma vez, uma nora, jovem, bonita e muito inteligente. Entediada de tanto ter conflitos com a sogra, a linda jovem desabafou com seu pai sobre a situação que estava enfrentando dentro do ambiente familiar. Seu pai, muito sábio, perguntou: 'O queres que eu faça para ajudá-la? A moça não pensou duas vezes e respondeu: 'Mate-a. Por favor, ajude-me a mata-lá'.

O pai, apaixonado pela filha e cheio de compaixão, respondeu que sim. Mas lhe explicou que tudo deveria ser do jeito dele; assim, ele poderia garantir que, em poucos dias, a sogra estaria morta. Então, o pai começou a explicar o passo a passo da destruição da sogra:

'Filha, todos os dias prepare o café para sua sogra. Com calma. Não desista nunca. Coloque com paciência o pó do café e espere ferver. No outro dia, coloque tudo de novo, mas ofereça o cafezinho já na xícara. Se tiver muito quente, espere esfriar e com paciência sirva a sua sogra.' Por vezes, a filha ficou sem entender nada.

A sogra estava encantada com tanta delicadeza, não sabia mais o que fazer para também agradar a nora. De repente, a filha reagiu, relatou ao pai que estava fazendo todos os dias o café da sogra e que esta estava bem melhor. E o pai insistia em lhe dizer que não parasse de colocar o café. A sogra ia tomar café até morrer. Quando, para surpresa do pai, a filha disse: 'Meu pai, pare de matar a minha sogra. Ela está ótima!'. O pai retrucou: 'Nunca quis matar a sua sogra, muito menos apoiá-la nessa ideia. Aquele pó de café que você colocava, todos os dias, foi se esvaziando de mágoa e tristeza. O veneno da bruxa má (ops… da bruxa má não!) estava vindo de você. Era você quem estava oferecendo a ela o pó da irritação, da intolerância, da mágoa e do ciúme. Sem perceber, você passou a cuidar da sua sogra com paciência e zelo, e hoje já não quer mais matá-la. Então, minha filha, nessa história, mesmo com sogra, o final feliz somos nós que fazemos'."

Que tal convidar a sua sogra para tomar um cafezinho com você?


Judinara Braz

Administradora de Empresa com Habilitação em Marketing.
Psicóloga especializada em Análise do Comportamento.
Autora do Livro "Sala de Aula, a vida como ela é."
Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA).


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/as-sogras-sao-realmente-mas/

22 de abril de 2015

Oração pelas famílias

Oração do Papa Francisco pelas famílias

familia

Jesus, Maria e José,

em vós contemplamos
o esplendor do amor verdadeiro,
a vós, com confiança, nos dirigimos.

Sagrada Família de Nazaré,
tornai também nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
autênticas escolas do Evangelho
e pequenas Igrejas domésticas.

Sagrada Família de Nazaré,
jamais nas famílias se faça experiência
de violência, fechamento e divisão:
qualquer um ferido ou escandalizado
tenha logo consolação e cura.

Sagrada Família de Nazaré,
o próximo Sínodo dos Bispos
possa trazer novamente a todos a consciência
do caráter sagrado e inviolável da família,
sua beleza no projeto de Deus.

Jesus, Maria e José,
escutai, ouvi nossa súplica, Amém!

Fonte: Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização

16 de abril de 2015

Vida sexual no casamento, será que vale tudo?

O fato de o sexo ser legítimo no casamento, e só no casamento, não quer dizer que "vale tudo" após o matrimônio

Não somos animais irracionais; aliás, nem os animais irracionais usam o sexo de maneira errada. Ao contrário, são extremamente naturais.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

A moral católica se rege da "lei natural" que Deus colocou no mundo e no coração do homem. Aquilo que não está de acordo com a natureza, não está de acordo com a moral. Será que, por exemplo, o sexo oral e anal estão de acordo com a natureza? Certamente não.

O Catecismo da Igreja nos ensina o seguinte: "Os atos com os quais os cônjuges se unem intima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido" (CIC 2362).

Em um discurso proferido, no dia 29 de outubro de 1951, Papa Pio XII disse palavras esclarecedoras sobre a vida sexual dos casais:

" O próprio Criador (…) estabeleceu que, nesta função, os esposos sentissem prazer e satisfação do corpo e do espírito. Portanto, os esposos não fazem nada de mal em procurar este prazer e em gozá-lo. Eles aceitam o que o Criador lhes destinou. Contudo, os esposos devem saber manter-se nos limites de uma moderação justa" (CIC paragrafo 2362).

Tenho ouvido esposas que se queixam dos maridos que as obrigam a fazer o que elas não querem ou não aceitam no ato sexual. É uma violência obrigá-las a isso. Aquilo que cada um aceita, dentro de suas características psicológicas, não sendo uma afronta à lei natural, pode ser vivido com liberdade pelo casal.

É legítimo que o esposo prepare a esposa para que haja o que se chama harmonia sexual, isto é, ambos atinjam o orgasmo. O esposo deve se guiar exatamente pela orientação da esposa, que saberá lhe mostrar naturalmente o que ela precisa para chegar ao orgasmo com ele.

As carícias sexuais em preparação para o ato sexual são lícitas, mesmo as orogenitais, a fim de que ambos consigam chegar ao orgasmo. E o marido deve ajudar a esposa nesse sentido, pois, normalmente, ela tem mais dificuldade. Isso não é fazer sexo oral. O sexo oral acontece quando o casal busca o orgasmo apenas por meio oral, e isso não deve ser feito.

Não é lícito o casal praticar a masturbação mútua, porque não se pode respeitar a dimensão procriativa dessa forma; mas, durante a relação sexual normal, o marido pode ajudar a esposa a chegar ao orgasmo com carícias mais profundas. Isso não é masturbação, pois é feito durante o ato normal.

O casal deve vigiar para que a relação sexual não seja mundanizada, isto é, realizada à moda da prostituição vendida em filmes pornográficos. O casal cristão não precisa de DVDs eróticos para se preparar para o ato sexual. Da mesma forma, o casal que busca Deus não precisa se deliciar em um motel de beira de estrada. Sabemos que ali é um lugar de prostituição, de adultério e fornicação, atos tão condenados por Deus. Ora, assim como um casal não entra para fazer uma refeição em um restaurante sujo, da mesma forma não pode celebrar o seu amor numa cama de adúlteros.

O casal cristão pode experimentar plenamente o segredo da felicidade sexual no prazer e na alegria, porque sabe combinar, na cama, harmoniosamente, o corpo e a alma, o humano com o divino.

Sem isso, não adiantam excitantes, hormônios, "viagras", técnicas, bebidas, músicas, danças, sofisticações eróticas ou posições acrobáticas. Algumas dessas coisas, quando usadas com equilíbrio, até podem ajudar a harmonia sexual do casal, mas se faltar a essencial conjugação do corpo com o espírito, tudo pode falhar e terminar em frustração.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/vida-sexual/vida-sexual-no-casamento-sera-que-vale-tudo/

14 de abril de 2015

Combate espiritual existe?

Em nossa caminhada como cristãos ou não cristãos, não há dúvida de que passamos por diversos combates

Nossa vida é uma só e precisamos vivê-la bem. Aquele que é cristão talvez tenha um pouco mais de vantagem por causa de Cristo Jesus, pois a vida do Senhor é um modelo para vivermos bem esta única vida que temos.

Combate espiritual existe?

Quando olhamos para a história de Jesus, verificamos que Ele passou por duras provas. Primeiramente, até mesmo antes de nascer, Seus pais estavam com dificuldade de encontrar abrigo para Ele. Jesus nasceu numa gruta, numa manjedoura. Depois, Nosso Senhor cresceu. A Bíblia não relata sua adolescência nem juventude, mas mostra sua vida adulta.

Na vida adulta do Senhor, verificamos, no Evangelho de Lucas, capítulo quatro, que Jesus foi tentado no deserto, tentado no prazer, tentado a transformar pedra em pão. Jesus foi tentado a possuir reinos e poderes. Podemos perceber que o Filho de Deus passou por uma batalha espiritual no deserto.

No decorrer de sua caminhada aqui na terra, Jesus realizou curas em vários momentos, vários e belos sermões onde alguns queriam fazê-Lo grande, mas Ele pedia discrição ou saia logo daqueles locais. Nesse sentido, Ele também combatia o inimigo para não cair no orgulho.

Em nossa caminhada como cristãos ou não cristãos, não há dúvidas de que passamos por diversos combates, mas é preciso discernir para tomar a melhor atitude; há realidades que são, sim, espirituais; outras são do humano e outras da finitude humana.

Por isso é muito bom que tenhamos uma boa sintonia com Deus por meio da oração, "a oração é um combate. Contra quem? Contra nós mesmos e contra os embustes do Tentador…" (CIC § 2726). Combatemos contra nós mesmos e contra o inimigo, por isso é necessário contar com um acompanhador espiritual, e por que não dizer um profissional da área de psicologia para ajudar a entender e dar os passos?

A maioria dos que me leem são pessoas que frequentam a igreja e buscam a santidade, mas eu preciso dizer que não basta colocar a culpa apenas nas realidades sobrenaturais. Sim, se você tem enfrentado problemas difíceis de serem resolvidos, busque ajuda naquilo que é possível, use as ferramentas que Deus nos deixou: a oração, o jejum e a esmola (caridade), mas não só a espiritualidade como também a medicina e a psicologia.

O combate espiritual existe, porém há combates que travamos que nem sempre são de cunho espiritual, mas também psíquico e físico. Por exemplo: algumas pessoas dizem que não conseguem se livrar de um vício e buscam a confissão várias vezes. Não adianta ficar apenas confessando esse pecado, é hora de dialogar e tentar entender por que isso atormenta tanto. Talvez tenha sido a falta de vigilância, mas também pode ser a imaturidade.

Um outro exemplo que normalmente é tido com dificuldade espiritual é a falta de perdão. Se a pessoa já confessou, o perdão já foi dado por Deus; agora, se ficou a lembrança, a pessoa precisa trabalhar isso, aceitar que perdoou, perdoar e continuar a vida. Como trabalhar essa lembrança ruim? Dialogar com Deus na oração e também buscar um acompanhamento para entender ou se não entender, não parar nisso. A falta de perdão, usada no exemplo, muitas vezes não diz apenas de uma realidade espiritual, mas é também humana. É preciso olhar de longe, refletir, dialogar e entender que a maior prejudicada é aquela pessoa que alimenta esse sentimento ruim.

Um último exemplo é quando a pessoa diz que não tem mais forças para fazer as mesmas atividades. Antes, ela rezava isso e aquilo, fazia vigílias, frequentava aquele grupo e também aquele outro; mas hoje a pessoa não consegue mais. Meu querido e minha querida, nosso corpo sente, não somos adolescentes a vida toda. Não se culpe pelo fato de não conseguir mais, pois existe uma limitação natural em cada um de nós. Por isso, não diga apenas que é uma mal espiritual.

A batalha espiritual é, sim, uma realidade. Jesus passou pelas tentações do inimigo, pelas tentações e provocações dos homens, mas foi vencedor e n'Ele também somos vencedores. Diante das batalhas que você enfrenta, analise, faça o discernimento: "Não consigo fazer por preguiça ou não faço porque realmente não tenho mais forças físicas?". Tenho feito "corpo mole" para as coisas de Deus? Tenho buscado ajuda nas minhas dificuldades ou eu me basto e resolvo sozinho? Na maioria das vezes, isso não dá certo, é preciso buscar ajuda, pois contar com o outro é também cura contra o egoísmo.


Padre Marcio

Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é "Fazei-o vós a eles" (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO).
Twitter: @padremarciocn


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/combate-espiritual-existe/

11 de abril de 2015

Por que os bebês se apegam a objetos?

Alguns bebês se apegam a objetos e estes estão próximos a eles em momentos especiais 

É muito comum percebermos como as crianças adotam aquele brinquedo preferido, um cobertor, um paninho, sua chupeta, um boneco de borracha macio de quem ela não larga de jeito nenhum. Esses objetos que envolvem essas cenas nos primeiros meses de vida, receberam o nome de objetos transacionais, pelo psicanalista Donald Winnicott.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Esses objetos trazem à criança uma sensação de conforto e acalento. Ela morde, aperta, mantém ali um relacionamento e uma diferenciação entre ela e o objeto. Coloca naquele cobertor, por exemplo, seus afetos positivos e negativos.

Tais objetos estão próximos da criança em momentos especiais: na hora da alimentação, onde mesmo com a mamadeira ou peito, ela está agarrada no paninho ou num determinado boneco, apertando-o, com uma imensa sensação prazerosa. Na hora de dormir, geralmente, agarra seus paninhos ou bonecos e, geralmente, mais facilmente pega no sono.

Os objetos adotados pela criança, ao olhar dos adultos, parece ter vida própria: e para criança, eles realmente têm vida própria. Recebem nomes, apelidos, são levados para todo canto e, quando saem da vista da criança, geram um sofrimento imenso para os pequenos. Tudo isso porque fazem parte dos vínculos afetivos criados por elas.

Como ao nascer os bebês ainda se percebem na relação eu-outro como um só, esses objetos entram no momento de diferenciação, ou seja, eles substituem e ajudam a criança a perceber outra fonte de proteção que não apenas a materna, uma vez que a mãe não ficará o tempo todo com o bebê no colo. Ou seja, vamos entender esse apego como uma forma de transição.

Ter esses objetos é preocupante?

A resposta é 'não'. Porém, nem todas as crianças vão adotá-los, e isso não deve ser encarado como um problema. Com eles, o bebê se relaciona, balbucia, beija e também tem atitudes agressivas como bater, jogar o brinquedo ou o pano longe.

Complicado é quando a criança é proibida de estar com aquele objeto ou ele é retirado dela ou trocado a todo tempo. Vamos pensar que, naquele momento, o bebê elege seu objeto preferido e com ele passa a ter um vínculo. Se ele é retirado ou trocado a todo tempo, não há como garantir e manter esse vínculo. O acompanhamento pediátrico ajuda as famílias a observarem o desenvolvimento adequado do bebê.

Os objetos vão sendo deixados de lado à medida que a criança vai se desenvolvendo, socializando-se e descobrindo o mundo nos primeiros passos, quando começa a andar sozinha, a falar e a desenvolver outras formas de contato social. Neste momento, vamos perceber que ela passa a ficar com seu objeto preferido nas horas de dormir, por exemplo, quando está na cadeirinha do carro ou em algum momento de maior relaxamento. Isso deve ocorrer por volta dos 3 aos 5 anos, época onde vai para escola e seu "objeto companheiro" pode ficar em casa ou em sua mochila.

Todos esses fatos são sinais favoráveis e parte do desenvolvimento saudável da criança. Oferecer a ela bons elementos de elo afetivo é papel dos pais e cuidadores. Um boneco, um mordedor, um cobertor ou fralda fazem bem esse papel. São objetos simples, sem necessariamente uma cor, luz, movimento ou tecnologia avançada, pois, nesses primeiros momentos de vida, são estes os melhores para os pequenos. É com a "ajuda" desse brinquedo que a separação da mãe vai se procedendo. Nem todas as crianças os terão; algumas demoram mais, outras adotam até mesmo o comportamento de "chupar o dedo", enrolar o cabelo, pegar no dedão do pé. Todos eles são parte deste momento e descoberta do mundo, de si e do outro, e certamente são igualmente expressivos para o desenvolvimento infantil.

Neste tempo tão corrido, quando os pais precisam se desdobrar para todas as necessidades do lar, pare um tempinho e observe seus filhos. A cada dia de um bebê, de uma criança, de um adolescente, você perceberá a riqueza de detalhes, as mudanças e o milagre da vida!


Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.
Blog: temasempsicologia.wordpress.com
Twitter: @elaineribeirosp


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/por-que-os-bebes-se-apegam-a-objetos/

8 de abril de 2015

O casamento não é uma "missão impossível"

De fato, o casamento pode se tornar uma "missão impossível" se o casal rejeitar os auxílios da graça de Deus

"Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda" (Gen 2,18). A mulher que Deus "modelou" da costela do homem e que levou a ele, arrancou dele um grito de admiração, uma exclamação de amor: "É osso de meus ossos e carne de minha carne" (Gn 2,23).

Foto: Daniel Mafra
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Deus criou o casal humano para uma "comunhão de pessoas" no matrimônio e os uniu de modo que, formando "uma só carne" (Gn 2,24), possam transmitir a vida humana: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra" (Gn 1,28). O homem e a mulher, como esposos e pais, cooperam de forma única na obra do Criador. Ai está toda a beleza que Deus quis para o casal humano; fez dele a fonte do amor e a "nascente da vida". Cristo elevou o casamento entre os batizados à dignidade de sacramento.

A sagrada Escritura abre-se com a criação do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus fecha-se com a visão das "núpcias do Cordeiro" (cf. Ap 19,7). Toda a Sagrada Escritura fala do casamento e de seu "mistério", de sua instituição e do sentido que lhe foi dado por Deus, de suas dificuldades provenientes do pecado e da sua renovação "no Senhor" (1Cor 7,39).

Deus é o autor do matrimônio; o casamento não é uma instituição simplesmente humana. "Por isso um homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne" (Gn 2,24).

O pecado instaurou também no casamento a desordem. Tendo sido uma ruptura com Deus, a primeira consequência foi a quebra da comunhão original do homem e da mulher. Para curar as feridas do pecado, o homem e a mulher precisam agora da ajuda da graça que Deus, que em sua misericórdia infinita, não nos recusa. Sem esta ajuda, homem e a mulher não podem chegar a realizar a união de suas vidas para a qual foram criados "no princípio". Sem Cristo, o casamento não perdura. Por isso Ele o transformou em sacramento. Um casal sem Deus é um casal fraco.

De fato, o casamento pode se tornar uma "missão impossível" se o casal rejeitar os auxílios da graça de Deus; pois o pecado os vencerá. Para ser uma missão bela e saudável, o casal precisa fazer do seu lar um "espaço de Deus". Então, o casamento, mesmo após advento do pecado, se torna uma "escola de amor" onde se aprende a vencer a centralização em si mesmo, o egoísmo, a busca do próprio prazer, e a abrir-se ao outro, à ajuda mútua, ao dom de si.

Não foi sem razão que Jesus começou sua vida pública realizando seu primeiro milagre, a pedido de Sua Mãe, por ocasião de uma festa de casamento. É a confirmação de que o casamento é uma realidade boa e um sinal eficaz da presença de Cristo.

Jesus veio para restabelecer a ordem inicial da criação perturbada pelo pecado; então, é Ele mesmo quem dá ao casal a força e a graça para viver o casamento na nova dimensão do Reino de Deus. Seguindo a Cristo, renunciando a si mesmo e tomando cada um sua cruz, os esposos poderão "compreender" o sentido original do casamento e vivê-lo com a ajuda de Cristo.

São Paulo mostra que a união de Cristo com a Igreja é uma aliança matrimonial: "E vós, maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la… É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e sua Igreja" (Ef 5,24-32). O Matrimônio cristão é um sinal eficaz da aliança de Cristo e da Igreja.

O casal cristão, diante de Deus que os uniu para sempre, para serem esposos, pais e mães, precisam se esmerar no cuidado do casamento. Que jamais haja infidelidades conjugais, nem por pensamentos, palavras ou atos. A infidelidade é a morte do casamento. O casal não pode ser inocente se arriscando em aventuras com outras pessoas; a infidelidade começa muitas vezes com uma relação inocente que termina na infidelidade conjugal.

Dicas para viver bem:

– O casal precisa investir um no outro e no lar. Os matrimônios fortes se constroem passando tempo juntos; faça do tempo de convivência juntos uma prioridade, juntamente com os filhos.

– Não fique ressaltando as falhas de seu cônjuge e fazendo reprovações, isso faz com que outras pessoas te pareçam mais atraentes. Valorize mais as qualidades do outro e diminua as críticas. Não faça comparações com outros casais. Com as outras pessoas você não está vivendo um mundo real; é sonho.

– Quando houver necessidade, busquem ajuda. Isso não é um sinal de fraqueza. Um terapeuta familiar cristão ou um bom conselheiro, ajudam a pensar, a buscar soluções.

– Mantenha um lar alegre, com bom humor; elimine a reclamação e a lamúria. Alegria e bom humor são terapia. Saiba dar um sorriso mesmo nas horas amargas. E não esconda seus sentimentos; porque reprimi-los fazem mal e geram brigas. Seja transparente com o outro para ganhar a sua confiança.

– Cuide da vida sexual, mais do que a união de dois corpos é a união de duas almas que se amam e que se compromissaram uma com a outra por toda a vida. Cuidem bem um do outro, com todo amor, carinho, respeito, bondade, paciência, tolerância, maturidade e responsabilidade. Tudo isso faz o casal cumprir essa bela missão que Deus lhes deu de constituir uma família feliz. Eu pude viver quarenta anos essa realidade e posso dizer que é uma das melhores realizações desta vida. Nós amamos e nos realizamos com aquilo que construímos com nossa dedicação e amor.

Já foi dito que "quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza chegará mais longe…" A paciência pode ser amarga, mas seus frutos são doces.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/casamento/o-casamento-nao-e-uma-missao-impossivel/

6 de abril de 2015

Páscoa é uma festa de família

A Páscoa é uma festa de família, porque viver ressuscitado é saboroso como o chocolate

Que conceito bonito este de que a família é a Igreja doméstica:"Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs são de importância primordial, como lares de fé viva e irradiante. Por isso, o Concilio Vaticano II chama a família, usando uma antiga expressão, de "Eclésia domestica". É no seio da família que os pais são 'para os filhos, pela palavra e pelo exemplo… os primeiros mestres da fé. E favoreçam a vocação própria a cada qual, especialmente a vocação sagrada'" (Catecismo da Igreja Católica, n° 1656).

O lar cristão é o lugar em que os filhos recebem o primeiro anúncio da fé. Por isso, o lar é chamado, com toda razão, de "Igreja doméstica", comunidade de graça e de oração, escola das virtudes humanas e da caridade cristã (Catecismo da Igreja Católica, n° 1666).

Os pais são os primeiros a transmitir a fé, os valores cristãos e universais e uma boa educação para os filhos. Pai e mãe são mestres da vida, pela palavra e pelo exemplo eles nos ensinam coisas que vamos levar para a vida toda, que irão influenciar as nossas escolhas e, principalmente, formar a nossa consciência do bem e do mal. Serão os primeiros catequistas, que, muito mais do que ensinar, irão transmitir pela prática, porque os filhos os verão fazendo.

Eu mesmo poderia dizer da minha mãe e da minha avó quando as via rezar o terço diante da imagem de Nossa Senhora: "Era uma santa ouvindo o que a outra santa dizia!" Meus pais imprimiram em mim muito mais do que traços biológicos e heranças hereditárias, qualidades e defeitos e o desejo de um futuro brilhante. Eles fizeram com que eu experimentasse o amor de Deus e a graça da fé. Quando ainda era criança, sem que eu entendesse, me deram um banho de Água Viva, que me fez nascer de novo e me enxertou em Cristo Jesus. Dando-me assim o Dom da imortalidade e a graça de pertencer a uma família muito grande: a Igreja!

Como explicar para as nossas crianças e jovens que, na Páscoa, o mais importante é a festa da vida que vence a morte? Que Cristo verdadeiramente foi morto numa cruz e que, por aceitar morrer assim, Ele nos libertou do pecado e nos salvou pela Sua Ressurreição? A Páscoa é uma festa de família, porque viver ressuscitado é saboroso como o chocolate, é cheio de vida como o ovo e é tão fecundo como um casal de coelhinhos. É preciso ter a coragem de celebrar a fé em família e ensinar o verdadeiro sentido de ser cristão.

Celebrar a Páscoa é renascer com Cristo ressuscitado, é passar da morte para a vida, é vencer o pecado e a morte. É também celebrar a vida com o sabor de um ovo de chocolate e mostrar ao mundo que o cristão precisa ser como o coelho: fecundo em virtudes, amor e santidade. É arrumar uma ceia e acender uma vela para convidar os amigos e parentes para se iluminarem com a luz de nossa fé. Uma fé que nasce e renasce constantemente no seio de nossas famílias. É ser criativo e pedir ao Espírito Santo que grave em nossos corações a Graça e o verdadeiro sentido dos símbolos pascais:

O Círio Pascal: Representa o Cristo Ressuscitado, que deixou o túmulo, radioso e vitorioso. Na vela pascal ficam gravadas as letras Alfa e Ômega, significando que Deus é o princípio e o fim. Os algarismos do ano também ficam gravados no Círio Pascal. Nas casas cristãs é comum o uso da vela no centro da mesa no almoço de Páscoa.

O ovo, aparentemente morto, é o símbolo da Vida que surge repentinamente, destruindo as paredes externas e irrompendo com a vida. Simboliza a Ressurreição.

O Cordeiro: Na Páscoa da antiga Aliança, era sacrificado um cordeiro. No Novo Testamento, a vítima pascal é Jesus Cristo, chamado Cordeiro Pascal.

O Coelho: Símbolo da rápida e múltipla fecundidade da Igreja, que está espalhada por toda a parte, reproduzindo fiéis: há um número incalculável de filhos de Deus, frutos da Graça da Ressurreição.

O Trigo e a Uva: Simbolizam o pão e o vinho da Santa Missa e, por seu grande significado com a Trindade Santa, traduzem, por excelência, o símbolo Pascal. Para a ornamentação da mesa de Páscoa, nada mais indicado que um centro feito com uvas e trigo, entre cestas de pães e jarras de vinho.

O peixe é o mais antigo dos símbolos de Cristo. Se Cristo é o Grande Peixe, somos os peixinhos de Cristo. Isso quer dizer que devemos sempre viver mergulhados na Graça de Cristo e na Vida Divina, trazidas a nós pela água do batismo, momento em que nascemos espiritualmente, como os peixinhos nascem dentro d'água.

Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente ALELUIA!!!

FELIZ PÁSCOA!


Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: http://@peluizinho


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/pascoa/pascoa-e-uma-festa-de-familia/

1 de abril de 2015

1º de abril, um dia para falar a verdade

O folclórico dia da mentira tem sua origem na confusão de um calendário

O fato ocorreu por volta do século XV, quando o então rei da França Carlos IX decretou o início do ano corrente como 1º de janeiro, seguindo o calendário gregoriano.

Alguns camponeses e povoados mais distantes do rei não acreditaram no decreto e continuaram a celebrar o início do ano em 1º de abril. Isso fez com que passassem a ser ridicularizados pelo restante da população com brincadeiras de notícias mentirosas. Essas "peças" passaram a fazer parte da celebração do dia 1º de abril que, ao longo do tempo, tomou conta de toda a França e do mundo, ora com o nome de "dia da mentira", ora como o dia dos tolos.

1º de abril, um dia para se falar a verdade

Hoje, o dia da mentira é tido como uma brincadeira. Com a globalização, a data ganhou destaque em importantes meios de comunicação e, com o advento da internet, agências de notícias famosas fizeram circular notícias bizarras como forma de celebração desse dia.

Brincadeiras e folclore à parte, a verdade é que mentira pode provocar consequências desastrosas para um país, para uma família, uma empresa, uma pessoa. Como dizia Gandhi: "assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida."

No Brasil, por exemplo, sofremos há anos as consequências da falta de transparência de nossos governantes. A mentira está a serviço da corrupção, que é a maior vilã de nossa sociedade. Os princípios que regem a mentira, o juízo falso de valores e o engano proposital são os geradores de grande parte das mazelas sociais que os brasileiros já testemunharam. A impunidade, a violência, principalmente nas cidades de porte médio, antes locais seguros, só têm crescido na última década, ao mesmo tempo em que os investimentos na saúde pública são ainda desproporcionais à demanda, e a educação não é vista como prioridade para o desenvolvimento do país.

A nossa sociedade está sofrendo também as consequências do abandono e do esquecimento da verdade e dos valores cristãos. No dia da mentira, é verdade que não temos mais tempo para nossos filhos, é verdade que não nos reunimos em família, não temos tempo para ir à Igreja, é verdade também que a dignidade e o direito mais básico, o de viver, já não faz tanto sentido. De fato, temos aqui muitos motivos para, neste 1º de abril, lamentar as consequências da mentira em nossa vida.

Mesmo que no dia 1º de abril contemos alguma mentira para não deixar passar em branco essa "brincadeira", a verdade é que temos sede de sinceridade, queremos a confiança, queremos reciprocidade, queremos nos manifestar tal como somos, pois não aguentamos por muito tempo a dissimulação, a falsidade e a corrupção. Algo dentro de nós grita pelo verdadeiro e autêntico. No fundo, todo homem anseia viver em comunidade para partilhar a verdade e a justiça.

Jesus disse: "E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará (João 8, 32). Aprendamos que só a verdade nos torna pessoas livres, o bem mais precioso para o homem. É na liberdade que começa e termina todos os nossos caminhos, ela é a pérola do nosso querer.

No dia da mentira, precisamos redescobrir a nossa vocação de testemunhar e comunicar a verdade. Não suportamos mais o que o Papa Bento XVI classificou como a "ditadura do relativismo", queremos mesmo é a liberdade que vem pela verdade. Vivemos tempos de desconfiança e opressão pela mentira, ora lá, ora cá, perguntamo-nos se não estamos sendo enganados, pois quem sabe nos acostumamos com o falso…

No dia da mentira só me resta dizer: Brasil, lute pela verdade!

Autor: Daniel Machado de Assis – Missionário da Comunidade Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/1o-de-abril-um-dia-para-se-falar-a-verdade/