17 de abril de 2025

Como viver a Semana Santa fazendo uma verdadeira parada para reflexão

Parada para reflexão e reconstrução da espiritualidade

Iniciamos, no Domingo de Ramos, mais uma Semana Santa com a entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém. Aí começa uma nova fase na história do povo de Israel, quando todos se voltam para a cena da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

A Semana Santa deve ser um tempo de recolhimento, interiorização e abertura do coração e da mente para o Deus da vida. Significa fazer uma parada para reflexão e reconstrução da espiritualidade, essencial para o equilíbrio emocional e a segurança no caminho natural da história de vida com mais objetividade e firmeza.

Lembramos, na Semana Santa, que as dificuldades não são para nos fazer desistir

As dificuldades encontradas não são fracasso nem caminho sem saída; elas nos levam a firmar a esperança na luta por uma vida sem obstáculos intransponíveis. Foi o que aconteceu com Cristo, no trajeto da Paixão, culminando com Sua morte na cruz. Em todo o caminho, Ele passou por diversos atos de humilhação.

A estrada da cruz foi uma perfeita revelação da identidade de Jesus. Ele teve de enfrentar os atos de infidelidade e rebeldia do povo que estava sendo infiel ao projeto de Deus, inclusive sendo crucificado entre malfeitores. Jesus partilha da mesma sorte e dos mesmos sofrimentos dos assassinos e ladrões de sua época.

Créditos: Foto gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT


Associar ao sofrimento de Cristo

Na Semana Santa, devemos associar ao sofrimento de Cristo o mesmo que acontece com tantas famílias e pessoas violentadas em nosso tempo. Podemos dizer da violência armada, dos trágicos acidentes de trânsito, das doenças que causam morte, do surto da dengue, dos vícios que ceifam muita gente etc.

Jesus foi açoitado, esbofeteado, teve a barba arrancada, foi insultado e cuspido. O detalhe principal é que nenhum sofrimento O fez desistir de Sua missão nem ter atitude de vingança. Ele deixou claro que o perdão é mais forte que a vingança.

Devemos aprender com Ele e olhar a vida de forma positiva, sabendo que seu destino é projetado para a eternidade em Deus.

Dom Paulo M. Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/semana-santa/reflexao-e-espiritualidade-na-semana-santa/

16 de abril de 2025

Como viver bem a Semana Santa

A semana maior da Igreja 

Por meio da Sagrada Liturgia1, cada batizado é convidado a viver configurando-se à vida de Jesus Cristo. Para tanto, a Igreja ajuda-nos a percorrer esse caminho de assimilação da existência cristã propondo-nos a dinâmica do Ano Litúrgico2, cujo ápice é o Tríduo Pascal, que celebra os mistérios centrais de nossa fé: o Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado.

Créditos cancaonova.com

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

A Igreja "recorda a entrada do Cristo Senhor em Jerusalém para consumar seu mistério pascal"3. Na procissão de ramos, experimentamos nossa condição de peregrinos, caminhantes para a eternidade. Participar dessa procissão nos predispõe a caminhar juntos, manifestando nossa alegria em sermos discípulos de Jesus. Na segunda parte da celebração – a Missa –, faz-se memória da Paixão de Cristo, de Seu ato de amor, Sua entrega para nossa salvação.

Quinta-feira da Ceia do Senhor

Comumente chamada de Missa do Lava-pés por ser um dos elementos dessa celebração – ainda que não seja o mais importante. Neste dia, a Igreja celebra "a instituição da Sagrada Eucaristia e da ordem sacerdotal, bem como o mandato do Senhor sobre a caridade fraterna"4 . É dia de agradecermos pelo dom da Eucaristia – presença real do Senhor que nos alimenta nas estradas da vida; pelo sacerdócio ministerial – recordando-nos de todos aqueles a quem o Senhor chamou para uma vocação específica de entrega e serviço; e de nos empenharmos à caridade concreta em favor dos mais fragilizados.


Sexta-feira da Paixão do Senhor

Neste dia, a Igreja celebra a Paixão e Morte de Cristo. A celebração é marcada pelo despojamento e silêncio. Após as leituras da Palavra de Deus, procede-se com a Adoração da Cruz – em que reconhecemos o infinito amor do Senhor pela humanidade, seguida da distribuição da sagrada Comunhão. A Igreja, esposa de Cristo, une-se ao seu Senhor, medita Suas dores, chora Sua morte. Este é um dia de jejum, de abstinência, de cultivar o silêncio e de refletir sobre nossa resposta de amor a Deus.

1 Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, n. 2.
2 Cf. Sacrosanctum Concilium, n. 102.
3 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 216.
4 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 246.

Sábado Santo

Durante este dia, "a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando na Sua Paixão e Morte, bem como a Sua descida à mansão dos mortos (1Pd 3,19), e esperando a Sua Ressurreição, em oração e jejum"5.

Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor

A celebração do Domingo de Páscoa começa na noite de Sábado com a "Vigília Pascal na noite santa". É antiquíssima a tradição dessa vigília, que remonta aos primeiros séculos, aguardando o dia da gloriosa Ressurreição do Senhor. Essa celebração é realizada em quatro partes: a primeira, com o lucernário e a proclamação da Páscoa. Na segunda parte, iluminada pela Páscoa de seu Senhor, "a santa Igreja medita as maravilhas que o Senhor Deus realizou desde o início para seu povo que confia em sua palavra e sua promessa"; na terceira, a Igreja celebra ou recorda a vida nova no Batismo. Por fim, na quarta parte da celebração, os cristãos são convidados "à mesa que o Senhor preparou para o seu povo: o memorial de sua morte e ressurreição, até que Ele venha"6. É dia de rejubilarmos pelas maravilhas que o Senhor realizou para nos salvar, pelo Batismo que recebemos e pelo convite que nos faz, ao banquete eucarístico.

Com a celebração do dia da Páscoa, a Igreja, resplandecente de alegria, proclama: Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos.

Conclusão

A Semana Santa é um convite profundo à vivência dos mistérios centrais da nossa fé. Ao longo desses dias, a Igreja nos oferece, por meio da Sagrada Liturgia, um caminho para refletir sobre o amor incondicional de Deus e nos desafia a viver de maneira mais plena o nosso compromisso com Ele e com o próximo. Que, ao participar desses momentos de graça, renovemos nossa fé, fortalecendo nossa esperança e vivendo de forma concreta o mandamento do amor-comunhão. Abençoada Semana Santa!

Pe. Técio Andrade Lima 
Presbítero do Clero da Arquidiocese de Vitória da Conquista, doutorando em Sacra Liturgia no Pontifício Instituto Litúrgico do Pontifício Ateneu Santo Anselmo em Roma.

5 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 272.
6 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 274.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/como-viver-bem-semana-santa-2/

15 de abril de 2025

Semana Santa, a semana das semanas

A semana maior

Se você é católico, com certeza conhece a expressão "Semana Santa". Mas você sabia que ela também é chamada de "A Semana Maior"? Ela é maior não somente porque, ao invés de ter sete dias, contém oito – sendo dois domingos, mas, sobretudo, porque ela celebra o coração do mistério de nossa salvação.

Ela é uma semana de grande importância para toda a humanidade, o centro da história e, ao mesmo tempo, o seu fim, já que ela aponta e conduz ao fim da nossa caminhada na Terra, a nós que desejamos a vida eterna.

Essa salvação se realiza na Páscoa de Cristo, que, passando pelo sofrimento e pela morte, entra na vida nova da Ressurreição. Em Jesus, o Filho de Deus, a humanidade tem acesso à Páscoa eterna. Nesse sentido, São Paulo nos diz que "nós somos cidadãos dos céus. É de lá que, ansiosamente, esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura" (Fl 3,20-21).

Todos os anos, a Igreja nos oferece esse tempo forte e de muitas graças, considerado o ápice do ano litúrgico, que começa no Domingo de Ramos e segue até o Domingo de Páscoa.

A liturgia nos convida então a acompanhar Jesus passo a passo, desde a Sua chegada em Jerusalém até o Seu encontro, ressuscitado, com os discípulos, passando pela colina do Gólgota onde foi crucificado. Toda essa trajetória alimenta nossa fé e nos ajuda a compreender e a experimentar o grande amor de Deus por nós.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

A Semana Santa contém vários eventos de grande importância para nós:

– O Domingo de Ramos, com a entrada triunfal de Jesus na cidade santa de Jerusalém.

– O Tríduo Pascal (três dias):

  • Quinta-feira Santa: Jesus lava os pés dos apóstolos e institui a Eucaristia e o sacerdócio.
  • Sexta-feira Santa: Jesus sofre e entrega Sua vida por amor a nós.
  • Sábado Santo: O corpo do Senhor está no túmulo. Dia de silêncio. Nenhuma celebração é feita durante o dia.

– A grande Vigília Pascal: acontece no sábado à noite para celebrar a Ressurreição de Jesus. Em seguida, no domingo, continuamos a celebrar, com grande júbilo, a presença viva de nosso Senhor.

O Catecismo da Igreja diz: "A Páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a «festa das festas»,  a «solenidade das solenidades», tal como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos (o grande sacramento). […] O mistério da ressurreição, em que Cristo aniquilou a morte, penetra no nosso velho tempo com a sua poderosa energia, até que tudo Lhe seja submetido" (§1169).


Um convite para você!

Participar das celebrações litúrgicas propostas pela Igreja é de grande importância para que possamos reviver esses eventos como se estivéssemos ao lado de Jesus em Jerusalém. Elas despertam em nós sentimentos de compaixão, de contrição e de reparação, além de nos dar forças para carregarmos a nossa cruz, ajudar-nos a viver na esperança e entrar na alegria da ressurreição e da vida eterna.

Deixo então um convite: aproveitemos o quanto for possível de tudo o que é proposto nesse tempo em nossas paróquias, comunidades e movimentos. O ideal é que seja de forma presencial.

Consagre um tempo maior à oração e à meditação dos mistérios que celebramos, leia as passagens bíblicas correspondentes ou os textos litúrgicos do dia. Podemos achar que já os conhecemos, mas a Palavra sempre traz uma luz nova para nossos caminhos.

Que Deus os abençoe e lhes conceda a graça de uma abençoada Semana Santa!

Equipe de Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/semana-santa/semana-maior-significado/

14 de abril de 2025

Esta é a Grande Semana! Tempo de graça e conversão

A vida humana encontra sentido em Cristo

A Sagrada Escritura, confirmada pela experiência dos séculos, ensina à família humana que o progresso, grande bem para o homem, traz também consigo uma enorme tentação. De fato, quando a hierarquia de valores é alterada e o bem e o mal se misturam, os indivíduos e os grupos consideram somente seus próprios interesses e não o dos outros.

Por esse motivo, o mundo deixa de ser o lugar da verdadeira fraternidade, enquanto o aumento do poder da humanidade ameaça destruir o próprio gênero humano. Se alguém pergunta como pode ser vencida essa miserável situação, os cristãos afirmam que todas as atividades humanas, quotidianamente postas em perigo pelo orgulho do homem e o amor desordenado de si mesmo, precisam ser purificadas e levadas à perfeição por meio da cruz e ressurreição de Cristo. Redimido por Cristo e tornado nova criatura no Espírito Santo, o homem pode e deve amar as coisas criadas pelo próprio Deus. Com efeito, recebe-as de Deus; olha-as e respeita-as como dons vindos das mãos de Deus" (Gaudium et Spes 37).

O acontecimento primordial da fé cristã é o Mistério Pascal de Jesus Cristo em sua Morte e Ressurreição. Acreditamos, com toda força de nossa alma, que a vida humana encontra sentido justamente em Cristo. N'Ele, todas as esperanças podem se realizar e todos os esforços pelo bem e pela verdade chegam a porto seguro.

Quando professamos a fé, temos a certeza de que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida para todos. Cabe-nos respeitar as pessoas que têm outras convicções religiosas e existenciais. Mas não nos é lícito omitir-nos na proclamação da verdade da fé.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

A Semana é Santa e é grande por causa do mistério de Cristo

Em torno da Ressurreição de Cristo, toda a prática religiosa cristã se organizou no correr dos séculos. O dia dos dias é o domingo, pois Jesus venceu a morte, o pecado e a dor no primeiro dia da semana. Assim, para os cristãos, essa realidade supera os ciclos naturais. Ainda que dias, noites, meses e anos sejam vividos por nós junto com as outras pessoas. Vivemos entre dois polos de tensão, "dependurados" na certeza da Ressurreição e na volta do Senhor, no fim dos tempos, quando Deus for tudo em todos. Por isso, a Igreja clama com confiança: "Anunciamos, Senhor, a vossa Morte, proclamamos a vossa Ressurreição! Vinde, Senhor Jesus!".

Do domingo veio a semana cristã. Dele se ampliaram os horizontes celebrativos, para que o mistério de Cristo se faça sempre presente e atual. Do dia da Ressurreição veio a Páscoa anual, celebrada com toda solenidade. Os mistérios da vida de Cristo vieram, pouco a pouco, a ser comemorados. Sempre com a Santa Missa, presença e renovação do Sacrifício do Calvário. Tudo marcado pela abundante proclamação da Palavra de Deus.

As pessoas que escolheram seguir Jesus Cristo e o fizeram com radicalidade, que nós chamamos de santos e santas, são recordadas no dia de sua Páscoa pessoal na morte. Isso levou a Igreja a celebrar, também com a Santa Missa, seus exemplos e sua intercessão orante pelos que caminham rumo à pátria definitiva.

Nosso calendário é chamado "litúrgico", porque se organiza em torno do único mistério, Jesus Cristo, nosso Salvador, que morreu e ressuscitou para nos salvar. A cada ano, retornamos apenas às mesmas celebrações. Mas nos encontramos crescidos e mais amadurecidos na fé, para testemunhá-la mais ainda.

O gosto pelas celebrações da Igreja

Este deve ser o programa de vida do cristão. Entende-se, assim, porque nossas famílias incutiram em nós o gosto pelas celebrações da Igreja. Batismo, Primeira Comunhão, Crisma, Matrimônio marcam esse ritmo. Ainda se acrescentam as devoções das famílias ou as festas de padroeiros, Círios, Coroações, Novenas, Procissões. Parecemos agradavelmente teimosos, sem permitir que outras realidades nos engulam de vez! Olho assim para a realidade amazônica, mas quero ver mais longe. Sabendo que em todos os quadrantes há cristãos assim dispostos a manter viva, não só a fé, mas também uma sadia influência na cultura do tempo em que vivemos.

Entretanto, nosso calendário católico oferece ao mundo uma semana especial. Estamos às suas portas, chamada santa por causa do Senhor que se faz presente com intensidade, suscitando a conversão aos valores do Evangelho. Chegue a todos o convite da Igreja Católica para a grande missão chamada Semana Santa!

Esta semana é grande, porque a Palavra de Deus é oferecida com abundância. A Semana é Santa e é grande por causa do mistério de Cristo celebrado na Liturgia a partir do Domingo de Ramos, para chegar ao Tríduo Pascal, de Quinta-feira Santa, ao cair da tarde, até Domingo de Páscoa, tendo seu ponto mais alto na Vigília Pascal na Noite Santa.

Chamado ao seguimento de Jesus

Não dá para sermos espectadores. Tudo o que acontece é em vista de nossa vida cristã e de nossa salvação. Quando foi publicado o cartaz da Campanha da Fraternidade de 2015, a figura do Papa Francisco, realizando o Lava-pés na Semana Santa, deixou uma forte impressão em todo o país. O rito não tem nada de teatral, nem mesmo de gestos do passado. É extremamente atual e provocante! E a Sexta-feira Santa traz consigo o chamado ao seguimento de Jesus, para conduzir-nos depois à Páscoa, celebrada em seu coração, da Vigília Pascal para o Domingo.


Alegria da salvação

O que dizer dos grandes sermões pronunciados na Semana Santa? Em nossa Belém, o Sermão das Três Horas da Agonia, com as Sete Palavras de Jesus na Cruz, na Sexta-feira Santa, abre ouvidos e corações a cada ano. Pelas ruas, a Via-sacra, o Sermão do Encontro, o descendimento da cruz, tudo se torna anúncio, resposta de fé e vida nova para todos. Além das celebrações litúrgicas e dos grande sermões, os acontecimentos pascais são também encenados com capricho por uma infinidade de grupos. A Paixão de Cristo é o episódio da história da humanidade mais representada em peças teatrais. Quanta gente já encontrou emoção e conversão assistindo, nas praças públicas, a esses espetáculos!

Permaneça em nós, na grande Semana, o apelo de Santo Atanásio, que vale como convite: "É muito belo passar de uma para outra festa, de uma oração para outra, de uma solenidade para outra solenidade. Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da santa Páscoa, na qual o Senhor foi imolado. O Deus que, desde o princípio, instituiu essa festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte seu próprio Filho. Pelo mesmo motivo nos proporciona essa santa solenidade que não tem igual no decurso do ano. Essa festa nos sustenta no meio das aflições. Por ela, Deus nos concede a alegria da salvação e nos faz amigos uns dos outros. É este um milagre de sua bondade: congrega nesta festa os que estão longe e reúne na unidade da fé os que, porventura, se encontram fisicamente afastados" (Das Cartas pascais de Santo Atanásio, bispo).



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/semana-santa/semana-santa-misterio-pascal-conversao-fe/

13 de abril de 2025

Domingo de Ramos e da Paixão: Caminho de entrega e esperança

Ramos, cruz e esperança

Ramos, flores, aclamações e gritos de hosana. Desde a entrada de Jesus em Jerusalém, a procissão não se interrompeu. Continuaremos a dizer-lhe que é bem acolhido e, ao mesmo tempo, clamamos pela sua vinda no fim dos tempos. Em Jerusalém, assim como no correr dos séculos, depois dos vivas vem a Cruz, para chegar à Ressurreição. Vivemos bem dependurados nos polos do mistério de nossa vida e salvação: "Cristo morreu! Cristo ressuscitou! Cristo é o Senhor! Jesus Cristo há de voltar! Vem, ó Senhor!" Cada Semana Santa nos faz acompanhar os dias que antecederam a Páscoa e viver com o Senhor o drama e a trama dos acontecimentos, deixando-nos envolver por eles, sabendo que estão presentes no ano inteiro, nas celebrações litúrgicas, sobretudo na Santa Missa.

De fato, na Eucaristia, tudo isso é colocado à nossa disposição, para que se multipliquem os frutos da Salvação. O Domingo de Ramos nos faz acolher Jesus, recebendo-o nos vários ambientes de nossa vida, nas famílias, nas Comunidades de Fé e na Sociedade. Neste ano, queremos acolher Jesus em nossa belíssima realidade amazônica. Ao elevar nossos ramos, desejamos proclamar que tudo o que Deus fez é muito bom e bonito! Bendita a Campanha da Fraternidade, que nos dá o sadio olhar de otimismo, proclamando fortemente que "Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do orbe terrestre são saudáveis: nelas não há nenhum veneno mortal, e não é o mundo dos mortos que reina sobre a terra, pois a justiça é imortal" (Sb 1,13-15). Ao acolher Jesus, comprometamo-nos a gostar de nossa terra, admirar a natureza e aprender a tarefa do cuidado com tudo o que Deus pôs à nossa disposição.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Com Jesus, restaurar a beleza do mundo

Entretanto, quando percorremos nossas cidades, observamos justamente a trágica realidade da falta do cuidado. Há o lixo pelas ruas, a falta de seriedade no tratamento dos resíduos. O relaxamento de todos nós quanto à atenção aos espaços destinados à vida e dignidade das pessoas. Queremos convidar Jesus a vir conosco, ensinando-nos a valorizar a natureza. Dele ouvimos recomendação: "Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem nem guardam em celeiros. No entanto, o vosso Pai celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles? Quem de vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida? E por que ficar tão preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo. Não trabalham, nem fiam. No entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, não fará ele muito mais por vós, gente fraca de fé? (Mt 6,26-30).

Peçamos ao Senhor que caminhe conosco, como operários da limpeza pública, para fazer o nosso mundo mais digno e bonito. Entretanto, sabemos que, na raiz de tudo, está o pecado, que perturba e compromete a criação de Deus. Ousamos pedir a Jesus que saia conosco pelas ruas, como um Divino Lixeiro, e nós todos trabalhando com ele, ele que pagou pelos nossos pecados, lixo infinito por ele absorvido, para entregar nas mãos infinitas da Misericórdia Divina o que temos de mais feio, nossos pecados! Misericórdia, Senhor! Aquele que é bendito nos dá as mãos para entrarmos juntos nas casas de nossas famílias. Desejamos dizer que ele é bendito, sabendo que nele está a força e o poder para sanar os problemas que vivemos em nossas casas.

Ajudar o próximo

Queremos também nos unir às famílias que cuidam com amor de pessoas enfermas. Com ele, queremos visitar as famílias em crise, os casais à beira da separação. Permita o Senhor que o tomemos pelas mãos para entrar nos espaços em que as pessoas se sentem solitárias e deprimidas. Só o Senhor pode ser companhia adequada de cada um dos filhos e filhas de Deus! Pedimos a Jesus que nos revista da caridade para servir e partilhar os nossos bens com aqueles que estão na miséria, dando o rosto da fraternidade a todas as nossas Paróquias e Comunidades.

Desejamos percorrer nossos ambientes mais desafiadores e problemáticos. Com Jesus que entra em nossa cidade, queremos ser família e teto para quem não tem onde morar e a quem falta todo tipo de apoio. Que o Senhor encontre espaços através de sua Igreja e de todos nós, cristãos, para chegar ao coração e à vida dos que são viciados.


A fé que nos sustenta na caminhada

Agora, damos a palavra às crianças, para que elas nos provoquem e aprendamos a dizer "hosana". Sim, com elas agradeçamos por todas as pessoas que se sentiram acolhidas em nossas Comunidades. E nos alegramos porque as vozes de nossas crianças não se calaram, e continuam cantando: "Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no Céu e glória nas alturas" (Lc19,38).

Damos graças pelos irmãos e irmãs que silenciosamente realizam o serviço da caridade por todos os cantos. Neles, queremos agradecer a Deus por todas as pessoas, sejam quais forem suas idades e condições sociais que, desde a Páscoa passada, encontraram Jesus e a Igreja. Fazemos festa pelas Comunidades de Igreja que cresceram e podem acolher mais pessoas nas celebrações pascais. Seja Deus louvado pelas famílias, cujas casas acolhem a Palavra de Deus e a Oração. Louvamos ao Senhor porque muitos jovens de nossa Arquidiocese acolheram o chamado vocacional e se dispõem a oferecer sua vida pelo anúncio do Reino de Deus. Com a candura das crianças desejamos olhar para o bem que é feito e experimentar o otimismo da fé, que nos sustenta na caminhada.

Ao celebrar a Liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão, entendemos que a força da Páscoa já ilumina nossos passos: "Hoje, iniciamos, com toda a Igreja, a celebração do mistério pascal de nosso Senhor, sua morte e ressurreição. Para consumá-lo, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Por isso celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressureição e sua vida". (cf. Liturgia do Domingo de Ramos).

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/domingo-de-ramos-e-misericordia/

O que importa na sua música, é a mensagem

"Deixa a vida me levar"

A vida sem música não dá! Então, deixa a vida me levar, vida leva eu!

Créditos: cancaonova.com

De autoria de Serginho Meriti e Eri do Cais, essa música popular brasileira fez muito sucesso quando foi lançada, em 2002, tornando-se de tal modo um marco na carreira do cantor Zeca Pagodinho, que ele acabou tomando a música como seu próprio propósito de vida, uma filosofia que foi e ainda é abraçada por toda uma geração, praticamente um hino dos brasileiros, especialmente por conta do refrão, que dá origem ao nome da música:

Deixa a vida me levar, vida leva eu!

Se você já teve a curiosidade de prestar atenção nas estrofes da letra, vai observar que ela traz um recado de alguém que é grato a Deus e feliz com aquilo que tem, na simplicidade, podendo até ser considerada uma oração sincera, digna de louvor.

Veja só:

Eu já passei por quase tudo nessa vida
Em matéria de guarida, espero ainda a minha vez
Confesso que sou de origem pobre
Mas meu coração é nobre, foi assim que Deus me fez
Deixa a vida me levar (vida, leva eu)
Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu.
Só posso levantar as mãos pro céu
Agradecer e ser fiel ao destino que Deus me deu
Se não tenho tudo que preciso
Com o que tenho, vivo
De mansinho lá vou eu
Se a coisa não sai do jeito que eu quero
Também não me desespero
O negócio é deixar rolar
E aos trancos e barrancos, lá vou eu
E sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu
Deixa a vida me levar (vida, leva eu)
Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu

A  influência da música

Mas o que pegou mesmo e fez todo o sucesso, intencionalmente ou não por parte dos autores e do cantor, não foram as estrofes simples e até dignas, mas sim o refrão, um sedutor convite ao menos avisado, também conhecido como inocente, a levar uma vida descompromissada, longe das obrigações, sem muita disciplina, sem vínculos e, infelizmente, sem limites. Uma postura bem distante dos princípios cristãos, que são bem exigentes e demandam muito esforço, compromisso, disciplina e tudo mais para serem vividos. Essas pessoas sem Deus tendem a colocar sua confiança nos outros e em suas ideias, e, quando decepcionadas, tendem a desanimar e ficam sujeitas a esse tipo de mensagem sedutora.


Esse fato, isto é, a influência massificante de uma simples música na maneira de viver de tanta gente, precisa ser muito bem estudado por cada um de nós, mas de modo todo especial por quem já esteja ou tenha intenção de atuar como ministro de música dentro da nossa amada Igreja. É preciso refletir e perceber que, muitas vezes, o que fica depois de cada canção é a mensagem. E a mensagem que vai ficar no coração das pessoas pode estar no refrão ou nas estrofes das músicas que você apresentou, mas pode também estar na forma como você ministrou, de que modo você rezou com a música. Tudo é absorvido intensamente e profundamente pela sua audiência, como uma esponja absorve a água. Nada passa desapercebido, e como no exemplo trazido, pode comunicar uma filosofia, um convite sedutor que nunca esteve nos seus objetivos.

Portanto, é preciso atenção, vigilância, um forte senso de responsabilidade e compromisso com a mensagem. Seu talento é precioso demais para Deus e precisa ser usado com muito critério, para não se desviar daquilo que Deus quer para você e sua música. Seja exigente consigo mesmo, não somente com a qualidade harmônica ou outros atributos da sua música. Você é o que você canta e como você canta.

Não, não deixe a vida te levar, não deixe a fama te levar. Não deixe!

 

Vinícius Adamo
Missionário Aliança da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/deixa-a-vida-me-levar/

12 de abril de 2025

Bipolaridade e suicídio: entendendo os riscos e a importância do apoio

O tema de hoje é um assunto delicado: a bipolaridade e sua relação com o suicídio. Este transtorno apresenta um dos maiores índices de risco de morte autoinfligida. Na depressão unipolar grave, a taxa de suicídio é de 20%. Já na bipolaridade, esse número salta para 40% a 50%. No Brasil, 4,2 milhões de pessoas sofrem com o transtorno, incluindo um número significativo de jovens.

Desvendando a bipolaridade: sintomas, diagnóstico e a busca por bem-estar

Para compreender a seriedade da bipolaridade, é crucial desfazer preconceitos e evitar generalizações. Comentários como "essa pessoa irritada é bipolar" são inapropriados e estigmatizantes. O indivíduo pode, de fato, ter o transtorno e necessitar de apoio, mas também pode estar enfrentando outras dificuldades.

Identificando os sintomas da bipolaridade

Oscilações de humor intensas

Como identificar os sintomas? Primeiramente, é importante ressaltar que a bipolaridade tem origem hereditária, transmitindo-se através das gerações. A oscilação de humor é um sintoma característico, mas não se limita à irritabilidade passageira. Durante a fase maníaca, o cérebro entra em estado de hiperativação, resultando em insônia, fala acelerada e fluxo incessante de pensamentos. A pessoa pode oscilar entre euforia e apatia profunda em questão de dias.

Compulsões e impulsividade

Compulsões também são comuns. Não se trata de meros gastos impulsivos, mas de um descontrole financeiro que pode levar à ruína. O alcoolismo, jogos, pornografia e drogas são algumas das compulsões que podem se manifestar. A hipersexualidade, muitas vezes negligenciada, também pode ser um sintoma, levando a comportamentos promíscuos.

Starry Night
Crédito: Pintura de Vincent Van Gogh/ Domínio Público

O diagnóstico e a importância do histórico familiar

Nem todos os indivíduos com bipolaridade apresentam todos os sintomas. O diagnóstico, por vezes, é complexo. Há casos em que pacientes diagnosticados com depressão respondem melhor a estabilizadores de humor, medicamentos comumente utilizados no tratamento da bipolaridade. Isso evidencia a importância de uma anamnese completa, incluindo histórico familiar, para um diagnóstico preciso.

Casos clínicos: a complexidade do diagnóstico

Compartilho o caso de uma paciente com depressão severa, sem resposta a antidepressivos. Após iniciar terapia e obter melhora em seus pensamentos, seu corpo permanecia apático. Encaminhada a um psiquiatra, a medicação foi ajustada, incluindo estabilizadores de humor, e em uma semana ela apresentou melhora significativa. Após questionar o psiquiatra sobre a ausência de episódios maníacos, ele explicou que algumas pessoas com depressão respondem bem a esse tipo de medicação, reforçando a complexidade do diagnóstico. Em outro caso, durante uma anamnese, o psiquiatra investigou o histórico familiar de uma paciente, identificando tentativas de suicídio entre seus parentes. A paciente mencionou que seu irmão havia apresentado um comportamento "estranho" por alguns dias, o que poderia ter sido um episódio maníaco não diagnosticado. Com o tratamento adequado, ela também apresentou melhora rápida.

O risco de suicídio na bipolaridade: atenção e prevenção

O risco de suicídio é um tema complexo e merece atenção. Pensamentos suicidas podem surgir em momentos de desespero, mas a persistência desses pensamentos, a idealização de métodos e datas para o ato, indicam um risco elevado. Nesses casos, o encaminhamento para internação e o acompanhamento psiquiátrico são essenciais. Eticamente, profissionais de saúde devem quebrar o sigilo em situações de risco iminente. Familiares e amigos também devem buscar ajuda profissional se a pessoa expressar ideações suicidas. Redes de apoio, incluindo profissionais de saúde mental, familiares, amigos e apoio espiritual, são fundamentais. Ninguém, sozinho, é capaz de evitar um suicídio. Grave isso: o risco é real e requer intervenção profissional.

Voltando à bipolaridade, o maior risco de suicídio não ocorre durante a fase depressiva, mas sim durante a melhora. A oscilação de humor e a alteração da química cerebral podem gerar impulsos de morte. Compartilho o caso de uma paciente atendida na África, com risco de suicídio. Diante da dificuldade de acesso a tratamento adequado, ela foi transferida para o Canadá. Durante o processo de avaliação, que no Canadá envolve uma etapa prévia com clínico geral, a paciente apresentou melhora e relatou estar se sentindo útil e participativa. Alertei a equipe sobre o risco iminente de suicídio nessa fase. No dia seguinte, a paciente tentou se jogar de uma ponte, mas foi impedida pela polícia.

O perigo da melhora aparente

Casos Clínicos: O risco na fase de melhora

Outro caso marcante foi o de uma jovem, filha de uma amiga, que demonstrava alegria e entusiasmo. Após um dia aparentemente normal, ela se jogou do 10º andar. Sua carta de despedida, com três páginas, evidenciava a alteração em sua escrita, indicando a instabilidade emocional que culminou no ato.

A esperança no tratamento

Por fim, apresento informações recentes sobre o lítio, considerado a principal droga para reduzir o risco de suicídio. Estudos indicam que o lítio reduz em 64% os pensamentos suicidas em pacientes com depressão unipolar grave e em 87% em pacientes com bipolaridade. O lítio, comumente usado no tratamento da depressão bipolar, tem demonstrado eficácia também em outros tipos de depressão. Essa informação é crucial, e reforça a importância de consultar um psiquiatra, o especialista para o diagnóstico e tratamento adequados.

 

ADRIANA POTEXKI, nascida em Curitiba (PR), filha de pais cristãos e família com várias vocações religiosas, sempre vinculada a pastorais na igreja e, desde jovem, membro do Movimento dos Focolares. Mãe do Lucas Miguel, adolescente de 14 anos que adora aventura e é DJ católico. Com formação em Psicologia, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), é terapeuta certificada pelo EMDR Institute e Brainspotting. Participou de diversos programas de TV e rádio, inclusive como apresentadora do programa "Psicologia e Arte" e "Psicologia e Espiritualidade". Autora do livro "Cura dos Sentimentos – em mim e no mundo", (Editora Paulinas), "A cura dos Sentimentos nos Pequeninos – Papai e Mamãe brigaram" e "Vencendo os traumas que nos prendem – descubra os primeiros passos para recomeçar" (Editora Canção Nova). É palestrante internacional, psicóloga clínica e colunista do Formação Canção Nova.

Transcrito e adaptado por Jonatas Passos


Adriana Katia Potexki

ADRIANA POTEXKI, nascida em Curitiba (PR), filha de pais cristãos e família com várias vocações religiosas, sempre vinculada a pastorais na igreja e desde jovem membro do Movimento dos Focolares. Mãe do Lucas Miguel, adolescente de 14 anos que adora aventura e é DJ católico.
Com formação em Psicologia, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), é terapeuta certificada pelo EMDR Institute e Brainspotting. Participou de diversos programas de TV e rádio, inclusive como apresentadora do programa "Psicologia e Arte" e "Psicologia e Espiritualidade".
Autora do livro "Cura dos Sentimentos – em mim e no mundo", (Editora Paulinas), "A cura dos Sentimentos nos Pequeninos – Papai e Mamãe brigaram" e "Vencendo os traumas que nos prendem – descubra os primeiros passos para recomeçar" (Editora Canção Nova)
É palestrante internacional, psicóloga clínica e colunista do Formação Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/bipolaridade-e-suicidio/

11 de abril de 2025

Desmistificando a bipolaridade

Bipolaridade: sintomas, diagnóstico e a importância do apoio

Para além dos estereótipos: entendendo a complexidade do transtorno

A bipolaridade é um assunto sério, um transtorno que apresenta alto risco de suicídio. Para se ter uma ideia, na depressão unipolar grave, a taxa é de 20%. Já na bipolaridade, esse número sobe para 40% a 50%. Além disso, 4,2 milhões de brasileiros sofrem desse transtorno, incluindo muitos jovens.

Para compreender a profundidade e a complexidade dessa condição, convido você a deixar de lado preconceitos e estereótipos. Comentários como "essa mulher irritada só pode ser bipolar!" ou "esse adolescente nervoso, com certeza, é bipolar!" são inadequados. Talvez a pessoa tenha o transtorno e precise de acolhimento, mas também pode estar enfrentando dificuldades específicas, como problemas conjugais ou os desafios da adolescência.

Identificando os sintomas: um guia prático

Como identificar os sintomas? Primeiro, é essencial entender que a bipolaridade não é uma questão de comportamento ou moda; é uma condição hereditária, transmitida ao longo das gerações. Alguém pode pensar: "Minha mãe não era bipolar, mas eu sou". No entanto, talvez ela nunca tenha sido diagnosticada corretamente e tenha sido considerada apenas depressiva. Quantas vezes ouvimos que alguém "sofreu de depressão a vida inteira"? Será que era realmente depressão ou um diagnóstico equivocado?

A oscilação de humor: muito além da irritação

Um sintoma comum é a oscilação de humor, mas não se trata de simples irritação passageira. Durante a fase de mania, o cérebro fica hiperativado, levando a noites sem sono, fala acelerada e pensamentos incessantes. A pessoa pode estar eufórica um dia e, no seguinte, não conseguir sair da cama. Essa mudança brusca é um dos sinais mais marcantes.

Starry Night
Crédito: Pintura de Vincent Van Gogh/ Domínio Público

Compulsões e seus perigos

Compulsões também são frequentes. Não falamos de pequenas compras impulsivas, mas de gastos descontrolados que levam a dívidas graves. Pessoas em fase maníaca podem perder tudo. O alcoolismo é outro fator relevante, pois muitos alcoólatras podem estar mascarando um transtorno bipolar. Há também compulsões por jogos, pornografia e drogas.

A hipersexualidade é um sintoma pouco discutido. Algumas pessoas desenvolvem um comportamento sexual impulsivo, chegando à promiscuidade. Isso pode ser um sinal do transtorno e merece atenção.

Diagnóstico: a busca pela precisão

Nem todas as pessoas com o transtorno apresentam todos os sintomas. Lembro de uma paciente diagnosticada com depressão severa, sem resposta a antidepressivos. Após tratamento terapêutico, seus pensamentos melhoraram, mas seu corpo continuava apático. Encaminhei-a a um psiquiatra, que retirou os antidepressivos e introduziu estabilizadores de humor. Em sete dias, ela apresentou uma melhora impressionante.

Conversei com o médico sobre o caso, pois ela nunca havia tido episódios maníacos. Ele explicou que algumas pessoas, inicialmente diagnosticadas com depressão, respondem melhor a estabilizadores de humor. Isso reforça a necessidade de diagnósticos mais precisos.


Nem todos os sintomas se manifestam em todos os casos

A bipolaridade, muitas vezes, passa despercebida, sendo confundida com depressão. Em uma anamnese, um médico investigou o histórico familiar de uma paciente e identificou tentativas de suicídio na família. Durante a conversa, ela mencionou que um irmão "ficou estranho" por alguns dias, o que pode ter sido um episódio bipolar não diagnosticado. Após iniciar o tratamento adequado, a paciente melhorou rapidamente.

Esse é um tema amplo; a conscientização e o conhecimento são as melhores ferramentas para oferecer apoio a quem precisa.

ADRIANA POTEXKI, nascida em Curitiba (PR), filha de pais cristãos e família com várias vocações religiosas, sempre vinculada a pastorais na igreja e, desde jovem, membro do Movimento dos Focolares. Mãe do Lucas Miguel, adolescente de 14 anos que adora aventura e é DJ católico. Com formação em Psicologia, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), é terapeuta certificada pelo EMDR Institute e Brainspotting. Participou de diversos programas de TV e rádio, inclusive como apresentadora do programa "Psicologia e Arte" e "Psicologia e Espiritualidade". Autora do livro "Cura dos Sentimentos – em mim e no mundo", (Editora Paulinas), "A cura dos Sentimentos nos Pequeninos – Papai e Mamãe brigaram" e "Vencendo os traumas que nos prendem – descubra os primeiros passos para recomeçar" (Editora Canção Nova). É palestrante internacional, psicóloga clínica e colunista do Formação Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/bipolaridade-sintomas-diagnostico-e-acolhimento/

10 de abril de 2025

Adoração que cura: quando olhar para Cristo é o caminho

Olhar para Cristo é buscá-Lo nos sacramentos da Igreja, é adorá-Lo no Santíssimo Sacramento, é buscá-Lo na Palavra

"Quando viu Pedro e João entrarem no templo, o homem pediu uma esmola. Pedro, com João, olhou bem para ele e disse: 'Olha para nós!' O homem ficou olhando para eles esperando receber alguma coisa. Pedro então disse: 'Não tenho ouro nem prata, mas o que eu tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!' E tomando-o pela mão direita, Pedro o levantou" (At 3,3-7).

Ao olhar para o coxo, Pedro lhe diz: "Olha para nós!". O Senhor está olhando para cada um de nós e nos dizendo: "Olhe para mim!".

Créditos: cancaonova.com

Precisamos saber aonde ir

Para nos levantarmos, precisamos estar com os olhos fixos no Senhor. Ninguém consegue subir na vida se não tiver uma meta, um objetivo bem delineado. Se não soubermos para onde ir, não chegaremos a lugar nenhum. Se não olharmos fixamente para Jesus e enxergarmos um Deus compassivo, amoroso, poderoso, que está ao nosso lado, não conseguiremos nos erguer diante das quedas.

As pessoas permanecem caídas, porque ficam olhando para o chão, para os seus problemas, para os "arranhões", para seu próprio umbigo. Quando não temos a capacidade de mudar o foco da nossa vida, não conseguimos transformá-la.

Vários jovens me procuram para ajudá-los em algumas situações pelas quais estão passando. Certa vez, uma garota trouxe-me o caso do rompimento do seu namoro, que a machucou muito. Ela não soube reagir diante dessa perda, não conseguia se alimentar, entrou em depressão, perdeu peso, continuou ligando pra ele, enviando e-mail etc., ou seja, ela ainda não se desvinculara da situação, e por não conseguir se desprender, não conseguiu a cura e continuou prostrada no chão.

O que poderia dizer para essa jovem e para tantos outros que vivem situações semelhantes? "Você precisa mudar o foco da sua vida. Afaste-se de tudo o que lembra o seu namoro, ponha, diante dos seus olhos, outras atividades".

Mudar o foco

Não podemos ficar olhando o erro cometido e chorando por ele, pois isso não vai adiantar nada. O pecado que você cometeu deve ser superado, você não pode mais ficar remoendo o erro, curtindo a dor e a infelicidade, pois "a tristeza mata muitos e não traz proveito algum" (Eclo 30,25). É preciso mudar o foco, olhar em outra direção.

Caso você esteja vivendo em um "beco sem saída", no qual, mesmo olhando para frente, para trás, para os lados, nada consegue enxergar. Hoje, você é convidado a olhar para cima. Quando Pedro disse "olhe para nós", ele quis dizer para aquele coxo: "olhe para o alto, para cima, para o Céu, para o lugar de onde vem o socorro". "Levanto os olhos para os montes: de onde me virá auxílio? Meu auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra" (Sl 121,1-2).

Depois de nos tentar e de nos fazer cair no pecado, o demônio tem o prazer de nos acusar e de nos fazer remoer o nosso erro. Ele quer que fiquemos como os porcos, que vivem olhando para baixo, lambuzados na lama. Basta! Hoje, é o dia em que ouvimos o convite ou mesmo a ordem do próprio Jesus: "Olhe para mim!".


Fixar o olhar no Senhor

Acredite, meu irmão, você que está caído, que se sente fraco, olhe para Jesus. Quantas vezes, durante minha caminhada, quando me senti pequeno, fraco, medíocre, com vontade de desistir, de "chutar o pau da barraca", fui até a capela e, ali, fiquei olhando para o Senhor dizendo: "Ajuda-me! Ajuda-me!". Esse é o momento de olhar para o alto, de fixar o olhar no Senhor.

Se não tivermos a capacidade de olhar para o nosso Deus, não conseguiremos nos levantar de verdade. Olhar para Jesus é reconhecer que Ele é o nosso sustento, nossa fortaleza, nosso Deus e Senhor. Olhar para Cristo é buscá-Lo nos sacramentos da Igreja, é adorá-Lo no Santíssimo Sacramento, é buscá-Lo na Palavra. Essas são as formas de olhar para o Senhor nos dias de hoje.

O Senhor nos diz: "Olhe para mim". Pedro diz: "Olha para nós!". Olhe para a Igreja, para os seus irmãos, para a comunidade cristã. Você não está só! E não pode viver o levantar-se sozinho. É preciso olhar ao seu redor e enxergar e discernir os verdadeiros irmãos em Cristo, amigos pela fé que o ajudarão a se levantar.

Equipe de Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/olhar-para-cristo-para-se-levantar/

9 de abril de 2025

Qual o sentido do sofrimento em minha vida?

Fortes nas tribulações

São Mateus 16,24

"Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me."

O sofrimento é o meio eficaz que Deus me dá para que eu possa ser forjado na graça para uma vida de santidade. As tribulações são realidades que, embora aparentem ser uma realidade ruim ao olhar meramente humano, no âmbito espiritual é a realidade que Deus se utiliza como instrumento eficaz que me faz ser melhor, que me santifica. Quando não sou compreendido, quando sou humilhado, quando sou colocado em circunstâncias de indiferentismo, estes são também meios que estão me forjando, e que preciso aceitar de bom grado.

Eclesiástico 2,1-5;8

"Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; [2]humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, [3]sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que, no derradeiro momento, tua vida se enriqueça. [4]Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. [5]Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação. [8]Vós, que temeis o Senhor, tende confiança nele, a fim de que não se desvaneça vossa recompensa."

Essa palavra de Eclesiástico aponta exatamente o que ocorre a alguém que está sendo introduzido na olaria de Deus. Nessa olaria, se o barro ainda está fora do ponto para moldar a peça no torno, o Oleiro vai amassar aquele barro, lançar água e bater com o malho até conseguir achar o ponto certo para que aquele barro seja modelado de acordo com o que o oleiro deseja criar. Assim também eu sou, como esse barro nas mãos de Deus: se ele vê que preciso ser "malhado" para ganhar a forma que Ele quer me dar, eu preciso aceitar de bom grado. Carregar a cruz renunciando a si mesmo é saber que vou perder o prestígio, vou perder talvez boa fama, vou ser injustiçado, vou ser difamado, incompreendido e vilipendiado.

Crédito: Tobias_K / GettyImages

São Lucas 22,42

"[42]Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua. Ele, como Filho de Deus, fez esse processo a ponto de suar sangue. Antes de carregar a sua cruz para nos salvar e abrir o paraíso para nós, Ele sofreu, e por esse sofrimento e angústia, fez d'Ele como grão de trigo amassado, ou azeitona esmagada e espremida para extrair o seu óleo.

Para Jesus suportar a dor e o sofrimento, seja ele moral ou na carne em seu físico, Ele passou pelo processo da renúncia de si mesmo.

Hebreus 5,7-8

[7]Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. [8]Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve.

Por isso, sem renúncia não há obediência, não haverá sacrifício, não há cruz; e por assim ser, não haverá ressurreição.

Filipenses 1,28-29

"[29]porque a vós vos é dado não somente crer em Cristo, mas ainda por ele sofrer." Tenho que ter em mim essa certeza: não basta apenas crer em Jesus, mas devo, através dessa fé, caminhar neste mundo como ele caminhou (cf. 1 Jo 2,6), aprender que o sofrimento vai gerar vida, vai gerar santidade, vai gerar conversão em mim. Pois não é um sofrimento sem sentido, é um sofrimento que tem foco, que tem horizonte. Portanto, devo, de bom grado, renunciando a mim mesmo, tomar a minha cruz de cada dia e segui-Lo aonde Ele me levar.

 Confiar em Deus

A tribulação, as perseguições, as incompreensões, as indiferenças, as injustiças, os maus tratos e toda realidade que eu possa vir a sofrer são realidades que me darão mais lastro, mais consistência, mais constância , mais esperança, pois é no sofrimento que o ser humano cresce e encontra o sentido do para que ele é.

Senhor, ajuda-me a entender, de maneira madura, essa realidade da lógica do sofrimento, não segundo o olhar humano, mas diante da Tua graça e misericórdia para comigo.

Que eu não fuja da minha cruz por não ser capaz de renunciar a mim mesmo, mas, ao contrário, que eu aceite de bom grado tudo o que me acontecer, na certeza de que, mesmo sendo esmagado como uva no lagar, azeitona na prensa ou grão de trigo no pilão; eu saberei que o Senhor estará tirando para a minha salvação, o vinho, o azeite e a farinha para o pão…


Que eu possa saber olhar nesta ótica sempre e, por assim ser, renunciar a mim mesmo para viver para o Senhor na alegria de que, se estou nesta dinâmica, significa que estou sendo moldado por Ti em seu torno, para a minha santificação.

Ajuda-me a ser, pelo sofrimento, uma pessoa capaz de suportar as contrariedades com respostas de amor, conforme ordena o Senhor em seu Evangelho.

Amém!

Paulo César 
Missionário Núcleo da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/sofrimento-caminho-de-santidade/

O sentido da oração cristã: louvor, gratidão e conversão

O que é a oração?

São Tomás de Aquino, utilizando São João Damasceno, responde com perfeição: "É a elevação da mente a Deus para louvá-Lo e pedir-Lhe coisas convenientes à eterna salvação". 

Veja a importância dessa definição: não se trata de pedir bens temporais apenas ou curas, milagres, solução de problemas e de sofrimentos, mas, antes, elevar a mente a Deus para louvá-Lo. Quando estamos afastados do pecado, precisamos ter um submisso agradecimento a Deus pelas coisas que Ele nos dá, mesmo que, em meio a isso, esteja algo de que não gostamos, pois tudo serve para a nossa conversão.

Créditos cancaonova.com

Ao nos dirigirmos a Deus, precisamos pedir tão somente aquilo que convém à nossa salvação. Se algum bem temporal pode nos conduzir ao apego, à distração das coisas de Deus, o melhor é não pedir. Pense: Deus vai nos dar aquilo que vai nos afastar d'Ele? Como importa, portanto, pedir somente aquilo que pode nos conduzir à salvação!

Quando sabemos orar, construímos uma vida de oração que nos aproxima de Deus

Agora, mesmo estando em pecado, convém nos aproximarmos de Deus, especialmente para Lhe pedir ajuda para ter uma vida mais próxima d'Ele!

Existe um livro que se chama "Teologia da Pefección Cristiana", de um padre dominicano chamado Fr. Antonio Royo Marin. Na última parte desse livro, há um tratado sobre a oração que se chama "Os Nove Graus da Oração". Temos, ali, a explicação do passo a passo de como construir uma vida de oração e como progredir nela.

No primeiro grau de oração, temos a oração vocal. É o primeiro grau, o mais simples, acessível a todo cristão. Nela, estão as orações da Igreja, assim como a Santa Missa, a recitação do Santo Terço e as jaculatórias. Na oração vocal, também estão as orações espontâneas, quando falamos a Deus como falamos a qualquer pessoa, partilhando nossas alegrias, tristezas, dificuldades e batalhas. 

Quem está no primeiro grau de oração tem a sensação de que, se não falar nada, não há oração. Não cabe ainda ao entendimento dessa pessoa que a oração se passa também na mente, enquanto meditamos na vida de Jesus, nas coisas que Ele fez ou em alguma verdade de fé que a nossa Santa Igreja Católica nos ensina.


 Deus não está longe

Pensemos que Ele está o tempo todo conosco. Mesmo que estejamos cheios de pecado, Ele permanece conosco, sustentando-nos na existência. Portanto, comecemos exercitando a oração vocal, conversando com Deus, partilhando o que se passa no nosso coração, no nosso dia a dia. Não fiquemos quietos como quem diz: "Ele já sabe de tudo". Não! Ele quer que paremos, que nos concentremos n'Ele, que falemos, de todo coração, aquilo que está guardado, das coisas que não temos coragem de falar para mais ninguém. Façamos isso, mesmo nos sentindo indignos de olhar para o céu. Foi pensando em nós que Cristo deu Sua vida. É com cada um de nós que Ele quer se relacionar. 

Sim, nós precisamos ter um relacionamento com Deus. Além da Santa Missa, separemos um tempo para irmos à capela. Ao entrar, devemos nos ajoelhar, cumprimentá-Lo e, se pudermos, nos ajoelhar em algum local ou sentado, falemos com Ele sobre nossas alegrias, dificuldades, desejos, medos e vitórias.

Certamente, Ele vai se mostrar a nós, vai mostrar o quanto nos ama. Quem sabe surge a coragem e a decisão de procurar ajuda para largarmos as coisas que ofendem Deus de alguma forma. É muito melhor o arrependimento, a confissão e a permanência longe dos pecados. Nesse caso, começaremos um caminho de aproximação com Deus. Isso nos garantirá permanecer o tempo todo sob o cuidado divino.

Senhor, aumenta nossa fé

É também extremamente importante para aquele que quer falar com Deus, pedir o aumento da fé. Peçamos com fé o aumento da fé! Parece até uma contradição, porque, como vou pedir com fé para ter fé? Acontece que Deus dá o mínimo para todo ser humano crescer espiritualmente, até mesmo uma pequenina fé. Quando pedimos o aumento da fé, Deus não pode se recusar a nos dá-la. É o melhor e mais verdadeiro pedido de socorro e ajuda. Mesmo para o maior dos pecadores, se este pedir, com sinceridade, o aumento da , todos os dias, em algum tempo, será possível experimentar que a coragem de ficar longe do pecado vai aumentando, a disposição de lutar também; e logo será possível, com a ajuda da graça, com os ensinos da Igreja, dos escritos dos santos e de um desenvolvimento da oração, largar o pecado de vez!

Viu como é fácil? Quer começar a ter vida de oração? Peça a Deus todos os dias, várias vezes ao dia, o aumento da fé! Fale com Ele como um amigo.

Procure conhecer Jesus pelas Sagradas Escrituras, vá à Santa Missa, procure ler sobre a vida dos santos, sobre a doutrina cristã. São pequenos passos que, pouco a pouco, vão nos conduzindo a uma vida de fé mais profunda.

Equipe de Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/como-construir-uma-vida-de-oracao/

8 de abril de 2025

Bullying e violência escolar: uma perspectiva católica

Combate ao bullying

Sete de abril é o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Esse tema é relevante a todos, mas, em especial, aos pais, professores e gestores escolares. É imprescindível que os formadores de crianças e adolescentes compreendam o seu importantíssimo papel na missão de erradicar o bullying e a violência nas escolas.

Créditos: cancaonova.com

Entende-se bullying como "intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação. Inclui ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos entre outros. Torna-se algo rotineiro, em que um jovem ou grupo começa a perseguir um ou mais colegas".

Ainda é relevante destacar que o bullying e a violência causam significativos impactos na vida escolar e pessoal de um aluno, desde o baixo rendimento acadêmico até graves problemas psicológicos. Essas consequências podem perdurar ao longo da vida, chegando até mesmo à fase adulta.

Diante disso, você como pai, mãe, professor, gestor escolar, o que poderá fazer para que seus filhos e alunos não se tornem agressores nem mesmo vítimas de bullying e violência escolar?

Faz parte de sua missão a formação integral da criança e do adolescente. Ou seja, formá-los nos aspectos físico, acadêmico, humano e espiritual. Sim, sem o aspecto espiritual, é inexistente a formação integral, pois somos corpo e alma, não sendo possível a separação. E qual a importância da formação espiritual para o combate ao bullying e a violência escolar?

Educar na fé

A importância se dá, pois, ao formar filhos e alunos na perspectiva de que nascemos para ser santos e um dia chegarmos ao céu, não existirá outro caminho para atingir esse objetivo a não ser o desenvolvimento das virtudes. Ou seja, a formação humana e espiritual fará toda a diferença para que, intencionalmente, as crianças e adolescentes não sejam agressores nem vítimas de bullying.

Mais do que projetos isolados de combate ao bullying e à violência, as escolas precisam se preparar para um currículo que contenha, em sua essência, a formação de alunos virtuosos. Bem como as famílias, precisam ter claramente a visão de que, muito mais do que uma boa casa, presentes etc., é preciso gastar tempo com seus filhos, em prol de uma eficaz formação humana e espiritual.

O Catecismo da Igreja Católica (n. 1804) diz que "as virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade… as virtudes regulam nossos atos, ordenando nossas paixões, guiando-nos segundo a razão e a fé".


Filhos e alunos virtuosos

Ou seja, as virtudes humanas são adquiridas com esforço constante, pois, devido ao pecado original, não temos todas as virtudes como tendências espontâneas ou instintivas. É possível então compreender que as virtudes forjam o caráter de um indivíduo, fazendo com que suas atitudes sejam coerentes com uma pessoa que deseja, antes de tudo, agradar a Deus.

Sendo assim, pode-se esperar que o trabalho de formar filhos e alunos virtuosos seja árduo, mas que os frutos de os ver respeitosos, generosos, mansos, trará a certeza de que a missão da verdadeira formação integral está sendo cumprida com a graça de Deus e seu esforço humano.

Finalizo, então, com o convite: pais e profissionais escolares, não negligenciem essa missão confiada por Deus, estudem e planejem com intencionalidade como será o processo de formação humana e espiritual de seus filhos e alunos.

Deus os abençoe e lhes dê a graça de serem formadores de muitas almas para o céu!

Bárbara Sparapan
Casada, Missionária do 2º Elo da Comunidade Canção Nova e Psicopedagoga.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/juntos-contra-o-bullying-7-de-abril-e-dia-de-promover-respeito-e-seguranca-nas-escolas/

6 de abril de 2025

Raízes da crise, uma reflexão sobre tecnologia e poder

A crise ecológica

A crise ecológica pode ser compreendida a partir de múltiplas raízes, a exemplo dos enraizamentos apontados pelo Papa Francisco na Carta Encíclica Laudato Si', sobre o paradigma tecnocrático e humano.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial.

Singularidade que torna urgente a interpelação advinda do horizonte da Quaresma: o convite para a conversão ecológica. Assim, os sintomas da crise atual requerem a pertinente abordagem da sua raiz humana. 

O modo de se conceber e de viver a vida está incontestavelmente desordenado. Produz descompassos que incluem as relações do ser humano consigo mesmo, com Deus Criador, com o próximo e com o meio ambiente, arruinando, consequentemente, a casa comum. 

O poder da tecnologia

O caminho Quaresmal propõe uma lúcida revisão a respeito do lugar que o ser humano tem ocupado no mundo, a partir do paradigma tecnocrático. O poder da tecnologia, com seus avanços incríveis e assustadores, representa um progresso que revela a velocidade e as incidências das mudanças, desafiando o ser humano a assumir novas posturas humanísticas, com permanente revisão de escolhas e de posicionamentos. 

Reconhecidos os avanços da ciência e da tecnologia, reverencie-se a criatividade da inteligência humana, agraciada por Deus. A origem dessa dádiva inclui o desafio existencial de se conquistar uma estatura que não seja engolida ou dizimada pelo que é próprio da ciência e da tecnologia. 

A superação natural e necessária de determinadas condições materiais não pode exercer uma hegemonia que apaga a singularidade do ser humano. Importa muito e sempre a tecnociência como possibilidade de desenvolvimento de invenções valiosas. Melhora a qualidade de vida de cada pessoa. 

O exercício do poder

Mas é o ser humano quem tem a condição de qualificar esses processos ao dar beleza às coisas. A tecnociência transmite, pois, um enorme poder, particularmente, àqueles que detêm o recurso econômico. Evidente que esse tremendo poder conquistado pela humanidade na contemporaneidade não dispensa a preocupação e o compromisso de seu uso adequado para o bem de todos. Nesse ponto, cabe reconhecer a necessidade de se avaliar o atual modo de se viver, apontando a inquestionável urgência de um novo estilo de vida.

O exercício do poder, advindo da tecnociência, levanta a preocupação em relação àqueles que têm, em suas mãos, este controle. Ilusório e perigoso nesta pauta é considerar que a realidade, o bem e a verdade podem desabrochar espontaneamente da própria tecnologia e da economia, adverte o Papa Francisco na Laudato Si'. 

O ser humano e o crescimento tecnológico

O crescimento tecnológico não foi acompanhado pela maturação adequada do ser humano. Quanto menor a estatura humana e espiritual, maior será o encantamento pelo poder em exercer altos cargos e receber titularidades. Bastando-lhe, não raramente, um desempenho pífio de suas responsabilidades, produzindo ações sem alcances humanísticos ou com força de transformação de realidades sociais e institucionais. Atua-se, pela pequenez da estatura humana, de modo irrelevante, ao sabor de vaidades e de caprichos ideológicos perigosos. 

Como sublinha o Papa Francisco na Encíclica Laudato Si', o ser humano não é plenamente autônomo, crescendo assim a possibilidade de mau uso do poder que se tem, abrindo espaço para a vivência de uma liberdade que adoece, entregue às forças cegas do inconsciente, das necessidades imediatas, do egoísmo e da violência brutal. 

Esse despreparo humanístico, camuflado no uso de tecnologias e avanços, passa despercebido, acentuando a crise ecológica de raiz humana. A ação predatória na natureza alimenta a perspectiva de um crescimento infinito e ilimitado. Atende a ilusão econômica de enriquecimento, própria do horizonte do mercado financeiro e  tecnológico. 

Os limites do ser humano

Envolvido pela mentira que alimenta a convicção sobre a inesgotável condição dos recursos da natureza, o ser humano não está sabendo lidar com limites. Adota-se um modelo de compreensão que justifica a elaboração de metodologias e objetivos. Resultados que afetam a realidade humana e social, aceitando e perpetrando a degradação do meio ambiente. Somente em um caminho e em uma experiência de profunda conversão é que se conquistará grandeza humanística para o exercício do poder.


A conquista de clarividências humanísticas é indispensável. Fruto de um processo de conversão e qualificação espiritual para desbloquear estilos de vida. Apostando em novos modelos, exequíveis com mudanças profundas de mentalidade e do modo de estabelecer laços com o conjunto da criação. 

Acreditar na mudança

Nessa direção, para reconfiguração da raiz humana da crise ecológica, é necessário acreditar, a partir de valores e princípios inegociáveis e consistentes, em uma nova perspectiva cultural, capaz de fazer usufruto do paradigma tecnocrático como mero instrumento, sem dominação, saindo da jaula de imposição hegemônica de sua lógica. 

Sem virar as costas a essa realidade, ouse-se pensar uma saída pela dinâmica da contemplação, envolvendo um profundo silêncio. Revela a beleza da criação, fomentando estilos de vida mais libertos das lógicas tecnocráticas, fazendo valer mais a grandeza do sentido e, menos, os resultados econômicos e financeiros, fontes também de degradações sociais e humanísticas. 

A raiz humana da crise ecológica tem uma porta de saída na contemplação. Alavanca um novo estilo de vida sinalizado pela simplicidade, frugalidade e leveza.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/meio-ambiente/raiz-humana-da-crise-ecologica-reflexao-sobre-tecnologia-e-poder/

5 de abril de 2025

Eis que faço novas todas as coisas

As leis de Jesus

Sobre os cristãos, chega uma enxurrada de provocações dando conta de que o mundo mudou, e muitas coisas antes consideradas como pecado deveriam ser admitidas com plena liberdade. Inclusive, é aparentemente fácil jogar no rosto de que tem fé as eventuais falhas dos cristãos no correr da história, falhas essas que não mancharam a própria Igreja, mas se tornam pedras continuamente usadas para atacá-la, considerando-a retrógada e inadequada para os tempos modernos.

Créditos: Imagem gerada por inteligência artificial

Jesus se encontra a ensinar no templo (Jo 8,1-11), e um grupo de pessoas que se consideravam proprietários da lei e da moral lhe trazem uma mulher surpreendida em adultério. Mais do que a situação dolorosa e pecaminosa em que esta pessoa se encontrava, trata-se de uma verdadeira armadilha, pois qualquer que fosse a resposta dada por Jesus a respeito de uma eventual sentença sobre o caso, seria Ele mesmo chamado em juízo e condenado por contrariar a lei ou o amor misericordioso, que era a Sua fama. Jesus não modifica qualquer letra ou sinal na lei antiga, mas amplia o horizonte, forçando seus interlocutores a se reconhecerem, também eles, pecadores.

Jesus e a mulher pecadora

Terrivelmente curioso é saber que o autor do adultério, um homem, não era condenado, apenas a mulher, num ambiente opressor em relação a uma mulher pecadora. Desaparecidos os acusadores, a libertadora sentença final: "Ele levantou-se e disse: 'Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?' Ela respondeu: 'Ninguém, Senhor!' Jesus, então, lhe disse: 'Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante, não peques mais" (Jo 8,10-11).O único que poderia apedrejar, por ser sem pecado, mostra claramente que não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva (cf. Ez 22,11).

Se o Evangelho de São Lucas nos contou as parábolas da Misericórdia, especialmente a do Pai Misericordioso e o Filho Pródigo, mais forte é a realidade contada pelo Evangelho de São João do que a parábola, de forma a entrarmos todos na mesma aventura.

Misericórdia infinita

A Lei do Amor e da Misericórdia, chegada com Jesus, nos abre o horizonte.  Reconhecer as limitações existentes em nós não é a experiência de dedos acusadores em riste, mas da Luz verdadeira que veio a este mundo, capaz de mostrar o erro e, ao mesmo tempo, sanar com o fogo do amor que liberta. Um honesto exame de consciência, inclusive o que somos chamados a fazer na Quaresma, só pode ser fruto de um encontro pessoal com o Senhor, que nos quer vivos e felizes, não acusados nem condenados!

Reconhecida a realidade do pecado, trata-se então de acolher o amor libertador de Jesus Cristo. Saber que somos amados não porque eventualmente sejamos justos, mas com um amor precedente a qualquer mérito humano. E cabe a nós, no relacionamento com os outros, anunciar a todas as pessoas encontradas o mesmo amor. E nem é obrigatório dizer que Jesus ama a pessoa, mas ser este amor do Senhor por todos. Vale uma visita, vale um olhar isento de julgamentos, vale um elogio.

E quando nos deparamos com casos extremos, em que as pessoas se afastaram totalmente do bem e da verdade? No plano de Deus, todos são candidatos à união com Ele e à capacidade de amar e ser amados. Mãos estendidas quando encontramos gente revoltada e de mal com a vida, escuta atenta de histórias, em geral longas e complicadas, atenção, olhar ao redor para identificar o bem que podemos fazer.

Pensemos no campo das mudanças climáticas e nas questões de ecologia, quando a Igreja propõe, na Campanha da Fraternidade, a busca de Ecologia integral. Descubramos o quanto pessoas do campo da intelectualidade podem aproximar-se e conversar conosco, com resultados certamente positivos para a Igreja e o conjunto da sociedade.


São caminhos para que tudo se torne novo, e não destruamos a vida que de Deus recebemos. De dentro de homens e mulheres virão as forças necessárias, plantadas pelo Espírito Santo de Deus, sem o qual nada subsiste. Podemos então rezar: "Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso!" (Sl 50,12-14).

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/eis-que-faco-novas-todas-coisas/

2 de abril de 2025

E quando a minha oração não é ouvida?

O desafio da alegria e a confiança constante no Senhor

"Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: Alegrai-vos!" (Fil4,4). Essa é a ordem de São Paulo , um desafio para todo cristão! Uma convocação que, para ser vivida, além da graça de Deus, pressupõe maturidade espiritual. Desde sempre, o que mais o ser humano sempre quis em sua vida foi ser feliz. Esse anseio, como garantia do Catecismo da Igreja Católica, está impresso em nosso coração (cf. n. 1718).

Crédito: KatarzynaBialasiewicz/GettyImages

Entretanto, para nós, equivocadamente, ser feliz virou sinônimo de ter o que quer, alcançar vitórias e sempre ter novos desafios, e quando tudo isso está acontecendo de forma natural, nossa vida vai bem. Ficamos em paz com o mundo, com Deus, com os outros e conosco. Porém, se o que desejamos não acontece ou não se dá da maneira que queremos, desencadeia em nós uma crise existencial

Mas o que configura o cristão a Cristo é a possibilidade de fazer renúncias e sacrifícios com alegria, sabendo que isso nos faz crescer. Cristo despojou-se de sua condição de vida, renunciou às glórias deste mundo e cumpriu sua missão conforme o pai pedia. Portanto, quando não somos ouvidos num pedido, em vez de reclamarmos, nos entristecermos e desistirmos de tudo, existem outras possibilidades a serem consideradas:

    1. Não estamos prontos para receber aquilo: precisamos olhar para a realidade de que não é o momento ainda de o Senhor nos conceder o que desejamos, porque, antes disso, existem outras obras importantes que Ele precisa realizar em nós. Ex.: ajudar-nos em desapegos, crescimentos, aptidões. Muitas vezes, somente depois de uma primeira ação do Senhor, é que nossas bases estão prontas para receber aquilo que pedimos em nossas orações.
    2. Deus não quer nos dar o que pedimos: por mais que algo seja bom aos nossos olhos, é possível que o Senhor não nos queira dar aquilo que desejamos, pois, certamente, o que pedimos não irá nos exigir em nada, não vai nos ajudar na obra de santificação que Ele está oferecendo em nós.

Sendo assim, considerando a primeira possibilidade – a de que Deus não quer dar, neste momento, uma graça que pedimos – nossa atitude precisa ser:

    1. Alegrar-se, porque a negação atual implica que temos um Deus que nos ama e sabe a hora certa de nos dar algo. Ele cuida de nós!
    2. Louvar, pois esta é considerada a grandeza do Senhor e a nossa pequenez. Ele tem o conhecimento de todas as coisas e nossa sabedoria é limitada.
    3. Aprender a esperar, porque, uma vez que ele nos quer dar, mas ainda não estamos prontos, precisamos esperar com fé, ou seja, preparar-nos para receber. Corrigindo o que precisa ser corrigido em nós, numa atitude de conversão e superação.
    4. Desprender-se, aguardar com fé, entregar-se nas mãos do Senhor, deixando que Ele perceba as coisas em Seu tempo. Esse desprendimento pede ainda que você abra mão do que espera e viva aquilo que o Senhor está lhe pedindo hoje.

Considerando a segunda possibilidade, que é o fato de Deus não querer dar o que você pede, uma grande atitude, além de todos os passos acima é:

    1. Renunciar. Não é fácil, porque nosso ego pede que as coisas sejam como sempre sonhamos, porém, essa renúncia o deixará livre para receber todas as outras coisas que Deus quer lhe dar. Você também vai amadurecer na fé porque, com isso, você estará participando do sacrifício de Cristo.
    2. Perseverar na esperança, pois tudo concorre para o nosso bem. Essa grande renúncia de hoje é semente para as graças colhidas amanhã. Não se deixe vencer pela tristeza. O Senhor é bom o suficiente para realizar planos maravilhosos em nossa
      vida!

Aceite a vontade de Deus e alegre-se!

Elane Gomes
Missionária Aliança da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/e-quando-a-minha-oracao-nao-e-ouvida/