4 de agosto de 2011

"Na Caridade, face a face com os Pobres - Mudar para Transformar"

Analisando mais detalhadamente este tema,  passei a considerá-lo de extrema relevância para o futuro da SSVP . Pesquisei alguns livros, revistas, boletins, Periódicos e semanários, módulos da Ecafo, artigos e textos criados por vicentinos ilustres, privilegiando-nos com seus belos testemunhos de vivência vicentina e muito aprendi com isso.  Refleti relatos, prosas e histórias magníficas que relatavam as mudanças necessárias à adequação da realidade da caridade atual. A SSVP chega há 178 anos e continua jovem, porém necessita de mudanças assim como a igreja, e demais ramos da família vicentina.. Buscando  entender que mudanças seriam essas me lembrei do conteúdo do livro de autoria de nosso Confrade Cristóvão Gonçalves, intitulado "Futuro e Presente da SSVP" escrito a alguns anos, mas muito atual para o tema proposto em 2011. Ali, o Cfd. Cristovão fala de um tema muito específico: "Revicentinização" . Muito oportuno e atual, faço votos que todos nós vicentinos possamos refletir o livro do Cfd. Cristovão e realizar uma viagem interior em buscas de respostas para efetivamente realizarmos as mudanças necessárias a transformação de nossa realidade caritativa.  Particularmente, nestes estudos me fiz uma indagação: Qual seria o verdadeiro papel cristão de cada Confrade e de cada Consócia nesse processo? Este estudo me fez concluir que nós vicentinos, membros da conferência e que fazemos parte de um exército mundial dependemos muito das atitudes e comportamentos dos nossos líderes vicentinos cristão, especificamente dos dirigentes de qualquer unidade vicentina. O testemunho de vida e a vivência do Evangelho são elementos indispensáveis a vida de qualquer líder vicentino, onde o amor e a verdade estão sempre de braços dados. O empenho do Líder Vicentino em construir um mundo mais humano e solidário é sinônimo de autenticidade e todos nós, cada soldado desse exercito da caridade chamado "SSVP" somo simples ovelhas guiadas por cada um de nossos dirigentes, seja de Conferência ou de qualquer outra unidade vicentina. É obvio que o Presidente de qualquer Unidade Vicentina não pode esquecer, que seu apostolado é expressão máxima da fé em Jesus Ressuscitado e na Igreja. Façamos aqui uma reflexão das aulas da Ecafo, unidade de extrema importância nesta caminhada: Para o bom funcionamento de qualquer outra unidade Vicentina, nada é mais importante do que a escolha do seu presidente:  São Vicente de Paulo considerava que, se para o bom êxito de uma empresa fosse obrigado a optar entre cinqüenta carneiros comandados por um leão e cinqüenta leões comandados por um carneiro, estaria bem mais seguro do êxito com a primeira opção do que com a segunda. Realmente, a prática tem mostrado que o resultado de um empreendimento depende quase exclusivamente de quem marchar à frente do mesmo. É bem oportuno transcrever o pensamento de São Vicente de Paulo, a respeito do dirigente: "Os defeitos que se notam em uma associação provêm, geralmente, de negligência de quem a dirige; do mesmo modo, o bom procedimento dos seus membros depende do zelo do respectivo chefe e da sabedoria de sua administração".  Para exercer a presidência, o Confrade ou a Consócia se torna um "Pastor de Ovelhas", sendo assim, sem dúvida alguma, este precisa ser mais digno do que qualquer outro. O confrade que não se mostra empenhado em ocupá-la, que se preocupa apenas com o encargo sem se deixar envaidecer com o título do cargo e que aceita com humildade a indicação de seu nome, tão somente inspirado pelo desejo de servir sem, por isso, esperar auferir vantagens pessoais, precisa vivenciar mais a sua vocação antes de assumir tal encargo. É preciso unir todo o grupo em oração para que o candidato ao cargo  seja uma pessoa cordata e dócil, porém ativa e firme em suas ações. Que demonstre afeto sincero e ardente pela Conferencia e pelo Conselho a que pertence ou pela Obra de que participe. Que tenha uma grande afeição pelos confrades e pelos assistidos, que seja ponderado e que não se deixe empolgar por inovações ou modificações irrefletidas, principalmente por aquelas que contrariam, por pouco que seja, as diretrizes de nosso Regulamento, que seja dinâmico, que não se acomode ou desanime diante de situações de difícil solução, e que, além da instrução necessária para bem desempenhar suas funções, tenha ainda suficiente disponibilidade de tempo. O exemplo deve partir do presidente, ele deve ter vivência de membro de Conferência, primeiro pelo testemunho de um autêntico homem de fé e depois por conselhos dados, de modo prudente e de caráter geral, nos quais procurará salientar a dignidade do pobre e a sublimidade da missão junto a ele, sempre enfatizando que é na visita domiciliar, no ambiente desconfortável da casa do pobre, que encontraremos o próprio Cristo sofredor, ansiosamente nos esperando para ajudá-lo. O lider vicentino terá sempre o cuidado de lembrar, freqüentemente, os benefícios ligados ao exercício das obras de misericórdia, precisa velar pela exata celebração das Festas Regulamentares e da Missa das cinco intenções, comunicando, com a devida antecedência, a data marcada para essas comemorações, a fim de que os confrades possam participar delas. Precisa esforçar  também, por organizar retiros espirituais, dias de recolhimento, ou quaisquer outros atos de fé que possam contribuir para o aprimoramento espiritual dos confrades. O presidente não poderá esquecer-se de que a espiritualidade não se impõe; ao contrário, ela é o resultado espontâneo do exercício da caridade e da constância com que os confrades se dedicam às práticas religiosas e caritativas.
Um presidente deve ser comunicativo e tratar os seus confrades com muita atenção, cordialidade e, sobretudo com muita fraternidade; deve sempre lembrar-se de que é o coordenador de um Grupo de Confrades e Consócias com vocação vicentina como ele e não um administrador intransigente que tem hábito de forçar os companheiros a aceitar e acatar o seu ponto de vista pessoal. Cumpre   que   ele   cultive,   no   âmbito da unidade vicentina, um clima de harmonia e de amizade cristã de  modo  a  fazer  com  que  a  unidade, a qual preside, seja  como uma só e mesma família.  Nas suas palavras e nos seus atos, o presidente mostrará que ama seus confrades, procurando fazer tudo quanto puder para que eles também se amem uns aos outros. Aproveitará todas as ocasiões para aproximá-los uns dos outros. Incidentalmente, podem surgir atitudes ou situações que perturbem a união dos membros entre si; para restabelecê-la, o presidente não deixará de empregar todos os meios conciliatórios possíveis, mostrando que a fraternidade, a condescendência e a mansidão são características indispensáveis a todos os vicentinos, tendo, porém, o cuidado de ser o primeiro a dar o exemplo. Caso o presidente venha a sofrer tratamento pouco amistoso, ou incompreensão por parte de algum confrade ou consócia, não deve mostrar-se magoado nem irritado; ao contrário, deve dispensar-lhe redobrada atenção e acolhe-lo com maior cordialidade ainda, indo mesmo ao seu encontro, se isto for necessário, e, desta sorte, terá feito muito mais para o bem da Sociedade e para a sua própria santificação do que se tivesse optado pela censura ou repreensão ainda que merecida. O Líder Vicentino é um ator fundamental no elo de ligação, sendo o principal responsável pela COMUNICAÇÃO na SSVP. Visitar os confrades e as consocias enfermos, ou que passam aflições, é um dever espontâneo que o coração ensina; portanto, cabe ao presidente dar exemplo no cumprimento deste gesto de solidariedade humana e, sobretudo, de dever cristão. Bem sabemos que, ao lado dos melas do corpo, existem as aflições da alma e, com isso, talvez a fraqueza da fé. Logo que o presidente perceber que algum de seus confrades esteja passando por esta provação, esforçar-se-á, imediatamente, para levar socorro a essa alma que se acha desalentada. Os conselhos repassados de ternura cristã e dados com prudência e discrição, além de aliviar os sofrimentos, poderão reconduzir o Confrade ou a Consocia à certeza da fé e assim preservá-los de males maiores. Para conclusão deste estudo, vale ressaltar que comemoramos, em 23 de abril de 2011, 178 anos da fundação dessa que é a mais numerosa associação católica internacional de leigos. Nesta reflexão, quando admitimos a necessidade de "mudar para transformar" é preciso ter consciência da necessidade da aproximação contundente de nossas origens. É importante, o retorno ao momento histórico da fundação da primeira Conferência porque ali vamos encontrar o impulso original para a vivência entusiasmada do nosso ideal vicentino neste milênio que começa desafiador e assim realizarmos as mudanças coerentes com vistas a transformação. Este é o momento propício para cada Confrade e Consocia parar e pensar se está vivendo com devoção o seu dever sagrado de ajudar os irmãos empobrecidos. Hora de se comprometer ainda mais. Hora de conversão pessoal e de desapego de si pela causa da caridade. Diante do escândalo de pobrezas antigas e novas presentes também na sociedade opulenta atual, como continuar a viver o ensinamento de Frederico Ozanam e de seus valorosos companheiros? Realmente, a cada dia que passa fica mais difícil dar testemunho de Jesus num mundo que se descristianiza, se confunde e se divide. Com efeito, o desafio de se comprometer como vicentino já está a exigir coragem, perseverança e sacrifício de todos Vicentinos. Uma volta ao começo, portanto, nos fará bem. É importante saber que nos primórdios houve muitos empecilhos superados pelos nossos fundadores. Relembrando a nossa história, remetamos a nossa memória para a agitada Paris de 1833, quando um grupo de homens, através da ação do Espírito Santo, se reuniu para ajudar os pobres.  Ozanam e seus companheiros, contribuindo com o melhor dos talentos que Deus lhes haviam concedido, foi fiel instrumento para a criação de uma instituição de leigos católicos, que se estenderia por todo o mundo. Ninguém poderia prever que a sua pequena obra querida por Deus prosperaria a ponto de, quase dois séculos depois, dar acolhida a pessoas pobres em situações dramáticas, como hoje vemos em todo mundo. "pobres, sempre os tereis...". Sempre haverá pobres para que cumpramos nossa missão. Hoje, os desafios de pobreza são muitos! O trabalho vicentino precisa ter começo, meio e fim,  por causa da velocidade das mudanças, todos podem se achar em situação de miséria (material ou espiritual), por um motivo ou por outro e então, se tornarem dependentes da solidariedade de terceiros. O trabalho vicentino é o de enxergar o pobre como seu igual, com as mesmas necessidades, capacidades e sonhos. O vicentino deve ser facilitador da promoção, deve ser apoio e ponte entre os assistidos e transformá-los em cidadãos de fato. Mas isso só é possível quando nos dispomos verdadeiramente a conhecer as dificuldades daqueles que nos foram confiados para, por meio de ações planejadas, enfrentarem cada uma delas como obstáculos a vencer. Visita a visita. Reunião a reunião. Que o Espírito Santo ilumine a todos os vicentinos inspirando-os a ser ícones da caridade face a face com os pobres com o desejo perseverante de "Mudar para Transformar"

Cfd. Donizetti Luiz - Conferência São Sebastião / Goiânia-GO
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