16 de julho de 2025

Anjos, criaturas de Deus

"A existência dos seres espirituais, não corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição" (CIC 328).

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Anjos são seres divinos criados por Deus

Cristo é o centro do mundo angélico. Os anjos pertencem a Cristo porque são criados por Ele e para Ele, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (cf. CIC 331): "Pois foi n'Ele que foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis: Tronos, Dominações, Principados, Potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele" (Cl 1,16).

"Ainda aqui na terra, a vida cristã participa na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus" (CIC 336).


Santo Anjo da Guarda, meu poderoso protetor,
guardai-me sempre na paz de vosso amor.

Dos perigos, livrai-me;
do mal, libertai-me;
e nos momentos de angústia, consolai-me!

Durante o sono, velai sobre meu descanso,
não deixais o mal de mim se aproximar.
Sob as asas do seu amor,
possa nos meus sonhos habitar!

Nesta noite de luz, afugentai as trevas do medo,
afastai também as tentações,
para que minha alma tranquila
descanse sem aflições.

E que no alvorecer de um novo dia,
eu acorde feliz e restaurado,
e seja para o mundo
testemunha de ser sempre por vós amado!

Amém.

Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/anjos-criaturas-de-deus/

15 de julho de 2025

A postura do jovem católico na universidade

Todo jovem pensa no seu futuro e na profissão que melhor o realizará. Hoje, o mercado de trabalho é bem concorrido e os que conseguem um futuro promissor são os mais capacitados. Por isso, o número de jovens nas universidades tem aumentado. Mas não são todas as universidades que possuem uma busca sincera pela verdade; o católico, nesse contexto, sente comprometida sua postura. O que fazer?

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É possível assumir a postura de católico dentro da universidade

A Igreja aprecia a contribuição da ciência para a humanidade. Papa Francisco diz que "a Igreja não pretende deter o progresso admirável das ciências. Pelo contrário, alegra-se e inclusivamente desfruta reconhecendo o enorme potencial que Deus deu à mente humana. Portanto, é preciso ser humilde e ouvir o que as diversas ciências têm para ensinar nas universidades. Certa vez, ouvi que sábio não é aquele que sabe tudo, mas aquele que se coloca sempre como aprendiz".

Santo Tomás de Aquino afirmava: "A luz da razão e a luz da fé provêm ambas de Deus". É preciso não criar preconceitos, pois, uma vez que este se estabelece, torna-se mais difícil o diálogo. Não é o desprezo, mas o diálogo que abre novos horizontes enriquecedores para a sociedade.

Postura autêntica do católico

Existe o medo de os jovens católicos nas universidades perderem a , porém, alimentá-la pela oração é um meio de mantê-la viva. Os estudos devem proporcionar que o jovem busque mais as razões da sua fé. Ainda que seja difícil, a ciência questionar sua fé é saudável, desde que ela não tenha a pretensão de ser absoluta. Nesse caso, "não é a razão que se propõe, mas uma determinada ideologia que fecha o caminho a um diálogo autêntico, pacífico e frutuoso", afirma o Papa Francisco.

É difícil assumir a postura de católico dentro das universidades. Muitos têm medo da perseguição e assumem uma postura relativista. Mas a postura do cristão deve ser autêntica, pois, mesmo sem perceber, a evangelização acontece, porque há um compromisso com a verdade. Não existe verdadeiro cristão ausente da perseguição.

O encontro com Cristo deve se manifestar no testemunho

Vale a pena recordar o interessante diálogo autêntico entre o filósofo Jürgen Habermas e o Papa emérito Bento XVI, quando ainda era cardeal. Dentre os vários pontos abordados, Ratzinger afirma que o encontro com Cristo é redenção por ser performativa e não informativa, isto é, conhecer Cristo leva à transformação, pois se tem esperança. A partir da compreensão performativa da fé, expressa-se na própria fé uma razão, que se manifesta no testemunho do cristão e que pode ser apreendida pelo ateu. Além do mais, afirma Ratzinger, a razão e a fé são chamadas a se purificarem e curarem mutuamente de suas patologias, é necessário que reconheçam o fato de que uma precisa da outra.

A Igreja pede, na Exortação Apostólica Chistifideles Laici, a presença do católico na universidade, pois tal "presença tem como finalidade não só o reconhecimento e a eventual purificação dos elementos da cultura existente, criticamente avaliados, mas também a sua elevação, graças ao contributo das originais riquezas do Evangelho e da fé cristã".


Jovem, viva a sua fé

Enfim, o jovem católico deve ser capaz de assumir e viver sua fé mesmo em ambientes diversos, como na universidade. Para isso, pode ser grande suporte os Grupos de Oração Universitário (GOU). Hoje, é mais inteligente o diálogo através do testemunho acompanhado de uma honesta abertura ao outro. A fé e a ciência dialogam por intermédio da razão, referência comum para as duas. Vale a célebre frase de São Paulo para o jovem católico universitário: "Examinai tudo e guardai o que for bom" (1 Tes 5, 21).

Equipe de Formação da Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/a-postura-do-jovem-catolico-na-universidade/

14 de julho de 2025

Santos ou nada: a busca pela santidade na vida cotidiana

"Sede Santos porque Eu sou Santo"! (1Pd 1,16)

Muitos já perguntaram para alguém: "É fácil ser santo?" ou, quem sabe, muitos já se perguntaram: "Será que eu consigo ser santo?". Para respondermos essas perguntas, a primeira carta de Pedro nos ensina duas coisas, a saber. Primeiro: todos somos convocados à santidade; Segundo: claro que não é fácil ser santo. E se fosse fácil, não seria santidade. A santidade supõe um exercício diário de renúncias e pequenos sacrifícios.

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É preciso morrer para as más inclinações. É necessário morrer para a vaidade, para a prepotência, para o orgulho e para a concupiscência. É necessário morrer para a mentira! Isso nos custa muito e exige de nós fé na graça de Deus.

Necessitamos da luz do Divino Espírito Santo, da intercessão maternal de Nossa Senhora, do testemunho dos Santos e da proteção dos Santos Anjos da Guarda. Precisamos da presença da Igreja, da ajuda da família e dos amigos. A santidade é fruto da graça de Deus e do esforço de cada um. É buscando a santidade que nos tornamos verdadeiramente felizes e realizados! Vale a pena dizer ainda mais uma palavra.

É difícil ser santo, mas não é impossível! Se fosse impossível, Jesus não teria nos deixado este pedido. O Senhor só nos pede o possível, pois o impossível cabe a Ele. Nós fazemos o possível. Deus realiza o impossível. É diante dessa certeza que nós acreditamos que o maior pecador pode se tornar um grande santo.

Santidade não é para poucos!

São Vicente Pallotti nasceu em Roma no ano de 1795, partindo para a eternidade em 1850. Viveu 55 anos. De certa maneira, podemos dizer que viveu pouco. Mas, olhando para a sua história, podemos dizer que ele fez muito. Uma das coisas que ele fez foi fundar uma família, chamada União do Apostolado Católico.

Nessa família, há lugar para todos os batizados. O grande desejo de São Vicente Pallotti era que cada batizado ajudasse "a reavivar a fé e a reacender a caridade". Ele disse e deixou por escrito que nós somos "nada e pecado" por conta de nossas misérias e de nossa indignidade. Contudo, porque Deus é Amor, nós podemos e devemos buscar a santidade.

Quanto mais buscamos a santidade e nos tornamos santos pela graça de Deus, mais e mais o nosso apostolado se torna fecundo. A nossa santidade inclui a busca da salvação dos nossos irmãos. Além de sermos santos, precisamos também ajudar os outros a se santificarem.


Neste tempo, busquemos mais a santidade. Ser santo não é somente privilégio de alguns, mas uma vocação para todos: casados, solteiros, consagrados, religiosos, sacerdotes e bispos. Ao longo das semanas e, sobretudo dos domingos, a Liturgia da Palavra nos instrui e nos mostra o caminho da santificação.

Santificamo-nos à medida que oferecemos os "primeiros e melhores" frutos das nossas colheitas. Quem oferece o que de melhor tem para Deus, para a Igreja e para os irmãos, além de tornar o seu coração bom e generoso, torna-se uma pessoa semelhante a Deus Amor, pois o amor é sempre generoso. Quando oferecemos o pior, o resto, o que é ruim, tornamo-nos mesquinhos.

A graça de Deus nos sustenta na caminhada

Um outro meio de santificação é acreditar em Deus de coração, professá-Lo sem nenhum medo e invocá-Lo em todos os momentos da nossa vida. A nossa fé não pode ser mais ou menos; nem apenas racional ou superficial. A nossa fé precisa ser de coração. É pela fé convicta que teremos forças para enfrentar e vencer as tentações que aparecem no nosso caminho.

A santidade é fruto da adoração. Adorando a Deus, como nosso único Senhor e Salvador, o nosso coração vai sendo purificado de todo "fermento podre", de todas as más inclinações e de todos os pecados. Quem adora a Deus, ouve a Sua voz e se esforça para fazer a Sua vontade. E quem faz a Vontade de Deus se torna Santo!

Na Bíblia e para o povo israelita, o deserto é o lugar para o despojamento que leva ao encontro com Deus e o lugar da "metanoia", ou seja, da mudança, transformação e conversão da vida. Façamos a experiência do deserto espiritual. Com Jesus e com Maria, percorramos este deserto com o desejo de um profundo encontro com Deus e uma verdadeira transformação de vida. Por melhor que seja uma pessoa, sempre tem algo para melhorar.

É preciso ter fé e coragem para ser santo. Ser santo significa ser de Deus e caminhar com Ele. Quem não caminha com Deus e quem não pertence a Ele, não é nada. Por isso, ou Santos ou nada!  Que fique no nosso coração este desejo: "Eu quero ser santo!".

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/santos-ou-nada-a-busca-pela-santidade-na-vida-cotidiana/

13 de julho de 2025

Como regar a esperança?

Você já teve a experiência de cuidar de uma planta? Se ainda não o fez, eu quero convidá-lo a fazer, pois, com certeza, ela lhe ensinará muitas coisas. A essa plantinha eu dei o nome de Esperança, porque, muitas vezes, eu cheguei em casa e ela estava "murchinha", praticamente morta, mas ainda assim eu a regava e, no outro dia, ela estava erguida novamente.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Não deixe a esperança morrer

Por isso eu resolvi dar a ela o nome da Esperança, não porque eu tivesse a esperança de ela não morrer, mas eu vi, ali, quantas vezes a minha esperança estava assim murchinha, quase morrendo, e bastava que eu desse a ela um pouco de água, para ela voltar a viver.

Vocês não imaginam a minha alegria quando vi os brotinhos de flores! Quando elas se abriram, então… Era como se eu ouvisse um grito dentro de mim: "Não deixe que a sua esperança morra. Regue-a! Deixe ela brotar, deixe ela florescer!


Não sei o que você está vivendo, mas se a sua esperança está quase acabando, peça para o Espírito Santo regá-la, e permita que ela cresça, desenvolva-se e floresça.



Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). É graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido. Instagram: @regianecn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/como-regar-esperanca/

11 de julho de 2025

Padres e o peso invisível: um olhar sobre o ministério sacerdotal

O vazio existencial entre os presbíteros

O vazio existencial entre os presbíteros pode causar danos irreparáveis. Ao perderem o sentido da vida, é aberta uma chaga silenciosa e devastadora que requer nossa atenção integral, tanto no plano objetivo quanto subjetivo.

Ao tentar contra a própria vida, trata-se, antes de tudo, de um ato moralmente grave e objetivamente condenado pela Igreja, pois viola, de modo direto, o quinto mandamento: não matarás (Ex 20,13), pois a vida é dom sagrado recebido de Deus e confiado ao homem como guardião, não como proprietário. 

Créditos: Acervo pessoal – Padre Leandro Rodrigues dos Santos

O Catecismo da Igreja Católica é categórico ao afirmar: "O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a sua vida. É gravemente contrário ao amor do Deus vivo" (CIC 2281). Trata-se, pois, de um gesto de rebelião ontológica, uma recusa radical da existência enquanto dom. 

No entanto, ao mesmo tempo em que a Igreja condena o ato do suicídio, ela não se apressa em julgar o suicida. O mesmo Catecismo reconhece que, do ponto de vista subjetivo, a gravidade do ato pode ser atenuada ou até anulada por perturbações psíquicas, sofrimentos atrozes, angústia existencial ou outras circunstâncias que diminuam a liberdade e o discernimento da vontade (cf. CIC 2282).

Aqui se revela a face materna da Igreja que, sem relativizar a gravidade objetiva do ato, estende a misericórdia e intercede pela salvação daqueles que sucumbiram à escuridão. "Não devemos desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar" (CIC 2283).

O ser humano é essencialmente um ser de decisão

Entretanto, é fundamental estabelecer uma distinção crucial: se por um lado é verdade que, no instante do suicídio, a liberdade pode estar profundamente comprometida, uma vez que a alma, imersa em densas trevas, vê sua vontade dominada pelo sofrimento, por outro lado, é igualmente verdadeiro que, ao longo do percurso que conduziu a tal desfecho, existiram inúmeras ocasiões de escolha. Foram pequenos e grandes atos, decisões conscientes ou não, que, somados, traçaram o caminho até aquele momento extremo.

Como afirmou Viktor Frankl, psiquiatra e sobrevivente dos campos de concentração nazistas, "o ser humano é essencialmente um ser de decisão; ele se define pelas escolhas que faz". Para Frankl, a alma humana se encontra continuamente diante do imperativo de decidir, e é precisamente aí que reside sua dignidade mais profunda. Desconsiderar essa liberdade progressiva, exercida dia após dia, é apagar a responsabilidade moral que temos diante de nosso próprio destino.

O suicídio, do ponto de vista filosófico e espiritual, é uma forma extrema de negação da realidade, um gesto simbólico que tenta eliminar a dor, a angústia ou o fracasso através da aniquilação do próprio sujeito que sofre. Nesse sentido, como observava São Tomás de Aquino, trata-se de uma forma de violência contra a ordem natural e contra a razão, pois "o suicídio é contrário à caridade que o homem deve a si mesmo" (S.Th., II-II, q. 64, a. 5).

É, portanto, uma tentativa de "resolver" uma situação insuportável negando a existência, quando, na verdade, a morte não anula a realidade, apenas a torna mais trágica. O suicídio não transforma o mundo, apenas interrompe a possibilidade de redimi-lo através da própria vida.

Cuidados com a dimensão física e psicológica do presbítero

Diante do cenário crescente de angústias, depressões e casos de suicídio entre os presbíteros, é imprescindível propor uma resposta integral, preventiva e terapêutica, que considere a totalidade da pessoa do sacerdote, corpo e alma, natureza e graça, matéria e espírito. A dignidade ontológica do ministério ordenado não anula a fragilidade da condição humana, antes, a supõe e exige que ela seja assumida com responsabilidade, sabedoria e humildade.

Antes de qualquer juízo ou análise, é fundamental reconhecer, com lucidez e realismo, a urgência de um cuidado sério e constante com a dimensão física e psicológica do presbítero. Não são raras as situações em que disfunções hormonais, deficiências nutricionais, alimentação inadequada, sedentarismo, distúrbios do sono ou o isolamento social atuam como gatilhos determinantes para o desenvolvimento de estados depressivos e sofrimentos existenciais profundos.

Muitas vezes, aquilo que se interpreta de forma precipitada como simples "fraqueza espiritual" está, na verdade, enraizado em causas clínicas e psíquicas que clamam por um acompanhamento competente e um olhar pastoral sensível, capaz de enxergar o ser humano por inteiro.


A saúde mental

Numerosos estudos indicam que a saúde mental está intrinsecamente ligada ao bom funcionamento neuroquímico e endócrino do organismo. Entre os principais hormônios que regulam o humor e a disposição, destaca-se a serotonina, cuja deficiência está associada diretamente à depressão e à perda do bem-estar. A dopamina, essencial para a motivação e o prazer, quando em níveis baixos, provoca apatia e tristeza.

A noradrenalina, ligada ao foco e à energia, se em déficit, conduz à letargia e ao desânimo. Já o cortisol, conhecido como hormônio do estresse, quando desregulado, seja em excesso ou em escassez, intensifica quadros depressivos e ansiosos.

A esse panorama somam-se as alterações hormonais, como os distúrbios da tireoide, especialmente o hipotireoidismo, a baixa testosterona em homens ou os desequilíbrios hormonais femininos, frequentemente presentes em mulheres consagradas ou em intensa atividade pastoral. Tais alterações impactam, de forma significativa, o humor, a energia e a vitalidade.

A saúde emocional e espiritual 

É impossível abordar a saúde emocional e espiritual dos sacerdotes sem considerar sua dimensão psicossomática: corpo, mente e espírito formam uma unidade inseparável no ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Por isso, ignorar os aspectos biológicos é negligenciar a própria integridade da pessoa.

Neste sentido, destaca-se a importância de diversos nutrientes fundamentais. A vitamina D, por exemplo, especialmente em regiões de pouca exposição solar, está fortemente relacionada à prevenção de estados depressivos. As vitaminas do complexo B, notadamente a B6, B9 (ácido fólico) e B12, são cruciais para a síntese de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina. A carência de magnésio, ferro, zinco e ômega-3 compromete seriamente a estabilidade emocional e o bom funcionamento cerebral.

A Dra. Janaina S. Nicolini, nutricionista clínica funcional integrativa e ortomolecular (clinicando há 28 anos), com sua experiência clínica, complementa essa visão apontando ainda a importância do selênio, nutriente que, juntamente com o zinco, o ferro e o ômega-3 (particularmente nas formas EPA e DHA), contribui para a modulação de neurotransmissores como o GABA, a serotonina e a dopamina, além de favorecer um sono reparador.

Ela ressalta que o cérebro é constituído, em grande parte, por boas gorduras, e que sem esses lipídios essenciais a atividade neurológica fica prejudicada.

 A saúde intestinal e neurológica

Outro ponto levantado pela doutora é o papel da microbiota intestinal, considerada o "segundo cérebro". Distúrbios digestivos, inflamações intestinais, alergias alimentares, constipações ou o trânsito intestinal acelerado afetam diretamente a produção de triptofano, aminoácido precursor da serotonina. Assim, o cuidado com a saúde intestinal torna-se indispensável para o equilíbrio psíquico e neurológico.

Por fim, a Dra. Janaina menciona o NAC (N-acetilcisteína), suplemento atualmente utilizado em quadros de déficit de atenção, ansiedade, depressão e desregulação neuroquímica. Ele auxilia na regulação dos eixos neuronais, combatendo os efeitos deletérios do estresse crônico, da fadiga emocional e da alimentação empobrecida, realidades que, infelizmente, atingem muitos ministros ordenados hoje.

Ao enxergar o sacerdote como um homem integral, e não como um "super-herói espiritual", abre-se espaço para uma pastoral do cuidado que respeita sua condição humana. Como bem lembrou a Dra. Janaina: "O pastor estando bem, seu rebanho também irá bem." Cuidar do sacerdote em todas as suas dimensões, espiritual, emocional e física é, portanto, um ato de justiça e de caridade para com ele e para com a Igreja.

O cuidado integral do presbítero

Dessa forma, é urgente que os presbíteros recebam acompanhamento médico periódico, exames hormonais e nutricionais, e sejam encorajados a cuidar do próprio corpo como dom e templo do Espírito Santo (cf. 1Cor 6,19). A prática regular de atividade física, uma alimentação equilibrada, a boa qualidade do sono, o cultivo de vínculos fraternos e ambientes saudáveis de convivência presbiteral são atitudes concretas que, aliadas à graça, sustentam o vigor da alma.

Também é essencial reafirmar que tais medidas físicas e psicológicas não são meros apêndices "terrenos", mas condições necessárias para que o presbítero viva bem sua vocação eclesial e espiritual. A graça supõe a natureza, e a santidade não dispensa a saúde. O cuidado integral é, portanto, parte da responsabilidade moral e pastoral da Igreja por seus ministros.

 Acompanhamento espiritual e psicológico

Além disso, é fundamental oferecer ao sacerdote um acompanhamento espiritual e psicológico contínuo. A direção espiritual autêntica, aliada a uma terapia profissional séria e bem orientada, pode ajudar a nomear e atravessar as zonas obscuras da alma, permitindo que a dor se transforme em lugar de fecundidade espiritual. Não há oposição entre fé e psicologia quando ambas estão ordenadas ao verdadeiro bem da pessoa. Ao contrário, como dizia São João Paulo II, "a graça não destrói a natureza, mas a supõe e a aperfeiçoa" (Fides et Ratio, n. 43).

No entanto, nenhuma dessas soluções será suficiente se não estiver alicerçada numa espiritualidade profunda, autêntica, enraizada na Tradição viva da Igreja. O sacerdote precisa urgentemente reencontrar o centro espiritual de sua vocação: viver não a partir das expectativas humanas, do mundo, das comunidades, dos próprios ideais de perfeição, mas a partir daquilo que Deus lhe confia.

Jesus não impõe fardos insuportáveis; antes, convida: "Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos… meu jugo é suave e meu fardo é leve" (Mt 11,28-30). A raiz de muitos sofrimentos sacerdotais está na inversão dessa lógica: quando se assume o fardo da vaidade, da performance, do aplauso ou da frustração, o peso torna-se insustentável.

A vida de oração e sacramental são vitais

O sacerdote é, por vocação, um alter Christus. Sua identidade não se define por aquilo que faz, mas por aquilo que é: configurado ao Cristo, Cabeça e Esposo da Igreja. Trata-se de uma grandeza ontológica, não funcional. Quando esta verdade é esquecida, o sacerdócio perde seu chão e se torna um peso. Mas quando é reencontrada, torna-se fonte de sentido, de esperança e fortaleza. Como ensina o Presbyterorum Ordinis, "o sacerdote deve alimentar continuamente a sua vida espiritual pela oração e, sobretudo, pela Eucaristia, fonte e ápice de toda a vida cristã" (PO, n. 5).

A vida sacramental não é apenas relevante, ela é absolutamente vital. A confissão, quando buscada com frequência e sinceridade, deixa de ser um simples ato de purificação moral para tornar-se fonte viva de força interior, onde a alma é gradualmente moldada segundo o Coração de Cristo. A Eucaristia, celebrada com fé e adorada no silêncio, torna-se o ponto de convergência das angústias, das dúvidas e das esperanças mais íntimas do coração sacerdotal.

Na adoração, o tumulto interior se acalma, e o presbítero reencontra o centro silencioso que sustenta sua vocação: o Mistério. O Rosário de Nossa Senhora permanece como arma discreta e potentíssima no combate espiritual, como testemunharam, não apenas com palavras, mas com a vida, santos como São João Maria Vianney e São Padre Pio. Nenhuma noite escura resiste indefinidamente à luz que brota de uma vida sacramental vivida com fidelidade, constância e profundidade.

A anemia espiritual e vocacional

Fala-se muito, em nossos tempos, de uma "crise do sacerdócio". Mas é preciso imediatamente qualificar essa afirmação para não recair em equívocos teológicos ou sociológicos: o sacerdócio ministerial, em sua substância ontológica e sacramental, não está nem pode estar em crise, pois é dom irrevogável de Deus (cf. Rm 11,29), instituído por Cristo como participação real e eficaz no seu próprio sacerdócio eterno.

A crise que enfrentamos não é, pois, da ordem do ser do sacerdócio, mas da consciência e da vivência de muitos dos que o recebem. Trata-se, portanto, não de uma crise da identidade do sacramento, mas de uma crise existencial da pessoa humana do sacerdote que, uma crise de percepção, um equívoco da inteligência, por vezes, se vê perdida ou esvaziada dentro da própria vocação.

Esse drama espiritual e antropológico tem raízes profundas. Muitos presbíteros, imersos nas exigências da pastoral, nas tensões da vida eclesial e nas expectativas, por vezes desordenadas, das comunidades ou das estruturas, começam a experimentar um sentimento de insuficiência, de inutilidade, como se o dom recebido fosse pequeno demais ou irrelevante diante das complexidades do mundo contemporâneo.

Essa falsa percepção, alimentada por uma cultura que reduz o valor da pessoa à sua produtividade e visibilidade, gera o que poderíamos chamar de anemia espiritual e vocacional: o padre deixa de contemplar o mistério do qual participa, e passa a julgar-se apenas por suas fragilidades humanas ou pelos frutos imediatos que (não) vê.

Redescobrir o dom recebido

É aqui que se revela a raiz da crise: a perda da contemplação da verdade teológica e espiritual do sacerdócio. O sacerdote é, antes de tudo, canal da graça de Deus, não por mérito próprio, mas por eleição e consagração divina. Ele é instrumento vivo do Espírito Santo, configurado à Cristo Cabeça, Esposo e Pastor da Igreja. N'Ele se cumpre aquilo que São João Maria Vianney dizia com tanta simplicidade e profundidade: "O sacerdote não é sacerdote para si: ele é para vós". Ele é mediador, pontífice, servidor do altar e da Palavra, sacramento visível da presença invisível de Cristo entre os homens.

Por isso, como nos recorda o Concílio Vaticano II, "os presbíteros, configurados a Cristo pela unção do Espírito Santo, são consagrados para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino como verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento" (cf. Presbyterorum Ordinis, n. 2).

É legítimo e até necessário que o sacerdote reconheça sua humanidade, suas fragilidades, suas feridas. Ignorar isso seria cair em uma espiritualidade desencarnada e artificial. Mas olhar a própria humanidade não deve conduzir ao desespero, e sim à esperança, pois essa humanidade foi assumida por Deus, é amada por Ele e nela atua a graça de modo transformador. É precisamente nesse vaso de barro (cf. 2Cor 4,7) que Deus depositou um tesouro: a participação no sacerdócio de Cristo, que transforma a limitação humana em espaço de manifestação da potência divina.

A verdadeira superação da crise sacerdotal

Assim, a verdadeira superação da crise sacerdotal não está em estratégias externas nem em métodos de autossuperação baseados em performance, mas na redescoberta do dom recebido, na renovada contemplação do mistério de ser escolhido por Deus para ser canal da sua graça.

O sacerdote precisa, mais do que nunca, reencontrar-se com a sua identidade no silêncio da oração, na escuta da Palavra, na adoração eucarística e no ministério bem vivido. Ali, onde o humano e o divino se tocam, sua vocação se reconfigura, não como peso, mas como alegria; não como imposição, mas como eleição; não como tarefa fria, mas como participação ardente na missão do Salvador.

Como dizia o Papa Bento XVI: "Ser sacerdote é mergulhar a própria existência no mistério da Cruz, tornar-se com Cristo uma oferenda viva". E quem assim compreende sua vocação, não vive de nostalgias nem de frustrações, mas da esperança certa de que Deus sustenta aquele que Ele mesmo chamou e consagrou.

O suicídio sacerdotal desvela uma chaga profunda e silenciosa, um clamor urgente que convoca a uma reforma íntima e radical na vida presbiteral. Essa renovação ultrapassa o indispensável cuidado com a saúde física, psíquica e espiritual dos padres; ela reclama, acima de tudo, um retorno radical a Cristo, o centro ontológico, a rocha inabalável sobre a qual toda existência pode firmar-se com segurança e esperança.

Que cada sacerdote, mesmo nas horas mais densas da escuridão, seja capaz de ouvir, nas dobras mais secretas de sua alma, a voz fiel de Deus que jamais o abandona: "Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec" (Sl 110,4). Que essa promessa seja luz e escudo, libertando-o da tentação cruel de crer que sua vida perdeu o sentido.

Padre Leandro Rodrigues dos Santos
Arquidiocese de Curitiba, Mestre em Teologia na Universidade Salesiana de Roma


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/sacerdocio/padres-e-o-peso-invisivel-um-olhar-sobre-o-ministerio-sacerdotal/

9 de julho de 2025

Como conciliar fé e razão?

A relação entre fé e razão vem tomando destaque nos discursos do Magistério Católico1. Assim escreve São João Paulo II: "A fé e a razão (Fides et Ratio) constituem como que duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou, no coração do homem, o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecê-Lo, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio".2

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

O cristão busca a verdade na relação dialógica fé e razão, o que exige maior diálogo interdisciplinar. Como afirma São João Paulo II: "é ilusório pensar que a fé teria mais penetração se se defrontasse apenas com uma razão débil; pelo contrário, nesse caso cairia no grave perigo de se ver reduzida a um mito ou superstição. Da mesma maneira, uma razão que não se deparasse com uma fé adulta não seria estimulada a fixar o olhar sobre a novidade e a
radicalidade do ser".3

A Igreja nos ensina que, embora a fé supere a razão, "não poderá nunca existir contradição entre a fé e a ciência, porque ambas têm origem em Deus".4 É o mesmo Deus que dá ao homem seja a luz da razão seja a luz da fé. "Crê para compreender; compreender para crer" (Santo Agostinho). São João Paulo II se referiu à contribuição que uma poderia oferecer à outra: "A ciência pode purificar a religião do erro e da superstição; a religião pode purificar a ciência da idolatria e dos falsos absolutos. Cada uma delas pode introduzir a outra num mundo mais vasto, num mundo em que ambas podem florescer".5

Ainda, "a verdade não contradiz a verdade". O fim último da existência humana é objeto de estudo quer da filosofia (razão), quer da teologia (fé). Embora com métodos e epistemologias diversos, ambas apontam para o "caminho da vida" (Sl 16, 11)6  que, conforme professamos pela fé, tem o seu fim último na alegria plena e duradoura da contemplação de Deus Uno e Trino.

Fé e razão são campos contrários?

Não podemos considerar a fé e a razão como dois campos contrários, deverá haver humildade de ambas em reconhecer seus limites e saber de onde cada uma deve partir e até onde podem ir. Significa que há uma passagem de nível entre o teórico (dados da razão) e o da fé propriamente dito. Diante disso, já se percebe que a razão pode ser um subsídio precioso, mas jamais uma substituição do discurso teológico. Na realidade, a fé e a razão são campos em que a Verdade (Deus) se manifesta, revela-se.

Consideremos dois aspectos do homem: um ser que busca a verdade e, ao mesmo tempo, um ser que busca o transcendente. Todo homem busca a verdade, uma verdade definitiva, que dê sentido a sua vida e, ao mesmo tempo, busca o sentido último de sua existência na abertura ao transcendente. "À luz dessas exigências profundas, inscritas por Deus na natureza humana, aparece mais claro também o significado humano e humanizante da palavra de Deus. Graças à mediação de uma filosofia que se tornou também verdadeira sabedoria, o homem contemporâneo chegará a reconhecer que será tanto mais homem quanto mais se abrir a Cristo, acreditando no Evangelho". 7

Fé e razão juntas

Durante muitos séculos, a Igreja tomou a liderança nas pesquisas científicas. Vários monges e clérigos se dedicaram também às diversas ciências. A busca de conquistas científicas sempre foi para a Igreja uma forma de chegar à verdade de Deus. No século XIII, Alberto Magno incentivou a pesquisa mineralógica. Em 1543, o clérigo Nicolau Copérnico, em seu De revolutionibus orbium coelestium (Sobre as revoluções das esferas celestes), redescobriu o heliocentrismo. Em pleno século XIX, o monge Gregor Mendel formulou as leis da herança genética.

Grandes sábios como Pascal, Ampère, Pasteur e Eduardo Branly professavam a fé católica. Albert Einstein, autor da teoria da relatividade, afirmava que "a religião sem a ciência estaria cega, e a ciência sem a religião estaria coxa". Newton afirmava que "há um ser inteligente e poderoso, que governa todas as coisas não como a alma do mundo, mas como Senhor do Universo, e, por causa do seu domínio, é chamado Senhor Deus, Pantocrator".

O famoso prêmio Nobel alemão Werner K. Heisenberg, um dos principais criadores da Mecânica Quântica, em Madrid (1969), afirmou: "Creio que Deus existe e que d'Ele procede tudo. A ordem e a harmonia das partículas atômicas têm que ter sido impostas por alguém".

Incentivo da Igreja

Pontifícia Academia das Ciências, sediada no Vaticano, promove o progresso em matemática, física e ciências e testemunha a complementaridade entre fé e razão quando existe honestidade intelectual de ambas. A razão está a serviço da fé, uma vez que a fé está para a Razão divina e não pode ser açambarcada ou submetida pela razão humana em sua inteireza. A não é somente questionada pela razão, mas também questiona, incorpora e mede a razão humana a partir duma Razão superior. (…) a razão possui o seu espaço peculiar que lhe permite investigar e compreender, sem ser limitada por nada mais que a sua finitude ante o mistério infinito de Deus.8

Consideramos também os trabalhos do Observatório Astronômico do Vaticano, que têm autoridade mundial. A Igreja incentiva e até financia pesquisas filológicas, arqueológica das fontes bíblicas e científicas; com isso, valoriza a verdade conhecida por meio da razão.


Preconceito

A Igreja, que sempre acolheu cientistas e pensadores, é, muitas vezes, apresentada como uma das primeiras adversárias da ciência moderna. Não negamos que a Igreja, em sua história, teve dificuldades de aceitar certas conquistas científicas em nome da fé até então professada e, por isso, muitos pesquisadores foram perseguidos. No entanto, o que existe, hoje, são certos preconceitos de algumas pessoas de fé com relação à razão e de algumas pessoas de ciência com relação à fé. A Igreja não é contra na busca da verdade. O questionamento está quando, para chegar à verdade, usa-se de meios contrários à vida, e quando os fins conquistados não sejam usados para a promoção da vida humana.

Portanto, a vida cristã, se corretamente desenvolvida a partir de fontes teológicas com fundamentação racional, é capaz de dar contribuições seguras aos questionamentos de fé que surgem em nossos dias. Uma razão sem fé empobrece-se, estreita-se e, finalmente, a Igreja continua profundamente convencida de que fé e razão se ajudam mutuamente, exercendo, uma em prol da outra, a função tanto de discernimento crítico e purificador, como de estímulo para progredir na investigação no aprofundamento9. A vida cristã é a possibilidade que tem a fé de se fazer coerente, concreta e comprometida com a pessoa humana.

Diálogo entre fé e razão

Na relação de diálogo entre a razão e a fé é que se levantam argumentos válidos para responder às necessidades do mundo atual. É importante entender que postura dialogante da fé com a razão não contraria os princípios religiosos.

A fé e a razão não são grandezas contraditórias, pois, como afirma Tomás de Aquino, tanto a luz da razão quanto a luz da fé provêm de Deus. Se houvesse contradição, o próprio Deus, compreendido como Razão criadora, também seria contraditório. "A mente do homem dispõe o seu caminho, mas é o Senhor quem dirige seus passos" (Provérbios 16,9).

Equipe de Formação da Canção Nova

Referências:

1 Cf. JOÃO PAULO II, Carta encíclica Fides et Ratio, Paulinas, São Paulo 2010.
2 JOÃO PAULO II, Carta encíclica Fides et Ratio, Paulinas, São Paulo 2010, (Introdução).
3 JOÃO PAULO II, Carta encíclica Fides et Ratio, Paulinas, São Paulo 2010, n 48.
4 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 159.
5 CARTA A GEORGE COYNE, M13. Citado por JÓZEF MIROSLAW ZYCINSKI em 19 de Maio de 2005
http://www.vatican.va/roman_curia/secretariat_state/2005/documents/rc_seg-st_20050519_bologna-process_po.html
6 JOÃO PAULO II, Carta encíclica Fides et Ratio, Paulinas, São Paulo 2010, n. 15.
7 JOÃO PAULO II, Carta encíclica Fides et Ratio, Paulinas, São Paulo 2010, n. 102.
8 Cf. JOÃO PAULO II, Carta encíclica Fides et Ratio, Paulinas, São Paulo 2010, n 14.
9 Cf. JOÃO PAULO II, Carta encíclica Fides et Ratio, Paulinas, São Paulo 2010.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/como-conciliar-fe-e-razao/

7 de julho de 2025

Como é viver a santidade na vida cotidiana?

A santidade é possível para todos

A santidade é a vocação de todo cristão batizado, independentemente do seu estado de vida e da realidade em que esteja inserido. Em sua Encíclica Gaudete et Exsultate sobre o chamado à santidade no mundo atual, Papa Francisco nos diz que a santidade é, sem dúvida, o rosto mais belo de Deus, e que "O Espírito Santo derrama a santidade por toda a parte no santo povo fiel de Deus, porque aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse santamente".

Crédito: flukyfluky / GettyImages

Os santos foram homens e mulheres que se deixaram transformar pela graça de Deus e corresponderam a essa graça numa vida honesta, virtuosa e, acima de tudo, uma vida de vivência da Palavra de Deus. Em outras palavras, poderíamos dizer que ser santo é viver o Evangelho, é fazer a vontade de Deus onde se está inserido. Por muito tempo, achávamos que a santidade era algo só para quem vivia nos mosteiros, para os padres e as freiras, mas isso é um pensamento errôneo, pois a santidade é possível para todos – para o estudante, para a mãe de família, para o pai trabalhador, para o jovem universitário –, independentemente da profissão ou do cargo que ocupe.

Uma devoção à santidade

São Francisco de Sales, em seu livro intitulado de 'Filoteia' ou 'Introdução à vida devota', aponta-nos que a vida de devoção e santidade é possível, que ela não é para uma elite separada; a santidade é para todo homem de boa vontade. Outra grande verdade é que a santidade não é fruto de nossos esforços humanos nem de nossos méritos, ou seja, não somos nós que nos transformamos em santos; a santidade é, acima de tudo, um dom da graça de Deus, e é Ele quem nos transforma em santos. Da nossa parte, temos a obrigação de corresponder ao tamanho dom que nos foi dado no dia do nosso batismo, pois todos os dons já nos foram dados no nosso batismo.

O batizado é um vocacionado à santidade, ou seja, é alguém que deve ter consciência da vida nova que lhe foi infundida e, por isso, vive como pessoa salva em Cristo, vivendo fiel e honestamente o seu batismo.

Ser santo não é não pecar ou não ser gente, ser santo é corresponder à graça de Deus, amar a Deus acima de tudo e o próximo com amor verdadeiro que sai de si. É viver o Evangelho, a ternura, a bondade, a conversão nas pequenas e grandes coisas do cotidiano da vida.

São Bento, em sua regra, aponta-nos um meio tão eficaz chamado de "a conversão dos costumes", ou seja, auxiliados pela força de Deus, devemos nos converter, mudar aquelas atitudes que não edificam ou não ajudam o próximo no seguimento a Cristo. Os grandes santos eram profundamente homens e totalmente de Deus, não viviam uma santidade destacada da realidade, ou algo longe de se alcançar, mas algo no concreto do dia a dia, vivido com paciência e amor. Não viviam nas alturas só preocupados consigo mesmos, ao contrário, os santos eram homens e mulheres à frente do seu tempo, eram, como nos diz Jesus no Evangelho, o fermento de Deus no meio do mundo.

A pequena via

Grande exemplo dessa santidade nas pequenas coisas e no cotidiano da vida é Santa Teresa do Menino Jesus, que viveu a chamada pequena via, uma santidade que se dava no dia a dia. Em tudo aquilo que ela fazia, colocava amor, fazia por amor, principalmente as coisas mais humilhantes, suportava tudo sem murmurar, mas por amor.

Nosso século está recheado de testemunhos autênticos de pessoas que, em diferentes realidades, viveram a santidade, foram se transformando pela graça de Cristo. Pessoas que, alcançadas pelo amor e misericórdia de Deus, não pararam em si mesmas, mas se lançaram em ajudar o próximo, pessoas essas que são para nós como luzeiros a iluminar nosso caminho nas noites escuras que, muitas vezes, vivemos.

Os santos não são apenas para ficar nos altares bonitinhos e rezarmos a eles, mas, antes e acima de tudo, são para nós modelos, modelos a serem imitados no dia a dia, adaptando a nossa vida a nossa realidade, buscando viver as virtudes nas situações que vamos vivendo na caminhada. Os santos são nossos irmãos mais velhos na fé. Olhemos para a vida deles e percebamos que é possível, podemos chegar lá, não sozinho, mas correspondendo à graça de Deus acima de tudo.


Por amor a Deus

O fundador do Opus Dei, São Josemaria Escrivá, tem uma frase belíssima e, ao mesmo tempo, muito forte, que nos leva a questionarmos a nossa vida: "Meu Deus, faz-me santo, nem que seja a pauladas". Portanto, meus irmãos, a santidade não é um presente de bom comportamento, mas uma graça dada por Deus, que consiste na vivência da Sua Palavra. O santo não se pertence, é alguém vazio de si e cheio de Deus.

Portanto, meus irmãos, vivamos a santidade em tudo aquilo que fizermos, seja na cozinha, no escritório, no campo, na escola, no hospital, na faculdade e em qualquer lugar que estejamos, suportando tudo por amor de Deus e pagando o mal com o bem sempre, pois o bem feito com amor nunca será esquecido.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/como-e-viver-a-santidade-na-vida-cotidiana/