25 de junho de 2025

A guerra tem algum sentido?

Certamente uma das maiores derrotas da humanidade é o fato da guerra. Derrota, porque na guerra ninguém sai vitorioso. Ela nunca terá sentido ou justificativa plausível. Por isso, precisamos observar cuidadosamente a forma como comentamos sobre esta realidade. Principalmente quando tentamos justificar partindo de uma visão simplória. Mas, é interessante que meditemos sobre este tema. A fim de que entendamos os fundamentos que levam os homens a travar batalhas contra seus semelhantes. 

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Rápida visão histórica do modo de fazer guerra

O modo de fazer guerra foi modificado ao longo dos séculos. Começou-se de forma muito rudimentar e limitada. Com as primeiras colônias humanas com o intuito de defender seus recursos primários, ou de buscar os mesmos. Mas, com o passar do tempo e o evoluir das técnicas, o modo de fazer guerra mudou. E em pouco espaço de tempo transformou drasticamente. O que não mudou ao longo dos séculos são as mortes, sofrimentos psicológicos e humano-afetivos. Estas feridas continuam a ser sentidas em todas as eras. 

Quando pensamos em guerra, muitas vezes pensamos naquele combate corpo a corpo. Soldado contra soldado. Que medem forças em combates diretos. Ou, como vemos em filmes ambientados na primeira ou segunda grande guerra, com trincheiras cavadas num campo aberto, onde os dois exércitos atiram uns contra os outros.

O modelo de fazer guerra

Hoje o modelo de fazer guerra, diz muito mais sobre controles remotos e botões do que propriamente e diretamente no combate entre os soldados. Isto leva a um desastre ainda maior. Porque colocou todos os lugares do mundo em completa insegurança. Anteriormente os campos de batalha eram os lugares mais tensos num combate, existiam locais estabelecidos previamente para o combate. Normalmente eram estrategicamente montados como forma de proteger regiões importantes como fábricas, e cidades inteiras. Agora nenhum desses lugares está seguro. 

Mísseis podem ser lançados do outro lado do globo terrestre em um local tão preciso. Tais artefatos podem viajar em velocidades impressionantes, e carregar um poderio destrutivo que chega a assustar até os mais entendidos nestas técnicas. 

Atualmente, instrumentos, artigos, tecnologias e armamentos para o combate têm tomado o cenário da crise geopolítica. Diversas nações buscam desenvolver armas com capacidade cada vez maior de destruição, a fim de intimidar outras nações consideradas inimigas.

Alguns dados sobre as guerras

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) cerca de 30 países estiveram envolvidos no conflito. Durante a Segunda Guerra Mundial, considerado o maior conflito da história, mais de 72 países estiveram envolvidos no conflito. 

Atualmente, segundo dados na internet, cerca de 120 nações em todo o mundo estão vivendo algum tipo de conflito armado em curso, onde 60 dos 193 Estados ligados às Nações Unidas, estão em conflitos. Isso significa 31% dos países do mundo. Alguns destes, são de caráter local, como as chamadas "guerras civis", ou seja, não são conflitos com outras nações diretamente falando.  

Apesar do nosso país não estar diretamente ligado a algum conflito ou, oficialmente, não estar em guerra, nem mesmo interna, chamada guerra civil, vivemos um verdadeiro conflito armado cotidianamente contra facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas. Isso coloca uma tensão sobre a vida comum das pessoas. Mas, sem minimizar o sofrimento de quem vive em lugares de conflito, não poderíamos comparar a angústia de quem vive o tempo inteiro sobre a tensão de uma possível bomba cair sobre sua cabeça ou, ter a liberdade de ir e vir cerceada por causa de um possível bombardeio. Pensando assim, acho importante que nós que vivemos em paz, devemos refletir um pouco sobre o tema das guerras.

Existe alguma justificativa para se fazer guerra?

A resposta a esta questão do ponto de vista cristão é muito simples: não existe justificativa. Mas do ponto de vista meramente mundano, porque não entendo este como sendo humano, ele poderia ser justificável sobre diversos modos, que vão desde interesses escusos, especulativos, até religiosos, o que nos assombra ainda mais. Por isso, diante destes números poderíamos questionar os reais motivos dessas guerras. Mas, como o cenário é bastante complexo, fica difícil dar uma única "justificativa" para o desenrolar deste ou daquele conflito. Usamos a palavra justificativa entre parênteses, porque não creio haver uma justificativa qualquer para o uso da força e da violência, pois para mim ela nunca será racionalmente justificável.

Mas apresentamos alguns argumentos comumente utilizados: 

  1. Segurança Nacional e Defesa, principalmente quando se fala de soberania da nação, prevenção de ataques dos outros, ou para proteger os cidadãos;
  2. Interesses Geopolíticos e Econômicos, este últimos têm sobressaído nos últimos tempos, pois tende a estabelecer disputas por recursos naturais importantes, como combustíveis, gás, água entre outros. Mas também controle de rotas comerciais, influência, investimentos financeiros. 
  3. Questões ideológicas e políticas. Promoção de sistemas de governo ou ideologias muitas vezes justificáveis como democracia, socialismo, liberalismo econômico. Outros conflitos estão no âmbito do combate ao terrorismo, ou por mudança de regime de governo, algumas vezes pressionados por países aliados. Apoio a sistemas separatistas ou de libertação e independência.
  4. Outros conflitos são de caráter histórico ou cultural. Também entram aqui questões de religião, reivindicações de territórios históricos, nacionalismos. 
  5. Também tem um ponto que tem sobressaído nos últimos tempos, que é o controle pela informação e pelas novas tecnologias, como a inteligência artificial. Alguns justificam que redes sociais podem ser causa de espionagem ou de implantação de espionagem velada. 

Enfim, diversas são as "justificativas" e argumentações para se desenvolver guerra, mas, repito, nenhuma delas poderiam verdadeiramente ser aceitas por quem segue o Deus da paz, Cristo Jesus. 


Paz na Terra

O Santo Padre o Papa São João XXIII, em 1963, publicou uma encíclica chamada "Pax in Terris". Esta foi a primeira Encíclica em que o Papa não se dirigiu diretamente aos católicos, mas a "todos os homens de boa vontade". Quando o Papa publicou esta Encíclica o mundo vivia a chamada "Guerra Fria". O Papa então utilizando do seu magistério convocou o mundo a urgente necessidade de promover a paz mundial baseada na verdade, justiça, caridade e liberdade. 

Esta mesma Encíclica agora é mais atual como nunca. Precisamos trazer em nossas mentes e em nossos corações que é urgente o estabelecimento da paz. Já alguns comentaristas, dizem de uma iminente Terceira Guerra Mundial, pelos números apresentados anteriormente penso que já estamos vivenciando o prelúdio desta guerra. Mas, penso ser ainda tempo de interromper esta sinfonia marcada pelo drama e por fortes movimentos. 

A paz na Terra, certamente só será construída diante destes quatro pilares apresentados pelo Papa. 

  1. A verdade deve prevalecer e não os interesses individuais transvestidos de caridade. 
  2. Deve manifestar a verdadeira caridade que provém do termo latino, muitas vezes traduzido por "amor". Amor que vem de Deus, que atravessa o coração humano e chega a todos os cantos do mundo. 
  3. Para que seja implantada a justiça, a fim de que aqueles que não desejam promover a paz, sejam removidos de seus postos e possam estes serem ocupados pelos verdadeiros promotores da paz e da liberdade dos povos. 
  4. A fim de que a ninguém seja imposto o julgo da escravidão, principalmente aquela do pecado, que já foi redimido pelo sangue de Cristo.

Por fim, rezemos, irmãos caríssimos, pela paz em nossas comunidades, em nosso País e no mundo inteiro.

Salmo 121 

 1.Cântico das peregrinações. De Davi. Que alegria quando me vieram dizer: "Vamos subir à casa do Senhor…".

2.Eis que nossos pés se estacam diante de tuas portas, ó Jerusalém!

3.Jerusalém, cidade tão bem edificada, que forma um tão belo conjunto!

4.Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor, segundo a Lei de Israel, para celebrar o nome do Senhor.

5.Lá se acham os tronos de justiça, os assentos da casa de Davi.

6.Pedi, vós todos, a paz para Jerusalém, e vivam em segurança os que te amam.

7.Reine a paz em teus muros, e a tranquilidade em teus palácios.

8.Por amor de meus irmãos e de meus amigos, pedirei a paz para ti.

9.Por amor da casa do Senhor, nosso Deus, pedirei para ti a felicidade.

 

Pe. Jaelson C. Santos

 

Referências

João XXIII, Pacem in Terris, 1963, em https://www.vatican.va/content/john-xxiii/pt/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_11041963_pacem.html [acesso: 16.6.2025].

«Feliz Ano Novo, com 120 guerras em andamento no mundo», em Nexo Jornal, em https://www.nexojornal.com.br/feliz-ano-novo-com-120-guerras-em-andamento-no-mundo [acesso: 16.6.2025].

«O que foi a Guerra Fria?», Brasil Escola, em https://brasilescola.uol.com.br/guerras/guerra-fria.htm [acesso: 23.6.2025].

«Primeira Guerra Mundial: resumo, estopim, consequências», Mundo Educação, em https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/primeira-guerra-mundial.htm [acesso: 23.6.2025].

«Primeira Guerra Mundial: tudo sobre essa guerra global», Brasil Escola, em https://brasilescola.uol.com.br/historiag/primeira-guerra.htm [acesso: 23.6.2025].


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/guerra-tem-algum-sentido/

Crianças na Igreja: um sinal de Igreja viva e em crescimento

Não desista de levar as crianças para Deus

Crescer na fé é um caminho que começa desde cedo: acolher as crianças na Igreja é garantir um futuro cheio de esperança para toda a comunidade. Levar as crianças à Missa é, muitas vezes, um desafio para pais e mães. Muitos compartilham relatos de desconforto diante de olhares de reprovação de outros fiéis, pouco acostumados com a presença e a energia dos pequenos durante as celebrações. Vivemos em uma sociedade que valoriza cada vez menos a natalidade e, por isso, a presença de crianças nos bancos da igreja pode causar estranhamento. No entanto, é justamente essa presença que revela uma Igreja viva, cheia de esperança e futuro.

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Recentemente, um episódio em Jundiaí (SP) chamou atenção:

uma celebração foi interrompida após uma mulher, incomodada com o barulho de uma criança, usar spray de pimenta contra a família. O ocorrido gerou tumulto, feriu pessoas e trouxe tristeza à comunidade. Em resposta, Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, bispo de Jundiaí, manifestou solidariedade às vítimas e reafirmou o compromisso cristão com a paz, a dignidade humana e a não violência, valores inegociáveis para quem segue o Evangelho.

Diante de situações como essa, é fundamental lembrar o ensinamento de Jesus: "Deixem as crianças virem a mim" (Mt 19,14). O Papa Francisco reforça: "As crianças choram, fazem barulho em todos os lugares. Mas nunca podemos expulsar as crianças que choram na igreja". O choro de uma criança na Missa é sinal de uma comunidade viva, em missão, e não motivo para exclusão. Sobre esse tema, minha esposa Adelita Stoebel e eu escrevemos o livro Como Participar da Missa com Crianças, pela Editora Canção Nova.

A participação das crianças na Eucaristia é uma oportunidade única de formação na fé

O Papa Bento XVI destacou que a presença dos pais com seus filhos na Missa dominical é uma poderosa pedagogia para transmitir a fé e fortalecer os laços familiares. O domingo, ao longo da história da Igreja, é o momento privilegiado de encontro com o Senhor ressuscitado em comunidade.

É natural que, em algum momento, a criança chore, se distraia ou até tropece no banco. Nessas horas, a acolhida da comunidade e o carinho dos sacerdotes fazem toda a diferença, mostrando que todos são bem-vindos na casa de Deus. O importante é não desistir: a Missa é espaço de aprendizado, crescimento e graça para todos, inclusive para os pequenos.

Transmitir a fé às novas gerações é missão de toda a Igreja. Nossos pais e avós nos deixaram esse tesouro; agora, cabe a nós passá-lo adiante, com paciência, amor e confiança de que Jesus vê e valoriza cada esforço. Respire fundo, leve seu filho para Deus e permita que ele cresça "em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e das pessoas" (Lc 2,52).

Rodrigo Luiz dos Santos – Missionário da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/criancas-na-igreja-um-sinal-de-igreja-viva-e-em-crescimento/

24 de junho de 2025

Por que preciso de direção espiritual?

Buscar uma direção espiritual é importante, porque, desde que nascemos, precisamos da ajuda do outro. No nascimento, precisamos dos cuidados de nossos pais, precisamos do alimento, do leite materno que não pode ser descartado ou substituído por outro, pois este tem sua riqueza em vitaminas. Para a criança recém-nascida, não tem jeito, ela precisa do leite humano.

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Deve ser por isso que Deus quis criar o ser humano. O Senhor quis que as pessoas se relacionassem; então, criou a mulher, a fim de que ela fosse companheira, uma "auxiliar que correspondesse a ele" (Gn 2,20).

Isso também se aplica à vida espiritual. Por mais que já tenhamos um bom tempo de caminhada ao lado de Deus – sejam cinco, dez, vinte anos servindo num grupo, numa pastoral –, para que possamos dar algo precisamos também receber, precisamos de alguém que nos instrua, que nos ilumine nas decisões. Por isso há a necessidade não só de formação, mas de alguém que caminhe conosco e nos ajude a discernir quais passos devem ser dados.

Relação entre acompanhador e acompanhado

Vamos usar alguns termos para que essa reflexão fique clara: "acompanhador" e "acompanhado". Acompanhador é o diretor espiritual; acompanhado aquele que é dirigido.

No acompanhamento espiritual, pode haver um momento de "tirar as dúvidas"; contudo, nesse sentido, o acompanhado deve buscar formação, por isso o acompanhamento trata-se de um diálogo, uma partilha entre acompanhado e acompanhador, para que tal situação seja iluminada. Por essa razão, a vida de oração é imprescindível. Atenção! A vida de oração precisa ser vivida pelo acompanhador e pelo acompanhado; senão, fica muito fácil cobrar o acompanhador e jogar a responsabilidade sobre ele.


Por que preciso de um acompanhador espiritual? Porque preciso dos outros não só nas realidades básicas, humanas e profissionais, mas também na realidade espiritual. Muitas vezes, erramos, porque não temos alguém ao nosso lado para nos escutar, para dar uma luz sobre esse ou aquele assunto.

A direção espiritual é um caminho de humildade

Preciso de direção espiritual, porque necessito de ajuda, porque sou falho, porque não sou perfeito. A busca por um acompanhador espiritual é também uma atitude de humildade, um remédio contra a autossuficiência, contra o orgulho. Preciso de um acompanhador, porque nem sempre estou certo. Se precisei de alguém quando criança, quando adolescente e até adulto para realizar algumas tarefas, mesmo com alguma autonomia e autoridade, preciso do outro para continuar acertando ou para errar menos.

Por fim, o acompanhador é uma boa ajuda para que se viva bem a vida espiritual e, consequentemente, para que se viva bem as outras realidades da vida, pois estão estreitamente ligadas. Quando eu estiver bem com Deus, estarei bem com o outro, estarei bem com a vida profissional e todas as outras coisas deslancharão. E mesmo que as outras realidades não estejam bem, o fato de estar bem espiritualmente, de estar sendo acompanhado, faz com que eu tenha paciência, sobriedade e calma com as confusões ao meu redor, "mesmo que a figueira não renove seus brotos, a parreira deixe de produzir, se as ovelhas desapareçam dos pastos, estarei feliz no Senhor (Hab 3,17-18). Não significa ser passivo, mas, sendo acompanhado, terei calma para ver tal situação como um desafio a ser vencido à luz do Espírito Santo com diálogo e esperança.

Equipe do Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/por-que-preciso-de-direcao-espiritual/

23 de junho de 2025

Todos na mesma barca

"Ninguém se salva sozinho. Todos estão na mesma barca." Mas muitos ainda remam sozinhos

Sempre forte e interpelante é o gesto poético-espiritual do Papa Francisco, na Praça São Pedro – a praça das multidões. Somente o Pontífice, trajando o branco da paz, em oração na praça vazia, naquele contexto de pandemia da COVID-19, que dizimou tantas vidas. Das palavras proféticas de Francisco ecoou a sabedoria do Evangelho inspirada na cena da tempestade que amedrontou os discípulos de Jesus: "Ninguém se salva sozinho. Todos estão na mesma barca". Essa convicção é uma sabedoria que se contrapõe ao orgulho pretensioso e à ingratidão, fundamentos da torre de Babel que é monumento à soberba humana. A consciência de que se está em travessia, partilhando o trajeto de toda a humanidade, assevera a verdade de que todos estão "na mesma barca" e só a humilde atitude de se reconhecer como membro de um mesmo "corpo", que é a "barca", pode levar ao cultivo do sentimento de pertencimento, desdobrado na sábia coragem para contribuir no enfrentamento da "tempestade" que leva perigo a todos.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / Krea

Sabiamente, a Igreja Católica, na sua tradição e ensinamentos bimilenares, se reconhece como uma "barca", a "barca de Cristo", sob o leme comandado por Pedro, em uma travessia perigosa e exigente. A riqueza dessa metáfora, com força sapiencial e em tom de advertência, é aplicável à humanidade, à família de cada um, às instituições. Em todos os contextos, ninguém se salva sozinho.

Essa incontestável verdade, para alicerçar a corresponsabilidade de uns pelos outros, pede atitudes fundamentadas em adequada envergadura moral, espiritual e humanística, essencial a uma "travessia" vitoriosa. Essa adequada envergadura não pode ser confundida com capacidade intelectual.

O avanço de uma sociedade cada vez mais individualista

Aliás, causa perplexidade constatar que há cidadãos racional e intelectualmente muito capacitados, mas com sérios comprometimentos humanos e emocionais. Revelam essas lacunas na incompetência para superar mágoas, na inabilidade para exercer a gratidão pelo muito que receberam. Assim, julgam-se no direito de agir tiranicamente e tudo reduzir ao tamanho de suas emoções, ao seu modo de enxergar situações, pessoas.

Os que se deixam contaminar pela ingratidão não são capazes de perceber: nas suas próprias conquistas também estão inscritos aqueles com os quais se partilha a mesma "barca de travessia". A incapacidade para reconhecer a importância do semelhante na própria vida leva à perda de oportunidades, alimenta o ódio, desencadeando ataques.

Um caminho que pode até levar a conquistas efêmeras, pois são alcançadas com prejuízos à própria "barca". A falta de competência para enxergar que "ninguém se salva sozinho" explica a escassez de lideranças transformadoras. Ao invés de líderes, na sociedade surge cada vez mais pessoas enjauladas no cartório de seus interesses, situados no horizonte encurtado das convicções próprias.


Consequentemente, convive-se com prejuízos de todo tipo, das impositivas depredações ao meio ambiente, inflamando reações perigosas da natureza, até o desrespeito a direitos, desconsiderando a dignidade humana, justificando os preconceitos, a propagação de mentiras, autoritarismos e manipulações.

Respeito, gratidão, generosidade e humildade: Os alicerces fundamentais para um mundo mais empático

"Todos na mesma barca" deve ser interpelante princípio existencial para fecundar uma espiritualidade do respeito e da gratidão, da generosidade e da humildade, do compromisso com a vida de todos, para dissipar mágoas que multiplicam inimigos, ódios que justificam todo tipo de guerra. Esse princípio existencial e espiritual- "todos na mesma barca" – pode ter propriedades que alicerçam pertencimentos restauradores e promotores do bem comum. E, assim, qualificar a política, iluminar procedimentos profissionais e garantir legalidades a funcionamentos institucionais, articular melhor os poderes de uma república e amenizar as irritações que têm pautado relacionamentos nos lares, nas redes sociais e em tantos outros ambientes. A espiritualidade do pertencimento mútuo e fraterno é saída para a superação de naufrágios com perdas irreversíveis, alimentados pela guerra de palavras.

Em vez de guerrear por palavras, cultivar a espiritualidade do pertencimento mútuo e fraterno. Ajuda nesse exercício acolher o que diz Santo Antônio, hoje celebrado: "Cessem as palavras, falem as obras". Palavras sem obras podem estar na contramão da "barca", deixando-a à deriva. Vale adotar princípio evangélico que é regra de ouro: o outro é sempre mais importante porque todos estão na mesma "barca". Desconsiderar esse princípio é singrar rumo à tempestade, perecer por cultivar sentimentos e atitudes que levam às profundezas. Ainda há tempo de se salvar. O caminho é se pautar pela consciência de que todos estão na mesma barca.


 


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/todos-na-mesma-barca/

20 de junho de 2025

Refugiados, Esperança e Resiliência em meio a guerra

A presença viva dos franciscanos na Terra Santa, em meio a conflitos, caos e desespero, revela histórias de resiliência e fé que brilham através da escuridão.
Dedicam suas vidas a servir o povo da Terra Santa e se esforçam para ser faróis inabaláveis de esperança que emanam da luz da gloriosa Ressurreição, mesmo em meio à guerra em curso em Gaza e à violência desenfreada atual envolvendo Israel e o Irã.
Conheceremos o testemunho de um Franciscano, o Pe. John Luke sobre a experiência pessoal de sua vida dedicada aos refugiados em meio a turbulência e o caos da Guerra na Terra Santa, com olhar à Luz dá Ressurreição.

Crédito: Naeblys / GettyImages

 

A experiência missionária

Embora o cenário político tumultuado possa ser avassalador, a minha experiência pessoal reflete um compromisso profundamente enraizado com os dons pentecostais do Espírito de amor, esperança e paz, todos incorporados na promessa da Ressurreição.
A minha jornada como guardião da esperança começou muito antes do início das hostilidades atuais. Cheguei à Terra Santa com o coração cheio de compaixão, inspirado pelos ensinamentos de Cristo e pelo compromisso franciscano de abraçar a pobreza, a humildade e o serviço. No entanto, como manter esse espírito diante da violência que permeia o cotidiano?
A resposta está em uma fé profunda e na compreensão da Ressurreição. Todos os dias, testemunhamos a fragilidade da vida. Os sons de sirenes, explosões e gritos daqueles que sofrem tornaram-se um pano de fundo constante para nossa missão, tanto na Terra Santa quanto nos territórios atendidos pela Custódia, que inclui Rodes.

A resiliência do espírito humano

No entanto, dentro desse exterior sombrio, vemos a resiliência do espírito humano. São as pessoas que nos cercam — famílias separadas, crianças assustadas com os sons da guerra e idosos sobrecarregados pela tristeza. Nessas interações, podemos encontrar a essência da esperança e do amor. Somos inspirados por indivíduos que, apesar de perderem tudo, continuam a ajudar uns aos outros, incorporando os próprios ensinamentos de Cristo.

A união e o amor podem vencer o ódio e a divisão

Nosso ministério se estende além do cuidado espiritual, envolve atos tangíveis de serviço, fazendo tudo o que podemos para unir pessoas de diferentes religiões em uma busca comum pela paz. Nossa crença é na dádiva do Espírito — a idéia de que o amor e a compaixão são os dons supremos uns aos outros — deve ser transparente em nossas ações concretas. Mesmo nos momentos mais sombrios, quando o desespero ameaça nos consumir, tentamos transmitir a mensagem de que a união e o amor podem vencer o ódio e a divisão. Além disso, como observação pessoal, digo que a minha compreensão da Ressurreição serve como pedra angular dessa esperança, ou seja, a promessa de vida além da morte não é meramente um conceito teológico, é, e deve ser, uma realidade vivida.

Vislumbrar um futuro de paz

A cada Páscoa, ao celebrarmos a Ressurreição, encorajamos nossas comunidades a enxergar além da tristeza do momento e a vislumbrar um futuro onde reine a paz.
A esperança da Ressurreição não é apenas um evento, mas um poderoso convite para ver cada momento de escuridão como um precursor da luz. Apegar-se ao dom do Espírito significa promover uma disposição interior de paz, independentemente das circunstâncias externas.
Durante nossas orações diárias, onde o silêncio se torna um refúgio, ouvir a voz de Deus se torna uma prática central, pois é nesses momentos sagrados que podemos vivenciar a transformação de nossos corações, à medida que o medo dá lugar à fé, e a desesperança é gentilmente substituída pela coragem de seguir em frente em meio à turbulência.

A esperança é uma ação poderosa que nasce da fé

Nesta última semana, presenciei na Terra Santa a guerra a todo vapor ao nosso redor, os mísseis voando sobre o telhado do mosteiro às centenas, e ainda assim, tornou-se um lembrete pungente de que a alegria pode florescer mesmo no desespero, e a paz pode ser firmemente plantada quando nutrida por atos de bondade, compreensão e amor.
De fato, enquanto as guerras continuam, as sementes de esperança que cultivamos florescerão onde houver crentes que se reúnem para buscar e fomentar o espírito resiliente de fé, que olha sempre para o horizonte com expectativa de que dias melhores virão.
Afinal, a esperança não é apenas um sentimento — é uma ação poderosa que nasce da fé, da verdade inabalável, na bondade da humanidade, e na promessa do amor divino encarnado no Espírito da verdade.

Pe. John Luke Gregory, ofm
Pároco Igreja Santa Maria – Rodes
Membro da Comissão Justiça e Paz e  Membro do Conselho Geral da Custódia da Terra Santa


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/dia-mundial-dos-migrantes-e-refugiados/

19 de junho de 2025

Conheça a história da Festa de Corpus Christi

Todas as quintas-feiras, depois da oitava de Pentecostes, a Igreja celebra a festa de Corpus Christi, mas nem sempre foi assim. Vejamos, então, como essa festa tomou a proporção que ela tem hoje.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Uma primeira coisa a saber é que não existe registro do culto ao Santíssimo Sacramento fora da Missa no primeiro milênio. Nesse período, a Eucaristia ministrada fora da Missa era somente para os doentes.

A partir do segundo milênio, no entanto, por meio de um movimento eucarístico, cujo centro foi a Abadia de Cornillon, fundada em 1124, pelo Bispo Albero em Liége, na Bélgica, podemos constatar costumes eucarísticos: exposição e bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante sua elevação na Missa e, consequentemente, a festa do Corpus Christi.

Solenidade de Corpus Christi

A Solenidade em honra ao Corpo do Senhor – "Corpus Chisti" –, que hoje celebramos na quinta-feira após a oitava de Pentecostes, mais precisamente depois da festa da Santíssima Trindade, é oficializada somente em 1264 pelo Papa Urbano IV.

Como bem sabemos, Deus costuma se revelar aos humildes e pequenos, e Ele se utilizou de uma simples jovem para lhe revelar a festa de Corpus Christi. Segundo os registros da Igreja, Santa Juliana de Cornillon, em 1258, numa revelação particular, teria recebido de Jesus o pedido para que fosse introduzida, no Calendário Litúrgico da Igreja, a Festa de Corpus Domini.

Santa Juliana nasceu, em 1191, nos arredores de Liège, na Bélgica. Essa localidade é importante, e, naquele tempo, era conhecida como "cenáculo eucarístico". Nessa cidade, havia grupos femininos generosamente dedicados ao culto eucarístico e à comunhão fervorosa.

Tendo ficado órfã aos cinco anos de idade, Juliana, com a sua irmã Inês, foram confiadas aos cuidados das monjas agostinianas do convento-leprosário de Mont Cornillon. Mais tarde, ela também uma monja agostiniana, era dotada de um profundo sentido da presença de Cristo, que experimentava vivendo, de modo particular, o Sacramento da Eucaristia.

Começo da festa

Com a idade de 16 anos, teve a primeira visão. Via a lua no seu mais completo esplendor, com uma faixa escura que a atravessava diametralmente. Compreendeu que a lua simbolizava a vida da Igreja na Terra; a linha opaca representava a ausência de uma festa litúrgica, em que os fiéis pudessem adorar a Eucaristia para aumentar a , prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento.

Durante cerca de 20 anos, Juliana, que entretanto se tinha tornado priora do convento, conservou no segredo essa revelação. Depois, confiou o segredo a outras duas fervorosas adoradoras da Eucaristia: Eva e Isabel. Juliana comunicou essa imagem também a Dom Roberto de Thorete, bispo de Liége. Mais tarde, a Jacques Pantaleón, que, no futuro, se tornou o Papa Urbano IV. Quiseram envolver também um sacerdote muito estimado, João de Lausanne, pedindo-lhe que interpelasse teólogos e eclesiásticos sobre aquilo que elas estimavam.

Foi precisamente o Bispo de Liége, Dom Roberto de Thourotte, que, após hesitações iniciais, aceitou a proposta de Juliana e das suas companheiras, e instituiu, pela primeira vez, a solenidade do Corpus Christi na sua diocese, precisamente na paróquia de Sainte Martin. Mais tarde, também outros bispos o imitaram, estabelecendo a mesma festa nos territórios confiados aos seus cuidados pastorais. Depois, tornou-se festa nacional da Bélgica.


Festa de Corpus Christi

Dessa forma, a festa foi crescendo cada vez mais, e outros bispos faziam a mesma coisa em sua diocese. Tomou tal proporção, que veio a tornar-se não só uma festa do território da Bélgica, mas sim de todo o mundo. Sendo que, a festa mundial de Corpus Christi foi decretada oficialmente somente em 1264, seis anos após a morte de irmã Juliana, em 1258, com 66 anos.

Na cela onde jazia, foi exposto o Santíssimo Sacramento e, segundo as palavras do seu biógrafo, Juliana faleceu contemplando, com um ímpeto de amor, a Jesus Eucaristia, por ela sempre amado, honrado e adorado.

Santa Juliana de Mont Cornillon foi canonizada, em 1599, pelo Papa Clemente VIII.  Como vimos, ela morreu sem ver a procissão de forma mundial.

Milagre de Bolsena

Depois da morte do Papa Alexandre IV, foi eleito o novo Papa, o cardeal Jacques Panteleón. Naquela época, a corte papal era em Orvieto, um pouco ao norte de Roma. Muito perto dessa localidade fica a cidade de Bolsena, onde, em 1264, aconteceu o famoso Milagre de Bolsena.

Em que consiste esse milagre? Um padre da Boemia, Alemanha, que tinha dúvidas sobre a verdade da transubstanciação, presenciou um milagre. Durante uma viagem que fazia da cidade de Praga a Roma, ao celebrar a Santa Missa na tumba de Santa Cristina, na cidade de Bolsena, Itália, no momento da consagração, viu escorrer sangue da Hóstia Consagrada, banhando o corporal, os linhos litúrgicos e também a pedra do altar, que ficaram banhados de sangue.

O sacerdote, impressionado com o que viu, correu até a cidade de Orvieto, onde morava o Papa Urbano IV, que mandou a Bolsena o Bispo Giacomo, para ter a certeza do ocorrido e levar até ele o linho ensanguentado. A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 junho de 1264. O Pontífice foi ao encontro do Bispo até a ponte do Rio Claro, hoje atual Ponte do Sol. O Papa pegou as relíquias e mostrou à população da cidade.

Começo da celebração mundial

O Santo Padre, movido pelo pelas visões de Santa Juliana, pelo prodígio e também a petição de vários bispos, fez com que a festa do Corpus Christi se estendesse por toda a Igreja por meio da bula Transiturus de hoc mundo, em 11 de agosto de 1264. Esses fatos foram marcantes para se estabelecer a festa de Corpus Christi.

A morte do Papa Urbano IV, em 2 de outubro de 1264, um pouco depois da publicação do decreto, prejudicou a difusão da festa. Mas o Papa Clemente V tomou o assunto em suas mãos e, no concílio geral de Viena, em 1311, ordenou, mais uma vez, a adoção dessa festa. Em 1317, foi promulgada uma recompilação das leis por João XXII e assim a festa foi estendida a toda a Igreja.

Foi assim que a festa de Corpus Chisti aconteceu, tendo como testemunho estes dois fatos: as visões de Santa Juliana e o milagre eucarístico de Bolsena.

 

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/historia-da-igreja/conheca-a-historia-da-festa-de-corpus-christi-para-bem-viver-esse-dia/

18 de junho de 2025

As 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus

O Amor e a Dor do Sagrado Coração: Dois Momentos-Chave no Evangelho

A devoção ao Sagrado Coração, de um modo visível, aparece em dois acontecimentos fortes do Evangelho: no gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a Última Ceia (cf. Jo 13,23); e, na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34).

Créditos: Domínio Público

Num acontecimento, temos o consolo de Cristo pela dor na véspera de Sua morte. No outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade. Esses dois exemplos do Evangelho nos ajudam a entender o apelo de Jesus feito, em 1675, a Santa Margarida Maria Alacoque:

"Eis este coração que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios e indiferenças. Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpo de Deus) seja dedicada a uma festa especial para honrar o Meu coração, comungando, neste dia, e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares. Prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino amor sobre os que tributem essa divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada."

São João Paulo II e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

São João Paulo II sempre cultivou essa devoção e sempre a incentivou a todos que desejam crescer na amizade com Jesus. Em 1980, no dia do Sagrado Coração, ele afirmou: "Na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a liturgia da Igreja concentra-se, com adoração e amor especial, em torno do mistério do Coração de Cristo. Quero, hoje, dirigir, juntamente convosco, o olhar dos nossos corações para o mistério desse coração. Ele falou-me desde a minha juventude. A cada ano, volto a esse mistério no ritmo litúrgico do tempo da Igreja".

Agora, conheça as 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque:

1° Promessa: "A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração";
2° Promessa: "Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado";
3° Promessa: "Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias";
4° Promessa: "Eu os consolarei em todas as suas aflições";
5° Promessa: "Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte";
6° Promessa: "Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos";
7° Promessa: "Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias";

8° Promessa: "As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção";
9° Promessa: "As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição";
10° Promessa: "Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos";
11° Promessa: "As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração";
12° Promessa: "A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna".



Sônia Venâncio

Sônia Perpétua Venâncio Crozatto é Brasileira, nasceu no dia 13/03/1977, em Santa Barbara, MG. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 2003 no modo de compromisso do Núcleo.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/as-12-promessas-do-sagrado-coracao-de-jesus/