4 de janeiro de 2025

O trabalho pastoral no Jubileu da Esperança de 2025

A missão pastoral no coração do Jubileu

Com a palavra o Papa Francisco, na Abertura da Porta Santa e do Jubileu na Basílica de São Pedro: "Um anjo do Senhor, envolto em luz, ilumina a noite e traz aos pastores a boa nova: 'Anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor' (Lc 2, 10-11). Entre o espanto dos pobres e o canto dos anjos, o céu se abre sobre a terra: Deus fez-se um de nós para que fôssemos como ele, desceu para o meio de nós a fim de nos reerguer e nos reconduzir ao abraço do Pai.

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Créditos: cancaonova.com

É esta a nossa esperança. Deus é o Emanuel, é Deus conosco. O infinitamente grande se fez pequeno, a luz divina brilhou nas trevas do mundo, a glória do céu apareceu na terra. Como? Na pequenez de uma Criança. E se Deus vem, mesmo quando o nosso coração parece uma pobre manjedoura, então podemos dizer: a esperança não está morta, a esperança está viva e envolve a nossa vida para sempre!

A esperança não desilude. Iniciamos um novo Jubileu: cada um de nós pode entrar no mistério desse anúncio de
graça. A porta da esperança foi escancarada para o mundo; hoje Deus diz a cada um: há esperança também para ti! Há esperança para cada um de nós. Mas não esqueçais, irmãs e irmãos, que Deus perdoa tudo, Deus perdoa sempre. Não esqueçais isto, que é uma maneira de compreender a esperança no Senhor.

Jubileu da esperança, o ano do chamado ao trabalho pastoral

Para acolher este dom, somos chamados a pôr-nos a caminho com o espanto dos pastores de Belém. O Evangelho diz que eles, tendo recebido o anúncio do anjo, 'foram depressa' (Lc 2, 16). Esta é a indicação para reencontrar a esperança perdida, para renová-la em nós, para a semear nas desolações do nosso tempo e do nosso mundo: apressadamente. E existem tantas desolações neste tempo! Pensemos nas guerras, nas crianças metralhadas, nas bombas nas escolas e nos hospitais.

Sem demorar, sem abrandar o passo, mas deixando-se atrair pela boa nova (cf. Abertura da Porta Santa em 24 de dezembro de 2024). Não há tempo a perder. O ano será novo se formos diferentes, bem dispostos, anunciadores da esperança a um mundo acomodado e desanimado, malgrado os grandes progressos tecnológicos. O desespero, a miséria, a corrupção, a destruição da família e o desprezo pela vida estão gritando pela resposta que só o Evangelho pode dar.

Ouso dizer que, misteriosamente, os anjos se escondem atrás do que existe de negativo, para descer à terra e dizer-nos que a hora é esta! Há que proclamar, em nome de Jesus: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me
ungiu, para anunciar a Boa-Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano da graçada parte do Senhor" (cf. Lc 4,18-19).

Jubileu 2025, a dimensão do trabalho pastoral

Acolhamos o convite da Igreja. Trata-se de acentuar, durante este ano, a prática do Sacramento da Penitência,  buscando cada um sua paróquia ou, de forma especial, os Santuários, e nossa Arquidiocese tem oito deles de portas abertas durante o Jubileu. Continuemos a prática das peregrinações, como começamos com a grande multidão acorrida no dia de abertura do Jubileu.

Saibamos que o Sacramento da Reconciliação, a Peregrinação, a Oração segundo as intenções do Papa, a prática da caridade e a Eucaristia são as recomendações a serem imediatamente seguidas. Ninguém se exclua de dar o seu passo pessoal da vivência do Jubileu! E pessoalmente, difundir, com o perdão e a misericórdia com todos, a esperança que não ilude!

Em nossa Arquidiocese, abrimos uma proposta especial para 2025, desejando que as graças do Jubileu entrem em nossas casas. Trata-se de uma "Pastoral Vocacional para o Matrimônio". Todas as Paróquias, através da Pastoral Familiar ou outros instrumentos, abram os caminhos para a preparação e realização do Sacramento do Matrimônio, com instrumentos catequéticos adequados, espírito de caridade ao acolher aquele desejo, às vezes adormecido em tantos casais, de receber o Sacramento e aceder com plena alegria e convicção à participação da Mesa Eucarística.

O ano para viver o trabalho pastoral em plenitude

Desejamos que se multipliquem as celebrações comunitárias do Sacramento do Matrimônio, auguramos que situações especiais sejam encaminhadas pelas Paróquias ao Tribunal Eclesiástico, assim como saibam os Párocos dar o devido acompanhamento pastoral a situações possíveis de solução com a "Sanação na raiz", prevista na legislação canônica. Cada Conselho Paroquial de Pastoral, em sua primeira reunião do ano, inclua, como primeiro ponto de pauta, esta indicação de Pastoral para o Matrimônio.

No Jubileu que estamos celebrando, abra-se nosso coração e nossa ação pastoral para dar alma à Conferência da ONU sobre o clima que acontecerá no mês de novembro em nossa cidade. Não se trata de um evento da Igreja, mas da sociedade, na qual estamos inseridos e não podemos ignorar. O Evangelho é Boa-Nova para todos, dos governantes até o mais simples cidadão de todos os países que aqui estarão representados.

Como receberemos as milhares de pessoas, certamente sedentas de uma acolhida amazônica, mas também e especialmente cristã? A Arquidiocese está envolvida, com uma Comissão adrede constituída, para oferecer, unida à CNBB e ao CELAM, além da Santa Sé, celebrações, simpósios e encontros para dizer a todos os que visitarão esta porção da Amazônia, que Deus viu, depois de ter criado o homem e a mulher, no último dia da criação, que tudo o que ele fez é muito bom (cf. Gn 1,31).

Nossa missão será dizer e saber dizer que, atrás da maravilha que é este território, estão as pessoas, suas comunidades e sua história. Para viver o Jubileu e receber as Indulgências, nossa Arquidiocese oferece a Catedral, as Paróquias nos dias de seus padroeiros ou padroeiras e os seguintes Santuários, que os fiéis podem procurar livremente, mas dedicados especialmente a temas específicos e abordagens pastorais adequadas:

(1) Região Episcopal Santa Maria Goretti: Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, dedicada ao Círio de Nazaré e devoção mariana;

(2) Região Episcopal Santa Cruz: Paróquia Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que alimenta a devoção a Nossa Senhora Aparecida, a Comunhão com a Igreja no Brasil e a CNBB, e deve promover Congressos Mariais;

(3) Região Episcopal Sant'Ana: Santuário de São Judas Tadeu, voltado para a devoção popular a São Judas, cuidado com Pastoral das Ilhas e Pastoral dos Ribeirinhos;

(4) Região Episcopal São João Batista: Paróquia Santuário São João Batista, com iniciativas de Nova Evangelização, Formação e Pastoral Litúrgica;

(5) Região Episcopal Nossa Senhora do Ó: Paróquia Santuário de Nossa Senhora do Ó, que cuida da Pastoral do Turismo e a Dimensão Carismática da Igreja;

(6) Região Episcopal São Vicente de Paulo: Paróquia Santuário de Santa Rita de Cássia, Santa das Causas impossíveis, um centro para a Pastoral Familiar e devoção aos santos em geral;

(7) Região Episcopal Menino Deus: Santuário Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa, que deve animar a Pastoral Catequética e Pastoral Juvenil;

(8) Região Episcopal Coração Eucarístico de Jesus: Paróquia Santuário de Nossa Senhora do Bom Remédio, com Pastorais Sociais e de modo especial a Pastoral da Saúde e dos Enfermos. São espaços nos quais a graça de Deus pode ser derramada com abundância durante o Jubileu!

Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/jubileu-2025/como-viver-o-ano-da-graca-jubileu-2025/

3 de janeiro de 2025

10 dicas de Dom Bosco para um ano feliz

Dom Bosco, um homem de fé e esperança

São João Bosco foi um homem de amor e dedicação, especialmente à juventude. Ele acreditava que a verdadeira felicidade estava em viver de acordo com as virtudes cristãs e em construir um ambiente de esperança. Inspirados por suas virtudes, aqui você receberá 10 dicas baseadas nos ensinamentos de Dom Bosco para começar e viver um ano de forma plena e feliz.

1. Cultive a caridade em suas relações

Dom Bosco dizia que o amor ao próximo era a chave para transformar a sociedade. Para ele, a caridade não era apenas uma doação material, mas a capacidade de acolher, compreender e ajudar o outro em suas necessidades. Neste ano, procure tratar as pessoas com gentileza, ouvir com atenção e oferecer seu tempo para ajudar aqueles que precisam de você.

2. Tenha paciência em suas lutas diárias

A paciência foi uma virtude central no trabalho de Dom Bosco com os jovens. Ele enfrentou muitas dificuldades, mas nunca perdeu a calma. Use esse exemplo para lembrar que a paciência é essencial para lidar com desafios e alcançar os seus objetivos. Seja paciente consigo mesmo e com os outros, e não desista de seus sonhos, mesmo que o caminho pareça difícil.

3. Seja humilde em suas conquistas

A humildade era fundamental para Dom Bosco. Ele nunca se vangloriava de seus feitos, mas reconhecia que tudo era obra de Deus. Ao celebrar as suas conquistas neste ano, lembre-se de permanecer humilde. Reconheça o apoio de quem esteve ao seu lado e agradeça a Deus pelas oportunidades que teve.

4. Confie na Providência Divina

Dom Bosco tinha uma fé inabalável na Providência Divina. Ele acreditava que Deus sempre provia o necessário para cumprir a sua missão. Quando enfrentar incertezas, confie que Deus tem um plano para você. Reze, entregue as suas preocupações a Ele e siga em frente com confiança.

5. Mantenha a esperança viva

Mesmo diante de grandes dificuldades, Dom Bosco era um exemplo de esperança. Ele acreditava que um coração esperançoso podia superar qualquer obstáculo. Neste ano, evite o desespero. Encare os desafios com otimismo e acredite que coisas boas estão por vir.

6. Valorize a oração em sua vida

Para Dom Bosco, a oração era uma fonte inesgotável de força. Reserve um tempo diário para se conectar com Deus, seja em orações formais ou em momentos simples de reflexão. A oração ajuda a encontrar paz e a tomar decisões com sabedoria.

7. Busque a sabedoria na educação e na experiência

Invista no seu crescimento pessoal e profissional neste ano. Dom Bosco acreditava que a educação era o caminho para transformar vidas. Leia, estude, busque novos conhecimentos e aprenda com as experiências do dia a dia.

8. Cultive a alegria no cotidiano

A alegria era um elemento essencial na pedagogia de Dom Bosco. Ele dizia que a santidade passa pela felicidade. Encontre motivos para sorrir todos os dias, mesmo nos momentos difíceis. Celebre as pequenas vitórias, compartilhe momentos alegres com quem você ama e espalhe bom humor ao seu redor.

9. Persevere em seus propósitos

Dom Bosco nunca desistiu, mesmo diante de grandes adversidades. Perseverança é a chave para concretizar os seus objetivos. Neste ano, estabeleça metas claras e trabalhe com dedicação para alcançá-las. Lembre-se de que os maiores sucessos são alcançados com persistência e esforço constante.

10. Pratique a justiça em todas as situações

No seu dia a dia, busque ser justo em suas ações e decisões. Dom Bosco lutou por justiça e pelos direitos dos jovens. Trate a todos com equidade, respeite e contribua para um mundo mais justo e solidário. Pequenos atos de justiça fazem grande diferença na sociedade.

Significado para o ordinário

Inspirar-se nas virtudes de Dom Bosco é uma forma de tornar cada dia mais significativo. Ao cultivar a caridade, a paciência, a humildade, a , a esperança e outras virtudes, você estará construindo não apenas um ano feliz, mas uma vida plena. Que essas dicas o ajudem a iniciar este ano com propósito!

Matheus Eleutério
Estudante de Jornalismo da Faculdade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/10-dicas-de-dom-bosco-para-um-ano-feliz/

30 de dezembro de 2024

O Natal e o Jubileu: tempo de esperança e reconciliação

Um chamado à esperança e reconciliação

O Natal oferece à humanidade a límpida e inesgotável fonte do amor de Deus. E a humanidade precisa ser banhada por esse amor maior – necessidade tão forte e evidente, que a liturgia da Igreja celebra, anualmente, o Natal de Jesus, celebração vivida fortemente por vários dias, com seus ritos, silêncios, proclamações e interpelações, capazes de contribuir para que todos alcancem o sentido da salvação: o Filho de Deus se dignou a vir e a tornar-se o Emanuel, Deus Conosco.

O ato de amor de Deus é desconcertante. O Verbo Eterno, Jesus Cristo, filho amado de Deus-Pai, entra na carne humana para alargar e iluminar o horizonte novo da humanidade. Garante, assim, a salvação do mundo, ameaçada pelos limites do próprio ser humano. Santo Agostinho diz com sabedoria: "Ele vem a nós pelo que assumiu de nós e nos salva pelo que manteve de si mesmo".

O Natal e o Jubileu: tempo de esperança e reconciliação

Ridofranz / GettyImages

Há de se reconhecer o lastro destrutivo da fraqueza humana, desarrumando vidas, estreitando horizontes, adoecendo e dizimando, conforme mostram os cenários de pobreza, de guerras e exclusões. O Natal anuncia a graça da indispensável renovação da vida de cada um, por uma humanidade restaurada nos parâmetros do amor maior. Celebrar o Natal é convite-convocação para superar a fraqueza humana diante da missão de se fazer o bem.

Construindo um mundo melhor com esperança

Essa fraqueza descompassa a vida com escolhas que estão na contramão do equilíbrio ecológico, humano, social, econômico e político. O Natal é a experiência renovada para que os cristãos retomem o caminho da salvação, com suas dinâmicas próprias, renovando e fortalecendo a identidade daqueles que acolhem a missão insubstituível de seguir o Salvador do mundo, Jesus Cristo, o Menino-Deus que vem ao encontro de todos.

E seguir Jesus pede o abandono de tudo o que, internamente, gera incapacidade para amar, fixando o olhar em Cristo, deixando-se impactar pela simplicidade de Jesus – o modo como Deus entra nas condições humanas. O exercício desse desapego alarga horizontes, dissipa sombras que envolvem a existência humana, possibilitando um caminho luminoso, livre de estreitamentos doentios.

Faz prevalecer a força do amor, capaz de transbordar solidariedade e fraternidade, essenciais às mudanças que todo ser humano deve almejar. Ensina bem a mística oriental o quanto importa o esforço para cumprir os mandamentos de Deus, o amor maior, Aquele que primeiro amou. Aqueles que verdadeiramente se esforçam e cumprem os mandamentos recebem de Cristo o verdadeiro troféu.

Esperança no Natal, a mensagem central do ano jubilar

Por isso mesmo Natal é tempo de pedir, insistentemente, a sabedoria essencial ao exercício da misericórdia e ao
reconhecimento da verdade, para não ceder espaço à maldade ou ao domínio do maligno. É tempo de bater às portas de Deus, com constância, para garantir que sejam escancarados os caminhos para o céu. Assim, a celebração e vivência do Natal constituem leitura atenta e imersão na força do Evangelho, abrindo rico itinerário, reorientando os rumos da vida, a redefinição de propósitos, cultivando a disposição profética de se buscar a justiça e a paz.

Natal é, pois, o exercício da consciência a respeito da própria dignidade de filho e filha de Deus, irmãos e irmãs uns dos outros, livrando os corações de intrigas, maldades e ressentimentos. A dignidade maior – todos filhos e filhas de Deus – é resgatada com a encarnação do Verbo, Sua Paixão, Morte e Ressurreição.


Nesta celebração do Natal de Jesus, é inaugurado, a partir da convocação do Papa Francisco, o Ano Jubilar 2025 – todos chamados ao exercício espiritual de ser peregrinos de esperança, buscando a reconciliação com Deus, consigo mesmo, com os semelhantes e com a natureza. A vivência dos Anos Jubilares é tradição da Igreja Católica, instituída, em 1300, pelo Papa Bonifácio VIII, para favorecer a experiência de se buscar a graça de Deus, trilhando o caminho da reconciliação com o Criador.

Ano jubilar, um chamado à esperança verdadeira

Em 2025, o convite é para que todos cultivem esperança, reconciliando-se e reconquistando a inteireza perdida, no horizonte da afirmação de São Paulo apóstolo, escrevendo aos Romanos: "A esperança não decepciona". Há de se viver os dias do ano jubilar, buscando participar das peregrinações, das celebrações e das vivências zelosamente preparadas pela Igreja – indo a Roma ou às igrejas jubilares mais próximas, para qualificar ainda mais o próprio tecido interior.

Uma qualificação imprescindível para conquistar a força essencial às grandes mudanças na própria vida, na sociedade e no mundo. É tempo de curar os desânimos, superar os medos, ceticismos e pessimismos, firmando os passos na confiança, na serenidade e na certeza da graça de Deus, redentora e salvífica. Uma ocasião para reavivar a esperança, alicerçada em Cristo – a esperança fidedigna – e assim ajudar a arquitetar um futuro mais harmonioso para a humanidade.

Todos aceitem o convite para viver o Ano Jubilar 2025 buscando se encontrar, qualificadamente, com a esperança, com Jesus Cristo. Cada pessoa se torne qualificado peregrino de esperança, especialmente neste tempo de Jubileu, oportunidade singular para nutrir a vida com o amor de Deus – a esperança que não decepciona.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/192419/

O coração, a casa e a Igreja: promessas de Deus para um novo tempo!

A encarnação do verbo: celebrando a presença de Deus

Celebramos, com alegria, o Natal do Senhor, contando o tempo e nossos dias pela plenitude dos tempos, marcada pela Encarnação do Verbo Eterno de Deus. Que maravilha saber que não vivemos girando em torno de nós mesmos, mas voltados para aquele que dá sentido à nossa existência, o Senhor de nossas vidas, mergulhados, através do Batismo, na vida da Santíssima Trindade, Pai e Filho e Espírito Santo! A Deus toda honra e toda glória, neste ano que termina, no ano novo que vai começar e até os confins do mundo e da eternidade!

Alguns espaços nos são propostos para recolher os frutos do Natal e fazê-los multiplicados no ano novo: o coração, o mais íntimo de nós mesmos, onde só Deus pode penetrar e se joga o confronto entre seu plano de amor e nossa liberdade, é lá dentro que desejamos plantar a forças da graça recebida de Deus e a resposta da fé. É do tamanho da eternidade o que Deus faz conosco e o Natal tornou patente! Deus nos ama com um amor infinito e sério.

O coração, a casa e a igreja: promessas de Deus para um novo tempo!

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Não fomos jogados ao léu no mundo ou em nossos relacionamentos com a vida e as pessoas. Fomos criados para nos realizarmos e sermos felizes nesta vida e na outra, depois de nossa Páscoa pessoal na morte! Não nos resignamos a permanecer fechados ou nos acostumarmos com os problemas e sofrimentos! Não fomos destinados ao acomodamento e à preguiça, mas feitos com um dinamismo nascido da imagem e semelhança com as quais foram criados os homens e as mulheres!

O amor renovador diante da vontade de Deus

Consequências? Assumir com fé e grande responsabilidade o dia a dia, vivendo bem cada momento presente, acolhendo com amor todos os acontecimentos passados, sendo capazes de agradecer, reconhecer as próprias falhas, acolher o perdão de Deus, perdoar, começando de dentro de nós mesmos, todas as ofensas recebidas, dispostos à reconciliação que nos for possível com os outros.

Vale a recomendação de São Paulo: "É assim que eu conheço Cristo, a força da sua Ressurreição e a comunhão com os seus sofrimentos, tornando- me semelhante a ele na sua morte, para ver se chego até a Ressurreição dentre os mortos.  Não que eu já tenha recebido tudo isso, ou já me tenha tornado perfeito. Mas continuo correndo para alcançá-lo, visto que eu mesmo fui alcançado pelo Cristo Jesus. Irmãos, eu não julgo já tê-lo alcançado. Uma coisa, porém, faço: esquecendo o que fica para trás, lanço-me para o que está à frente. Lanço-me em direção à meta, para conquistar o prêmio que, do alto, Deus me chama a receber, no Cristo Jesus" (Fl 3,10-13).

Para tanto, uma boa dose de criatividade e liberdade interior contribuirá para a vivência do tempo novo que se abre, um verdadeiro dom de Deus. A casa e os relacionamentos próximos podem ser um espaço de verdadeiro treinamento. Com certa frequência podemos projetar os conflitos pessoais e familiares nos demais espaços de vida e convivência. Desejamos fazer a proposta de um amor maior pela casa/família e também pela casa/espaço familiar. Nossas casas podem ser mais harmônicas, acolhedoras para nós mesmos e os outros!

Família, o templo do amor de Deus na terra

Um pouco mais de tempo à mesa de uma refeição, sem formalidade, a ajuda recíproca nas dificuldades de estudo dos irmãos, e daí por diante! Consideremos como tarefa possível, exigente, sem dúvida, mas essencial, dar mais tempo e qualidade de vida junto dos familiares. Sempre impressiona o fato de que Deus, que é Todo-poderoso, tenha planejado a vinda de seu filho ao mundo numa família, sem dúvida excepcional, mas família, com moradia, trabalho, dificuldades materiais, viagens, alegrias e angústias. A casa é o espaço do amor de caridade para todos nós!

E, neste final de semana, celebramos justamente a Festa da Sagrada Família! Em nossas Paróquias, pode ser o ano que vai começar o tempo de um grande mutirão de valorização do Sacramento do Matrimônio. É tempo de fazer crescer o número e qualidade das famílias marcadas pela graça sacramental! Cresça e apareça mais a pastoral familiar, que tem feito tanto bem por toda parte, nas várias dimensões de sua atividade! E desejamos chamar este trabalho de "Pastoral Vocacional para o Matrimônio".

A Igreja se abre para um tempo especial, o Jubileu convocado pelo Papa Francisco, "Peregrinos de Esperança". Um desafio de nossos tempos, com todas as guerras e os problemas sociais e econômicos existentes, é justamente a falta de perspectivas para tantas pessoas. A Igreja tem como tarefa para o ano do Jubileu oferecer uma verdadeira injeção de esperança ao mundo.

Transformando o mundo por meio da esperança em Deus

E para nós cristãos, a esperança é uma virtude teologal, um dos presentes recebidos no Batismo. Vejamos o que diz o Papa, na Bula de convocação do Jubileu (n.3): "Com efeito, a esperança nasce do amor e funda-se no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na cruz: 'Se de fato, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida"(Rm 5, 10).


E a sua vida manifesta-se na nossa vida de fé, que começa com o Batismo, desenvolve-se na docilidade à graça de Deus e é por isso animada pela esperança, sempre renovada e tornada inabalável pela ação do Espírito Santo. Na verdade, é o Espírito Santo, com a sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nas pessoas de fé a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida.

O amor de Deus como fundamento de um novo tempo

Com efeito, a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino: "Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores graças àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Senhor nosso"(Rm 8, 35.37-39).

Por isso mesmo essa esperança não cede nas dificuldades: funda-se na fé e é alimentada pela caridade, permitindo assim avançar na vida. A propósito escreve Santo Agostinho: "Em qualquer modo de vida, não se pode passar sem estas três propensões da alma: crer, esperar, amar".

Com simplicidade, propomos ao coração o crer, à família o amar, e à missão da Igreja no mundo o esperar!

Feliz, verdadeiro, abençoado e santo ano novo!

Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/ano-novo/o-coracao-casa-e-igreja-promessas-de-deus-para-um-tempo-novo/

18 de dezembro de 2024

Anjos querubins: guardiões da adoração

"Fez ainda um querubim numa extremidade e o segundo na outra, formando uma peça só com o propiciatório. Os Querubins tinham asas estendidas para cima, cobrindo com elas o propiciatório. Estavam com as faces voltadas uma para a outra, com o rosto voltado para o propiciatório" (Ex 37,8-9).

A palavra querubim vem do hebraico כְּרוּב (keruv), que significa "aquele que é propício" ou "abençoador". De fato, a tradição bíblica sempre ligou esses seres celestiais à dimensão da adoração em relação direta ao trono de Deus e da Sua presença gloriosa. A primeira citação desses nossos irmãos se encontra em Gn 3,24, onde o Senhor os coloca na entrada do paraíso, com uma espada de fogo que gira, impedindo o homem caído de entrar.

O que podemos falar desses seres angelicais é que eles possuem a dimensão da adoração em forma comunitária e, estando em comunhão uns com os outros, ao adorarem, trazem em si a presença do fogo da glória de Deus. Então, se os serafins queimam na presença do Senhor e tornam-se abrasadores, os querubins, por sua vez, carregam a presença de Deus no meio deles (Ez 10,6-9). Esse fogo que eles guardam em si mesmo nada mais é do que a presença do Senhor, que se manifesta em forma de fogo, que ilumina e purifica a noite e o dia.

Anjos querubins guardiões da adoração

Crédito: pamela_d_mcadams / GettyImages

Referências sobre os querubins

A referência mais conhecida que temos dos Keruvim é a imagem dos dois sobre a tampa da arca da Aliança. Vejamos os detalhes do texto sagrado:

Estão ajoelhados um de frente para outro, e formam uma só peça unidos pelos joelhos

Ao construir a arca, o Senhor ordenou a Moisés que erigisse sobre a tampa desta (propiciatório) dois querubins feito de ouro maciço. Estar um de frente para o outro demonstra a dimensão da comunhão na adoração. Por isso, Nosso Senhor ensina que "onde dois ou três estão reunidos no meu nome eu estou no meio dele" (Mt 10,20), dando a cumprir a realidade de dois corações, unidos em comum acordo, ao entrar em relacionamento com o seu Deus. Eles adoram unidos, fazendo que se tornem pelos joelhos uma "peça" só, isto é, uma única oração.

Esses nossos irmãos do segundo coro da primeira hierarquia celeste estão profundamente em comunhão com o Senhor. Por tê-lo em meio a si, em forma de fogo devorador, estes entram em relação com Deus e este se faz conhecer, ensinando-os os mistérios e segredos mais íntimos. Por isso, a tradição teológica entende que os "abençoadores" são capazes de ter a ciência de Deus e de seus segredos e, por esse motivo, podem ensinar aos outros anjos e homens sobre os segredos da revelação divina. A este propósito nos ensina o grande Pseuso-Dionisio:

«Os Querubins designam aptidões a conhecerem e a contemplarem a Deus, a receberem os mais altos dons da Sua Luz, a contemplarem na sua potência primordial o esplendor divino, a acolherem em si a plenitude dos dons que transmitem sabedoria e a comunicá-los em seguida às essências inferiores graças a expansão da própria sabedoria que lhes foi transmitida»1.

Conhecimento elevado e místico de Deus

A sabedoria que os envolve, e o conhecimento próximo que estes possuem da visão beatifica faz sim que estes seres maravilhosos conheçam a profundidade de Deus e o seu Amor.

Se os serafins ardem de amor, os querubins por sua vez são abrasados pelo conhecimento elevado e místico de Deus2. Não é por nada que, em todas as referências em que se faz dos querubins, veremos sempre que estão em dois ou mais, e no meio deles está a presença do Senhor.

A esse respeito, a liturgia católica nos ensina que, ao celebrarmos os santos mistérios, fazemos a experiência pessoal e comunitária de ter em nosso meio aquele que se dá totalmente em seu corpo e em seu sangue. Logo, o que vivemos enquanto corpo místico de Cristo nada mais é que a experiência de adorar a Deus em um louvor que une muitas vozes e corações, e ao subir ao trono divino como um incenso, chega a Deus como uma única oração de tantos santos (Ap 8,3).


As asas estendidas para cima cobrindo o propiciatório

Um segundo elemento importante, que temos na mensagem simbólica da arca da aliança, são as asas dos querubins. Tais asas estão voltadas para cima e, ao mesmo tempo, a sombra destas protegem a tampa do propiciatório. Aqui, podemos aprender duas lições: a primeira é que as asas apontadas para o alto representam toda a elevação espiritual dos keruvins, que tem a sua liberdade voltada inteiramente para Deus; a segunda é o "cobrir" o propiciatório. Este nos ensina que as asas dos querubins, além de os elevarem a Deus, fazem deles anjos protetores de quem está embaixo deles. Logo, querubim também é guarda não somente do paraíso, mas de cada adorador.

As asas, na linguagem bíblica e no mundo antigo, representam a proteção e, ao mesmo tempo, a liberdade3. É debaixo das asas do Altíssimo que o fiel encontra o seu refúgio nos tempos de tribulação (Sl 90/91). Jesus chorou sobre Jerusalém por causa da sua rejeição de não ter aceitado a proteção de suas asas que como uma galinha acolhe os seus pintinhos (Lc 13,34).

Interessante é o comentário de São João Crisóstomo a respeito dos querubins. Em sua homilia sobre os dois ladrões, ele nos ensina que, ao prometer o paraíso celeste ao ladrão na cruz, Nosso Senhor tirou a espada da condenação da entrada do Éden e abriu para nós a porta que antes tinha sido fechada. Os mesmos querubins que impediam a nossa entrada no céu, hoje são nossos irmãos que conosco adoram e louvam a Deus para sempre4.

Seja Querubim!

Concluindo, podemos dizer que hoje é possível entrar em comunhão com estes irmãos, uma vez que a sua natureza está voltada completamente para os mistérios divinos. A beleza em tudo isso é que, se os querubins entram no mistério do conhecimento e ciência de Deus através das brasas e do fogo que queima no meio deles, nós, por excelência, na liturgia eucarística, temos em nosso meio o fogo devorador da Eucaristia, e ali encontramos prostrados os querubins que, junto conosco, adoram ao Cordeiro Santo que se dá no altar.

Seja querubim! Seja guardião da adoração onde você estiver. Busque ir além e verás que o paraíso, outrora fechado, agora, em Cristo, foi por nós aberto, e junto com nossos irmãos celestes, em comunhão com toda a Igreja podemos com eles cantar:

"Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, Aquele que era, que é e que há de vir!" (Ap 4,8).

Referências:

1 PSEUDO-DIONISIO, Hierarcha celeste,BIBLIOTHECA PATRISTICA, VII, p. 14-15.
2 Cfr. SÃO TOMÁS DE AQUINO, Summa Theologica II, Edições Loyola, São Paulo 2005, Q. 108, Art. 5, p.776.
3 Cfr. DICIONÁRIO DE FIGURAS E SÍMBOLOS BÍBLICOS, Paulus 2º edição, São Paulo 2006, p.18-19.
4 Cfr. SÃO JOÃO CRISOSTOMO, De cruce et latrone, hom. I, 1-2. PG 49,399-401.

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/anjos-querubins-guardioes-da-adoracao/

16 de dezembro de 2024

Moral e representação: o dever moral da representação política

A responsabilidade moral dos representantes

Aqueles que assumem o compromisso de representar os cidadãos nas instâncias de poder precisam reconhecer: o exercício dessa responsabilidade requer irrenunciável dever moral, pois não se pode negligenciar o cumprimento da "palavra dada". Trata-se de responsabilidade que deve emoldurar a conduta de cada cidadão, e, principalmente, das figuras públicas governamentais.

Moral e representação o dever moral da representação política

Crédito: Jupiterimages / GettyImages

Deve-se cumprir as promessas e os protocolos assinados, os acordos estabelecidos em cúpulas, congressos, reuniões de grupos majoritários, sobretudo quando contemplam metas de preservação ambiental e promoção da justiça social. Ao se assumir um compromisso, não bastam os discursos bem arquitetados. Ora, tem razão a sabedoria popular quando aponta que "falar é fácil, cumprir é que são elas". Ou ainda quando se diz que o "papel aceita tudo".

Governantes e servidores públicos, contracenando com demais cidadãos – a quem devem servir – são chamados, permanentemente, a respeitar o primado da sociedade civil – cláusula inegociável e intocável.

O descaso com a sociedade: inaceitável na função pública

Preciosamente ensina a Doutrina Social da Igreja Católica que a comunidade política está a serviço da sociedade civil, isto é, a serviço das pessoas. Quando são ocupados cargos nas instâncias do poder, torna-se ainda maior a obrigação de fielmente cumprir as metas e os compromissos assumidos.

A comunidade civil não pode ser tratada com o descaso que se expressa a partir do desrespeito às tarefas que são intrínsecas à função pública. Isso significa que são injustificáveis atitudes que buscam apenas contemplar interesses cartoriais e oligárquicos. A comunidade política nasce do coração da sociedade civil, a quem deve servir.

Distanciar-se dessa verdade é grave, pois inviabiliza o cumprimento do dever moral de efetivar e promover o bem comum, essencial a todos. Esse dever moral dos governantes precisa incidir, especialmente, no campo econômico, onde não são válidas, simplesmente, as regras do mercado – a economia deve reger-se por princípios inegociáveis.

Economia a serviço do desenvolvimento humano

A ordem econômica não pode ser considerada esfera autônoma em relação ao campo moral. A dimensão moral da economia deve ser prioridade dos governantes, para que seja alcançada uma eficiência econômica capaz de levar a humanidade ao desenvolvimento solidário. São interligadas, pois, intrinsecamente, a moral e a economia.

A Doutrina Social da Igreja, nesta direção, ensina que a moral constitutiva da vida econômica não é nem opositiva nem neutra, inspira-se na justiça e na solidariedade. Uma inspiração que se desdobra no compromisso de promover uma economia eficaz e inclusiva, na contramão de um crescimento que desconsidera o bem dos seres humanos, condenando muitas pessoas à indigência e à exclusão.

Torna-se evidente, portanto, a exigência moral de se respeitar propósitos assumidos, sem desvirtuamentos, sem se descuidar do que está documentado em acordos e declarações. A meta a ser alcançada é a promoção do bem comum, que contempla todos os cidadãos e precisa ser garantido a partir da dedicação da comunidade política.

O papel da comunidade política na promoção do bem comum

Compreende-se a importância determinante dos desempenhos governamentais para consolidar a autoridade política. Somente conquistam a autoridade política, obtendo o reconhecimento da população, aqueles que se pautam no horizonte do dever moral, sem negociações espúrias ou conivências mesquinhas.

Iluminados pelo dever moral de buscar garantir à comunidade uma vida balizada pela ordem e retidão, líderes políticos hão de cumprir suas promessas, para não cair em descrédito, gerando atrasos que inviabilizam respostas urgentes.


A autoridade política pertence ao povo que a confia a governantes para que possam bem exercer a representação pública. Assim, aqueles que estão no exercício do poder precisam buscar merecer, sempre mais, a confiança da população, que verdadeiramente detém a autoridade política.

Fundamento da credibilidade política

Esse merecimento se conquista buscando servir com qualidade, a partir da promoção de valores humanos essenciais, que garantam o desenvolvimento sustentável. O respeito às leis deve ser o horizonte comum a todos, a ser vivido a partir do dever moral de propor e cumprir metas. Caso contrário, prevalecerão somente a ostentação de aparatos, os discursos vazios, demagógicos, que apenas concretizam frustrações.

Aparatos e discursos que, distantes de parâmetros morais, contribuem para normalizar uma economia perversa e excludente, onde ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, sempre mais pobres.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/moral-e-representacao-o-dever-moral-da-representacao-politica/

15 de dezembro de 2024

Imaculada e imaculados: Maria nos leva ao encontro do Cristo

Imaculada Conceição no Advento: um tempo de esperança e preparação

A Solenidade da Imaculada Conceição, neste ano celebrada no Segundo Domingo do Advento, remete-nos com alegria às palavras sábias e precisas de São Paulo VI, na Exortação Apostólica "Marialis Cultus" (cf. Números 3 e 4): "No tempo do Advento a Liturgia, não apenas na Solenidade de 8 de dezembro, celebração, a um tempo, da Imaculada Conceição de Maria, da preparação radical (cf. Is 11,1.10) para a vinda do Salvador e para o feliz exórdio da Igreja sem mancha e sem ruga, recorda com frequência a bem-aventurada Virgem Maria, sobretudo nos dias 17 a 24 de dezembro; e, mais particularmente, no domingo que precede o Natal, quando faz ecoar antigas palavras proféticas acerca da Virgem Mãe e acerca do Messias e lê episódios evangélicos relativos ao iminente nascimento de Cristo e do seu Precursor.

Imaculada e imaculados Maria nos leva ao encontro do Cristo

Crédito: ilbusca / GettyImages

Desta maneira, os fiéis que procuram viver com a Liturgia o espírito do Advento, ao considerarem o amor inefável com que a Virgem Mãe esperou o Filho, serão levados a tomá-la como modelo e a prepararem-se, também eles, para irem ao encontro do Salvador que vem, bem vigilantes na oração e celebrando os seus divinos louvores.

A Liturgia do Advento, conjugando a expectativa messiânica e a outra expectativa da segunda vinda gloriosa de Cristo, com a admirável memória da Mãe, apresenta um equilíbrio cultual muito acertado, que bem pode ser tomado como norma a fim de impedir quaisquer tendências para separar, como algumas vezes sucedeu em certas formas de piedade popular, o culto da Virgem Maria do seu necessário ponto de referência: Cristo.

Além disso, faz com que este período, como têm vindo a observar os cultores da Liturgia, deva ser considerado como um tempo particularmente adequado para o culto da Mãe do Senhor: orientação essa, que nós confirmamos e auspiciamos ver aceita e seguida por toda a parte".

Maria Imaculada: modelo de fé e discípulo para o Advento

Assim predispostos, tomamos de nosso cancioneiro religioso, uma preciosidade: "Imaculada, Maria de Deus, coração pobre acolhendo Jesus. Imaculada, Maria do povo, mãe dos aflitos que estão junto à cruz. Um coração que era sim para a vida, um coração que era sim para o irmão, um coração que era sim para Deus, Reino de Deus renovando este chão.

Olhos abertos para a sede do povo, passo bem firme que o medo desterra, mãos estendidas que os tronos renegam, Reino de Deus que renova esta terra. Faça-se, ó Pai, vossa plena vontade, que os nossos passos se tornem memória do amor fiel que Maria gerou, Reino de Deus atuando na história!" (Letra e Música: Frei Fabreti).

O plano de Deus: a Imaculada Conceição como preparação para a encarnação

O plano de Deus: Imaculada! Desde toda a eternidade, o amor de Deus preparou a participação humana na Encarnação do Verbo, preservando a Virgem Maria de toda a mancha do pecado original, justamente em previsão dos méritos de Cristo. Escolha livre na eternidade dos desígnios da Trindade Santíssima, para acolher o mistério da liberdade humana de uma apenas adolescente na realização da Salvação.

Tudo começa no alto, nos planos de Deus. E aquela que foi feita Imaculada, acolhe Jesus, com seu coração pobre e simples, tão sem pretensões que se declarou escrava!

Imaculada Maria: coração pobre acolhendo a Palavra de Deus

Maria Imaculada! Se Jesus Cristo é o Verbo de Deus encarnado, podemos olhar para Maria como a toda revestida da Palavra de Deus, aquela que escolheu radicalmente fazer a vontade de Deus, tornando-se Mãe antes em sua alma e depois no corpo, um coração que era sim para a vida, um coração que era sim para o irmão, um coração que era sim para Deus, Reino de Deus renovando este chão!

O fato de ser Mãe Imaculada acompanhou toda a sua existência nesta terra. Por onde passou, fez o bem, visitando e servindo sua prima Isabel, enfrentando com serenidade todos os eventuais infortúnios e perdas que experimentou com valentia e convivendo com Jesus e José na Casa de Nazaré! Uma casa e uma oficina de trabalho, um espaço certamente harmônico e belo, iluminado pelo gênio feminino de Nossa Senhora!

Mãe Imaculada sempre de olhos abertos para a sede do povo

Mãe, serva, Nossa Senhora! Olhos abertos para a sede do povo, passo bem firme que o medo desterra, mãos estendidas que os tronos renegam, Reino de Deus que renova esta terra. Aquela que foi Mãe se fez discípula e modelo para os discípulos de todos os tempos.


Caná é o sinal de seu zelo, com o qual continua, pelos séculos afora, a levar a Jesus tudo o que significa aquele "Eles não têm mais vinho"! Testemunham esta verdade a quantidade de títulos, correspondentes a todas as necessidades humanas, a ela atribuídos em todas as partes do mundo. Lá do Céu, assim acompanha a peregrinação da fé de todos os filhos acolhidos aos pés da Cruz.

Imaculada Conceição: um chamado à imaculatização em nossa vida

Imaculada! Ela passa na frente, mas todos nós somos chamados à imaculatização! "Em Cristo, Deus nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos santos e imaculados diante d'Ele no amor. Conforme o desígnio benevolente de sua vontade, ele nos predestinou à adoção como filhos, por obra de Jesus Cristo, para o louvor de sua graça gloriosa, com que nos agraciou no seu bem-amado" (cf. Ef 1,4-6).

Se podemos considerar a Virgem Maria como a "humanidade passada a limpo", ela antecipa o que todos nós somos chamados a viver, sem nivelar nossa vida pelo rodapé do pecado e da maldade. Com ela e contemplando-a com alegria, todos somos convidados a olhar para o alto e para frente.

Quando recebeu a visita do Anjo, os padres da Igreja dizem que Maria só poderia caminhar para as alturas, simbolizadas pelas montanhas em que moravam Isabel e Zacarias! Podemos pedir confiantes, a esta altura do Advento: Faça-se, ó Pai, vossa plena vontade, que os nossos passos se tornem memória do amor fiel que Maria gerou, Reino de Deus atuando na história!

Para colocar em prática o que meditamos, seja nosso propósito de Advento arrumar e limpar a casa de nosso coração, para que seja parecido com Maria, e o Natal aconteça de verdade no meio de nós!


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/imaculada-e-imaculados-maria-nos-leva-ao-encontro-do-cristo/