Meu sonho sempre foi ajudá-lo a ser feliz
Como o tempo  passa! Parece que foi ontem. E eu vivi a intensidade de todos os  momentos. Lembro-me do primeiro dia de aula. Ele todo arrumadinho. E um  aperto no meu coração ao ter de ir embora. Mas fui junto. Estudei junto  todo esse tempo.
Contei histórias. Ouvi histórias. Deitei junto na  cama para fazer dormir. Acalentei-o tantas vezes em meio às dores que  surgem no corpo e na alma. Chorei. Chorei junto quando a primeira  namorada disse que não dava mais. Para o meu filho, o mundo parecia  acabar ali. Entendi o seu sofrimento. Sabia que ia passar. Mas sabia  tambem que tinha de respeitar aquele momento.
Sofri junto nas  primeiras derrotas, mas soube ensinar que a vida é recheada delas e que é  preciso ser inteligente para aprender suas lições.
Aplaudi  peças, meio sem graça, que ele fazia com os amigos. Cuidei para não  ficar próxima a ponto de sufocar, nem tão distante a ponte de abandonar.  Aprendi o caminho do meio-termo.
Senti-me tantas vezes sozinha; outras, cheia de ciúmes, quando o via sair com os amigos e me deixar em casa. Meu  filho já não era meu. E eu tinha que compreender que a vida que surgira  da minha vida tinha o direito de construir sua história.   Tentei não falar demais. Tentei ensinar pelo exemplo e estar aberta para  ouvir. Nunca quis transformá-lo no primeiro lugar. Meu sonho sempre foi  ajudá-lo a ser feliz.
Não poupei abraços e beijos. Não poupei  brincadeiras. Como era bom rolar no tapete da sala. Inventar e  reinventar histórias, e ouvir dele que começasse tudo de novo. A mesma  história. A repreensão quando mudava, aqui ou ali, alguma coisa da  trama. Que tempo bom!
Hoje ele segue sua história. É lindo.  Inteligente. E um homem de sucesso. E mais do que tudo isso, é feliz. E  posso testemunhar que todo o amor partilhado não foi em vão. A semente  plantada com carinho, regada com cuidado e atenção, não pode fazer  brotar ervas ou pragas.
No jardim da vida dei a minha  contribuição. E valeu a pena. Hoje, já não o vejo mais com a mesma  frequência dos idos tempos de infância. Mas sei o quanto ele me ama e  pensa em mim. Sei o cuidado que tem comigo. Acha que eu virei criança.
Juntos ainda conseguimos chorar e rir e nos respeitamos.
Obrigado, Senhor, eis a minha oração. Nada tenho a pedir. Só quero agradecer. O milagre da vida continua a iluminar meus dias, e, a cada novo dia, eis me aqui para viver. Ofereço-Te a certeza de que viverei com a mesma intensidade, todos os meus dias, até o momento da plena felicidade de estar face a face Contigo. Amém.
(Artigo extraído do livro "Educar na oração")