22 de julho de 2025

É preciso aprender a ter paz e serenidade

Diante de tantos tormentos que diariamente enfrentamos em nossa vida, muitas vezes, ter a paz e a serenidade parece algo muito distante. Cada vez mais, entre as pessoas de todas as classes sociais, a falta de paz e serenidade torna-se uma queixa em todas as idades, todos os sexos, todos os níveis de instrução. Algumas pessoas, por vezes, apresentam aquilo que é chamado, no meio médico psiquiátrico e psicoterápico de: síndrome do pânico.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Esse quadro é caracterizado por uma série de alterações emocionais e físicas, incluindo, por exemplo, taquicardia, falta de ar, sintomas que se mostram incontroláveis. É um tipo de medo, muito intenso e um tanto generalizado e, acima de tudo, é um excelente exemplo do quanto se faz necessária uma reformulação de nossos hábitos, de nossas relações.

Vivemos um tempo corrido, uma vida impessoal, em que já não temos tempo para conversas, convivências. Falta a hora do jantar, do café; faltam os pequenos rituais familiares, em que todos se encontravam e se olhavam. Falta tempo para a intimidade. Às vezes, até existe tempo para essas coisas, mas a competitividade que somos "obrigados" a apresentar, torna nossas relações frias, superficiais. Ficamos receosos quanto a confiar nas pessoas, nos expor, nos apegarmos, amarmos, dependermos.

A vida é composta por desafios diários, por isso precisamos de serenidade

Essa falta de suporte afetivo, sutilmente, acaba por nos incutir um sentimento de desamparo que, muitas vezes, fornece a base para quadros como a síndrome de pânico; a depressão e a ansiedade. Você sabe do que estamos falando? Já sentiu esse desamparo mesmo cercado de pessoas que, de alguma forma, devem nos amar, mas em relação às quais não nos sentimos à vontade para dividirmos o fardo do dia a dia? Você conhece alguém assim? Por vezes, o fardo pesa, os problemas sufocam e nos vemos impossibilitados de dividir, com quem quer que seja, o que vivemos. Alguns não acreditam que o que vivem pode ser importante para alguém; outros até sabem que aquilo que fazem é importante sim, mas só é importante, só é valorizado pelo outro, se a pessoa for bem sucedida naquilo que faz, naquilo que vive.

No caso de fracasso, de dificuldades, a pessoa é levada a "se virar" sozinha. A situação parece tão sem saída, que muitos buscam uma solução externa, um remédio, um conselho mágico. No entanto, a solução pode estar mais perto do que se imagina: pode estar "dentro" de você; na mudança dos seus hábitos, nas suas iniciativas, principalmente nas relações com aqueles que lhe são mais próximos.


O que minha história influência neste processo?

Muitas pessoas que vivem essa situação a qual descrevemos, trazem em sua história uma relação familiar na qual não foram valorizados; várias vezes foram desqualificados, criticados, abandonados, até mesmo violentados. A família, o primeiro suporte afetivo, não esteve presente. Outras pessoas encontram uma estrutura familiar superprotetora, ou seja, cuidam, apoiam, mas não deixam a pessoa aprender a cuidar da vida, não deixam a pessoa experimentar frustrações e aprender a superá-las; assim, não desenvolvem confiança. Tornam-se pessoas inseguras.

Pode ser útil pensar na família da qual saímos, pois fornece o modelo das relações que aprendemos a construir; nos informa sobre a maneira como aprendemos a olhar para os outros: percebemos os outros como inimigos, como avaliadores? Ou (como deveria ser) os percebemos como aliados, cúmplices, na aventura que é a vida? Se não sabemos quem são as pessoas importantes para nós e se não sabemos desfrutar do apoio deles, qualquer coisa passa a ser ameaça.

E, se nos percebemos diante dos outros como rivais, se nos percebemos constantemente sob avaliação, a forma de sairmos dessa condição para a condição de amigos, companheiros, cúmplices é por meio do diálogo. Um diálogo onde possamos assumir nossas fraquezas, pedir ajuda, sermos humildes. Ninguém nasceu pronto, perfeito. E, de que adianta ser amado se não nos deixamos ser amados? De que adianta ser amado se não podemos desfrutar do colo, da amizade, da compreensão daqueles a quem amamos?

É importante aprendermos a receber amor, a pedir ajuda, a solicitar apoio, reconhecer falhas. As relações familiares são o melhor lugar para colocar isso em prática. Fazer é aprender a amar… Amar em via dupla: dar e receber amor; e ensinar o outro a fazê-lo. Assim, é hora de retomar os pequenos hábitos, talvez até os que foram citados no início deste texto e que nos tornam parte de algo maior.

Cláudia May Philippi – Psicóloga Clínica


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/e-preciso-aprender-a-ter-paz-e-serenidade/

21 de julho de 2025

O samaritano, os samaritanos e nós

A vivência da caridade concreta como resposta às feridas do mundo

São Camilo de Lellis, comemorado pela Igreja no dia quatorze de julho, fundador dos Ministros dos enfermos, "Camilianos", foi um homem de tamanha piedade e compaixão pelos doentes e moribundos e por todos os pobres e miseráveis. Em sua atribulada e diversificada vida, experimentou o afeto familiar, a orfandade, as aventuras de um jovem perdido na vida, engajou-se como soldado, sentiu o maravilhoso sabor da conversão, tentou ser capuchinho, descobriu a dor da enfermidade e das feridas que por anos o incomodaram. Em suma, rico percurso de fraquezas, vitórias, ousadia e abertura para Deus. No meio de tudo isso, o maravilhoso fio condutor de sua vida foi a caridade, na força das palavras do Evangelho que se estamparam em seu coração com letras de fogo: "Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!" (Mt 25,40) Várias vezes, cuidando dos doentes, chamava-os com o nome de Jesus, tal a convicção com que esta verdade o havia atraído. E nós todos teremos um exame final, cujas perguntas já nos foram antecipadas pelo Senhor. Todos os homens e mulheres da história serão julgados pelo amor! Realidade provocante e ao mesmo tempo consoladora, que nos oferece a oportunidade para refletir sobre as muitas possibilidades que temos para amar o próximo. De fato, a caridade, que apaga uma multidão de pecados (1Pd 4,8), tem muitas faces e está disponível à boa vontade de todos.

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A parábola do Bom Samaritano e o chamado à não-violência em tempos de caminhos perigosos

A luz que ilumina hoje nossas descobertas e passos vem da magnífica parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 15-37). Os muitos caminhos da humanidade em nossos dias se parecem com estradas que desciam de Jerusalém para Jericó, não muito aconselháveis àquela época. Não é difícil recordar que nossos pais e avós nos alertavam com firmeza sobre o perigo das más companhias e dos maus caminhos. Multiplicam-se, literalmente, a violência, os atentados à vida e as cenas da humanidade caída à beira do caminho.

As notícias de mortes causadas pelas guerras e por tantas outras provocações continuam a povoar nosso imaginário e nossas preocupações. Causa estupor a quantidade de recursos hoje existentes e a multiplicação de atos e iniciativas pensadas para destruir a vida. E até se reforça, em muitas partes do mundo, o incentivo aos armamentos de todo calibre e ao porte e uso de tais equipamentos. Parece natural que todos se sintam no direito de estar armados até os dentes, ou cercados de muros, alarmes e vigilância, porque ameaçados dia e noite em sua integridade. Entretanto, a vida cristã oferece a alternativa da não-violência ativa, expressão tão querida a um dos nomes mais significativos da vida da Igreja no Brasil, Dom Helder Câmara, que mantém sua força e atualidade.

Diante da pergunta sobre o maior mandamento, Jesus não oferece uma resposta teórica, mas conta uma história. Sabemos que o Bom Samaritano, por excelência, é o próprio Senhor Jesus, que desceu do Céu para inclinar-se sobre a humanidade, espalhou a força de seu amor e dos sacramentos, simbolizados no óleo e no vinho derramados sobre as feridas do homem caído, tendo-o levado em sua própria montaria, a Cruz, à hospedaria, a Igreja, para dele cuidar até sua volta no fim dos tempos, assumindo todas as responsabilidades: "No dia seguinte, pegou dois denários e entregou-os ao dono da pensão, recomendando: 'Toma conta dele! Quando eu voltar, pagarei o que tiveres gastado a mais'" (Lc 10,35). "Os dois denários são entendidos como os dois testamentos, a Antiga Lei e os profetas, a Nova Lei do Evangelho e as instituições apostólicas. Os pastores da Igreja farão frutificar estes denários que, quanto mais são dados, mais se multiplicam" (cf. Severo de Antioquia, Hom. 89)

"A base dos dois mandamentos é a caridade, e a ordem é diversa: Deus está no primeiro lugar, e o próximo em segundo lugar. Quem é o Samaritano senão o próprio Salvador? Ou quem exercer maior misericórdia para conosco, feridos pelo medo, as tristezas e os vãos prazeres? Só Jesus é o médico para estas feridas. É ele quem derrama o vinho, o sangue da uva da vinha davídica. É ele que das vísceras do Espírito extrai o óleo da unção e o espalha largamente. É ele que nos envolve com as faixas da salvação, a fé, a esperança e a caridade. É ele que convoca anjos e arcanjos, para que nos assistam com sua presença. É necessário amá-lo, como amamos Deus, pois ele é Deus. Ama Cristo quem faz a sua vontade e observa seus preceitos. 'Nem todo aquele que me diz: 'Senhor! Senhor!', entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus'" (Mt 7,21) (cf. Clemente de Alexandria, Quis dives, 27-29).

E como "quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequenos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não ficará sem receber sua recompensa" (Mt 10,42), valem todos os gestos de amor feitos em consequência do próprio amor de Deus, derramado em nossos corações. Pode acontecer que nosso fraco julgamento estabeleça comparações injustas entre as coisas que as pessoas podem fazer pelas outras! Há uma infinidade de gestos simples e escondidos, a partir do centavo dado segundo o modelo da viúva pobre do Evangelho. Chame-se esmola ou ato de caridade, nada fica esquecido por Deus!


O exercício da caridade

Muitas pessoas experimentarão o convite a participarem do que podemos chamar de "caridade organizada", quando se comprometem em ações de solidariedade e misericórdia na Igreja e na Sociedade, como aquelas feitas pela Cáritas ou pelas Obras Sociais das Paróquias. Outros serão chamados por vocação a entrar em famílias religiosas dedicadas à caridade. Outra manifestação da caridade é o engajamento em entidades que cuidam da promoção humana e a defesa da dignidade das pessoas, com uma sensibilidade apurada diante das violações dos direitos humanos. A elas cabe a tarefa de serem pontas de lança, ajudando a manter acesa a vigilância cristã, com o anúncio e a denúncia próprias dos servidores do Evangelho, sem desvalorizar os gestos mais simples de pessoas e grupos. Cabe-lhes ainda identificar e estabelecer canais de colaboração com outros grupos da sociedade também especialmente interessados no serviço aos mais pobres.

A Doutrina Social da Igreja abre ainda um vasto campo para o exercício da caridade, quando declara que um de seus princípios é o Bem Comum! Abre-se o horizonte da caridade para o conjunto da sociedade: "As exigências do bem comum derivam das condições sociais de cada época e estão estreitamente conexas com o respeito e com a promoção integral da pessoa e dos seus direitos fundamentais. Essas exigências referem-se ao empenho pela paz, à organização dos poderes do Estado, a uma sólida ordem jurídica, à salvaguarda do ambiente, à prestação dos serviços essenciais às pessoas, alguns dos quais são, ao mesmo tempo, direitos do homem: alimentação, morada, trabalho, educação e acesso à cultura, saúde, transportes, livre circulação das informações e tutela da liberdade religiosa. O bem comum empenha todos os membros da sociedade… O bem comum exige ser servido plenamente, não segundo visões redutivas subordinadas às vantagens de parte que se podem tirar, mas com base em uma lógica que tende à mais ampla responsabilização. O bem comum correspondente às mais elevadas inclinações do homem, mas é um bem árduo de alcançar, porque exige a capacidade e a busca constante do bem de outrem como se fosse próprio" (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 166-167).

Os próximos meses, quando nos preparamos para o evento da COP 30, a se realizar em Belém, pedem de todos nós uma abertura crescente para o largo espectro da caridade, conduzidos pelo Bom Samaritano, sabendo-nos muitas vezes caídos à beira do caminho e estendendo os braços para inclinar-nos e elevar os que estiverem machucados.



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/o-samaritano-os-samaritanos-e-nos/

18 de julho de 2025

O vício em eletrônicos pode desenvolver patologias

O que era uma preocupação com os adolescentes, por ficarem horas em jogos virtuais, estende-se, agora, à classe dos adultos; e o pior, até mesmo das crianças.

Muitos pais, na ânsia de ter tempo livre, sem necessidade de dedicação aos filhos, usam o celular, oferecendo o que pode ser o vilão da vida adulta. Por isso gostaria de questionar: será que estamos sabendo utilizar os eletrônicos, em especial os meios de comunicação?

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Essa tem sido a pergunta de muitos estudiosos: quais são as influências e os malefícios que esse vício pode causar?

Muito já se falou dos jogos, mas gostaria de levantar os questionamentos acerca dos meios de comunicação virtual. Pode-se dizer que nunca foi tão fácil acessar a internet como atualmente, são poucos os lugares em que não é possível se conectar. E quando isso não acontece, o caos está instalado. Quem nunca ouviu uma pessoa dizer: "Aqui, não tem nada para fazer, não tem nem internet!" ou "Aqui tem Wi-Fi? Qual é a senha?".

 O que pode ocasionar vícios eletrônicos?

Partindo do princípio de que tudo o que está em exagero pode se tornar uma doença, podemos dizer que o excesso de tempo envolvido com tais eletrônicos é uma patologia, e para tal já existem clínicas de recuperação nos grandes centros.

Já se imaginou internado em uma clínica de recuperação por não conseguir se controlar com uso desses meios? Ainda não se trata de uma realidade comum tais internações, no entanto, o número de pessoas atendidas em consultórios psicológicos sim.

As pessoas não chegam nos consultórios dizendo que possuem dependência de internet, jogo patológico ou nomofobia ("no mobile fobia", ou "fobia de ficar sem celular"), eles chegam se queixando das consequências de tais patologias, que são a baixa autoestima, distúrbios de humor, depressão, fobias e irritabilidade.

Normalmente, esses comportamentos dificultam as relações sociais feitas na vida real, sendo então um "refúgio" para aqueles que são retraídos, tímidos, inseguros, complexados, pois, nesse mundo imaginário, posso me refugiar, distrair, ser quem eu desejo ser, porque hoje é muito comum criar um fake (pessoa imaginária) e fazer tudo aquilo que gostaria de fazer e não "consigo".


Distúrbios atencionais

No entanto, não são apenas alterações emocionais que podem gerar essas dependências. Estudiosos da mente humana têm buscado estudar quais implicações neurológicas tais dependências têm causado. A princípio, o que se pode dizer é que esses tais excessos podem causar distúrbios atencionais. Uma vez que, durante as atividades virtuais – sejam elas jogos, trabalho, estudo, lazer, dentre outros – estimula-se mais o campo da atenção alternada, gerando, no cérebro, uma necessidade de receber esse estímulo.

Em contrapartida, o campo da atenção concentrada (capacidade de desconectar-se de um campo mais amplo de atração, seja visual ou auditivo, a fim de isolar-se ou focar-se em um número reduzido de estímulos), um outro tipo de atenção humana, não menos inferior que a atenção alternada, fica "atrofiada", pois não tem recebido estímulo suficiente.

Esse desequilíbrio prejudica a aprendizagem e a memória do ser humano, uma vez que auxilia a transição de informações novas da área da memória de trabalho para a memória de longo prazo.

Se, contudo, você acha que não depende tanto da internet para relacionar-se, distrair-se e manter-se informado (jornais impressos e televisionados também oferecem informações), lanço um desafio: desligue sua internet por um período do dia, observe suas reações e veja até onde você depende emocionalmente dessa ferramenta.


 


Aline Rodrigues

Aline Rodrigues Silva dos Santos é Brasileira, nasceu no dia 14/03/1983, em Ipatinga, MG. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 2010 no modo de compromisso do Segundo Elo.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/o-vicio-em-eletronicos-pode-desenvolver-patologias/

17 de julho de 2025

Sete dicas para trilhar um caminho de cura interior

Se, por algum motivo, você se interessou em ler este artigo, convido você a parar por uns instantes e iniciar um outro artigo: A cura interior gera um ambiente familiar saudável. Para trilhar um itinerário de cura, é necessário tomar consciência de sua necessidade, entrar nos processos interiores, os quais, muitas vezes, são exigentes e até podem doer um pouco. Para sarar, em algumas situações, tem de abrir a ferida, mexer nela e identificar o tratamento certo. Acredite: tomar consciência da necessidade da cura interior já é iniciar a cura. E quando você a conhece, compromete-se com ela.

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Após essa reflexão, vamos a algumas dicas de como trilhar uma caminho de cura interior. Claro que existem muitas outras orientações a esse respeito, mas eu lhe apresento algumas.

Dicas para trilhar o caminho de cura interior

1) Sacramentos:

Recorrer aos sacramentos como fonte de cura e libertação (sacramento do batismo, se acaso você não foi batizado; sacramento da reconciliação, de reconciliar-se com si mesmo, com Deus e com o próximo; sacramento da Eucaristia, alimento solido espiritual).

2) Autoconhecimento:

Deus trabalha com o seu real para alcançar o ideal. Quando você se conhece, compromete-se e não permite que todos deem palpite sobre como você deve ser. Seja quem você é, sem trair sua consciência, pois é nela que Deus habita.

3) Buscar ajuda adequada:

Diretor espiritual, psicoterapia, pessoas com ministério de cura interior. Se ainda você não encontrou essa ajuda, reze e peça a Deus que possa lhe conceder Sua providência, pois Ele é o maior interessado em sua cura.

4) Saborear e admirar a vida:

Enxergar a beleza oculta em si mesmo, nas pessoas, nas coisas mais simples e complexas. Dizer, muitas vezes, "eu sou belo", porque essa é uma frase tão natural como emocionante.

5) Possuir atitudes de louvor:

Ter o coração grato pelos pequenos e grandes milagres diários, louvar pelo dom da vida, louvar pelo sol, pela lua, pelo vento, louvar pelo passado, pelo presente e futuro.

6) Dar novo sentido ao sofrimento:

Não sofrer em vão, aprender com sabedoria o que o sofrimento pode lhe ensinar e assim fazer novas escolhas.

7) Amar como fonte de cura para si mesmo:

Sair da condição acomodada e egoísta. Uma espiritualidade saudável, com os pés na terra, contribui para que as pessoas sejam capazes de amar verdadeiramente, e em suas relações e encontros possam passar pela experiência de serem amadas.

É preciso compreender que o caminho de cura vai até contemplarmos a Deus na eternidade. E quanto mais curados, mais santos e prontos para seguirmos a Deus com generosidade.

Um coração curado é capaz de agradecer a Deus pelo o que se é e o que se tem. Não possui inveja nem comparação. Um coração curado reconhece que é capaz de compartilhar e aceitar o que não possui. Um coração curado é feliz e alargado para o amor.

Deus abençoe seu caminho de cura interior. Estamos juntos nessa!

Leticia Cavalli Gonçalves
Missionária Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/sete-dicas-para-trilhar-um-caminho-de-cura-interior/

16 de julho de 2025

Anjos, criaturas de Deus

"A existência dos seres espirituais, não corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição" (CIC 328).

Créditos: Getty Images

Anjos são seres divinos criados por Deus

Cristo é o centro do mundo angélico. Os anjos pertencem a Cristo porque são criados por Ele e para Ele, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (cf. CIC 331): "Pois foi n'Ele que foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis: Tronos, Dominações, Principados, Potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele" (Cl 1,16).

"Ainda aqui na terra, a vida cristã participa na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus" (CIC 336).


Santo Anjo da Guarda, meu poderoso protetor,
guardai-me sempre na paz de vosso amor.

Dos perigos, livrai-me;
do mal, libertai-me;
e nos momentos de angústia, consolai-me!

Durante o sono, velai sobre meu descanso,
não deixais o mal de mim se aproximar.
Sob as asas do seu amor,
possa nos meus sonhos habitar!

Nesta noite de luz, afugentai as trevas do medo,
afastai também as tentações,
para que minha alma tranquila
descanse sem aflições.

E que no alvorecer de um novo dia,
eu acorde feliz e restaurado,
e seja para o mundo
testemunha de ser sempre por vós amado!

Amém.

Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/anjos-criaturas-de-deus/

15 de julho de 2025

A postura do jovem católico na universidade

Todo jovem pensa no seu futuro e na profissão que melhor o realizará. Hoje, o mercado de trabalho é bem concorrido e os que conseguem um futuro promissor são os mais capacitados. Por isso, o número de jovens nas universidades tem aumentado. Mas não são todas as universidades que possuem uma busca sincera pela verdade; o católico, nesse contexto, sente comprometida sua postura. O que fazer?

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

É possível assumir a postura de católico dentro da universidade

A Igreja aprecia a contribuição da ciência para a humanidade. Papa Francisco diz que "a Igreja não pretende deter o progresso admirável das ciências. Pelo contrário, alegra-se e inclusivamente desfruta reconhecendo o enorme potencial que Deus deu à mente humana. Portanto, é preciso ser humilde e ouvir o que as diversas ciências têm para ensinar nas universidades. Certa vez, ouvi que sábio não é aquele que sabe tudo, mas aquele que se coloca sempre como aprendiz".

Santo Tomás de Aquino afirmava: "A luz da razão e a luz da fé provêm ambas de Deus". É preciso não criar preconceitos, pois, uma vez que este se estabelece, torna-se mais difícil o diálogo. Não é o desprezo, mas o diálogo que abre novos horizontes enriquecedores para a sociedade.

Postura autêntica do católico

Existe o medo de os jovens católicos nas universidades perderem a , porém, alimentá-la pela oração é um meio de mantê-la viva. Os estudos devem proporcionar que o jovem busque mais as razões da sua fé. Ainda que seja difícil, a ciência questionar sua fé é saudável, desde que ela não tenha a pretensão de ser absoluta. Nesse caso, "não é a razão que se propõe, mas uma determinada ideologia que fecha o caminho a um diálogo autêntico, pacífico e frutuoso", afirma o Papa Francisco.

É difícil assumir a postura de católico dentro das universidades. Muitos têm medo da perseguição e assumem uma postura relativista. Mas a postura do cristão deve ser autêntica, pois, mesmo sem perceber, a evangelização acontece, porque há um compromisso com a verdade. Não existe verdadeiro cristão ausente da perseguição.

O encontro com Cristo deve se manifestar no testemunho

Vale a pena recordar o interessante diálogo autêntico entre o filósofo Jürgen Habermas e o Papa emérito Bento XVI, quando ainda era cardeal. Dentre os vários pontos abordados, Ratzinger afirma que o encontro com Cristo é redenção por ser performativa e não informativa, isto é, conhecer Cristo leva à transformação, pois se tem esperança. A partir da compreensão performativa da fé, expressa-se na própria fé uma razão, que se manifesta no testemunho do cristão e que pode ser apreendida pelo ateu. Além do mais, afirma Ratzinger, a razão e a fé são chamadas a se purificarem e curarem mutuamente de suas patologias, é necessário que reconheçam o fato de que uma precisa da outra.

A Igreja pede, na Exortação Apostólica Chistifideles Laici, a presença do católico na universidade, pois tal "presença tem como finalidade não só o reconhecimento e a eventual purificação dos elementos da cultura existente, criticamente avaliados, mas também a sua elevação, graças ao contributo das originais riquezas do Evangelho e da fé cristã".


Jovem, viva a sua fé

Enfim, o jovem católico deve ser capaz de assumir e viver sua fé mesmo em ambientes diversos, como na universidade. Para isso, pode ser grande suporte os Grupos de Oração Universitário (GOU). Hoje, é mais inteligente o diálogo através do testemunho acompanhado de uma honesta abertura ao outro. A fé e a ciência dialogam por intermédio da razão, referência comum para as duas. Vale a célebre frase de São Paulo para o jovem católico universitário: "Examinai tudo e guardai o que for bom" (1 Tes 5, 21).

Equipe de Formação da Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/a-postura-do-jovem-catolico-na-universidade/

14 de julho de 2025

Santos ou nada: a busca pela santidade na vida cotidiana

"Sede Santos porque Eu sou Santo"! (1Pd 1,16)

Muitos já perguntaram para alguém: "É fácil ser santo?" ou, quem sabe, muitos já se perguntaram: "Será que eu consigo ser santo?". Para respondermos essas perguntas, a primeira carta de Pedro nos ensina duas coisas, a saber. Primeiro: todos somos convocados à santidade; Segundo: claro que não é fácil ser santo. E se fosse fácil, não seria santidade. A santidade supõe um exercício diário de renúncias e pequenos sacrifícios.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

É preciso morrer para as más inclinações. É necessário morrer para a vaidade, para a prepotência, para o orgulho e para a concupiscência. É necessário morrer para a mentira! Isso nos custa muito e exige de nós fé na graça de Deus.

Necessitamos da luz do Divino Espírito Santo, da intercessão maternal de Nossa Senhora, do testemunho dos Santos e da proteção dos Santos Anjos da Guarda. Precisamos da presença da Igreja, da ajuda da família e dos amigos. A santidade é fruto da graça de Deus e do esforço de cada um. É buscando a santidade que nos tornamos verdadeiramente felizes e realizados! Vale a pena dizer ainda mais uma palavra.

É difícil ser santo, mas não é impossível! Se fosse impossível, Jesus não teria nos deixado este pedido. O Senhor só nos pede o possível, pois o impossível cabe a Ele. Nós fazemos o possível. Deus realiza o impossível. É diante dessa certeza que nós acreditamos que o maior pecador pode se tornar um grande santo.

Santidade não é para poucos!

São Vicente Pallotti nasceu em Roma no ano de 1795, partindo para a eternidade em 1850. Viveu 55 anos. De certa maneira, podemos dizer que viveu pouco. Mas, olhando para a sua história, podemos dizer que ele fez muito. Uma das coisas que ele fez foi fundar uma família, chamada União do Apostolado Católico.

Nessa família, há lugar para todos os batizados. O grande desejo de São Vicente Pallotti era que cada batizado ajudasse "a reavivar a fé e a reacender a caridade". Ele disse e deixou por escrito que nós somos "nada e pecado" por conta de nossas misérias e de nossa indignidade. Contudo, porque Deus é Amor, nós podemos e devemos buscar a santidade.

Quanto mais buscamos a santidade e nos tornamos santos pela graça de Deus, mais e mais o nosso apostolado se torna fecundo. A nossa santidade inclui a busca da salvação dos nossos irmãos. Além de sermos santos, precisamos também ajudar os outros a se santificarem.


Neste tempo, busquemos mais a santidade. Ser santo não é somente privilégio de alguns, mas uma vocação para todos: casados, solteiros, consagrados, religiosos, sacerdotes e bispos. Ao longo das semanas e, sobretudo dos domingos, a Liturgia da Palavra nos instrui e nos mostra o caminho da santificação.

Santificamo-nos à medida que oferecemos os "primeiros e melhores" frutos das nossas colheitas. Quem oferece o que de melhor tem para Deus, para a Igreja e para os irmãos, além de tornar o seu coração bom e generoso, torna-se uma pessoa semelhante a Deus Amor, pois o amor é sempre generoso. Quando oferecemos o pior, o resto, o que é ruim, tornamo-nos mesquinhos.

A graça de Deus nos sustenta na caminhada

Um outro meio de santificação é acreditar em Deus de coração, professá-Lo sem nenhum medo e invocá-Lo em todos os momentos da nossa vida. A nossa fé não pode ser mais ou menos; nem apenas racional ou superficial. A nossa fé precisa ser de coração. É pela fé convicta que teremos forças para enfrentar e vencer as tentações que aparecem no nosso caminho.

A santidade é fruto da adoração. Adorando a Deus, como nosso único Senhor e Salvador, o nosso coração vai sendo purificado de todo "fermento podre", de todas as más inclinações e de todos os pecados. Quem adora a Deus, ouve a Sua voz e se esforça para fazer a Sua vontade. E quem faz a Vontade de Deus se torna Santo!

Na Bíblia e para o povo israelita, o deserto é o lugar para o despojamento que leva ao encontro com Deus e o lugar da "metanoia", ou seja, da mudança, transformação e conversão da vida. Façamos a experiência do deserto espiritual. Com Jesus e com Maria, percorramos este deserto com o desejo de um profundo encontro com Deus e uma verdadeira transformação de vida. Por melhor que seja uma pessoa, sempre tem algo para melhorar.

É preciso ter fé e coragem para ser santo. Ser santo significa ser de Deus e caminhar com Ele. Quem não caminha com Deus e quem não pertence a Ele, não é nada. Por isso, ou Santos ou nada!  Que fique no nosso coração este desejo: "Eu quero ser santo!".

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/santos-ou-nada-a-busca-pela-santidade-na-vida-cotidiana/