24 de maio de 2025

Entenda o porquê do título de Nossa Senhora Auxiliadora

O título de Nossa Senhora Auxiliadora é baseado na história da Igreja Católica e na especial devoção a Maria. Sua origem tem início, aproximadamente, no ano de 1571, quando ocorreu uma das maiores batalhas marítimas e sangrentas que já se tem registro: a Batalha de Lepanto, onde as forças cristãs conseguiram vencer o poderoso Império Otomano, uma ameaça à Igreja naquela época. Antes da Batalha, o Papa Pio V pediu aos fiéis que rezassem o Rosário pedindo a intercessão da Virgem Maria, que missas fossem celebradas de hora em hora, e que o povo fizesse penitência, porque essa luta seria difícil de ser vencida sem a intervenção divina. O império Otomano era o mais forte que havia naquela época, era o exército dos Mulçumanos, e eles queriam acabar com a fé católica e a Igreja Romana para ampliar o seu domínio, o seu império por toda a Europa.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

A desproporcionalidade dos exércitos era grande, o exército católico tinha, aproximadamente, 80 mil soldados, composto por escravos e prisioneiros condenados, possuindo 200 barcos dos mais simples; enquanto, do outro lado, os Mouros tinham 300 mil soldados e cinco vezes mais o número de barcos.

Então, no dia 4 de outubro, teve início a batalha. Quando os soldados do exército católico avistaram aquele numeroso exército, ficaram aterrorizados, mas não se deixaram abater pelo medo; muito pelo contrário, eles foram tomados por uma coragem sobrenatural e partiram para cima do exército Otomano. Tentaram resistir o quanto puderam e, já no final do dia, por volta das 18 horas, na hora do Angelus, o exército católico começou a ganhar a batalha, pois o próprio exército Otomano estava se autodestruindo. Por causa disso, muitos navios dos Mouros foram derrubados e afundados.

Alguns prisioneiros de guerra foram levados e interrogados; eles diziam que, depois das 18 horas, apareceu uma mulher cujo olhar lhes colocava medo, e eles ficaram assustados com tal mulher, o que os deixou desorientados e, assim,
acabaram por atacar o próprio exército.

Festa de Nossa Senhora das Vitórias

Após a vitória da batalha de Lepanto, a qual era quase impossível acontecer, o Papa viu que tal conquista foi por causa da intercessão de Nossa Senhora e as orações de todos os fiéis que haviam se unido em orações e súplicas. Em agradecimento a essa grande vitória, foi instituída a festa de Nossa Senhora das Vitórias, que, mais tarde, ficou conhecida como Nossa Senhora do Rosário. Depois desse acontecimento, foi adicionada, na Ladainha de Nossa Senhora, o título de "Maria, auxílio dos cristãos".

O Papa Clemente XI surgiu como uma pessoa que lutou muito e se empenhou para que essa festa fosse criada na nossa Igreja. O então Papa, movido por uma profunda devoção mariana, percebeu a importância de honrar Nossa Senhora sob o título de Auxiliadora dos Cristãos, reconhecendo a sua constante intercessão e seu auxílio às necessidades da Igreja e dos fiéis diante de tantas realidades, até mesmo as vitórias em grandes batalhas que eram impossíveis de ser conquistadas humanamente, sem a ajuda e a intercessão dela.


Com esse ardor e desejo de homenagear a sua Mãe espiritual, a Virgem Maria, ele convoca os mais sábios teólogos de sua época para estudar como se daria esse processo dentro da Igreja.

Foi feito um decreto papal que proclamava a festa de Nossa Senhora Auxiliadora, passando a ser uma celebração oficial dentro do calendário litúrgico da Igreja. Com essa festa em dedicação a Nossa Senhora, a devoção começou a crescer cada vez mais na Europa e em outros países fora desse continente, e todos começaram a conhecê-la como Nossa Senhora Auxiliadora.

A importância de Dom Bosco

Outro motivo que fez essa devoção ser propagada foi a devoção de um grande santo chamado João Bosco, mais conhecido como São João Bosco. Os Salesianos tinham como patrona da Congregação Salesiana, Nossa Senhora com o título de Auxiliadora, e os Salesianos espalharam essa devoção por todas as suas casas, por seus colégios, e essa devoção foi sendo colocada em seus oratórios com as crianças, com todos que passavam por suas casas. Podemos dizer que foram os salesianos que propagaram essa devoção pelo mundo afora. Em todas as casas ou colégios Salesianos há, em sua entrada, a imagem de Dom Bosco e de Nossa Senhora Auxiliadora.

Essa devoção precisa crescer cada dia mais, porque Nossa Senhora, que auxiliou a Igreja em tantas batalhas impossíveis de serem conquistadas, humanamente falando, quer continuar a auxiliar todos os seus filhos diante de todas as batalhas que são travadas diariamente; ela quer ser esse auxílio para todas as pessoas que estão desesperadas, estão sem saber o que fazer e a quem recorrer, estão travando verdadeiras batalhas contra um câncer ou alguma doença terminal, contra a depressão, a síndrome do pânico ou mesmo algum tipo de batalha espiritual. Maria quer nos dar a vitória contra todas essas coisas.

É preciso, no entanto, fazer como os cristãos que estavam prestes a ir para a batalha: eles jejuavam, faziam penitências, participavam de missas diárias e, principalmente, recitavam o santo rosário; assim, diante das causas impossíveis, Nossa Senhora vinha em auxílio de todos que recorriam a sua intercessão.

Nossa Senhora Auxiliadora, rogai por nós

Por isso essa devoção tem ultrapassado séculos adentro, pois não há quem tenha recorrido ao auxílio dela e não tenha sido atendido. Nas grandes tempestades que a Igreja passou, ela sempre foi seu auxílio; nos combates contra todas as heresias, foi Nossa Senhora quem auxiliou a Igreja; contra os inimigos que se levantaram tentando destruir a fé do povo de Deus, foi o Auxílio da Mãe de Deus que não permitiu aos inimigos prevalecer contra a Igreja de Cristo. Ela, que tem muitos nomes, mas é uma única pessoa, continue a nos auxiliar nessa caminhada rumo à pátria definitiva, que é o Céu.

Wesley Paulo
Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/entenda-o-porque-do-titulo-de-nossa-senhora-auxiliadora/

Será que mudar de profissão pode ser um bom negócio?

A escolha de uma profissão e a construção de uma carreira nem sempre são ações definitivas

Sílvio Santos, um dos comunicadores de maior prestígio no Brasil, foi comerciante, antes de se tornar empresário no ramo da comunicação. Sebastião Salgado, fotógrafo conhecido mundialmente, deixou a profissão de economista para se dedicar a um universo que, antes, era apenas diversão na vida dele. Esses exemplos mostram que a escolha de uma profissão e a construção de uma carreira nem sempre são ações definitivas. Mudanças profissionais precisam acontecer para quem está insatisfeito e em busca de oportunidades. A grande dúvida, que incomoda as pessoas, é definir o momento certo de romper com o antigo e partir para um desafio incomum.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Especialistas em recursos humanos e gestão de pessoas aconselham o indivíduo a fazer uma avaliação da atual situação que enfrenta no trabalho. Caso perceba que parou de aprender e está mergulhado numa repetição de tarefas, sem evoluir e com baixas perspectivas de crescimento, então, é chegada a hora de ampliar os rumos, buscar uma nova atividade.

É preciso ação e vontade para escolher uma profissão

Sair da zona de conforto (em que o salário que recebe é suficiente para pagar as contas) e arriscar-se requer coragem. Há mitos que prendem a evolução como: "Eu não tenho mais idade para isso, não quero arrumar problemas para minha cabeça" ou "Para homem é mais difícil"… Ninguém melhor do que a pessoa que sofre para tomar essa decisão.

Enfrentar o incerto é mais prazeroso do que ficar na morosidade, fazendo as tarefas por obrigação, sem vontade de levantar da cama para ir ao trabalho. As consequências de não agir diante da insatisfação são o surgimento de doenças psicossomáticas, tarefas mal feitas e problemas de relacionamento no local de trabalho. A apatia desenvolvida passa a afetar também aos colegas e familiares.


A transformação começa quando a pessoa incomodada se conscientiza de que precisa fazer algo. O processo de tomada de decisão não é curto nem pode ser impulsivo. Buscar uma atividade complementar auxilia neste período. Paralelo ao trabalho fixo que desenvolve, procure fazer algo secundário. Vender doces, artesanatos, cosméticos, ser voluntário em alguma instituição são ações que ajudarão a se descobrir em outras habilidades.

Querer o melhor, ter prazer em fazer parte de uma equipe de sucesso não pode ser considerado um sonho inatingível. A mudança está em você, não nos outros. Existem infinitas opções para quem está disposto a trabalhar com afinco e responsabilidade. É preciso ação e vontade. Comece a se preparar.

Equipe de Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/sera-que-mudar-de-profissao-pode-ser-um-bom-negocio/

Bebês “Reborn”: separar a fantasia da realidade

"Reborn" não significa renascido

"Fizeste-nos para Ti e inquieto está nosso coração enquanto não repousa em Ti". Estamos vivendo um tempo de verdadeira mudança de valores. Perdendo a direção no caminho que nos leva ao Céu. Por isso, de algum modo, Santo Agostinho conseguiu resumir bem, nesta frase, o que poderia sanar essa inquietude do coração humano. Descansar no Senhor.

Crédito: Freila / GettyImages

O que vemos, nestes últimos dias com o debate sobre a aquisição de bonecos hiper-realistas, chamados de "baby reborn", ou numa tradução livre "bebê renascido" não exprime realmente o significado da palavra "reborn", não se trata de renascimento, mesmo porque ninguém pode "renascer", a não ser renascer do alto, do Espírito Santo de Deus. Neste renascimento dado pelo Batismo, nós cristãos verdadeiramente professamos que cremos.

Um modo de tratamento para condições psicológicas

O termo diz respeito a um boneco de silicone hiper-realista, ou seja, que parece muito com bebês humanos. Muitas pessoas têm adquirido esses bonecos como modo de tratamento para condições psicológicas ou por apenas Hobbie.

Todavia, em alguns casos, podem manifestar também pontos de inquietude interior. Diante dessa realidade, o mercado procura dar uma resposta criando e oferecendo produtos como respostas. Desse modo, o amor presente em nosso coração não é direcionado para Deus nem para o próximo como nos pede o primeiro e o segundo Mandamento, mas para coisas efêmeras, passageiras e, para usarmos a linguagem atual, para as coisas artificiais.


Sim, estamos vivendo o período do artificial. E este tempo começou, de algum modo, há algumas décadas com o advento dos produtos industrializados, ditos com sabores, aromas e texturas artificiais. Agora, essa realidade, aos poucos, vai adentrando as relações humanas, principalmente devido ao advento das redes sociais que projeta também um "avatar" da sua personalidade.

Do desprezo pelo semelhante à exaltação de coisas

Ainda, estes "bebês" transportam para si uma carga de significado, dado por algumas pessoas, e que, anteriormente, era doado à pessoa humana. Ou seja, doação do tempo, cuidados especiais, sentimentos de pertença familiar etc. É claro que tem quem os trate como aquilo que de fato são, bonecos hiper-realistas. Eles podem sim ser adquiridos com o intuito do brincar, do laser, da distração, como se faz com qualquer brinquedo; e os que adquirem com o intuito de realizar o desejo de serem pais, buscam uma relação segura, sem frustrações, privando-se das exigências próprias da maternidade.

Do desprezo pelo semelhante

O que se questiona não é o fato disso ser tratado como tal, reconhecendo seu fim, seu propósito. A questão está no fato de darmos um estatuto humanístico para coisas que não são humanas. Ao passo que deixamos de defender a vida desde a sua concepção e favorecemos a sua interrupção, com leis a favor do aborto. Está no ponto do desprezo pelo semelhante e na exaltação de coisas. É quando o legislador civil deixa de se preocupar com situações difíceis da sociedade, como o combate à desigualdade social; a segurança pública; melhorar os recursos hospitalares para se dedicar a debater um estatuto e ou celebrações de coisas.

A escolha pelas coisas que edificam e exaltam a Deus

Estamos, realmente, inquietos, e somente descansaremos quando compreendermos que devemos direcionar nossas energias para as coisas eternas, para as coisas que nos salvam. Somente repousaremos dessas ambiguidades e dos conflitos interiores quando fizermos a escolha pelas coisas que edificam e exaltam a Deus primeiramente, a nós e ao próximo.

Somente repousaremos quando percebermos que esses bonecos de silicone, que possuem mecanismos sofisticados para realizar alguns movimentos, perderão as energias e se apagarão, enquanto a nossa alma, se repousa em Deus, jamais se apagará.

Pe. Jaelson Cerqueira Santos
Diocese de Teixeira de Freitas/Caravelas / Mestrando em Teologia Moral


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/bebes-reborn-separar-a-fantasia-da-realidade/

23 de maio de 2025

Leão XIV e o martírio nos dias de hoje

O martírio permanece uma realidade dolorosa e atual

O Papa Leão XIV, 267º sucessor de São Pedro – apóstolo martirizado durante a perseguição de Nero em 64 d.C. – assumiu o pontificado sob intensa atenção mundial, com olhares voltados para a tão aguardada fumaça branca. Sua eleição, como primeiro papa nascido nos Estados Unidos, despertou grande curiosidade sobre sua trajetória, especialmente sua experiência missionária no Peru. Imagens de sua vida, celebrações familiares e até momentos descontraídos viralizaram nas redes sociais. Entre esses registros, um vídeo se destacou. Durante uma homilia no Crisma, no Peru, Dom Robert Prevost abordou o significado do martírio nos dias atuais:

"Provavelmente, nenhum de nós será chamado ao derramamento de sangue. Não enfrentamos perseguições como nos primeiros séculos. Mas há outras formas de perseguição, como o escárnio. Muitos de vocês já ouviram de colegas ou familiares: 'Por que perder tempo com Igreja e religião? Os católicos são todos corruptos, narcisistas, mentirosos… Por que crer em Deus quando se pode viver uma vida cômoda, cheia de prazeres?' Isso também é perseguição. Receber o Crisma é declarar publicamente sua fé, assumir a maturidade cristã e estar disposto a viver – e até morrer – alegremente por sua vocação. Desde o batismo, somos chamados à fidelidade, ao seguimento de Jesus Cristo e à busca da vida eterna."

Créditos: Domínio Público.

Embora o martírio possa parecer algo do passado, ele permanece uma realidade dolorosa e atual. Pesquisadores ligados à Comissão Vaticana para análise de casos de martírio receberam mais de 20 mil relatos de todo o mundo, resultando em uma lista de 3.400 mártires apenas entre 1996 e 2000. O Papa Francisco enfatizou: "Hoje, temos mais mártires do que nos primeiros séculos".

"No passado, cristãos eram lançados às feras no Coliseu para entretenimento. Hoje, no anonimato e esquecimento, muitos ainda são mortos ou perseguidos enquanto rezam ou celebram missa. A disposição da alma, porém, é a mesma: ontem e hoje", afirmou o Papa Francisco em um discurso em 2018.


A perseguição religiosa, infelizmente, continua a crescer. Segundo dados recentes, a liberdade religiosa é gravemente violada em 61 países, com assassinatos e sequestros por causa da fé ocorrendo em ao menos 40 deles. Aproximadamente 62% da população mundial vive em locais onde há violações graves ou gravíssimas desse direito fundamental.

Ser cristão ainda custa a vida em muitos lugares do mundo

Atualmente, cristãos de 18 países enfrentam discriminação, prisão, deslocamento forçado e até assassinato. Segundo relatório da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, esses países incluem: Arábia Saudita, Egito, Nicarágua, Burkina Faso, Nigéria, Moçambique, Turquia, Síria, Iraque, Irã, Paquistão, Índia, Coreia do Norte, China, Vietnã, Mianmar, Eritreia e Sudão.

A palavra "mártir" vem do grego martyria (μάρτυς), que significa "testemunha". No cristianismo, mártir é aquele que testemunha sua fé até as últimas consequências, mesmo diante da perseguição e da morte. Como diz o Evangelho:

"Sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e jogados na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Será uma ocasião para dardes testemunho. (…) Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. Alguns de vós matarão. Sereis odiados por todos, por causa do meu nome." (Lc 21,12-13.16-17)

O martírio, portanto, não é apenas uma memória histórica, mas uma realidade viva, que desafia e inspira os cristãos a permanecerem fiéis ao Evangelho, mesmo diante das adversidades do nosso tempo.

Rodrigo Luiz dos Santos
Missionário na Canção Nova, Rodrigo Luiz formou-se em Jornalismo pela Faculdade Canção Nova. É casado com Adelita Stoebel, também missionária na mesma comunidade. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/leao-xiv-e-o-martirio-nos-dias-de-hoje/

22 de maio de 2025

A importância do diálogo para o desenvolvimento do ser humano

Dialogar é o caminho da permanente construção da vida social, familiar e individual

A tarefa de construir o bem comum necessita, acima de tudo, de diálogo. Dialogar qualifica a capacidade humana de se dirigir ao outro, nas diferenças e nos parâmetros racionais das oposições. Permite também estabelecer uma relação com a lucidez de discernimentos e escolhas. Trata-se de prática que não oferece espaço para o ódio, vinganças e o aproveitamento espúrio de oportunidades para obter ganhos na contramão do bem comum. A ausência do diálogo permanente, em todas as esferas das relações humanas, explica o nascimento de descompassos, as mazelas de escolhas, os absurdos dos procedimentos que comprometem legalidades e produzem os leitos da corrupção.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Somente pela via do diálogo os muitos segmentos da sociedade construirão o tecido de uma cultura que sustente princípios e legalidades. As guerras, os acirramentos partidários, o recrudescimento da violência, os fundamentalismos – religiosos e políticos -, as inimizades, as crises familiares, tudo advém de incompetências humanas na essencial capacidade para dialogar. Uma qualidade fundamental para se escolher bem, decidir e garantir rumos adequados. Quando falta a indispensável competência da reciprocidade conquistada pelo diálogo, as consequências são sempre desastrosas.

A qualidade do diálogo

Só o diálogo constrói entendimentos que levam à compreensão das mudanças e transformações tão velozes neste tempo. A vivência desse exercício mostra a importância da participação cidadã. Garante lucidez na condução de processos e engradece a alma, fazendo-a apreciar o que se baseia no altruísmo. Sem a abertura para a reciprocidade nos exercícios relacionais em diferentes ambientes – do aconchego da vida familiar aos grupos religiosos, culturais e políticos -, o que se faz torna-se desserviço. Líderes incapacitados para o diálogo, particularmente no âmbito da política, são obstáculos nos funcionamentos da sociedade, prejudicando o bem comum.


O diálogo, longe de ser "conversa fiada", fofoca, palavras trocadas pelo simples gosto de falar – especialmente aquele gosto muito comum de se falar dos outros -, é a construção de entendimentos que dão suporte para a criação e manutenção do ethos do altruísmo, da seriedade no que se faz e da busca pela verdade. Promove, assim, a coragem da transparência, em todos os sentidos e níveis, balizando na honestidade relações e funcionamentos. A qualidade do diálogo depende muito da visão construída no horizonte dos cidadãos, para além de paixões partidárias. O exercício do diálogo alarga a visão de mundo do cidadão, os horizontes dos funcionamentos institucionais. Permite alcançar a compreensão que anima a indispensável autoestima, a consciência histórica e a configuração política merecedora de credibilidade. Nesse sentido, o diálogo é força para fazer com que a sociedade seja verdadeiramente democrática, capaz de respeitar e promover, com fecundidade, o bem comum.

O diálogo é remédio para curar irracionalidades

Dialogar é o caminho da permanente construção da vida social, familiar e individual. O diálogo é remédio para curar irracionalidades, tônico que fortalece entendimentos cidadãos, intervenção que alarga as estreitezas de interpretações. O princípio do bem comum é o que deve nortear a sociabilidade, superando, assim, radicalismos e violências. Para além de qualquer simples interesse, sobretudo daquele que nasce da idolatria do dinheiro, cada cidadão tem a tarefa de preservar e de promover esse princípio.

O respeito e a promoção do bem comum são deveres de todos. Por isso, ecoe em todo canto, e permeie os tecidos da cultura na sociedade atual, na particularidade do momento vivido na sociedade brasileira, a autoridade do convite e da recomendação do Papa Francisco, dirigindo-se aos brasileiros: é preciso investir todas as forças no diálogo para reconstruções, respeito a legalidades e encontro das indispensáveis saídas, evitando descompassos que comprometam a civilidade, a ordem e a justiça. Acima de tudo, os segmentos diversos da sociedade, para superar mediocridades, partidarismos, radicalismos de todo tipo, fecundando nova cultura, precisam estar em diálogo pelo bem comum.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/em-dialogo-pelo-bem/

21 de maio de 2025

Como se relacionar com Nossa Senhora no dia a dia?

Cada paróquia no Brasil tem um título de Nossa Senhora que ganha destaque na comunidade local. Quando se aproxima a festa relacionada a esse título mariano, a paróquia se mobiliza, faz novena, quermesse e celebra muito a festividade.

Nossa Senhora só está presente em nossa vida nesses momentos particulares? Somos fiéis devotos dela, mas só pedimos sua intercessão nas Missas celebrativas ou quando estamos com problemas a resolver? Não é esse o desejo de Deus ao nos dar Maria como Mãe, nem é o desejo dela ao nos assumir como filhos. Ela quer participar do nosso dia a dia, auxiliando-nos e fortalecendo-nos na caminhada até Deus.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Trazer Nossa Senhora para perto

São Bernardo nos ensina que "nos perigos, nas angústias e dúvidas, devemos pensar em Maria, invocando-a". São Boaventura afirma: "Jamais li que algum santo não tivesse sido devoto especial da Santíssima Virgem". Na oração da Ladainha de Nossa Senhora, nós a chamamos de "auxílio dos cristãos". Sim, ela o é! Nossa Senhora é Auxiliadora!

No Evangelho de João 19,26-27, vemos que "Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse a ela: 'Mulher, eis o teu filho!'. Depois, disse ao discípulo: 'Eis a tua mãe!'. A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu'".

Papa Francisco, ao meditar essa leitura, fala-nos: "Temos uma Mãe que está conosco, que nos protege, acompanha e ajuda também nos tempos difíceis, nos maus momentos".

A maternidade de Maria

Podemos encontrar um vasto conteúdo nos escritos dos Papas e Santos da Igreja mostrando-nos a real maternidade de Maria. A resposta de João às Palavras do Cristo na cruz nos mostra qual deve ser nossa postura ao acolher a Virgem Santa como Mãe: "A partir daquela hora, o discípulo a acolhe no que era seu". Esse é o centro do relacionamento materno entre Maria e seus filhos, não somente crer na maternidade, mas trazer Nossa Senhora para perto, colocá-la a par dos acontecimentos e sentimentos que, diariamente, compõem nossa vida, e para isso há um caminho eficaz: a oração.

Seja o Rosário, o Ofício, a Ladainha ou uma jaculatória que invoca a proteção da Santíssima Virgem, seja um momento longo ou um breve elevar da alma até o colo sublime da Mãe de Deus, o certo é que devemos seguir o exemplo de João e trazer Maria para tudo o que nos pertence. Apresentar a ela nossos conflitos e medos, nossas vitórias e projetos, e tê-la como Mãe é encontrar nela uma companheira para o dia a dia.

Muitas vezes, durante o meu dia, elevo meu coração a Maria. Além de rezar o Santo Terço, vou colocando-me nas mãos dela no decorrer das horas e dos fatos ocorridos. Quando estou realizando algum trabalho, para o qual não tenho muito domínio, vou pedindo a Maria que venha em meu auxílio. Quando vivo uma situação difícil, busco nela um apoio.


Mostra-te, Mãe

Na Carta Encíclica Adiutricem Populi, Papa Leão XIII fala de uma jaculatória simples, mas eficaz: "Mostra-te, Mãe". Ele convida os cristãos a invocar Maria nos acontecimentos do dia e pedir sua presença ou seu conselho.

Maria não somente quer nos acolher como filhos, como deseja nos acompanhar por toda nossa peregrinação aqui na Terra rumo à morada eterna.

Nos acontecimentos duros da vida, nos momentos de solidão e dor, alegria e realização, clamemos essa simples oração que nos ensina o Santo Padre: "Mostra-te, Mãe". Confiemos: aquela que acompanhou Jesus até o Calvário também nos acompanhará por todos os caminhos.

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/como-se-relacionar-com-nossa-senhora-no-dia-a-dia/

20 de maio de 2025

Igreja e Reino de Deus

O Concílio Vaticano II ensina que o Reino de Deus se identifica com a Igreja.
"A Igreja recebe a missão de anunciar e estabelecer em todas as gentes o Reino de Cristo e de Deus, e constitui ela própria na terra o germe e o início desse Reino" (LG, 5).

Portanto, Cristo fundou a Igreja sobre Pedro e os Apóstolos para que ela fosse a "semente" do Reino de Deus, que Ele veio inaugurar entre os homens. Sem a Igreja não pode haver, então, o Reino de Deus.
As próprias imagens são sinais que Jesus usou para revelar a Igreja, e mostram a sua natureza íntima e a sua missão.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Na "plenitude dos tempos" (Gal 4,4), Deus enviou o seu Filho ao mundo para realizar o plano da salvação. Esta é a Missão de Jesus, porque o Pai quis "restaurar todas as coisas em Cristo" (Ef 1,10). Para cumprir a vontade do Pai, Jesus inaugurou na terra o Reino dos Céus, através da instituição da Igreja e do anúncio do Evangelho.

"A Igreja, diz o Concílio, reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus…" (LG 3).

Note bem que com esta expressão o Concílio identifica a Igreja com o Reino de Cristo, já presente neste mundo em mistério.
Jesus iniciou a Igreja pregando a Boa Nova, a Boa Notícia, isto é, a "chegada do Reino de Deus" aos homens, prometido nas Escrituras havia séculos. "Os tempos estão cumpridos, e o Reino de Deus está iminente" (Mc 1,15).

Pela presença de Jesus, por suas palavras e por seus milagres, o Reino de Deus começa a surgir entre os homens.
"Mas, se Eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, é que chegou até vós o Reino de Deus" (Lc 11,20; Mt 12,28).

O germe e o começo do Reino é aquele "pequeno rebanho" que Jesus chamou para viver com Ele e dos quais se tornou Pastor.
"Não temas, pequeno rebanho, porque foi do agrado de nosso Pai dar-vos o Reino" (Lc 12,32).

É nesse "pequeno rebanho" de discípulos que surge a Igreja destinada a ser a "família de Deus" (Ef 2,20). Era a família de Jesus, que ele cuidou como o bom Pastor. "Eu sou o bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim" (Jo 10,14).

Ela é comparada pelo Senhor a um redil, cuja porta única e necessária é Cristo.
"Em verdade eu vos digo: eu sou a porta das ovelhas… Se alguém entrar por mim será salvo" (Jo 10,8-9).
A Igreja é o rebanho de Deus; Ele mesmo é o seu Pastor. Embora seja guiado por pastores humanos, no entanto, são conduzidos e alimentadas pelo próprio Cristo.

Equipe de Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/igreja-e-reino-de-deus/