6 de maio de 2025

Santa Rita de Cássia, intercessora das famílias e das causas impossíveis

Uma infância cheia de devoção

A pequena periferia de Roccaporena, na Úmbria, foi berço de Margarida Lotti, provavelmente por volta de 1371, chamada com o diminutivo de "Rita". Seus pais, humildes camponeses e pacificadores, procuraram dar-lhe uma boa educação escolar e religiosa na vizinha cidade de Cássia, onde a instrução era confiada aos Agostinianos. Naquele contexto, amadurece a devoção a Santo Agostinho, São João Batista e São Nicolau de Tolentino, que Rita escolheu como seus protetores.

Mulher e mãe dedicada

Por volta de 1385, a jovem se uniu em matrimônio com Paulo de Ferdinando de Mancino. A sociedade de então era caracterizada por diversas contendas e rivalidades políticas, nas quais seu marido estava envolvido. Mas a jovem esposa, através da sua oração, serenidade e capacidade de apaziguar, herdadas pelos pais, o ajudou a viver, aos poucos, como cristão de modo mais autêntico. Com amor, compreensão e paciência, a união entre Rita e Paulo tornou-se fecunda, embelezada pelo nascimento de dois filhos: Giangiacomo e Paulo Maria. Porém, a espiral de ódio das facções políticas da época acometeram seu lar doméstico.

Assassinato do esposo e perdão

O esposo de Rita, que se encontrava envolvido também por vínculos de parentela, foi assassinado. Para evitar a vingança dos filhos, escondeu a camisa ensanguentada do pai. Em seu coração, Rita perdoou os assassinos do seu marido, mas a família Mancino não se resignou e fazia pressão, a ponto de desatar rancores e hostilidades. Rita continuava a rezar, para que não fosse derramado mais sangue, fazendo da oração a sua arma e consolação. 

Doença dos filhos

Entretanto, as tribulações não faltaram. Uma doença causou a morte de Giangiacomo e de Paulo Maria; seu único conforto foi pensar que, pelo menos, suas almas foram salvas, sem mais correr o risco de serem envolvidos pelo clima de represálias, provocado pelo assassinato do marido. Tendo ficado sozinha, Rita intensificou sua vida de oração, seja pelos seus queridos defuntos, seja pela família de Mancino, para que perdoasse e encontrasse a paz.  

Pedido recusado

Com a idade de 36 anos, Rita pediu para ser admitida na comunidade das monjas agostinianas do Mosteiro de Santa Maria Madalena de Cássia. Porém, seu pedido foi recusado: as religiosas temiam, talvez, que a entrada da viúva de um homem assassinado pudesse comprometer a segurança do Convento. No entanto, as orações de Rita e as intercessões dos seus Santos protetores levaram à pacificação das famílias envolvidas na morte de Paulo de Mancino e, após tantas dificuldades, ela conseguiu entrar para o Mosteiro.

Monja Agostiniana

Narra-se que, durante o Noviciado, para provar a humildade de Rita, a Abadessa pediu-lhe para regar o tronco seco de uma planta, e sua obediência foi premiada por Deus, pois a videira, até hoje, é vigorosa. Com o passar dos anos, Rita distinguiu-se como religiosa humilde, zelosa na oração e nos trabalhos que lhe eram confiados, capaz de fazer frequentes jejuns e penitências. Suas virtudes tornaram-se famosas até fora dos muros do Mosteiro, também por causa das suas obras de caridade, juntamente com algumas coirmãs; além da sua vida de oração, ela visitava os idosos, cuidava dos enfermos e assistia aos pobres.

A Santa das rosas

Cada vez mais imersa na contemplação de Cristo, Rita pediu-lhe para participar da Sua Paixão. Em 1432, absorvida em oração, recebeu a ferida na fronte de um espinho da coroa do Crucifixo. O estigma permaneceu, por quinze anos, até a sua morte. No inverno, que precedeu a sua morte, enferma e obrigada a ficar acamada, Rita pediu a uma prima, que lhe veio visitar em Roccaporena, dois figos e uma rosa do jardim da casa paterna. Era janeiro, período de inverno na Itália, mas a jovem aceitou seu pedido, pensando que Rita estivesse delirando por causa da doença. Ao voltar para casa, ficou maravilhada por ver a rosa e os figos no jardim e, imediatamente, os levou a Rita. Para ela, estes eram sinais da bondade de Deus, que acolheu no Céu seus dois filhos e seu marido.

Veneração de Rita

Santa Rita expirou na noite entre 21 e 22 de maio de 1447. Devido ao grande culto que brotou logo depois da sua morte, o corpo de Rita nunca foi enterrado, mas mantido em uma urna de vidro. Rita conseguiu reflorescer, apesar dos espinhos que a vida lhe reservou, espalhando o bom perfume de Cristo e aquecendo tantos corações no seu gélido inverno. Por este motivo e em recordação do prodígio de Roccaporena, a rosa é, por excelência, o símbolo de Rita.

A minha oração

"Rita, grande intercessora das famílias, a ti pedimos verdadeiras graças de conversão sobre aqueles aos quais amamos. Tuas rosas são sinais de salvação, por isso, te pedidos a paciência e o perdão, a oração e intercessão, ajuda-nos de forma concreta nesta luta. Amém!"

Santa Rita de Cássia , rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 22 de maio:

  1.   Na África Setentrional, os santos Casto e Emílio, mártires. († 203)
  2.   Em Comana, no Ponto, hoje Gumenek, na Turquia, São Basilisco, bispo e mártir. († s. IV)
  3.   Na ilha da Córsega, região da França, a comemoração de Santa Júlia, virgem e mártir. († data inc)
  4.   Em Aire-sur-l'Adour, na Aquitânia, hoje na França, Santa Quitéria, virgem. († data inc)
  5. Em Angoulême, também na Aquitânia, Santo Ausónio, considerado o primeiro bispo desta cidade. († s. IV/V)
  6. Em Limoges, na mesma região da Aquitânia, São Lopo, bispo, que aprovou a fundação do mosteiro de Solignac. († 637)
  7. Em Parma, na Emília-Romanha, região da Itália, São João, abade. († s. X)
  8. Em Pistóia, na Etrúria, hoje na Toscana, também região da Itália, Santo Atão, bispo. († c. 1153)
  9. Em Florença, também na Etrúria, hoje na Toscana, a Beata Humildade (Rosana), depois de casada, foi abadessa e se associou à Ordem de Valumbrosa. († 1310)
  10. Em Londres, na Inglaterra, o Beato João Forest, presbítero da Ordem dos Frades Menores e mártir. († 1538)
  11. Em Kori, cidade do Japão, os beatos Pedro da Assunção, da Ordem dos Frades Menores, e João Baptista Machado, da Companhia de Jesus, presbíteros e mártires. († 1617)
  12. Em Omura, também no Japão, o Beato Matias de Arima, mártir. († 1620)
  13. No Aname, no atual Vietnam, São Miguel Ho Dinh Hy, mártir. († 1857)
  14. Em An-Xá, cidade do Tonquim, também no actual Vietnam, São Domingos Ngon, mártir, pai de família e agricultor. († 1862)
  15. Em Lucca, na Toscana, região da Itália, a Beata Maria Domingas Brun Barbantíni, religiosa, que fundou a Congregação das Irmãs Ministras dos Enfermos de São Camilo. († 1868)

Fontes:

– Pesquisa e redação: Rafael Vitto – Comunidade Canção Nova

– Produção e edição: Fernando Fantini – Comunidade Canção Nova

O jovem é chamado a ter um espírito de ousadia!

A vontade de Deus é sempre melhor do que a nossa

Na nossa vida de intimidade com Deus, sempre chega um momento em que o Senhor nos pede algo a mais. Muitas vezes, nos encontramos naquele mesmo cenário da parábola do jovem rico, que vivia os mandamentos e era uma pessoa boa, mas quando o Senhor lhe pediu para dar todos os seus bens aos pobres e O seguir, aquele jovem foi embora entristecido.

Você já se encontrou na situação onde Deus o convida a fazer algo que lhe custa muito? Eu já! Quantas vezes tive medo de me entregar totalmente a Deus porque não queria que a vontade d'Ele fosse diferente da minha e me apeguei aos meus "bens", como o comodismo e o conforto, em vez de largar tudo e segui-Lo. 

Às vezes, é difícil compreender que a vontade de Deus é sempre melhor do que a nossa! O jovem rico ficou sozinho e triste porque não se entregou livremente a Deus, ele não teve a ousadia de atender ao chamado do Senhor e de aceitar a graça.

Créditos: FluxFactory by GettyImages./cancaonova.com

Um conselho para nós

E é aí que eu faço um lembrete para mim e para você, um conselho de Paulo ao jovem Timóteo: "Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de força, de amor e de moderação" (II Tm 1,7). 

Uma característica presente na vida dos apóstolos e de todos os outros santos é a ousadia. Eles tinham a coragem para pregar o Evangelho e abandonar tudo para fazer a vontade de Deus. Isso faz parte da identidade cristã.

Seguir os mandamentos, ter uma vida de oração e frequentar os Sacramentos é a base, mas não paramos nisso. Nós todos somos chamados a crer no Evangelho e, depois, anunciá-Lo a toda criatura. Somos convidados a seguir Jesus, mas carregando a nossa cruz, renunciando a nossa vontade por amor a Ele. Somos convocados a ter esse espírito de ousadia!


Sair do nosso conforto

Deus sempre vai nos pedir algo que nos custa. Muitas vezes, vai doer fazer o que Ele nos pede, porque, no início, não conseguimos enxergar os frutos que virão ao escolher a vontade d'Ele e sair do nosso conforto. Contudo, quando decidimos deixar os nossos "bens" para segui-Lo e carregar a nossa cruz, então, aos poucos, o Senhor vai nos revelando que fizemos a escolha certa, vamos percebendo que o caminho é, sim, frutuoso e que amadurecemos muito mais do que se tivéssemos recusado a graça. 

O Senhor nos espera! E Ele quer contar com a juventude para espalhar a Boa Nova. Ele quer jovens que tenham essa coragem, que desejem a santidade. O que está nos prendendo? O que está nos impedindo de aceitar esse chamado? Quais são os bens que você possui e dos quais não quer desapegar?

Entregue todos esses medos a Deus e peça a graça de ter coragem para escolher a vontade d'Ele. E, aproveitando o tema da Jornada Mundial da Juventude, "Maria levantou-se e partiu apressadamente" (Lc 1,39), vamos recorrer ao maior exemplo de ousadia: Nossa Senhora! Ela não pensou duas vezes, aceitou a vontade de Deus e, apressadamente, partiu ao encontro de sua prima para servir e levar a presença de Cristo aos outros, como nós devemos fazer. 

Coragem! Encorajados pelas palavras de São João Paulo II: "Jovens de todos os continentes, não tenhais medo de ser os santos do novo milênio!", vamos juntos gastar a nossa juventude por amor a Deus!

Maria Luiza Ferreira
integrante do @thepoiint


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-jovem-e-chamado-a-ter-um-espirito-de-ousadia/

5 de maio de 2025

Treze conselhos do Papa Francisco para ser santo

"Santos escondidos" vivem seu itinerário de imitação de Cristo no dia a dia. Em uma celebração na Basílica São Paulo Fora dos Muros, em 14 de abril de 2013, Bergoglio falou sobre a "classe média da santidade", como dizia o escritor francês, Joseph Malegue.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Papa Francisco afirma que a santidade é acessível a todos

Abaixo, elenco treze conselhos mencionados por Francisco em diferentes ocasiões para alcançar a santidade.

1. Santo não é super-herói

Muito ao contrário do que se pensa, santos não são super-heróis, mas pecadores. Um caminho que compreende humildade e sofrimento para deixar que Cristo nos santifique. "Humilhação nossa, para que o Senhor cresça", é regra da santidade. "Os Santos não são super-homens e nem nasceram perfeitos. São pessoas que, antes de chegar à glória do céu, viveram uma vida normal, com alegrias e tristezas, fatigas e esperanças, mas, quando conheceram o amor de Deus, o seguiram de coração, sem nenhuma condição ou hipocrisia".

2.Inimigos podem ser santos

Ao citar a conversão de São Paulo, que de inimigo da Igreja tornou-se santo, o Papa Francisco garante que o coração de Saulo mudou, mas Paulo não se tornou um herói. Ele pregou o Evangelho em todo o mundo e terminou a vida com um pequeno grupo de amigos, em Roma, até ser morto, à imitação de Jesus Cristo.

3. Não existe curso de santidade

O Papa explica que as Cartas de São Paulo são endereçadas a pessoas que pecam, mas são filhos da Igreja santificada pelo Corpo e Sangue de Cristo. "A santidade é um dom de Jesus à sua Igreja e para fazer ver isto Ele escolhe pessoas em que se vê claro o seu trabalho para santificar", afirma o Santo Padre.

4. Santidade é vocação para todos

"Os Santos, amigos de Deus, asseguram-nos que essa promessa não decepciona. Em sua existência terrena, eles viveram em profunda comunhão com Deus, tornando-se semelhantes a Ele. No rosto dos irmãos humildes e desprezados, eles viram o rosto de Deus, e agora o contemplam face a face em sua beleza gloriosa", disse Francisco.

5. Servir com alegria

Os santos "dedicaram suas vidas a serviço dos outros, suportaram sofrimentos e adversidades sem odiar e respondendo ao mal com o bem, difundindo alegria e paz. Os santos nunca odiaram. O amor é de Deus, mas o ódio vem de quem? Vem do diabo. Os santos são homens e mulheres que têm alegria no coração e a transmitem aos outros. Não devemos odiar os outros, mas servir aos outros, aos necessitados, rezar e se alegrar: este é o caminho da santidade".

6. Não é privilégio de poucos

"Ser santos não é um privilégio de poucos, como se alguém recebesse uma grande herança. Todos nós recebemos a herança de nos tornarmos Santos no Batismo. Ser santo é uma vocação para todos. Todos nós somos chamados a percorrer o caminho da santidade, e o caminho que leva à santidade tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. No Evangelho, Ele nos mostra a estrada das Bem-Aventuranças".

7. Santidade em comunidade

O Papa convida a aceitar o chamado à santidade com alegria e a sustentar o próximo, porque não se percorre sozinho o caminho da santidade, mas juntos, no único corpo que é a Igreja, amada e santificada pelo Senhor Jesus Cristo. "Vamos em frente com ânimo, neste caminho da santidade", convida.


8. Não precisa ser padre ou bispo

"Para ser santo, não é preciso ser bispo, padre ou religioso: não, todos somos chamados a ser santos! Muitas vezes, somos tentados a pensar que a santidade só está reservada àqueles que têm a possibilidade de se desapegar dos afazeres normais para se dedicar exclusivamente à oração".

9. Santos no dia a dia

A santidade se faz no testemunho cristão nas ocupações de cada dia e no estado de vida em que se encontra: consagrado, casado, solteiro. O que se espera que se cumpra com honestidade e competência o trabalho, oferecendo tempo ao serviço dos irmãos. "Ali onde você trabalha você pode se tornar santo", completa o Pontífice.

10. Cara de santinho

A santidade é consistente, não é oca. "Alguns pensam que a santidade é fechar os olhos e fazer cara de santinho! Não, a santidade não é isso! A santidade é algo maior, mais profundo, que Deus nos dá". O Senhor não nos chama para algo pesado, triste. Ele convida a compartilhar a alegria.

11. Pais e avós santos

Ao ensinar com paixão aos filhos ou aos netos a seguir Jesus, alcança-se a santidade. Ser bons pais e avós exige muita paciência. É justamente exercitando essa paciência que acontece a santidade.

12. Sem fofoca

Um passo importante é não falar mal de ninguém. O Papa dá como exemplo um mulher que vai ao mercado fazer compras e encontra uma vizinha. Começam a falar "e, depois, vêm os mexericos". Mas, quando a mulher decide romper com esta atitude e diz: "Não, não, não,
não posso dizer mal de ninguém", torna-se um passo para a santidade.

13. Orar para ser santo

A oração é um outro passo para a santidade. Ir à missa ao domingo, comungar, confessar-se. A recitação do Rosário contribui para nossa santidade. Ao rezar na rua, ver um pobre, devemos parar e dar atenção a esse necessitado: é um passo rumo à santidade! São pequenas coisas. "Cada passo rumo à santidade fará de nós pessoas melhores, livres do egoísmo e do fechamento em nós mesmos, abertos aos irmãos e às suas necessidades", ensina Francisco.

Depois de ler essas treze orientações, faça um exame de consciência. A proposta é do próprio Papa Francisco: "Como respondemos até agora ao chamamento do Senhor à santidade? Tenho a vontade de me tornar um pouco melhor, de ser mais cristão, mais cristã? Esta é a estrada da santidade".

Rodrigo Luiz dos Santos


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/treze-conselhos-do-papa-francisco-para-ser-santo/

4 de maio de 2025

Os aprendizes da vida e das vozes

Todos somos aprendizes

Da vida, todos somos aprendizes, pois a riqueza e o sentido do viver não permitem simplismos. Enquanto dom e tarefa, a vida é mistério. Por isso mesmo, não cabe nos limites de legislações, ultrapassa considerações políticas, não havendo abordagem confessional em que se encerre. Impossível esgotar-lhe o sentido, por mais completa que seja a narrativa. E o seu entendimento exige peregrinar às suas raízes, a seus sentidos, aos alicerces.

A vida é mistério, pelas profundezas de suas origens, e fonte, pela profundidade de sentido. Na sua maestria, Jesus a coloca como meta de sua missão ao dizer: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância", conferindo-lhe sacralidade e constituindo a misericórdia como o parâmetro mais alto de seu adequado tratamento. Assim, institui e eleva, para os que n'Ele creem, o valor incomparável da pessoa humana. A vida é, pois, dom que se estende para além das circunstâncias da existência terrena, porque consiste na participação da própria vida em Deus. E a sublimidade própria da vida de cada pessoa revela a grandeza e o valor precioso da vida de toda a humanidade.

DOM WALMOR

Foto Ilustrativa: by Getty Images / RichVintage

Aprendizes da vida

O Evangelho da vida acena com a condição de aprendizes a todos os que têm a vida como dom e tarefa. Sua preciosidade se manifesta, de modo completo, na encarnação do filho de Deus, ao aceitar a morte na cruz pelo resgate de todos. Firma-se, assim, entre Deus e a humanidade, o compromisso inarredável de defender a vida de todas as ameaças, em todas as suas etapas. Compromisso que deve se fortalecer neste tempo de impressionante multiplicação e agravamento das ameaças à vida humana, a nações inteiras, particularmente aos indefesos e vulneráveis. São muitas as chagas expostas que atentam contra a vida, a exemplo da fome, da miséria, das epidemias, das guerras, de feridas com modalidades inéditas e inquietantes. Crescem as formas aviltantes de violências. Frutos de preconceitos e racismos, ferem particularmente os mais fragilizados e os excluídos, apontando a urgência de se rever as legislações no sentido de impedir que se chegue a absurdos ainda maiores. O panorama dos diferentes atentados à vida desafia a sociedade contemporânea a encontrar novas respostas e a confeccionar um tecido consistente, capaz de operar as mudanças necessárias nos vergonhosos cenários marcados pelos extermínios, pela eliminação de vidas.

O desafio é posicionar-se ante todos esses atentados, ante um contexto cultural que confere aos crimes contra a vida aspectos inéditos e iníquos. A partir das graves preocupações advindas da própria opinião pública, tenta-se justificar a liberdade individual de escolhas e procedimentos que atentam contra a sacralidade da vida. O desafio se torna ainda maior quando se constatam profundas alterações na maneira de considerar a vida, a vida de todos, e as relações entre as pessoas. Há, pois, nítido processo de afastamento dos princípios basilares, como causa de uma derrocada moral, dificultando o necessário retorno às fontes de inspiração e de clarividência em torno da sacralidade das vidas todas. E sem referências e princípios, as abordagens ocorrem no burburinho de vozes da turba. Compromete-se, assim, a qualidade do que se escolhe, do que se legisla, do que se sente, e as consequências são notórias: a vida passa a ser tratada por alas, por interesses, por disputas e até pelo oportunismo de se fazer reconhecido; por interesses político-partidários, além das razões extremistas e fundamentalistas – todas distanciadas do inegociável.

As exigências das vozes

As vozes se tornam opiniões próprias, de lugares hermenêuticos contaminados, com dificuldade de se perceber qual é o verdadeiro sentido, por não se saber retornar à fonte. Também por falta de traquejo de lidar com princípios, nota-se um silêncio sepulcral e omisso. Muitos não dizem nada por receio, porque se promovem em meio às vozes. Tudo se reduz a uma formulação prosaica. São muitas vozes e muitas contradições: a voz em defesa de algo ou de alguém é a voz que, ao mesmo tempo, pisa a honra e fere a dignidade do outro, com o descalabro interesseiro de anatematizar um e canonizar outro. Anatematiza quem parece ser uma voz diferente, desconhecendo sua compreensão e desconsiderando uma vida de feitos e comprometimentos. Canoniza até mesmo quem ainda é neófito, inexperiente, e apresenta argumentos equivocados.


Do mesmo modo que a fé se torna estéril, quando não consegue ser uma experiência de testemunho transformador, esterilidades se perpetram em vozes cujos sons não ecoam o que, cotidianamente, tem que se buscar na fonte-princípio. Os pitagóricos diziam que o princípio é a metade do todo. Se falta esta primeira metade, na tarefa de construção de um novo tecido social, cultural e político, com resultados efetivos sobre leis, costumes e estilos de vida, faltará a base para a segunda metade. Vozes serão muitas, como neste tempo de um coro dissonante, que exige dos aprendizes investimento em harmonias. E, assim, participem do coro dos lúcidos, cada vez mais, vozes coerentes e propositivas, capazes de imprimir as grandes mudanças neste tempo que precisa ser urgentemente novo para se promover e salvar vidas.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/os-aprendizes-da-vida-e-das-vozes/

3 de maio de 2025

Na casa da parábola

A alegria do reencontro, redescobrindo a misericórdia na parábola do filho pródigo

As parábolas contadas por Jesus partem de situações cotidianas vividas pelas pessoas, assim como de uma observação apurada da natureza, onde aparecem animais e plantas. As chamadas parábolas da misericórdia, do capítulo quinze do Evangelho de São Lucas, referem-se a uma ovelha perdida, uma moeda perdida e um filho perdido! (Lc 15,1-32). Mais ainda, falam da alegria do reencontro! O quarto domingo de Quaresma nos faz participar da história do Pai Misericordioso e do filho pródigo, gastador e perdido! Permitamo-nos entrar na casa da família descrita por Jesus na parábola.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

O dia a dia da família, que é o pano de fundo da parábola, parece muito normal, ainda que a figura da mãe não venha à tona. Podemos imaginar uma família de recursos, com um pai curioso, rebanhos e plantações eram cuidadas pela família e trabalhavam, condições para garantir uma boa herança aos dois filhos. Pode ser comparado com muitas das nossas famílias, mesmo quando não nos parece ter disponibilidade para heranças semelhantes.

Pais e mães que trabalham e buscam dar o melhor possível aos filhos, mãos e corações que se empenham na labuta diária, uma história edificada com muito esforço, alternando convivência, atividades laborais, compromissos sociais e religiosos. É bom considerar a normalidade de nossas famílias, mesmo estando prontas para enfrentar os possíveis desafios.

Volta ao lar, a ação da misericórdia divina

E a família que olhamos com uma visão bem humana, sabendo que nos remete à grande família de Deus Pai Misericordioso, encontra-se agora diante do desafio imprevisto. Um jovem rebelde, disposto a aventuras, desejoso de ir ao encontro do desconhecido. Quem de nós, em alguma etapa da vida, não sonhou com a independência, preferindo correr pelo mundo no lugar do aconchego da casa paterna? E quantos são os jovens que, sem grandes conflitos com seus familiares, querem morar separados dos pais, percorrer suas próprias carreiras estudantis ou de início de profissão! Sem julgá-los, entremos em seu coração e identifiquemos seus sonhos e projetos! Entretanto, o filho mais novo daquela família abandonou tudo o que o pai pôs à sua disposição.


Deixou a casa para tornar às ruas e o mundo, a sua própria casa. O amor parecia ter limitado sua liberdade! Incrivelmente, o vício e a libertinagem atraem e se apresentam como um bem! Muitas vezes, cantamos esta aventura: "Eu pensei que poderia viver por mim mesmo, eu pensei que as coisas do mundo não iriam me derrubar. O orgulho tomou conta do meu ser e o pecado devastou o meu viver. Fui embora, disse: ó Pai, dá-me o que é meu, dá-me a parte que me cabe da herança. Fui pro mundo, gastei tudo, me restou só o pecado" (Música "Tudo é do Pai", composta por Frederico Cruz).

Incapacidade pera ver com os outros as decisões a serem tomadas, obrigações, sonhos de grandeza, perda dos valores morais, tudo no mesmo pacote de passos enganosos, dados porque a própria família e os afetos paternos estão vinculados, e estes podem soar insuportáveis. Quem já passou por isso entende bem e sabe que a narrativa se repete e deixa de ser apenas uma historinha! É que Jesus entende de humanidade mais do que todos nós juntos! No fundo do poço, nasce um sentimento confuso de saudade e de estômago vazio.

A lição do filho pródigo, o valor da casa do pai

O lugar de trabalho descrito na parábola era o mais odioso num ambiente judaico, cuidar de porcos! Jesus carrega as tintas, para mostrar os sentimentos humanos existentes em quem tocou no ponto mais baixo que pode existir. Mais do que a sede e a fome, a dor maior é a do pecado e suas consequências! O jovem sonhou com as curvas das estradas para a casa paterna, enquanto o próprio pai misericordioso deve ter incansavelmente olhado para as mesmas curvas.

Chegou a hora do arrependimento, confirmando erros cometidos que causaram a quebra na cabeça! E nele nos encontramos nas centenas de vezes em que aprendemos de novo o valor da casa paterna, daquele Pai que não volta atrás em seu infinito amor.

Para voltar à casa do pai, o jovem aventureiro teve que ensaiar mil vezes o discurso! "Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: 'Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados'" (Lc 15,17-19). A chegada é compartilhada de emoção, e se pensa que o verdadeiro pai é o Pai Deus misericordioso, encanta saber que Deus se emociona com nossa volta e o perdão, no abraço e nos beijos da reconciliação! Festa, roupa nova, anel, sandália aos pés, porque o filho perdido foi encontrado, quem estava morto começou a viver! Não é necessário dizer muitas coisas, apenas viver!

Implicante é a situação do filho mais velho, cujo erro é justificado na hora que deveria ser da misericórdia. Mais grave é o julgamento de que todos os caminhos errados e escandalosos do outro! A casa, a criação, as plantações, tudo é do Pai e de seus filhos. Na casa, podemos desfrutar de todos os bens! Cabe a nós, muitas vezes, filhos mais velhos: deixem de ficar emburrados e entrem na dança da festa da misericórdia. E a Igreja é esta casa, aberta de modo especial nesta Quaresma, para o abraço da reconciliação, no Sacramento da Penitência, para nos ajustarmos com o Senhor, e também no dia a dia, perdoando-nos mutuamente. A festa é nossa e podemos cantar e rezar: "Tudo é do Pai, toda honra e toda glória, é dele a vitória alcançada em minha vida. Tudo é do Pai, se sou fraco e pecador, bem mais forte é o meu Senhor, que me cura por amor. Hoje sei que nada é meu, tudo é do Pai, toda honra e toda glória, é dele a vitória alcançada em minha vida!" (Ibid.).

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/paternidade/na-casa-da-parabola/

1 de maio de 2025

Por que São José Operário?

Queridos irmãos, salve São José!

Em nossa partilha de hoje, quero convidar cada um de vocês a mergulhar comigo nas memórias incríveis da nossa história para conhecer a grandeza e a profundidade do porquê recorrermos à intercessão de São José como Operário e modelo do trabalhador.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

 

A nossa Santa e amada Igreja nunca em vão recorre a São José, e, aqui, neste tema tão profundo e tão rico, que não somente fala do trabalho e sua dignidade, mas abrange e atinge toda família e sociedade cristã, não foi diferente.

Desde os fins do século XVIII, com o advento da indústria, e final do século XIX, com suas terríveis e excessivas jornadas de trabalho, houve vários movimentos de reivindicação de todos os trabalhadores em todo mundo por melhores condições de trabalho, salários e jornadas diárias. Todas essas ações e suas conquistas levaram os trabalhadores de todos os países a esse "Dia de Maio", feriado no calendário civil dedicado a todos os trabalhadores do mundo. Aqui no Brasil, é celebrado no dia 1º de maio.

Em paralelo ao movimento industrial, alastrava-se ainda, em todo mundo, o Movimento Comunista e suas ideias ateias e de classe, vendo nessas realidades dos trabalhadores a oportunidade de lançar sua ideologia.

São José, patrono e defensor da Igreja

A princípio, essa conquista dos trabalhadores não tinha conotação política nem religiosa, mas, infelizmente, os comunistas aproveitaram-se da data e a "rebatizaram" como "Dia dos Trabalhadores Comunistas". Com isso, eles pretendiam enfatizar mais as ideias de Karl Marx e influenciar as massas. Diante de todas essas realidades e tantas outras que, junto com o progresso, aproximavam-se para ir contra os alicerces da sociedade, da família e da religião, alertava-nos o Papa Pio IX, em 1846, o mesmo que, em 1870, convoca São José para se levantar em defesa da Igreja de Cristo, proclamando-o seu Patrono Universal, e como fizera também os que viriam a sucedê-lo:

"A nefasta doutrina do Comunismo, mais avessa à própria lei natural, uma vez admitido, os direitos de tudo, das coisas, das propriedades e até da própria sociedade humana seriam destruídos por baixo. A isso aspiram as armadilhas sombrias daqueles que, vestidos de cordeiros, mas com espírito de lobo, insinuam-se com falsas aparências de piedade mais pura, e virtude e disciplina mais severas: eles surpreendem suavemente, agarram suavemente, matam ocultamente; eles desviam os homens da observância de todas as religiões e destroem o rebanho do Senhor". (Encíclica Qui Pluribus)

São José, o "terror dos demônios"

Seguindo o coração do Evangelho, como fizera Deus Pai na plenitude do tempo recorrendo a Maria e também a São José, O Papa Pio XI, em 1937, recorreu ao seu Patrono, a fim de que o pai terreno de Jesus livrasse a Igreja dos muitos erros do comunismo. Assim escreveu: "Pomos a grande ação da Igreja Católica contra o comunismo ateu mundial sob a égide do poderoso Protetor da Igreja, São José" (Divini Redemptoris, n. 81).

Em resposta às palavras do Santo Padre, os católicos começaram a pedir fervorosamente a intercessão de São José, especificamente sob o título de "Terror dos Demônios", para que ele combatesse as ideias ateias do comunismo. Além disso, também suplicavam sua ajuda na causa dos direitos dos trabalhadores, pois ambos os assuntos eram temas de grande preocupação para a Igreja na primeira metade do século XX. Nesse cenário, qualquer um sentia, naquela época, a ameaça de um comunismo mundial, incluindo o Papa. Em razão disso, o Venerável Pio XII, voltou-se para São José mais uma vez, como recorreram os outros nas maiores tribulações da barca de Pedro, e denunciou as falsidades do comunismo, elevando a dignidade do trabalho de um jeito bem específico, e trazendo o pai nutrício de Jesus como modelo.

Festa de São José Operário: modelo de trabalhador

Então, no dia 1º de maio de 1955, o Papa Pio XII declarou que, dali para frente, a data seria a festa litúrgica de São José Operário. Ele contou a novidade aos operários com estas palavras:

"Amados filhos e filhas, presentes nesta praça sagrada, e vós, trabalhadores de todo o mundo, que abraçamos com ternura e afeição paternal, semelhante àquela com que Jesus trouxe a si as multidões famintas da verdade e da justiça. Tenha a certeza de que, em cada ocorrência, você terá ao seu lado um guia, um defensor, um pai. Diga-nos abertamente sob este céu livre de Roma: Você será capaz de reconhecer, entre as tantas vozes discordantes e enfeitiçantes que se dirigem a você de vários lados, algumas para minar suas almas, outras para humilhá-los como homens, ou para roubá-los os seus legítimos direitos de trabalhador, saberá reconhecer quem é e será sempre o seu guia seguro, quem é o seu fiel defensor, quem é o seu Pai sincero?

Sim, queridos trabalhadores, o Papa e a Igreja não podem escapar à missão divina de guiar, proteger, amar acima de tudo os que sofrem, os mais queridos, os mais necessitados de defesa e ajuda, sejam eles trabalhadores ou outros filhos do povo.

Estamos felizes por anunciar-vos nossa decisão de instituir a festa litúrgica de São José Operário para o dia 1º de maio. Estais satisfeitos com este nosso presente, operários?

Estamos certos de que estais, porque o humilde operário de Nazaré não somente personifica diante de Deus e da Igreja a dignidade de um homem que trabalha com suas mãos, mas é também o guardião providente de vós e vossas famílias". (Alocução a ACTI, 1.º de maio de 1955).

Ele, São José, é modelo de tudo!

Lendo até aqui, certamente você entendeu, com toda clareza e totalidade, a grandeza de termos uma festa litúrgica dedicada a São José Operário.

Ele é o grande defensor dos verdadeiros valores que sustentam a vida, é o defensor da Verdade, das Famílias, dos Trabalhadores e da Igreja. Ele, São José, é modelo de tudo.

Não esqueçamos que foi a ele confiada a mais sublime das famílias. Foi a ele confiado os tesouros divinos, a mais sublime riqueza do mundo: Jesus e Maria. Com sua disposição e diligência, José não deixou faltar nada a sua família, nem mesmo um lugar para seu filho nascer, limpando com suas próprias mãos, o "primeiro quarto do seu Filho", o primeiro tabernáculo construído por mãos humanas.

Homem justo e honrado, serviu a sua família e a sociedade do seu tempo com a dignidade do seu trabalho, da sua disposição em fazer o que era correto e honesto para o sustento e a proteção dos que eram "sua propriedade". Não temos dúvida de que, falando do Pai do Céu, Jesus lembrava de São José quando afirmou "Meu Pai trabalha sempre e eu também trabalho" (Jo 5,17).

O artesão de Nazaré

Foi com José que Jesus aprendeu a trabalhar, a ser um homem completo, dotado de presteza e valor. Foi olhando para seu Pai que Jesus aprendeu a dignidade do trabalho, não importa o tamanho dele, e a ser grato pelo alimento de cada dia que chegava em sua mesa. O artesão de Nazaré, na mais simples e desqualificada das profissões da sua época, alimentou com o pão de cada dia, o Pão Vivo que desceu do céu. (Jo 6,51)


Ora et labora

O trabalho é expressão do Amor, ele santifica a nossa vida cotidiana (São João Paulo II – R. Custos 22). E ainda: "Ore e trabalhe" (São Bento). "Ore ao ritmo da vida" (Dom Bosco). "Santifique o seu trabalho com a oração" (São José Maria Escrivá), assim nos ensina a Igreja e seus santos em todos os tempos da história.

Por fim, um mau trabalhador é um mau cristão. Um operário displicente é um mau cristão. É principalmente com o trabalho bem feito, exemplar, que brilhará a luz do nosso testemunho cristão diante dos colegas, e Deus será glorificado. É do bom trabalhador, do bom cristão, dos bons pais, das boas famílias que São José é modelo, guia e protetor.

Digamos juntos: São José Operário, rogai por nós!

Cleiton Luiz Godeiro
Médico pediatra, empresário, esposo, pai e avô
Comunidade de Casais Vida Nova
Devoto de São José
Natal/RN/Brasil


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/por-que-sao-jose-operario/

30 de abril de 2025

A televisão e você – o que está mudando?

Um dia sem telas: missão possível?

Não é novidade para ninguém o fato de as pessoas estarem assistindo a menos televisão. Não é novidade também saber que aquele conceito de ficar aguardando o horário do programa favorito ser exibido não existe mais. Para assistir a um conteúdo, que antes era possível somente pela TV, basta ter acesso à internet e, por meio de uma tela (celular, tablet ou computador), assistir ao que quiser, em qualquer lugar e na hora que desejar.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT


A reinvenção da televisão na era digital

A televisão, assim como outros setores da indústria da comunicação, atravessa uma fase de convergência e mutação. Necessita se reinventar, criar novidades e possibilidades para o público. Está instaurada uma verdadeira batalha no mercado entre empresas de televisão e internet. Ainda é cedo para lançar certezas diante de novidades que surgem a cada dia, porém, faz-se necessária uma reflexão aos movimentos e impulsos dos canais frente a um presente tecnológico.

A imagem, que no passado era possível ser encontrada apenas nos televisores e no cinema, atualmente está espalhada em múltiplas telas. Celulares, computadores portáteis, tablets são encontrados com facilidade no mercado, a preços acessíveis. O conteúdo circulante por meio desses mecanismos são vídeos produzidos por emissoras de televisão convencionais, filmes, como também vídeos caseiros criados por indivíduos comuns que desejam compartilhar momentos corriqueiros com outras pessoas.

O papel do público

Percebe-se uma inversão no quesito produção de conteúdo. Não são somente as grandes empresas de comunicação que ditam as regras do que será transmitido. O público – receptor – tem um poder de escolha e de fabricação na era digital. Incentivados a participar, os receptores rompem com os envelhecidos padrões e buscam novas formas de se comunicar com o uso das ferramentas digitais. Há uma tendência entre empresários e pesquisadores na área da radiodifusão em afirmar que a audiência do futuro está nos dispositivos móveis.

Não se pode ignorar o fato de algumas pessoas ainda ficarem perdidas diante das novidades e se confundirem com nomes, técnicas e possibilidades. Além de existir no país uma desigualdade regional de recursos e acessos.

A grande questão a ser debatida é: a tecnologia, por si só, não basta, os hábitos dos brasileiros precisam se enquadrar à era moderna. Por mais ativo que seja o telespectador, ele ainda carece de incentivos para adequar-se às novidades.

Jarles da Silva Pereira
Missionário da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/a-televisao-e-voce-o-que-esta-mudando/