22 de setembro de 2025

As lições de São Mateus para todo aquele que busca conversão

Mateus, o rico coletor, respondeu ao chamado do Mestre com entusiasmo

O apóstolo e evangelista São Mateus teve dois nomes: Mateus e Levi. Mateus quer dizer "dom precoce" ou "conselheiro"; ou vem de magnus, "grande", e Theos, "Deus", como se dissesse "grande para Deus". Diz a Legenda Aurea que "Ele foi um dom precoce por sua rápida conversão, foi conselheiro por sua salutar pregação, foi grande diante de Deus pela perfeição de sua vida, foi a mão de que Deus se serviu para escrever Seu Evangelho".

Escultura de São Mateus em mármore . barba longa e cabelos ondulados, segurando e lendo um grande livro aberto, em expressão de concentração.

Créditos: taraki by GettyImages.

Levi quer dizer "retirado". Ele foi retirado de sua banca de cobrador de impostos e colocado entre os apóstolos, acrescentado à comunidade dos evangelistas e incorporado ao catálogo dos mártires.

As lições de Mateus

Segundo uma tradição, Mateus pregava na Etiópia, em uma cidade chamada Nadaber, onde foi martirizado. São Mateus nos deixa grandes lições:

1 – A prontidão de sua obediência, pois, no instante em que Cristo o chamou, ele abandonou seu ofício de cobrador de impostos e, sem temer seus senhores, deixou tudo para juntar-se completamente a Cristo. São Jerônimo disse: "Se se atribui ao ímã a força de atrair metais, com muito mais razão o Senhor de todas as criaturas podia atrair para si aqueles que queria".

2 – Sua generosidade ou liberalidade, pois logo serviu ao Salvador uma grande refeição em sua casa. Recebeu Cristo com grande afeto e amor; e ali Jesus deu grandes ensinamentos: "Quero a misericórdia e não o sacrifício", e "Não são os saudáveis que necessitam de médicos".

3 – Sua humildade, que se manifestou em duas circunstâncias: confessou ser um publicano. Ele chama a si mesmo de Mateus e publicano, para mostrar que ninguém deve perder a esperança na sua salvação, pois ele próprio de publicano foi, de repente, feito apóstolo e evangelista. (cf. Mt 9,13; 12,7; Mc 2,7; Lc 5,21)

4 – A honra de seu Evangelho ser lido com mais frequência que os outros. De um homem ávido por riquezas e avarento, Cristo fez um apóstolo e um evangelista. Que ninguém se desespere pelo perdão se quiser se converter.

O Evangelho segundo Mateus

No ano 130, o Bispo Pápias, de Hierápolis, na Frígia, região da Ásia Menor, um dos primeiros a ser evangelizado pelos apóstolos, fala do Evangelho de São Mateus: "Mateus, por sua parte, pôs em ordem os dizeres na língua hebraica, e cada um depois os traduziu como pode" (Eusébio, História da Igreja III 39,16).


Quem escreveu essas palavras foi o bispo Eusébio, de Cesareia na Palestina, quando, por volta do ano 300, escreveu a primeira história da Igreja. Ele dá o testemunho histórico de Pápias. Note que Pápias nasceu no primeiro século, isto é, no tempo dos próprios Apóstolos; São João ainda era vivo. Portanto, este testemunho é inequívoco.

Outro testemunho importante sobre o Evangelho de Mateus é dado por Santo Irineu (†200), do segundo século. Ele foi discípulo do grande bispo São Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de São João evangelista. São Irineu, na sua obra contra os hereges gnósticos, também fala do Evangelho de Mateus dizendo: "Mateus compôs o Evangelho para os hebreus na sua língua, enquanto Pedro e Paulo, em Roma, pregavam o Evangelho e fundavam a Igreja." (Adv. Haereses II 1,1).

O Evangelho a ele atribuído nos fala mais amplamente que os outros três do uso certo do dinheiro: "Não ajunteis para vós tesouro na terra, onde a traça e o caruncho os destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam, mas ajuntai para vós tesouros nos céus." "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro."

Deixa o dinheiro para seguir o Mestre

Foi Judas, porém, e não Mateus quem teve o encargo de caixa da pequena comunidade apostólica. Mateus deixa o dinheiro para seguir o Mestre, enquanto Judas o trai por trinta moedas. Quando falam do episódio do coletor de impostos chamado a seguir Jesus, os outros evangelistas, Marcos e Lucas, falam de Levi. Mateus, ao contrário, prefere denominar-se com o nome mais conhecido de Mateus, e usa o apelido de publicano, que soa como usuário ou avarento, "para demonstrar aos leitores – observa São Jerônimo – que ninguém deve desesperar da salvação, se houver uma conversão para uma vida melhor."

Mateus, o rico coletor, respondeu ao chamado do Mestre com entusiasmo. No seu Evangelho, ele esconde humildemente este alegre particular, mas a informação foi divulgada por São Lucas: "Levi preparou ao Mestre uma grande festa na própria casa; uma numerosa multidão de publicanos e outra gente sentavam-se à mesa com eles."

Depois, no silêncio e com discrição, livrou-se do dinheiro, fazendo o bem. É dele, de fato, que nos refere a admoestação do Mestre: "Quando deres uma esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará".

O seu Evangelho é dirigido aos judeus, para mostrar-lhes que Jesus é o Messias esperado por Israel. É caracterizado por cinco grandes discursos de Jesus sobre o Reino de Deus. Foi escrito, com toda a certeza, antes da destruição de Jerusalém, acontecida no ano 70.

Uma tradição antiga recorda que Mateus sofreu o martírio, apedrejado, queimado e decapitado na Etiópia, de onde as relíquias do santo teriam sido transportadas, primeiro para Paestum, no Golfo de Salerno; e, no século X, para Salerno, onde até hoje são honradas.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/as-licoes-de-sao-mateus-para-todo-aquele-que-busca-conversao/

20 de setembro de 2025

Quando Maria se faz presente

A devoção a Nossa Senhora, desde sempre, teve um grande impacto na cultura e religiosidade brasileira, sendo um símbolo nacional que se perpetua até os dias de hoje através da fé de milhões de brasileiros em todas as regiões do país. Devoção que se manifesta das mais diferentes formas e impulsiona o turismo religioso no Brasil, principalmente em relação às aparições marianas, que são temas de debates sociais e teológicos, além de reafirmar a identidade nacional.

Livro 'Aparições marianas no Brasil' do Padre Francisco Amaral.

Essas aparições são contadas por meio do livro ''Aparições marianas no Brasil'', de autoria do Padre Francisco Amaral, que se dedica ao estudo dessas manifestações há mais de 30 anos, trazendo uma análise aprofundada de casos vivenciados em cidades como Campinas, Cimbres, Itaúna e Congonhal, e que foram bem acolhidos pela Igreja local.

Dentre essas, a mais famosa entre todas, claramente, é a de Nossa Senhora Aparecida em outubro de 1717, onde três pescadores encontraram uma imagem de Nossa Senhora no Rio Paraíba do Sul. Desde então, tornou-se um emblema de fé e padroeira do país. Cabe destacar que essa aparição é uma mariofania, ou seja, presença real de Maria aos videntes, reconhecida como sinal da ação divina. A mariofania é estudada pelo campo da Mariologia, ramo da Teologia Cristã voltada à compreensão da Virgem Maria.

A primeira manifestação de Nossa Senhora no Brasil para Catarina Paraguaçu

Catarina Paraguaçu foi uma indígena tupinambá que viveu na região em que hoje é o estado da Bahia por volta do século XVI. Paraguaçu foi casada com o português Diogo Álvares Correia, o Caramuru.

A história conta que Catarina tinha sonhos frequentes com náufragos, e havia pessoas que passavam por uma situação extrema de fome e frio, entre elas uma mulher com uma criança nos braços. Os sonhos eram constantes, por isso Caramuru ordenou que procurassem a mulher e a criança pela orla, onde ocorreram os naufrágios, porém não os encontraram.

Em outro sonho que Catarina teve, a tal mulher lhe pedia que construíssem uma casa para ela na aldeia. Pouco tempo depois, uma imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus nos braços foi encontrada e reconhecida pela indígena. Foi então construída uma ermida rudimentar, que muitos consideram que é a mais antiga Igreja do Brasil, embora não seja reconhecida oficialmente como tal. Atualmente, a imagem está localizada no altar da Igreja de Nossa Senhora da Graça em Salvador.

Aparições marianas em Campinas e Pernambuco

No dia 8 de março de 1930, a Virgem Maria apareceu para a irmã Amália de Jesus Flagelado na capela do convento da Congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, na cidade de Campinas, onde revelou a oração da Coroa de Lágrimas, que pede a intercessão da Virgem pelas dores e sofrimentos, além de prometer que as graças seriam concedidas por ela. Na época, o bispo da cidade, Dom Francisco Barreto, reconheceu a aparição.

Outra manifestação foi no município de Cimbres, Pernambuco, para duas meninas, Maria da Conceição e Maria da Luz (que mais tarde se tornou a religiosa Adélia). Ao todo, foram mais de 40 aparições, ocorridas entre os anos de 1936 e 1937. Nelas, a Virgem pedia oração, penitência e conversão, além de alertá-las sobre os perigos da iminência do comunismo. Em 2021, o lugar foi reconhecido pela Igreja Católica através do processo de beatificação da irmã Adélia iniciado no mesmo ano.

Nossa Senhora de Itaúna e Nossa Senhora Rainha da Obediência

Em julho de 1955, na cidade de Itaúna, Minas Gerais, três crianças brincavam em uma mata, até o momento em que todos eles saíram em busca de um cavalo, chegaram no alto de uma grota, onde avistaram o animal totalmente estático, sem responder os chamados dos três. Até que resolveram descer, e tiveram a visão de Maria Santíssima, que apareceu com uma mensagem em uma flâmula que dizia: "Erguei o altar, orai com fé e vereis o milagre da conversão". Dias depois, um farmacêutico da cidade viu surgir a Virgem Maria em sua frente, ao lado de um monte repleto de cupins, que fora coberto com velas acesas. Depois desse acontecimento, Ovídio Alves passou a frequentar constantemente o local, onde hoje encontra-se uma gruta artificial, e no altar foi colocada uma imagem de Nossa Senhora de Itaúna, que foi renomeada pela Igreja.

Durante nove meses, entre junho de 1987 e fevereiro de 1988, no bairro de São Domingos, Congonhal, também em Minas Gerais, Alfredo Moreira Filho, um animador da Renovação Carismática, recebeu, por nove meses, mensagens difundidas pela Virgem, dessa vez identificando-se como Nossa Senhora Rainha da Obediência. Com isso, um santuário foi construído no local, que atrai romeiros de todo o Brasil. A festa em sua homenagem é celebrada no dia 22 de junho.


Devoção mariana na atualidade

No livro de Francisco Amaral, estão presentes as mensagens do Padre Stefano Gobbi, fundador do Movimento Sacerdotal Mariano e autor do livro ''Aos Sacerdotes, Filhos Prediletos de Nossa Senhora'', onde também estão esses relatos das revelações e ensinamentos transmitidos por Maria ao padre, que não a via, mas tinha o dom da locução interior.

Na atualidade, percebe-se com as aparições de Nossa Senhora um tempo de despertar mariano acontecendo, vivenciado há mais de 15 anos por meio da divulgação da consagração pelo Tratado da Verdadeira Devoção, onde muitas pessoas se consagraram.

Neste ano, houve outro grande momento, com o Terço do Madrugada, onde mais de um milhão de pessoas rezaram com o Frei Gilson, algo inimaginável até para quem, desde sempre, esteve envolvido na evangelização.

Com isso, evidencia-se um momento de profunda intensificação da devoção dos fiéis com Nossa Senhora, que fortalece a fé, ressignificando experiências dolorosas e dando um novo sentido à vida.

Padre Francisco Amaral

Transcrito e adaptado pela Equipe do Formação Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/quando-maria-se-faz-presente/

17 de setembro de 2025

Quando o sorriso esconde a dor

Era um daqueles sábados de atendimento quando chegou uma família completamente assustada: um adolescente havia tentado contra a própria vida. Dizia não ter mais vontade de viver, não encontrava sentido, embora, nas reuniões familiares e nos encontros com os amigos, parecesse alguém alegre. Recordei do Salmo 25,16-17 que diz: "Olhai para mim e tende piedade de mim, pois estou só e aflito. As angústias do meu coração se multiplicaram; livrai-me da minha aflição". Esta passagem é um pedido de auxílio e misericórdia a Deus, expressa a solidão e sofrimento, e pede a Deus para ser liberto das suas tribulações.

Acolhimento e prevenção, chaves para ajudar ao sofrimento humano

Créditos: PeopleImages by Getty Images / cancaonova.com

Quase sempre, quando acontece isso, as pessoas esperam que o padre faça uma oração, que se "doutrine" quem pensa em suicídio e que isso mude tudo. Mas a oração não é mágica capaz de, num estalar de dedos, arrancar o sentimento de rejeição, a dor ou o desejo de isolamento. Como tudo na vida, isso exige um processo.

A importância da escuta atenta e ativa

Nesses casos, o meu procedimento foi sempre ouvir cada parte separadamente. Uma escuta atenta e ativa. Primeiro, ouvi o adolescente: deixei que falasse tudo o que sentia, sem julgamentos ou pré-conceitos. Em seguida, ouvi os tutores e os avós — atentos ao cuidado que prestavam desde a morte dos pais. No final, perguntei: "Ele nunca demonstrou nada?" Responderam: "Não, padre! Sempre foi uma pessoa maravilhosa, nunca nos deu trabalho; não sai com os amigos, fica no quarto, não nos dá trabalho nenhum".

Foi aí que acendeu o meu alerta. O silêncio e a timidez daquele jovem já eram sinais de algo que precisava ser trabalhado. Penso no termo "desembrulhar": sabe quando um novelo de linha está todo embrulhado? É preciso encontrar a ponta e, com paciência, ir desenrolando até a linha ficar organizada de novo. Assim acontece com muitos que atravessam depressão, síndrome do pânico, sentimento de rejeição — dramas internos que fazem com que não vejam outra saída senão tirar a própria vida. No fundo, não é a vida que desejam matar, mas o sofrimento que ela lhes causa. Em algum momento, perdem a paciência de desenroscar os fios trançados de seus dramas e dizem: "Chega, cansei disso".

Aceitação e confiança em programas pré-estabelecidos

Todo sentimento de impaciência vem acompanhado de sinais sutis, percebidos apenas por quem não se contenta com padrões. E esse é um dos problemas da nossa sociedade: habituamo-nos a aceitar padrões — de beleza, de felicidade — e confiamos em programas pré-estabelecidos, como máquinas. Não por acaso, nossa relação com o mundo tem-se voltado para interações mediadas por tecnologia e inteligência artificial, sistemas que reproduzem padrões e oferecem uma sensação de estabilidade e segurança.

Ao nos apegarmos a esses padrões, perdemos a força das relações humanas. Aceitamos que, se alguém sorri em uma foto, está feliz, sem notar os pequenos sinais do cotidiano — sinais que só vemos quando temos coragem de romper os padrões e olhar além.


Nenhuma máquina substituirá o humano

Enquanto escrevia este texto, pensei se devia alertar sobre os perigos das novas tecnologias ou resgatar a importância das relações humanas, únicas para cada pessoa e fundamentais para a valorização da vida.

Nenhuma máquina substituirá o humano, por mais revolucionárias que sejam as novas tecnologias. Mesmo que a inteligência artificial facilite muitas tarefas de busca e pesquisa, olhar nos olhos, ouvir o silêncio e entender as pausas é o que gera empatia e interação real.

Padre Robson Caramano
Padre da Diocese de São Carlos, Mestre em Linguagens, Mídia e Arte pela PUC Campinas e aluno do Programa de Mestrado em Filosofia com Especialização em Filosofia Prática da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Coordenação do Departamento de Comunicação do Pontifício Colégio Pio Brasileiro.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/quando-o-sorriso-esconde-dor/

15 de setembro de 2025

Pascom e a comunicação a serviço da ação evangelizadora da Igreja

Como implantar a Pastoral da Comunicação na vida das paróquias e comunidades?


Para implantar a Pascom em uma paróquia, precisamos compreender a relevância da comunicação na Igreja e o seu principal objetivo.

A Pascom tem como objetivo anunciar a Palavra de Deus por meio dos instrumentos de comunicação, tendo como base seus quatro pilares: espiritualidade, formação, articulação e produção.

A Igreja reconhece a importância da comunicação, como nos mostra o número 202 do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, que considera imprescindível a participação católica na promoção da cultura no âmbito da mídia, com atenção especial aos conteúdos religiosos.

O Guia de Implantação da Pastoral da Comunicação da Pascom Brasil, nos fala que:

"Ela favorece o cultivo do ser humano enquanto pessoa que comunica valores, vivenciados a partir da Palavra de Deus e da Eucaristia, pois o anúncio sempre deve ser acompanhado do testemunho".

O texto ainda afirma que a Pastoral da Comunicação é a pastoral do ser e estar em comunhão com toda a comunidade, cujo instrumento para exercer a missão é trabalhar por meio das mediações que podem proporcionar o fortalecimento dessa comunhão.

E chegamos a um ponto importante da nossa reflexão: quais os passos que devemos seguir para implantar a Pascom na vida paroquial e comunitária?

É o que veremos a seguir.

Desfazendo os mitos da Pastoral da Comunicação
Implantar a Pastoral da Comunicação pode ser um grande desafio, principalmente se os agentes não compreendem o verdadeiro significado da comunicação dentro da comunidade.

Então, vamos desfazer alguns "mitos" que envolvem a Pascom:

Nunca trabalhei com comunicação

Não há problema se você não trabalha na área de comunicação, o importante é ter o desejo de usar os recursos da comunicação para evangelizar. Lembre-se: Jesus não fez exigências para escolher seus Apóstolos.

Não preciso de Pascom porque na minha paróquia tem muitos idosos

Toda forma de comunicação, sejam elas folhetos, cartazes, mural, pode ser articulada pelos agentes da Pascom, pois comunicar vai além da tecnologia e das redes sociais.

 Não tenho tempo para formações ou momentos de oração

É comum que o acúmulo de atividades possa acabar fazendo com que a dinâmica da Pascom se torne mecanizada. Por isso, tenhamos cuidado: se não há espiritualidade e momentos de formação, a vida pastoral perde o sentido e a sua essência.

 Não tenho como saber sobre os eventos da paróquia

A Pascom é responsável por articular as pastorais e movimentos da comunidade. Por isso, é preciso criar canais que liguem a Pascom e as pastorais para que possam ampliar a divulgação dos eventos e, ao mesmo tempo, fortalecer os laços de união entre todos.

Dicas práticas para implantar a Pascom
  • Conheça a realidade local: converse com o pároco, os paroquianos e os coordenadores pastorais para entender a realidade da paróquia.
  • Forme uma equipe: convide pessoas comprometidas e que tenham o desejo de evangelizar através dos meios de comunicação.
  • Faça um planejamento estratégico: é preciso reunir a equipe para elaborar as atividades da Pascom, de acordo com a realidade da paróquia.
  • Utilize múltiplas plataformas: diversifique os canais de comunicação, como o boletim paroquial, redes sociais, site da paróquia, entre outras ferramentas, pois permite levar a palavra de Deus para mais pessoas.
  • Não se esqueça da vida de oração individual e comunitária: é fundamental cultivar a espiritualidade e a participação ativa na comunidade.

Mãos à obra!

Renan Dantas – Seminarista da Diocese de Juína, Jornalista e Fotógrafo profissional e Redator do GT de Produção da Pascom Brasil

Devolver esperança enxugando lágrimas

O Papa Francisco anunciou que o Jubileu de 2025 terá o tema "Peregrinos da Esperança", com base na passagem "A esperança não decepciona" (2 Cor 6,2) e se concentra em promover a paz, a cura e a fraternidade. Ele será uma oportunidade para os católicos renovarem sua fé e compromisso com os valores cristãos.

Créditos: Delmaine Donson by Getty Images.

Entre as diversas celebrações do Jubileu, no dia 15 de setembro, haverá uma celebração em Roma em que estão convidados todos aqueles que estão vivendo momentos de dor e aflição devido à doença, ao luto, à violência, aos abusos sofridos e outros sofrimentos da vida.

O Jubileu nos dá a oportunidade de reavivar a nossa fé na "esperança que não decepciona", lembrando-nos de que a beleza da vida supera todas as suas dores quando vivemos na fé do Cristo e da Igreja. O tema "Peregrinos da Esperança" é um convite para que os fiéis renovem sua fé, voltem-se para a misericórdia de Deus e encontrem sentido mesmo nos momentos mais difíceis da vida como os citados acima.

O Jubileu é profundamente solidário com os sofrimentos da humanidade

Ao mesmo tempo em que o Jubileu é tempo de festa e renovação espiritual, ele também é profundamente solidário com os sofrimentos da humanidade. A Igreja reconhece que muitos atravessam momentos difíceis que só podem ser superados com a solidariedade humana e com a graça de Deus. O Jubileu quer abraçar os que sofrem com gestos concretos de misericórdia, oração e reconciliação. O Papa Francisco insistia que a Igreja deve ser um "hospital de campanha", especialmente atenta aos feridos da vida.

Neste tempo de graças e de misericórdia, a Igreja nos propõe voltar-se para Deus no silêncio do coração, mesmo na dor; participar dos Sacramentos, em especial a Reconciliação e a Eucaristia, como fontes de cura; acolhimento comunitário; ação misericordiosa no sentido de ajudar os que sofrem; oração pelos que sofrem.

O Jubileu quer ser um tempo de consolo para os aflitos, esperança para os desanimados e renovação para os que caminham com feridas abertas. Ele nos lembra que Deus caminha conosco, não só nos momentos de glória, mas também no vale escuro das lágrimas.

A Palavra de Deus nos fortalece na fé e na esperança

Neste sentido, a Palavra de Deus é valiosíssima para nos fortalecer na fé e na esperança. Vale a pena recordar a todos que passam pelos momentos difíceis da vida algumas passagens bíblicas que fortalecem a nossa fé como em Romanos 8,18 – "Tenho para mim que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós". O sofrimento é passageiro mas a vida eterna é para sempre.

São Paulo disse aos coríntios: "Em tudo, somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos". (2 Cor 4,8-9). Deus está presente conosco mesmo na dor, que se torna salvífica produzindo a salvação em quem sofre na fé, unindo seu sofrimento com o de Cristo na Cruz. Por isso disse São Tiago: "Considerai como grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de passar por diversas provações. Pois sabeis que a prova da vossa fé produz perseverança. (Tiago 1,2-4).

O sofrimento é caminho de crescimento espiritual, por isso São Paulo diz que "tudo concorre para o bem dos que amam a Deus" (Rom 8,28) e que, portanto, devemos "dar graças a Deus em todas as circunstâncias" (1 Tess 5,17).

Não damos graças pelo mal em si, mas pelo bem que Deus sabe tirar do mal. Santo Agostinho disse que Deus não permitiria o mal entrar no mundo se Ele não soubesse do mal tirar o bem. É bom lembrar que o maior mal cometido pela humanidade – a morte cruenta de Jesus – produziu a salvação da humanidade.

O Jubileu nos faz lembrar que Cristo venceu o mundo

O salmista diz que: "O Senhor está perto dos que têm o coração ferido, e salva os de espírito abatido" (Sl 34,19). O mesmo dizia Deus pelo profeta Isaías (41,10): "Não temas, porque eu estou contigo; não te assustes, porque eu sou teu Deus. Eu te fortaleço, te ajudo e te sustento com minha mão fiel". Deus dá força e sustento, mesmo quando tudo parece perdido.

O Jubileu nos faz lembrar o que disse Jesus aos Apóstolos na Santa Ceia: "No mundo tereis tribulações. Mas tende coragem: eu venci o mundo!" (João 16,33). Cristo não nega os sofrimentos que nos atingem, mas dá esperança e vitória: Ele venceu o mundo. "Ainda que eu atravesse o vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque estás comigo. Teu bastão e teu cajado me confortam" (Salmo 22).

São Pedro nos lembra que: "Depois de terdes sofrido um pouco, o Deus de toda a graça, que vos chamou à sua glória eterna em Cristo, vos restaurará, vos confirmará, vos dará força e vos firmará sobre fundamentos sólidos."(1Pe 5,10). "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fil 4,13).

Essas e outras citações nos ajudam a resistir na fé em meio aos sofrimentos. E mais, São Paulo nos garante que: "Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação, ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela" (1 Cor 10,13).



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/devolver-esperanca-enxugando-lagrimas/

14 de setembro de 2025

O amor revelado no madeiro

Caminho de vida

Em sua morte de Cruz, Cristo demonstra todo o seu amor por nós: "E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim" (Jo 12,32). Dando-se em Sacrifício por amor, Cristo nos atrai, nos resgata para si. Quando mergulhamos com a alma na riqueza deste gesto de Jesus, entendemos um pouco mais a profundidade da sua doação: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos" (Jo 15,13).

<img src="sua-imagem.png" alt="Cruz de madeira erguida contra um céu nublado">

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

A mensagem da Cruz é para todos os tempos. É sempre uma novidade para nós olhar para Cristo e, mais do que entender, deixarmo-nos surpreender com o que Ele tem a realizar em nós a partir de sua Cruz. 

A cruz: sinal de amor, confiança e vitória

Para os cristãos, a Cruz — símbolo de humilhação, tortura e objeto de intimidação do Império Romano — é sinal de amor, de confiança e vitória. É a certeza de que a morte foi vencida e de que o pecado não tem o poder de nos aprisionar. Ele foi derrotado na Cruz. Por suas chagas, fomos sarados A crucifixão de Jesus foi um ato solene de redenção que, com sua ressurreição, realiza de uma vez por todas o plano de salvação de Deus.


No entanto, não podemos ignorar o sofrimento real de Jesus na Cruz. E aí está a grandeza desse sinal: na dor de Cristo, está a nossa alegria. O capítulo 53 do livro do profeta Isaías nos apresenta a figura do Servo Sofredor, atribuída a Cristo. O profeta fala de um homem de Deus que carregava em si os sofrimentos de outros.

Na Cruz, Jesus carrega todos os nossos sofrimentos 

E que sofrimentos eram estes? Todos os que podemos imaginar! Ele toma nossas doenças, pecados, dores e mazelas para si, ou seja, leva sobre os ombros os sofrimentos que trazemos. Isaías deixa bem claro o que Jesus estava fazendo e qual era o intuito daquele sofrimento: "Fomos sarados com os seus ferimentos" (v.5). De fato, na Cruz não havia seleção. Eram, absolutamente, todos os sofrimentos humanos — de quem veio e de quem virá ao mundo — que estavam na Cruz de Cristo.

Portanto, a sua dor, seja ela qual for, até mesmo aquela que você ainda vai sentir, estava no madeiro. É por isso que não há mal que Jesus não possa vencer. E Ele fez tudo isso voluntariamente. Não foi uma oferta obrigatória. Por isso "não abriu a sua boca" (v.7), não reivindicou defesa. Nisso está o seu triunfo: em se entregar, em dar a vida. Assim, conquistou uma descendência. 

A dor como meio de cura e transformação

A união no sacrifício de Cristo que vivemos, se unido à Cruz de Jesus, pode se tornar, para nós, motivo de alegria, salvação e libertação dos pecados dos quais somos reféns. O que nos cabe é não desperdiçar nenhum sofrimento. Deus quis que a dor fosse um meio de cura e transformação para nós.

Vejamos o Sermão das Bem-aventuranças: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque havereis de rir! Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome por causa do Filho do Homem! Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, pois será grande a vossa recompensa no céu (Lc 6,20-23). 

Experimente, hoje, entregar seus sofrimentos ao Crucificado!

Notemos que os bem-aventurados são os que passam por sofrimentos. Eles nos forjam a sermos melhores, configurando-nos a Jesus, dando-nos a capacidade de desejar o Céu e de não nos apegarmos a este mundo. Fazem-nos ver que a vida não se encerra aqui e que o sofrimento acontece na vida de todos, sem distinções, a fim de curar nossas almas, tornando-as mais aptas ao Reino.

Em Colossenses, Paulo afirma: "o que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne" (Cl 1,24). Claro que o sacrifício de Jesus é completo. Mas nossas lidas diárias, se colocadas em Deus, serão para nós e para a Igreja a participação no sacrifício do Senhor e, portanto, benefícios. Experimente hoje entregar seus sofrimentos ao Crucificado!

Elane Gomes
Membro Segundo Elo da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/o-amor-revelado-no-madeiro/

12 de setembro de 2025

Por que a esperança não engana?

A esperança é uma virtude teologal fundamental na fé cristã, profundamente enraizada nas Escrituras e na tradição da Igreja. Mas por que dizemos que a esperança não engana? Vamos explorar este tema à luz da fé católica.

1. Fundamento Bíblico

A esperança cristã é firmemente baseada nas promessas de Deus, que são infalíveis. Em Romanos 5,5, São Paulo afirma: "A esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado". Essa passagem assegura-nos que a esperança é sustentada pelo próprio amor de Deus, que é eterno e imutável.

Desarmando o coração, o caminho para a paz e a esperança

Crédito: jacoblund / GettyImages

2. A fidelidade de Deus

Deus é fiel às Suas promessas. Ao longo da história da salvação, vemos inúmeras vezes como Deus cumpre as Suas promessas ao Seu povo. Desde a Aliança com Abraão até a vinda de Jesus Cristo, Deus mostrou-Se sempre fiel. A esperança cristã, portanto, não é uma expectativa vazia, mas uma confiança segura na fidelidade de Deus.

3. A Ressurreição de Cristo

A Ressurreição de Jesus é o maior fundamento da nossa esperança. Como São Paulo escreve aos Coríntios (1Cor 15,17), "Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé". A vitória de Cristo sobre a morte dá-nos a certeza de que, assim como Ele ressuscitou, também nós ressuscitaremos. Essa esperança na vida eterna é o que nos sustenta nas dificuldades e tribulações da vida.


4. Ação do Espírito Santo

O Espírito Santo é o consolador e o guia que nos fortalece na esperança. Ele nos ajuda a manter os nossos olhos fixos nas promessas de Deus, mesmo quando enfrentamos desafios. A presença do Espírito Santo na nossa vida é um sinal de que Deus está conosco, guiando-nos e sustentando-nos.

5. Testemunho dos santos

Os santos são exemplos vivos de esperança inabalável. Eles enfrentaram perseguições, sofrimentos, doenças e até a morte com uma confiança inabalável nas promessas de Deus. A vida deles são testemunhos poderosos de que a esperança em Deus nunca decepciona.

6. O jubileu da esperança

O Jubileu da Esperança, também conhecido como Ano Santo de 2025, é um período de graça extraordinária promovido pela Igreja Católica. Esse Jubileu foi solenemente inaugurado pelo Papa Francisco em 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, e termina em 6 de janeiro de 2026, sob o tema "Peregrinos da Esperança".

Este evento simboliza um tempo de renovação espiritual, reconciliação e vivência profunda da Misericórdia Divina. Inspirado no tema "A esperança não confunde" (cf. Rm 5, 5), o Jubileu convida-nos a refletir sobre a essência da esperança cristã: uma confiança inabalável no amor de Deus .1

7. Bula de Proclamação do Ano Jubilar do Papa Francisco sobre a esperança 2

O Papa Francisco enfatizou a importância da esperança em várias das suas catequeses e escritos. Ele descreve a esperança como "a âncora e a vela" que nos guiam para um futuro mais fraterno e harmonioso 3 .  Nas suas catequeses sobre a esperança cristã, o Papa destaca que a esperança não desilude, pois está enraizada no amor de Deus que caminha ao nosso lado 4 . Ele nos encoraja a viver na expectativa da Revelação do Filho de Deus, confiando que, apesar das dificuldades, Deus está sempre conosco.

Conclusão

A esperança não engana porque está enraizada na fidelidade de Deus, na ressurreição de Cristo e na ação do Espírito Santo. É uma virtude que nos sustenta e nos dá força para enfrentar as dificuldades da vida com confiança e alegria: "A esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino"5.

Que possamos sempre manter viva essa esperança, certos de que Deus é fiel e cumprirá todas as Suas promessas.

Paula Ferraz
Missionária do 2º elo, Frente de Missão Fátima – Portugal

Referências:
1 https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2024-12/papa-francisco-missa-natal-porta-santa-jubileu-2025.html.
2 Spes non confundit – Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025 (9 de maio de 2024
3 https://formacao.cancaonova.com/igreja/jubileu-2025/jubileu-da-esperanca-o-caminho-para-uma-nova-realidade/.
4 https://www.vatican.va/content/francesco/pt/cotidie/2013/documents/papa-francesco_20131031_meditazioni- 23.html.
5 Spes non confundit – Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025 (9 de maio de 2024).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/por-que-esperanca-nao-engana/