8 de maio de 2025

O que é a dignidade fundamental do ser humano?

O mundo contemporâneo é cercado por múltiplas ideias, múltiplas opiniões, múltiplos pontos de vista. São tantas vozes, tantas notícias, tantas opiniões. Torna-se indispensável, assim, que esta pluralidade não afete o ser humano na sua totalidade, na sua afetividade e sexualidade, na sua vivência cotidiana, na sua capacidade de transcendência, de abertura ao outro. De fato, torna-se necessário que todas estas áreas da vida humana sejam iluminadas pela fé, que proporcionará um sentido mais pleno e mais verdadeiro ao ser humano.

Crédito: Charday Penn/GettyImages

Para quem é cristão, os desafios não são diferentes. Diante desta diversidade, destes pluralismos, sejam eles culturais, sociais, ideológicos ou religiosos, faz-se necessário que os cristãos sejam cada vez mais conscientes do que são e do que acreditam.

De fato, os cristãos creem que a dignidade mais sublime do homem consiste na sua vocação à união com Deus. É desde o começo da sua existência que o homem é convidado a dialogar com Deus. A vocação remete o ser humano a Deus, seu sentido e sua meta. Este mesmo Deus que inscreveu no coração humano o desejo de vê-Lo. Mesmo que, muitas vezes, o ser humano o ignore, Deus não cessa de atrair cada ser humano para si, cativando-o e fazendo com que ele compreenda que a plenitude de verdade e de felicidade está em Deus. Por natureza e por vocação, o homem é um ser religioso, capaz de entrar em comunhão com o seu Criador. É este vínculo íntimo e vital com Deus que confere ao ser humano a sua dignidade fundamental.

Cristo é o modelo da dignidade

Deus quis tanto cativar o ser humano, que se fez homem e habitou entre nós. Jesus Cristo é este Deus feito homem e é o modelo de ser humano plenamente consciente desta sua dignidade fundamental de Filho amado. O Filho de Deus ensina a cada um a viver a sua dignidade fundamental, pelo Seu exemplo, pela Sua entrega, pela Sua vida orante, pela Sua simplicidade, pelo Seu acolhimento.


Retorne às origens cristãs

O seguimento de Cristo, do seu Evangelho, no testemunho do dia a dia, o acolhimento do Seu amor misericordioso, que também gera responsabilidade e compromisso com os outros, são as molas propulsoras que levarão o cristão à sua configuração maior a Cristo, a restaurar em si aquela imagem e semelhança de Deus, talvez desfigurada pelo egoísmo, pela falta de amor, pelo desespero, pelo pecado.

É tempo de despertar, é tempo de voltar às origens, é tempo de ser amado por Deus e de amar. Mãos à obra!

Equipe de Formação da Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-e-a-dignidade-fundamental-do-ser-humano/

A paz que você procura está no silêncio que você não faz

Em Feira de Santana (BA), minha cidade natal, vi, uma vez, em um quadro negro daqueles bem antigos de escola, a seguinte frase: "A paz que você procura está no silêncio que você não faz".

De fato, essa sentença permaneceu por toda uma vida em minha memória e marcou-me tanto, que, ainda hoje, busco o caminho de como bem vivê-la. Embora eu tenha tido contato com a biografia da vida de santos, com o Catecismo e a Bíblia, confesso que adentrar nessa experiência tem me exigido muito esforço e dedicação.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Certa vez, li que "o silêncio aparece como uma expressão importante da Palavra de Deus" (VD 21). E mesmo parecendo um paradoxo de que no silêncio haja comunicação, pude compreender, a partir disso, que o nosso Deus sempre está presente, seja nas orações permeadas em palavras ou naquelas em que nem sabemos expressar o que estamos sentindo.

"Nas vossas orações, não sejais como os gentios que multiplicam as palavras porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque vosso Pai celeste sabe de que tendes necessidade, antes que vós o peçais" (Mt 6,7-8).

Vamos imitar o silêncio de Jesus

Ademais, Jesus bem sabia o quanto precisaríamos nos calar para nos ouvir e podermos ouvi-Lo, pois Ele mesmo o fazia, retirando-se para o deserto para orar ao Pai do Céu, para fazer jejum e oração e até mesmo para vencer a tentação do demônio.

Jesus é o Verbo encarnado e, no cumprimento de Sua missão na cruz a morrer por nossa salvação, Ele se calou, não abriu a boca e, nessa atitude, nos comunicou a Sua Paixão. O próprio Deus se cala. E nesses momentos sombrios e assustadores em que parece que estamos sós, não tenhamos medo, pois mesmo aí Ele se manifesta no Seu abismo de amor, Ele que é o próprio Amor.


No silêncio, Deus fala conosco

Note que é no silêncio que ouvimos Deus, e no silêncio Ele age em nós. Claro que não vamos parar de falar! O ser humano, afinal de contas, nasceu com capacidade para a comunicação, e isso é lindo e tem o seu valor. Mas se você me permite ainda um pouco mais, aconselho que fuja do barulho na medida do possível, diminua as telas, planeje a sua vida de oração e faça exercício físico, para que toda a ansiedade acumulada no dia a dia possa ser liberada, deixando-nos abertos à vida interior.

Que a Virgem Santíssima nos acompanhe nessa jornada em busca do silêncio fecundo.

Micheline Teixeira
Comunidade Canção Nova  


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/a-paz-que-voce-procura-esta-no-silencio-que-voce-nao-faz/

7 de maio de 2025

Do Luto ao Conclave: O imaginário e o real na sucessão do Papa

A morte do Papa Francisco: o que acontecerá agora?  

Direitos Reservados: Copyright Vatican Media

Na manhã daquele 21 de abril muitos se perguntavam se era verdade a notícia que circulava nas redes sociais, nos aplicativos de mensagem. Não demorou muito a confirmação: "O Papa morreu". Uma das lideranças mundiais mais significativas e referenciais deixava seu legado de simplicidade, empatia e misericórdia. Junto com o vazio da ausência, a pergunta que acompanhava a todos era: o que acontecerá agora? 

A Sala de imprensa do Vaticano substituiu os boletins diários sobre a saúde do Papa pela nota de falecimento e as comunicações constantes dos passos sucessivos. A Igreja não estava à deriva, não estava sem Governo, acabara de entrar em um Governo em transição. Da morte de Francisco até o início do conclave neste dia, 07 de maio, três momentos foram claramente identificados: O luto – Funeral; o Pré Conclave; o Conclave. Esta tríade traçava assim um percurso realizado pelos mais de 170 cardeais que aos poucos foram chegando a Roma.

Cardeais Brasileiros no conclave

Entre os muitos cardeais estavam oito brasileiros. Destes oito, sete estavam hospedados no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, e destes sete, seis eram cardeais eleitores. Ficaram hospedados no Pio Brasileiro os eleitores: Dom Jaime Spengler, Dom Leonardo Ulrich Steiner, Dom Odilo Pedro Scherer, Dom Orani João Tempesta, e Dom Paulo Cezar Costa, com eles estava o Cardeal Emérito de Aparecida Dom Raimundo Damasceno Assis, o oitavo Cardeal era Dom João Braz de Aviz, que já reside em Roma desde que iniciou seus trabalhos na Cúria Vaticana. 

Se analisarmos o falecimento do Papa, o período pré-conclave e o próprio conclave como um evento histórico, podemos identificar duas dimensões distintas: o imaginário e o real. A dimensão imaginária é formada pelas percepções individuais, fortemente influenciadas por representações culturais – seja por filmes, livros ou narrativas midiáticas sobre eventos similares. Trata-se de uma realidade construída a partir de referências prévias. Já a dimensão real corresponde aos fatos que ocorrem no cotidiano do processo, muitos dos quais permanecem inacessíveis ao público. Neste cenário, movido pelo imaginário coletivo, as pessoas tendem a criar inferências, elaborar hipóteses e desenvolver especulações sobre o que realmente está ocorrendo.

A comunicação institucional da Igreja no conclave

Ao longo de todo o processo – desde o falecimento do Papa até a realização do conclave, a Igreja enfrentou o desafio de manter uma comunicação eficaz em meio ao caos informativo da era digital. A instituição precisava navegar entre uma avalanche contínua de informações e desinformações que circulavam através de celulares, e-mails e até mesmo de certos veículos de imprensa. A comunicação eclesial, ou se preferirem a comunicação institucional da Igreja, neste contexto crítico, foi testada em seus limites: era necessário conciliar a transparência sobre os acontecimentos e próximos passos com a imprescindível preservação do sigilo quanto a etapas decisivas – cujo eventual vazamento poderia influenciar o processo eleitoral. Ao mesmo tempo, cabia à Igreja proporcionar adequada formação, ajudando os fiéis e o público em geral a compreender a singularidade daquele momento histórico e seu profundo significado.


Experienciar este momento foi único, e aqui me permitam um breve relato pessoal. Como escrevi, no imaginário das pessoas havia uma disputa política por busca de poder muito grande, comentadores das mais diversas áreas do conhecimento traçaram perfis e análises, muitas delas fortalecendo o imaginário das pessoas. Como residente do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, coordenador do departamento de comunicação do colégio, eu estava vivendo o real, por dentro do fato. E pensava sempre que era difícil se fazer análises sendo parte do processo. Fui educado pelo rigor da pesquisa científica que a melhor visão sobre um dado se pode ter quando se toma certa distância dele. 

A beleza e a riqueza da Igreja Católica Apostólica Romana

No entanto, este "estar no processo" me permitiu acessar o real, o cotidiano, as impressões, as percepções, a temperatura do momento. E, em uma frase carregada de personalismo e subjetivismo, posso afirmar: eu testemunhei a beleza e a riqueza da Igreja Católica Apostólica Romana. Beleza presente na harmonia, na unidade entre os Cardeais que não pouco encontrei à mesa das refeições, nas entrevistas individuais com falas tão marcadas pela experiência comunitária. Riqueza revelada na simplicidade, no serviço e no desejo de se alcançar o bem comum na Igreja e na sociedade. 

Conviver nestes dias foi uma experiência de fé primitiva, como aquela das primeiras comunidades cristãs narrada pelo livro de Atos dos Apóstolos. Partilha, sinodalidade, e oração foram as características fortes deste tempo. Se tornou evidente uma espiritualidade que nominei ESPIRITUALIDADE DO CAMINHO. Entendendo espiritualidade como aquilo que nos move, só quando estamos caminhando, juntos, fazemos a mesma experiência do amor e da providência de Deus que fez o povo no deserto com Moisés; quando nos colocamos a caminho reconhecemos Deus que age em meio nossas fraquezas e limitações como fez com Abraão tirando-o de Ur dos caldeus; apenas no caminho somos consolados pela empatia e a misericórdia de Deus, como o foram aqueles dois discípulos retornando a Emaús. 

No momento que escrevo este texto ainda não se tem claro quem será o novo Papa para Igreja, mas uma coisa é muito certa: juntos caminharemos e neste caminho faremos a experiência de sermos tocados pela Graça de Deus. Se posso chamar de lições, o que este momento histórico imprimiu em mim foi a certeza de que aquele "vinde e vede" de Jesus foi mais que provocador, foi transformador. Os jornalistas que vieram, viram! Os cardeais que vieram, viram! Os peregrinos que vieram, viram! Quem duvidava do poder da empatia, da escuta e da oração, testemunhou que um mundo melhor é possível – mas não quando ficamos presos a meias verdades, nem quando nos contentamos com qualquer informação (ou desinformação) que aparece. 

O desejo de fazer diferente não basta se não for acompanhado pela ação que faz a diferença.  Vivamos este novo tempo! 

Padre Robson Caramano

Padre da Diocese de São Carlos, Mestre em Linguagens, Mídia e Arte pela PUC Campinas e aluno do Programa de Mestrado em Filosofia com Especialização em Filosofia Prática da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Coordenação do Departamento de Comunicação do Pontifício Colégio Pio Brasileiro


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/luto-ao-conclave-igreja-entre-o-imaginario-e-o-real-na-sucessao-papa/

6 de maio de 2025

Santa Rita de Cássia, intercessora das famílias e das causas impossíveis

Uma infância cheia de devoção

A pequena periferia de Roccaporena, na Úmbria, foi berço de Margarida Lotti, provavelmente por volta de 1371, chamada com o diminutivo de "Rita". Seus pais, humildes camponeses e pacificadores, procuraram dar-lhe uma boa educação escolar e religiosa na vizinha cidade de Cássia, onde a instrução era confiada aos Agostinianos. Naquele contexto, amadurece a devoção a Santo Agostinho, São João Batista e São Nicolau de Tolentino, que Rita escolheu como seus protetores.

Mulher e mãe dedicada

Por volta de 1385, a jovem se uniu em matrimônio com Paulo de Ferdinando de Mancino. A sociedade de então era caracterizada por diversas contendas e rivalidades políticas, nas quais seu marido estava envolvido. Mas a jovem esposa, através da sua oração, serenidade e capacidade de apaziguar, herdadas pelos pais, o ajudou a viver, aos poucos, como cristão de modo mais autêntico. Com amor, compreensão e paciência, a união entre Rita e Paulo tornou-se fecunda, embelezada pelo nascimento de dois filhos: Giangiacomo e Paulo Maria. Porém, a espiral de ódio das facções políticas da época acometeram seu lar doméstico.

Assassinato do esposo e perdão

O esposo de Rita, que se encontrava envolvido também por vínculos de parentela, foi assassinado. Para evitar a vingança dos filhos, escondeu a camisa ensanguentada do pai. Em seu coração, Rita perdoou os assassinos do seu marido, mas a família Mancino não se resignou e fazia pressão, a ponto de desatar rancores e hostilidades. Rita continuava a rezar, para que não fosse derramado mais sangue, fazendo da oração a sua arma e consolação. 

Doença dos filhos

Entretanto, as tribulações não faltaram. Uma doença causou a morte de Giangiacomo e de Paulo Maria; seu único conforto foi pensar que, pelo menos, suas almas foram salvas, sem mais correr o risco de serem envolvidos pelo clima de represálias, provocado pelo assassinato do marido. Tendo ficado sozinha, Rita intensificou sua vida de oração, seja pelos seus queridos defuntos, seja pela família de Mancino, para que perdoasse e encontrasse a paz.  

Pedido recusado

Com a idade de 36 anos, Rita pediu para ser admitida na comunidade das monjas agostinianas do Mosteiro de Santa Maria Madalena de Cássia. Porém, seu pedido foi recusado: as religiosas temiam, talvez, que a entrada da viúva de um homem assassinado pudesse comprometer a segurança do Convento. No entanto, as orações de Rita e as intercessões dos seus Santos protetores levaram à pacificação das famílias envolvidas na morte de Paulo de Mancino e, após tantas dificuldades, ela conseguiu entrar para o Mosteiro.

Monja Agostiniana

Narra-se que, durante o Noviciado, para provar a humildade de Rita, a Abadessa pediu-lhe para regar o tronco seco de uma planta, e sua obediência foi premiada por Deus, pois a videira, até hoje, é vigorosa. Com o passar dos anos, Rita distinguiu-se como religiosa humilde, zelosa na oração e nos trabalhos que lhe eram confiados, capaz de fazer frequentes jejuns e penitências. Suas virtudes tornaram-se famosas até fora dos muros do Mosteiro, também por causa das suas obras de caridade, juntamente com algumas coirmãs; além da sua vida de oração, ela visitava os idosos, cuidava dos enfermos e assistia aos pobres.

A Santa das rosas

Cada vez mais imersa na contemplação de Cristo, Rita pediu-lhe para participar da Sua Paixão. Em 1432, absorvida em oração, recebeu a ferida na fronte de um espinho da coroa do Crucifixo. O estigma permaneceu, por quinze anos, até a sua morte. No inverno, que precedeu a sua morte, enferma e obrigada a ficar acamada, Rita pediu a uma prima, que lhe veio visitar em Roccaporena, dois figos e uma rosa do jardim da casa paterna. Era janeiro, período de inverno na Itália, mas a jovem aceitou seu pedido, pensando que Rita estivesse delirando por causa da doença. Ao voltar para casa, ficou maravilhada por ver a rosa e os figos no jardim e, imediatamente, os levou a Rita. Para ela, estes eram sinais da bondade de Deus, que acolheu no Céu seus dois filhos e seu marido.

Veneração de Rita

Santa Rita expirou na noite entre 21 e 22 de maio de 1447. Devido ao grande culto que brotou logo depois da sua morte, o corpo de Rita nunca foi enterrado, mas mantido em uma urna de vidro. Rita conseguiu reflorescer, apesar dos espinhos que a vida lhe reservou, espalhando o bom perfume de Cristo e aquecendo tantos corações no seu gélido inverno. Por este motivo e em recordação do prodígio de Roccaporena, a rosa é, por excelência, o símbolo de Rita.

A minha oração

"Rita, grande intercessora das famílias, a ti pedimos verdadeiras graças de conversão sobre aqueles aos quais amamos. Tuas rosas são sinais de salvação, por isso, te pedidos a paciência e o perdão, a oração e intercessão, ajuda-nos de forma concreta nesta luta. Amém!"

Santa Rita de Cássia , rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 22 de maio:

  1.   Na África Setentrional, os santos Casto e Emílio, mártires. († 203)
  2.   Em Comana, no Ponto, hoje Gumenek, na Turquia, São Basilisco, bispo e mártir. († s. IV)
  3.   Na ilha da Córsega, região da França, a comemoração de Santa Júlia, virgem e mártir. († data inc)
  4.   Em Aire-sur-l'Adour, na Aquitânia, hoje na França, Santa Quitéria, virgem. († data inc)
  5. Em Angoulême, também na Aquitânia, Santo Ausónio, considerado o primeiro bispo desta cidade. († s. IV/V)
  6. Em Limoges, na mesma região da Aquitânia, São Lopo, bispo, que aprovou a fundação do mosteiro de Solignac. († 637)
  7. Em Parma, na Emília-Romanha, região da Itália, São João, abade. († s. X)
  8. Em Pistóia, na Etrúria, hoje na Toscana, também região da Itália, Santo Atão, bispo. († c. 1153)
  9. Em Florença, também na Etrúria, hoje na Toscana, a Beata Humildade (Rosana), depois de casada, foi abadessa e se associou à Ordem de Valumbrosa. († 1310)
  10. Em Londres, na Inglaterra, o Beato João Forest, presbítero da Ordem dos Frades Menores e mártir. († 1538)
  11. Em Kori, cidade do Japão, os beatos Pedro da Assunção, da Ordem dos Frades Menores, e João Baptista Machado, da Companhia de Jesus, presbíteros e mártires. († 1617)
  12. Em Omura, também no Japão, o Beato Matias de Arima, mártir. († 1620)
  13. No Aname, no atual Vietnam, São Miguel Ho Dinh Hy, mártir. († 1857)
  14. Em An-Xá, cidade do Tonquim, também no actual Vietnam, São Domingos Ngon, mártir, pai de família e agricultor. († 1862)
  15. Em Lucca, na Toscana, região da Itália, a Beata Maria Domingas Brun Barbantíni, religiosa, que fundou a Congregação das Irmãs Ministras dos Enfermos de São Camilo. († 1868)

Fontes:

– Pesquisa e redação: Rafael Vitto – Comunidade Canção Nova

– Produção e edição: Fernando Fantini – Comunidade Canção Nova

O jovem é chamado a ter um espírito de ousadia!

A vontade de Deus é sempre melhor do que a nossa

Na nossa vida de intimidade com Deus, sempre chega um momento em que o Senhor nos pede algo a mais. Muitas vezes, nos encontramos naquele mesmo cenário da parábola do jovem rico, que vivia os mandamentos e era uma pessoa boa, mas quando o Senhor lhe pediu para dar todos os seus bens aos pobres e O seguir, aquele jovem foi embora entristecido.

Você já se encontrou na situação onde Deus o convida a fazer algo que lhe custa muito? Eu já! Quantas vezes tive medo de me entregar totalmente a Deus porque não queria que a vontade d'Ele fosse diferente da minha e me apeguei aos meus "bens", como o comodismo e o conforto, em vez de largar tudo e segui-Lo. 

Às vezes, é difícil compreender que a vontade de Deus é sempre melhor do que a nossa! O jovem rico ficou sozinho e triste porque não se entregou livremente a Deus, ele não teve a ousadia de atender ao chamado do Senhor e de aceitar a graça.

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Um conselho para nós

E é aí que eu faço um lembrete para mim e para você, um conselho de Paulo ao jovem Timóteo: "Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de força, de amor e de moderação" (II Tm 1,7). 

Uma característica presente na vida dos apóstolos e de todos os outros santos é a ousadia. Eles tinham a coragem para pregar o Evangelho e abandonar tudo para fazer a vontade de Deus. Isso faz parte da identidade cristã.

Seguir os mandamentos, ter uma vida de oração e frequentar os Sacramentos é a base, mas não paramos nisso. Nós todos somos chamados a crer no Evangelho e, depois, anunciá-Lo a toda criatura. Somos convidados a seguir Jesus, mas carregando a nossa cruz, renunciando a nossa vontade por amor a Ele. Somos convocados a ter esse espírito de ousadia!


Sair do nosso conforto

Deus sempre vai nos pedir algo que nos custa. Muitas vezes, vai doer fazer o que Ele nos pede, porque, no início, não conseguimos enxergar os frutos que virão ao escolher a vontade d'Ele e sair do nosso conforto. Contudo, quando decidimos deixar os nossos "bens" para segui-Lo e carregar a nossa cruz, então, aos poucos, o Senhor vai nos revelando que fizemos a escolha certa, vamos percebendo que o caminho é, sim, frutuoso e que amadurecemos muito mais do que se tivéssemos recusado a graça. 

O Senhor nos espera! E Ele quer contar com a juventude para espalhar a Boa Nova. Ele quer jovens que tenham essa coragem, que desejem a santidade. O que está nos prendendo? O que está nos impedindo de aceitar esse chamado? Quais são os bens que você possui e dos quais não quer desapegar?

Entregue todos esses medos a Deus e peça a graça de ter coragem para escolher a vontade d'Ele. E, aproveitando o tema da Jornada Mundial da Juventude, "Maria levantou-se e partiu apressadamente" (Lc 1,39), vamos recorrer ao maior exemplo de ousadia: Nossa Senhora! Ela não pensou duas vezes, aceitou a vontade de Deus e, apressadamente, partiu ao encontro de sua prima para servir e levar a presença de Cristo aos outros, como nós devemos fazer. 

Coragem! Encorajados pelas palavras de São João Paulo II: "Jovens de todos os continentes, não tenhais medo de ser os santos do novo milênio!", vamos juntos gastar a nossa juventude por amor a Deus!

Maria Luiza Ferreira
integrante do @thepoiint


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-jovem-e-chamado-a-ter-um-espirito-de-ousadia/

5 de maio de 2025

Treze conselhos do Papa Francisco para ser santo

"Santos escondidos" vivem seu itinerário de imitação de Cristo no dia a dia. Em uma celebração na Basílica São Paulo Fora dos Muros, em 14 de abril de 2013, Bergoglio falou sobre a "classe média da santidade", como dizia o escritor francês, Joseph Malegue.

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Papa Francisco afirma que a santidade é acessível a todos

Abaixo, elenco treze conselhos mencionados por Francisco em diferentes ocasiões para alcançar a santidade.

1. Santo não é super-herói

Muito ao contrário do que se pensa, santos não são super-heróis, mas pecadores. Um caminho que compreende humildade e sofrimento para deixar que Cristo nos santifique. "Humilhação nossa, para que o Senhor cresça", é regra da santidade. "Os Santos não são super-homens e nem nasceram perfeitos. São pessoas que, antes de chegar à glória do céu, viveram uma vida normal, com alegrias e tristezas, fatigas e esperanças, mas, quando conheceram o amor de Deus, o seguiram de coração, sem nenhuma condição ou hipocrisia".

2.Inimigos podem ser santos

Ao citar a conversão de São Paulo, que de inimigo da Igreja tornou-se santo, o Papa Francisco garante que o coração de Saulo mudou, mas Paulo não se tornou um herói. Ele pregou o Evangelho em todo o mundo e terminou a vida com um pequeno grupo de amigos, em Roma, até ser morto, à imitação de Jesus Cristo.

3. Não existe curso de santidade

O Papa explica que as Cartas de São Paulo são endereçadas a pessoas que pecam, mas são filhos da Igreja santificada pelo Corpo e Sangue de Cristo. "A santidade é um dom de Jesus à sua Igreja e para fazer ver isto Ele escolhe pessoas em que se vê claro o seu trabalho para santificar", afirma o Santo Padre.

4. Santidade é vocação para todos

"Os Santos, amigos de Deus, asseguram-nos que essa promessa não decepciona. Em sua existência terrena, eles viveram em profunda comunhão com Deus, tornando-se semelhantes a Ele. No rosto dos irmãos humildes e desprezados, eles viram o rosto de Deus, e agora o contemplam face a face em sua beleza gloriosa", disse Francisco.

5. Servir com alegria

Os santos "dedicaram suas vidas a serviço dos outros, suportaram sofrimentos e adversidades sem odiar e respondendo ao mal com o bem, difundindo alegria e paz. Os santos nunca odiaram. O amor é de Deus, mas o ódio vem de quem? Vem do diabo. Os santos são homens e mulheres que têm alegria no coração e a transmitem aos outros. Não devemos odiar os outros, mas servir aos outros, aos necessitados, rezar e se alegrar: este é o caminho da santidade".

6. Não é privilégio de poucos

"Ser santos não é um privilégio de poucos, como se alguém recebesse uma grande herança. Todos nós recebemos a herança de nos tornarmos Santos no Batismo. Ser santo é uma vocação para todos. Todos nós somos chamados a percorrer o caminho da santidade, e o caminho que leva à santidade tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. No Evangelho, Ele nos mostra a estrada das Bem-Aventuranças".

7. Santidade em comunidade

O Papa convida a aceitar o chamado à santidade com alegria e a sustentar o próximo, porque não se percorre sozinho o caminho da santidade, mas juntos, no único corpo que é a Igreja, amada e santificada pelo Senhor Jesus Cristo. "Vamos em frente com ânimo, neste caminho da santidade", convida.


8. Não precisa ser padre ou bispo

"Para ser santo, não é preciso ser bispo, padre ou religioso: não, todos somos chamados a ser santos! Muitas vezes, somos tentados a pensar que a santidade só está reservada àqueles que têm a possibilidade de se desapegar dos afazeres normais para se dedicar exclusivamente à oração".

9. Santos no dia a dia

A santidade se faz no testemunho cristão nas ocupações de cada dia e no estado de vida em que se encontra: consagrado, casado, solteiro. O que se espera que se cumpra com honestidade e competência o trabalho, oferecendo tempo ao serviço dos irmãos. "Ali onde você trabalha você pode se tornar santo", completa o Pontífice.

10. Cara de santinho

A santidade é consistente, não é oca. "Alguns pensam que a santidade é fechar os olhos e fazer cara de santinho! Não, a santidade não é isso! A santidade é algo maior, mais profundo, que Deus nos dá". O Senhor não nos chama para algo pesado, triste. Ele convida a compartilhar a alegria.

11. Pais e avós santos

Ao ensinar com paixão aos filhos ou aos netos a seguir Jesus, alcança-se a santidade. Ser bons pais e avós exige muita paciência. É justamente exercitando essa paciência que acontece a santidade.

12. Sem fofoca

Um passo importante é não falar mal de ninguém. O Papa dá como exemplo um mulher que vai ao mercado fazer compras e encontra uma vizinha. Começam a falar "e, depois, vêm os mexericos". Mas, quando a mulher decide romper com esta atitude e diz: "Não, não, não,
não posso dizer mal de ninguém", torna-se um passo para a santidade.

13. Orar para ser santo

A oração é um outro passo para a santidade. Ir à missa ao domingo, comungar, confessar-se. A recitação do Rosário contribui para nossa santidade. Ao rezar na rua, ver um pobre, devemos parar e dar atenção a esse necessitado: é um passo rumo à santidade! São pequenas coisas. "Cada passo rumo à santidade fará de nós pessoas melhores, livres do egoísmo e do fechamento em nós mesmos, abertos aos irmãos e às suas necessidades", ensina Francisco.

Depois de ler essas treze orientações, faça um exame de consciência. A proposta é do próprio Papa Francisco: "Como respondemos até agora ao chamamento do Senhor à santidade? Tenho a vontade de me tornar um pouco melhor, de ser mais cristão, mais cristã? Esta é a estrada da santidade".

Rodrigo Luiz dos Santos


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/treze-conselhos-do-papa-francisco-para-ser-santo/

4 de maio de 2025

Os aprendizes da vida e das vozes

Todos somos aprendizes

Da vida, todos somos aprendizes, pois a riqueza e o sentido do viver não permitem simplismos. Enquanto dom e tarefa, a vida é mistério. Por isso mesmo, não cabe nos limites de legislações, ultrapassa considerações políticas, não havendo abordagem confessional em que se encerre. Impossível esgotar-lhe o sentido, por mais completa que seja a narrativa. E o seu entendimento exige peregrinar às suas raízes, a seus sentidos, aos alicerces.

A vida é mistério, pelas profundezas de suas origens, e fonte, pela profundidade de sentido. Na sua maestria, Jesus a coloca como meta de sua missão ao dizer: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância", conferindo-lhe sacralidade e constituindo a misericórdia como o parâmetro mais alto de seu adequado tratamento. Assim, institui e eleva, para os que n'Ele creem, o valor incomparável da pessoa humana. A vida é, pois, dom que se estende para além das circunstâncias da existência terrena, porque consiste na participação da própria vida em Deus. E a sublimidade própria da vida de cada pessoa revela a grandeza e o valor precioso da vida de toda a humanidade.

DOM WALMOR

Foto Ilustrativa: by Getty Images / RichVintage

Aprendizes da vida

O Evangelho da vida acena com a condição de aprendizes a todos os que têm a vida como dom e tarefa. Sua preciosidade se manifesta, de modo completo, na encarnação do filho de Deus, ao aceitar a morte na cruz pelo resgate de todos. Firma-se, assim, entre Deus e a humanidade, o compromisso inarredável de defender a vida de todas as ameaças, em todas as suas etapas. Compromisso que deve se fortalecer neste tempo de impressionante multiplicação e agravamento das ameaças à vida humana, a nações inteiras, particularmente aos indefesos e vulneráveis. São muitas as chagas expostas que atentam contra a vida, a exemplo da fome, da miséria, das epidemias, das guerras, de feridas com modalidades inéditas e inquietantes. Crescem as formas aviltantes de violências. Frutos de preconceitos e racismos, ferem particularmente os mais fragilizados e os excluídos, apontando a urgência de se rever as legislações no sentido de impedir que se chegue a absurdos ainda maiores. O panorama dos diferentes atentados à vida desafia a sociedade contemporânea a encontrar novas respostas e a confeccionar um tecido consistente, capaz de operar as mudanças necessárias nos vergonhosos cenários marcados pelos extermínios, pela eliminação de vidas.

O desafio é posicionar-se ante todos esses atentados, ante um contexto cultural que confere aos crimes contra a vida aspectos inéditos e iníquos. A partir das graves preocupações advindas da própria opinião pública, tenta-se justificar a liberdade individual de escolhas e procedimentos que atentam contra a sacralidade da vida. O desafio se torna ainda maior quando se constatam profundas alterações na maneira de considerar a vida, a vida de todos, e as relações entre as pessoas. Há, pois, nítido processo de afastamento dos princípios basilares, como causa de uma derrocada moral, dificultando o necessário retorno às fontes de inspiração e de clarividência em torno da sacralidade das vidas todas. E sem referências e princípios, as abordagens ocorrem no burburinho de vozes da turba. Compromete-se, assim, a qualidade do que se escolhe, do que se legisla, do que se sente, e as consequências são notórias: a vida passa a ser tratada por alas, por interesses, por disputas e até pelo oportunismo de se fazer reconhecido; por interesses político-partidários, além das razões extremistas e fundamentalistas – todas distanciadas do inegociável.

As exigências das vozes

As vozes se tornam opiniões próprias, de lugares hermenêuticos contaminados, com dificuldade de se perceber qual é o verdadeiro sentido, por não se saber retornar à fonte. Também por falta de traquejo de lidar com princípios, nota-se um silêncio sepulcral e omisso. Muitos não dizem nada por receio, porque se promovem em meio às vozes. Tudo se reduz a uma formulação prosaica. São muitas vozes e muitas contradições: a voz em defesa de algo ou de alguém é a voz que, ao mesmo tempo, pisa a honra e fere a dignidade do outro, com o descalabro interesseiro de anatematizar um e canonizar outro. Anatematiza quem parece ser uma voz diferente, desconhecendo sua compreensão e desconsiderando uma vida de feitos e comprometimentos. Canoniza até mesmo quem ainda é neófito, inexperiente, e apresenta argumentos equivocados.


Do mesmo modo que a fé se torna estéril, quando não consegue ser uma experiência de testemunho transformador, esterilidades se perpetram em vozes cujos sons não ecoam o que, cotidianamente, tem que se buscar na fonte-princípio. Os pitagóricos diziam que o princípio é a metade do todo. Se falta esta primeira metade, na tarefa de construção de um novo tecido social, cultural e político, com resultados efetivos sobre leis, costumes e estilos de vida, faltará a base para a segunda metade. Vozes serão muitas, como neste tempo de um coro dissonante, que exige dos aprendizes investimento em harmonias. E, assim, participem do coro dos lúcidos, cada vez mais, vozes coerentes e propositivas, capazes de imprimir as grandes mudanças neste tempo que precisa ser urgentemente novo para se promover e salvar vidas.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/os-aprendizes-da-vida-e-das-vozes/