22 de fevereiro de 2016

A oração que tem transformado a vida dos homens

Existe uma oração que está transformando a vida dos homens e impulsionando-os a buscar sua verdadeira missão

Algo novo tem acontecido nas paróquias. De modo até tímido, temos visto os chamados grupos de Terço dos Homens começarem e, aos poucos, angariarem cada vez mais varões, podendo, em não poucos casos, chegarem a mil, mil e quinhentas, duas mil pessoas para a oração do Santo Terço.

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O mais importante é que essa oração tem transformado a vida de muitos homens, tirado muitos do vício, pornografia, adultério e seitas secretas; devolvendo-os à companhia da família e à frequência dos sacramentos da Igreja. Por isso achei importante escrever um livro que descrevesse todas essas maravilhas.

A obra retrata o que vem a ser o Terço dos Homens, a origem do movimento em nosso país, como acontecem essas conversões e o que se passa no íntimo desses homens. No entanto, não me contentei em falar somente do Terço dos Homens sob o aspecto da vida de oração e seus efeitos, mas vi uma ótima oportunidade de falar também de vida, de assuntos de interesse masculino, e ofertar alguma literatura que pudesse dar um norte ao homem de hoje, como é pedido pelo movimento Mãe Rainha três vezes admirável de Schoenstatt – de quem veio o principal impulso, nesses últimos tempos, para a propagação do Terço dos Homens –, em que um dos pilares dos grupos de Terço é a formação humana para os homens.

Tenho percebido que, a partir da oração do Rosário, os homens têm se convertido, voltado aos sacramentos e, a partir disso, buscado um sentido maior para a vida deles; daí vem a segunda parte do título do livro: 'A grande missão masculina'.

Mas qual é essa grande missão?

Vou relatar, brevemente aqui, quatro características das quais Deus pensou para o homem em sua origem, desde quando formou o ser masculino, a fim de que este chegue a concretizar sua missão neste mundo.

Acolhedor – Deus fez o homem primeiro que a mulher. Por quê? Para ele ser maior que ela? Não! Para que, a partir do que Ele criou, preparar-lhe o ambiente. O homem é como o anfitrião da mulher.

Podemos ver essa imagem também na cultura judaica. Quando um casal estava prometido em casamento, sabemos, pela tradição, que a obrigação de construir a casa era do homem e, no dia do casamento, ele ia buscar, com os seus amigos (cf. Jo 3,29), a noiva, que o esperava na casa de seus pais junto com as virgens (cf. Mt 25,1). Portanto, a mulher foi dada ao homem, o Senhor a apresentou a ele (cf. Gn 2,22). Temos de ver as mulheres de forma diferente da que o mundo nos propõe; temos de vê-las pela ótica do Senhor, ou seja, como Deus as vê. A partir daí, conseguiremos enxergar a riqueza daquela que compartilhará nossa vocação esponsal.

Portanto, se um homem não respeita, não acolhe nem tem cuidado com a mulher, se ele a enxerga como objeto de sua satisfação, está agindo fora de sua própria essência, pois está desobedecendo ao sentido de sua existência e, consequentemente, não se realizará enquanto pessoa, não será feliz.

Você já viu algum homem feliz ou de bem com a vida, que usa ou expõe uma mulher, que a tortura psicologicamente, a agride verbal ou fisicamente?


Dom de autoridade de Deus Pai

Condutor – O homem deve "Chamar para si a responsabilidade de guiar sua esposa e seus filhos pelos caminhos corretos e santos para chegarem ao Céu.[…] Conduzir aqui não significa ser opressor, invasor, centrado em si mesmo, que faz com que todos sigam seu pensamento. Mas simboliza o sacrifício de si próprio para o bem-estar do outro. Muitas vezes, aquele que vai à frente numa viagem é o que se dispõe a colocar-se primeiro diante dos riscos, justamente para assegurar a vida daqueles que vêm atrás. Ele motiva e estimula quando necessário, mas está atento aos seus e ao ritmo diferente de cada um. Certa vez, lendo um livro de espiritualidade, encontrei uma representação do que é isso:[..] 'Quando meu pai colocou o anel no dedo da minha mãe, e o padre os declarou marido e mulher, Nosso Senhor entregou ao meu pai um cajado, que parecia um pauzinho curvo de Luz, tratava-se de uma graça que Deus dá ao homem. É um dom de autoridade de Deus Pai, para esse homem guiar o pequeno rebanho que são os filhos, que nascem desse matrimônio, e também para defender o matrimônio' (Lv. 'O livro da vida! Da ilusão à verdade'. POLO, Glória. Goiânia: América Ltda, 2009. p. 40)".

A mais profunda vocação do homem é ser pai

Paternidade – A mais profunda vocação do homem é ser pai. Ele nasce e se desenvolve para isso. O homem, com tudo o que lhe pertence – seus dons, talentos e habilidades, todo seu conhecimento, prática e técnica que adquire, tudo o que desenvolve durante sua vida –, só encontrará plena realização se canalizar tudo para o exercício da sua paternidade.

Geralmente, é a figura paterna quem ensina o filho a andar de bicicleta – segura-o para não cair, soltando-o quando vê que ele já adquiriu certo equilíbrio, ainda que o pequeno não confie em si mesmo. A criança experimenta o prazer de ser desafiada pelas ocasiões da existência e alcançar pequenas vitórias pessoais. Também é o pai quem, na maioria das vezes, brinca pedindo ao filho que pule de alguma altura para segurá-lo no colo. Dificilmente, veremos uma mãe brincando assim!

Tudo isso vai sendo registrado na cabecinha da criança como: "Você é capaz", "Eu acredito em você", "Existe alguém junto com você, alguém que o olha, mesmo quando você se sente sozinho no desafio".

Na pré-adolescência ou juventude, também é comum que seja o pai a ensinar como o mundo funciona ou até mesmo ensinar um ofício ao seu filho. Jesus aprendeu a ser carpinteiro com seu pai José.

Se um pai não gosta de trabalhar, é adúltero ou cultiva vícios, seu filho seguirá seu exemplo ou entrará em "pé de guerra" contra ele.


Todo homem precisa de uma luta

Enfrentamento – "O substrato básico do ser humano está na feminilidade, e o sexo masculino, para se desenvolver, precisa surgir por meio de um esforço". Isso é verdadeiro biológica, psíquica e espiritualmente.

Biológico, pois o embrião inicialmente é feminino. Se seguir de forma linear, ou seja, conforme já vem acontecendo o desenvolvimento do embrião desde sua fecundação, nascerá então uma menina. Para que surja um menino, é preciso que ocorra uma revolução química. Não que não haja as propriedades masculinas, o cromossomo Y está ali, mas precisa acontecer essa revolução.

Psíquico, porque tanto o menino quanto a menina são criados pela mãe; consequentemente, ficam mais tempo com ela. As meninas estão em harmonia com a mãe e se desenvolvem femininas. O menino precisa se afastar do mundo da mãe e, ao afastar-se, torna-se homem.

Espiritual, porque "o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher".

Desde pequenos, buscamos autenticar nossa masculinidade – competimos entre nós, desafiamo-nos, impomos condições, ritos de passagem para sermos aceitos e aprovarmos o outro.

Todo homem precisa ter por que lutar. O prêmio final, a vitória será a consequência do que adquirirmos durante a batalha. Portanto, a grande missão masculina é sermos acolhedores, condutores e paternos, enfrentarmos o mundo como linha de frente.

Que grande graça é o Terço dos Homens! A partir da oração simples, mas feita com o coração, ele pode revelar e autenticar todas essas características que Deus já depositou em nós.

Não canso de repetir que esse movimento é iniciativa de Nossa Senhora, a mulher que gerou Jesus e quer formar, gerar em nós características, infundir em nós o mesmo Espírito de Seu Filho divino. Cristo é o modelo do homem que frequenta o Terço dos Homens.



Sandro Arquejada

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-masculina/oracao-que-tem-transformado-vida-dos-homens/

19 de fevereiro de 2016

Mãe de criança especial testemunha por que não abortar

Solange testemunha alegria de sua escolha em não abortar

Olá, amigos! Venho fazer uma breve reflexão. Assistindo ao noticiário, fiquei questionando-me sobre a situação de uma mãe, em certo país, que interrompeu sua gestação aos oito meses, porque seu bebê havia sido diagnosticado com microcefalia. Logo após a interrupção da gravidez, os médicos fizeram exames no cérebro do bebê para saber se havia a presença do Zika vírus. Isso tudo mexeu muito comigo, pois tenho uma filha especial.

Há quase 14 anos, quando estava grávida, contraí citomegalovirus, um vírus que pode trazer consequências sérias para o bebê. Fui aconselhada por uma infectologista a interromper a gestação, mas lancei minha confiança no Deus que me deu o dom da maternidade.

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Foto: Daniel Mafra/canocaonova.com

Mesmo sabendo que minha filha poderia nascer cega, surda, sem algum dos membros que ainda não estavam formados – pois eu ainda estava no início da gestação –, permaneci firme e lutei contra as probabilidades. Minha filha linda, hoje com 13 para 14 anos, nasceu com 33 semanas de gestação.

A sequela da doença foi uma paralisia cerebral, mas isso não a impede de ser feliz, de conviver com os amigos e ser uma aluna nota 10, pois é muito inteligente e esforçada. Ela foi considerada um milagre e lutou para viver. Linda demais!

Solange conta sua história de superação:

Maria Eduarda faz tratamento desde que nasceu. Sua infância foi e tem sido em clínicas de fisioterapia e terapia ocupacional. Ela já passou por três cirurgias, a última com sete horas de duração. Quando ainda era bebê,  foi diversas vezes desacreditada pela medicina quanto as suas capacidades, mas Deus sempre nos surpreendeu.

Hoje, sou mãe de três milagres e extremamente feliz por ter sido escolhida para ser uma mãe especial. Deus cuida de tudo!

Se você, hoje, encontra-se nessas condições, seja pelo Zika vírus ou qualquer anomalia de seu filho, dê a ele o direito de nascer, mesmo que seja por algumas horas. Você não vai se arrepender, pois somos nós os maiores ganhadores por termos filhos especiais. Sou feliz e realizada!


Vamos dizer 'não' ao aborto e a qualquer cultura de morte

Minha filha especial, Maria Eduarda, e meus outros dois grandes milagres, Mariana Gusmão e Marcos Vinícius, juntos são minha razão de viver , sorrir e louvar a Deus todos os dias. Também são de meu esposo Edson Gusmão. Se você vive uma história assim, seja testemunha da conquista, e não vítima da desistência.

Deus s abençoe!

Solange Gusmão


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/bioetica/defesa-da-vida/mae-de-crianca-especial-testemunha-por-que-nao-abortar/

17 de fevereiro de 2016

O amor é a capacidade de ver o outro de forma diferente

O amor tem a capacidade de retirar alguém do lugar comum

O amor só pode ser eterno à medida que vivermos a conquista do outro todos os dias. E isso só vai acontecer a partir do momento em que o amor de Deus incendiar nossa vida.

O amor é essa capacidade de ver o outro de forma diferente. No meio de tanta gente, alguém se torna especial para você e você se aproxima dele. Amar é começar a descobrir que, numa multidão, alguém não é multidão. O amor é essa capacidade de retirar alguém do lugar comum para um lugar dedicado, especial. Alguém descobriu uma sacralidade em você.

O amor é a capacidade de ver o outro de forma diferente
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A primeira cura que o amor realiza

Quando alguém se aproximou, foi porque você gerou um encanto. O outro se sentiu melhor ao aproximou-se de você. A beleza da totalidade que você tem faz ele melhor. A primeira coisa que o amor esponsal e conjugal cura são as orfandades que a vida nos colocou.

Namoro tem de começar assim: "Tira as sandálias dos pés, eu não sou um território qualquer". O primeiro encanto tem de ser essa consciência de que se Deus lhe deu essa pessoa, Ele é dono antes de você.

O amor quando não é amor, vira competição, disputa; por isso ele é iniciado e mantido em Deus; será sempre um amor de promoção do outro.


O casamento é um encantamento pelo o outro, que vai ganhando sentido conforme o casal vai se conhecendo. O amor para ser verdadeiro tem de passar pelas fases da descoberta. Você tem que saber quem é o outro.

A grande lição para quem se casa é esta: todos os dias você precisa se aproximar do outro e descobrir o motivo para continuar o respeito e a alegria de estar diante dele.

Casamento em que o outro é opressão, não é amor. O amor leva para o alto! Se vocês não se promovem mais, significa que estão esquecendo a vocação primeira do matrimônio: o de acender o fogo do amor, da dignidade e da felicidade nele.

A porta para o diabo entrar

O sexo errado na vida de um casal é a porta por onde o diabo pode entrar para fazer do parceiro um objeto. Cuidado com o que vocês trazem para a vida sexual de vocês, para não fazer o outro se sentir um objeto, uma prostituta (o).

Não levem para vida sexual instrumentais diabólicos. Que coisa ridícula a mulher se vestir de coelhinha, o marido de batman ou sei lá mais o quê. Ainda vêm com a desculpa de dizer que isso é para "incrementar" a relação. Se o amor que você tem por ela não for o melhor incremento, esqueça!

Sejam criativos sim, mas sem perder a dignidade. A maior criatividade da vida sexual, para que vocês se sintam amados, é carinho, afeto e dedicação.

Qual é o incremento da vida sexual?

Cuidado! A roupa de coelhinha, de professorinha etc., pode fazer seu marido esquecer que você é sagrada. Cuidado com essa mentalidade mundana que está transformando mulheres e homens em objeto. O incremento da vida sexual é carinho, afeto e dedicação. Isso faz com que nos sintamos amados! Se não tem amor, depois do prazer você joga o outro fora. O amor do outro tem de promover sua dignidade.

O único objetivo que o diabo tem é apagar nossa dignidade. Se fizermos parceria com ele, o seu casamento está em risco.

Esse corpo que você está abraçando é território santo, é vida que precisa continuar iluminada e digna.


Autor: Padre Fábio de Melo


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/o-amor-e-capacidade-de-ver-o-outro-de-forma-diferente/

15 de fevereiro de 2016

Cuidado com as penitências absurdas na Quaresma

É preciso ter bastante cuidado com as penitências absurdas na Quaresma

Quaresma é tempo de lutar contra nossos pecados, pois ele é a pior realidade para nós. O Catecismo diz: "Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro" (n. 1489).

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Olhando para Jesus, desfigurado e destruído na cruz, entendemos o horror que é o pecado. Foi preciso a morte de Cristo para que nos livrássemos do pecado e da morte eterna, a separação da alma de Deus. Então, a Igreja nos propõe 40 dias de penitência, de resistência contra o pecado na Quaresma.

Essa prática é baseada na vida do povo de Deus. Durante 40 dias e 40 noites, caiu o dilúvio que inundou a terra e extinguiu a humanidade pecadora (cf. Gn. 7,12). Durante 40 anos, o povo escolhido vagou pelo deserto, em punição por sua ingratidão, antes de entrar na terra prometida (cf. Dt 8,2). Durante 40 dias, Ezequiel ficou deitado sobre o próprio lado direito, em representação do castigo de Deus iminente sobre a cidade de Jerusalém (cf. Ez 4,6). Moisés jejuou durante 40 dias no Monte Sinai antes de receber a revelação de Deus (cf. Ex 24, 12-17). Elias viajou durante 40 dias pelo deserto, para escapar da vingança da rainha idólatra Jezabel e ser consolado e instruído pelo Senhor (cf. 1 Reis 19,1-8). O próprio Jesus, após ter recebido o batismo no Jordão, e antes de começar a vida pública, passou 40 dias e 40 noites no deserto, rezando e jejuando (cf. Mt 4,2). É um tempo de luta contra o mal.

São Paulo nos oferece uma indicação precisa: "Nós vos exortamos a que não recebais em vão a sua graça". Porque Ele diz: "No tempo favorável, eu te ouvi; no dia da salvação, vim em teu auxílio''. Este é o "tempo favorável", este é "o dia da salvação" (2 Cor 6,1-2). A liturgia da Igreja aplica essas palavras de modo particular ao tempo da Quaresma. "Convertei-vos e crede no Evangelho" e "Lembra-te de que és pó e ao pó hás de voltar".

Convite à conversão

O primeiro convite é à conversão, é um alerta contra a superficialidade de nossa maneira de viver. Converter-se significa mudar de direção no caminho da vida: uma verdadeira e total inversão de rumo. Conversão é ir contra a corrente, contra a vida superficial, incoerente e ilusória, que frequentemente nos arrasta, domina e torna-nos escravos do mal ou pelo menos prisioneiros dele. Jesus Cristo é a meta final e o sentido profundo da conversão; Ele é o caminho ao qual somos chamados a percorrer, deixando-nos iluminar pela sua luz e sustentar pela sua força. A conversão é uma decisão de fé, que nos envolve inteiramente na comunhão íntima com a pessoa viva e concreta de Jesus. A conversão é o 'sim' total de quem entrega sua vida a Jesus pela vivência do Evangelho. "Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15).


Penitência não é para fazer mal

Para vencermos a nós mesmos, nossas fraquezas e paixões desordenadas, a Igreja recomenda, sobretudo na Quaresma, o jejum, a esmola e a oração como "remédios contra o pecado", a fim de dominar as fraquezas da carne e aproximar-se de Deus. Portanto, não se deve fazer uma penitência exagerada, uma mortificação que leve a pessoa a ficar doente ou a se sentir mal. O jejum exige, sim, passar um pouco de fome durante o dia, mas sem causar mal à pessoa, sem tirar a sua condição de trabalhar, rezar etc.


Saber calar pode ser uma boa penitência

Há formas boas de mortificação, como cortarmos aquilo que nos agrada, seja para o corpo ou para o espírito, mas há pessoas que fazem excessos: peregrinações longas demais, penitências até com feridas, prejudicando a saúde. Deus não quer isso, Ele não nos pede o impossível.

Qual mortificação eu preciso fazer? É aquela que abate o meu pecado. Se eu sou soberbo, então minha penitência deve ser o exercício de humildade: vencer todo orgulho, ostentação, vaidade, exibicionismo, desejo de aparecer, de impor-se aos outros e saber calar.

Se seu pecado é o apego aos bens materiais e ao dinheiro, então eu preciso exercitar muito a boa e farta esmola, o desprendimento do mundo e das criaturas. Se meu mal é a luxúria e a impureza, então vou exercitar a castidade nos olhos, ouvidos, leituras, pensamentos e atos. Se sou irado, vou conquistar a mansidão; se sou invejoso, vou buscar a bondade; se sou preguiçoso, vou trabalhar melhor e ser diligente em servir aos outros sem interesses.

Perdoar pode ser mais importante

São Francisco de Sales, doutor da Igreja, dizia que a melhor penitência é aceitar, com resignação, os males que Deus permite que nos atinjam, porque Ele sabe do que precisamos, e assim nossos pecados são vencidos. A penitência que Deus nos manda é melhor do que aquela imposta por nós mesmos. Então, aceite, especialmente na Quaresma, sem reclamar, sem culpar ninguém, todos os males, dores, aborrecimentos e injurias que sofrer, e ofereça tudo a Deus pela sua conversão. Pode ser que dar o perdão a quem lhe ofendeu seja mais importante do que ficar 40 dias sem fazer isso ou aquilo. Uma visita a um doente, a um preso, o consolo de alguém aflito pode ser mais importante que uma peregrinação demorada. Tudo é importante, mas é preciso observar o mais importante para a realidade espiritual.




Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/cuidado-com-as-penitencias-absurdas-na-quaresma/

12 de fevereiro de 2016

Como nasce o ressentimento?

O ressentimento, sendo o instrumento do encardido, saberá sempre se disfarçar e invadir nosso coração

O ressentimento é a grande raiz de todos os nossos problemas de relacionamento. Ele é o maior responsável pela quebra de nossas relações mais preciosas.

Se é tão pernicioso, como ele aparece? Como nasce o ressentimento? Ele surge em nosso coração quando alguma coisa fugiu do nosso controle, quando algo não aconteceu conforme tínhamos previsto ou quando alguma coisa indesejada por nós acabou acontecendo. Quanto mais diferente do previsto, maior será o grau do ressentimento. Tanto faz se quem não cumpriu nossa previsão seja alguém importante ou não. Mesmo que tenha sido Deus. Se não fez como achávamos que deveria fazer, se não disse o que prevíamos que deveria dizer, se não agiu conforme tínhamos programado, nosso coração se ressente, fecha-se e começa a nos corroer.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O que causa o ressentimento?

Quanto mais inesperado for um acontecimento negativo, maior será a possibilidade de ele se transformar num ressentimento. Coisas muito simples acabam por gerar problemas muito sérios. Essa é também a causa da grande dificuldade de curar um coração ressentido. Como a causa pode ser algo muito pequeno, não é fácil percebê-la. Muitas vezes, só percebemos o tamanho do estrago depois que ele já se instalou e estraçalhou nosso coração e nossa vida. Quem de nós já não teve, em algum momento da vida, uma decepção com algo ou com alguém? Quem de nós não se sentiu maltratado, ferido ou injustiçado?

Quanto mais esperado um acontecimento positivo, maior o perigo do ressentimento caso não se concretize conforme o programado. Ressentimento é aquilo que, fugindo às nossas expectativas, acaba por nos magoar. Pode ser uma coisa boba, mas se nos decepcionou e desapontou, vamos ficando entristecidos. A tristeza acaba por se transformar nesse monstrinho que tantos estragos pode fazer em nossa vida, especialmente em nossos relacionamentos, tornando-se até mesmo um real obstáculo para a nossa salvação. Aliás, essa é a grande causa pela qual precisamos trabalhar em busca dessa cura.


Como eliminá-lo?

Quando esperávamos uma atitude ou resposta de alguém e veio uma surpresa desagradável, existe a real possibilidade de que surja o ressentimento. Como não compreendemos o mecanismo pelo qual ele se instala em nosso coração, não sabemos como eliminá-lo. Cada um de nós precisa descobrir as coisinhas corriqueiras que mais nos atrapalham. O que para um é motivo de ressentimento, para outro não é nada. Não existe uma fórmula exata, acabada e infalível. Cada um tem áreas mais fragilizadas. Nossas fragilidades não são as mesmas, assim como nossas qualidades e limitações também não são iguais. Cada um tem o seu jeito de ser besta! É preciso descobrir onde se encontram nossos pontos fracos.

O ressentimento, sendo instrumento do encardido, saberá sempre se disfarçar da pior maneira possível para invadir nosso coração. Depois que se forma, ele nos deforma. Depois que se oculta em nosso coração, ele passa a se manifestar em nossas atitudes.

Quando a mágoa entra no coração

Depois de aninhado em nosso coração, a mágoa começa a se manifestar. Essa é a hora de eliminá-la sem dó nem piedade. Aliás, a autopiedade é uma de suas armas favoritas. Toda pessoa ressentida vive e se alimenta de pensamentos negativos sobre si, sobre os outros, sobre o mundo e a vida. Tudo é pessimismo! A pessoa fica presa ao passado e está sempre fazendo a oração da lamúria. É dela que vem a depreciação de si mesmo: não posso, não consigo, não vai dar certo… Nascem daí o complexo de inferioridade e a desvalorização de si mesmo. A pessoa então vive se acusando, remoendo críticas e autocondenação. O ressentimento já começou a produzir seus frutos nesse coração.

Atenção! Ao primeiro sinal desses sintomas, não tenha dúvida: oração de perdão, renúncia e acolhimento da graça de Deus em sua vida. Faça uma limpeza completa em seu coração, pondo-se na presença de Deus e falando abertamente sobre esses sentimentos negativos. Não tenha vergonha do Senhor para não se envergonhar de si mesmo por coisas muito piores que, com certeza, se não for aniquilado, o ressentimento se encarregará de impulsioná-lo a fazer.

Padre Léo, scj
(Trecho extraído do livro "A cura do ressentimento")


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/como-nasce-o-ressentimento/

10 de fevereiro de 2016

Qual é a verdadeira riqueza da Igreja?

Saiba qual é a verdadeira riqueza da Igreja

Muito se fala sobre a riqueza da Igreja, sobre o ouro do Vaticano etc. A Igreja, sendo também uma instituição humana, incumbida por Jesus para levar a salvação a todos os homens, precisa evidentemente de um "corpo material", sem o qual não pode cumprir sua missão em toda a Terra.

A palavra "católica" quer dizer "universal". Qualquer instituição que esteja em várias nações precisa de meios materiais para manter-se. O Papa é o único chefe de Estado que tem "filhos" em todos os cantos da Terra, falando todas as línguas. São cerca de 180 Núncios Apostólicos no mundo todo. Toda essa estrutura exige, claro, recursos financeiros. No último Concílio, o Vaticano II, Papa João XXIII reuniu cerca de 2600 bispos de todas as nações, no Vaticano, durante três anos. Que chefe de Estado faz isso?

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Desde 1870, quando a guerra de unificação da Itália tomou, à força, as terras da Igreja, até o fim da chamada Questão Romana (11/02/1929), os Papas se consideraram prisioneiros no Vaticano por cerca de 60 anos. Esse período foi de relacionamento difícil entre a Igreja e o governo italiano. À força das armas, a Igreja perdeu seu Estado Pontifício, adquirido por doações, desde Pepino o Breve, pai de Carlos Magno, em 1752. De 40 mil km2, o Vaticano ficou reduzido a 0,44 km2.


Apesar de toda a pressão contrária, os Papas desses 60 anos, Pio IX (1846-1878), Leão XIII (1878-1903), São Pio X (1903-1914), Bento XV(1914-1922) e Pio XI (1922-1939) julgaram que não podiam abrir mão da soberania territorial da Igreja em relação às demais nações, com direito a um território próprio, ainda que muito pequeno, a fim de que tivesse condições de cumprir a missão que Cristo lhe deu.

Benito Mussolini, chefe do governo italiano, em 1929, percebeu a grande conveniência política de conciliar a Itália com o Vaticano. As negociações levaram dois anos e meio, terminando com a assinatura do Tratado do Latrão, aos 11/02/1929, que encerrava 60 anos de disputas entre o Vaticano e o governo da Itália.

Cidade do Vaticano

A cidade do Vaticano, geograficamente situada dentro de Roma, é mínima territorialmente. Quando começou a discussão da Questão Romana, muitos diziam que, em caso de restauração da soberania temporal da Igreja, ela deveria ter apenas um Estado do tamanho da República de São Marinho (60,57 Km2); ora, o Estado Pontifício renasceu com apenas 0,44 Km2, tamanho que tem hoje o Vaticano. Esse território é apenas um pequeno corpo, onde a alma da Igreja pode viver.

Os objetos contidos no Museu do Vaticano foram, em grande parte, doados aos Papas por cristãos honestos e fiéis, e pertencem ao patrimônio da humanidade. Pelo Tratado de Latrão, a Igreja não pode vender esses bens, apenas tem usufruto deles. Os Papas não veem motivo para não conservar esse acervo cultural muito importante. Não é a pura venda desses objetos, de muito valor para todos os cristãos, que resolveria o problema da miséria do mundo. Será que a rainha da Inglaterra aceitaria vender o museu de Londres, ou o presidente da França vender o Louvre?

Não há motivo, portanto, para se falar, maldosamente, da "riqueza do Vaticano". Podemos até dizer que a Igreja foi rica no passado, antes de 1870, mas hoje não.
Qualquer chefe de Estado de qualquer pequeno país tem à sua disposição, no mínimo, um avião. Nem isso o Papa tem.


É inegável que a Igreja cresceu em espiritualidade depois que perdeu o grande poder temporal que o Estado Pontifício antigo lhe dava. Os últimos Papas, a partir de 1870, foram homens santos, que entregaram a vida pela Igreja, sem limites. Pio IX (Beato), Leão XIII, S. Pio X, Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII (Beato), Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II, foram grandes homens, exemplos para o mundo todo.

O Vaticano tem um órgão encarregado da caridade do Papa, o Cor Unum. Ao fim de cada ano, é publicada, no jornal do Vaticano, o L'Osservatore Romano, a longa lista de doações que o Papa faz a todas as nações do mundo, inclusive ao Brasil, especialmente para vencer as flagelações da seca, da fome, dos terremotos etc. É uma longa lista de doações que o Papa faz com o chamado óbolo de São Pedro, arrecadado dos fiéis católicos do mundo todo.

A caridade é marca da Igreja Católica

A Igreja Católica, nesses dois mil anos, sempre fez e fomentou a caridade. Muitos hospitais, sanatórios, leprosários, asilos, albergues etc., são e foram mantidos pela Igreja em todo o mundo. Quantos santos e santas, freiras e sacerdotes, leigos e leigas, passaram a sua vida fazendo a caridade! Basta lembrar aqui alguns nomes: São Vicente de Paulo, D. Bosco, São Camilo de Lelis, Madre Teresa de Calcutá… a lista é enorme!

Desde quando Roma desabou, no ano 476, diante dos bárbaros, quem salvou a civilização foi a Igreja, com o Papa, os mosteiros, os bispos e as igrejas. Em torno das catedrais, mosteiros e igrejas, surgiram escolas, hospitais, orfanatos, leprosários etc. Os Papas, como Leão XIII, saiam às ruas de Roma, pessoalmente, para atender os pobres e doentes. A Igreja cuidou da caridade social até o século 18, só depois é que surgiram as demais instituições sociais.

Quem como a Igreja Católica? Segundo revelam os dados do último "Anuário Estatístico da Igreja" (2015), publicado pela Agência Fides por ocasião da Jornada Missionária, a Igreja administra 115.352 institutos sanitários, de assistência e beneficência em todo o mundo. Deste número, 5.167 hospitais: parte na América, 1.493, e 1.298 na África; 17.322 dispensários (serviços de saúde), a maioria na África com 5.256; América 5.137 e Ásia 3.760; 648 leprosários distribuídos principalmente na Ásia (322) e África (229); 15.699 casas para idosos, doentes crônicos e deficientes – Europa (8.200) e América (3.815); 10.124 orfanatrófios, principalmente na Ásia (3.980) e América (2.418); 11.596 jardins da infância, a maior parte na América (3.661) e Ásia (3.441); 14.744 consultores matrimoniais, distribuídos no continente americano (5.636) e Europa (6.173); 3.663 centros de educação e reeducação social, além de 36.386 instituições de outros tipos.

Além disso, a grande riqueza da Igreja são seus santos. São Papas, mártires, virgens, doutores, profetas, patriarcas, monges e remitas. A sua liturgia, os sacramentos e o Cristo que nos espera no sacrário e na confissão, na sua Palavra e na sua moral cheia de amor.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/historia-da-igreja/qual-e-a-verdadeira-riqueza-da-igreja/

8 de fevereiro de 2016

Como ajudar um dependente químico

No primeiro estágio da dependência química, a pessoa não considera ruim o uso que faz dos entorpecentes

A vida acontece num processo contínuo; é movimento, é mudança. E as pessoas, para mudar, precisam se sentir prontas e decididas pela transformação. O modelo dos estágios de mudança (a pré-contemplação, a contemplação, a preparação, a ação, a manutenção e a recaída) é uma das muitas formas usadas no tratamento da saúde mental para preparar alguém para a transformação.

Como ajudar um dependente químico
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

De modo geral, há cinco princípios norteadores para a abordagem motivacional:

1. Expressar empatia – Por meio de uma escuta reflexiva, você acolhe e compreende o ponto de vista do outro sem necessariamente concordar com ele. Frases como "entendo o que você diz" ou "partindo do seu ponto de vista" são valiosos instrumentos a serem usados nesse princípio.

2. Desenvolver a discrepância – Mostre a diferença entre seu comportamento, suas metas e o que ele pensa que deveria fazer para alcançá-las. Em meu consultório, costumo usar a figura do "caminho", ilustrando onde ele está agora, aonde quer chegar, qual o melhor trajeto a percorrer para atingir o ponto de chegada.

3. Evitar a confrontação – A pessoa deve ser sempre "convidada a pensar sobre o assunto". Faça uso de perguntas como: O que você pensa sobre isso? Podemos pensar juntos em um plano de mudanças de hábito?

4. Lidar com a resistência – Aquele que precisa de nossa ajuda pode resistir às sugestões ou propostas que você fizer. Seja compreensivo e aguarde vir dele a decisão de quando e como mudar. Forneça informações que o ajude a considerar novas e diferentes alternativas. Exemplificando, ao abordar alguém que faz uso abusivo ou nocivo de álcool, esclareço sobre os danos do consumo de alto risco, as doses de bebidas consideradas seguras pelos especialistas e a diferença no teor de álcool que cada bebida contém. Aguardo que ele me interrogue: "O que fazer e como parar?".

5. Fortalecer a autoeficácia – Esse princípio está relacionado à motivação da fé que a pessoa tem em si mesma, em sua capacidade de mudança. Encorajar e estimular cada passo são atos importantes para que ela se sinta fortalecida e permaneça firme no decorrer do caminho.

Após nos aprofundarmos nesses princípios, vamos refletir sobre o primeiro estágio, que é a pré-contemplação. Nele, a pessoa não considera ruim o uso que faz da substância. É aquele usuário feliz que não vê seu comportamento como um risco para a sua saúde, a de seus familiares e da sociedade. O que fazer nesse estágio? A informação aqui ainda é o melhor instrumento a ser utilizado. Conscientizemos e esclareçamos sem nos impor. Deixemos o primeiro passo partir dele. Depois, façamos recomendações ou o motivemos em estratégias para reduzir ou cessar o consumo. Esse será o ponto de partida da próxima etapa: a contemplação. Por enquanto, resta-nos observar o discreto movimento do rolar da pedra.



Érika Vilela

Mineira de Montes Claros (MG), Érika Vilela é fundadora e moderadora geral da comunidade 'Filhos de Maria'. Cursou Medicina pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas e, atualmente, faz especialização em Psiquiatria pelo Centro Brasileiro de Pós-graduações.

Érika atua como pregadora, articulista, missionária pela Casa Mãe de Misericórdia e médica na Estratégia Saúde da Família e na Clínica Home-Med. Evangelizadora com fé e ciência, duas asas que nos elevam para o céu, ela tem a bela missão de encontrar, na união mística com a dor salvífica de Cristo, a força para seguir em frente, sabendo que Deus opera sempre as Suas maravilhas!


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/como-ajudar-um-dependente-quimico/