29 de setembro de 2025

Adorar a Deus, um estilo de vida dos anjos e dos homens

Fomos criados para amar, adorar e reverenciar ao nosso Deus

Os anjos se relacionam com Deus através da adoração, e tem como principal missão adorá-Lo, de modo a cantarem incansavelmente a santidade de Deus: "Santo, santo, santo é o Senhor, Deus do universo! A terra inteira proclama a sua glória!" (Is 6,3). Eles estão à disposição do seu Criador para executar prontamente as suas ordens.

O Príncipe da Milícia Celeste, São Miguel Arcanjo, defendeu a fidelidade ao Deus Uno e Trino mediante a revolta de Lúcifer, e continua a apontar para Deus, bradando: "Quem é como Deus?". A nossa missão não é diferente da dos anjos; fomos criados para amar, adorar e reverenciar ao nosso Deus.

Somos chamados a viver a cultura do céu aqui na terra

Como peregrinos neste mundo, estamos em busca da nossa verdadeira pátria: a Celeste. Mas, desde já, somos chamados a viver a cultura do céu aqui na terra. A adoração ao único e verdadeiro Deus é o estilo de vida da cidade celeste, e todos nós, aqui na terra, que temos a coragem de fazer escolha pelo único e verdadeiro Deus, somos iluminados pelo esplendor da luz do céu que emana do trono de Deus. Dessa forma, a adoração ocupará o primeiro lugar na nossa existência e guiará os nossos passos exclusivamente para Ele.

São Miguel quer nos ajudar nessa caminhada e ser para nós o amigo e companheiro para nos lembrar sempre que devemos servir e adorar somente ao Senhor. Ele é um mestre de adoração, o perfeito adorador do Verbo Divino, como diz uma das invocações da sua ladainha. Ele quer nos elucidar sobre a importância da adoração a Deus em Espírito e Verdade, "pois são esses os adoradores que o Pai deseja" (Jo 4,23).

São Miguel está sempre a postos para nos defender dos espíritos malignos que querem usurpar o amor exclusivo a Deus na nossa vida, ao mesmo tempo, proteger-nos contra toda idolatria revestida das mais variadas roupagens na atualidade.

São Miguel quer nos introduzir na Escola na Adoração

O Príncipe dos Anjos quer nos ensinar e nos ajudar a ser homens e mulheres cristocêntricos. Quando nos colocamos em adoração ao Santíssimo Sacramento do Altar, São Miguel, como um fiel companheiro, põe-se invisivelmente ao nosso lado, de maneira silenciosa e, como o Guardião dos direitos inalienáveis de Deus, antes de mais nada, quer nos manter lúcidos quanto à prioridade do primeiro mandamento: "Adorarás o Senhor teu Deus, e somente a Ele prestarás culto" (Lc 4,8). É importante lembrar que o demônio continua a nos tentar: "Eu te darei tudo isto, se prostrado me adorares" (Mt 4,9).

Certamente, você conhece a história dos três pastorinhos de Fátima em Portugal. A partir da primeira aparição do anjo de Portugal, em 1916, ele faz um apelo a Lúcia, Francisco e Jacinta à adoração: "Ao chegar junto de nós, disse: 'Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo'. E, ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitamo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar: 'Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam'".

O santo anjo introduziu aquelas crianças na escola de adoração a Jesus Sacramentado, de modo que adorar se tornou para elas um estilo de vida. Sem dúvida, São Miguel quer nos introduzir nessa escola, para que vivamos, desde já, a cultura do céu aqui na terra.

Vivemos tempos sombrios. Precisamos tomar uma firme decisão

Assim como o Príncipe dos Anjos, na sua humildade, ergueu-se contra os poderes das trevas, quando Lúcifer, no seu orgulho, rebelou-se e ambicionou tornar-se como Deus e não quis mais servir ao Senhor, da mesma forma, agora se levanta para nos defender no combate e nos orientar na escolha do Senhor a quem devemos adorar.

Vivemos tempos sombrios, passamos por inúmeras tempestades. O tempo urge e, com o coração humilde e confiante, na graça de Deus, precisamos tomar uma firme decisão a exemplo de Jesus: "Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás" (Mt 4,9-10).

Satanás quer nos manter escravos do velho pecado da idolatria; quer usurpar o lugar de Deus e em nossa família, porque o intento dele é nos levar à morte eterna. Fomos criados para o céu. Deus nos escolheu para "servirmos à celebração de sua glória, nós que, desde o começo, voltamos nossas esperanças para Cristo" (Ef 1,12). Quem como Deus? "A adoração do Deus único liberta o homem do fechamento em si mesmo, da escravidão do pecado e da idolatria do mundo" (CIC 2097). Portanto, "fujamos da idolatria", pois "sabemos que um ídolo não é nada no mundo, e que Deus é um só" (I Cor 8,4).


Renunciar a Satanás e escolher o verdadeiro Senhor da nossa vida

Em vista disso, renunciemos a satanás e as suas obras e professemos a nossa fé no único e verdadeiro Deus. Quando escolhemos um senhor para servir, tornamo-nos servos dele. Quem escolhe servir a Deus é livre, porque "é para a liberdade que Cristo nos libertou", como disse Paulo aos Gálatas" (5,1). Nesse combate que enfrentamos para escolher o verdadeiro Senhor da nossa vida, Jesus Cristo, não estamos sozinhos. Podemos e devemos invocar o príncipe da milícia celeste, São Miguel Arcanjo, para nos defender "contra os principados e as potestades, contra os chefes das trevas do Mundo, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares" (Ef 6,12), que querem nos impedir de viver por Cristo, com Cristo e em Cristo.

Agora, faz-se necessário a tomada de uma firme decisão: Eu, (ponha aqui o seu nome), livre e conscientemente, escolho Jesus Cristo, como o Único e verdadeiro Senhor da minha vida, e só a Ele quero louvar, reverenciar e servir durante a minha caminhada terrena, e depois por toda a eternidade. Amém."

Adquira o Livro Devocionário a São Miguel Arcanjo. Nele, somos convidados a entender a verdadeira essência e a missão dos anjos e arcanjos. É um guia prático para quem busca fortalecer sua fé e confiar na proteção de São Miguel Arcanjo.

Vanúsia Maria do Espírito Santo Cerqueira
Missionária da Comunidade Canção Nova

Referência Bibliográfica:
CERQUEIRA, Vanúsia Maria do Espírito Santo. Devocionário São Miguel Arcanjo. 3. ed. Cachoeira Paulista: Canção Nova, 2025.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/adorar-a-deus-estilo-de-vida-anjos-homens/

28 de setembro de 2025

A atual e urgente missão do catequista

A missão do catequista na Igreja é de fundamental importância. Numa mudança de época como a que vivemos atualmente, verifica-se, cada vez mais, o fenômeno da perda ou distanciamento de uma fé com raízes "tradicionais", que é aquela herdada dos pais, avós etc. Logo quando os cristãos não mais têm acesso a uma fé enraizada nas tradições familiares devido à desestruturação e secularização que, por vezes, se verifica nas famílias, torna-se cada vez mais urgente um processo de catequese sólido e eficaz para que as pessoas conheçam a fé.

Créditos: Wesley Almeida / cancaonova.com

Papa Paulo VI e a urgência do ensino catequético

Papa Paulo VI, há tempos, expressou tal intuição quando escreveu: "As condições do mundo atual tornam cada vez mais urgente o ensino catequético, sob a forma de um catecumenato para numerosos jovens e adultos que, tocados pela graça, descobrem, pouco a pouco, o rosto de Cristo e experimentam a necessidade de a ele se entregar" (Exortação apostólica Evangelli Nuntiandi, n. 44).

São João Paulo II e a importância de aprofundar o Kerigma

João Paulo II, por sua vez, na exortação apostólica que trata especificamente sobre a catequese, mostra sua importância como aquele aprofundar do Kerigma, que, sendo o primeiro anúncio, desperta o coração do crente para o amor de Deus, mas que precisa de ulterior amadurecimento e aprofundamento.

Exemplo disso é o processo de enamoramento entre um homem e uma mulher, que precisa progredir do encantamento inicial para um conhecimento recíproco profundo: "Graças, pois, à catequese, é que o «kerigma» evangélico — aquele primeiro anúncio cheio de ardor que a dada altura transforma uma pessoa e a leva à decisão de se entregar a Jesus Cristo pela fé —será, pouco a pouco, aprofundado, desenvolvido nos seus corolários implícitos, explicado mediante explanação que apele também à razão e oriente à prática cristã na Igreja e no mundo […].

As verdades que se aprofundam na catequese são as mesmas que tocaram o coração do homem, quando este as ouviu pela primeira vez. O fato de as conhecer melhor, longe de as embotar ou de as fazer ressequir, torna-as ainda mais estimulantes e decisivas para a vida (Exortação apostólica Catechesi Tradendæ, n.25)".

Ser catequista: uma missão nobre e urgente para os tempos atuais

Pelo que foi dito, entendemos o Antiquum Ministerium motivo pelo qual a missão de ser catequista é uma missão nobre e urgente para os tempos atuais. Consciente disso é que o papa Francisco instituiu o ministério do catequista no dia 10 de maio de 2021, por ocasião da publicação da Carta Apostólica, onde tal ministério foi estabelecido como um ministério laical estável e com um carácter vocacional para a evangelização.


A difusão do Evangelho através do ensino catequístico

Para concluir, é preciso dizer que reconhecemos, de fato, a urgência da missão do catequista na Igreja. Num olhar mais amplo, poderíamos recorrer à história milenar da Igreja e perceber que sem os catequistas a evangelização jamais gozaria da mesma eficácia e alcance.

Neste sentido, vale a pena recordar a observação do Papa Francisco: "Toda a história da evangelização destes dois milênios manifesta, com grande evidência, como foi eficaz a missão dos catequistas. Bispos, sacerdotes e diáconos, juntamente com muitos homens e mulheres de vida consagrada, dedicaram a sua vida à instrução catequética, para que a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano […] Não se pode esquecer a multidão incontável de leigos e leigas que tomaram parte, diretamente, na difusão do Evangelho através do ensino catequístico (Carta apostólica Antiquum ministerium, n. 3)."

Wilker Henrique Costa Fiuza
Membro da Comunidade Canção Nova desde 2008. Mestre em Teologia Sistemática (2023).
Formado em Filosofia (2011). Professor na Faculdade Canção Nova (www.fcn.edu.br),
casado e pai de dois filhos.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/atual-e-urgente-missao-catequista/

25 de setembro de 2025

Mulher, uma força de Deus sobre a terra

E o Senhor Deus disse: Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda (Gn 2,18).

A Sagrada Escritura não exclui nem desvaloriza a mulher. Ao avançar dos tempos, a dureza do coração do ser humano distorceu e maculou a vontade e o desejo de Deus a respeito da mulher.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A mulher tem força própria porque foi feita à imagem e semelhança de Deus. E por ser a imagem de Deus, tem dignidade de pessoa, é alguém capaz de conhecer-se, de possuir-se e de doar-se livremente e entrar em comunhão  com outras pessoas, e é chamada, por graça, a uma aliança com seu Criador, a oferecer-lhe uma resposta de fé e de amor que ninguém mais pode dar em seu lugar. (CIC 357).

A força da mulher provém da própria consciência da sua missão e tarefa de zelar pelo gênero humano. A carta Apostólica do Papa São João Paulo II, Mulieris dignitatem, de 15 de agosto de 1988, a respeito da dignidade da mulher: a mulher deve entender a sua realização, segundo a riqueza da feminilidade que ela recebeu no dia da criação e que herda como expressão, que lhe é peculiar, da imagem e semelhança de Deus.

Restaurar a mulher criada por Deus

Diante da grandeza de Deus ao criar a mulher, não é possível reduzir a figura da mulher a um mero objeto sexual colocando a frente de uma exposição que vende. No mundo secularizante, muitas mulheres perderam a consciência da beleza de sua dignidade, e a força natural da mulher enfraqueceu.

O desafio  é restaurar a mulher criada por Deus, que vem perdendo o brilho diante das marcas deixadas por uma competição desenfreada, que saiu da originalidade para cópias malfeitas.


Como responder ao amor de Deus? Na luta diária pela santidade, apresentar o caráter de Deus na vida, através do comportamento, inteligência, atitudes, pensamentos, intenções, sentimentos… Não ter medo nem vergonha de buscar o que está no centro da vontade de Deus, cumprindo a Sua vontade.   

Para isso exige-se renúncia, sacrifício, humildade, obediência e sinceridade. São características que somente mulheres fortes vão conseguir, pois as suas forças se renovam em Deus, e Ele próprio as capacita para viver o propósito plasmado em seu coração desde o dia em que as criou. 

A mulher forte Deus a criou para fazer a diferença por onde ela passar e nos diversos papéis que assume. Seu sucesso não é o resultado apenas do esforço humano, mas o render-se ao Espírito Santo e deixá-Lo transformar seu coração.

Antonieta Sales
Casada. Membro Definitivo do Núcleo dá Comunidade Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/mulher-uma-forca-de-deus-sobre-terra/

23 de setembro de 2025

O cultivo da fé através do aprofundamento intelectual

A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que nos disse e revelou, e que a Santa Igreja nos propõe para crer, porque Ele é a própria verdade. Pela fé, "o homem livremente se entrega todo a Deus"1. Já o intelecto (ou inteligência) é a "faculdade de entender, pensar, raciocinar e interpretar."2.

fé: Pessoa segurando um crucifixo dourado sobre uma Bíblia, em momento de oração ao pôr do sol.

Créditos: by Getty Images /Tinnakorn Jorruang/cancaonova.com

Conforme diz São Josemaria Escrivá: "Para um apóstolo moderno, uma hora de estudo é uma hora de oração"3. Ora se é o estudo uma oração, não é pela oração que aumentamos a nossa fé?4

Em um tempo "marcado pelo desprezo à razão, ao raciocínio segundo a lógica, que é a capacidade doada à mente humana pelo poder criador de Deus"5, é natural que tenhamos certa dificuldade em entender que o aprofundamento intelectual nos ajuda a cultivar a nossa fé. Mas não nos esqueçamos o que nos fala São João Paulo II  na encíclica Fides et Ratio (14 de setembro de 1998):

"A fé e a razão são como duas asas com as quais o espírito humano sobe para o descobrimento da verdade; e Deus colocou no coração humano um desejo de conhecer a verdade — em suma, de conhecer-se a si mesmo — para que, conhecendo e amando Deus, homens e mulheres cheguem também à plenitude da verdade sobre si mesmos."

Quando a razão fortalece a fé cristã

Ora, é pela razão que o homem percebe que a vida não tem um fim em si mesmo, que, sendo finita, nela não encontrará todas as respostas que o seu coração anseia. Mas para uma compreensão profunda de Deus foi necessário a Revelação, pois mesmo Aristóteles com toda a sua sabedoria chega a tocar na questão do Primeiro Motor Imóvel, mas para por ai.


Ao se revelar para nós, o Senhor se permite ser tocado, cura aqueles que acha necessário e passa três anos ensinando aos seus escolhidos tudo sobre o Reino dos Céus. sobre a salvação e sobre como na vida ordinária preparar a ida para a vida extraordinária, para o céu.

Jesus come, bebe, dorme, ri, chora e reza ensinando exatamente como devemos proceder, mas Ele também ajuda os apóstolos a entender a Lei, a aprofundar nas parábolas a compreender os ensinamentos que ele traz. A doutrina é ensinada por nosso Senhor Jesus Cristo, e isso já seria motivo suficiente para levarmos mais a sério a nossa vida intelectual. Mediante a reflexão das verdades da fé, vamos vendo aquilo que a nossa ignorância nos impede de ver, as escamas caem de nossos olhos.

"O meu povo perece por falta de conhecimento" – Oséias 4,6

Meu irmão, será que você ainda não passou pela experiência de refletir sobre a paixão de Cristo e poder sentir o amor tão profundo que Jesus e Nossa Senhora tem por nós? Será que ao contemplar as chagas do Cristo dilacerado pelos chicotes, pelas agressões não pode refletir o quanto este Deus-Homem nos amou analisando friamente como foi dolorido os cravos rasgando seus nervos? O peso do seu corpo lhe asfixiando na cruz?

Faça isso, reflita e você estará tocando concretamente em como a razão pode aumentar a sua fé. 

Faça essa experiência, agora, diante deste poema do grande Santo Agostinho:

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!

Tarde demais eu te amei!

Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!

Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.

Estavas comigo, mas eu não estava contigo.

Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.

Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.

Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira.

Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.

Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz…

Chamados à santidade pela Providência

Entender que, por mais cedo que você pertencesse à Igreja, que por mais cedo que você tenha decidido responder ao amor de Cristo, foi tarde diante de tanto amor.

Entender que quando você mergulhava e ainda mergulha nas aprovações que o mundo fornece existe um Deus que te deseja e morreu por Ti.

Entender que este mesmo Deus com a sua Providência o chama o tempo todo a te conduzir para uma vida de Santidade e você com sua mente parca apenas murmura.

Ele sempre está conosco, Ele sempre está diante de nós, Ele sempre tem os pensamentos muito superiores a nós, e cabe a nós, diante disso, criar uma disciplina de estar sentado no ombro de gigantes como Santo Afonso, São Tomás, São Josemaria Escrivá, Santo Agostinho, Santa Teresa D'ávila, Santa Teresinha do Menino Jesus e iluminados pela fé e pelos dons do Espírito Santo usar da nossa inteligência para aumentar mais e mais a nossa fé.

Almir Rivas
Missionário da Comunidade Canção Nova

 

Glossário

Virtude teologal – São as virtudes que adaptam as faculdades do  homem para que possa participar da natureza divina. São infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de agir como seus filhos e merecer a vida eterna.6.
Virtude – Segundo o aristotelismo, qualidade positiva que se adquire como decorrência do hábito; virtude ética, virtude moral.7.
Faculdade – Capacidade de executar uma ação física ou mental.8.

 1CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina. 18 nov. 1965. In: DOCUMENTOS do Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulus, 1997. nº 5.
2Michaelis. (s.d.). Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Melhoramentos. Recuperado em 16 setembro 2025, de https://michaelis.uol.com.br/
3ESCRIVÁ, Josemaría. Caminho. 16. ed. São Paulo: Quadrante, 2002. p. 335 (capítulo "Estudo").
4 IGREJA CATÓLICA. Catecismo da Igreja Católica. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1997. §162.
5 SERTILLANGES, A.-D. A vida intelectual. Prefácio de Dom Athanasius. São Paulo: Centro Dom Bosco, [s.d.].
6 IGREJA CATÓLICA. Catecismo da Igreja Católica. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1997. §1812-1813.
7Michaelis. (s.d.). Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Melhoramentos. Recuperado em 16 setembro 2025, de https://michaelis.uol.com.br/
8Michaelis. (s.d.). Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Melhoramentos. Recuperado em 16 setembro 2025, de https://michaelis.uol.com.br/


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/o-cultivo-da-fe/

22 de setembro de 2025

As lições de São Mateus para todo aquele que busca conversão

Mateus, o rico coletor, respondeu ao chamado do Mestre com entusiasmo

O apóstolo e evangelista São Mateus teve dois nomes: Mateus e Levi. Mateus quer dizer "dom precoce" ou "conselheiro"; ou vem de magnus, "grande", e Theos, "Deus", como se dissesse "grande para Deus". Diz a Legenda Aurea que "Ele foi um dom precoce por sua rápida conversão, foi conselheiro por sua salutar pregação, foi grande diante de Deus pela perfeição de sua vida, foi a mão de que Deus se serviu para escrever Seu Evangelho".

Escultura de São Mateus em mármore . barba longa e cabelos ondulados, segurando e lendo um grande livro aberto, em expressão de concentração.

Créditos: taraki by GettyImages.

Levi quer dizer "retirado". Ele foi retirado de sua banca de cobrador de impostos e colocado entre os apóstolos, acrescentado à comunidade dos evangelistas e incorporado ao catálogo dos mártires.

As lições de Mateus

Segundo uma tradição, Mateus pregava na Etiópia, em uma cidade chamada Nadaber, onde foi martirizado. São Mateus nos deixa grandes lições:

1 – A prontidão de sua obediência, pois, no instante em que Cristo o chamou, ele abandonou seu ofício de cobrador de impostos e, sem temer seus senhores, deixou tudo para juntar-se completamente a Cristo. São Jerônimo disse: "Se se atribui ao ímã a força de atrair metais, com muito mais razão o Senhor de todas as criaturas podia atrair para si aqueles que queria".

2 – Sua generosidade ou liberalidade, pois logo serviu ao Salvador uma grande refeição em sua casa. Recebeu Cristo com grande afeto e amor; e ali Jesus deu grandes ensinamentos: "Quero a misericórdia e não o sacrifício", e "Não são os saudáveis que necessitam de médicos".

3 – Sua humildade, que se manifestou em duas circunstâncias: confessou ser um publicano. Ele chama a si mesmo de Mateus e publicano, para mostrar que ninguém deve perder a esperança na sua salvação, pois ele próprio de publicano foi, de repente, feito apóstolo e evangelista. (cf. Mt 9,13; 12,7; Mc 2,7; Lc 5,21)

4 – A honra de seu Evangelho ser lido com mais frequência que os outros. De um homem ávido por riquezas e avarento, Cristo fez um apóstolo e um evangelista. Que ninguém se desespere pelo perdão se quiser se converter.

O Evangelho segundo Mateus

No ano 130, o Bispo Pápias, de Hierápolis, na Frígia, região da Ásia Menor, um dos primeiros a ser evangelizado pelos apóstolos, fala do Evangelho de São Mateus: "Mateus, por sua parte, pôs em ordem os dizeres na língua hebraica, e cada um depois os traduziu como pode" (Eusébio, História da Igreja III 39,16).


Quem escreveu essas palavras foi o bispo Eusébio, de Cesareia na Palestina, quando, por volta do ano 300, escreveu a primeira história da Igreja. Ele dá o testemunho histórico de Pápias. Note que Pápias nasceu no primeiro século, isto é, no tempo dos próprios Apóstolos; São João ainda era vivo. Portanto, este testemunho é inequívoco.

Outro testemunho importante sobre o Evangelho de Mateus é dado por Santo Irineu (†200), do segundo século. Ele foi discípulo do grande bispo São Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de São João evangelista. São Irineu, na sua obra contra os hereges gnósticos, também fala do Evangelho de Mateus dizendo: "Mateus compôs o Evangelho para os hebreus na sua língua, enquanto Pedro e Paulo, em Roma, pregavam o Evangelho e fundavam a Igreja." (Adv. Haereses II 1,1).

O Evangelho a ele atribuído nos fala mais amplamente que os outros três do uso certo do dinheiro: "Não ajunteis para vós tesouro na terra, onde a traça e o caruncho os destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam, mas ajuntai para vós tesouros nos céus." "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro."

Deixa o dinheiro para seguir o Mestre

Foi Judas, porém, e não Mateus quem teve o encargo de caixa da pequena comunidade apostólica. Mateus deixa o dinheiro para seguir o Mestre, enquanto Judas o trai por trinta moedas. Quando falam do episódio do coletor de impostos chamado a seguir Jesus, os outros evangelistas, Marcos e Lucas, falam de Levi. Mateus, ao contrário, prefere denominar-se com o nome mais conhecido de Mateus, e usa o apelido de publicano, que soa como usuário ou avarento, "para demonstrar aos leitores – observa São Jerônimo – que ninguém deve desesperar da salvação, se houver uma conversão para uma vida melhor."

Mateus, o rico coletor, respondeu ao chamado do Mestre com entusiasmo. No seu Evangelho, ele esconde humildemente este alegre particular, mas a informação foi divulgada por São Lucas: "Levi preparou ao Mestre uma grande festa na própria casa; uma numerosa multidão de publicanos e outra gente sentavam-se à mesa com eles."

Depois, no silêncio e com discrição, livrou-se do dinheiro, fazendo o bem. É dele, de fato, que nos refere a admoestação do Mestre: "Quando deres uma esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará".

O seu Evangelho é dirigido aos judeus, para mostrar-lhes que Jesus é o Messias esperado por Israel. É caracterizado por cinco grandes discursos de Jesus sobre o Reino de Deus. Foi escrito, com toda a certeza, antes da destruição de Jerusalém, acontecida no ano 70.

Uma tradição antiga recorda que Mateus sofreu o martírio, apedrejado, queimado e decapitado na Etiópia, de onde as relíquias do santo teriam sido transportadas, primeiro para Paestum, no Golfo de Salerno; e, no século X, para Salerno, onde até hoje são honradas.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/as-licoes-de-sao-mateus-para-todo-aquele-que-busca-conversao/

20 de setembro de 2025

Quando Maria se faz presente

A devoção a Nossa Senhora, desde sempre, teve um grande impacto na cultura e religiosidade brasileira, sendo um símbolo nacional que se perpetua até os dias de hoje através da fé de milhões de brasileiros em todas as regiões do país. Devoção que se manifesta das mais diferentes formas e impulsiona o turismo religioso no Brasil, principalmente em relação às aparições marianas, que são temas de debates sociais e teológicos, além de reafirmar a identidade nacional.

Livro 'Aparições marianas no Brasil' do Padre Francisco Amaral.

Essas aparições são contadas por meio do livro ''Aparições marianas no Brasil'', de autoria do Padre Francisco Amaral, que se dedica ao estudo dessas manifestações há mais de 30 anos, trazendo uma análise aprofundada de casos vivenciados em cidades como Campinas, Cimbres, Itaúna e Congonhal, e que foram bem acolhidos pela Igreja local.

Dentre essas, a mais famosa entre todas, claramente, é a de Nossa Senhora Aparecida em outubro de 1717, onde três pescadores encontraram uma imagem de Nossa Senhora no Rio Paraíba do Sul. Desde então, tornou-se um emblema de fé e padroeira do país. Cabe destacar que essa aparição é uma mariofania, ou seja, presença real de Maria aos videntes, reconhecida como sinal da ação divina. A mariofania é estudada pelo campo da Mariologia, ramo da Teologia Cristã voltada à compreensão da Virgem Maria.

A primeira manifestação de Nossa Senhora no Brasil para Catarina Paraguaçu

Catarina Paraguaçu foi uma indígena tupinambá que viveu na região em que hoje é o estado da Bahia por volta do século XVI. Paraguaçu foi casada com o português Diogo Álvares Correia, o Caramuru.

A história conta que Catarina tinha sonhos frequentes com náufragos, e havia pessoas que passavam por uma situação extrema de fome e frio, entre elas uma mulher com uma criança nos braços. Os sonhos eram constantes, por isso Caramuru ordenou que procurassem a mulher e a criança pela orla, onde ocorreram os naufrágios, porém não os encontraram.

Em outro sonho que Catarina teve, a tal mulher lhe pedia que construíssem uma casa para ela na aldeia. Pouco tempo depois, uma imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus nos braços foi encontrada e reconhecida pela indígena. Foi então construída uma ermida rudimentar, que muitos consideram que é a mais antiga Igreja do Brasil, embora não seja reconhecida oficialmente como tal. Atualmente, a imagem está localizada no altar da Igreja de Nossa Senhora da Graça em Salvador.

Aparições marianas em Campinas e Pernambuco

No dia 8 de março de 1930, a Virgem Maria apareceu para a irmã Amália de Jesus Flagelado na capela do convento da Congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, na cidade de Campinas, onde revelou a oração da Coroa de Lágrimas, que pede a intercessão da Virgem pelas dores e sofrimentos, além de prometer que as graças seriam concedidas por ela. Na época, o bispo da cidade, Dom Francisco Barreto, reconheceu a aparição.

Outra manifestação foi no município de Cimbres, Pernambuco, para duas meninas, Maria da Conceição e Maria da Luz (que mais tarde se tornou a religiosa Adélia). Ao todo, foram mais de 40 aparições, ocorridas entre os anos de 1936 e 1937. Nelas, a Virgem pedia oração, penitência e conversão, além de alertá-las sobre os perigos da iminência do comunismo. Em 2021, o lugar foi reconhecido pela Igreja Católica através do processo de beatificação da irmã Adélia iniciado no mesmo ano.

Nossa Senhora de Itaúna e Nossa Senhora Rainha da Obediência

Em julho de 1955, na cidade de Itaúna, Minas Gerais, três crianças brincavam em uma mata, até o momento em que todos eles saíram em busca de um cavalo, chegaram no alto de uma grota, onde avistaram o animal totalmente estático, sem responder os chamados dos três. Até que resolveram descer, e tiveram a visão de Maria Santíssima, que apareceu com uma mensagem em uma flâmula que dizia: "Erguei o altar, orai com fé e vereis o milagre da conversão". Dias depois, um farmacêutico da cidade viu surgir a Virgem Maria em sua frente, ao lado de um monte repleto de cupins, que fora coberto com velas acesas. Depois desse acontecimento, Ovídio Alves passou a frequentar constantemente o local, onde hoje encontra-se uma gruta artificial, e no altar foi colocada uma imagem de Nossa Senhora de Itaúna, que foi renomeada pela Igreja.

Durante nove meses, entre junho de 1987 e fevereiro de 1988, no bairro de São Domingos, Congonhal, também em Minas Gerais, Alfredo Moreira Filho, um animador da Renovação Carismática, recebeu, por nove meses, mensagens difundidas pela Virgem, dessa vez identificando-se como Nossa Senhora Rainha da Obediência. Com isso, um santuário foi construído no local, que atrai romeiros de todo o Brasil. A festa em sua homenagem é celebrada no dia 22 de junho.


Devoção mariana na atualidade

No livro de Francisco Amaral, estão presentes as mensagens do Padre Stefano Gobbi, fundador do Movimento Sacerdotal Mariano e autor do livro ''Aos Sacerdotes, Filhos Prediletos de Nossa Senhora'', onde também estão esses relatos das revelações e ensinamentos transmitidos por Maria ao padre, que não a via, mas tinha o dom da locução interior.

Na atualidade, percebe-se com as aparições de Nossa Senhora um tempo de despertar mariano acontecendo, vivenciado há mais de 15 anos por meio da divulgação da consagração pelo Tratado da Verdadeira Devoção, onde muitas pessoas se consagraram.

Neste ano, houve outro grande momento, com o Terço do Madrugada, onde mais de um milhão de pessoas rezaram com o Frei Gilson, algo inimaginável até para quem, desde sempre, esteve envolvido na evangelização.

Com isso, evidencia-se um momento de profunda intensificação da devoção dos fiéis com Nossa Senhora, que fortalece a fé, ressignificando experiências dolorosas e dando um novo sentido à vida.

Padre Francisco Amaral

Transcrito e adaptado pela Equipe do Formação Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/quando-maria-se-faz-presente/

17 de setembro de 2025

Quando o sorriso esconde a dor

Era um daqueles sábados de atendimento quando chegou uma família completamente assustada: um adolescente havia tentado contra a própria vida. Dizia não ter mais vontade de viver, não encontrava sentido, embora, nas reuniões familiares e nos encontros com os amigos, parecesse alguém alegre. Recordei do Salmo 25,16-17 que diz: "Olhai para mim e tende piedade de mim, pois estou só e aflito. As angústias do meu coração se multiplicaram; livrai-me da minha aflição". Esta passagem é um pedido de auxílio e misericórdia a Deus, expressa a solidão e sofrimento, e pede a Deus para ser liberto das suas tribulações.

Acolhimento e prevenção, chaves para ajudar ao sofrimento humano

Créditos: PeopleImages by Getty Images / cancaonova.com

Quase sempre, quando acontece isso, as pessoas esperam que o padre faça uma oração, que se "doutrine" quem pensa em suicídio e que isso mude tudo. Mas a oração não é mágica capaz de, num estalar de dedos, arrancar o sentimento de rejeição, a dor ou o desejo de isolamento. Como tudo na vida, isso exige um processo.

A importância da escuta atenta e ativa

Nesses casos, o meu procedimento foi sempre ouvir cada parte separadamente. Uma escuta atenta e ativa. Primeiro, ouvi o adolescente: deixei que falasse tudo o que sentia, sem julgamentos ou pré-conceitos. Em seguida, ouvi os tutores e os avós — atentos ao cuidado que prestavam desde a morte dos pais. No final, perguntei: "Ele nunca demonstrou nada?" Responderam: "Não, padre! Sempre foi uma pessoa maravilhosa, nunca nos deu trabalho; não sai com os amigos, fica no quarto, não nos dá trabalho nenhum".

Foi aí que acendeu o meu alerta. O silêncio e a timidez daquele jovem já eram sinais de algo que precisava ser trabalhado. Penso no termo "desembrulhar": sabe quando um novelo de linha está todo embrulhado? É preciso encontrar a ponta e, com paciência, ir desenrolando até a linha ficar organizada de novo. Assim acontece com muitos que atravessam depressão, síndrome do pânico, sentimento de rejeição — dramas internos que fazem com que não vejam outra saída senão tirar a própria vida. No fundo, não é a vida que desejam matar, mas o sofrimento que ela lhes causa. Em algum momento, perdem a paciência de desenroscar os fios trançados de seus dramas e dizem: "Chega, cansei disso".

Aceitação e confiança em programas pré-estabelecidos

Todo sentimento de impaciência vem acompanhado de sinais sutis, percebidos apenas por quem não se contenta com padrões. E esse é um dos problemas da nossa sociedade: habituamo-nos a aceitar padrões — de beleza, de felicidade — e confiamos em programas pré-estabelecidos, como máquinas. Não por acaso, nossa relação com o mundo tem-se voltado para interações mediadas por tecnologia e inteligência artificial, sistemas que reproduzem padrões e oferecem uma sensação de estabilidade e segurança.

Ao nos apegarmos a esses padrões, perdemos a força das relações humanas. Aceitamos que, se alguém sorri em uma foto, está feliz, sem notar os pequenos sinais do cotidiano — sinais que só vemos quando temos coragem de romper os padrões e olhar além.


Nenhuma máquina substituirá o humano

Enquanto escrevia este texto, pensei se devia alertar sobre os perigos das novas tecnologias ou resgatar a importância das relações humanas, únicas para cada pessoa e fundamentais para a valorização da vida.

Nenhuma máquina substituirá o humano, por mais revolucionárias que sejam as novas tecnologias. Mesmo que a inteligência artificial facilite muitas tarefas de busca e pesquisa, olhar nos olhos, ouvir o silêncio e entender as pausas é o que gera empatia e interação real.

Padre Robson Caramano
Padre da Diocese de São Carlos, Mestre em Linguagens, Mídia e Arte pela PUC Campinas e aluno do Programa de Mestrado em Filosofia com Especialização em Filosofia Prática da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Coordenação do Departamento de Comunicação do Pontifício Colégio Pio Brasileiro.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/quando-o-sorriso-esconde-dor/

15 de setembro de 2025

Pascom e a comunicação a serviço da ação evangelizadora da Igreja

Como implantar a Pastoral da Comunicação na vida das paróquias e comunidades?


Para implantar a Pascom em uma paróquia, precisamos compreender a relevância da comunicação na Igreja e o seu principal objetivo.

A Pascom tem como objetivo anunciar a Palavra de Deus por meio dos instrumentos de comunicação, tendo como base seus quatro pilares: espiritualidade, formação, articulação e produção.

A Igreja reconhece a importância da comunicação, como nos mostra o número 202 do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, que considera imprescindível a participação católica na promoção da cultura no âmbito da mídia, com atenção especial aos conteúdos religiosos.

O Guia de Implantação da Pastoral da Comunicação da Pascom Brasil, nos fala que:

"Ela favorece o cultivo do ser humano enquanto pessoa que comunica valores, vivenciados a partir da Palavra de Deus e da Eucaristia, pois o anúncio sempre deve ser acompanhado do testemunho".

O texto ainda afirma que a Pastoral da Comunicação é a pastoral do ser e estar em comunhão com toda a comunidade, cujo instrumento para exercer a missão é trabalhar por meio das mediações que podem proporcionar o fortalecimento dessa comunhão.

E chegamos a um ponto importante da nossa reflexão: quais os passos que devemos seguir para implantar a Pascom na vida paroquial e comunitária?

É o que veremos a seguir.

Desfazendo os mitos da Pastoral da Comunicação
Implantar a Pastoral da Comunicação pode ser um grande desafio, principalmente se os agentes não compreendem o verdadeiro significado da comunicação dentro da comunidade.

Então, vamos desfazer alguns "mitos" que envolvem a Pascom:

Nunca trabalhei com comunicação

Não há problema se você não trabalha na área de comunicação, o importante é ter o desejo de usar os recursos da comunicação para evangelizar. Lembre-se: Jesus não fez exigências para escolher seus Apóstolos.

Não preciso de Pascom porque na minha paróquia tem muitos idosos

Toda forma de comunicação, sejam elas folhetos, cartazes, mural, pode ser articulada pelos agentes da Pascom, pois comunicar vai além da tecnologia e das redes sociais.

 Não tenho tempo para formações ou momentos de oração

É comum que o acúmulo de atividades possa acabar fazendo com que a dinâmica da Pascom se torne mecanizada. Por isso, tenhamos cuidado: se não há espiritualidade e momentos de formação, a vida pastoral perde o sentido e a sua essência.

 Não tenho como saber sobre os eventos da paróquia

A Pascom é responsável por articular as pastorais e movimentos da comunidade. Por isso, é preciso criar canais que liguem a Pascom e as pastorais para que possam ampliar a divulgação dos eventos e, ao mesmo tempo, fortalecer os laços de união entre todos.

Dicas práticas para implantar a Pascom
  • Conheça a realidade local: converse com o pároco, os paroquianos e os coordenadores pastorais para entender a realidade da paróquia.
  • Forme uma equipe: convide pessoas comprometidas e que tenham o desejo de evangelizar através dos meios de comunicação.
  • Faça um planejamento estratégico: é preciso reunir a equipe para elaborar as atividades da Pascom, de acordo com a realidade da paróquia.
  • Utilize múltiplas plataformas: diversifique os canais de comunicação, como o boletim paroquial, redes sociais, site da paróquia, entre outras ferramentas, pois permite levar a palavra de Deus para mais pessoas.
  • Não se esqueça da vida de oração individual e comunitária: é fundamental cultivar a espiritualidade e a participação ativa na comunidade.

Mãos à obra!

Renan Dantas – Seminarista da Diocese de Juína, Jornalista e Fotógrafo profissional e Redator do GT de Produção da Pascom Brasil

Devolver esperança enxugando lágrimas

O Papa Francisco anunciou que o Jubileu de 2025 terá o tema "Peregrinos da Esperança", com base na passagem "A esperança não decepciona" (2 Cor 6,2) e se concentra em promover a paz, a cura e a fraternidade. Ele será uma oportunidade para os católicos renovarem sua fé e compromisso com os valores cristãos.

Créditos: Delmaine Donson by Getty Images.

Entre as diversas celebrações do Jubileu, no dia 15 de setembro, haverá uma celebração em Roma em que estão convidados todos aqueles que estão vivendo momentos de dor e aflição devido à doença, ao luto, à violência, aos abusos sofridos e outros sofrimentos da vida.

O Jubileu nos dá a oportunidade de reavivar a nossa fé na "esperança que não decepciona", lembrando-nos de que a beleza da vida supera todas as suas dores quando vivemos na fé do Cristo e da Igreja. O tema "Peregrinos da Esperança" é um convite para que os fiéis renovem sua fé, voltem-se para a misericórdia de Deus e encontrem sentido mesmo nos momentos mais difíceis da vida como os citados acima.

O Jubileu é profundamente solidário com os sofrimentos da humanidade

Ao mesmo tempo em que o Jubileu é tempo de festa e renovação espiritual, ele também é profundamente solidário com os sofrimentos da humanidade. A Igreja reconhece que muitos atravessam momentos difíceis que só podem ser superados com a solidariedade humana e com a graça de Deus. O Jubileu quer abraçar os que sofrem com gestos concretos de misericórdia, oração e reconciliação. O Papa Francisco insistia que a Igreja deve ser um "hospital de campanha", especialmente atenta aos feridos da vida.

Neste tempo de graças e de misericórdia, a Igreja nos propõe voltar-se para Deus no silêncio do coração, mesmo na dor; participar dos Sacramentos, em especial a Reconciliação e a Eucaristia, como fontes de cura; acolhimento comunitário; ação misericordiosa no sentido de ajudar os que sofrem; oração pelos que sofrem.

O Jubileu quer ser um tempo de consolo para os aflitos, esperança para os desanimados e renovação para os que caminham com feridas abertas. Ele nos lembra que Deus caminha conosco, não só nos momentos de glória, mas também no vale escuro das lágrimas.

A Palavra de Deus nos fortalece na fé e na esperança

Neste sentido, a Palavra de Deus é valiosíssima para nos fortalecer na fé e na esperança. Vale a pena recordar a todos que passam pelos momentos difíceis da vida algumas passagens bíblicas que fortalecem a nossa fé como em Romanos 8,18 – "Tenho para mim que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós". O sofrimento é passageiro mas a vida eterna é para sempre.

São Paulo disse aos coríntios: "Em tudo, somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos". (2 Cor 4,8-9). Deus está presente conosco mesmo na dor, que se torna salvífica produzindo a salvação em quem sofre na fé, unindo seu sofrimento com o de Cristo na Cruz. Por isso disse São Tiago: "Considerai como grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de passar por diversas provações. Pois sabeis que a prova da vossa fé produz perseverança. (Tiago 1,2-4).

O sofrimento é caminho de crescimento espiritual, por isso São Paulo diz que "tudo concorre para o bem dos que amam a Deus" (Rom 8,28) e que, portanto, devemos "dar graças a Deus em todas as circunstâncias" (1 Tess 5,17).

Não damos graças pelo mal em si, mas pelo bem que Deus sabe tirar do mal. Santo Agostinho disse que Deus não permitiria o mal entrar no mundo se Ele não soubesse do mal tirar o bem. É bom lembrar que o maior mal cometido pela humanidade – a morte cruenta de Jesus – produziu a salvação da humanidade.

O Jubileu nos faz lembrar que Cristo venceu o mundo

O salmista diz que: "O Senhor está perto dos que têm o coração ferido, e salva os de espírito abatido" (Sl 34,19). O mesmo dizia Deus pelo profeta Isaías (41,10): "Não temas, porque eu estou contigo; não te assustes, porque eu sou teu Deus. Eu te fortaleço, te ajudo e te sustento com minha mão fiel". Deus dá força e sustento, mesmo quando tudo parece perdido.

O Jubileu nos faz lembrar o que disse Jesus aos Apóstolos na Santa Ceia: "No mundo tereis tribulações. Mas tende coragem: eu venci o mundo!" (João 16,33). Cristo não nega os sofrimentos que nos atingem, mas dá esperança e vitória: Ele venceu o mundo. "Ainda que eu atravesse o vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque estás comigo. Teu bastão e teu cajado me confortam" (Salmo 22).

São Pedro nos lembra que: "Depois de terdes sofrido um pouco, o Deus de toda a graça, que vos chamou à sua glória eterna em Cristo, vos restaurará, vos confirmará, vos dará força e vos firmará sobre fundamentos sólidos."(1Pe 5,10). "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fil 4,13).

Essas e outras citações nos ajudam a resistir na fé em meio aos sofrimentos. E mais, São Paulo nos garante que: "Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação, ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela" (1 Cor 10,13).



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/devolver-esperanca-enxugando-lagrimas/

14 de setembro de 2025

O amor revelado no madeiro

Caminho de vida

Em sua morte de Cruz, Cristo demonstra todo o seu amor por nós: "E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim" (Jo 12,32). Dando-se em Sacrifício por amor, Cristo nos atrai, nos resgata para si. Quando mergulhamos com a alma na riqueza deste gesto de Jesus, entendemos um pouco mais a profundidade da sua doação: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos" (Jo 15,13).

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Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

A mensagem da Cruz é para todos os tempos. É sempre uma novidade para nós olhar para Cristo e, mais do que entender, deixarmo-nos surpreender com o que Ele tem a realizar em nós a partir de sua Cruz. 

A cruz: sinal de amor, confiança e vitória

Para os cristãos, a Cruz — símbolo de humilhação, tortura e objeto de intimidação do Império Romano — é sinal de amor, de confiança e vitória. É a certeza de que a morte foi vencida e de que o pecado não tem o poder de nos aprisionar. Ele foi derrotado na Cruz. Por suas chagas, fomos sarados A crucifixão de Jesus foi um ato solene de redenção que, com sua ressurreição, realiza de uma vez por todas o plano de salvação de Deus.


No entanto, não podemos ignorar o sofrimento real de Jesus na Cruz. E aí está a grandeza desse sinal: na dor de Cristo, está a nossa alegria. O capítulo 53 do livro do profeta Isaías nos apresenta a figura do Servo Sofredor, atribuída a Cristo. O profeta fala de um homem de Deus que carregava em si os sofrimentos de outros.

Na Cruz, Jesus carrega todos os nossos sofrimentos 

E que sofrimentos eram estes? Todos os que podemos imaginar! Ele toma nossas doenças, pecados, dores e mazelas para si, ou seja, leva sobre os ombros os sofrimentos que trazemos. Isaías deixa bem claro o que Jesus estava fazendo e qual era o intuito daquele sofrimento: "Fomos sarados com os seus ferimentos" (v.5). De fato, na Cruz não havia seleção. Eram, absolutamente, todos os sofrimentos humanos — de quem veio e de quem virá ao mundo — que estavam na Cruz de Cristo.

Portanto, a sua dor, seja ela qual for, até mesmo aquela que você ainda vai sentir, estava no madeiro. É por isso que não há mal que Jesus não possa vencer. E Ele fez tudo isso voluntariamente. Não foi uma oferta obrigatória. Por isso "não abriu a sua boca" (v.7), não reivindicou defesa. Nisso está o seu triunfo: em se entregar, em dar a vida. Assim, conquistou uma descendência. 

A dor como meio de cura e transformação

A união no sacrifício de Cristo que vivemos, se unido à Cruz de Jesus, pode se tornar, para nós, motivo de alegria, salvação e libertação dos pecados dos quais somos reféns. O que nos cabe é não desperdiçar nenhum sofrimento. Deus quis que a dor fosse um meio de cura e transformação para nós.

Vejamos o Sermão das Bem-aventuranças: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque havereis de rir! Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome por causa do Filho do Homem! Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, pois será grande a vossa recompensa no céu (Lc 6,20-23). 

Experimente, hoje, entregar seus sofrimentos ao Crucificado!

Notemos que os bem-aventurados são os que passam por sofrimentos. Eles nos forjam a sermos melhores, configurando-nos a Jesus, dando-nos a capacidade de desejar o Céu e de não nos apegarmos a este mundo. Fazem-nos ver que a vida não se encerra aqui e que o sofrimento acontece na vida de todos, sem distinções, a fim de curar nossas almas, tornando-as mais aptas ao Reino.

Em Colossenses, Paulo afirma: "o que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne" (Cl 1,24). Claro que o sacrifício de Jesus é completo. Mas nossas lidas diárias, se colocadas em Deus, serão para nós e para a Igreja a participação no sacrifício do Senhor e, portanto, benefícios. Experimente hoje entregar seus sofrimentos ao Crucificado!

Elane Gomes
Membro Segundo Elo da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/o-amor-revelado-no-madeiro/

12 de setembro de 2025

Por que a esperança não engana?

A esperança é uma virtude teologal fundamental na fé cristã, profundamente enraizada nas Escrituras e na tradição da Igreja. Mas por que dizemos que a esperança não engana? Vamos explorar este tema à luz da fé católica.

1. Fundamento Bíblico

A esperança cristã é firmemente baseada nas promessas de Deus, que são infalíveis. Em Romanos 5,5, São Paulo afirma: "A esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado". Essa passagem assegura-nos que a esperança é sustentada pelo próprio amor de Deus, que é eterno e imutável.

Desarmando o coração, o caminho para a paz e a esperança

Crédito: jacoblund / GettyImages

2. A fidelidade de Deus

Deus é fiel às Suas promessas. Ao longo da história da salvação, vemos inúmeras vezes como Deus cumpre as Suas promessas ao Seu povo. Desde a Aliança com Abraão até a vinda de Jesus Cristo, Deus mostrou-Se sempre fiel. A esperança cristã, portanto, não é uma expectativa vazia, mas uma confiança segura na fidelidade de Deus.

3. A Ressurreição de Cristo

A Ressurreição de Jesus é o maior fundamento da nossa esperança. Como São Paulo escreve aos Coríntios (1Cor 15,17), "Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé". A vitória de Cristo sobre a morte dá-nos a certeza de que, assim como Ele ressuscitou, também nós ressuscitaremos. Essa esperança na vida eterna é o que nos sustenta nas dificuldades e tribulações da vida.


4. Ação do Espírito Santo

O Espírito Santo é o consolador e o guia que nos fortalece na esperança. Ele nos ajuda a manter os nossos olhos fixos nas promessas de Deus, mesmo quando enfrentamos desafios. A presença do Espírito Santo na nossa vida é um sinal de que Deus está conosco, guiando-nos e sustentando-nos.

5. Testemunho dos santos

Os santos são exemplos vivos de esperança inabalável. Eles enfrentaram perseguições, sofrimentos, doenças e até a morte com uma confiança inabalável nas promessas de Deus. A vida deles são testemunhos poderosos de que a esperança em Deus nunca decepciona.

6. O jubileu da esperança

O Jubileu da Esperança, também conhecido como Ano Santo de 2025, é um período de graça extraordinária promovido pela Igreja Católica. Esse Jubileu foi solenemente inaugurado pelo Papa Francisco em 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, e termina em 6 de janeiro de 2026, sob o tema "Peregrinos da Esperança".

Este evento simboliza um tempo de renovação espiritual, reconciliação e vivência profunda da Misericórdia Divina. Inspirado no tema "A esperança não confunde" (cf. Rm 5, 5), o Jubileu convida-nos a refletir sobre a essência da esperança cristã: uma confiança inabalável no amor de Deus .1

7. Bula de Proclamação do Ano Jubilar do Papa Francisco sobre a esperança 2

O Papa Francisco enfatizou a importância da esperança em várias das suas catequeses e escritos. Ele descreve a esperança como "a âncora e a vela" que nos guiam para um futuro mais fraterno e harmonioso 3 .  Nas suas catequeses sobre a esperança cristã, o Papa destaca que a esperança não desilude, pois está enraizada no amor de Deus que caminha ao nosso lado 4 . Ele nos encoraja a viver na expectativa da Revelação do Filho de Deus, confiando que, apesar das dificuldades, Deus está sempre conosco.

Conclusão

A esperança não engana porque está enraizada na fidelidade de Deus, na ressurreição de Cristo e na ação do Espírito Santo. É uma virtude que nos sustenta e nos dá força para enfrentar as dificuldades da vida com confiança e alegria: "A esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino"5.

Que possamos sempre manter viva essa esperança, certos de que Deus é fiel e cumprirá todas as Suas promessas.

Paula Ferraz
Missionária do 2º elo, Frente de Missão Fátima – Portugal

Referências:
1 https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2024-12/papa-francisco-missa-natal-porta-santa-jubileu-2025.html.
2 Spes non confundit – Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025 (9 de maio de 2024
3 https://formacao.cancaonova.com/igreja/jubileu-2025/jubileu-da-esperanca-o-caminho-para-uma-nova-realidade/.
4 https://www.vatican.va/content/francesco/pt/cotidie/2013/documents/papa-francesco_20131031_meditazioni- 23.html.
5 Spes non confundit – Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025 (9 de maio de 2024).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/por-que-esperanca-nao-engana/

10 de setembro de 2025

O suicídio precisa ser visto com atenção

Campanha de prevenção ao suicídio é mais grave do que as pessoas imaginam

O mês de setembro teve início com uma proposta de conscientização trazida por alguns órgãos de promoção da saúde com o tema prevenção do suicídio.

Foto ilustrativa: Panuwat Dangsungnoen by Getty Images

Essa campanha traz o assunto do suicídio para a discussão popular com intuito de prevenir mortes que poderiam ser evitadas. A quantidade de vidas perdidas ultrapassa o número de vítimas da AIDS e de alguns tipos de câncer. Ou seja, tornou-se alvo de preocupação por comprometer tantas pessoas de diversas idades, classes sociais, cores etc. É hoje um assunto de saúde pública.

Dados interessante traz certa perspectiva de sucesso com campanhas, o fato que nove em cada dez casos poderiam ser evitados. De acordo com a Organização Mundial da Saúde. Ou seja, o assunto deve ser amplamente debatido e os preconceitos esclarecidos, para que o maior número de pessoas seja alcançado e indivíduos sejam salvos de um possível suicídio.

Como identificar alguém que tenha ideação suicida? É possível ajudar de algum jeito?

Para iniciar o assunto e já fazer uma boa provocação sobre o tema, vou dizer que qualquer ser humano é passível de pensar sobre a morte e desejá-la em casos específicos da vida. Sim. Eu e você podemos passar por situações fortes na vida ou apresentar alguma disfunção biológica que nos faça, em algum momento, pensar em morrer. Ou simplesmente, podemos achar os dias muito cinzas, perder o encanto pela vida e o sentido no existir.

As dores existenciais, que são aquelas dores na alma, não localizadas por nenhum exame de imagem, podem ser insuportáveis e fazer o indivíduo desejar a morte.

Atentar-se para essas realidades já é um grande passo no combate ao preconceito que existe em relação a doenças como depressão e bipolaridade, por exemplo, e que são estopins para o suicídio.

Os sinais

Existem pessoas que verbalizam suas dores e dão dicas de que pensam no suicídio, dizendo frases como: "preferia estar morta", "não deveria ter nascido", "o mundo seria um lugar melhor sem mim" ou até aquelas frases mais inocentes como "queria sumir" e "desejo dormir e não acordar mais". Esses são alguns sinais de que o indivíduo não está bem e precisa de ajuda.

O mais indicado seria um acompanhamento psicoterapêutico e, se necessário, um psiquiatra, que vai avaliar a necessidade de medicamento. Aos poucos, a população começa a se conscientizar de que os cuidados com a saúde psíquica são tão importantes e necessários quanto os cuidados com a saúde física. Assim, um medicamento para alguns casos pode ser extremamente eficaz no combate às doenças como depressão, que pode levar ao suicídio. Só para aproveitar o assunto, é válido dizer que a informação é o melhor remédio no combate ao preconceito, que ainda persiste quando o assunto é depressão, terapia e medicamentos psiquiátricos.

Voltando a falar sobre como identificar pessoas que tenham ideação suicida, existem também aquelas que não costumam expor o sentimento. Nesses casos, a observação dos comportamentos será mais valiosa que as frases ditas.

Quando alguém apresenta mudanças comportamentais que persistem por muitos dias, o sinal de alerta pode ser acionado, ou seja, se alguém que costuma ser falante, risonho e sociável, passa a ficar mais retraído, isolado e triste, certamente algum tipo de ajuda está precisando.

Setembro Amarelo

Na campanha do Setembro Amarelo, existe uma chamada que diz: "falar é a melhor solução". Então, esteja disposto a dialogar com alguém que parece não enxergar um sentido na vida. O outro apresenta alguma resistência ao diálogo, procure formas de acessar o seu coração. Por mais desafiador que pareça, lembre-se, nessas horas, que nenhum ser humano é inalcançável.

Por algum ou vários motivos, pode acontecer de alguém desenvolver mecanismos de defesa para se proteger de algumas dores, podendo ficar extremamente calado ou agressivo em certos momentos. Se o diálogo parecer impossível num primeiro momento, use a sua criatividade e o seu conhecimento sobre essa pessoa que você ama; inove, surpreenda e descubra diferentes formas de mostrar que você a ama e está ao lado dela nesse momento difícil.


Demonstre afeto

Gestos podem traduzir algumas palavras significativas. Fazer uma comida especial, comprar uma lembrança, escrever bilhetes, ajuda a derreter a geleira que estabeleceu no coração do outro. Ouse. Arrisque-se nas tentativas de alcançar alguém que precisa de ajuda.

É importante também avaliar a profundidade da situação, ou seja, se a pessoa está passando por um sofrimento pontual, alguma tristeza ou frustração, não vá logo achando que ela está pensando em suicídio. As tristezas são tão importantes quanto as alegrias, e podem trazer ensinamentos preciosos, que nem todo sorriso traz.

Então, se são lágrimas que se apresentam nessa hora para o seu amigo, chore junto com ele e, quando possível, ajude-o a enxergar novas perspectivas a partir desse sofrimento. Muitos ignoram ou rejeitam as incríveis possibilidades de crescimento que moram numa dor. Não seja dessas pessoas.

Por fim, é possível encontrar materiais de excelente qualidade que informam sobre o suicídio e algumas formas de prevenção.

Procure ajude

Como cada ser humano é único e cada caso se apresenta de forma muito particular, é importante compreender o que o familiar, o amigo, o parceiro ou até o colega de trabalho está vivenciando nesse momento, como é sua visão de mundo e qual a melhor forma de ajudá-lo. Assim, se encontrar uma oportunidade, pergunte abertamente: o que você gostaria que eu fizesse para ajudá-lo nesse momento?

Lembre-se, antes de qualquer coisa, que você está se propondo a entrar no território precioso e sagrado do outro, portanto, haja com respeito, cautela e evite julgamentos. Muitos podem achar que "dando um chacoalhão", a pessoa irá melhorar. Não é bem assim.

Pensar em tirar a própria vida é algo sério, uma alternativa que muitos escolhem por estarem em desespero. Sem perspectivas de vida, Portanto, recubra-se de amor, compaixão e uma dose extra de compreensão para colocar-se ao lado de alguém que precisa da sua ajuda.

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-suicidio-precisa-ser-visto-com-atencao/

9 de setembro de 2025

Santa Teresinha e os tempos da modernidade

A simplicidade que salva

Sem dúvida, Santa Teresinha está entre os santos que mais despertam a devoção na Igreja hoje em dia. Mas os santos não são tanto para serem admirados e vistos como milagreiros; mais que isso, eles foram elevados aos altares para serem imitados.

O sentido da vida segundo Santa Teresinha do Menino Jesus

Créditos: Domínio Público.

Nesse mundo secularizado – onde o sagrado tem pouco valor diante das realidades de uma época marcada pela correria de quem não tem tempo a perder e pela superficialidade do homem tecnológico, um mundo que modela no homem uma personalidade sentimentalista, individualista, hedonista e com tanto outros "ismos" –, Santa Teresinha, de dentro de sua clausura do final do século XIX, tem alguma coisa a nos dizer hoje?

A espiritualidade de Teresinha é um caminho cotidiano de salvação. Ela propõe que todos os gestos, por mais simples que sejam, se forem feitos com amor, têm valor redentor: "Apanhar um alfinete por amor pode converter uma alma. Que grande mistério!". Só Jesus pode dar um valor tão grande às nossas ações.

 Amor no dia a dia

Por isso sua proposta é perfeita para nós hoje: a santidade não se resume a gestos de piedade e longos tempos dedicados ao sagrado, mas pode ser encontrada na correria da vida do mundo. Perfeito! Sim, na correria do dia a dia, se cada coisa for feita com amor, tem valor de eternidade, porque traz a presença de Deus para aquela situação.

Aliás, é um remédio para o mal da pós-modernidade: a depressão, porque, se cada coisa da vida ganha significado pelo amor, nada será mera repetição maçante de atos, mas tudo será sempre novidade, porque o amor traz o brilho do novo para as coisas da vida.


O último lugar que se transforma em vitória

Individualismo, solidão e competitividade são tendências que atraem o homem de hoje. Estamos ligados no mundo, mas sempre isolados numa telinha de celular ou telona de TV. E quando saímos daí, é para competir em lucro, poder, beleza física; enfim, todos querem o sucesso.

Nisso Teresinha era muito diferente de nós, não porque não tinha a telinha ou a telona, e sim porque vivia de amor, e o amor é sempre atual. Amante do último lugar, o único pódio pelo qual competia, e vivendo sob a leveza do escondimento, Teresinha em tudo queria fazer o bem: "Só o amor me atrai".

Nem o sucesso da santidade ela queria: "Não se deve trabalhar para tornar-se santa, mas para dar prazer ao Senhor". Sua meta era realmente partilhar o bem, e por isso surpreendeu até os santos, que querem o céu como seu troféu, ao dizer que queria passar o céu fazendo o bem na terra.

Alegria das irmãs durante os recreios, ela sabia ser agradável, viver em comunidade e partilhar de tal maneira que podemos aplicar a ela a frase do místico alemão Johann Tauler (séc. XIV): "Se eu amar o bem que está no meu próximo, mais do que ele mesmo o ama, esse bem me pertence mais do que a ele".

Mas Teresinha não seria hoje uma mestra somente através de seus bons exemplos. Por meio de sua doutrina da pequena via, ela daria duros remédios a nós, que gostamos de conforto e guloseimas. Ela diz que "um dia sem sofrimento é um dia perdido". Sem dúvida, Santa Teresinha tem muito a nos ensinar no caminho necessário da ascese e penitência.

Valores perenes para tempos voláteis

Ela não nos convida a fazer coisas exorbitantes, tão distantes do nosso padrão de bem-estar, mas coisas simples, como ela mesma fazia: durante as refeições, não se recostar ao encosto confortável da cadeira. Coisas realmente tão simples quanto possíveis.

Mas talvez a lição mais dura que ela tem a nos dar seja sua convicção de que o amor não é sentimento ou emoção, mas decisão da vontade. Verdade difícil num mundo em que os relacionamentos são tão superficiais e a capacidade de se comprometer tão volátil, que casamento se faz por união afetiva e religião se escolhe pela medida de boas sensações e retribuições divinas.

Teresinha é um daqueles santos que ultrapassam o seu tempo, porque sua vida e seus ensinamentos comunicam valores perenes. Especialmente ela, que soube reconhecer os sinais dos tempos e, com consistência e profundidade, tem uma profecia atual, merece realmente o título de "a maior santa dos tempos modernos", como a chamou São Pio X (1835-1914).



André Botelho

André L. Botelho de Andrade é casado e pai de três filhos. Com formação em Teologia e Filosofia Tomista, Andrade é fundador e moderador geral da comunidade católica Pantokrator, à qual se dedica integralmente.
http://www.pantokrator.org.br

Contato: http://facebook.com/andreluisbotelhodeandrade


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/santa-teresinha-e-os-tempos-da-modernidade/

8 de setembro de 2025

Evangelização na Internet: Do SMS à IA: Testemunho de Adailton Batista

Minha jornada de fé

Sou Adailton Batista, e minha história com a evangelização começa muito antes de eu tocar em um computador. Nasci na zona rural do município de Porteirinha, em Minas Gerais, em uma vida simples e, por graça de Deus, rica em conhecimento.

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Desde pequeno, gostava de ler as revistas e jornais que chegavam até mim e, mesmo antes de ir para a pré-escola, minha mãe, com sua dedicação, já havia me ensinado a ler o alfabeto, a escrever meu nome, o de meus pais e irmãos, e até parte da tabuada.

Minha infância e adolescência foram distantes da tecnologia. O contato com mais livros se intensificou no quinto ano, mas foi apenas no Ensino Médio que acessei um computador pela primeira vez e criei meu primeiro e-mail. Fui o primeiro de meus cinco irmãos a fazer um curso de digitação, embora a tecnologia não fosse meu forte. O que já trazia em mim era um dom natural para aprender e compartilhar.

Minha família sempre foi católica e, após a minha crisma, mergulhei nos grupos de jovens e retiros espirituais na diocese de Janaúba, onde fui atuante; e tudo o que eu vivia, sentia um forte desejo de que outros também experimentassem aquela graça de Deus, a experiência com Cristo.

Além dos limites: do SMS à evangelização digital 

A semente do evangelizador digital nasceu de uma forma inusitada. Por volta de 2001, adquiri um celular com um plano que oferecia SMS ilimitado. Tive uma ideia ou inspiração divina: comecei a inventar combinações de DDDs com números de telefone e a enviar mensagens da Bíblia, retiradas do folheto do culto dominical, para pessoas que eu nem conhecia. Lembro-me de ter enviado mais de cem mensagens em um único mês.


Era a minha forma de usar o pouco que tinha para levar a Palavra adiante. Recordo de receber muitos retornos: "Obrigado pela mensagem! Era o que eu precisava ler hoje. Não sei como achou meu número, mas não importa, essa mensagem foi voz de Deus para mim", retornos como esse me motivavam a continuar. 

Em 2009, o trabalho com a missão evangelizadora na internet tomou outras proporções. Ao ingressar na Comunidade Canção Nova, por providência divina, fui designado para trabalhar no setor de "Novas Tecnologias" da TV.

Ali, passei a gerenciar blogs, o site oficial da TV, as mídias sociais e a trabalhar com o envio de SMS com conteúdos do Papa, de nosso fundador  – Monsenhor Jonas Abib – e dos santos. Fui identificando, em minha vocação, um chamado claro: usar a internet para propagar a Boa Nova do Evangelho.

Como a fé se conecta ao futuro 

Como nos ensina meu fundador, Monsenhor Jonas Abib, devemos e precisamos usar de todos os meios possíveis já criados para evangelizar. Penso também em São Paulo, o apóstolo, e nas viagens que ele fez para anunciar o Evangelho. Imagine o que ele faria em nosso tempo, tendo em mãos as ferramentas que temos!

Movido por esse ideal, mergulhei nos estudos. Muita coisa aprendi sozinho, "fuçando", mas a Comunidade me deu a oportunidade de fazer o curso de Técnico em Rádio e TV; depois, a graduação em Jornalismo, que expandiu meu conhecimento.

Recentemente, concluí um MBA em Digital Business, e minha visão se abriu para as incontáveis possibilidades que temos hoje, incluindo o uso de Inteligência Artificial para continuar esse trabalho.

Nessa jornada, compreendi algo fundamental:

"Rede Social sempre existiu. As plataformas só vieram ampliar a comunicação das redes."

A missão como consagrado Canção Nova é evangelizar

A escola, a família, a comunidade… onde há gente, há uma rede social. Por trás de cada perfil e cada plataforma, existem pessoas. E, como vivemos aqui na Canção Nova, "a pessoa é o mais importante". É por isso que não podemos estar nas redes apenas por estar. É preciso ter um objetivo concreto.

Lembro-me de um fato que partilhei em meu blog em 2011, após participar de um evento em São Paulo. Em uma das palestras, perguntaram quem ainda usava o Orkut, que já havia "morrido" em muitos países, mas que, no Brasil, ainda era muito popular. Eu, na minha euforia, respondi que sim, e fui até um pouco "zoado", mas aquilo me levou a uma profunda reflexão: eu não usava a rede por usar, mas porque tinha um objetivo.

Minha missão como consagrado Canção Nova é evangelizar. Enquanto o Orkut não morresse no Brasil, eu o usaria, pois sei do alcance que um vídeo, um post ou um comentário pode ter na vida de muitas pessoas que usam essa ferramenta. Como já disse: a pessoa é o mais importante.

As redes sociais e as novas tecnologias não teriam sentido para a escolha de vida que fiz se eu não as colocasse em função da minha missão. De palavras, o mundo está cheio; a sociedade anseia por veracidade, por autenticidade.

Usar as redes sociais para construir um mundo novo e formar na fé

Por isso, deixo aqui meu apelo: não use as redes sociais por usar. Use com um objetivo. Use para colaborar com algo concreto, para construir um mundo mais justo, para ser um formador de opiniões pautado no bem.

Ao ver a canonização do beato Carlo Acutis, um jovem que usou a internet para o céu, eu me identifico profundamente com sua missão. Peço sua intercessão para que eu nunca me perca neste vasto universo digital e continue a usar bem os meios de comunicação para o único fim que importa: evangelizar.

Espero que você, que lê esse breve testemunho,  possa também usar, de alguma forma, os dos que o próprio Deus lhe deu para levar a mensagem de fé e esperança a tantos corações. Deus mesmo lhe mostrará quais meios. Abra-se à vontade d'Ele.

Deus o abençoe!



Adailton

Adailton Batista é natural de Janaúba (MG) e membro da Comunidade Canção Nova desde 2009. Casado com a missionária Elcka Torres e pai de uma filha. Possui MBA em Digital Business pela USP/ESALQ, graduação em Jornalismo pela Faculdade Canção Nova (FCN), formação em Rádio e TV pelo Instituto Canção Nova e formação técnica em Administração pela Faculdade NetWork. É autor do blog.cancaonova.com/metanoia e colunista do Portal Canção Nova. Apaixonado pela evangelização, ele utiliza todos os meios digitais possíveis para promover uma experiência pessoal com Cristo.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/evangelizacao-na-internet-sms-ia-testemunho-de-adailton-batista/