5 de julho de 2025

Três passos para viver a busca pela santidade

São Francisco de Assis, Santo Afonso Maria de Ligório, Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Rita de Cássia… Santos canonizados e reconhecidos oficialmente pela Igreja devido às virtudes que iluminaram seus caminhos rumo ao coração de Deus.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

O caminho da santidade é construído no cotidiano da nossa vida. Os santos nos ensinam esta verdade: santo é quem faz da sua vida um altar do amor. Eles atingiram a santidade porque viveram a vida com todas as consequências da caminhada: erros e acertos; alegrias e tristezas; luzes e trevas.

Como construir um caminho de santidade?

O que é ser santo? Ser santo não é ser perfeito. Se fôssemos perfeitos, não era preciso buscar a santidade, pois já seríamos santos de fato. Os grandes santos nos ensinam que viver reconciliados com nossa humanidade é fundamental para quem se propõe buscar a santidade. São Francisco de Assis reconciliou seu lado humano com o mistério da morte, a ponto de chamá-la de irmã morte. Santa Terezinha do Menino Jesus trilhou seu caminho de santidade na obediência.

Hoje, vivemos um tempo em que a busca da santidade está em alta. Tal atitude não é errada. Porém, muitos a têm buscado sem se reconciliar com seu lado humano. E quando descobrem que enquanto não forem humanos não conseguirão chegar à santidade, entram em complexas crises de identidade.


O que fazer com as próprias imperfeições

O caminho da santidade passa essencialmente pelos territórios humanos que compõem nosso ser. Buscar a santidade e esquecer-se de reconciliar-se com o humano é fonte de problemas psicológicos sérios. Muitos têm trilhado esse caminho perigoso. Olham para os santos como se esses nunca tivessem pecado na vida, mas estes só conseguiram chegar à santidade porque, por meio de suas próprias imperfeições, buscaram ser melhores a cada dia. O caminho da santidade começa a ser trilhado quando o presente se torna um lugar de reconstrução. O passado nos ensina o erro cometido, o presente é lugar por excelência de recomeçar, e o futuro é morada da esperança.

Muitos querem ser santos, mas ainda não aprenderam a ser humanos. Desejariam ser robôs programados para fazer somente o bem, mas a realidade é permeada de imperfeições. Acordam com o olhar no ideal perfeito de uma vida sem erros, mas adentram a noite perdidos nas trevas do erro. Buscam a perfeição, mas se esquecem de reconciliar-se com o que ainda está em construção. Andam pelas margens da estrada da vida, e desviam-se das pedras necessárias para o amadurecimento. As pedras que se encontram no meio da estrada só serão prejudiciais se nada aprendermos com elas.

Primeiro passo

O primeiro passo para sermos santos é identificarmos as nossas imperfeições. É ainda preciso ter consciência de que nunca seremos 100% perfeitos. Nem mesmo São Francisco de Assis o foi. Ele só foi santo, porque buscava, a cada dia, refazer sua história. Nos erros da vida, São Francisco descobria, em cada nova manhã, a chance de recomeçar.

Segundo passo

O segundo passo para o caminho da santidade é fazermos de cada novo dia uma oportunidade de recomeçar. Quem nunca encara os seus pecados dificilmente conseguirá encontrar meios para vencê-los. É mais fácil maquiarmos o erro do que olharmos no espelho de nossa alma e reconhecermos o seu verdadeiro rosto.

Às vezes, é mais fácil e bonito vivermos com um ideal de santidade do que nos esforçarmos para mudarmos atitudes que não contribuem em nada com nosso crescimento humano e cristão. Ser santo não é fácil, mas também não é impossível.

Terceiro passo

O terceiro passo é buscarmos a santidade no cotidiano da nossa vida. Amar mais aqueles que vivem ao nosso lado, exercitar a paciência quando estamos a ponto de descarregar nossa raiva em quem não tem culpa dos nossos fracassos. Ser solidário quando todos pensam apenas em si mesmos.

Ser santo é fazer a diferença no mundo! Cristão é aquele que transforma a realidade onde vive com gestos de amor e fraternidade.

Deus não quis robôs. Eles nos fez humanos para que descobríssemos a felicidade escondida nos mistérios mais simples e bonitos da vida. Seremos santos à medida que a santidade não for um peso ou uma imposição, mas sim um estilo de vida.



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/tres-passos-para-viver-busca-pela-santidade/

4 de julho de 2025

O sofrimento vai nos acompanhar para o resto da vida?

Todos os dias, o sofrimento bate à porta de milhares de pessoas. Todos os dias, soluções ou analgésicos são procurados para atenuar a dor. Todos os dias, certamente, nos questionamos sobre o sentido das aflições.

São João Paulo II, na Carta apostólica Salvifici Doloris, diz que 'o sofrimento desperta compaixão e também respeito e, a seu modo, intimida. De fato, nele está contida a grandeza de um mistério específico. À volta do tema do sofrimento, há dois motivos que parecem aproximar-se particularmente e unir-se: a necessidade do coração ordena-nos que vençamos o temor e o imperativo da fé fornece o conteúdo, em cujo nome e em cuja força ousamos tocar o que parece tão intangível em todos os homens; é que o homem, no seu sofrimento, continua a ser um mistério intangível' (nº 4).

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / Gemini

A verdade é que o sofrimento, seja ele físico, psíquico ou espiritual, é um companheiro de viagem para toda a vida, quer queiramos ou não. Mas, em caso de dúvida, o melhor é nos prevenirmos, de modo a nos conscientizar de que ele faz parte da nossa natureza humana.

O sofrimento nos aproxima de Deus

Sabemos que Deus não quer o sofrimento para os seus filhos. Mas, por vezes, permite a dor para que, por meio da sua pedagogia divina, tenhamos consciência da nossa condição frágil. Experimentemos a recordar: não será nos momentos de maior sofrimento que recorremos mais rapidamente a Ele e colocamos nas Suas mãos o nosso agir? Não será nesses momentos que nos aproximamos d'Ele e Lhe perguntamos o que quer que façamos?


Deus quer a nossa felicidade; e a nossa felicidade é fazer a vontade de Deus. O problema é que, por vezes, teimamos em ser senhores da nossa vida, colocando-nos no lugar de Deus. Perante o sofrimento é preciso agir. Na dor, temos de apostar na vida e sair da doença, da tristeza ou da opressão.

Fonte: Revista Família Cristã/Portugal

Padre José Carlos Nunes


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-sofrimento-vai-nos-acompanhar-para-o-resto-da-vida/

3 de julho de 2025

Deus deseja a salvação de todos

O projeto de Deus é a salvação de todos os homens. Essa afirmação nos é assegurada pelo Catecismo da Igreja Católica (CIC) quando, no número 851, além de esclarecer que a salvação é universal, também nos deixa entender que o meio para alcançar essa salvação é o conhecimento da verdade.

Conseguimos compreender isso quando, no primeiro livro de Timóteo 2,4, o apóstolo Paulo diz: "Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade". Com essa passagem bíblica, podemos ter a certeza da vontade de Deus sobre a nossa vida. Deus deseja alcançar a humanidade inteira e conduzir todos os povos à salvação. Não tenha dúvida de que o Senhor quer a todos, caso contrário, Deus estaria fazendo acepção de pessoas, sendo que, sabemos que isso Deus não faz.

Crédito: RyanJLane / GettyImages

Podemos nos perguntar: "Onde posso encontrar essa verdade?". Antes mesmo de sabermos onde encontrarmos essa verdade que nos salva, precisaremos saber "que verdade é essa?". Essa resposta encontraremos na boca de Jesus quando Ele diz: "Eu sou o caminho. a verdade e a vida […]" (Jo 14,6).

O projeto de Deus para o Seu povo

Para entendermos a salvação do homem, faz-se necessário entendermos por quais meios isso acontece. A doutrina da Igreja atesta que, de forma sacramental, a Igreja é o instrumento de Redenção dos homens, a Igreja é o sacramento universal de salvação.

Encontramos na Bíblia duas passagens que apontam a nossa união íntima com Cristo, ao ponto de entendermos que, nós, somos Igreja como corpo místico de Cristo. Na parábola da videira está assim: "Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como Eu nele, esse dá muito fruto, pois sem Mim nada podeis fazer" (Jo 15, 5). Nessa passagem, Jesus já diz que precisamos estar ligados a Ele.

A outra passagem está em Jo 6,56: "Quem se alimenta com a Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em mim, e Eu nele". Com essas passagens bíblicas, podemos ver, claramente, que não estamos apenas reunidos em torno de Cristo ou da sua Igreja, mas estamos inseridos n'Ele.

Inseridos em Cristo, como seus membros, somos alcançados pelos Seus efeitos e não menos pelo efeito da Sua morte na Cruz, que é a salvação de toda a humanidade. Os sacramentos e o Espírito Santo são os meios que nos tornam corpo místico de Cristo, como lemos no CIC 804: "A Igreja é o Corpo de Cristo. Pelo Espírito e pela ação deste nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, Cristo morto e ressuscitado constitui a comunidade dos crentes como seu corpo".

Cristo Salvador e salvação são anunciados pela Igreja

O Mistério Pascal é o centro da Boa Nova anunciado pela Igreja. E a Igreja unida a Cristo é, ao mesmo tempo, Santa e santificante. Dessa forma, entendemos que, na Igreja, está a salvação.

A Congregação para a Doutrina da Fé escreveu uma carta aos bispos falando sobre a salvação cristã que diz: "O lugar onde recebemos a salvação trazida por Jesus é a Igreja, comunidade daqueles que, tendo sido incorporados à nova ordem de relações inaugurada por Cristo, podem receber a plenitude do Espírito de Cristo" (Cf. n.12). Nós, católicos, temos a graça de, na Igreja, recebermos os meios de santificação para a nossa vida, que são os sacramentos.

É por meio dos efeitos dos sacramentos que Deus quer santificar o seu povo, assim, concluímos, ao mesmo tempo, que Deus nos quer na Igreja, pois é nela que são administrados os sacramentos.

A nossa salvação não é autônoma, ninguém salva a si mesmo nem mesmo alcança a salvação sozinho. Por essa razão, entendemos que nós, como batizados e inseridos no corpo místico de Cristo, temos a missão de anunciar. Contudo, lembremos que não há anúncio sem fidelidade. A fidelidade dos batizados é condição para o anúncio, pois o testemunho credita o anúncio.


Comunicar a fé e a esperança em Cristo

Nós, que já experimentamos a salvação de Cristo em nossa vida (ainda que não em plenitude) somos impulsionados por Cristo para evangelizar e levar a outros essa mesma experiência. São Paulo, escrevendo aos romanos, nos diz: "Pois é na esperança que fomos salvos […]" (8, 24). A esperança que nos salvou é ainda a esperança que aguardamos para vivê-la em plenitude. Quantas pessoas ainda estão perdidas, desorientadas e sem esperanças, porque não descobriram o motivo real da sua esperança.

Meus amigos, o motivo da nossa esperança é Cristo, e Ele quis Se mostrar a nós. Deus, sabendo que somos como Tomé (precisamos ver para crer), desejou Se revelar e Se encarnou. Desse modo, mostrou o Seu rosto na pessoa de Cristo. Contudo, a fé que nos leva a crer é dom dado por Deus, é graça do Espírito Santo. Não acreditaremos pelos nossos esforços humanos, o único esforço será o de pedir a Deus o dom da fé.

Eis a nossa missão: anunciar a esperança que se encarnou e que, por meio dela, todos somos salvos. Cristo tem uma força de atração que suscita a adesão do ser humano, realizando, assim, o encontro do homem com Deus, preenchendo o vazio existente no homem.

Por esse motivo, precisamos levar a Boa Nova da salvação àqueles que não ouviram falar de Cristo. Meus amigos, sejamos verdadeiros arautos da salvação de Deus, anunciadores do Seu Reino. E, assim, configurados a Cristo, também assumamos a sua missão: "Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido" (Lc 19,10).

Equipe de Formação da Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/deus-deseja-salvacao-de-todos/

São Tomé foi atingido pela Misericórdia

No dia 3 de julho, festejamos a santidade de vida de São Tomé, apóstolo que não chegou até o Céu pelas suas limitações – como acostumamos firmar ao chamá-lo de incrédulo – mas sim por ter sido atingido pela ilimitada misericórdia do Senhor.

Créditos: ZU_09 / GettyImages

São Tomé pediu para ver, mas chegou aos céus pela sua misericórdia

São Tomé, apóstolo de Nosso Senhor Jesus Cristo, era o mais "teólogo" dos doze, pois, com suas perguntas, possibilitava a Revelação do Cristo e a Trindade: "Tomé lhe disse: 'Senhor, nós nem sabemos para onde vais, como poderíamos saber o caminho?' Jesus lhe disse: 'Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai a não ser por mim'" (Jo 14, 6).

Sobre aquele acontecimento em que o Cristo Ressuscitado "provoca" para fé São Tomé, pois somente acreditaria no testemunho dos irmãos se visse os sinais do martírio do Cristo de modo palpável, quanto a isso comentou São Gregório: "A incredulidade de Tomé não foi um acaso, mas prevista nos planos de Deus. O discípulo, que, duvidando da Ressurreição do Mestre, pôs as mãos nas chagas do mesmo, curou com isso a ferida da nossa incredulidade".


Diante de tantas providentes intervenções, São Tomé se despede das Sagradas Escrituras professando sua fé: "Meu Senhor e meu Deus"( Jo 20-28). Essa expressão não saiu da boca de Pedro, nem de João, mas de Tomé que, segundo a Tradição, teria depois de Pentecostes, ido para evangelizar pelo Oriente e Índia até tornar-se mártire, ou melhor, um exemplo de fé.

São Tomé, rogai por nós !

Equipe de Colunistas do Formação


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/sao-tome-foi-atingido-pela-misericordia/

1 de julho de 2025

Jovens impulsionados pelos desafios da nossa sociedade

Quais os desafios dos jovens da nossa sociedade? O que eles buscam?

Muitos jovens esperançosos se aventuram em exames que lhes possibilitem o acesso à Universidade. Outros, ainda jovens, concluem seus cursos e buscam o lugar na sociedade, procurando encontrar trabalho e emprego. Pelas ruas, rostos carregados da sofreguidão e passos, muitas vezes, agitados de quem procura pagar suas dívidas, comprar uma casa, recolocar-se no mercado de trabalho, ansiedades, dificuldades financeiras ou as lutas pela própria saúde e da família.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Nas curvas da vida, a morte de pessoas queridas, acidentes, crises no casamento e na convivência familiar, escândalos. Para todos nós, a insegurança gerada pela violência de cada dia ou pelos desacertos administrativos que percorrem, de alto a baixo, a prática política brasileira.

E como administrar (agora é conosco) esses e outros tantos desafios que se apresentam?

Nosso tempo traz consigo perigos a serem superados pelo cristão. De um lado, uma fuga das responsabilidades que a vida oferece, mas também um risco à mundanização: fazem as pessoas mergulharem de tal forma no seu dia a dia, que elas perdem o rumo e a esperança. O equilíbrio se chama vigilância (Cf. Mt 25,1-13), prontidão para enfrentar com serenidade e seriedade todos os desafios, sem esquecer o Senhor e Suas promessas. Também reconhecer as muitas "visitas" do Senhor, certos de que Ele virá. Prontos para acolher as demoras de Deus, sabedores de que ele é o Senhor da história.

A seriedade do momento presente exige preparação, prontidão, envolvimento pessoal, responsabilidade. Um dia, o Senhor virá para consumar as bodas com a humanidade. Poderão participar da festa as pessoas que se encontrarem preparadas. Não podem faltar a dedicação, o óleo para manter acesa a lâmpada; e para que a fé, a esperança e o amor permaneçam acesas: fidelidade e perseverança. Vamos por passos.


O que buscar?

Não esquentar a cabeça, contar de um até dez, acalmar-se, alguns até recomendam um chá de camomila! São recomendações bem populares e práticas, a serem elevadas a um nível inigualável, quando as pessoas se abrem para aquela sabedoria que vem do alto, e essa é um dom do Espírito Santo, que nos possibilita descobrir o gosto que Deus pôs nos acontecimentos alegres ou tristes. A Palavra de Deus (Sb 6,12-16) aponta para a Sabedoria resplandecente e sempre viçosa! Madrugar por ela, contemplá-la por amá-la, meditar, exercitar-se na prudência. Acolher a sabedoria que é um dom do Espírito Santo, para viver nesta terra com os critérios que vêm do alto.

Há que se procurar a sabedoria, desejá-la e amá-la. Como? Na oração, na leitura da Bíblia, na partilha de nossa vida cristã, no conselho de pessoas mais experimentadas nos caminhos de Deus, saber perguntar a respeito de Sua vontade! E Ele quer sempre alguma coisa de nós, mas sempre o bem e o que constrói a vida com dignidade!

Olhar ao nosso redor, identificar as pessoas que têm o mesmo sonho de fidelidade a Deus e anseiam pelo seu Reino, gente que ama a Igreja e quer percorrer um caminho diferente, para compartilhar experiências positivas de vivência do Evangelho. São muitos os grupos de cristãos comprometidos, nas Comunidades, Paróquias e Movimentos Eclesiais que significam verdadeiros oásis, nos quais é possível rezar juntos, alimentar-se da Palavra de Deus, encontrar companhias autênticas, socorrer os que se encontram fragilizados, estabelecer parcerias inteligentes com quem quer fazer o bem. Talvez essas pessoas não falem tanto, mas agem, utilizam critérios novos, são verdadeiros tesouros escondidos a serem descobertos e valorizados. São incontáveis aquelas que tenho encontrado e aprendido a valorizar.

Vigilantes e preparados

Vigilância significa também a coragem para tomar posições corajosas, diante da mentira e das muitas ideologias correntes. Cada pessoa, no campo que lhe é próprio, pode e deve perguntar-se se pode fazer algo mais para defender a verdade e viver os valores do Evangelho. É hora ainda de apelar a muitos que agora se encontram em posições importantes na sociedade e na política, a fim de que sejam coerentes com suas raízes cristãs e católicas. Vigilância significa lutar contra o torpor e a negligência para alcançar a meta.

A conclusão de Jesus, ao final da parábola das dez virgens, cinco previdentes e cinco imprevidentes, serve para compreendermos o que o Senhor disse, ao contar uma história ambientada numa festa de casamento: "Vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora" (Mt 25,13). Deus pode vir a qualquer momento da nossa vida. Todos devemos estar preparados, como as jovens virgens prudentes. Precisamos estar prontos ao serviço a sermos oferecidos a Deus e ao próximo.

Dá para rezar e até cantar: "Vigia esperando aurora, qual noiva esperando o amor, é assim que o servo espera, a vinda do seu Senhor. Ao longe, um galo vai cantar seu canto, o sol no céu vai estender seu manto, na madrugada eu estarei desperto, que já vem perto o dia do Senhor. A minha voz vai acordar meu povo, louvando a Deus, que faz o mundo novo. Não vou ligar se a madrugada é fria, que um novo dia logo vai chegar. Se é noite escura, acendo a minha tocha, dentro do peito, o sol já desabrocha, filho da luz, não vou dormir: vigio! Ao mundo frio vou levar o amor!" (Padre Jonas Abib).



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/jovens-impulsionados-pelos-desafios-da-nossa-sociedade/

Redes sociais e fé cristã: um chamado à missão digital no século XXI

O Dia Mundial das Redes Sociais, também conhecido como Social Media Day, comemorado em 30 de junho, é uma data que não pode passar despercebida. Em meio a tantas discussões sobre o assunto em várias áreas do conhecimento, também a Igreja tem olhado para este tema com bastante atenção. Devido à amplitude de abordagens que podem ser tratadas sobre as redes sociais, gostaria de me restringir a uma reflexão sob o ponto de vista da fé cristã.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Começo lembrando que o próprio Papa Leão XIV reconheceu que este tempo de revolução digital será uma preocupação do seu pontificado. Quatro dias depois de sua eleição, ao receber a imprensa mundial, presente em Roma para a cobertura do sepultamento do Papa Francisco e o Conclave, o Santo Padre afirmou: "A comunicação, de fato, não é apenas a transmissão de informações, mas a criação de uma cultura, de ambientes humanos e digitais que se tornam espaços de diálogo e discussão" (Discurso de Leão XIV aos profissionais da imprensa em 12 de maio de 2025). Com essa afirmação do Santo Padre, podemos levantar alguns pontos que nos ajudam a entender formas de lidar melhor com essas mídias, que revolucionaram a maneira de viver do século XXI.

Dois pontos importantes sobre as redes sociais

O primeiro destaque que faço é sobre os objetivos das redes sociais. Desde que surgiram as primeiras, vimos que a proposta central era colaborar nas relações. O que começou para reunir pessoas em grupos e comunidades se transformou em grandes modelos de negócios e plataformas, onde riscos, verdades e mentiras circulam a todo instante.

Neste sentido, um segundo ponto importante a ser ressaltado é o de que as mídias em si não são boas ou más, por mais que se questione os mecanismos dos algoritmos e suas finalidades. O que prova essa afirmação é que as mesmas redes são usadas por grupos diversos tanto para construir pontes quanto muros; ou tanto para erguer o ser humano ou destruí-lo. A grande questão em relação às redes sociais está na forma como as usamos. Isso inclui finalidade, frequência e diálogos.

Retomando a afirmação do Papa, nossa preocupação precisa estar no tipo de ambiente que criamos nestas mídias. Diferentemente dos meios tradicionais, nestas novas plataformas, não falamos com um público massivo, mas com pessoas que fazem ou não parte de nossos grupos. Nelas não apenas emitimos nossas opiniões, mas ouvimos as dos outros. Porque eles têm espaço para se manifestar diante das nossas declarações. 

Como cristãos, precisamos enxergar que o espaço de escuta, o direito de resposta das pessoas e a palavra oportuna têm o seu lugar. Por isso as várias formas de "cancelamento" que acontecem jogam contra a própria natureza das redes (o das relações).

O que cabe aos cristãos nas redes sociais?

Os que creem em Cristo podem estar nestes ambientes, posicionando-se a partir dos valores de Jesus não só nas palavras, mas também nas formas de uso. Que termos temos usado nas redes? Quem incluído é quem cancelamos em nossos discursos?

Sabemos também do quanto uma grande quantidade de horas expostos nessas plataformas mexem com nosso cérebro, interferindo de fato em nossa produção hormonal, em nosso sono e capacidade de concentração e em tantas outras questões.  O que não dizer de pessoas que entram em depressão ou pensamentos suicidas por não serem acolhidas em grupos ou por terem sofrido agressões ou dislikes?

Com isso, o que afirmo é que precisamos reassumir o controle dessas redes. O ser humano, imagem e semelhança de Deus – com capacidade de pensar, liberdade para decidir e dar sentido às coisas – transcende tudo isso e deve se impor. De que forma?


Como "ser humano" nas mídias digitais?

1. Responsabilizando-se pelo que você posta. As pessoas anseiam por exemplos genuínos e palavras autênticas que expressem a verdade que conhecemos em Deus. Não nos cabe transmitir ou replicar conteúdos mentirosos, sem antes discernir a veracidade dos fatos. É um dever lembrar se estaremos ou não ofendendo o próximo, porque o amor é a nossa lei maior.

2. Discernindo quem seguimos. Cabe aqui também a reflexão sobre aqueles que "seguimos". A cada dia, surge um novo influencer. O nome dessa nova profissão, por si só, já é um convite à vigilância: por quem estamos nos deixando influenciar? O que essa pessoa pensa? Quem já decidiu seguir a Cristo, não pode ter outros senhores! A primazia é de Jesus!

3. Saber selecionar. Podemos, sim, escolher usar as redes para construir o Reino de Deus, decidindo não nos escravizarmos por elas. Aproveitemos seu imenso potencial para criar ambientes cada vez mais humanos, sem deixar que elas nos roubem o olhar nos olhos, a percepção da beleza das pessoas e a apreciação da natureza, obras da criação divina.

Há um potencial enorme nas mídias sociais para a evangelização, que torna possível alcançar pessoas em todas as partes do mundo, onde valores construtivos podem ser disseminados e a produção de conteúdo não é mais restrita a pequenos grupos. A sabedoria de grandes evangelizadores como São Paulo nos inspira a "examinar tudo e reter o que é bom!" (1 Ts 5,21).

Pense nisso e que a Virgem Maria, Rainha da Comunicação, interceda por nós!



 


Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/redes-sociais-e-fe-crista-um-chamado-missao-digital-no-seculo-xxi/

30 de junho de 2025

Mãe e Rainha da Criação

A terra nos foi dada para cultivá-la e para guardá-la

O Círio de Nazaré cultua Maria como "Mãe e Rainha de Toda a Criação". Qual é o sentido desse nome? Inspirado em Laudato Sì, 241, Dom Alberto Taveira, em 20 de outubro de 2024, já explicou o sentido dessa invocação com a qual nos dirigimos a Nossa Senhora de Nazaré. Nesse sentido, é muito o oportuno revisitar o texto disponível em https://www.ciriodenazare.com.br/noticias/tema-do-cirio-de-nazare-2025.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT.

O Círio de Nazaré é uma celebração importante para a evangelização dos católicos e deseja ser também um apelo aos não católicos. O Círio de Nazaré convida as pessoas de boa vontade para o cuidado com a vida no planeta. Como tudo se relaciona com tudo, defender a criação significa cuidar da natureza e da humanidade, principalmente das pessoas mais pobres; significa também rever e mudar o nosso modo de viver e de professar a fé cristã.

A terra existe antes de nós e nos foi dada por Deus para "cultivá-la e para guardá-la" (cf. Gn 2,15). Na Revelação bíblica, "cultivar" quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, e "guardar" significa proteger, cuidar, preservar. Concretamente "cultivar e guardar a terra" implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a criação. Com efeito, todos nós podemos tomar da bondade da terra aquilo de que necessitamos para a sobrevivência, mas temos também o dever de protegê-la e garantir a continuidade da sua fertilidade para as gerações futuras. Não queremos entregar para as próximas gerações uma criação esgotada e destruída. Assim a reciprocidade responsável se desdobra em uma solidariedade inter-geracional.

Os cristãos defendem uma espiritualidade fundada no Deus criador: "ao Senhor pertence a terra" (Sl 24/23,1); a Ele pertence "a terra e tudo o que nela existe" (Dt 10, 14). A conversão ecológica se concretiza na vivência de uma fraternidade que inclui a nossa casa comum e nos faz tomar consciência de que não somos Deus. Por isso Ele nos proíbe toda a pretensão de posse absoluta da criação. A melhor maneira de colocar o ser humano no seu lugar e acabar com a sua pretensão de ser dominador absoluto da terra é voltar a propor a figura de um Pai criador e único dono do mundo; caso contrário, o ser humano tenderá sempre a querer impor à realidade as suas próprias leis e
interesses.

A necessidade de defender a criação de Deus

A criação é muito mais do que a simples natureza, por isso não é suficiente a mera preservação dela. É preciso defender a criação de Deus. Cuidamos da nossa casa comum e temos zelo pela criação porque ela é projeto do amor de Deus. Professar a fé no Criador inclui considerar que, na criação, cada criatura tem um valor e um significado em si mesma. O conceito de natureza se entende habitualmente como um sistema que se analisa e se administra, mas a criação só pode ser concebida como um dom que vem das mãos abertas do Pai, como uma realidade iluminada pelo amor que nos chama a uma comunhão universal.

Como se pode notar, o próprio nome "criação" exprime uma realidade que supera a mera concepção de "natureza". A criação indica o solo, a água, a luz e todos os seres vivos, de modo especial os humanos, na sua relação de amor com Deus. Todos os elementos da criação não estão simplesmente presentes em um único lugar, mas se relacionam e interagem vitalmente: tudo está relacionado com tudo, e tudo está relacionado com Deus, ou seja, são suas criaturas. A cosmovisão cristã se relaciona com o mundo como uma realidade que está repleta de "palavras de amor do Criador".


Nós cremos que a criação pertence à ordem do amor e não somente à ordem econômica dos recursos a serem explorados e consumidos. O amor de Deus é a razão fundamental de toda a criação: "Tu amas tudo quanto existe e não detestas nada do que fizeste; pois, se odiasses alguma coisa, não a terias criado" (Sb 11,24). Assim, cada criatura é objeto da ternura do Pai que lhe atribui um lugar no mundo. Até a vida efêmera do ser mais insignificante é objeto do Seu amor e, naqueles poucos segundos de existência, Ele a envolve com o seu carinho.

Invocamos Nossa Senhora de Nazaré como Mãe e Rainha de toda Criação, porque desejamos ser como ela. Com efeito, "parte da criação alcançou toda a plenitude da sua beleza, no corpo glorificado de Nossa Senhora, junto com Cristo ressuscitado. Maria não só conserva no seu coração toda a vida de Jesus, que "guardava" cuidadosamente (Lc 2,51), mas agora compreende também o sentido de todas as coisas. Por isso podemos pedir a Maria que nos ajude a contemplar este mundo com um olhar mais sapiente" (LS 241).

Dom Julio Endi Akamine, SAC
Arcebispo Coadjutor da Arquidiocese Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/mae-e-rainha-da-criacao/