10 de agosto de 2009

Paternidade Espiritual

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Quer um filho bom? Gaste tempo com ele!

Todos nós precisamos de um pai e de uma mãe espiritual. A mãe tem uma disponibilidade afetiva, está sempre com os braços abertos. A figura paterna está necessariamente ligada à lei. E isso é fácil para a gente entender. A mãe e a criança estão ligadas, primeiro ela tem de segurar a criança no útero, depois, mantê-la em casa. É natural que a criança tenha mais cumplicidade com quem lhe deu à luz, porque elas viveram juntas nove meses. E o pai põe um limite na ligação entre ambas, sem quebrar essa união.

Muitas vezes, pensamos que o genitor entra para separar o filho da mãe, mas o papel dele é o equilíbrio; isso faz com que os nossos filhos cresçam nessa virtude [equilíbrio].

No entanto, acontece hoje na sociedade uma crise, pois ninguém mais quer ser pai e ninguém quer ser controlado. Mas alguém precisa assumir o encargo de colocar limites; e sabemos o quanto isso é necessário. É importante para você que é pai assumir essa missão de ser "lei", ou seja, de ser limite em ser lar.

Outra coisa importante: mesmo onde não exista um pai biológico, alguém precisa assumir o papel paterno e deve ser alguém do sexo masculino. Faz parte do desígnio de Deus, dentro da família real, que a figura masculina seja aquele que estabeleça esse limite; e alguém precisa assumir a realidade de pai.

E como colocar esses limites?

É importante compreender esse limite, para isso o pai precisa de uma virtude fundamental: a magnanimidade, que quer dizer "alma grande". O genitor precisa ser magnânimo: "A águia não se alimenta de mosca", essa ave de alma grande não come animais pequenos, somente os grandes.

Uma dica aos pais. Um excelente educador disse: "Não dê mais de uma ordem por mês nem explique muito". O pai não deve se preocupar com pequenos defeitos, mas sim, com os grandes. Você não deve encher a vida do seu filho de regrinhas, porque as regrinhas desgastam a autoridade paterna. Não mande demais; faça-o somente para coisas importantes. Existe aí uma sabedoria de não gastar a autoridade do pai. É como uma faca: se você a usamos demais, ela gasta; e quando você precisar ela não vai funcionar.

Talvez você não tenha planejado ter filho naquele momento, mas Deus planejou o nascimento deste e você agora o tem. Então saiba que desse momento em diante sua vida está mudada. Você precisa dedicar tempo a ele. Quer um filho bom? Gaste tempo com ele. Todo o mundo quer abraço, mas ninguém quer fazer gol. Vá ao cinema com seu filho, ao parque, você precisa investir tempo com ele. Se você não tem tempo, então, é porque colocou outras prioridades na frente dele.

A tendência dos filhos é querer a liberdade dos adultos, mas não querem as responsabilidades dos destes. Se o seu pai não lhe impuser as regras, a sociedade lhe colocará limites. É preciso também ir dando aos poucos responsabilidades para ele. Se o filho quer liberdade de adulto e responsabilidade de criança algo está errado; enquanto ele estiver dentro de casa será preciso assumir responsabilidades.

Você foi criado na lei de Deus; o filho quando se revolta na adolescência, sai de casa. Muitas vezes, aqueles que não têm coragem de fazer isso concretamente, o fazem espiritualmente, vivem de cara emburrada. Porque querem liberdade, mas não querem responsabilidades.

Quanto à formação espiritual: seu filho diz não querer ir à Santa Missa, por exemplo. Como pai e como mãe como é que vão educá-lo? Veja o que acontece: seu filho nasceu e você não diz: "Não vou ensinar língua nenhuma, nem português, nem inglês, quando ele crescer ele resolve se quer falar português ou inglês ou a língua que ele quiser". Ninguém faz isso, você mora no Brasil, todos falam português, então, todos aprendemos a falar português naturalmente. Da mesma forma, enquanto o seu filho estiver na sua casa ele vai ser católico. Quando ele crescer, for um jovem adulto, se ele quiser mudar, ele muda [de religião]. Então, você que é pai: saiba recuperar sua autoridade e isso se faz obedecendo a Deus, pois, quando as pessoas perceberem que você é o primeiro a obedecer o Senhor, então elas vão começar a respeitá-lo como autoridade.

Padre Paulo Ricardo
Consultor da Congregação do Clero em assuntos de Catequese

8 de agosto de 2009

Pai, expressão de heroísmo

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Toda criança deseja ter orgulho do pai e falar dos seus feitos

Nas fantasias de nossa infância, alguns personagens fazem-se presentes por atos extraordinários de bravura. Atraem a admiração e transformam o imaginário no comum das brincadeiras. Homens com superpoderes, que não conhecem as fragilidades dos mortais e são capazes de proteger a paz e a ordem do universo. Têm o ofício de vencer o mal, com o qual travam épicas batalhas. Eles são os super-heróis. Esses seres estimulam as crianças a quererem imitá-los em seus trajes e em seus feitos. Por tudo isso se tornam um marco na primeira etapa de nossas vidas.

Nós associamos heroísmo com um ato incomum e grandioso; a definição de herói é: "Aquele que se distingue por seu valor ou por suas ações extraordinárias" e também: "Quem arrisca a própria vida ou morre por um ato nobre."

Há, no cotidiano, alguém que, desde nossa tenra idade, diferente de feitos grandiosos e ilusórios, torna-se herói pelo comum de gestos concretos e que, mesmo com seus limites, livra-nos dos perigos. Chamamos essa pessoa de "pai".

Pai é a pessoa do sexo masculino que participa da geração de uma vida. Mas o ser paterno vai além de doar sua genética à gestação do um novo rebento. Pais são heróis que formam pessoas. São aqueles que, na ausência de forças sobre-humanas, são capazes de agregar valores ao coração dos filhos e entregar suas vidas por amor a eles.

No simples exercício do dom da paternidade, o genitor vai tomando feições de um homem incomum, atraindo a admiração dos filhos e tornando-se referência para a vida destes. É o exemplo a ser alcançado na forma como desenvolve seu profissionalismo, no trato com a esposa, nas direções da condução do lar, no sustento que provê, mas principalmente no amor que inspira suas ações.

Toda criança deseja ter orgulho do pai. Falar dos seus feitos para os amigos. Com o passar dos anos, vamos nos esquecendo das capas voadoras, dos artifícios e habilidades fantásticas que embalaram nossos sonhos infantis.

Aquele homem, herói comum do dia a dia, pode não ter mais o mesmo vigor, mas, nos traços do rosto ou no grisalho dos cabelos existe um sinal de luz, sabedoria adquirida da experiência, ao qual o filho pode ainda recorrer e, como no início, saber que esse seu poderoso aliado está sempre pronto a perpetuar o carinho e o amor até os dias do seu ser adulto.

Neste Dia dos Pais, demonstre a gratidão de quem teve uma experiência com um verdadeiro ser heroico. Afinal, o amor paterno recebido prepara o filho para vencer desafios e conquistar o mundo inteiro.

Feliz Dia dos Pais!

Deus abençoe a todos.

Sandro Ap. Arquejada - Comunidade Canção Nova
sandroarq@geracaophn.com

3 de agosto de 2009

Vocações que nascem do amor para servir no amor

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Rezemos por todas as vocações

Agosto é mês vocacional. De fato:

1) - No dia 4, celebramos São João Maria Vianney, o Cura d'Ars, Patrono dos Presbíteros. Ganha destaque a vocação sacerdotal.

2) - No segundo domingo, dia 9, comemora-se o Dia dos Pais. Com eles, lembramos as famílias.

3) – Nos dias 15 e 16, Festa da Assunção de Nossa Senhora, comemoramos a vocação à Vida Religiosas.

4) - No domingo, dia 30, comemora-se o Dia Nacional do Catequista.

Presbíteros, pais e família, religiosos (as) e catequistas são vocações que nascem do amor e se realizam no amor. Nascem do amor de Jesus Cristo que se doa à humanidade para restabelecer o contato amoroso com o Pai, na força do Espírito Santo. Todos são convidados para a doação, isto é, para a santidade! Jesus chamou os Apóstolos para colaborarem em Sua Missão. Hoje continua chamando com amor e para servir no amor. "Deus nos ama, nos chama e nos envia em missão. Há várias formas de responder com amor a esse amor de Deus. Neste mês vocacional queremos ter presentes em nossas comunidades e paróquias as diversas vocações".

Sobre a vocação e a vida dos presbíteros, eis como se pode visualizar o conteúdo do livro de Dom Rafael Llano Cifuentes – Sacerdotes para o Terceiro Milênio, Ed. Santuário: O sacerdote é chamado à santidade sacerdotal, a viver o celibato como afirmação jubilosa e fecunda, a buscar a maturidade afetiva, a ser livre na pobreza; a viver na humildade e sinceridade aceitando a si mesmo com coerência, autenticidade, transparência e amor humilde; a cultivar a vida de oração, a ter o amor como paixão. Assim será como o Bom Pastor! "O sacerdócio está gravado, de forma indissolúvel, no nosso ser. E parece que grita: "Sacerdos in Aeternum!".

Podemos ficar desanimados... Nesse momento delicado, temos de descer até nossas raízes mais íntimas e encontrar força no chamado divino pessoal: "O Senhor escolheu a mim, pessoalmente, antes da constituição do mundo. Sou sacerdote para sempre!... Maria Santíssima trouxe para a Terra o Filho de Deus uma vez na história. Eu, com a força da minha palavra sacerdotal, posso trazê-Lo todos os dias na Santa Missa..." (pg. 14-15). "Como é bom perceber o amor e dedicação dos nossos padres nas comunidades e paróquias! Rezemos para que eles possam com amor seguir a Jesus Cristo nessa vocação", escreve uma religiosa que atua em nossa Diocese.

No Ano Sacerdotal proposto pelo Santo Padre, é importante o lema: "Fidelidade de Cristo, Fidelidade do Sacerdote". "Deixar-se conquistar totalmente por Cristo! Este foi o objetivo de toda a vida de São Paulo; esta foi a meta de todo o ministério do Santo Cura de A'rs, a quem invocaremos particularmente durante o Ano Sacerdotal" (Bento XVI, Homilia de Abertura do Ano Sacerdotal).

Vocação Matrimonial na Família: As pessoas que se unem em matrimônio por amor, expressam o amor de Deus na família: pais, mães, avós, tias, tios, filhos e filhas. Vivem no dia a dia o amor. O casal e a família são uma "pequena Igreja". Cristo está presente porque há um pacto de amor entre eles, uma verdadeira "aliança" – no sentido bíblico.

Como é importante pensar na família que começa e persevera no amor; que gera filhos e os faz crescer no amor! Este fato é capaz de reverter a violência e o desrespeito pela vida que grassam na sociedade de hoje. Não é com prisões que se supera a violência. Elas também são necessárias – infelizmente! Mas que o sejam para os casos extremos, que, por sinal diminuiriam, se as famílias vivessem sua vocação de amor e de educadoras para o amor. Procuremos incentivar a Pastoral Familiar, a Comissão em defesa da Vida e o CENPLAFLAM, entre outras iniciativas pastorais.

O Documento de Aparecida recomenda: "Visto que a família é o valor mais querido por nossos povos, cremos que se deve assumir a preocupação por ela como um dos eixos transversais de toda a ação evangelizadora da Igreja. Em toda diocese se requer uma pastoral familiar "intensa e vigorosa" para proclamar o evangelho da família, promover a cultura da vida, e trabalhar para que os direitos das famílias sejam reconhecidos e respeitados" (n. 435)

Vocação consagrada das religiosas e religiosos - Com alegria vemos em nossa diocese 26 comunidades de religiosas e 13 comunidades de religiosos, que por amor seguem a Jesus Cristo numa vida de oração e dedicação ao próximo. "A partir do seu ser, a vida consagrada é chamada a ser especialista em comunhão, no interior tanto da Igreja quanto da sociedade" (DA, 218). Rezemos por todos e por novas vocações por amor.

Catequistas: É também uma vocação por amor. Quem se doa como catequista é porque segue a Jesus Cristo e por isso transmite Seus ensinamentos. "É hora de despertarmos para a consciência de que a catequese é uma dimensão intrínseca de toda ação evangelizadora e que toda a Igreja assuma uma nova concepção de catequese como processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé, da esperança e do amor" (Diretório Nacional de Catequese). Estamos em pleno ano catequético, com intensa programação também em nossa Diocese (cfr. Pág. 5 do Presença Diocesana de julho 2009). Acolhamos a chama catequética que percorrerá nossas cidades, em setembro e outubro.

Que Nossa Senhora Aparecida abençoe as vocações. Em nossa Romaria a Aparecida rezamos pelos sacerdotes, pelo Ano Sacerdotal, pelo Seminário São José e por todas as vocações. Rezamos também pela família, pelos jovens e pela catequese!

Dom Jacyr Francisco Braido
Bispo de Santos - SP

31 de julho de 2009

O pregador padre Leo




Na última conversa que tivemos pedi a ele que vivesse, porque eu sentiria falta das nossas brigas. Éramos amigos de um dizer ao outro o que tinha que dizer. Foi meu aluno e eu permitia avaliação da minha comunicação nos minutos finais de 90 minutos de aulas. No futuro seriam avaliados a cada sermão. Um dia, ele me deu nota 6. Achou que vim despreparado. No dia em que ele improvisou uma resposta que não tinha porque não lera a matéria dei-lhe a mesma nota. Mas foi coisa de professor e aluno. Ele e eu sabíamos que minha tarefa era ajudá-lo a situar o seu talento. E frater Leo Tarcisio Pereira, mais tarde Padre Leo scj era um pregador-ator. Ele sabia dar vida a tudo o que narrava. Era desses iguais a quem não se verá em décadas.

Não há pregadores perfeitos. Padre Leo sabia que não era. Eu sabia e sei que não sou. Por isso, embora me admirasse muito, às vezes ele me criticava. Às vezes eu, que tenho o costume de gravar as pregações religiosas para meus estudos e para as aulas de "Prática e Crítica de Comunicação das Igrejas", mostrava a ele trechos de suas pregações que considerava inadequadas ou em falta. Ele esperneava, mas acaba agradecendo. Padre Leo nunca esqueceu que tive algo a ver com sua trajetória. Apostei no seu talento de pregador-ator. Era assim desde Itajubá. E seu talento era tal que, às vezes, fazia vôos perigosamente rasantes. Os vocábulos poderiam ser um pouco mais nobres... Dizia eu. De fala em fala, de correção fraterna em correção fraterna, acabávamos no entendendo. Éramos dehonianos e supostamente padre de pregação cordial. Aquela cruz e aquele "scj" que levamos nos dava esse direito.

Depois de ouvir sua palestra para família, felizmente registrada com o título "Restaurar a vida familiar" entendi que deveria mostrá-la em aula aos futuros pregadores. Ali o Padre Leo mostra todo o seu talento quase completo, -se é que isso existe-, de padre-pregador-contador de histórias-comediante-homem-sério-e- contundente, imitador e orador com um tema forte e um objetivo. É um exemplo das muitas pregações do Padre Leo, que considero um dos melhores pregadores que já vi atuar na mídia nos últimos 30 anos.



Nós dehonianos somos gratos ao Monsenhor Jonas Abib e à Canção Nova que deram a ele o púlpito que Padre Leão não teria entre nós. Onde estamos e atuamos, ele não repercutiria como repercutiu no Brasil e no mundo. Digamos que nós o preparamos e Monsenhor Jonas lhe deu os instrumentos. Ma ele já vinha dos inícios da RCC, da qual era admirador entusiasta, mas que nunca deixou de analisar com isenção. Amava-a e lutava por ela como fez pela congregação, mas tinha o hábito de falar o que pensava. Era uma de suas muitas qualidades.
Mas o pregador-ator, com uma simples e pequena história levava o povo a rir e a chorar e em cinco minutos conseguia trazer à luz alguma passagem bíblica marcante. Sobre ela desenvolvia sua catequese que parecia zigue-zague, mas na verdade era sólida, linear e transversal. Ele brincava e arrancava risos, mas ia ao ponto. Brinquei algumas vezes dizendo-lhe que ele nunca seria um Padre Antônio Vieira porque seu português não era nada rebuscado e escorreito, embora dele fosse capaz se o quisesse. Mas fiz ver que ele se tornara um pregador atualíssimo que sabia por que estava na mídia e compreendia o que significa enfrentar duas ou três câmeras sobre o seu púlpito. Padre Leo entendeu como ninguém a importância do púlpito eletrônico.


Optou conscientemente pela fala de mineiro para chegar ao povo e chegou. Escolheu aquela linguagem. E a exerceu muito bem, com algum eventual exagero que ele mesmo reconhecia.
Esses dias vi meu vídeo, gravado na TV Século XXI, perto do Padre Eduardo Daugherty sj : "A cura da minha família". Logo a seguir, liguei a do Padre Leo: Restaurar a vida familiar. Mesmo estilo, conteúdo semelhante, mesmas idéias, jeito peculiar de cada um. Mas percebi seus recursos. Eu tenho a canção, e ele tinha seu jeito de contador de "causos", estilo compadre mineiro.


Vindos da mesma região há coincidências de conteúdo e de estilo entre professor e aluno, mas tínhamos, em comum, a marca "dehonianos". Assim como consigo ver o estilo franciscano, jesuíta , dominicano, redentorista, percebo que há, sim, um jeito que, entre nós, passa de um para o outro. Nunca haverá um outro Padre Vitor, mas haverá outros redentoristas com a mesma força de chegar ao povo. É marca da congregação. Por idade, eu, ele, Padre Joãozinho, Padre Fábio que estudou 16 anos entre nós, Padre Marcial, e pelo menos vinte outros colegas bebemos do mesmo poço. Mas entre nós todos, Padre Leo foi quem mais assimilou a linguagem midiática. Dominava o palco e o púlpito, mas não era ele quem brilhava. Conseguia fazer o púlpito e a Bíblia brilhar. Tornava-a interessante. Seus ouvintes sentiam a curiosidade de ler o que Ele contava de maneira tão viça e atual. Era uma das coisas que eu mais elogiava nele. Não há pregadores perfeitos, mas se alguém quiser saber como se postar diante de câmeras e microfones, e como criar o clima para chegar ao cerne da pregação, recomendo o saudoso Padre Leo. Sua última fala terminou com a canção da minha autoria "Alô, Meu Deus". Ele gostava dela. A letra fala da volta ao ninho da fé. No caso dele, o ninho era o céu.

Achei que deveria prestar-lhe este tributo. Dizem que minhas canções ainda serão atuais muitos anos depois que morrer. Bondade dos amigos, porque nem todos pensam o mesmo. Mas digo isso de seus sermões e palestras. Continuam marcadamente atuais. Graças ao milagre da mídia, Padre Leo não passará tão cedo. Ele não se repetia. Mesmice não era com ele. Eu diria que sei por que. Do seu jeito de padre mineiro engraçado, mas sério, Padre Leo descobriu a linguagem da grande maioria dos brasileiros. Entre uma e outra lembrança, ainda me surpreendo a rir com ele.

Padre Zezinho, scj
José Fenandes de Oliveira

29 de julho de 2009

Maturidade na oração

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Quem somos nós para achar que a nossa oração vai ser uma coisa fácil?

Como deve ser a nossa oração? Vamos examinar a nossa forma de orar para que a nossa oração seja eficaz e para que o poder de Deus se manifeste em nossas vidas. Orar com poder não quer dizer que eu seja poderoso, orar com poder é rezar de uma forma tal que deixemos de atrapalhar Deus em fazer a Sua vontade em nossas vidas. Os discípulos de Jesus se aproximam do Senhor da mesma forma que nos aproximamos d'Ele hoje: "Senhor, ensina-nos a orar" (Lucas 11, 1). Esse pedido nasceu da admiração deles ao verem o Mestre orando.

Jesus se fez homem para nos ensinar o que é ser humano. Não sabemos ser gente, ser humanos. Quando olhamos para o ser humano vemos uma tarefa, uma missão: realizar os sonhos de Deus em nossas vidas. É importante nos darmos conta de que fomos escolhidos por Deus, de que não viemos a este mundo por acaso e agora temos que dar conta da vida. Existe um sonho de Pai, um projeto de Deus para você. A nossa primeira atitude deve ser a de nos esforçarmos para nos adequar a esse projeto do Senhor.

Deus nos criou com uma missão, um projeto, e se fez homem para mostrar o que é ser homem, mas o projeto do Altíssimo em nós está deturpado por causa do pecado original.

Jesus vem se mostrar como ser humano completo. Como ser humano completo, pessoa divina, Ele reza. Só o Evangelho de Lucas nos mostra nove momentos nos quais Cristo estava orando. Sua oração devia ser fascinante, os discípulos se deram conta de que não sabiam como fazer e pediram a Ele que os ensinasse a orar.

Jesus ensina o Pai-Nosso, em duas passagens, mas em Lucas 11, 2, a oração está em uma forma mais abreviada: "Quando orardes dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino". Aqui já acontece uma revolução, algo extraordinário: o Senhor nos ensina a orar ao Pai para realizarmos o Seu Reino, o reinado de Deus em nossa vida.

No início é um esforço humano, mas Deus nos visita e nos concede o dom, a graça de orar. Não somos nós, mas é Cristo que ora em nós pelo Seu Espírito. Para que isso aconteça é preciso a pregação a respeito do "kerigma", o primeiro anúncio do amor de Deus, da necessidade de renunciar ao pecado e buscar a conversão.

No Evangelho de Marcos, no Horto das Oliveiras, o Mestre também ora. "Não Seja feita a minha, mas a Tua vontade". Essa é a característica da oração cristã: pedir que seja feita a vontade do Senhor. A oração pagã é diferente, as pessoas perguntam qual é a vontade delas e não a vontade de Deus Pai. Deus é o oleiro, que modela o barro, temos que parar de nos comportar como se fôssemos criadores. Jesus veio ao mundo para nos ensinar a fazer a vontade de Deus.

Um exemplo de oração pagã moderna é a oração baseada na lei da atração. Se desejamos as coisas boas elas acontecem, mas se desejamos coisas ruins, elas também acontecem. Isso é materialismo e paganismo disfarçados, são enganosos tais preceitos. Tantas pessoas morrendo de fome na África, será que essas pessoas não desejam comida?

Está faltando maturidade para compreender o que é a vida humana. Não podemos ser infantis e achar que a nossa vontade é o melhor para nós. Enquanto os pagãos são como os profetas de baal, que clamam por aquilo que desejam; o cristão expressa o desejo de fazer a vontade de Deus. Muitas vezes fazer a vontade de Deus é um verdadeiro parto, mas é a melhor coisa para nós. Se Jesus, nosso Mestre e Senhor, suou Sangue no Horto das Oliveiras, quem somos nós para achar que a nossa oração vai ser uma coisa fácil! Mesmo que a vontade do Altíssimo nos assuste, mesmo que vejamos uma cruz, sabemos que por trás dela, Deus tem uma ressureição para nós. Nós estamos prontos para fazer a vontade do Senhor. Não se trata de fazer a nossa vontade, mas de colocar nosso coração em sintonia com a vontade de Deus.

Padre Paulo Ricardo, reitor do seminário de Cuiabá
www.padrepauloricardo.org

27 de julho de 2009

O Deus da providência

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O Senhor age através da inteligência e da liberdade humana

Deus é Pai, Todo-poderoso. Deus é amor. É próprio do amor cuidar, guiar, conduzir, prevenir. Providência significa amor sábio e cuidadoso. Amor que protege, conserva, transforma a história do mundo e das pessoas. É Deus que se interessa pelos nossos interesses. Deus, rege o mundo. Não há destino cego, nem acaso, nem poder dos astros. Estamos no coração, nos braços e nas mãos de um Pai providente, santo, sábio.

O amor de Deus é um amor pelo mundo que Ele mesmo criou e quer sua continuação e construção. O Senhor tem projeto e intenções para com a história e o mundo. Ele dá o rumo, a direção, a meta para o mundo e como Pai cuida e sustenta suas criaturas e seus filhos. A Providência Divina é uma atividade permanente de Deus, um cuidado permanente. Ele cria e recria, dirige tudo à plenitude, não está longe de nós, nem é mero expectador dos acontecimentos. Ele se autolimita para poder adaptar-se ao nosso ritmo e assim permitir que as limitações das criaturas, a lei natural e a liberdade humana sigam seus caminhos. O Altíssimo segura a manutenção do mundo. Eis a fé cristã na Divina Providência.

Deus age através da inteligência e da liberdade humana. Ele não age sozinho. Quer a nossa colaboração, age e trabalha nas criaturas, numa admirável sinergia entre o Criador e a criatura. Os homens constroem a história com as intenções e a graça de Deus. Não há concorrência, há colaboração. Somos cocriadores do Criador. Deus confia no homem, quer sua participação, colaboração e ação. Quando a liberdade humana erra, sai do rumo, a Providência corrige a rota com a misericórdia e a inspiração do Espírito. Sempre podemos ter esperança numa situação desesperadora. Do mal Deus pode tirar o bem. O amor providencial perdoa, corrige, refaz e recria o que foi desviado ou destruído. O Senhor não age sozinho, nem o homem é a única providência. Pelo contrário, o homem é portador da Providência Divina na sua capacidade, previsão e prevenção com o auxílio da graça.

Se não cremos na Providência caímos nas garras da fatalidade, do destino, do acaso, da sorte ou do azar, dos astros e dos espíritos. Deus não é uma energia cósmica universal sem rosto. Deus é alguém, um Tu, uma consciência, Deus é Pai que sofre com os sofrimentos de Seus filhos e carrega seus fardos.

A oração de súplica é uma atitude de fé na Providência Divina que tudo conduz para a participação de Sua glória. Todas as criaturas farão parte do novo céu e da nova terra. Que bom ter fé e saber que há sentido, há rumo, há futuro. Estamos livres do absurdo porque cremos no Absoluto. A fé na Providência Divina nos livra das preocupações, dos medos e inseguranças. Tudo concorre para o nosso bem. Deus age em nossas vidas como amigo, companheiro, parceiro, torcedor e guia. Quem crê na Providência livra-se da magia, da astrologia, do destino cego. A mão do Senhor nos conduz e faz prodígios, portentos e maravilhas em nossas vidas. Na luz da Providência tudo tem sentido e meta. Nada é por acaso.

A melhor atitude diante da Providência Divina é a colaboração de nossa parte. Rezar como se tudo dependesse de Deus e trabalhar como se tudo dependesse de nós. Outra atitude sábia é a da confiança, do saber abandonar-se na bondade, sabedoria e onipotência de Deus. Fazer tudo para mudar o que é possível ser mudado e aceitar tudo o que não pode mais ser mudado, eis a espiritualidade do abandono, da confiança, da entrega de si nas mãos do Bom Pastor, o Deus da vida.

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina - PR

23 de julho de 2009

Avós, verdadeiros tesouros em nossa vida

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O tesouro de enxergar o mundo com os olhos do coração

No próximo domingo (26), celebramos o Dia dos Avós. Não se trata de mais uma data comemorativa criada com fins comerciais, mas de um dia de reflexão e agradecimento àqueles que tanto contribuem para a formação dos netos, sendo sua companhia cada vez mais constante e necessária no cenário atual, visto que os pais precisam trabalhar fora.

Nossos avós – e todos os idosos, de modo geral – são as pessoas que mais devem ser valorizadas como símbolos de experiência e sabedoria. Eles trazem consigo o testemunho de décadas, de gerações de avanços, modernidade e mudanças de comportamento. Hoje, muitos deles consideram que o tempo não tem a mesma importância de outrora, tanto que o relógio de pulso é usado apenas como acessório.

Se hoje eles têm a pele flácida, o corpo mais sensível e a visão enfraquecida, devemos nos lembrar de que nem sempre foi assim. Afinal, já batalharam muito e dedicaram suas vidas ao cuidado da família. São tão dignos de carinho e respeito quanto nossos pais. Por isso, jamais devemos nos esquecer do verdadeiro valor deles.

Ser avô e avó, fazer parte da terceira ou quarta idade, não pode mais ser relacionado à invalidez, à inoperância ou à inutilidade. Grande parte ainda contribui com a mesma sociedade que os descarta, haja vista o elevado número de idosos responsáveis financeiramente por seus lares, cuidando de filhos e netos.

É muito triste constatar que em muitas famílias os idosos são tratados como objetos antigos. Há pessoas que costumam tecer comentários desrespeitosos a respeito dos mais velhos da casa, reclamando que só dão trabalho, que são lentos ou doentes. Quanta injustiça! Sua presença ensina aos mais novos o tesouro de enxergar o mundo com os olhos do coração.

Quem souber aproveitar o convívio com essas figuras que acumulam sabedoria de duas gerações, certamente terá muito a aprender com seus conselhos. Nossos avós detêm o conhecimento e a sabedoria que não são aprendidos nos livros e estão sempre dispostos a partilhar. São verdadeiros tesouros em nossa vida.

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

20 de julho de 2009

A Importância da Música Cristã

A música por si só, independente do seu intérprete, letra e melodia, apresenta grande influência em nossas vidas. É comum nos depararmos cantando varias vezes um mesmo refrão de uma música, até mesmo quando ocasionalmente a ouvimos apenas uma vez. Existem músicas que traduzem bem momentos de nossas vidas e que nunca mais serão esquecidas e sempre que ouvidas poderão nos levar novamente a alguma ocasião vivida.

Entretanto, a música cristã tem qualidades a mais. Ela tem a capacidade de elevar os corações, transformar o que o abrange e dirigir as almas ao Criador.

Deus é o verdadeiro criador de toda melodia, de cada instrumento, os mais diversos e infinitos sons foram criados por Ele. "No meio dos louvores Deus habita" já diz um salmista. No inicio toda música era dirigida e dedicada ao louvor a Deus, os salmos eram cantados e muitos deles dizem "Cantai ao Senhor". Com o passar do tempo sua verdadeira função foi sendo deturpada, justamente por se ter percebido a grande eficácia da música ao atingir os corações e tocar os sentimentos. O que vemos hoje é a decadência das letras. Pouco existe a poesia cantada. Músicas que são feitas para vender e não para serem ouvidas, apreciadas. Músicas que levam as pessoas ao erotismo, a exibição do corpo, a depravação do homem e principalmente da mulher. Até as crianças estão perdendo a inocência devido a esses tipos de música. E nós muitas vezes achamos "bonitinhos" ver-las dançando ou cantando.

Eis aí sua grande importância. A música cristã possibilita a vivencia de uma experiência com Deus. Através dela se é possível manter um diálogo com Deus. Seus mais diversos tipos de letras muitas vezes traduzem o que verdadeiramente gostaríamos de falar para Deus, ou ainda revela o que realmente estava escondido no mais intimo do coração e por vezes era de nosso total desconhecimento ou fazíamos questão de esconder.

Através de seus acordes e letras, em sua maioria muito profunda, sentimentos de teor evangélicos como o amor, o perdão e a esperança assim como os dons característicos dos batizados são reavivados.

Atualmente a música cristã (católica ou evangélica), pode ser ouvida em diversos ritmos, axé, rock, pagode, forró, hardcore, swingueira, sertanejo, black music, new metal, grunge etc. E esta diversidade de ritmos pode ser interpretada erradamente por alguns como uma forma de trazer para o que é divino, gostos pessoais e mundanos. No entanto é preciso lembrar que Deus é o criador de tudo "Do Senhor é a terra e tudo o que ela contém a órbita terrestre e todos os que nela habitam, pois ele mesmo a assentou sobre as águas do mar e sobre as águas dos rios a consolidou" e por tanto de todos os ritmos e esta diversidade de sons é proporcional a diversidade e às especificidades dos corações. A música cristã está ganhando um grande espaço na mídia, inicialmente com o Pe. Marcelo Rossi, mas hoje já se pode ouvir com freqüência: Aline Barros, Régis Danese, Pe. Fábio de Melo, Pe. Reginaldo Manzotti, Rosa de Saron e alguns outros músicos. Isso porque as pessoas estão tendo uma experiência verdadeira com Deus através de cada ministro de música que consegue atingir a mídia.

Na carta de São Paulo aos Romanos, ele afirma "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo" (Romanos 10:17). Nestes termos temos, pois a música cristã, como um eficiente veículo de anuncio da Palavra de Deus e por conseqüência um grande instrumento que pode apoiar a nossa fé. 

"Exultai no Senhor, ó justos, pois aos retos convém o louvor. Celebrai o Senhor com a cítara, entoai-lhe hinos na harpa de dez cordas. Cantai-lhe um cântico novo, acompanhado de instrumentos de música". Sl. 32, 1-2

 

Daniele Silva (ministério de Formação - Comunidade Deus Jovem)

Paulo Sergio (ministério de Música - Comunidade Deus Jovem)

Rodrigo de Azevedo (ministério de Pastoreio - Comunidade Deus Jovem)

Autoconhecimento é importante?

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A necessidade de descobrir o sentido da vida

Vivemos mundo mundo que nos incentiva a sermos independentes de Deus e de todos. Incentiva-nos a uma autorealização, que para a grande maioria parece cada vez mais distante, pois, trata-se de incentivo a uma vida cada vez mais fora de nós mesmos, cada vez mais exteriorizada. O resultado disso é que as pessoas cada vez se preocupam menos com seu interior e cuidam menos dele, gerando sentimentos de frustração, de vazio. Cada vez mais encontramos pessoas que sentem um grande vazio interior e uma grande insatisfação, não conseguindo sequer dar nomes ao próprio sentimento.

A sabedoria clássica considera o pensamento de Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo" como ponto de partida da filosofia humana. No entanto, este é um caminho muito difícil de ser percorrido para quem não tem um referencial, um modelo de personalidade a ser atingido. Mas, para nós cristãos que temos este modelo, este referencial, que é Jesus Cristo, precisamos ter a coragem de nos pôr a caminho e nos conhecer em profundidade. O autoconhecimento é um caminho que nos leva a olhar para dentro de nós mesmos, reconhecer nossos dons e talentos que de Deus recebemos e também os nossos limites, fraquezas, os pontos que precisamos melhorar. "Conhecer-se a si mesmo é uma necessidade e um dever ao qual ninguém pode subtrair-se.

O homem tem necessidade de saber quem é. Não pode viver se não descobre que sentido tem sua vida. Arrisca-se a ser infeliz, se não reconhecer sua dignidade" (Amarás o Senhor teu Deus - Amadeo Cencini - pág. 8 - Edições Paulinas).

Conhecer-se a si mesmo é uma necessidade é uma fundamental para se ter um conceito correto e real de si próprio, pois somente aquele que descobre seu verdadeiro valor, permite uma aceitação serena de si mesmo e de suas limitações, o que lhe proporcionará a segurança necessária para viver sua vida e realizar mudanças que podem ser necessárias.

Muitos até acham que se conhecem, mas até que ponto é este conhecimento de si? Para que você possa se verificar até que ponto você se conhece, recomendo um teste simples: escreva em uma folha 10 qualidades que você gosta de si mesmo e que reconhece que possui, e 10 pontos fracos que você percebe que precisa melhorar. O que foi mais fácil para você escrever? As qualidades ou os defeitos?

O autoconhecimento nos leva a uma autoestima e um amor-próprio adequados, ou seja, a um olhar para si mesmo e reconhecer-se como criatura de Deus, como obra-prima de Deus, sem exaltações e sem degradações.

Sem esta visão adequada, o que é gerado é insegurança, perfeccionismo, dificuldades de lidar com os próprios erros e fraquezas e também com os dos outros, entre muitas outras consequências. Santo Agostinho afirmava: "Conhecer-me e Conhecer-Te", com isso ele nos ensina que quanto mais nos conhecemos, mais conhecemos Aquele que nos criou e que é a luz do mundo, assim, melhor veremos a realidade do nosso ser.

Volte à lista que você fez. Nas qualidades que colocou, marque as alternativas que são relacionadas a fazer, a atitudes externas, e observe. Quantas você colocou de atitudes externas e quantas internas? Assim você poderá perceber não só o quanto você se conhece, mas também o quanto você está voltado para as coisas exteriores.

A Igreja nos dota de uma grande ferramenta de autoconhecimento: o exame de consciência diário. Com ele, nos é possível avaliar bem onde podemos ser atingidos pelo inimigo, os nossos pontos fracos, nossos defeitos, paixões e vícios camuflados. E com isso, voltarmos com confiança em Deus que nos ama e sempre cuida de nós. Apresentando-nos a Ele como somos, sem medo, sem receios, e buscando n'Ele a força diária para vencermos nossas batalhas interiores. São Francisco afirmava: "Eu sou o que sou diante de Deus, e mais nada!" Deus nos vê como somos, diante d'Ele não precisamos nos esconder.

Trata-se de uma ferramenta simples, basta dedicarmos poucos e breves minutos do final do nosso dia, com constância, vamos pouco a pouco, conseguindo olhar mais a fundo para o nosso interior, e conhecendo não só nossos limites, como nossas riquezas. Precisamos entender que as nossas limitações não estão no nosso exterior, no que fazemos, e sim no nosso interior, naquilo que somos. Somos filhos de Deus, filhos amados de Deus. O nosso principal valor está no ser pessoa.

Precisamos saber quem somos, quais os nossos dons e talentos, o que possuímos de capacidades; precisamos também saber para quem, quais os nossos objetivos no uso de nossos dons, talentos e capacidades. Pois não é somente aquilo que possuímos que decide o nosso valor como pessoa, mas o que "somos" no mais profundo de nossa identidade como seres humanos, como cristãos, como batizados, justificados, filhos de Deus. Essa estima positiva é um valor que ninguém pode tirar.

Foto Manuela Melo
psicologia@cancaonova.com

17 de julho de 2009

Um amigo, uma saudade

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Existem pessoas que fazem falta em nossas vidas

Existem pessoas que fazem falta em nossas vidas. Quanto mais especiais e mais importantes para nós, tanto mais sentimos falta da presença delas, das coisas simples, dos pequenos gestos. É um sentimento que preenche a alma, mas, ao mesmo tempo, traz um vazio ao peito. Uma saudade sem tamanho.

Se estamos em um lugar e a saudade aperta, mesmo que tudo diga que a pessoa não virá, há uma esperança tão grande, que a todo momento vivemos a expectativa do encontro. Não importa o que nos dizem e o quão contrárias sejam as notícias, o coração vive a expectativa da chegada no olhar que busca o amigo em todos os lugares. Mesmo que demore dias, meses, anos, o coração sempre espera ansioso o reencontro com o coração do amigo.

Mas por que tudo isso? Por que esse sentimento tão forte de ausência e de saudade que preenche a alma? Por que isso não acontece com todas as pessoas?

Já dizia o poeta que quando sentimos saudade de um amigo, sentimos saudade do pedaço de nós que está no coração dele. Por isso o sentimento de ausência. Por isso a saudade tão forte. Só nos sentimos completos quando encontramos nele o pedaço de nós mesmos que nos falta. Não é uma dependência afetiva da pessoa, pelo contrário, é uma necessidade de encontrar a si mesmo nela.

Esse encontro não se limita à presença física, ele a transcende porque o sentimento que há nos corações nos leva além do tempo e do espaço. Padre Léo dizia: "A presença física é a mais pobre das presenças", mas quando ela é sublimada, torna-se parte de um todo e intensifica o que já existe. Não depende de estar perto da pessoa, mas se há o sentimento puro e verdadeiro, essa proximidade se plenifica.

No entanto, não esperemos viver isso com todas as pessoas; essa graça ocorrerá com poucas, não porque algumas sejam melhores que as demais, mas porque foi a essas pessoas que Deus confiou parte de nós mesmos para que por elas fôssemos cuidados.

Essa é a saudade de uma verdadeira amizade. A saudade que é uma pessoa. Via pela qual encontramos no amigo a nós mesmos. Encontramos o que falta em nós e que a ele foi confiado por Deus. Por isso dói, por isso traz um vazio ao peito. Sentimos falta do pedaço de nós mesmos que ele traz em si.

Santo Agostinho dizia que a metade de nossa alma é um bom amigo. Por isso quando o coração apertar com a dor da saudade de um grande amigo, só o Senhor poderá romper o tempo, o espaço, e levar a nossa alma a estar novamente completa. Somente Ele pode consolar essa dor, pois é n'Ele que os verdadeiros amigos se encontram e se eternizam. No Senhor a saudade se torna esperança e alegre expectativa de reencontrar a si mesmo no coração de um grande amigo.

Tenho saudade! Por isso não demore a me trazer de volta para mim mesmo!

Saudade de mim em você,

Foto Renan Félix
renan@geracaophn.com

15 de julho de 2009

Desafiando a malícia

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A amizade entre homens e mulheres

Em meio a um mundo de realidades tão difíceis, corremos o risco de, pouco a pouco, nos deixarmos levar pelas ideias e concepções que nos envolvem. Há uma malícia estabelecida sobre todas as situações, principalmente nos relacionamentos. São poucos os que realmente acreditam na pureza e no desinteresse que podem gerar grandes amizades. Se pensarmos em amizade entre homens e mulheres a situação piora ainda mais.

Parece que há uma opinião comum na qual se acredita que não é possível haver um relacionamento entre pessoas do sexo oposto, que não seja ou que não vá gerar um relacionamento amoroso ou um envolvimento sexual. Em um mar de malícias pré-estabelecidas em nossa mente, perdemos a oportunidade de crescer e até mesmo de ser mais felizes.

"Os doze iam com Ele, e também algumas mulheres" (Lucas 8,1-2). Jesus, na Sua humanidade, viveu a realidade da pureza do relacionamento com as mulheres e pôde experimentar a riqueza disso. Mesmo em meio a uma sociedade machista, que na época nem mesmo as incluía ao número de pessoas, Cristo estabelece uma nova forma de relacionamento com as mulheres de Israel. Ele foi amigo de Maria Madalena, de Marta e Maria, irmãs de Lázaro, deixou-se ser marcado e tocado por tantas outras figuras femininas que atravessaram o Seu caminho. Ele não tinha medo de se expor e de enfrentar a sociedade para viver a vontade do Pai. Jesus é o primeiro a viver a sadia convivência.

A amizade entre homens e mulheres é possível. Assim como entre casados e solteiros, sacerdotes e leigos, religiosas e religiosos, idosos e jovens. Não podemos nos deixar contaminar por tanta malícia e deixar de experimentar a beleza de vivermos juntos, de partilharmos vida e experiências e de vivermos em sadia convivência.

Um relacionamento sadio entre pessoas de sexos diferentes leva à maturidade, ao crescimento e à santidade. Uma mulher, apenas com o seu jeito natural de ser, é capaz de ajudar um homem a ser muito mais homem, a não ser malicioso, agressivo e grosseiro. Um homem, somente por ser homem, é capaz de mostrar a uma mulher o quanto ela pode ser mais feminina, mais cuidada e respeitada. A sadia convivência nos ajuda a chegar à maturidade que Deus sonhou para nós desde a criação.

Então, por que perdemos tanto tempo e não vivemos relacionamentos sadios? Talvez por medo, imaturidade, feridas deixadas por outros relacionamentos e toda uma série de fatores que pode nos levar a não nos lançar na novidade que o Todo-poderoso tem para nós. Muitos desses fatores precisam ser acompanhados ou até mesmo de ajuda capacitada, para que deixem de ser pedras no meio do caminho. Não podemos ser ingênuos ou bancarmos os intocáveis. Para vivermos relacionamentos sadios é preciso, antes de qualquer coisa, maturidade, coragem e verdade com nós mesmos.

Não podemos negar que viver um relacionamento puro e sadio afetivamente é enfrentar toda uma sociedade que desacredita na pureza e no amor desinteressado. É enfrentar cristãos que se deixaram contaminar pelas ideias do mundo e não conseguem mais perceber a pureza de um relacionamento sem antes desconfiar dele. É viver um martírio – testemunho – que vai gerar dor, sofrimento, incompreensão, desconfiança, mas que com certeza vai levar à maturidade e à felicidade em Deus.

Não é uma missão fácil! É preciso ter muita coragem para encarar a forma de pensar de toda uma sociedade e mostrar que é possível, que vale a pena e que existem amizades profundas, puras e sinceras entre pessoas de sexo e estados de vida diferentes.

Um dia eu tomei coragem, superei meus medos e aceitei o desafio. O resultado? Sou um homem muito mais realizado e muito mais maduro por causa de cada uma das mulheres que estão e que passaram pela minha vida. Amigas que me ensinaram a ver pureza onde todos só enxergam malícia. Mulheres que me fazem muito mais homem, apenas pelo fato de serem mulheres. Amigas que me mostraram e que me ensinaram que é possível a amizade pura e sincera entre um homem e uma mulher.

Eu aceitei o desafio e hoje colho os grandes e abundantes frutos de cada um desses relacionamentos.

Hoje, Deus também o desafia ao novo, a entrar na linda aventura de viver a sadia convivência. Nessa aventura só há um grande risco: de você amadurecer e se tornar uma pessoa muito melhor. Você aceita o desafio? Não perca mais tempo!

Seu irmão,

Foto Renan FélixRenan Félix
renan@geracaophn.com

13 de julho de 2009

Diga 'não' ao ressentimento

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O verdadeiro perdão brota de Deus

Ressentimento é sentir algo de novo, é o sentimento que se repete e traz uma série de consequências, sendo que a primeira é o pecado. É quando alguém faz algo desagradável com você e isso fica ressoando em seu interior.

Há algum tempo fui visitar uma pessoa e me disseram que ela estava mal porque estava brigando com o vizinho. Mas ela desmentiu isso dizendo que não tinha raiva do vizinho e que, na verdade, ele nem existia para ela. Olhe só até que ponto vai chegando o nosso ressentimento.

Quando se enterra um corpo embaixo da terra, ele vai apodrecendo e virando carniça. Da mesma forma, não podemos enterrar esse tipo de sentimento negativo em nosso interior e deixar que se criem "carniças" dentro de nossos corações. Muitas pessoas estão doentes por causa dos ressentimentos.

Certa vez, fui celebrar a Santa Missa e vieram até mim uma mãe e uma filha após a Celebração Eucarística. A mãe me pediu que eu orasse pela filha, porque não tinha a saúde boa e vivia tendo crises. Então, esta me disse que havia 15 anos que não conversava com "aquele homem", era assim que ela chamava o pai. Foi abandonada quando criança e tinha muita raiva dele por essa razão. De forma que tive de lhe dizer algo que ninguém queria fazê-lo: "É preciso perdoar o seu pai. É preciso dar um passo na fé".

Para vencer o ressentimento, também dependemos do Senhor, caso contrário, sempre teremos recaídas. Até mesmo para perdoar dependemos d'Ele. O verdadeiro perdão brota de Deus. Nenhum sentimento nobre pode ter grande duração se não vier do coração do Todo-poderoso.

Quero lhe fazer uma pergunta: Se você soubesse que teria somente oito horas de vida, o que você faria? Aonde você iria? Não deixe para amanhã o que você precisa fazer agora! Diz-nos a Palavra de Deus: "Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento". Se você precisa pedir perdão, peça-o! Se você precisa perdoar, perdoe! Existe muita gente que perde a chance de ser feliz porque fica adiando o que precisa viver.

O convite que o Senhor quer fazer a você hoje é: Dê um passo. Achamos sempre que são os outros que têm de pedir perdão e, no final, nos tornamos solitários. Você precisa dar o passo: se o outro não quiser, espere o tempo dele, mas você precisa dar o passo. Se você experimentou a dor da traição, de alguma decepção ou se você é frustrado por causa de tanta coisa que vive – saiba que a força da oração é capaz de lhe trazer a cura. A oração pode curar a dor do seu coração!

No fundo, todos nós sentimos saudade de Deus, e se guardamos ressentimentos, ficamos distantes do Senhor. Muitas vezes, é preciso reiniciar a vida a partir de um abraço. Talvez você conheça a saudade por outros nomes, mas, no fundo, o que seu coração quer é encontrar o Senhor. Deixe-O entrar nos seus relacionamentos.

Há muitas pessoas com problema com o pai. Dê o primeiro passo, mande uma mensagem para ele falando que o ama. É só escrever: "Pai, eu te amo!".

Nós precisamos treinar o amor, precisamos começar agora, não deixe para amanhã!

Sacerdote diocesano, cantor, compositor e fundador da Comunidade Coração Fiel.

Padre Delton Filho
Sacerdote diocesano e fundador da Com. Coração Fiel

11 de julho de 2009

SSVP - Sociedade de São Vicente de Paulo

10 de julho de 2009

O Sangue de Cristo

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Hoje esse Sangue redentor está à nossa disposição

O mês de julho a Igreja dedica ao preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado pelo perdão dos nossos pecados. O Sangue de Cristo representa a Sua Vida humana e divina, de valor infinito, oferecida à Justiça divina para o perdão dos pecados de todos os homens de todos os tempos e lugares. Quem for batizado e crer, como disse Jesus, será salvo (Mc 16,16) pelo Sangue de Cristo.

Em cada Santa Missa a Igreja renova, presentifica, atualiza e eterniza este Sacrifício de Cristo pela Redenção da humanidade. Em média, a cada quatro segundos essa oferta divina sobe ao Céu em todo o mundo.

O Catecismo da Igreja ensina que mesmo que o mais santo dos homens tivesse morrido na cruz, seria o seu sacrifício insuficiente para resgatar a humanidade das garras do demônio; era preciso um sacrifício humano, mas de valor infinito. Só Deus poderia oferecer este sacrifício; então, o Verbo divino, dignou-se assumir a nossa natureza humana, para oferecer a Deus um sacrifício de valor infinito. A majestade de Deus é infinita; e foi ofendida pelos pecados dos homens. Logo, só um sacrifício de valor infinito poderia restabelecer a paz entre a humanidade e Deus.

"Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira" (Rm 5,8-9).

São Pedro ensina que fomos resgatados pelo Sangue do Cordeiro de Deus, mediante "a aspersão do seu sangue" (1Pe 1, 2). "Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso Sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo." (1Pe1,19)

Hoje esse Sangue redentor de Cristo está à nossa disposição de muitas maneiras. Em primeiro lugar pela fé; somos justificados por esse Sangue ensina S. Paulo:

"Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu Sangue, seremos por ele salvos da ira" (Rm 5, 8-9).

Ele está à nossa disposição também no Sacramento da Confissão; pelo ministério da Igreja e dos sacerdotes o Cristo nos perdoa dos pecados e lava a nossa alma com o seu precioso Sangue. Infelizmente muitos católicos ainda não entenderam a profundidade deste Sacramento e fogem dele por falta de fé ou de humildade. O Sangue de Cristo perdoa os nossos pecados na Confissão e cura as nossas enfermidades espirituais e psicológicas.

Este Sangue está presente na Eucaristia: Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus. Na Comunhão podemos ser lavados e inebriados pelo Sangue redentor do Cordeiro sem mancha que veio tirar o pecado de nossa alma. Mas é preciso parar para adorá-lo no Seu Corpo dado a nós. Infelizmente muitos ainda comungam mal, com pressa, sem Ação de Graças, sem permitir que o Sangue Real e divino lave a alma pecadora e doente.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

8 de julho de 2009

Só o amor convence

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O homem sábio não quer apenas ser feliz, mas fazer o outro feliz

O homem sábio não quer apenas ser feliz, mas fazer o outro feliz. A sabedoria contagia e se apresenta com doçura. Se você faz as coisas com doçura as pessoas vão amá-lo profundamente, pois você as terá conquistado.

Dom Bosco diz que o jovem não precisa simplesmente saber que é amado, ele precisa de gestos concretos de amor. Existem coisas que são extremamente doces neste mundo, uma delas é o nosso nome. Como é bom quando alguém se lembra da gente, quando não só nos admira, mas nos ama!

Nós não trazemos as pessoas para Deus por meio da exortação, mas sim, por meio de gestos concretos de amor. Só o amor cura, só o amor transforma, só o amor convence. É esse sentimento nobre que nos leva a ultrapassar os nossos limites. "Nada pela força, tudo pelo amor!" afirma São Francisco de Sales. Nisso está o verdadeiro poder.

Quando nós nos colocamos a serviço de alguém essa pessoa entende que estamos lhe dando amor. As coisas simples e os gestos pequenos de carinho fazem grande diferença. Muitas vezes o que os seus familiares mais querem é a sua atenção. O que você pode fazer é se colocar ao alcance das pessoas. Se você quer atingi-las deve antes descobrir do que elas estão precisando.

Eu tenho quase certeza de que você já teve a oportunidade de ter sido colocado numa roda na qual o acusaram. É difícil quando as pessoas que consideramos como amigas participam de tal acusação. Isso dói no mais profundo da alma!

O que mais me impressiona na passagem que narra o encontro da mulher pecadora com Jesus (cf. João 8,1-11) é a maneira doce com que Nosso Senhor a trata. Ele não lançou nenhum olhar de acusação nem para a mulher nem para as pessoas que armaram aquela emboscada. Ele faz um desafio. Não foi Cristo quem os acusa, são suas consciências. O Senhor presta àquela mulher o maior serviço que alguém poderia prestar: Ele salva a vida dela.

Jesus conversa com aquela mulher, e ao fazê-lo ela O compreende. Não existe maneira de compreender as pessoas sem conversar com elas. Há quanto tempo você não pergunta à sua mãe como ela está?

Existe uma colaboração que só você pode dar, escute as pessoas que estão à sua volta. Só sabemos o quanto um sapato aperta o pé quando o calçamos. "Calce o sapato" do seu irmão para saber onde está apertando; entre na vida dele, seja participativo!

Você vai conseguir trazer as pessoas para Deus a partir da sua experiência. A nossa missão é fazer com que as pessoas amem a Jesus, que se tornem sensíveis ao Seu amor. Quando a gente ama, até o nosso silêncio fala.

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

7 de julho de 2009

Ninguém está livre das crises de relacionamento

Por melhor que seja o convivio não estamos livres das turbulências

Viver bem um relacionamento significa assumir o objetivo de um compromisso pautado no equilíbrio. Podemos ter anos de convivência conjugal, sem com isso anular a nossa identidade ao nos relacionarmos com nosso cônjuge. Dessa forma, no decorrer dos dias, apesar da reta intenção, vamos descobrindo que, apesar do longo convívio, não estamos isentos de desavenças pertinentes às nossas vidas.

Ao iniciarmos uma vida a dois, traçamos projetos e idealizamos uma convivência livre de transtornos, mas, por mais que acreditemos na infalibilidade de nossas metas, podemos testemunhar alguns erros na administração de alguns conflitos quando surgem divergências de opinião.

Se há uma coisa da qual não podemos nos vangloriar é a respeito da nossa superioridade quanto às crises e dificuldades durante nossas vidas. Mesmo aqueles que sustentam uma saudável convivência, é perfeitamente natural que, vez por outra, também tenham de enfrentar suas falhas.

Por melhores que sejam nossas relações, ainda assim, jamais estaremos livres dos choques de opinião. Cedo ou tarde, o número de pessoas com as quais nos relacionamos cresce e numa família, apesar dos conflitos (o que é normal), não podemos transformar nossa casa numa arena na qual somente o mais forte sobrevive.

Não será na elevação do tom de voz ou na imposição da autoridade que faremos alguém nos ouvir ou ser convencido daquilo que argumentamos. Muitas brigas e debates alcançam drásticos desfechos quando a consciência é dirigida por uma razão irredutível ou sedenta de vencer uma discussão a qualquer custo. Mesmo que para isso seja necessário interromper o discurso da outra pessoa com frases do tipo: "Você sempre diz a mesma coisa!"; "É assim que eu quero que seja!" ou "Você nunca fez isso ou aquilo"... Suprimindo, dessa forma, o direito de fala do outro e sem apresentar uma solução plausível à questão em pauta.

O entendimento diante dos impasses acontece quando há uma troca de ideias e o monólogo cede lugar ao diálogo.

Graças às exigências dos nossos convívios, somos impulsionados a nos "desinstalar" de nossa autosuficiência. Reconhecer nossa fraqueza ou nossa impotência em assimilar algo novo, não minimiza nossa integridade, mas nos faz nos unir, mais uma vez, com a pessoa, seja o cônjuge ou filhos, na intenção do propósito assumido.

Tornar a nossa opinião clara e objetiva – diante dos inevitáveis impasses – é o que faz com que um diálogo flua. Dessa forma, devemos atentar para o modo como tratamos as divergências, pois, a habilidade em resolver uma questão delicada está na maneira como alcançamos seus resultados. Assim, aprenderemos, nesse percurso, a acolher as ideias da outra pessoa, percebendo que, em muitas ocasiões, "perder" numa discussão pode significar ganhar em conhecimento a partir de outra perspectiva.

Deus abençoe

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

4 de julho de 2009

O Espírito nos dá força para vencermos desafios

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Que sua vida seja transformada por Ele!

Tudo que o Espírito Santo toca é transformado; só não transforma aquilo que não queremos que Ele toque. Não adianta só falar que nós somos cristãos, temos de convencer os demais com o nosso testemunho.

Jesus vivia chamando a atenção de Pedro devido às muitas perguntas inconvenientes que ele fazia. Mas, apesar de errar tanto, o grande apóstolo só queria acertar. E essa vontade de acertar desse grande santo já é fruto do Espírito Santo de Deus, que nos tira da escuridão e nos transforma. Muitos já assumiram que são "coitados" na vida e acham que não têm mais jeito,dizendo: "Ah! Padre! Sou alcoólatra, não tenho mais jeito! Minha família toda é assim".

Mas, graças a Deus, quantas pessoas têm suas vidas transformadas pela oração e são restauradas pelo Espírito Santo de Deus! Se você acredita, saiba que o Espírito vem e transforma sua vida. Pedro tinha medo de errar, dentro dele havia a necessidade de acertar. Quando aconteceu o Pentecostes ele não só começou a evangelizar, como também foi aquele que conduziu a Igreja de Cristo.

Da mesma forma, a Carta dos Atos dos Apóstolos, escrita por São Lucas, mostra-nos que Paulo, sem medo, começa a pregar a Palavra de Deus. Mas isso ocorre porque é alguém totalmente movido pela Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

A alegria dos primeiros apóstolos era por conta do Espírito Santo; Ele lhes deu força para aguentarem os sofrimentos. E mesmo sendo presos e perseguidos, eles continuavam louvando e bendizendo ao Senhor e levando a Boa Nova. Quando somos íntimos e tocados pelo Espírito Santo de Deus, Ele mesmo nos ensina, e assim, vamos compreendendo os ensinamentos da Bíblia e adquirindo os dons.

O Divino Amigo também nos dá a fortaleza, pois, muitas vezes, estamos caídos, fracos. Por essa razão, pela força do Espírito Santo de Deus, eu peço que Deus toque na sua vida!

Nosso Senhor Jesus Cristo não veio aqui brincar de evangelizar. Ele se doou por mim e por você! Que a partir deste momento sua vida seja transformada pelo Santo Espírito de Deus!

Oração:

"Derrama sobre mim o teu Espírito, Senhor, para que eu seja o teu profeta principalmente na minha família. Que eu possa dar testemunho primeiramente a mim mesmo. Por isso, Senhor, que muitos sintam a experiência do seu Santo Espírito. Dai-me um coração de profeta, eu quero ser tua testemunha, Senhor. Por essa razão, derrama sobre mim teu Espírito Senhor. Amém!".

Padre Cleidimar Moreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

2 de julho de 2009

A arte da oração

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Quem não reza está numa situação muito desconfortável

Rezar é um ato natural, um capítulo da antropologia, exatamente porque o ser humano tem uma abertura congênita para o transcendente, o divino. Rezar é também um ato de justiça para com nossa alma, pois a oração é expressão do espírito, da alma, do coração. É também um ato de justiça em relação a Deus. "Nele somos, vivemos e existimos" (Atos dos Apóstolos 17, 28).

A oração é antes de tudo terapêutica porque pacifica, unifica, ordena a vida, os pensamentos e os afetos. "Os efeitos da oração em nossa pessoa são mais visíveis que os das glândulas de secreção interna", diz o prêmio Nobel de Medicina (1922), Dr. Alexis Carrel, ateu convertido.

A arte da oração consiste em que o orante se comunica com Deus, com os outros e com ele mesmo e assim faz grandes descobertas, encontra soluções, recebe iluminações e muita força interior. K Jung e V. Frankl são psicólogos que exaltam a importância e a eficácia da oração, sem a qual, as pessoas não se curam de suas neuroses. Eles sabem muito bem que a pessoa orante entra no nível alfa, frequência profunda do cérebro humano.

Quem não reza está numa situação muito desconfortável e até incômoda, porque irá buscar alívio e sedativo no álcool, nas farras, nas drogas e sempre permanecerá vítima do vazio existencial e da solidão. Sempre justificará seus erros e fugas, tendo necessidade espontânea de ridicularizar quem reza, como se a oração fosse o "catecismo dos fracos e perdedores". De fato, só os humildes e autênticos rezam.

É preciso orar com fé. Acreditar no poder da oração. Rezar é estar com Deus e com os outros. Normalmente a oração verdadeira e profunda leva à compaixão, ao perdão, à solidariedade. O amor é fruto da oração. Rezar é um ato de amor e o amor é consequência da oração. Os santos e os místicos são sempre pessoas de paz, de fraternidade e de ação em favor dos pobres e pecadores. A oração é amor de amizade com Deus que nos leva ao amor-serviço para com os outros.

A oração é uma "alavanca que move o mundo" (Santa Terezinha). De fato, quantas pessoas são vitoriosas frente a doenças, mágoas, decepções, injúrias. A oração as salvou. Quem reza se salva.

A oração é uma ponte. A pessoa orante é fabricadora de pontes, é pontífice. Abatem-se os muros e constroem-se pontes com a sabedoria da prece. Essa ponte vai da terra ao céu e do coração do orante aos irmãos. A escalada da oração é exigente, requer perseverança. É um combate.

A oração é muralha, é escudo, é proteção, é abrigo, é segurança. Quem reza está imunizado contra muitos males. A oração nos protege das tentações. Sem ela caímos na murmuração e abraçamos a tentação.

A oração é escola . O Mestre interior é o Espírito Santo. Na escola da oração aprendemos a prática do bem, a beleza do perdão, a alegria da convivência, a esperança nas decepções. A oração nos faz discípulos, iluminados, sábios, humanos e verdadeiros. Moisés tinha o rosto iluminado após a oração. Irradiava o fulgor de Deus.

A oração enche o orante de audácia e coragem, de força e tenacidade, de luz e compaixão. Jesus não somente reza, mas, ensina a rezar, principalmente a perseverança na oração. Os primeiros cristãos eram "assíduos na oração" (cf. Atos dos Apóstolos 2, 42). De fato, a oração é inspiração de cada momento, recolhimento do coração, recordação das maravilhas de Deus, é força para a luta cotidiana. Eis a arte da oração.

A oração é uma rendição diante de nossa insuficiência e da paternidade de Deus. A oração é a fala entre filhos(as) e Pai. Portanto, oração é questão de amizade, é encontro de duas consciências, duas intimidades, duas existências. Na oração acontece uma troca de olhares, de confidências, de interioridades. Rezar é um ato de amor, um ato afetivo que inflama o orante de amor a Deus e ao próximo.

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina - PR

30 de junho de 2009

Liberte-se de toda cegueira

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Que a voz do Senhor possa fazer arder seu coração

O cego Bartimeu questiona os que tendo olhos não veem, pois, muitos são os que rejeitam a Jesus! Esse cego apresenta-se para nós como modelo de fé firme e viva: "Filho de Davi, tem piedade de mim, tende compaixão!" (Marcos, 10, 47; Lucas 18, 39). Modelo de verdadeiro discípulo que, curado, toma o caminho do seguimento, segue a Cristo. Pois, o milagre resume a experiência de quem muda radicalmente, manifestação de uma disposição autêntica de seguir verdadeiramente ao Senhor.

Ao invocar a Jesus, o cego experimenta a repreensão dos presentes que o querem calado, mas este sabe o que quer, assim como, tem a percepção de que o Mestre e Senhor, o Filho de Davi, passa por ali. É preciso ter essa liberdade diante do Senhor, nenhuma voz, comodidade, repreensão, enfim, nada pode nos calar ou nos impedir de viver esse encontro pessoal com profundidade. Talvez hoje muitas vozes o estejam repreendendo, oprimindo e o forçando a se calar diante de Cristo. Por isso, deixe de lado as vozes que o confundem, que produzem dúvidas, desânimo e derrotismo em seu interior e volte-se para a voz do Senhor.

Que a voz do Senhor, o Bom Pastor, possa fazer arder o seu coração e iluminar sua alma, sua vida, libertando-o de toda cegueira. Que a luz de Cristo brilhe em você. Eu devo estar convencido da necessidade de que tenho de contemplar a vida, de que preciso de Jesus e de que diante d'Ele devo expor minhas mais urgentes necessidades, sem medo d'Aquele que me ama incondicionalmente.

Devo seguir o exemplo de Bartimeu, ou seja, pedir e rezar como esse homem de fé, indo além de todas as barreiras que me são impostas pelas circunstâncias e até por pessoas. A atitude dele nos forma como discípulos, pois, Jesus mandou chamá-lo, e diante dessa graça do chamado, disseram-lhe: "Coragem! Levanta-te, Ele te chama" (Marcos 10, 49). O versículo 50 nos diz que aquele homem, deitando fora a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus. Joga a capa para ir livre encontrar-se com o Messias, pois, não precisaria mais estar no caminho a mendigar nem voltaria cego. Vai até Jesus Cristo para se tornar um seguidor e um discípulo d'Ele.

O encontro com o Senhor exige essa atitude de lançar fora tudo aquilo que produz escravidão e que nos faz viver à margem da vida cristã. Faz-nos deixar de lado tudo o que nos paralisa no caminho e nos impede de estar a caminho como seguidores de Jesus. É preciso assumir a dignidade de filho. Não posso viver como um mendigo cego e sem direção, parado no caminho, estático perante a vida. Estar de prontidão é uma necessidade de vida, pois, sem prontidão e insistência diante do importante e fundamental, o Salvador passa por nós e permanecemos na mesma condição. Pois, no comodismo não acontece transformação de vida e muito menos dinamismo na graça do Espírito Santo, que tudo renova.

O discípulo verdadeiro de Cristo não deve estar na cegueira, precisa ver e contemplar o mistério, para que através do seguimento torne-se verdadeiro e profundo anunciador da Pessoa de Jesus. É preciso ser ativo, saber o que quer, pois, o sentido da busca define nossa salvação. Já que tudo aquilo que eu celebro na vida define minha história e determina o que eu sou, sejamos daqueles que sempre escolhem a melhor parte: celebrar a vida e não a morte! Filhos da Ressurreição, servos do Eterno Amor, chamados à Eternidade!

Tenha hoje em sua vida a atitude de Bartimeu, que não se acostumou com a mendicância, já que, parar nos restos, significa justamente deixar de viver e parar no espírito de morte. O Autor da Vida sempre está próximo a nós para transmitir vida em abundância; não se cale nem desista da vida! Grite como Bartimeu: "Filho de Davi, tende piedade, tende compaixão de mim!". Já que esse grito é de fé e de amor! Amém!

Padre Eliano Luiz Gonçalves, SJS
Fraternidade Jesus Salvador

26 de junho de 2009

Problemas do namoro

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A fase em que cada um vai conhecer o outro

O namoro é uma fase bela da vida, na qual duas almas se encontram com o desejo de realizar o anseio profundo de um dia viverem um para o outro, gerar os filhos e serem felizes. É um anseio que Deus colocou no coração de cada homem e de cada mulher; no entanto, esse tempo bonito pode se transformar em uma etapa triste na vida de muitos que não souberem enfrentar com coragem e sabedoria os seus problemas. Esses problemas não devem desanimar os casais de namorados, pois muitos deles podem ser evitados se antes de começarem a namorar tiverem um bom conhecimento recíproco, obtido por uma boa amizade anterior ao namoro.

Quando escrevi o livro "NAMORO", tive a sensação de que ele não seria muito lido pelos jovens, porque nele eu falo de um namoro responsável, sem o "ficar", sem vida sexual, entre outros. Mas eu estava enganado. Foi uma grande surpresa para mim e uma grande alegria constatar, depois de tantos anos, que de todos os livros que já escrevi, este é o mais lido por eles.

Eu e minha esposa recebemos centenas de cartas e e-mails de jovens que nos pedem orientação sobre o namoro e o noivado e seus problemas. Por isso escrevemos o livro "PROBLEMAS NO NAMORO", uma tentativa de completar o primeiro livro sobre esse assunto [namoro] e trazer um pouco mais de reflexão e orientação sobre os problemas mais comuns que surgem na vida dos namorados.

Analisamos mais de mil cartas e e-mails de jovens nos relatando os seus problemas e nos pedindo orientação; a partir desses depoimentos escrevemos essa obra. Achamos que, respondendo a essas perguntas, poderemos dar uma palavra mais objetiva e direta à juventude.

Preocupa-nos profundamente a falta de maturidade que hoje existe em muitos namoros e noivados; muitos dos quais se transformam apenas em relacionamentos sexuais, gerando muitas vezes uma gravidez, um aborto ou até mesmo um casamento imaturo que acaba durando pouco tempo. E isso vai levando a família ao esfacelamento, os filhos vão ficando sem a presença dos pais e sua formação e educação vão ficando prejudicadas.

Os problemas no namoro naturalmente surgem porque duas pessoas diferentes de repente se encontram e começam uma caminhada juntas. Nem sempre essa caminhada é fácil. São muitos problemas: traição, diferença de religião, relacionamento difícil com os pais, diferença de idade, dúvidas sobre a pessoa do outro. Desentendimentos e brigas no namoro, temperamentos diferentes, dúvidas e inseguranças no namoro; namoros muito longos ou muito curtos; ciúmes; a família do namorado; as diferenças de idades; traumas de namoros terminados; namoro e religião; diferença de religião; namoro de mãe ou pai solteiro; namoro com alguém que já foi casado; namoro pela internet; namoro à distância; namoro e sexo... e muito mais.

Muitas são as perguntas: Com quem namorar? O namorado do meu sonho pode ser o namorado que tenho? Quando namorar? Como namorar? Ficar e namorar? Devo continuar meu namoro? Por que não arrumo namorado? Quando se casar?

Esses são alguns dos problemas que centenas de jovens nos contaram e que pudemos analisar em 14 capítulos do citado livro. Como disse, é normal que surjam problemas durante esse período [namoro]; pois é a fase em que cada um vai conhecer o outro e isso nem sempre é fácil. Desse conhecimento surge a grande decisão de continuar ou não o relacionamento que pode se transformar futuramente em casamento.

Se há impasses intransponíveis, o casal não deve insistir demasiadamente em continuar o namoro e partir para um casamento "a qualquer custo". Isso pode ser destruidor para a vida de ambos. Os problemas precisam ser enfrentados com lucidez, coragem, honestidade e, sobretudo, com sinceridade.

Os valores essenciais de cada um não podem ser menosprezados; não se pode abdicar deles, especialmente quando se trata de valores morais e religiosos.

Todo casamento é um namoro que deu certo; e isso só acontece quando há uma convergência dos valores essenciais de cada um. Por isso, diante deles, não se pode "tapar o sol com a peneira"; se o obstáculo é intransponível, o relacionamento pode cessar, a amizade ser mantida e cada um partir para uma nova caminhada.

Por outro lado, se as divergências forem secundárias, por problemas que podem ser corrigidos com a presença e o amor, isso deve ser feito e é muito bonito. A grandeza de um namoro se mede especialmente pela capacidade de cada um fazer o outro crescer. Isso já é um treino para a vida a dois no casamento.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

24 de junho de 2009

Santidade ao alcance de todos

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A melhor resposta que damos ao amor de Deus

Desde a Antiga Aliança, realizada por intermédio dos Patriarcas, Deus chama o povo à santidade: "Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque Eu sou Santo" (Levítico 11,45).

O desígnio de Deus é claro: uma vez que fomos criados à Sua "imagem e semelhança" (cf. Gênesis 1,26), e Ele é Santo, todos nós temos de ser santos também. Isso é natural, porque fomos feitos para o Senhor; Ele não o deixa por menos.

São Pedro repete essa ordem dada ao povo no deserto, em sua primeira carta: "A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque Eu sou santo (Levítico 11, 44)" (I Pedro 1,15-16).

O grande apóstolo exortava os cristãos do seu tempo a romper com o pecado: "Luxúrias, concupiscências, embriaguez, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias" (1 Pedro 4,3), vivendo na caridade, já que esta "cobre a multidão dos pecados" (1 Pedro 4,8).

Da mesma forma, Nosso Senhor Jesus Cristo, no Sermão da Montanha, chama os discípulos à perfeição do Pai: "Sede perfeitos assim como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mateus 5,48). Cristo se refere à bondade do Pai, que ama não só os bons, mas também os maus e que "faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos" (idem 5,45). E pergunta aos discípulos: "Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?" (idem, 46).

Para o Senhor, ser perfeito como o Pai celeste o é, é amar também os inimigos, os que não nos amam. "Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e vos maltratam" (idem, 44). E mais ainda: "Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra" (idem, 39).

O Sermão da Montanha, relatado nos capítulos 5,6 e 7 de São Mateus, apresenta-nos o verdadeiro código da santidade. É como dizem os teólogos: é a "Constituição do Reino de Deus". É por isso que na Festa de Todos os Santos a Igreja nos faz ler no Evangelho esse discurso de Jesus.

São Paulo começa quase todas as suas cartas lembrando os cristãos, do seu tempo, de que são "chamados à santidade". Aos romanos, logo no início, ele se dirige a eles dizendo: "A todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos […]" (Romanos 1,7). Aos coríntios ele repete: "À Igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Cristo Jesus chamados à santidade com todos […]" (I Coríntios 1,2). Aos efésios ele também recorda, logo no início, que o Pai nos escolheu em Cristo "antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos" (Efésios 1,5). Aos filipenses ele exorta: "O discernimento das coisas úteis vos torne puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo" (Filipenses 1,10).

Para o grande apóstolo a santidade é a grande vocação do cristão. "Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza […]" (I Tessalonicenses 4,3-5). "Purifiquemo-nos de toda a imundície da carne e do espírito realizando a obra de nossa santificação no temor de Deus" (II Coríntios 7,1). "Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor" (Hebreus 12,14).

Santa Teresa de Ávila afirma que: "O demônio faz tudo para nos parecer um orgulho o querer imitar os santos". A santidade ainda não é um fim, mas o meio de voltarmos a ser "imagem e semelhança" de Deus, conforme saímos de Suas mãos.

A santidade é a melhor resposta que damos ao amor de Deus. É esse amor retribuído que levou os santos a fazerem a vontade de Deus e chegarem à santidade.

O Concílio Vaticano II afirmou que: "Todos os fiéis cristãos são, pois, convidados e obrigados a procurar a santidade e a perfeição do próprio estado" (Lumen Gentium, 41). Essas palavras da Igreja mostram que a santidade não é, como se pensava antes, um caminho para poucos "eleitos" de Deus, privilegiados; mas um caminho para "todos" os cristãos. Esse chamado é uma "vocação universal".

Todos os batizados, portanto, sem exceção, são chamados à santidade. "Eles são justificados no Senhor Jesus – diz o Concílio – porquanto pelo batismo da fé se tornaram verdadeiramente filhos de Deus e participantes da natureza divina e portanto realmente santos" ( Lumen Gentium, 40).

Vemos então que cada um de nós "recebeu" a santidade no batismo e deve viver de modo a preservá-la e aperfeiçoá-la.

Certa vez, o saudoso Papa João Paulo II disse em Roma, citando Bernanos: "A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos". Em outra ocasião, ele declarou aos catequistas: "Numa palavra, sede santos. A santidade é a força mais poderosa para levar a Cristo os corações dos homens" (L.R. nº 24, 14/06/92, pg 22 [338]).

Para viver a santidade devemos, como disse Santo Afonso de Ligório, "fazer o que Deus quer e querer o que Deus faz"; isto é, viver os mandamentos e aceitar a vontade do Senhor em tudo.

A Igreja existe para nos levar à santidade e nos oferece muitos meios de santificação: a oração, os sacramentos, os sacramentais, a Palavra de Deus, a fé. Além disso, nos santificamos pelos sofrimentos, pela vivência familiar como pais e filhos cumpridores de nossa missão; pelo trabalho realizado com amor. É no chão do lar, da fábrica, do asfalto, da rua, da luta diária que cada um de nós se santifica fazendo a vontade de Deus.

O mundo hoje precisa de muitos santos, como afirmou João Paulo II aqui no Brasil; santos modernos, de calça jeans, tocando violão e tudo o mais.

fonte: www.cleofas.com.br

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

22 de junho de 2009

Graça, acesso ou mistério intransponivel?

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É algo que de fato porta a acessibilidade ao Eterno

Certamente, é difícil expressar em conceitos aquilo que compreendemos por Graça, e como a percebemos agindo em nossa história. Contudo, nesse espaço de tempo, meu empenho se remete a tal conquista. Contemplando, perceberemos que nossa história é constantemente marcada pela Graça, por essa inafastabilidade do Definitivo que sempre abarcou aquilo que somos, sendo o significado perene e silencioso a investir nossas ausências, e a superar nossa compreensão a respeito da vida e de nós mesmos.

Graça: É uma daquelas realidades que "sabemos" o que é, que conseguimos reconhecer sua essencialidade em nossa vida, mas que, ao mesmo tempo, não conseguimos abarcar totalmente nem expressar com inteireza. É como o ar... Sabemos que ele está aí e nos sustenta na existência, no entanto, não podemos domesticá-lo nem aprisioná-lo em nossos cofres e contas bancárias.

Mas enfim: A Graça é algo que de fato porta a acessibilidade ao Eterno, sendo ponte para Ele? Ou, é um Mistério intransponível, que obscurece ainda mais as pequenas fagulhas de luz que temos acerca do Inabarcavel?. Acredito ser um pouco das duas coisas...

Percebo que a ambigüidade que obscurece a compreensão acerca de tal Mistério não acontece tanto em sua "imanência" enquanto Presença que se manifesta, mas sim na idéia/conceito que nutrimos referente à Ele, pois, a Graça sempre esteve presente no "aqui humano", mas nem sempre os corações tiveram a precisa sensibilidade para a descobrir e interpretar.

A Graça, enquanto inafastabilidade do Eterno, sempre povoou a história dos homens. Quando se faz, a partir d'Ela, uma leitura dos fatos percebe-se sua Ação e gerência silenciosa conduzindo os acontecimentos e engendrando grandes benefícios, até mesmo de imensas dores e desventuras épicas. Apalpa-se concretamente tal gerência também habitando a história da eclesiástica, onde a força do inverno nunca foi capaz de subtrair o brilho e a vida da primavera, mesmo em momentos onde existiram profundos erros e contradições.

Nesse sentido, a Graça sempre foi acesso para entender a história da vida humana, e para aproximar-se d'Aquele que sustenta essa história. Contudo, Essa também se estabelece como um mistério intransponível, que nos faz perceber nossa finitude para compreender tal Ação no tempo e na história e, consequentemente, nossa necessidade de abandonarmo-nos em Seu regaço de acolhida e proteção.

Graça é compreensão, é Presença, e é também, afastamento.

A ausência também é necessária. Ela ensina o valor da presença, e mais: Ela nos faz perceber o que verdadeiramente somos na relação com o Eterno e o devido lugar que devemos ocupar em tal relação, levando-nos a concretamente assumir nossa condição de dependencia e filiação.

O ocultamento também se estabelece como ação contínua e eficaz da Graça. Ele revela que precisamos estar sempre buscando para encontrar, pois nossa pátria não é "aqui" e estamos sempre a caminho. Ele – ocultamento da Graça - nos liberta do comodismo provocado pela suposta pretensão de sermos possuidores absolutos da Graça divina.

A Graça é uma realidade sempre presente e atuante na vida humana, mesmo na ausência de sua compreensão e na opacidade dos dias.

É preciso que desenvolvamos a devida sensibilidade para percebê-la e acolhê-la em Sua maneira peculiar de agir em nossa história. Assim seremos mais plenos de sentido na vida e construiremos significativamente, já aqui nessa terra, os alicerces de uma profunda comunhão com o Eterno, que atingirá o seu ápice na Vida que há de vir.

Recadinho do zandona Olá Dado!

Envio em anexo 1 novo artigo p o portal.. Ele é 1 pouco + trabalhado, pois possui endereço e finalidade definidos (no sentido de público alvo na net..). Gostaria q, sê possível, os seus termos e indicações não fossem modificados, devido a plastica q procurei imprimir nele.

Fica c Deus!

Adriano Zandoná

Foto Adriano Zandoná
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