10 de julho de 2009

O Sangue de Cristo

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Hoje esse Sangue redentor está à nossa disposição

O mês de julho a Igreja dedica ao preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado pelo perdão dos nossos pecados. O Sangue de Cristo representa a Sua Vida humana e divina, de valor infinito, oferecida à Justiça divina para o perdão dos pecados de todos os homens de todos os tempos e lugares. Quem for batizado e crer, como disse Jesus, será salvo (Mc 16,16) pelo Sangue de Cristo.

Em cada Santa Missa a Igreja renova, presentifica, atualiza e eterniza este Sacrifício de Cristo pela Redenção da humanidade. Em média, a cada quatro segundos essa oferta divina sobe ao Céu em todo o mundo.

O Catecismo da Igreja ensina que mesmo que o mais santo dos homens tivesse morrido na cruz, seria o seu sacrifício insuficiente para resgatar a humanidade das garras do demônio; era preciso um sacrifício humano, mas de valor infinito. Só Deus poderia oferecer este sacrifício; então, o Verbo divino, dignou-se assumir a nossa natureza humana, para oferecer a Deus um sacrifício de valor infinito. A majestade de Deus é infinita; e foi ofendida pelos pecados dos homens. Logo, só um sacrifício de valor infinito poderia restabelecer a paz entre a humanidade e Deus.

"Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira" (Rm 5,8-9).

São Pedro ensina que fomos resgatados pelo Sangue do Cordeiro de Deus, mediante "a aspersão do seu sangue" (1Pe 1, 2). "Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso Sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo." (1Pe1,19)

Hoje esse Sangue redentor de Cristo está à nossa disposição de muitas maneiras. Em primeiro lugar pela fé; somos justificados por esse Sangue ensina S. Paulo:

"Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu Sangue, seremos por ele salvos da ira" (Rm 5, 8-9).

Ele está à nossa disposição também no Sacramento da Confissão; pelo ministério da Igreja e dos sacerdotes o Cristo nos perdoa dos pecados e lava a nossa alma com o seu precioso Sangue. Infelizmente muitos católicos ainda não entenderam a profundidade deste Sacramento e fogem dele por falta de fé ou de humildade. O Sangue de Cristo perdoa os nossos pecados na Confissão e cura as nossas enfermidades espirituais e psicológicas.

Este Sangue está presente na Eucaristia: Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus. Na Comunhão podemos ser lavados e inebriados pelo Sangue redentor do Cordeiro sem mancha que veio tirar o pecado de nossa alma. Mas é preciso parar para adorá-lo no Seu Corpo dado a nós. Infelizmente muitos ainda comungam mal, com pressa, sem Ação de Graças, sem permitir que o Sangue Real e divino lave a alma pecadora e doente.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

8 de julho de 2009

Só o amor convence

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O homem sábio não quer apenas ser feliz, mas fazer o outro feliz

O homem sábio não quer apenas ser feliz, mas fazer o outro feliz. A sabedoria contagia e se apresenta com doçura. Se você faz as coisas com doçura as pessoas vão amá-lo profundamente, pois você as terá conquistado.

Dom Bosco diz que o jovem não precisa simplesmente saber que é amado, ele precisa de gestos concretos de amor. Existem coisas que são extremamente doces neste mundo, uma delas é o nosso nome. Como é bom quando alguém se lembra da gente, quando não só nos admira, mas nos ama!

Nós não trazemos as pessoas para Deus por meio da exortação, mas sim, por meio de gestos concretos de amor. Só o amor cura, só o amor transforma, só o amor convence. É esse sentimento nobre que nos leva a ultrapassar os nossos limites. "Nada pela força, tudo pelo amor!" afirma São Francisco de Sales. Nisso está o verdadeiro poder.

Quando nós nos colocamos a serviço de alguém essa pessoa entende que estamos lhe dando amor. As coisas simples e os gestos pequenos de carinho fazem grande diferença. Muitas vezes o que os seus familiares mais querem é a sua atenção. O que você pode fazer é se colocar ao alcance das pessoas. Se você quer atingi-las deve antes descobrir do que elas estão precisando.

Eu tenho quase certeza de que você já teve a oportunidade de ter sido colocado numa roda na qual o acusaram. É difícil quando as pessoas que consideramos como amigas participam de tal acusação. Isso dói no mais profundo da alma!

O que mais me impressiona na passagem que narra o encontro da mulher pecadora com Jesus (cf. João 8,1-11) é a maneira doce com que Nosso Senhor a trata. Ele não lançou nenhum olhar de acusação nem para a mulher nem para as pessoas que armaram aquela emboscada. Ele faz um desafio. Não foi Cristo quem os acusa, são suas consciências. O Senhor presta àquela mulher o maior serviço que alguém poderia prestar: Ele salva a vida dela.

Jesus conversa com aquela mulher, e ao fazê-lo ela O compreende. Não existe maneira de compreender as pessoas sem conversar com elas. Há quanto tempo você não pergunta à sua mãe como ela está?

Existe uma colaboração que só você pode dar, escute as pessoas que estão à sua volta. Só sabemos o quanto um sapato aperta o pé quando o calçamos. "Calce o sapato" do seu irmão para saber onde está apertando; entre na vida dele, seja participativo!

Você vai conseguir trazer as pessoas para Deus a partir da sua experiência. A nossa missão é fazer com que as pessoas amem a Jesus, que se tornem sensíveis ao Seu amor. Quando a gente ama, até o nosso silêncio fala.

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

7 de julho de 2009

Ninguém está livre das crises de relacionamento

Por melhor que seja o convivio não estamos livres das turbulências

Viver bem um relacionamento significa assumir o objetivo de um compromisso pautado no equilíbrio. Podemos ter anos de convivência conjugal, sem com isso anular a nossa identidade ao nos relacionarmos com nosso cônjuge. Dessa forma, no decorrer dos dias, apesar da reta intenção, vamos descobrindo que, apesar do longo convívio, não estamos isentos de desavenças pertinentes às nossas vidas.

Ao iniciarmos uma vida a dois, traçamos projetos e idealizamos uma convivência livre de transtornos, mas, por mais que acreditemos na infalibilidade de nossas metas, podemos testemunhar alguns erros na administração de alguns conflitos quando surgem divergências de opinião.

Se há uma coisa da qual não podemos nos vangloriar é a respeito da nossa superioridade quanto às crises e dificuldades durante nossas vidas. Mesmo aqueles que sustentam uma saudável convivência, é perfeitamente natural que, vez por outra, também tenham de enfrentar suas falhas.

Por melhores que sejam nossas relações, ainda assim, jamais estaremos livres dos choques de opinião. Cedo ou tarde, o número de pessoas com as quais nos relacionamos cresce e numa família, apesar dos conflitos (o que é normal), não podemos transformar nossa casa numa arena na qual somente o mais forte sobrevive.

Não será na elevação do tom de voz ou na imposição da autoridade que faremos alguém nos ouvir ou ser convencido daquilo que argumentamos. Muitas brigas e debates alcançam drásticos desfechos quando a consciência é dirigida por uma razão irredutível ou sedenta de vencer uma discussão a qualquer custo. Mesmo que para isso seja necessário interromper o discurso da outra pessoa com frases do tipo: "Você sempre diz a mesma coisa!"; "É assim que eu quero que seja!" ou "Você nunca fez isso ou aquilo"... Suprimindo, dessa forma, o direito de fala do outro e sem apresentar uma solução plausível à questão em pauta.

O entendimento diante dos impasses acontece quando há uma troca de ideias e o monólogo cede lugar ao diálogo.

Graças às exigências dos nossos convívios, somos impulsionados a nos "desinstalar" de nossa autosuficiência. Reconhecer nossa fraqueza ou nossa impotência em assimilar algo novo, não minimiza nossa integridade, mas nos faz nos unir, mais uma vez, com a pessoa, seja o cônjuge ou filhos, na intenção do propósito assumido.

Tornar a nossa opinião clara e objetiva – diante dos inevitáveis impasses – é o que faz com que um diálogo flua. Dessa forma, devemos atentar para o modo como tratamos as divergências, pois, a habilidade em resolver uma questão delicada está na maneira como alcançamos seus resultados. Assim, aprenderemos, nesse percurso, a acolher as ideias da outra pessoa, percebendo que, em muitas ocasiões, "perder" numa discussão pode significar ganhar em conhecimento a partir de outra perspectiva.

Deus abençoe

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

4 de julho de 2009

O Espírito nos dá força para vencermos desafios

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Que sua vida seja transformada por Ele!

Tudo que o Espírito Santo toca é transformado; só não transforma aquilo que não queremos que Ele toque. Não adianta só falar que nós somos cristãos, temos de convencer os demais com o nosso testemunho.

Jesus vivia chamando a atenção de Pedro devido às muitas perguntas inconvenientes que ele fazia. Mas, apesar de errar tanto, o grande apóstolo só queria acertar. E essa vontade de acertar desse grande santo já é fruto do Espírito Santo de Deus, que nos tira da escuridão e nos transforma. Muitos já assumiram que são "coitados" na vida e acham que não têm mais jeito,dizendo: "Ah! Padre! Sou alcoólatra, não tenho mais jeito! Minha família toda é assim".

Mas, graças a Deus, quantas pessoas têm suas vidas transformadas pela oração e são restauradas pelo Espírito Santo de Deus! Se você acredita, saiba que o Espírito vem e transforma sua vida. Pedro tinha medo de errar, dentro dele havia a necessidade de acertar. Quando aconteceu o Pentecostes ele não só começou a evangelizar, como também foi aquele que conduziu a Igreja de Cristo.

Da mesma forma, a Carta dos Atos dos Apóstolos, escrita por São Lucas, mostra-nos que Paulo, sem medo, começa a pregar a Palavra de Deus. Mas isso ocorre porque é alguém totalmente movido pela Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

A alegria dos primeiros apóstolos era por conta do Espírito Santo; Ele lhes deu força para aguentarem os sofrimentos. E mesmo sendo presos e perseguidos, eles continuavam louvando e bendizendo ao Senhor e levando a Boa Nova. Quando somos íntimos e tocados pelo Espírito Santo de Deus, Ele mesmo nos ensina, e assim, vamos compreendendo os ensinamentos da Bíblia e adquirindo os dons.

O Divino Amigo também nos dá a fortaleza, pois, muitas vezes, estamos caídos, fracos. Por essa razão, pela força do Espírito Santo de Deus, eu peço que Deus toque na sua vida!

Nosso Senhor Jesus Cristo não veio aqui brincar de evangelizar. Ele se doou por mim e por você! Que a partir deste momento sua vida seja transformada pelo Santo Espírito de Deus!

Oração:

"Derrama sobre mim o teu Espírito, Senhor, para que eu seja o teu profeta principalmente na minha família. Que eu possa dar testemunho primeiramente a mim mesmo. Por isso, Senhor, que muitos sintam a experiência do seu Santo Espírito. Dai-me um coração de profeta, eu quero ser tua testemunha, Senhor. Por essa razão, derrama sobre mim teu Espírito Senhor. Amém!".

Padre Cleidimar Moreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

2 de julho de 2009

A arte da oração

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Quem não reza está numa situação muito desconfortável

Rezar é um ato natural, um capítulo da antropologia, exatamente porque o ser humano tem uma abertura congênita para o transcendente, o divino. Rezar é também um ato de justiça para com nossa alma, pois a oração é expressão do espírito, da alma, do coração. É também um ato de justiça em relação a Deus. "Nele somos, vivemos e existimos" (Atos dos Apóstolos 17, 28).

A oração é antes de tudo terapêutica porque pacifica, unifica, ordena a vida, os pensamentos e os afetos. "Os efeitos da oração em nossa pessoa são mais visíveis que os das glândulas de secreção interna", diz o prêmio Nobel de Medicina (1922), Dr. Alexis Carrel, ateu convertido.

A arte da oração consiste em que o orante se comunica com Deus, com os outros e com ele mesmo e assim faz grandes descobertas, encontra soluções, recebe iluminações e muita força interior. K Jung e V. Frankl são psicólogos que exaltam a importância e a eficácia da oração, sem a qual, as pessoas não se curam de suas neuroses. Eles sabem muito bem que a pessoa orante entra no nível alfa, frequência profunda do cérebro humano.

Quem não reza está numa situação muito desconfortável e até incômoda, porque irá buscar alívio e sedativo no álcool, nas farras, nas drogas e sempre permanecerá vítima do vazio existencial e da solidão. Sempre justificará seus erros e fugas, tendo necessidade espontânea de ridicularizar quem reza, como se a oração fosse o "catecismo dos fracos e perdedores". De fato, só os humildes e autênticos rezam.

É preciso orar com fé. Acreditar no poder da oração. Rezar é estar com Deus e com os outros. Normalmente a oração verdadeira e profunda leva à compaixão, ao perdão, à solidariedade. O amor é fruto da oração. Rezar é um ato de amor e o amor é consequência da oração. Os santos e os místicos são sempre pessoas de paz, de fraternidade e de ação em favor dos pobres e pecadores. A oração é amor de amizade com Deus que nos leva ao amor-serviço para com os outros.

A oração é uma "alavanca que move o mundo" (Santa Terezinha). De fato, quantas pessoas são vitoriosas frente a doenças, mágoas, decepções, injúrias. A oração as salvou. Quem reza se salva.

A oração é uma ponte. A pessoa orante é fabricadora de pontes, é pontífice. Abatem-se os muros e constroem-se pontes com a sabedoria da prece. Essa ponte vai da terra ao céu e do coração do orante aos irmãos. A escalada da oração é exigente, requer perseverança. É um combate.

A oração é muralha, é escudo, é proteção, é abrigo, é segurança. Quem reza está imunizado contra muitos males. A oração nos protege das tentações. Sem ela caímos na murmuração e abraçamos a tentação.

A oração é escola . O Mestre interior é o Espírito Santo. Na escola da oração aprendemos a prática do bem, a beleza do perdão, a alegria da convivência, a esperança nas decepções. A oração nos faz discípulos, iluminados, sábios, humanos e verdadeiros. Moisés tinha o rosto iluminado após a oração. Irradiava o fulgor de Deus.

A oração enche o orante de audácia e coragem, de força e tenacidade, de luz e compaixão. Jesus não somente reza, mas, ensina a rezar, principalmente a perseverança na oração. Os primeiros cristãos eram "assíduos na oração" (cf. Atos dos Apóstolos 2, 42). De fato, a oração é inspiração de cada momento, recolhimento do coração, recordação das maravilhas de Deus, é força para a luta cotidiana. Eis a arte da oração.

A oração é uma rendição diante de nossa insuficiência e da paternidade de Deus. A oração é a fala entre filhos(as) e Pai. Portanto, oração é questão de amizade, é encontro de duas consciências, duas intimidades, duas existências. Na oração acontece uma troca de olhares, de confidências, de interioridades. Rezar é um ato de amor, um ato afetivo que inflama o orante de amor a Deus e ao próximo.

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina - PR

30 de junho de 2009

Liberte-se de toda cegueira

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Que a voz do Senhor possa fazer arder seu coração

O cego Bartimeu questiona os que tendo olhos não veem, pois, muitos são os que rejeitam a Jesus! Esse cego apresenta-se para nós como modelo de fé firme e viva: "Filho de Davi, tem piedade de mim, tende compaixão!" (Marcos, 10, 47; Lucas 18, 39). Modelo de verdadeiro discípulo que, curado, toma o caminho do seguimento, segue a Cristo. Pois, o milagre resume a experiência de quem muda radicalmente, manifestação de uma disposição autêntica de seguir verdadeiramente ao Senhor.

Ao invocar a Jesus, o cego experimenta a repreensão dos presentes que o querem calado, mas este sabe o que quer, assim como, tem a percepção de que o Mestre e Senhor, o Filho de Davi, passa por ali. É preciso ter essa liberdade diante do Senhor, nenhuma voz, comodidade, repreensão, enfim, nada pode nos calar ou nos impedir de viver esse encontro pessoal com profundidade. Talvez hoje muitas vozes o estejam repreendendo, oprimindo e o forçando a se calar diante de Cristo. Por isso, deixe de lado as vozes que o confundem, que produzem dúvidas, desânimo e derrotismo em seu interior e volte-se para a voz do Senhor.

Que a voz do Senhor, o Bom Pastor, possa fazer arder o seu coração e iluminar sua alma, sua vida, libertando-o de toda cegueira. Que a luz de Cristo brilhe em você. Eu devo estar convencido da necessidade de que tenho de contemplar a vida, de que preciso de Jesus e de que diante d'Ele devo expor minhas mais urgentes necessidades, sem medo d'Aquele que me ama incondicionalmente.

Devo seguir o exemplo de Bartimeu, ou seja, pedir e rezar como esse homem de fé, indo além de todas as barreiras que me são impostas pelas circunstâncias e até por pessoas. A atitude dele nos forma como discípulos, pois, Jesus mandou chamá-lo, e diante dessa graça do chamado, disseram-lhe: "Coragem! Levanta-te, Ele te chama" (Marcos 10, 49). O versículo 50 nos diz que aquele homem, deitando fora a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus. Joga a capa para ir livre encontrar-se com o Messias, pois, não precisaria mais estar no caminho a mendigar nem voltaria cego. Vai até Jesus Cristo para se tornar um seguidor e um discípulo d'Ele.

O encontro com o Senhor exige essa atitude de lançar fora tudo aquilo que produz escravidão e que nos faz viver à margem da vida cristã. Faz-nos deixar de lado tudo o que nos paralisa no caminho e nos impede de estar a caminho como seguidores de Jesus. É preciso assumir a dignidade de filho. Não posso viver como um mendigo cego e sem direção, parado no caminho, estático perante a vida. Estar de prontidão é uma necessidade de vida, pois, sem prontidão e insistência diante do importante e fundamental, o Salvador passa por nós e permanecemos na mesma condição. Pois, no comodismo não acontece transformação de vida e muito menos dinamismo na graça do Espírito Santo, que tudo renova.

O discípulo verdadeiro de Cristo não deve estar na cegueira, precisa ver e contemplar o mistério, para que através do seguimento torne-se verdadeiro e profundo anunciador da Pessoa de Jesus. É preciso ser ativo, saber o que quer, pois, o sentido da busca define nossa salvação. Já que tudo aquilo que eu celebro na vida define minha história e determina o que eu sou, sejamos daqueles que sempre escolhem a melhor parte: celebrar a vida e não a morte! Filhos da Ressurreição, servos do Eterno Amor, chamados à Eternidade!

Tenha hoje em sua vida a atitude de Bartimeu, que não se acostumou com a mendicância, já que, parar nos restos, significa justamente deixar de viver e parar no espírito de morte. O Autor da Vida sempre está próximo a nós para transmitir vida em abundância; não se cale nem desista da vida! Grite como Bartimeu: "Filho de Davi, tende piedade, tende compaixão de mim!". Já que esse grito é de fé e de amor! Amém!

Padre Eliano Luiz Gonçalves, SJS
Fraternidade Jesus Salvador

26 de junho de 2009

Problemas do namoro

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A fase em que cada um vai conhecer o outro

O namoro é uma fase bela da vida, na qual duas almas se encontram com o desejo de realizar o anseio profundo de um dia viverem um para o outro, gerar os filhos e serem felizes. É um anseio que Deus colocou no coração de cada homem e de cada mulher; no entanto, esse tempo bonito pode se transformar em uma etapa triste na vida de muitos que não souberem enfrentar com coragem e sabedoria os seus problemas. Esses problemas não devem desanimar os casais de namorados, pois muitos deles podem ser evitados se antes de começarem a namorar tiverem um bom conhecimento recíproco, obtido por uma boa amizade anterior ao namoro.

Quando escrevi o livro "NAMORO", tive a sensação de que ele não seria muito lido pelos jovens, porque nele eu falo de um namoro responsável, sem o "ficar", sem vida sexual, entre outros. Mas eu estava enganado. Foi uma grande surpresa para mim e uma grande alegria constatar, depois de tantos anos, que de todos os livros que já escrevi, este é o mais lido por eles.

Eu e minha esposa recebemos centenas de cartas e e-mails de jovens que nos pedem orientação sobre o namoro e o noivado e seus problemas. Por isso escrevemos o livro "PROBLEMAS NO NAMORO", uma tentativa de completar o primeiro livro sobre esse assunto [namoro] e trazer um pouco mais de reflexão e orientação sobre os problemas mais comuns que surgem na vida dos namorados.

Analisamos mais de mil cartas e e-mails de jovens nos relatando os seus problemas e nos pedindo orientação; a partir desses depoimentos escrevemos essa obra. Achamos que, respondendo a essas perguntas, poderemos dar uma palavra mais objetiva e direta à juventude.

Preocupa-nos profundamente a falta de maturidade que hoje existe em muitos namoros e noivados; muitos dos quais se transformam apenas em relacionamentos sexuais, gerando muitas vezes uma gravidez, um aborto ou até mesmo um casamento imaturo que acaba durando pouco tempo. E isso vai levando a família ao esfacelamento, os filhos vão ficando sem a presença dos pais e sua formação e educação vão ficando prejudicadas.

Os problemas no namoro naturalmente surgem porque duas pessoas diferentes de repente se encontram e começam uma caminhada juntas. Nem sempre essa caminhada é fácil. São muitos problemas: traição, diferença de religião, relacionamento difícil com os pais, diferença de idade, dúvidas sobre a pessoa do outro. Desentendimentos e brigas no namoro, temperamentos diferentes, dúvidas e inseguranças no namoro; namoros muito longos ou muito curtos; ciúmes; a família do namorado; as diferenças de idades; traumas de namoros terminados; namoro e religião; diferença de religião; namoro de mãe ou pai solteiro; namoro com alguém que já foi casado; namoro pela internet; namoro à distância; namoro e sexo... e muito mais.

Muitas são as perguntas: Com quem namorar? O namorado do meu sonho pode ser o namorado que tenho? Quando namorar? Como namorar? Ficar e namorar? Devo continuar meu namoro? Por que não arrumo namorado? Quando se casar?

Esses são alguns dos problemas que centenas de jovens nos contaram e que pudemos analisar em 14 capítulos do citado livro. Como disse, é normal que surjam problemas durante esse período [namoro]; pois é a fase em que cada um vai conhecer o outro e isso nem sempre é fácil. Desse conhecimento surge a grande decisão de continuar ou não o relacionamento que pode se transformar futuramente em casamento.

Se há impasses intransponíveis, o casal não deve insistir demasiadamente em continuar o namoro e partir para um casamento "a qualquer custo". Isso pode ser destruidor para a vida de ambos. Os problemas precisam ser enfrentados com lucidez, coragem, honestidade e, sobretudo, com sinceridade.

Os valores essenciais de cada um não podem ser menosprezados; não se pode abdicar deles, especialmente quando se trata de valores morais e religiosos.

Todo casamento é um namoro que deu certo; e isso só acontece quando há uma convergência dos valores essenciais de cada um. Por isso, diante deles, não se pode "tapar o sol com a peneira"; se o obstáculo é intransponível, o relacionamento pode cessar, a amizade ser mantida e cada um partir para uma nova caminhada.

Por outro lado, se as divergências forem secundárias, por problemas que podem ser corrigidos com a presença e o amor, isso deve ser feito e é muito bonito. A grandeza de um namoro se mede especialmente pela capacidade de cada um fazer o outro crescer. Isso já é um treino para a vida a dois no casamento.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

24 de junho de 2009

Santidade ao alcance de todos

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A melhor resposta que damos ao amor de Deus

Desde a Antiga Aliança, realizada por intermédio dos Patriarcas, Deus chama o povo à santidade: "Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque Eu sou Santo" (Levítico 11,45).

O desígnio de Deus é claro: uma vez que fomos criados à Sua "imagem e semelhança" (cf. Gênesis 1,26), e Ele é Santo, todos nós temos de ser santos também. Isso é natural, porque fomos feitos para o Senhor; Ele não o deixa por menos.

São Pedro repete essa ordem dada ao povo no deserto, em sua primeira carta: "A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque Eu sou santo (Levítico 11, 44)" (I Pedro 1,15-16).

O grande apóstolo exortava os cristãos do seu tempo a romper com o pecado: "Luxúrias, concupiscências, embriaguez, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias" (1 Pedro 4,3), vivendo na caridade, já que esta "cobre a multidão dos pecados" (1 Pedro 4,8).

Da mesma forma, Nosso Senhor Jesus Cristo, no Sermão da Montanha, chama os discípulos à perfeição do Pai: "Sede perfeitos assim como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mateus 5,48). Cristo se refere à bondade do Pai, que ama não só os bons, mas também os maus e que "faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos" (idem 5,45). E pergunta aos discípulos: "Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?" (idem, 46).

Para o Senhor, ser perfeito como o Pai celeste o é, é amar também os inimigos, os que não nos amam. "Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e vos maltratam" (idem, 44). E mais ainda: "Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra" (idem, 39).

O Sermão da Montanha, relatado nos capítulos 5,6 e 7 de São Mateus, apresenta-nos o verdadeiro código da santidade. É como dizem os teólogos: é a "Constituição do Reino de Deus". É por isso que na Festa de Todos os Santos a Igreja nos faz ler no Evangelho esse discurso de Jesus.

São Paulo começa quase todas as suas cartas lembrando os cristãos, do seu tempo, de que são "chamados à santidade". Aos romanos, logo no início, ele se dirige a eles dizendo: "A todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos […]" (Romanos 1,7). Aos coríntios ele repete: "À Igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Cristo Jesus chamados à santidade com todos […]" (I Coríntios 1,2). Aos efésios ele também recorda, logo no início, que o Pai nos escolheu em Cristo "antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos" (Efésios 1,5). Aos filipenses ele exorta: "O discernimento das coisas úteis vos torne puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo" (Filipenses 1,10).

Para o grande apóstolo a santidade é a grande vocação do cristão. "Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza […]" (I Tessalonicenses 4,3-5). "Purifiquemo-nos de toda a imundície da carne e do espírito realizando a obra de nossa santificação no temor de Deus" (II Coríntios 7,1). "Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor" (Hebreus 12,14).

Santa Teresa de Ávila afirma que: "O demônio faz tudo para nos parecer um orgulho o querer imitar os santos". A santidade ainda não é um fim, mas o meio de voltarmos a ser "imagem e semelhança" de Deus, conforme saímos de Suas mãos.

A santidade é a melhor resposta que damos ao amor de Deus. É esse amor retribuído que levou os santos a fazerem a vontade de Deus e chegarem à santidade.

O Concílio Vaticano II afirmou que: "Todos os fiéis cristãos são, pois, convidados e obrigados a procurar a santidade e a perfeição do próprio estado" (Lumen Gentium, 41). Essas palavras da Igreja mostram que a santidade não é, como se pensava antes, um caminho para poucos "eleitos" de Deus, privilegiados; mas um caminho para "todos" os cristãos. Esse chamado é uma "vocação universal".

Todos os batizados, portanto, sem exceção, são chamados à santidade. "Eles são justificados no Senhor Jesus – diz o Concílio – porquanto pelo batismo da fé se tornaram verdadeiramente filhos de Deus e participantes da natureza divina e portanto realmente santos" ( Lumen Gentium, 40).

Vemos então que cada um de nós "recebeu" a santidade no batismo e deve viver de modo a preservá-la e aperfeiçoá-la.

Certa vez, o saudoso Papa João Paulo II disse em Roma, citando Bernanos: "A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos". Em outra ocasião, ele declarou aos catequistas: "Numa palavra, sede santos. A santidade é a força mais poderosa para levar a Cristo os corações dos homens" (L.R. nº 24, 14/06/92, pg 22 [338]).

Para viver a santidade devemos, como disse Santo Afonso de Ligório, "fazer o que Deus quer e querer o que Deus faz"; isto é, viver os mandamentos e aceitar a vontade do Senhor em tudo.

A Igreja existe para nos levar à santidade e nos oferece muitos meios de santificação: a oração, os sacramentos, os sacramentais, a Palavra de Deus, a fé. Além disso, nos santificamos pelos sofrimentos, pela vivência familiar como pais e filhos cumpridores de nossa missão; pelo trabalho realizado com amor. É no chão do lar, da fábrica, do asfalto, da rua, da luta diária que cada um de nós se santifica fazendo a vontade de Deus.

O mundo hoje precisa de muitos santos, como afirmou João Paulo II aqui no Brasil; santos modernos, de calça jeans, tocando violão e tudo o mais.

fonte: www.cleofas.com.br

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

22 de junho de 2009

Graça, acesso ou mistério intransponivel?

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É algo que de fato porta a acessibilidade ao Eterno

Certamente, é difícil expressar em conceitos aquilo que compreendemos por Graça, e como a percebemos agindo em nossa história. Contudo, nesse espaço de tempo, meu empenho se remete a tal conquista. Contemplando, perceberemos que nossa história é constantemente marcada pela Graça, por essa inafastabilidade do Definitivo que sempre abarcou aquilo que somos, sendo o significado perene e silencioso a investir nossas ausências, e a superar nossa compreensão a respeito da vida e de nós mesmos.

Graça: É uma daquelas realidades que "sabemos" o que é, que conseguimos reconhecer sua essencialidade em nossa vida, mas que, ao mesmo tempo, não conseguimos abarcar totalmente nem expressar com inteireza. É como o ar... Sabemos que ele está aí e nos sustenta na existência, no entanto, não podemos domesticá-lo nem aprisioná-lo em nossos cofres e contas bancárias.

Mas enfim: A Graça é algo que de fato porta a acessibilidade ao Eterno, sendo ponte para Ele? Ou, é um Mistério intransponível, que obscurece ainda mais as pequenas fagulhas de luz que temos acerca do Inabarcavel?. Acredito ser um pouco das duas coisas...

Percebo que a ambigüidade que obscurece a compreensão acerca de tal Mistério não acontece tanto em sua "imanência" enquanto Presença que se manifesta, mas sim na idéia/conceito que nutrimos referente à Ele, pois, a Graça sempre esteve presente no "aqui humano", mas nem sempre os corações tiveram a precisa sensibilidade para a descobrir e interpretar.

A Graça, enquanto inafastabilidade do Eterno, sempre povoou a história dos homens. Quando se faz, a partir d'Ela, uma leitura dos fatos percebe-se sua Ação e gerência silenciosa conduzindo os acontecimentos e engendrando grandes benefícios, até mesmo de imensas dores e desventuras épicas. Apalpa-se concretamente tal gerência também habitando a história da eclesiástica, onde a força do inverno nunca foi capaz de subtrair o brilho e a vida da primavera, mesmo em momentos onde existiram profundos erros e contradições.

Nesse sentido, a Graça sempre foi acesso para entender a história da vida humana, e para aproximar-se d'Aquele que sustenta essa história. Contudo, Essa também se estabelece como um mistério intransponível, que nos faz perceber nossa finitude para compreender tal Ação no tempo e na história e, consequentemente, nossa necessidade de abandonarmo-nos em Seu regaço de acolhida e proteção.

Graça é compreensão, é Presença, e é também, afastamento.

A ausência também é necessária. Ela ensina o valor da presença, e mais: Ela nos faz perceber o que verdadeiramente somos na relação com o Eterno e o devido lugar que devemos ocupar em tal relação, levando-nos a concretamente assumir nossa condição de dependencia e filiação.

O ocultamento também se estabelece como ação contínua e eficaz da Graça. Ele revela que precisamos estar sempre buscando para encontrar, pois nossa pátria não é "aqui" e estamos sempre a caminho. Ele – ocultamento da Graça - nos liberta do comodismo provocado pela suposta pretensão de sermos possuidores absolutos da Graça divina.

A Graça é uma realidade sempre presente e atuante na vida humana, mesmo na ausência de sua compreensão e na opacidade dos dias.

É preciso que desenvolvamos a devida sensibilidade para percebê-la e acolhê-la em Sua maneira peculiar de agir em nossa história. Assim seremos mais plenos de sentido na vida e construiremos significativamente, já aqui nessa terra, os alicerces de uma profunda comunhão com o Eterno, que atingirá o seu ápice na Vida que há de vir.

Recadinho do zandona Olá Dado!

Envio em anexo 1 novo artigo p o portal.. Ele é 1 pouco + trabalhado, pois possui endereço e finalidade definidos (no sentido de público alvo na net..). Gostaria q, sê possível, os seus termos e indicações não fossem modificados, devido a plastica q procurei imprimir nele.

Fica c Deus!

Adriano Zandoná

Foto Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com

19 de junho de 2009

Lutero e Calvino amavam e professavam a fé na Mãe de Deus

Arquivado em: 001.010 Em Defesa de Maria Santíssima, 002. Em defesa da Fé — caducn at 5:37 pm on segunda-feira, julho 30, 2007

No podcast dessa semana (que você pode ouvir clicando aqui), falamos sobre o título dado a Maria de Theotokos, ou seja, A Mãe de Deus. Hoje em dia, vemos muitos irmãos protestantes criticando Maria. O que é interessante, é que os fundadores da Reforma Protestante, como Lutero e Calvino, não criticavam a Mãe de Deus, mas ao contrário respeitavam, amavam e até pediam a sua intercessão. Por isso estarei colocando aqui alguns dos muitos pensamentos desses homens. Agora pense comigo: Por que esse desrespeito tão grande a Santíssima Mãe de Deus? De onde partiu? Qual a origem? Se isso não estava na base da Reforma Protestante, por que todo esse furor contra a Santíssima Virgem?

Veja o que Lutero dizia:

"Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante (nunca poderemos exaltar o suficiente), a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade." (Martinho Lutero, "Comentário do Magnificat", cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista "Jesus vive e é o Senhor").

"Peçamos a Deus que nos faça compreender bem as palavras do Magnificat… Oxalá Cristo nos conceda esta graça por intercessão de sua Santa Mãe! Amém." (Martinho Lutero, "Comentário do Magnificat").

"Maria é digna de suprema honra na maior medida." ("Apologia da Confissão de Fé de Augsburg", art. IX).

A respeito da Santa Mãe de Deus fala também João Calvino:

"Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus." (João Calvino, Comm. Sur l'Harm. Evang.,20)

Que nós católicos possamos reparar o Santíssimo Coração da Virgem Mãe de Deus a todas as ofensas cometidas a sua pessoa. Que nós possamos honrar a Santa Mãe de Deus com nossas orações e nosso testemunho de amor.

18 de junho de 2009

Um Deus mocinho ou bandido?

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Quando o sofrimento é do outro, tudo se explica

No meu ministério de atendimento aos sofredores de modo geral, uma coisa tem me intrigado: por que a maioria das pessoas atribui a Deus a "culpa" pela sua situação difícil? Isso seria consequência de uma formação religiosa superficial ao ensinar que, em vários sentidos, Deus é origem de todos os movimentos sobre a face da terra? Seria uma indevida aplicação da terceira lei de Newton com relação à espiritualidade, fazendo-nos pensar que, aí também, todo efeito tem uma causa? Seria essa mentalidade provocada pelo senso comum da narrativa literária ocidental ao afirmar que em toda história tem de haver necessariamente um mocinho e um bandido?

É incrível, mas pessoas piedosas e com grande abertura para o bem e para a paz, quando são assoladas pelo sofrimento, migram para o infrutífero lugar de vítima. Parece que enquanto o sofrimento está no outro, tudo se explica e se consola a poder de reza, tudo se encaixa na ordem do mundo espiritual e fica fácil falar em coisas perigosas como "os desígnios de Deus"; e é automático recorrer à imensa gama de clichês bíblicos que tentam impor a resignação. Mas quando o sofrimento chega pela porta dos fundos, ou seja, quando seu destinatário são essas mesmas pessoas piedosas, então nada daquilo que foi dito para o outro serve para si mesmas, todas as certezas parecem ruir e todo sólido discurso religioso parece dissolver-se no ar.

Muitos cristãos não conseguem assimilar o sofrimento como algo que faz parte da vida, mesmo sendo esse segredo o que há de melhor no Cristianismo. Tão familiarizados com a dor que mana do crucifixo e tão acostumados a reler Jesus alertando que a dor faz parte do nosso caminho – "no mundo, tereis aflições", "renuncia a ti mesmo, toma a tua cruz", "bem aventurados os que choram", entre outros –, nós às vezes sofremos como pagãos, como os que "não têm esperança" (cf. 1Ts 4,13).

Podemos nos colocar frente ao sofrimento pelo menos de duas formas bem distintas. Podemos considerá-lo uma espécie de "boletim de ocorrência" que precisa ser investigado até que se encontre o culpado (e quase sempre já iniciamos a investigação tendo Deus como único suspeito). Ou podemos encará-lo como um mistério; e ninguém ousa interrogar mistérios, porque soa desrespeitoso e inútil. Mistérios nós apenas contemplamos e nos deixamos tomar por eles. Se possível, buscamos encontrar neles alguma beleza ou algum aprendizado, para que não passem por nós em vão. Não há nada mais a fazer. O resto é silêncio, paciência e espera em Deus.

A Escolástica nos ensinou que Deus é sumamente imutável, impassível e feliz: nada pode abalar Seu estado de espírito, nada pode impeli-Lo de coisa alguma. Ensinou-nos também que o Altíssimo é Onipotente e pode absolutamente tudo. E que, se Ele pode tudo e não o faz, é certamente porque não o quer. Logo, o sofrimento de uma pessoa seria claramente vontade divina. Esse é o conhecimento teológico necessário para se formular a imagem de um Criador frio e indiferente. Portanto, é urgente acrescentar a tudo isso o maior atributo do Todo-poderoso: a compaixão. A natureza divina não sofre em si mesma, porque é perfeita e completa. Mas o Senhor sofre, sim, em relação aos outros. Ele sofre por amor a nós. Essa é a face de Deus Pai revelada por Jesus: um Deus que sofre com os que sofrem e chora com os que choram.

Amar não significa impedir, a todo custo, o sofrimento do amado, mas sim, manifestar-lhe companhia e apoio quando surgir o infortúnio inevitável. Se uma mãe estivesse determinada a impedir qualquer sofrimento de se aproximar de seu filho, ela não o deixaria sair do útero, nem cortaria o cordão umbilical, tampouco o deixaria brincar, ir à escola, entre outros. Isso, claro, não seria amor, e sim, absurdo egoísmo, "fagocitose" afetiva. Porque é impossível crescer e ser feliz sem experimentar o sofrimento, consequência natural do confronto de liberdades humanas.

Entender isso no geral é até fácil. Difícil é aplicá-lo concretamente na dor particular, no drama de um momento pontual. Também há desníveis na forma de encarar os diversos tipos de sofrimento: físico, psicológico, moral, acidental, provocado, e assim por diante.

Padre Juliano R. Almeida - Cachoeiro do Itapemerim
julianorial@gmail.com

15 de junho de 2009

Idolatria

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Idolatria é escolher um deus falso

Idolatria é escolher, adorar e servir um deus falso em lugar do Deus verdadeiro. São Paulo definiu muito bem essa prática: "Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos!" (Romanos 1,25).

Uma das diferenças do Deus verdadeiro do deus falso é que este é "oco". Por isso, no passado, um dos símbolos dos deuses falsos eram as imagens ocas. Representavam um "deus oco". Um deus "vazio", fraco!

Hoje, o grande erro é confundir a idolatria com as imagens. Idolatria é escolher um deus falso. Escolher adorar e servir à criatura em vez do Criador. Essas criaturas são as mais diversas. Não é difícil identificar os deuses falsos de hoje.

Os atuais ídolos, os deuses falsos e "ocos" dos nossos dias são: o Prazer, o Poder e o Ter. Esses são os ídolos, isto é, os "deuses ocos" dos tempos atuais. Por serem ocos não satisfazem nunca os que os buscam. Esta é, por exemplo, uma das razões pelas quais não encontramos nenhum ganancioso que diga: "Tenho dinheiro que chega, estou satisfeito". Quando o dinheiro se torna um ídolo, um deus oco, ele não preeenche o coração do ser humano.

O mesmo vale para o prazer. Quem faz do prazer um deus, este nunca se satisfaz. Busca-o desenfreadamente e sente-se sempre vazio. Vai à praia, ao jogo de futebol, viaja, come, bebe, mas se sente sempre vazio. Porque está indo atrás de um deus "oco", de um ídolo.

O mesmo podemos dizer do poder. Quem tem o poder, não para servir, mas para dominar, busca sempre tê-lo mais e nunca está satisfeito. Nesse caso o poder também se transforma num deus falso, oco, um ídolo.

A idolatria é o maior pecado. A árvore da qual brotam os outros nossos pecados. É uma escolha de um deus oco e não um cheio. Por isso, deixa vazios aos que escolhem adorá-la e servi-la.

Padre Alir

8 de junho de 2009

A família perfeita

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A restauração da minha família depende de mim

A família perfeita é aquela que não desiste de caminhar, de construir e restaurar o seu lar. A família é igual a uma casa em reformas, é o maior transtorno, às vezes, poeira, entulho, tudo que uma construção pode trazer. Penso que você consiga imaginar. Mas esse retrato de uma casa em construção demonstra que ninguém está parado em si ou acha que já esteja pronto; apesar dos incômodos está em construção, em reforma, em restauração. E ninguém restaura um bem se ele não for muito precioso, e isso é um sinal muito positivo. Quem já não leu este aviso em construções públicas: "Desculpe o transtorno. Estamos em construção para atendê-lo melhor".

A primeira coisa que precisamos notar é que em casa ninguém é igual, e estamos em níveis de maturidade diferentes. Os pais têm mais experiência, mas entre eles há diferenças. Os filhos estão crescendo, sendo construídos em todos os sentidos: no físico, no psicológico e no espiritual. Aqui entra em ação o material para construir cada um, que se chama respeito e paciência com o processo do outro. Por isso, a família precisa ser o ambiente propício para as mudanças, para o crescimento e até para as crises. Ninguém deve ter vergonha de ser o que é e de estar como está em casa. Em minha opinião, existem alguns pontos primordiais para construir e restaurar a família:

1º Restaurar o relacionamento com Deus: a base do sacramento do matrimonio é o amor, sem fazer a experiência de Deus é impossível amar de verdade. O amor real, muitas vezes, passa pela experiência da morte, do aniquilamento, do esquecer-se de si mesmo; e tudo isso, sem Deus, é impossível superar. Mas é preciso respeitar a experiência religiosa de cada um, saber que ela também é individual, mas que dá para fazer um caminho para Deus, JUNTOS!

2º Fazer da minha casa um ninho de amor: na minha casa eu decido amar primeiro, o processo começa em mim, por essa razão, eu não posso cobrar aquilo que ainda não consigo dar. Procurar defeitos nos outros, culpados, não resolver as situações de tensão ou dificuldades vividas em casa, faz dela um inferno e não um pedaço do céu. Eu preciso sentir o desejo de voltar para casa, ela precisa ser o meu refúgio, meu oásis no meio do deserto. Minha casa e minha família precisam me atrair, significam porto seguro, lugar onde não importa a minha condição: EU SEI QUE SOU AMADO.

3º Partilha e diálogo: isso quer dizer onde todos crescem no conhecimento de si e dos outros. A falta de diálogo e partilha deixa crescer dentro dos membros da família os venenos que podem destrui-la, gerando os ressentimentos e as mágoas, a falta de perdão e o medo de se revelar. Dentro de casa precisa se promover um clima de confiança e aceitação do outro, eu preciso me sentir acolhido para partilhar a minha verdade. Outro dia ouvi a experiência de um movimento que se chama Equipes de Nossa Senhora, o qual trabalha com casais. Eles têm uma prática que se chama "direito de sentar-se". Sentar-se à cadeira, sentar-se à mesa, para falar e ouvir tudo que o outro precisa dizer. ISSO É CARIDADE.

Nós não podemos esquecer que cada um tem a sua parte essencial e importante na construção da família; os pais têm seu papel de pilar de sustentação e construção da casa, mas os filhos dão sentido, vigor e alegria aos genitores. E assim vamos construindo famílias restauradas.

Oração

Pai santo, Pai amado, a restauração da minha família depende da minha participação ativa e consciente. Do meu amor e compreensão, respeito e paciência com o processo dos meus pais e irmãos, por isso, que eu não sonegue amor e verdade, perdão e misericórdia para com os meus, que esse processo comece em mim primeiro. Eu decido amar primeiro em minha família e colaborar com a restauração do santuário da vida, que é minha casa. Amém.

Minha bênção fraterna.

Padre Luizinho - Comunidade Canção Nova
http://blog.cancaonova.com/padreluizinho

4 de junho de 2009

Permaneço na Igreja onde sou bem acolhido

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...ou até não sofrer nenhuma decepção

Hoje em dia, a maioria da população vive na cidade. Cada vez mais aumenta o número dos que deixam os ambientes rurais e cidades pequenas para habitarem nos grandes centros urbanos. É indispensável que este dado seja considerado para que possamos nos dar conta da importância da acolhida em nossas igrejas e comunidades.

A vida no interior

No ambiente rural, nas vilas ou pequenas cidades, normalmente, todas as pessoas se conhecem. Podem não saber endereços, mas, com a maior facilidade, sabem indicar ou levar alguém aonde quer que este precise chegar. Estas localidades favorecem que as pessoas tenham muitas coisas em comum, que as aproximam e unem:

- Ali existe uma escola da qual se sabe o nome do diretor, professores e até dos funcionários;

- Ali pode existir um pequeno time de futebol para o qual todos torcem ferrenhamente;

- Existe uma igreja da qual todos se sentem membros e responsáveis;

- O dono da venda conhece, literalmente, todos os seus "fregueses de carteirinha";

- Quando alguém nasce, celebra-se um casamento ou uma festa na comunidade, todos ficam sabendo ou se sentem envolvidos.

- As pessoas têm amigos a quem recorrer na hora da necessidade.

- Em caso de morte, toda a vila para a fim de se juntar à família enlutada. E assim por diante…

A comunidade existe em toda a sua essência, ou seja, as pessoas têm muitas coisas em comum, conhecem e são conhecidas e acolhidas em qualquer casa e ambiente social.

A vida na cidade grande

No ambiente urbano há uma realidade totalmente distinta do ambiente rural:

- Pouquíssimos sabem quem é o diretor da escola, muito menos quem são os professores;

- Os pais dos alunos têm em comum apenas a pessoa que vai apanhar seus filhos na escola, mas poucos se conhecem e muito mal se cumprimentam;

- Não existe um time de futebol do bairro;

- Cada um faz suas compras em um local diferente, e muitas vezes de acordo com o que está em oferta. Ali é atendido por um caixa que no máximo pergunta: "Qual é a forma de pagamento?" Nas grandes cidades nada se adquire sem dinheiro. Nada de cadernetinha!…

E quanto à igreja da cidade?

Como é recepcionado um novo e desconhecido membro recém-chegado? É importante atentar para o fato de que, por sermos uma Igreja com muitos membros, podemos correr o risco de conhecer apenas os que participam do mesmo grupo de pastoral ou movimento. Quanto aos demais, quem conhecemos?

Infelizmente, não é raro acontecer de um fiel frequentar uma determinada igreja durante 20 anos e permanecer um anônimo no meio da multidão, por não estar engajado em nenhuma atividade que o torne conhecido. Assim, embora sua participação seja importante, pois está sempre presente nas celebrações, muitas vezes é dizimista, tem filhos na catequese, continua um desconhecido e sua ausência dificilmente será notada!…

Então, o que pode acontecer com o novato que timidamente chegou de fora, que tem dificuldade de relacionamento social ou se sente acanhado quando chega pela primeira vez em nossa comunidade? Habituado a um relacionamento caloroso e interpessoal na sua vila, roça ou cidade pequena, ao chegar à cidade grande e perceber a frieza do ambiente, fatalmente se sentirá deslocado. Então começa a girar de igreja em igreja à procura de uma acolhida melhor e mais calorosa.

Rodando pelas igrejas, num determinado dia, sente-se bem recebido e valorizado. A tendência é que diga: "Finalmente encontrei o que eu tinha no passado ou que sempre sonhei: pessoas com quem posso me relacionar e, junto, louvar e servir a Deus". A partir desse encontro, permanecerá ali. Passará a ouvir a Palavra e se tornará um membro ativo, ao menos enquanto não sofrer nenhuma decepção.

Este pode ser o caminho não apenas daquele que vem do interior, mas de muitos outros que sentem um vazio ou passam por momentos de crise em sua vida. Por isso procuram uma igreja. Mas também procuram pessoas com quem possam relacionar-se e ouvir palavras que possam dar um rumo em sua vida.

A vida na cidade é muito fria. As pessoas representam "perigo", "ameaça", são encaradas como "concorrentes" e não como amigas e companheiras em quem se possa acreditar e confiar. Por isso mesmo, ao encontrar irmãos que as acolham acabam ficando por ali mesmo. Muitas vezes, percebem que estar ali não é o mais correto, que doutrinalmente não é o melhor. Que há muitas coisas contra sua fé original e contra a Igreja a qual pertenciam. Mas, por causa do calor humano, permanecem ali. A acolhida e o calor humano acabam "falando mais alto" que as verdades teológicas e a fé recebida de berço e cultivada durante muitos anos numa Igreja. Eis, então, onde pode surgir nosso ardor missionário enquanto discípulos de Jesus: no acolher. Acolher com calor humano e com uma evangelização que faça com que cada católico tenha um encontro pessoal com Jesus Cristo, como nos foi pedido no Documento de Aparecida.

Nas cidades, o acolhimento passou a ser, para muitos, o primeiro e principal valor e referência. "Vou e permaneço onde sou bem acolhido", passou a ser a prática para muitos que foram batizados e permaneceram por um período na Igreja Católica. "Afasto-me e não volto mais quando ou onde sou mal acolhido, porque minha expectativa de ser bem recebido não foi correspondida".

Nas cidades não há mais a escola, o time de futebol, a venda, a igreja e os costumes que uniam essas pessoas aos outros. Nelas tudo é estranho e confuso. Não restaram mais os antigos valores. O que restou mesmo foi a acolhida. "Aqui cheguei. Aqui me encantei. Aqui ficarei. Porque aqui fui bem acolhido. Onde sou acolhido crio raízes"!

Portanto, conto com você: Reforçando o que foi citado no artigo anterior, "a acolhida faz a diferença" muitos deram suas sugestões, espero que você acolha este artigo e dê sugestões práticas de como cada um de nós, membros da Igreja Católica, independente do posto ou grau que ocupamos ou servimos, pode se tornar mais acolhedor.

Se este é o grande e esperado modo de conquistar nossos irmãos, cultivemo-lo!

A partir de ideias e sugestões prometo escrever um terceiro artigo visando aprofundar este assunto tão importante e pertinente.

Padre Alir

1 de junho de 2009

Tomar decisões fundamentadas

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Aprender é uma experiencia que nos acompanha até o fim

Para que uma pessoa se relacione melhor com ela mesma, ela precisa compreender-se e aceitar-se. O melhor caminho para isso é ter um bom conhecimento do seu potencial, das suas capacidades e das suas limitações. No frontispício do Templo de Apolo, em Delphos, já estava escrito: "Conhece-te a ti mesmo". Essa é a condição básica para qualquer pessoa assumir a sua identidade, aquilo que a singulariza, que a torna única. Quanto mais conhecimentos alguém tiver de si, maior será a sua capacidade de se posicionar corretamente frente aos desafios impostos pela vida.

Para se tornar autônoma e traçar seu próprio caminho no mundo, a pessoa necessitará de critérios consistentes para avaliar situações e tomar decisões diante delas. As boas decisões são aquelas que se fundamentam em nossas crenças, valores, pontos de vista e interesses. Como fazer isso, porém, sem se conhecer bem, sem saber onde está e aonde quer chegar? Informações e dados confiáveis são as matérias-primas mais evidentes de todo o processo de tomada de decisão, embora elas jamais sejam inteiramente substitutas da percepção intuitiva e da visão abrangente do todo.

Aprender com a experiência acumulada nos planos individual e social foi sempre uma das grandes vias de crescimento do ser humano. Analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações do passado, e disso extrair lições e princípios orientadores sobre como conduzir no presente e no futuro, fez, faz e fará a diferença na vida das pessoas, das organizações, das sociedades, das nações e da própria humanidade. Em qualquer tempo e lugar, saber o que aconteceu outrora é uma fonte de elementos que nos ajudam a decidir sobre o que deve e o que não deve ser feito no presente e no futuro.

Quanto mais a pessoa for capaz de conhecer a si mesma, sua circunstância, onde se encontra e a trajetória a ser percorrida para chegar até aqui, tanto maior será a sua capacidade de visualizar aonde pretende ir e de traçar um caminho para chegar lá.

Quanto mais uma pessoa conhece aquilo que faz, tanto maior a sua capacidade de fazê-lo cada vez mais e melhor (produtividade e qualidade). A quantidade e a diversidade dos conhecimentos adquiridos por uma pessoa ao longo da vida tornam-na mais polivalente e flexível, aumentando suas possibilidades de se adaptar às mudanças e de aproveitá-las para seu crescimento pessoal e profissional.

Compartilhar o que se sabe com outras pessoas e exercer uma influência construtiva sobre suas vidas é o principal caminho de que dispomos para ajudar outros seres humanos a desenvolver o seu potencial. O nome dado a esse caminho é educação. Esta abrange todos os processos formativos que ocorrem nos diversos âmbitos da existência humana: família, trabalho, escola, movimentos sociais, meios de comunicação e atividades culturais. E tende, cada vez mais, a ampliar os seus meios e o seu raio de ação, ocupando um maior espaço na vida das pessoas e das organizações.

Para gerar novos conhecimentos, a pessoa apóia-se na sabedoria que já detém, pois lhe serve como matéria-prima nesse processo. Quanto mais uma pessoa aprende, mais aumentam as suas necessidades de aprendizagem e sua capacidade de adquirir novos conhecimentos. Não podemos mais pensar em pessoas formadas. Todos nós estamos em formação ao longo de toda a vida. Aprender, portanto, é uma exigência que nos acompanha do início ao fim de nossa existência. Quanto mais conhecimentos adquirimos, mais aumenta a nossa área de contato com o desconhecido e, assim, cada vez mais ampliam-se as nossas necessidades de aprendizagem. Aprender é crescer. E nenhum tempo é inadequado para isso.

Artigo extraído do livro Educação

Antonio Carlos G. Silva

29 de maio de 2009

Renovados pelo Espírito

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Conhece-se uma árvore pelos frutos, e não pela casca

"Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele" (Romanos 8,9).

Se quero ser de Jesus, preciso ser conduzido pelo Espírito de Jesus, que é o Espírito Santo: Aquele que gerou Jesus no seio de Maria e conduziu toda Sua vida e que o mesmo Jesus nos deu na cruz, segundo São João, quando Sangue e Água saem do Seu coração. Aquele que Ele soprou sobre os discípulos no dia da ressurreição, num domingo de manhã, quando o Espírito caiu em Pentecostes, é esse mesmo Espírito que foi derramado.

"Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará vida a vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós" (Romanos 8,11).

Nem quando caímos no pior pecado o Espírito Santo nos abandona. O terrível do pecado é que não foi só na cruz que Jesus se fez pecado por nós. Cada vez que pecamos, levamos o Espírito Santo e Jesus. Uma vez que comungamos, como receptáculos da Trindade, levamos o Espírito Santo, Jesus e o Pai a pecar.

Quem se deixa conduzir pelo Espírito produz os frutos do Espírito. Assim, é muito fácil para as pessoas com quem convivemos perceberem se somos ou não batizados no Espírito Santo. É pelos frutos que vemos se uma pessoa é batizada no Espírito Santo.

Conhece-se uma árvore pelos frutos, e não pela casca. Então, quais frutos que estamos deixando o Espírito Santo produzir na nossa vida? Aqueles que acolhem o Espírito produzem os frutos do acolhimento, enquanto aqueles que resistem ao Espírito produzem os frutos da resistência.

Nosso serviço, nossa vida, realiza-se conforme a renovação do Espírito, e não mais sob a autoridade envelhecida da letra. Renovação não é inovação, não é estar em busca de novidades e nunca estar satisfeito. Renovação é descobrir, a cada dia, esse novo que há em mim, é restaurar. E restaurar é dar novo vigor baseado no modelo original, o de Jesus Cristo e Maria Santíssima.

Para restaurar uma obra de arte é preciso conhecer o artista que realizou o trabalho. Jesus e o único ser entre nós que conhece o coração do Pai. Quando deixamos de lado o pecado e buscamos as coisas do alto (Col 3, 8), ocorre um processo de restauração, à imagem daquele que nos criou. Se quisermos ser felizes, também temos que ser cheios dessa graça.

(Artigo extraído do livro "Renovados pelo Espírito Santo")

Pe. Leo - SCJ

27 de maio de 2009

Libertos de nossas amarras

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Às vezes, não compreendemos a maneira como Deus usa para nos curar

Numa montanha muito distante havia uma vila que era liderada por um chefe. Aconteceu que o filho desse líder estava com fraqueza nas pernas. Então, ele conseguiu duas muletas para o filho. Mas as pessoas que moravam na vila não sabiam o que eram muletas e por que o filho dele as estava usando. Eles achavam que era porque o líder era um homem rico – e olharam para o filho dele com inveja. E todos desejaram um dia também ter duas peças dessas.

Num belo dia, uma das pessoas da vila conseguiu para o filho duas muletas. Com esses objetos eles achavam que eram pessoas civilizadas. E, finalmente, todos os habitantes da vila andavam de muletas. Até que um dia um dos filhos mais jovens perguntou por que ele não poderia caminhar com as próprias pernas. E todos achavam que ele estava louco, porque todos achavam que a forma normal de caminhar era sempre com o apoio das duas peças. Mas esse jovem deseja ir contra aquela tradição daquele lugar e diante de todos deixou as duas muletas caírem. Mas ele não conseguia mais andar sem elas, pois suas pernas estavam fracas.

Às vezes, olho para as pessoas e sinto que elas não são livres, "andam de muletas". Muitas vezes, nós estamos curvados como escravos. Não estamos agarrados a muletas, mas aos nossos pecados, medos, raivas, solidão, ansiedade, tristeza, sentimentos de culpa, depressão, estresse. Somos escravos.

O problema é que muitas vezes achamos que o normal é viver assim. Vivemos num estado de escravidão.

Jesus, hoje, pergunta a você: "Você deseja ser curado? Ser liberto?" Cristo não vai tomar uma atitude se não dissermos "sim" para Ele.

Todos nós sabemos que ao usarmos um remédio errado ou uma terapia equivocada podemos causar um dano enorme a nós mesmos. Muitas vezes, estamos diante de Jesus e queremos dizer a Ele o que fazer. Mas não vai funcionar porque Ele nos conhece por dentro e por fora. Então, a questão é confiar no Senhor, dizer a Ele: "Eu confio em Vós. Cura-me da maneira que o Senhor achar que deve me curar".

Às vezes, não compreendemos a maneira que Deus Pai usa para nos curar. A questão é que o Senhor tem um plano diferente para cada um de nós. A minha cura total acontece no momento que eu me entrego totalmente nas mãos de Deus.

Muitas pessoas realmente rezam, leem a Palavra, mas esta não se torna vida em suas vidas. O que está acontecendo? Falta-lhes o "Ruah" – o Sopro que transforma a vida. Já temos o Espírito Santo por meio do Batismo e do Crisma, mas, muitas vezes, não permitimos que Ele aja. Por isso, Jesus falou a Nicodemos: "Você precisa ser batizado no fogo". Que fogo é esse? É exatamente o fogo que desceu sobre os apóstolos no dia de Pentecostes.

Eu preciso dessa força para não ser enganado pelo mal, para lutar contra o pecado, para continuar fazendo a vontade de Deus em tudo na minha vida. Mas quem é que vai me dar toda essa força de que eu preciso? Só se eu for batizado no Espírito Santo de Deus. Estarei, então, aberto para o Senhor realizar toda a cura em mim.

Frei Elias Vela

25 de maio de 2009

Vencendo aflições, alcançando milagres

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O desespero torna pior o estado da pessoa

Em algumas situações específicas, em que duas pessoas eram condenadas à morte, os romanos costumavam aplicar uma pena extremamente cruel. Amarravam as duas pessoas uma à outra, rosto com rosto, braço com braço, mão com mão, perna com perna e assim por diante; depois matavam apenas um deles e colocavam a ambos no sepulcro, amarrados. À medida que o cadáver ia se decompondo, liberava substâncias que consumiam em vida o corpo daquele que com ele estava amarrado.

Dessa maneira, podemos entender melhor a que São Paulo aludia ao dizer: "Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte?" (Romanos 7,24). Ele não falava de seu corpo físico, mas do corpo do pecado ao qual estava amarrado.

Qual aquele condenado, não temos forças para nos livrar deste corpo de pecado que nos consome; estamos de tal maneira amarrados a ele que parecemos formar um só corpo; e não estamos amarrados por fora, mas por dentro, em nosso coração.

Precisamos de alguém que nos desamarre e nos livre desse corpo que nos mata e que nos faz apodrecer em vida.

Os cristãos são o suave odor de Cristo, mas, quando se tem um corpo de pecado trancado no coração, o próprio coração se corrompe e começa a empestear, com o mau cheiro, o ar à sua volta. Em vez de ser causa de alegria e felicidade para si e para os outros, torna-se causa de sofrimento e infelicidade porque se afasta de Deus entrando em discórdia com as pessoas para defender interesses egoístas.

A verdade é que somos as primeiras vítimas desse mal; sentimo-nos tristes, abatidos e abandonados porque somos pecadores, porque, em nosso coração, vive uma lepra chamada pecado, que o insensibilizou à presença amorosa de Deus. E o pior é que não podemos fugir dele, como se foge de uma pessoa desagradável; não podemos fugir, porque o pecado nos fala de dentro do nosso coração (cf. Sl 36,2), nós o levamos conosco para onde vamos.

Tenha certeza: o pecado é o motivo de sua tristeza, e só Jesus pode lhe devolver a alegria verdadeira. É necessário que Ele o liberte desse mal, mate essa lepra e mude seu coração corrompido em um novo coração. Toda pessoa que pensa ser impossível que seus pecados lhe sejam perdoados, entra em desespero e com o seu desespero torna o seu estado pior do que era antes. Então, tenha confiança em Deus!

Se você alguma vez já se sentiu perdido e, por causa de alguma coisa que fez, teve medo de cair no inferno, sentiu-se desolado e sem forças, se depois de repetidas lutas contra um mesmo pecado mais uma vez você foi vencido e sentiu vontade de desistir, tenho uma ótima notícia para você: Só quem assim se sentiu pode experimentar o que é ser salvo pelo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, e este mesmo Jesus pode eliminar a sua tristeza na raiz.

.: Do livro: "Vencendo Aflições Alcançando Milagres"

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

20 de maio de 2009

Só em Deus encontramos repouso

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Jesus quer nos dar muitas coisas, mas o mais importante é a vida eterna

No livro dos Números, Deus convocou o povo para reunir 80 homens na tenda de reunião. Enquanto isso, fora do acampamento, outros dois homens ficaram cheios do Espírito Santo e eles começaram a profetizar. Não há obstáculos para Jesus, mesmo quando Ele encontra as portas fechadas. Mesmo as pessoas que não estão aqui presentes, o Senhor vai a todos os lugares e você pode encontrá-Lo mesmo que as portas estejam fechadas.

Jesus disse: "Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve" (Mateus 11, 28-30).

Quantos de nós experimentamos o cansaço em meio ao mundo de hoje. O Senhor nos propôs uma cura nessa passagem bíblica, mas na dimensão da fé. Nosso Senhor Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, está no meio de nós. D'Ele ouvimos o convite: "Vinde a mim!" Você pode se perguntar: devo ir aonde?

Hoje em dia, muitos se apresentam como a solução para os seus problemas. Por isso precisamos tomar cuidado para não sermos enganados por pessoas que estão pensando somente em seus próprios interesses. Jesus tem para nós algo muito melhor, porém, para isso, você tem que deixar aqui o seu "homem velho". Muitas pessoas deixaram de seguir o Senhor porque não foram atendidas na hora.

Jesus quer nos dar muitas coisas, mas o mais importante é a vida eterna. O restante é acréscimo, por isso, muitas vezes, não recebemos o que pedimos, porque para nós o mais importante é o Reio dos Céus. Santo Agostinho afirma que de nada adianta viver bem, se não viver eternamente.

A nossa presente tribulação, momentânea e passageira, nos proporciona um peso eterno de glória incomensurável. Porque não miramos as coisas que se veem, mas sim as que não se veem.

Há uns 800 anos, São Francisco disse: "Meus filhos, grandes coisas prometemos a Deus, mas muito maiores são as que Ele nos prometeu. Pequena é a pena, o sofrimento do tempo presente, mas a glória que nos espera é infinita".

Quando não acreditamos na vida eterna, qualquer sofrimento parece ser insuportável. Mas quando acreditamos nela, o que são os sofrimentos da vida diante dos bens eternos?

Faço um apelo para sua fé: as coisas visíveis são momentâneas, mas os que Deus quer nos oferecer é eterno. Vale a pena dar a vida por aquilo que é eterno!

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

13 de maio de 2009

Uma caricatura de casamento

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Inúmeras são as justificativas, mas pouco plausíveis os argumentos

Como acreditar na possibilidade de um casamento feliz ou na idoneidade de alguém quando encontramos testemunhos de relacionamentos malsucedidos? Após viver uma frustração, encontrar motivos para continuar a acreditar e a viver os projetos anteriores, certamente, vai exigir um esforço quase que sobrenatural de nossa parte. De nossa própria história, sabemos o quanto foi difícil realinhar nossos sonhos e projetos de vida face às amargas situações já vividas.


Tribulações e aflições sempre teremos em nossos relacionamentos, seja por um namoro rompido, seja por decepções de nubentes que viram os castelos de seus sonhos ruírem às vésperas do matrimônio ou por casamentos que acabaram em separação.

Talvez seja por conta disso que encontramos tantas justificativas por parte de pessoas que consideram mais fácil viver juntas ou viver um namoro sem compromisso alegando que certos princípios e valores morais estão ultrapassados, entre outros.

Alguns casais, ainda que reconheçam que o (a) namorado (a) seja sua alma gêmea, pouco cogitam na possibilidade de oficializar o relacionamento por acreditarem que o casamento é apenas a formalização, para a sociedade, daquilo que já estão vivendo. Outros não desejam se casar por imaginar que precisarão conviver pelo resto da vida com a mesma pessoa, tolerando seus hábitos, pajeando crianças, entre outras obrigações da vida conjugal.

Diante das circunstâncias, alguns casais alegam preferir viver um relacionamento – cujos (as) companheiros (as) não podem ser considerados como namorados (as), tampouco como esposos (as) – até se assegurarem de que tal envolvimento tem chances de sucesso, para depois se comprometerem "oficialmente". Assim, optam por viver uma caricatura do casamento. Isto é, vivem como casados sem o ser.

Muitos são aqueles que coabitam há anos, mas qual seria o tempo limite? Quando esses casais se sentirão prontos para "se desinstalar" do comodismo?

Inúmeras podem ser suas justificativas, entretanto, pouco plausíveis os argumentos. Pois, na maioria das vezes, a decisão de viver juntos quase sempre foi tomada no auge de uma paixão, assim como na intenção de minimizar despesas financeiras ou fundamentadas apenas nas más experiências de outros casamentos.

Se ao menos esses casais de namorados que dividem o mesmo teto não vivessem as mesmas dificuldades e desafios de um relacionamento [conjugal], como o processo de adaptação, ciúme, crises de desentendimentos... até poderíamos aceitar tal opção de vida como um forte argumento. Todavia, esses casais também vivem seus impasses, talvez até maiores que os demais.

Casar-se somente com o objetivo de oficializar um relacionamento diante da sociedade ou assegurar seus benefícios para a eventualidade do rompimento do relacionamento seria apenas firmar uma parceria de um contrato social.

Eu acredito que o sentimento que imbui alguém a viver o sacramento do matrimônio se fundamenta no testemunho de que ele tem sobre a família e seus valores. Esse desejo [de se viver o matrimônio] potencializado na certeza de viver um amor único e verdadeiro, ao longo do tempo de namoro, se consolida por meio das atitudes em tornar conhecido ao seu cônjuge aquilo que almeja sua alma.

Inverter o processo natural do conhecer-se dentro de um relacionamento, não evitará maiores sofrimentos, mas facilmente poderá ofuscar os verdadeiros sentimentos daqueles que desejam realizar seus anseios mais íntimos.

Para as pessoas que desejam formar família e percebem também que seu (sua) namorado (a) aspira pelo mesmo ideal, nada as impede de responder com fidelidade ao chamado para a vida conjugal, não somente na oficialização perante as leis dos homens, mas, também, na investidura do sacramento diante de Deus, o qual as capacitará espiritualmente a vencer os obstáculos que a vida sempre nos reserva.

Deus abençoe a todos.

Um abraço

Foto Dado Moura
dado@dadomoura.com

11 de maio de 2009

O papel da mãe na criação dos filhos

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É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais

Educar os filhos é a grande missão que Deus confiou aos pais. É por causa da importância dessa tarefa, que nos deu o Quarto Mandamento: "Honrar pai e mãe". Sem a educação dos pais os filhos se perdem; é por isso que as nossas cadeias estão cheias de jovens e a droga consome a muitos, além do mundo do crime.

Nada é tão grande neste mundo como "construir" um ser humano. As máquinas acabarão um dia, mas o nosso filho jamais.

É pela educação que o ser humano conquista e desenvolve as suas faculdades; e Deus quis que isso fosse feito antes de tudo pelos pais e, de modo especial, pela mãe. Hoje sobretudo, quando muitas mães são obrigadas a criar sozinhas os seus filhos, porque são "órfãos de pais vivos", essa missão se torna mais importante e árdua ainda. Nesse caso, o papel da materno tem sua importância triplicada, porque ela [mãe] tem de desempenhar o papel do pai e dela mesma.

O líder pacifista indiano Gandhi dizia que "a verdadeira educação consiste em pôr a descoberto o melhor de uma pessoa". Para isso é preciso a arte de educar, a mais difícil e mais bela de todas.

Certa vez, Michelangelo viu um bloco de pedra e disse a seus alunos: "Aí dentro há um anjo, vou colocá-lo para fora!". Depois de algum tempo, com sua genialidade de escultor, fez o belo trabalho. Então os alunos lhe perguntaram como tinha conseguido aquela proeza. Ele respondeu: "O anjo já estava aí, apenas tirei os excessos que estavam sobrando". Educar é isso, é ir com paciência e perícia tirando os maus hábitos e descobrindo as virtudes, até que o "anjo" apareça.

Michel Quoist afirma "que não é para si que os homens educam os seus filhos, mas para os outros e para Deus."

Educar é colaborar com Deus, e é na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.

Educar é promover o crescimento e o amadurecimento da pessoa humana em todas as suas dimensões: material, intelectual, moral e religiosa. Por isso, educação não se recebe só na escola, mas principalmente em casa. Às vezes se ouve alguém dizer: "Ele é analfabeto, mas é muito educado". Não adianta ser doutor e não saber tratar os outros como gente; não saber cumprir com a palavra dada; não se comportar bem; trair a esposa e os filhos; não ser gentil; não ser afável, etc. Sem dúvida, a educação é a melhor herança que os pais devem deixar aos filhos; esta ninguém pode lhes roubar nem destruir.

O livro do Eclesiástico, capítulo 30, versículo 1, ensina aos genitores: "Aquele que ama o seu filho, corrige-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde".

A educação visa, principalmente, sobretudo colocar o homem no caminho do bem e da virtude, do qual ele sempre tende a se desviar. É aos pais que cabe, sobretudo, dar início a essa tarefa na vida dos filhos.

A Igreja nos ensina que: "Pela graça do Sacramento do matrimônio os pais receberam a responsabilidade e o privilégio de evangelizar os seus filhos. Por isso os iniciarão desde a tenra idade nos mistérios da fé, da qual são para os filhos os 'primeiros arautos' (LG,11). Associá-los-ão desde a primeira infância à vida da Igreja" (Catecismo da Igreja Católica, n. 2225).

A tarefa de educar, como dizia D. Bosco, "é obra do coração", é obra do amor, por isso tem muito a ver com a mãe. Sem o carinho e a atenção dessa figura a criança certamente crescerá carente de afeto e desorientada para a vida.

O povo diz que atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher, mas é preciso não esquecer que "esta mulher", mais do que a esposa, é a mãe.

É no colo da mãe que a criança precisa aprender o que é a fé, aprender a rezar e a amar a Deus e as pessoas. É no colo da mãe que o homem de amanhã deve aprender o que é a retidão, o caráter, a honestidade, a bondade, a pureza de coração.

É no colo da mãe que a criança aprende a respeitar as pessoas, a ser gentil com os mais velhos, a ser humilde e simples e não desprezar ninguém.

É no colo da mãe que o filho aprende a caridade, a vida pura da castidade, o domínio de todas as paixões desordenadas e a rejeitar todos os vícios.

É a mãe, com seu jeito doce e suave, que vai retirando da sua plantinha que cresce a erva daninha da preguiça, da desobediência, da má-criação, dos gestos e palavras inconvenientes. É ela que vai lhe ensinando a perdoar, a superar os momentos de raiva sem revidar, a não ter inveja dos outros que têm mais bens e dinheiro.

É a mãe que nas primeiras tarefas do lar lhe ensina o caminho redentor do trabalho e a responsabilidade.

Até o Filho de Deus quis precisar de uma Mãe para cumprir a Sua missão de salvar a humanidade; e Ele fez o Seu primeiro milagre nas Bodas de Caná exatamente porque Ela lhe pediu. Por isso, cada mãe é um sinal de Maria, que ensina seu filho a viver de acordo com a vontade de Deus.

Neste mundo, às vezes perverso, que penetra sorrateiro em nossas casas e insiste numa sistemática pregação de antivalores por algumas TVs, mais do que nunca é necessário uma mãe atenta para combater tudo aquilo que prejudica a educação dos seus filhos.

Mais do que nunca ela precisa saber conquistá-los, não por aquilo que lhes dá, mas por aquilo que é para eles: amiga de todas as horas, consoladora. Saiba sempre corrigir o seu filho, mas que nunca seja com grosseria, com gritos ou com humilhações. E jamais o faça na frente dos outros.

Se você conquistar o seu filho a ponto de ele ter um sagrado orgulho de tê-la como sua mãe, então, você poderá fazer dele o que desejar.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

7 de maio de 2009

Reconciliar-se com a própria história

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Nossa história, quase sempre, não é do jeito que gostaríamos

Os cenários da história – tanto universal quanto pessoal – são sempre povoados, marcados por uma trama de significados e expressões que dão cor e direção aos corações e à vida de um povo. A história do homem traz consigo inúmeras marcas; algumas positivas e outras profundamente negativas e desestruturadoras. Enfim, toda história tem a sua "história" a contar, toda vida derramada no solo do tempo tem suas partes para reconciliar...

Há historiadores que definem a história humana como "história de guerras e conflitos", e, de fato, tal afirmação não está ausente de verdade. Esta é mesmo marcada por diversas dores e contrariedades que se entrelaçam em uma constante dinâmica de morte e de vida.

No âmbito singular e pessoal não é diferente. Quando olhamos para a história de nossos próprios dias, sem dúvida, seremos capazes de aí perceber realidades que não desejamos nem quereríamos que aí estivessem.

Nossa história e as circunstâncias que a configuram, quase sempre, não são do jeito que queremos, por vezes, nossa biografia é povoada por erros e frustrações que não desejamos nem convidamos outros para nela habitar.

Há quem se envergonhe de sua própria história e há outros que dela fogem perpetuamente. Há quem não consiga se reconciliar com as perdas e contrariedades contidas na própria existência, nunca assumindo os próprios erros e fragilidades, e assim vivendo como alguém que "foge" eternamente da própria sombra.

Muitas vezes, nossa história é mesmo perpassada por realidades que são difíceis de lidar e encarar, todavia, ninguém pode se tornar verdadeiramente maduro e liberto na vida se não faz a experiência de se encarar naquilo que é.

A arte de encontrar-se e reconciliar-se com a própria história pode ser fonte de aguda dor, contudo, é também fonte de intensa realização e emancipação existencial.

Não existe outro caminho para crescer e ser gente na vida, pois, sem se reconciliar consigo e com as cenas que emolduram o seu próprio caminho de vida, o ser humano torna-se escravo de si mesmo e ausenta-se da alegria de poder aceitar-se naquilo que é.

Diante do real – de nossa identidade – poderemos fugir criando ilusões para mascarar o que somos, ou, poderemos enfrentar – mesmo sangrando – nossa verdade, extraindo dela a vida e a esperança que brotam do fato de não termos de fingir e encenar para sempre.

Nossa história pode ser fonte de lembranças dolorosas, sim, mas também pode – com uma força extraordinária – ser fonte de autêntica e encarnada libertação.

Reconciliar-se, pois, com a própria história: Eis o desafio e a oportunidade de nos compreendermos amados e aceitos no que somos.

Esse é um caminho difícil, mas que se faz acompanhado; dirigidos pelo infinito Amor, que dá sentido às nossas perdas e nos sustenta em nossas lutas. Assim seremos mais autênticos e livres na existência e poderemos construir nosso futuro com escolhas sábias e pautadas no Amor.

Foto Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com

5 de maio de 2009

São José, um profeta da ação

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Sabemos organizar projetos, mas somos lentos em torná-los realidade

É sabido por todos que os Evangelhos não registram nenhuma palavra de São José; ele está sempre ao lado de Maria e de Jesus sem nada dizer. Acompanha, vê, está atento a tudo e age silenciosamente para que o projeto de Deus não seja frustrado. Ele sabe que sua missão não é ser profeta da palavra, mas da ação.

Nós vivemos numa sociedade da palavra e da comunicação. Aliás, o que não nos faltam hoje são "projetos a longuíssimo, médio e curto prazos".

Sabemos organizar projetos perfeitos, temos um estoque de dados e de ideias para tudo quanto há. Mas me parece que nunca fomos tão lentos, como hoje, em colocar em prática os projetos pensados e preparados com tantos pormenores. Faz-nos falta o sentido profético da aventura, rápidos em pensar e mais rápidos ainda em agir. O medo de errar nos prende e nos torna omissos. Projetos que os políticos fazem, depois de 10 anos ainda não saíram do papel; da mesma forma, projetos que a Igreja prepara, muitas vezes, permanecem "nobres desejos" que não se tornam realidades.

No entanto, a vida nos cobra e o mesmo Deus nos cobra sobre as nossas ações. Mesmo Jesus, no Juízo Final, não nos pergunta quais foram os nossos projetos para aliviar os sofrimentos dos pobres, dos pequenos, projetos de creches, de asilos, mas simplesmente: "Eu tive fome, sede, era estrangeiro, preso e vocês me ajudaram". As palavras de Jesus são diretas já e não deixam espaço para desculpa. Exigem a nossa resposta operativa e imediata. Não serve para quem tem fome dizer que estamos fazendo projetos para ajudá-lo, nem para quem tem sede afirmar que estamos pensando como levar a água com novíssimo aqueduto de última geração. A mesma Igreja nos recorda que devemos fazer de tudo para que os projetos saiam do papel e se façam realidade.

Na escola de São José aprendemos o verdadeiro sentido da vida. Não são as palavras que revelam os valores que carregamos dentro de nós, mas sim, as ações. José se faz mestre do silêncio e da ação, mestre da contemplação e da vida. Ele se torna para todos nós o modelo do pai, da escuta e da presença silenciosa ao lado de Maria e de Jesus.

Eu tenho muita devoção a São José, que Santa Teresa escolheu como protetor dos seus carmelos e como ecônomo, e ao mesmo tempo como mestre de oração. A Igreja vê neste homem justo um modelo de evangelizar, não pela palavra e não por projetos de difícil execução, mas evangelizar com a vida, atentos aos sinais de Deus. É só levantar-se e colocar-se a caminho para onde o Senhor quiser.

Que São José olhe por todos nós e nos ensine a dizer "sim" mesmo quando nos parece difícil.

Frei Patrício Sciadini