30 de abril de 2009

A Inveja

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Ela se entranha até mesmo nas obras e nos filhos de Deus

Diz o livro da Sabedoria que é por causa da inveja que o demônio levou a pecar os nossos primeiros pais no início da história da humanidade. "É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão" (Sb 2,23-24).

Santo Agostinho dizia que "a inveja é o pecado diabólico por excelência". E se referia a ela como "o caruncho da alma, que tudo rói e reduz ao pó".

A inveja é companheira daquele que não suporta o sucesso dos outros e que não se conforma em ver alguém melhor do que ele mesmo. Fica torcendo pelo mal do outro; e quando este fracassa, diz no seu interior: "Bem feito!"

O primeiro pecado dos filhos de Adão e Eva foi cometido por inveja: Caim matou o irmão Abel (cf. Gen 4). Pior do que um homicídio (assassinato de um homem), o crime de Caim, movido pela inveja, foi um fratricídio (assassinato de um irmão). Também por causa da inveja os filhos do patriarca Jacó venderam o seu filho caçula, José, para os mercadores do Egito. Também por causa da inveja, vimos o rei Saul odiar a Davi e caçá-lo como se fosse um animal a ser morto (cf. 1Sm 18,8;19,1).

O caso mais triste que as Escrituras nos relatam, por causa da inveja, é o da morte de Jesus. O evangelista São Mateus deixa claro: "Pilatos dirigiu-se ao povo reunido: Qual quereis que eu vos solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo? Ele sabia que tinham entregue Jesus por inveja" (Mt 27, 18).

Diante disso temos que nos acautelar diante dela; uma vez que movidos por ela somos levados a praticar muitas injustiças.

Quantas fofocas, maledicências, intrigas, brigas, rivalidades, calúnias, ódios, etc., acontecem por causa de uma inveja. O pior de tudo para nós cristãos é constatar que ela se entranha até mesmo nas obras e nos filhos de Deus. Podemos dizer seguramente que muitas rivalidades e disputas que surgem também no coração da Igreja, tristemente, são causadas pela inveja, ciúme e despeito.

Em vez de se alegrar com o sucesso do irmão no seu trabalho para o Reino de Deus, muitas vezes se fica remoendo a inveja, porque não se consegue o mesmo sucesso. O que importa afinal é o meu sucesso, o sucesso do outro ou o crescimento do Reino de Deus e a salvação das almas? A inveja é uma perversão.

Santo Agostinho nos ajuda a entender a gravidade desse mal: "Terrível mal da alma, vírus da mente e fulminante corrosivo do coração é invejar os dons de Deus que o irmão possui, sentir-se desafortunado por causa da fortuna dos outros, atormentar-se com o êxito dos demais, cometer um crime no segredo do coração entregando o espírito e os sentidos à tortura da ansiedade; destroçar-se com a própria fúria!"

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

28 de abril de 2009

E quando bate o desânimo espiritual?

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Sabemos que não somos perfeitos, mas não podemos nos acomodar

Encontramo-nos novamente para conversar um pouco mais sobre a vida espiritual. No texto anterior vimos que, para que haja uma vida espiritual, é preciso que aconteça uma luta. Vimos a importância dessa luta e que sem ela não há espiritualidade. Elas – a vida e a luta espiritual – estão ligadas.

Seguindo esse raciocínio, vamos pensar sobre os momentos nos quais desanimamos na nossa vida espiritual, na maioria das vezes, justamente por causa dessas lutas interiores que precisamos travar e porque, às vezes, somos derrotados nesses duelos.

São Paulo nos diz na Carta aos Filipenses no capítulo 3 versículo 16: "Contudo, seja qual for o grau a que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente".

Vemos que o próprio apóstolo por vezes também era derrotado nas suas lutas espirituais quando lemos na Carta aos Romanos: "Não faço o bem que quero e faço o mal que não quero" (Rm 7,19). Mas é ele também que nos encoraja para seguirmos adiante: "importa prosseguir decididamente"!

Lá em Minas Gerais conheço um sacerdote que faz um trabalho maravilhoso com os jovens. E com frequência ele diz aos que ele orienta: o importante é que na nossa caminhada o saldo seja positivo. O sacerdote ensina que pode acontecer, por exemplo, de na nossa caminhada darmos cinco passos para frente e dois para trás. Então o saldo é de três passos adiante, ou seja, saldo positivo de três.

Também aprendemos com o apóstolo dos gentios que não somos perfeitos: erramos, pecamos e, por vezes, fazemos o mal que não queremos fazer, ou como nos ensina o sacerdote de que lhes falei: damos alguns passos para trás. Mas isso não pode fazer com que desanimemos ou com que desistamos da vida espiritual. Pelo contrário, tem de nos tornar mais fortes e determinados.

Precisamos agir como São Paulo, que mesmo não conseguindo fazer sempre o bem, ainda assim, nos encoraja a prosseguir e a não fazê-lo de qualquer jeito, mas de modo decidido. Sendo assim, mesmo que erremos, que pequemos, que andemos alguns passos para trás, como ensina o grande apóstolo, não podemos desistir de perseguir o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo.


Foto Denis Duarte
contato@denisduarte.com

23 de abril de 2009

Acredite na sua grandeza

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Só o homem é capaz de pensar, de chorar, de decidir livremente, de rezar e adorar...

Para ser feliz é imprescindível que você acredite no valor que você tem. Nada é mais belo e mais perfeito do que o ser humano. As invenções mais fantásticas são como brinquedos infantis se comparados à grandeza do ser humano. Nada chega perto da grandeza de uma alma imortal e de uma inteligência capaz de projetar e construir tantas maravilhas da técnica moderna. Nada se compara à nossa liberdade, vontade, memória, capacidade de amar, de cantar, de projetar, construir...

Só o homem é capaz de pensar, de chorar, de decidir livremente, de rezar e adorar. Só ele tem consciência de si mesmo e do bem e do mal que faz. Todo o universo "não sabe que existe"; não tem alma, não tem inteligência, não tem vontade, e não tem consciência.

Você as tem, por isso é mais importante do que todo o Cosmos. Você é mais importante do que os bilhões de estrelas... Você é mais belo do que o Sol, mais brilhante do que a Lua, mais fantástico do que tudo o que os seus olhos veem...

Um grito de júbilo explodiu no universo quando a vida se tornou consciente, inteligente, dotada de vontade e liberdade.

Podemos dizer como o poeta que o Cosmos "chorou" de alegria quando viu você surgir das mãos de Deus.

Você veio ao mundo depois de bilhões de anos de preparação, para ser rei deste universo. Então você não pode se arrastar como um escravo; você não pode viver como uma águia criada em galinheiro e que nunca aprendeu a voar; a sua dignidade não permite isso. Cada um de nós sintetiza no seu ser todo o universo criado; temos no corpo a matéria do universo e temos na alma o espírito dos anjos.

Você é a meta de toda a criação. Você é a voz e a alma do universo. É através de nós que a matéria bruta, a planta silenciosa e o animal selvagem dão glória ao Criador.

Eles olham para você... Não os decepcione!

Há bilhões de anos Deus preparou a nossa chegada. Desde o primeiro átomo de hidrogênio, que foi criado há bilhões de anos, Ele já pensava em cada um de nós. E, quando você foi gerado por seu pai, de todos aqueles trezentos milhões de espermatozóides, só um fecundou aquele óvulo bendito de sua mãe: daí nasceu você. Isso não foi mera coincidência ou sorte; foi a vontade do Criador; Ele nos ama e nos chamou à vida.

E ninguém jamais será igual a você, porque o Criador trabalha com exclusividade. Não aceita repetir as Suas obras.

Entre os mais de seis bilhões de pessoas do Planeta, não há dois que tenham o mesmo código genético (DNA) ou as mesmas impressões digitais. Não é fantástico?

As mulheres querem roupas exclusivas, sem que outras as tenham iguais, o Criador deu isso de graça a todos, não nas roupas, mas no ser. A roupa exclusiva acaba, mas você não!

Você é um indivíduo, isso quer dizer: único, irrepetível, singular. Sua vida é única, não houve e não haverá outro igual a você na história deste mundo! Já pensou nisso? Você é o artista principal da vida.

Professor Felipe Aquino

20 de abril de 2009

Como vencer a violência?

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Quando Deus é retirado de cena, o homem ocupa o lugar d'Ele

Neste ano, a Campanha da Fraternidade enfoca o problema da violência, suas causas e os meios para superá-la. O documento da Conferência Nacional dos Bispos da Brasil (CNBB) traz subsídios para essa reflexão: promover a cultura da paz, ampliar ações educativas, melhorar o sistema penal e judiciário, denunciar a gravidade dos crimes contra a ética, economia e gestões públicas, cuidar de quem sai das prisões, entre outros.

A Igreja ensina as razões profundas da violência; acima de tudo está num coração sem Deus, sem amor ao irmão, que não é visto como "imagem e semelhança de Deus". E quando Deus é retirado de cena, o homem ocupa o lugar d'Ele e a dignidade humana já não é mais respeitada. O "não" dito a Deus acaba se transformando em um "não" dito ao homem, por isso vemos hoje a pior de todas as violências, o aborto e a eutanásia, o sacrifício da vida humana; além dos assaltos, sequestros, roubos, corrupções de toda ordem, pedofilia, estupros, incestos, violência nos lares contra as crianças, etc.

Não basta encher as nossas ruas de policiais armados e bem equipados para acabar com a violência – embora isso seja necessário para lhe dar combate imediato –, é preciso mais. É preciso a "educação para a paz". Essa educação exige que se ensine às crianças e aos jovens, nos lares e nas escolas, a dignidade de todo e qualquer ser humano. A moral cristã tem como base essa dignidade. Tudo aquilo que a Igreja condena como imoral é porque fere a dignidade da pessoa. A base da violência está na falta da vivência moral e na relativização do que seja o bem; o mal tem gerado muitas formas de violência.

Um fator de importância máxima na questão da violência é a família, pois ela é a "escola de todas as virtudes", e é nela que a criança deve aprender com os pais e os irmãos a respeitar e a ser respeitada. Mas como vai a família? Infelizmente mal; a imoralidade tem destruído a família e seus valores cristãos. Muitas estão destruídas e muitos filhos sem a presença imprescindível dos pais para educá-las. Milhares de adolescentes e jovens ficam grávidas sem ao menos terem um lar para receber seus filhos. Como disse o saudoso Papa João Paulo II, no Brasil há milhares de crianças "órfãs de pais vivos". Que futuro terão essas crianças? Muitas delas acabarão na rua e no mundo do crime e da violência. Sabemos que quase a totalidade dos nossos presos são jovens.

E por que tantos jovens acabam no mundo do crime? Porque lhes faltam um pai e uma mãe que lhes ensinem o caminho da honradez, da virtude, da escola e do trabalho. O trabalho é a sentinela da virtude.

Hoje quase não faltam escolas para as crianças, nem mesmo catequese nas paróquias, mas faltam os pais que as conduzam à escola e à igreja. Portanto, sem a reestruturação da família, segundo o coração de Deus, na qual não existam o divórcio, a traição, o incesto, as brigas, o vício, o estupro, a pedofilia, etc., não se poderá acabar com a violência na sociedade.

Sem Jesus, sem o Evangelho, sem a vivência moral ensinada pela Igreja de Cristo, não haverá paz verdadeira e duradoura. Sem isso será inócuo lutar pela paz. Diz o salmista que "se não é Deus quem guarda a cidade, em vão vigiam os seus sentinelas" (Sl 126, 1).

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

15 de abril de 2009

O amor humano, sinal do Amor de Deus!

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O ser humano é chamado à existência e, pelo amor, à coexistência

O amor humano é algo fascinante. É símbolo do amor de Deus, amor este que, por sua vez, é modelo para todo amor humano. Dentre os amores humanos, o mais encantador é o do casal. Tanto é que o Senhor usa desse nobre sentimento para falar do Seu amor para conosco. Chega a dizer, por intermédio dos profetas, que o amor d'Ele por nós chega ao ciúme.

O amor de um casal nasce do que chamamos de harmonia pré-estabelecida, daí chegarmos a falar até em almas gêmeas. Somos tomados por um afeto inesperado com relação ao(à) outro(a). Somos como que roubados pelo(a) outro(a) e tudo só passa a ter sentido se ele(a) estiver junto. No começo é um desconhecido que se torna hóspede e de hóspede passa a ser dono da casa. É o amor mais forte do que a morte! Esse amor dá sentido à nossa história. O ser humano é chamado à existência e, pelo amor, à coexistência, na doação de si. É isso que dá sentido à vida. Bom, para algo tão importante é preciso se preparar. O matrimônio cristão envolve um para sempre. A união é pública, estável e indissolúvel. A graça de Deus vem em socorro do casal, pelo sacramento do matrimônio, para que sejam fiéis às promessas feitas e aos compromissos assumidos.

O que chamamos de "Encontro de Noivos", na Igreja, visa suprir qualquer deficiência nessa preparação para a vida conjugal e familiar. A preparação em si deve vir desde o berço; o momento com os noivos deveria ser só o coroamento de um caminho já feito. Nesse encontro procuramos interpretar o amor do casal como sinal do amor de Deus, a importância da família para a transformação da sociedade e para a edificação da comunidade eclesial, o responsável planejamento familiar, os desafios que serão enfrentados, enfim, uma série de temas que chega até à celebração religiosa. Uma experiência que vale a pena.

Num mundo marcadamente individualista e egoísta, o casal é o caminho do humano e o caminho do humano é a comunhão. Todas as promessas e compromissos daquele dia único e marcado pelo Eterno convidam à comunhão de vida. O compromisso é selado por um Deus que conhece as fraquezas do humano e o socorre com Sua graça. O amor é para sempre ou não é amor. Não é possível alguém dizer "eu te amo até daqui a pouco".

Amor não tem prazo de validade, se apresentar algum prazo, repito: não é amor, vai ser apenas um compromisso momentâneo para realizar a satisfação de um ou outro. O saudoso Papa João Paulo II dizia: "O futuro da humanidade passa pela família e por sua adequada preparação". Na prática, nós sabemos disso e experimentamos na pele seus efeitos.

Deus abençoe aos noivos que tiverem este artigo em suas mãos. Que este momento marcado pelo céu coroe o amor de vocês com o Amor-Doação-Comunhão do Deus, que nos criou à Sua imagem, segundo a Sua semelhança!

Pe. Rinaldo Roberto de Rezende
Cura da Catedral de São Dimas - S.J. Campos- SP

11 de abril de 2009

Deus não desiste de você

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O inimigo não quer que você retome sua caminhada

Apesar do seu pecado, Deus não desiste de você, nunca desistiu. Nas famílias, aquele filho, o mais arteiro, aquele que está bebendo, cheirando [cocaína]... o pior dos filhos é para quem a mãe dá mais amor, não é verdade? Pai e mãe não nos conhecem? Para eles precisamos falar que estamos tristes? Eles conhecem nossa voz ao telefone. Deus é igual a esse pai e a essa mãe e conhece todos os nossos erros; até os que nós fizemos na semana passada, eles já sabem, pois nos conhecem. Deus o ama e quando vê você o ama do jeito que é.

Quantas decepções em sua vida? Muitas vezes, em nossas vidas, as pessoas que mais amamos nos ofenderam e disseram: "Você não vale nada! Não presta! É um mau filho". Deus o acolhe do jeito que você está: você que perdeu o amor próprio e que se acha indigno do amor do Pai. Talvez você se veja hoje como a pessoa que menos mereça o amor do Senhor. Ninguém merece mesmo, isso prova de que maior é o amor.

Durante muito tempo eu ia comungar e ficava naquela crise, pensando: "Senhor, eu sou pecador. Eu confessei ontem e já pequei de novo". Mas, mesmo assim, eu ia para a procissão da comunhão, rezando: "Não comungo porque mereço, isso eu sei, ó meu Senhor, comungo, pois preciso de Ti. Quando faltei à Missa, eu fugia de mim e de Ti. Mas agora eu voltei, por favor, aceita-me".

O demônio faz você sentir que não merece Deus e o afasta da Eucaristia. Na verdade, você está fugindo de sua consciência, fugindo do Senhor. Quando a pessoa está com anemia o que ela mais precisa fazer é comer, e é o que ela menos quer fazer. O pecado faz isso: você peca e não vai mais à Missa, é como dizer: "Eu não vou ao hospital, porque estou doente".

Deus nos dá sempre uma nova chance. Faz anos que acompanho monsenhor Jonas, e vendo meus erros, meus limites, muitas vezes, eu quis ir embora. E por causa do amor de Deus, por causa de um abraço de um irmão, eu não fui. O demônio vai querer isolá-lo, fazer com que você falte à Celebração Eucarística e não procure a Deus Mas é em comunidade que você vai crescer e amadurecer.

O Senhor quer uma atitude sua. Não o estou acusando, mas não posso negar que Deus está me usando para que você saia do marasmo que está sua vida. Jovens tão bonitos, mas sem vida, porque não perdoam, porque estão secos por dentro.

Deus está levando você a ter um encontro com a cruz. E, diante dela [cruz], coloque todas as pessoas as quais você precisa perdoar e também as que você matou em seu coração. Entregue sua vida para Jesus hoje!

(Artigo produzido a partir de pregação em 28/02/2008)

Diácono Nelsinho Corrêa

8 de abril de 2009

Como saber se tenho uma vida espiritual

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Vida espiritual se traduz em luta

"Não faço o bem que quero e faço o mal que não quero" (Rm 7,19).

São Paulo nos mostra, por meio desse versículo, muito claramente como funciona esse processo que todos nós necessitamos: uma vida espiritual. Veja bem: o apóstolo dos gentios afirma que em determinados momentos ele não consegue fazer o bem que quer fazer e que acaba fazendo o mal que não quer [fazer]. Há uma luta declarada aí. Uma luta interior entre fazer o bem ou fazer o mal. Nisso consiste, segundo Santo Inácio de Loyola, a nossa vida espiritual. Para o grande santo da Igreja se existe luta, há um conflito interior, por isso existe aí uma vida espiritual. Ou seja, a vida espiritual se traduz na luta.

Você pode se perguntar: "E eu? Como vou saber se tenho uma vida espiritual?" A partir das dicas de São Paulo e Santo Inácio você pode começar por identificar se, por vezes, acontece dentro de você essa luta, esses conflitos interiores. Se você, como o grande apóstolo, com certa freqüência, fica nessa briga entre fazer o bem ou o mal, então, você tem, sim, uma vida espiritual.

E caso você perceba que dentro de você não há essa luta, então é hora de começar a se questionar se possui realmente uma vida espiritual. Pois essa ausência de luta pode significar que, espiritualmente, sua vida está morna, parada, estagnada. A espiritualidade é peça fundamental para que nos realizemos como pessoas, como seres humanos.

Uma vantagem em saber que vida espiritual se traduz em luta é que dessa maneira você não irá mais cair no desânimo por causa das suas lutas interiores e dos conflitos que, às vezes, o atordoam.

Use isso a seu favor. Nessa hora é preciso perceber que – se existe essa luta – é porque você tem uma vida espiritual que o faz, sobretudo, experimentar e viver com o auxílio da graça de Deus. E essa graça é muito maior do que qualquer falha, defeito ou imperfeição que você possua. A graça de Deus é maior que tudo isso.

Que Deus nos abençoe!

Foto Denis Duarte
contato@denisduarte.com

3 de abril de 2009

Ser ouvido, mas não compreendido

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Quando não se chega a um termo satisfatório

Relacionamento, ao mesmo tempo em que é sentido de vida, preenchimento interior, é ponto de conflitos entre os seres humanos. Somos predispostos a viver próximos, mas quem nunca se desapontou na vida? É natural esse tipo de sentimento quando temos boa imagem de uma pessoa, seja à primeira vista ou pela impressão causada no convívio, mas que, de repente, se desfaz quando somos surpreendidos por uma atitude contrária à que causava nossa admiração.

Faz parte de um relacionamento maduro, fundamentado na verdade, quando houver essa ruptura no sentimento, o recorrer ao diálogo. Quanto maior a proximidade das pessoas, mais deveriam ser óbvias a transparência e a liberdade em dizerem o que não foi bom. Assim avançamos em diversos tipos de convívio: no trabalho, na amizade, no namoro, no casamento.

O problema é quando, mesmo com diálogo, ainda não se chega a um termo satisfatório para ambos os lados.

Você já teve a sensação de ser ouvido, mas não ser entendido? Por mais que fale, argumente e esteja certo, nada parece penetrar o entendimento, a razão e o perdão do outro.

Quando as partes dialogam, mas num primeiro instante não existe consenso, é imprescindível saber que ao se procurar entender com alguém é mais importante ouvir do que falar. Exercite a arte da escuta. Mesmo que seja você quem tenha de dar explicações, deixe que a outra parte primeiro esgote sua indignação.

Tanto para passar a sua ideia quanto para absorver o conteúdo do outro é importantíssimo notar o que as palavras não dizem. No desabafo de uma pessoa existe muito mais que argumentos, aí também estão seus sentimentos, os quais nem sempre são completamente expressos por palavras. É preciso buscar fora daquilo que simplesmente ela aparenta ser, quais os seus anseios, planos, cultura e até sua concepção e história de vida. Experiências do passado condicionam-nos a agir e a pensar segundo o que aprendemos, cada qual com seu conceito.

É preciso detectar os sentimentos presentes em você e no outro e nomeá-los, para saber o que está acontecendo no interior de quem está envolvido. Por vezes, será necessário simplesmente chegar a esta conclusão: "Suas emoções são diferentes das minhas diante do fato acontecido". E a partir daí buscar um meio-termo. Por fim, é normal que seres humanos não estejam de acordo em tudo.

A perfeição do amor não está em juntar o que é igual, mas em transcender a expectativa mesmo sabendo que se é diferente. O que é verdadeiro supera as barreiras da incompreensão, traz a certeza de ser assumido, mesmo sabendo que na alma da outra pessoa existe a consciência de que aquele com quem se caminha junto não é perfeito. Somos mais amados quando somos acolhidos, apesar de nossas deficiências, não pelas nossas belezas. Amar quem não está pronto é amar verdadeiramente, pois não busca compensações em dar de si.

Abra o coração para aqueles que você ama, vá disposto, no diálogo, a ouvir e a se desfazer dos próprios conceitos em favor da reconciliação.

E então? Está pronto a abrir os ouvidos?

Deus o abençoe.

Sandro Ap. Arquejada
sandroarq@geracaophn.com

30 de março de 2009

Autocontrole em casa

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Domine o seu jeito de ser

Caridade é o amor verdadeiro, de doação. Mas quando falamos em doação, não é só com relação ao se dar esmolas, mas o dar-se de si mesmo, o partilhar e ir ao encontro do outro. Quem não quer amar e se sentir amado?

Todo dia é dia de superar as adversidades, pois a santificação é a vontade de Deus para a nossa vida. Ele nos quer santos, onde quer que estejamos. Por isso, o Senhor nos quer livres das impurezas, sem que nos deixemos levar pelas paixões desregradas, pois quem O conhece, sabe que a Palavra d'Ele ensina que temos limites para viver. Paixão não é pecado. Pecado é deixar-se levar por ela. Deus nos fez com inteligência para que possamos escolher. Quem vive as paixões desregradas, não conhece e não vive a Palavra de Deus.

No momento em que você abandona os preceitos do Senhor, não está abandonando uma pessoa qualquer, mas o próprio Deus. Isso é muito sério, é preciso fazer um compromisso de vida para a sua família. No momento em que alguém, dentro da nossa casa, age com amor, percebemos que o ambiente é tomado por uma calmaria, muda o clima. Se você se propuser a reagir de forma amorosa, experimentará a paz. Não importa o problema, a reação tem de ser sempre a partir do amor. Ele é o antídoto contra a raiva e o rancor.

O perigo é cairmos no ressentimento. As mulheres são especialistas em guardar rancor, porque são movidas fundamentalmente pelo coração. Não alimente esse sentimento, porque ele fecha e tranca o seu coração. Cada pessoa tem um tipo de temperamento, mas Deus nos pede o autocontrole, para que não coloquemos a "explosão" que há dentro de nós para fora. É nessa hora que você deve deixar o Espírito Santo agir em você, curando as suas reações.

Tenha uma reação de fé, e dependendo da situação, aja com o silêncio, o perdão e a misericórdia. Deus lhe mostrará qual reação você deverá ter. Domine o seu jeito de ser. Quantos de nós temos reações descomedidas...

Você deve estar se perguntando por que eu estou dizendo isso a você? Quando deveria ser seu marido ou filhos que deveriam saber disso, mas Deus escolheu para que você vivesse isso hoje, para que desse o primeiro passo, aprendendo a dominar a si mesmo, principalmente, o "sangue quente" que corre em suas veias.

Construa uma família de paz dentro de casa e todos baterão à sua porta para saber qual é o segredo da felicidade. Se você quiser ter uma família cheia de vida, reaja!

"O fruto do Espírito Santo é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei" (Gálatas 5, 22-23). Cuidado com suas emoções, tenha autocontrole e você terá uma família como fonte da vida e construtora da paz. Só fale em sua casa com a linguagem do amor. Se você quiser comunicar vida nova em seu lar, terá de expressar a sua fé, porque nenhum ser humano é capaz de ser feliz sem Deus.

Nós, seres humanos, procuramos, sem cessar, a felicidade e o amor, e essas virtudes estão na família. Fale a linguagem do amor e a sua família encontrará a paz e tudo o mais.

Adriana Pereira

27 de março de 2009

Os desafios da vida conjugal

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Para se viver uma nova vida, são exigidas novas atitudes

Entende-se por casamento a união legítima entre um homem e uma mulher que se dispõem a viver sob os mesmos princípios regidos pela Igreja. Isso não isenta o casal de viver os impasses e os desafios no exercício da vida comum. Viver um compromisso de profundos vínculos, como é o casamento, sem abdicar dos hábitos vividos enquanto solteiros, certamente, fará com que os casais enfrentem muitos problemas e complicações no convívio.


Motivos que fazem surgir uma crise são muitos; estabelecer equilíbrio entre a família, o trabalho e, de maneira especial neste artigo, a vida social, é um dos novos desafios da vida conjugal. Enquanto éramos solteiros ou não tínhamos um compromisso estabelecido com alguém, o tempo era nosso. Podíamos fazer o que desejávamos, ir aonde quiséssemos. De certa maneira, não precisávamos dar satisfação nem partilhar nossa agenda com ninguém. Contudo, podem ser incômodas, para quem ficou em casa, as famosas "esticadas" das sextas-feiras ou as intermináveis tardes dos finais de semana com os amigos. Ainda que estas sejam práticas inocentes, algumas pessoas, desatentas, se esquecem de que seu cônjuge tem sentimentos e também planeja aproveitar do tempo livre ao seu lado.

Para viver uma nova vida, há a necessidade de se adaptar também a novas atitudes.

Muitas coisas ao longo dos anos irão despontar exigindo pequenos ajustes no cotidiano do casal. E uma maneira de aprendermos a reeducação de nossos hábitos seria no sentido de melhor equacionar o tempo livre, considerando, também, a necessidade de estar com o cônjuge. Aliás, ninguém pode conhecer o outro em escassos e limitados momentos de convivência. Na prática do "conhecer e ser conhecido" os casais passam a se tornar parceiros, a ponto de identificar os medos, as aspirações e as insatisfações um do outro, tornando-se cada vez mais próximos e cúmplices.

Muitas pessoas, por não terem entendido tais princípios, se isentam dessas obrigações, argumentando que o casamento é uma instituição falida e antiquada. Para outras, a idéia que se passa sobre o casamento é a de prisão, entre outras definições.

Quando assumimos um relacionamento o fazemos por livre e espontânea vontade. Uma vez assumido o compromisso de vida a dois, e percebendo as possíveis e necessárias adequações de nossos antigos hábitos, podemos achar que estamos perdendo a liberdade ou que o novo estado de vida tenha nos "podado as asinhas".

Extrapolar nas experiências, sobre as quais se pensa ter direito, vivendo à mercê de todas as oportunidades, justificando que a vida é curta e por isso deve ser aproveitada – não convém àquele que se empenha em promover a felicidade do ser amado.

De certa maneira, a vida realmente parecerá curta para se viver os infinitos atos de carinho de casais apaixonados.

Ao enxergarmos a novidade de uma experiência a dois como um peso ou como uma clausura, na verdade, estaremos rotulando e expondo nosso cônjuge como alguém opressor ou egoísta. Assim, paciência e esforço serão atributos necessários para assimilar os desafios da vida conjugal, especialmente para aqueles que desejam nutrir a chama do amor entre si.

Deus abençoe a cada um pelo novo propósito.

Um abraço

Foto Dado Moura
dado@dadomoura.com

24 de março de 2009

O católico e as Bíblias protestantes

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Não se trata de preconceito, mas de coerência de fé

São várias as traduções de Bíblia disponíveis para nós hoje em dia. Segundo comunicado da União das Sociedades Bíblicas, divulgado pela Rádio Vaticano, são 451 línguas para as quais a Bíblia foi traduzida integralmente, enquanto aquelas para as quais foi traduzida em parte são 2.479. Isso confirma a Sagrada Escritura como o livro mais traduzido no mundo e assim 95% da população mundial têm hoje condições de a ler em uma língua conhecida.

No Brasil, por exemplo, são muitas as traduções da Bíblia que temos à disposição. Eu mesmo possuo várias delas como: a Bíblia Jerusalém, TEB, Peregrino, Ave Maria e CNBB. E além dessas, existem outras muito boas também.

Citei algumas das traduções católicas, mas quero chamar a atenção para as de orientação protestante, que são das mais variadas denominações. Quem nunca ganhou uma Bíblia ou um Novo Testamento de orientação protestante? É comum encontrar católicos que ganham esse material de presente e acabam por fazer uso dele. Essa observação é importante porque muitos católicos acabam fazendo uso delas [Bíblias protestantes], inclusive sem saber, ou sem a informação do porquê devem fazer uso de uma Bíblia Católica. Nesse momento você pode se perguntar: e qual problema em usar uma Bíblia protestante se tudo é Bíblia?

Basicamente por dois motivos:

Primeiro, porque para o protestantismo os livros: Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16 e Daniel 3,24-20; 13-14 não fazem parte da Bíblia. Por isso, as Bíblias protestantes, para nós católicos, estão incompletas em comparação com as nossas traduções.

O segundo motivo é que, sendo de orientação protestante, essas Bíblias trarão as informações extras, como introduções aos livros bíblicos e notas de rodapé, dicionários bíblicos... entre outros possíveis comentários, orientados pela sua própria doutrina, que é diferente da doutrina católica. E essas informações são muito importantes para o entendimento do texto; e se estas forem de orientação protestante, elas estarão de acordo com a doutrina protestante e não com a católica.

Esse conselho para que o católico faça uso de uma Bíblia católica não se trata de preconceito quanto ao protestantismo. Trata-se mais de uma coerência com a fé professada. Um católico ao usar uma Bíblia protestante pode misturar conteúdos, interpretações causando confusões para si mesmo e para os outros, uma vez que a maneira de entender as Sagradas Escrituras e de construir a doutrina é diferente entre católicos e protestantes. Por isso também sempre aconselho a um protestante a fazer uso de uma Bíblia que vá de acordo com a sua profissão de fé, para evitar as mesmas confusões.

E como vou saber se a Bíblia que eu uso é de orientação católica? Para isso, basta conferir se sua Bíblia possui o imprimatur, que em geral, vem em uma das primeiras páginas da Bíblia e trata-se de uma autorização de um bispo com sua assinatura ou da própria CNBB – uma aprovação eclesiástica permitindo aquela impressão/tradução e afirmando que ela está de acordo com o que corresponde a uma Bíblia da Igreja Católica Apostólica Romana. Dessa maneira, além da garantia de todos os livros do Cânon Católico, você poderá ficar seguro quanto às demais informações trazidas pela sua Bíblia, de que elas estão dispostas conforme a doutrina por nós professada.

Mas o que fazer com a Bíblia protestante que ganhei? Faça como eu. Dê de presente para um protestante. Tenho amigos protestantes com os quais tenho um combinado: quando eu ganho uma Bíblia de orientação protestante eu os presenteio com ela e, por sua vez, quando eles é que ganham uma Bíblia católica, eu sou presenteado por eles. Dessa forma, além de evitarmos confusões quanto ao uso desses livros sagrados e consequentemente de doutrinas diferentes, ao trocarmos esses presentes fortalecemos nossa amizade e os laços cristãos que nos unem.

Que Deus nos abençoe!

Foto Denis Duarte
contato@denisduarte.com

19 de março de 2009

São José

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Ele rompeu com os paradigmas enraizados da cultura de sua época

Em um mundo onde muitos fazem de tudo para "crescer e aparecer" a qualquer custo – muitas vezes utilizando o outro como escada para isso –, raras são as pessoas que na vida fazem a opção pelas pequenas coisas.

Em um sistema de crenças e valores no qual, muitas vezes, o mais valorizado é o que mais aparece e o que mais ostenta uma posição de destaque, o universo da discrição e da simplicidade acaba ficando em segundo plano (para não dizer em último). Estamos, sem dúvida alguma, na era da imagem e no império da aparência, nos quais o que acaba se destacando é a ilusão e não o ser em sua essência.

Em meio a esse complexo contexto, uma figura, como a de São José, manifesta-se como um concreto ícone de contradição, instaurando naquele que sensivelmente o contempla uma aguda crise de contestação de seus valores. E isso é muito bom. Não somos árvores imóveis e passíveis – sendo que mesmo na natureza a vida é dinâmica – diante de nossa realidade e das crenças que nos são impostas pela sociedade. Por isso questionar – tentando sinceramente compreender o melhor caminho – é sempre uma atitude virtuosa, que rompe paradigmas e aponta um novo caminho.

São José, com sua justiça silenciosa e discreta, foi alguém que soube romper com os paradigmas (modelo que era seguido) da mentalidade da sua época, desafiando crenças já cristalizadas que semeavam o preconceito e a subtração do ser humano.

Vivendo as pequenas coisas de seu cotidiano de carpinteiro, com a coragem de realizar escolhas virtuosas não vistas por ninguém, ele teve a ousadia de ser autêntico – de ser ele mesmo, sem copiar antigos modelos – seguindo a novidade da inspiração dada por Deus. Ao encontrar Maria, grávida, "sem antes terem coabitado", "sendo justo e não a querendo difamar, resolveu deixá-la secretamente" (cf. Mt 1, 18-19), enquanto a lei vigente em sua época ordenava a lapidação (morte por pedradas) para as mulheres adúlteras. E ao ter sido avisado em sonho por um anjo, foi dócil ao que Deus lhe pedira assumindo Maria como esposa, juntamente com o que "nela foi gerado" (cf. Mt 1, 20).

Enfim, José, em sua humildade e sem muitos holofotes, rompeu com um profundo paradigma enraizado em sua cultura havia muito séculos, no qual a justiça se sobrepunha à misericórdia.

Mas ele não é chamado o justo? Por que não agiu seguindo o padrão de justiça de sua época? Sim. Ele foi justo, mas o tamanho de sua justiça se manifestou na intensidade de sua misericórdia, pois, conseguiu ir além do julgamento, dando mais valor ao ser do que ao aparecer.

Por ser fruto daquela época e cultura, ele poderia muito bem ter pensado: "O que irão falar de mim? Como as pessoas me verão quando descobrirem que não desposei minha esposa?". Mas ele foi além. Para ele o amor se expressava no bem que luta para que o outro seja mais, para que este seja feliz, mesmo quando ninguém o vê nem percebe e mesmo correndo o risco de ser mal-interpretado.

Quem ama não se importa com o que vão pensar ou falar, nem se torna "vaquinha de presépio", escravizando-se por convenções culturais acerca do que deve ser feito. Quem ama – sem desrespeitar o que existe de bom na tradição – tem a coragem de superar o convencional para fazer o bem e promover a pessoa.

José não buscou os elogios dos observantes da lei nem o prestígio de ser "visto" por todos como cumpridor da justiça; diferentemente, ele buscou antes e acima de tudo estar em paz com a sua consciência, buscando em tudo ouvir e obedecer a Deus.

Ele – como muitos outros santos em nossa história – nos ensina que não é preciso muito barulho e alarde para realizarmos grandes mudanças e intensas revoluções e que o amor/obediência e a humildade são armas poderosas, capazes de questionar conceitos vigentes em toda uma sociedade.

Olhando para São José, percebo – como antes já cria – que é preciso não ter medo de romper com convenções sociais e agir de maneira nova; é claro, em tudo fazendo o bem e obedecendo a Deus.

Com certeza, se o fato se tornasse público o pai adotivo de Jesus receberia muitas críticas, como os que ousam pensar diferente recebem-nas: "Por que você vive, pensa, escreve e age diferente? Está errado, tem de ser do jeito que todo mundo faz...". Contemplando a justiça silenciosa e transformadora desse grande homem de Deus pergunto: Será que temos mesmo [de agir como todos]?

O carpinteiro foi santo o bastante para transcender aos olhares que o acusariam, fixando o olhar apenas onde o Amor tem sua morada.

Que o exemplo do grande e amado pai de nosso Salvador suscite em nós a coragem de sermos melhores, pois ele estava voltado em tudo para o Cristo sem se aprisionar a estruturas que escravizam o ser.

Foto Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com

18 de março de 2009

Ausência: frustração ou possibilidade?

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O vazio insere o ser do homem no nada

É duro digerir o sabor de uma ausência. Alguém que parte, vai embora, deixando apenas o silêncio, o barulho do seu silêncio.

Uma presença tem o poder de ocupar um espaço – lugar definido e cheio de significação – no coração, um pedaço que se encaixa com tudo aquilo que é próprio dessa presença.

A ausência sempre dói, deixa um vazio. Mesmo quando não se percebe.

Ninguém constrói a vida com o intuito de ser abandonado, deixado para trás, de ser impossibilitado de contemplar aquilo que seu coração amou. No entanto, a ausência é uma linha que sempre perpassará a trama da existência, e em algum momento – voluntaria ou involuntariamente – ela se fará presença em nossa história. Inúmeras são as ausências: olhares, histórias, palavras que exercem o ofício de passar...

Existem ausências eternas – a morte, por exemplo –, e ausências circunstanciais, tecidas pelo abandono ou pela distância daqueles que se que amam.

A experiência de perder alguém para a eternidade gera uma enorme dor no coração. Contudo, a experiência de perder uma presença em uma ausência ainda presente na existência desinstala profundamente o coração, deixando um gosto de desamparo e frustração. O abandono traduz com maestria um dos maiores desejos da vida: o desejo da presença.

O vazio insere o ser do homem no nada, na náusea da mais profunda descaracterização daquilo que se é. Diante disso, em muitos corações ecoa a silenciosa pergunta: Por quê? Porque agora estou na companhia da solidão e não restou nenhuma palavra para explicar: "Sinto falta da sua voz. Não a ouço, mas ela continua falando dentro de mim...".

O vazio – ausência que configura a real desconfiguração – coloca o homem diante de sua verdade, revelando a ele sua necessidade de uma Presença que não passe. "Presença que não passe?" – diriam aqueles que jazem sufocados sob o peso da frustração – "Isso é possível? Visto que o abandono é companhia constante, que em algum momento baterá à nossa porta?" A isso responderia: "Não sei. Não quero ter a pretensão de dar pequenas respostas a grandes vazios". Entretanto, com ousadia, desejo devolver a pergunta: É possível dar "Sentido" a vazios que nasceram em virtude da presença de uma ausência?

Acredito que essa resposta mora em cada um. O coração sempre soube – mesmo que inconscientemente – que a vida nasceu para ser mais que seus próprios limites. Esse é um pressentimento inerente.

Um vazio sempre gerará a frustração, mas esta precisa ser enfrentada e "resignificada". Amar é uma maneira concreta de fazer isso. Amor: capacidade de guardar o que é bom, de superar distâncias e de superar – até mesmo – o fato de não mais ser querido e acompanhado por alguém.

As ausências se tornam suportáveis e até mesmo aprendizado se o coração consegue descobrir essa "Presença", que não passa, e n'Ela consegue se ancorar.

Essa Presença é real. Ela acompanha a existência e dá sentido a qualquer vazio, pois tem o amor como essência. Ela nunca vai embora... Quando o olhar descobre tal realidade, ele tem a chance de não mais se entrelaçar apenas no que passa, mas pode descobrir, a partir da ausência, "tijolos" que constroem eternidade, pois provocam o olhar para a busca do Eterno e daquilo que O compõe.

Que o coração possa se enxergar sem ilusões diante das perdas e do real e, assim, possa encontrar – mesmo na ausência – forças para emoldurar com esperança suas dores e sua história.

Foto Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com

10 de março de 2009

Penitência? Para quê?

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Começamos bem este tempo, mas depois parece que fica tão difícil

Não comer carne, não tomar refrigerante, chocolate nem pensar e não abusar das mensagens do celular. Vídeo game só daqui a 40 dias! Mas do que vale tudo isso?

Será que não estou me privando de coisas tão boas que não têm nada de mau?

Poxa! Ao me preparar para viver esta Quaresma vejo que, às vezes, erro pensando que esse é um tempo de privação!

Não!

Mas é de buscar o sentido que falta!

Vejo que, muitas vezes, começamos bem esse tempo, mas depois parece que fica tão difícil...

Lembro-me dos anos que fiz penitência de não beber refrigerante. Nossa! A quantidade de festas que fui... e lá estando... quem eu encontrava?

Ele – o refrigerante!

Bebia e pronto.

Vejo que propósito eu tinha, o que me faltava era a motivação, e esta faltava, pois faltava o sentido!

E assim a Quaresma se tornou um tempo chato para mim!

Mas hoje vejo que a finalidade do tempo quaresmal é de preparação: se preparar!

Preparar para quê?

Para a Misericórdia de Deus!

E essa preparação consiste em receber o dom de Sua misericórdia — dom que recebemos à medida que abrimos o coração para Ele, lançando fora o que não pode conviver com a misericórdia.

Hoje vivo diferente minha Quaresma!

Em minha casa temos uma penitência comum a todos! Pois, enquanto casa, temos uma parcela de misericórdia que a nós está reservada.

Eu e minha namorada temos uma prática de oração comum neste tempo que nos prepara! Pois junto a ela quero e tenho reservado uma parcela da misericórdia!

Vejo que assim vou colocando sentido em cada prática e em cada penitência! E porque encontrei sentido, tenho motivação e se tenho motivação, vou a cada dia estando mais "de boa" para viver em todas as esferas de minha vida o tempo de preparar!

Lendo sobre o significado de conversão encontrei: "Processo através do qual as emoções se transformam em manifestações físicas".

Sair das emoções e partir para ações! Isso gera sentido. Isso abre espaço para misericórdia!

Então, mais que deixar de fazer isso ou aquilo! Por que você não faz isso?

Faça! Faça com sua família, faça com seus amigos, faça com sua (seu) namorada (o)!

A Quaresma então é para todos!

"Tamu junto"

Foto Adriano Gonçalves
adriano@geracaophn.com

5 de março de 2009

Meta Alcançada


4 de março de 2009

Internet, fonte de conhecimento

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Testemunhamos, a cada minuto, as transformações do mundo

Há pouco tempo, quando se pensava em uma mídia capaz de movimentar as massas, tínhamos como detentora dessa categoria a televisão. Longe da interatividade, os telespectadores estavam privados de opinar sobre aquilo que estava sendo apresentado.

Atualmente esse reinado tem se dividido com a internet, cuja qualidade mais marcante é a vantagem de concentrar em um mesmo dispositivo as principais características da rádio, da TV e da mídia escrita, além de favorecer a interatividade entre aqueles que fazem as notícias e o público.


Com a popularização da rede mundial de computadores, testemunhamos, minuto a minuto, as transformações do mundo no modo de pensar, de agir e de reagir por intermédio das notícias cada vez mais imediatas. A democratização dessa mídia estendeu ao público comum, que até então apenas recebia passivamente as informações, a oportunidade de também viver a experiência de ser repórter ao expressar seus pensamentos, formar opiniões ou apenas partilhar comentários por meio de muitos dispositivos oferecidos por ela, como blogs, comunidades de relacionamentos, entre outros.

De certa maneira, estamos sempre buscando aprender alguma coisa, dispostos a partilhar experiências e a contar histórias. Não hesitamos em viver – ainda que num ambiente virtual – a interação com pessoas que jamais imaginaríamos encontrar. Aquela formalidade de antes conhecer alguém para posteriormente partilhar ideias ou contar fatos, na Web acontece de modo inverso, ou seja, a importância do conteúdo apresentado abre oportunidade de contato entre os internautas, assim como com o próprio autor da matéria.

Participar com comentários em um post faz de cada leitor um coprodutor de um artigo ou notícia, especialmente, quando este reage de maneira inteligente ao fazer valer sua opinião. Por outro lado, alguém que interage de maneira apelativa, ao se aproveitar do anonimato, abusa do seu direito com atitudes de extrema provocação. Tais pessoas deixam assim transparecer que de alguma maneira o conteúdo apresentado atingiu sua verdade, por vezes, difícil de ser enfrentada, além de também manifestarem que ainda não estão capacitadas para conviver com tamanha liberdade de expressão oferecida pela internet.

Sem a participação ativa e direta de cada leitor, a Web seria apenas um grande estande com muitos sites, criado apenas para o deleite do próprio autor. Mas tenho a certeza de que, para a grande maioria, o desejo é de sempre aproveitar dessa ferramenta como fonte de aprendizado, crescimento e interação.

Obrigado aos coprodutores deste site.

Um abraço

Foto Dado Moura
dado@dadomoura.com

20 de fevereiro de 2009

É hora de decisão

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Mesmo que a decisão seja só nossa, podemos ser ajudados


Perdas a ganhos se entrelaçam na arte de viver. A cada dia surgem novas descobertas e sempre deparamos com a oportunidade de nos decidirmos por algo.

Tomar uma decisão nunca foi fácil, afinal, decidir implica escolher e escolher uma coisa é inevitavelmente abrir mão de outra. O fato é que, alguma vez na vida, todos nós tivemos que tomar uma decisão e é sobre isso que vou falar.

Lembro-me de tantas vezes em que precisei tomar sérias decisões em minha vida... Mudar de emprego, entrar na Comunidade Canção Nova, fazer certo curso, terminar um relacionamento, fazer uma viagem, silenciar ou falar naquela hora... e por aí segue uma série de decisões tomadas ao longo de minha história. Fico pensando o que seria de mim se não tivesse tomado cada decisão, e recordo-me, com gratidão, das pessoas que me ajudaram a dar os passos necessários.

Acredito que diante das situações, quase sempre tensas, nas quais precisamos nos decidir por algo, a primeira atitude que devemos tomar é pedir ajuda a quem nos ama; de preferência que essa pessoa não esteja envolvida no caso. Mesmo que a decisão seja só nossa, podemos ser ajudados no sentido de avaliar bem "os dois lados da moeda". É que quando a situação nos pressiona a nos decidirmos, corremos o sério risco de agirmos guiados por sentimentos, pela razão ou por impulsos.

A pressa também pode ser nossa inimiga nessa hora; então, calma! Esperar um momento, deixar a poeira baixar pode ser muito proveitoso. Dizem que depois de uma noite de sono muita coisa pode mudar. Mas, atenção! Também não podemos deixar passar a hora da graça e nos acostumarmos à falta de decisão, e ao começar a conviver com o problema adiar o momento de agir. Atitudes assim corroem o coração, ofuscam o brilho da vida, roubam os sonhos e enfraquecem a vontade. É preciso coragem para dar os passos certos na hora certa!

Hoje, talvez seja o dia de uma grande decisão em sua vida! Portanto, não tenha medo de dar os passos que devem ser dados. Partilhe isso com alguém de sua confiança e tenha a coragem de passar pelo processo necessário da mudança. Pode ser mais fácil do que você imagina, mas só o saberá agindo.

A natureza nos ensina muito sobre renovação e mudanças. Basta contemplarmos a mesma árvore em cada estação do ano, e ficaremos impressionados como sua vida vai se entrelaçando entre perdas e ganhos. Conosco não é diferente e saber perder para ganhar é questão de sobrevivência.

A Palavra de Deus diz em Deuteronômio 31,6: "Sede fortes e corajosos; não temais, nem vos atemorizeis, porque o Senhor vosso Deus é quem vai convosco. Não vos deixará nem vos desamparará".

Essa é promessa do Senhor e Ele é fiel. Posso testemunhar que sou uma pessoa feliz e o meio pelo qual Deus me forma, a cada dia, é dando-me a liberdade de fazer escolhas. Minha contribuição é fazer uso dessa liberdade e tentar fazer sempre a melhor escolha. Desejo que você também faça essa experiência, e confiando seguramente no Senhor, escolha hoje para sua vida o que é nobre e digno diante de Deus. Não tenha medo de abrir mão do que já não lhe pertence... Perdas e ganhos se entrelaçam na arte de viver bem e a natureza nos ensina essa lição, no silêncio.

Eu sou aprendiz. E você?

Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

16 de fevereiro de 2009

A arte da convivência familiar!

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Alguém único e irrepetível foi confiado a mim

Inspirado em algumas leituras e meditações feitas no dia a dia pastoral, passando por diversas comunidades, resolvi colocar em síntese algumas ideias, que vejo como importantes como reflexão para o enriquecimento da vida conjugal e familiar. Em primeiro lugar, é importante ter consciência de que o casamento é o encontro de duas pessoas que são diferentes, que se amam porque diferentes, e que permanecerão diferentes. Um se abre ao outro com suas diferenças, para enriquecer a vida e a história do outro.

Tem gente que passa a vida inteira querendo que o seu cônjuge seja como ele (a). Na convivência existem alguns pormenores que fazem a diferença. Existe um sinal inconfundível entre os que se amam de verdade: a dedicação de um ao outro. Alguém único e irrepetível foi confiado a mim. A esta pessoa devo dedicar minha vida, meus esforços, meu ser. Partilharemos um destino em comum, formaremos uma família, um tem de produzir vida no outro para que a plenitude da vida aconteça em seu lar. Existem atitudes que se tornam como que combustíveis do amor, alimentam-no e o fazem crescer. Estas se traduzem nas palavras, nos afetos e nas delicadezas. Um carinho a mais, uma atenção maior em determinados momentos, um gesto de delicadeza.

Tudo isso conta e muito! Já o inimigo principal do amor é o egoísmo. Uma pessoa centrada em si, individualista, que só pensa nos seus afazeres e satisfações, impossibilita a felicidade dos outros e, por tabela, se torna infeliz. Nossa vida é um chamado à comunhão e não ao isolamento. Fazer aos outros felizes é dever de todos.

Outras duas palavras que não poderão faltar na arte de amar são paciência e perdão!

A convivência humana exige isso.

Nós somos mistério para nós mesmos, como conhecer o outro sem restrições?

Surpreendemo-nos com nossos pensamentos e ações. Todos estamos em busca de um equilíbrio perfeito. Mas, isso não quer dizer que as imperfeições estejam superadas. A paciência é sinal de força e poder. Esperar diante de toda desesperança é sinal de sabedoria. Além disso, ser misericordioso é carregar em si o distintivo do discípulo de Cristo. Não perdoar é, como dizem por aí, "beber veneno achando que o outro é que vai morrer"! Como bem diz uma canção: "O lar é um lugar de se viver e dialogar".

Não tenho dúvida de que o casal é o lugar do Amor no mundo, e se é o lugar do Amor, é o lugar de Deus!

Precisamos honrar isso na prática de nossa vida, para a transformação de nossa história. Queridos casais, queridas famílias, estas palavras nascem do meu coração de pastor.

Desejo muito que o amor seja visto em cada lar de nossas paróquias.

Que Maria, Mãe do Divino Amor, interceda por nós!

Pe. Reinaldo R. Rezende é assessor diocesano da Pastoral Familiar e da Comissão Diocesana em Defesa da Vida.

Pe.Reinaldo Roberto de Rezende
Pároco da Catedral de São Dimas - S. José dos Campos - SP

12 de fevereiro de 2009

As diversas faces do ódio

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Odiar é viver na tristeza

Muitas vezes, podemos viver no ódio sem saber, o sinal de sua presença se manifesta de maneira clara, mas, por vezes, também sutil. Convido você para meditar sobre o sentido do ódio, sobre como ele se manifesta e sobre os efeitos dele. É claro que o contrário do ódio é o amor; mas quando estamos de fato no amor?

Jesus disse:

«Ouvistes o que foi dito aos antigos: "Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo". Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão, será réu perante o tribunal» (Mt 5, 21-22).

O que significa não matar? A primeira resposta que nos vem à mente é não tirar a vida de alguém. Por que qualquer pessoa, independentemente se é religiosa ou não, sabe que matar é errado? Mas por que manifestações de ódio, como brigas, desentendimentos, acidentes e violência têm tanta audiência?

Sem dúvida, há dentro de cada pessoa o desejo de estar próximo ou longe de alguém que talvez nunca lhe tenha feito mal algum. Assim como existem pessoas que nunca vimos e sentimos como se fôssemos amigos há muito tempo. Já outras só de vê-las nos dá o desejo de ficar longe delas. O primeiro exemplo fala do amor cuja essência é a união com o outro. O segundo exemplo nos revela o ódio, cuja essência é a separação, o querer estar distante do outro. Essas duas realidades nos indicam que dentro de nós convivem dois lados: o amor e o ódio.

Quando amamos colhemos imediatamente os frutos da alegria, da leveza interior, da satisfação e do desejo de proximidade com o amado. Por outro lado, quando odiamos colhemos imediatamente os frutos da tristeza, ficamos deprimidos, nos sentimos mal, com uma agitação contínua e não conseguimos ser nós mesmos porque o sentimento de aversão, de mágoa e de ressentimento podem até tomar conta de nós.

O que vimos até agora nos deixa claro que amar é ser feliz, ao passo que odiar é viver na tristeza. E quando estamos no amor e quando estamos no ódio? Como permanecer no amor e como vencer o ódio?

Quando estamos unidos a alguém, em paz uns com os outros, buscando sempre dar o melhor de nós para todos – seja para com os que são simpáticos, seja para os que nos são antipáticos – encontramos um caminho árduo, mas muito proveitoso para nossa vida terrena e para nossa salvação. Amar, portanto, é um vencer a si mesmo, é questão de inteligência e de decisão.

O ódio se manifesta na indiferença, no querer estar longe daqueles que nos fazem mal ou que não nos trazem prazer nem nenhuma satisfação pessoal. Ele surge quando escolhemos agir conforme o sentimento de querer estar distante de alguém, com ou sem motivo. Enfrentar os sentimentos de aversão, raiva, rancor profundo, antipatia, repulsa com gestos de amor é o único remédio para nos levar a vencê-lo [ódio].

Amar e odiar é uma questão de liberdade. A decisão por uma ação ou por outra depende de cada um de nós. Cabe a você escolher em cada momento. Deus não faz acepção de pessoas. Na Canção Nova aprendemos uma receita para viver o que Jesus nos ensinou: "Pensar bem de todos, falar bem de todos, querer bem a todos" (São João Bosco).

Leandro Pereira
leandrocesarcn@gmail.com

9 de fevereiro de 2009

Esperança, o combustível da vida

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Uma vida sem sabor é uma vida sem perspectivas

A esperança corresponde à aspiração de felicidade existente no coração de cada pessoa. Interessante observar que quem perde a esperança mais profunda perde o sentido de sua vida, e viver sem esperança não tem sentido. O próprio antônimo dessa palavra é DESESPERO, ou melhor, a perda quase que em estado definitivo da esperança. O desespero é capaz de corroer o coração.

A esperança é a vacina contra o desânimo, contra a possibilidade de invasão do egoísmo porque, apoiados nela, nos dedicamos à construção de um mundo melhor. A perda da esperança endurece nossos sentimentos, enfraquece nossos relacionamentos, deixa a vida cinza, faz a vida perder parte do seu sabor. No entanto, todos os dias, somos atingidos por inúmeras situações que podem nos desesperar.

A esperança é o combustível da vida, a forma de mantê-la viva é não prender os olhos nas tragédias; a cada desgraça que contemplamos corremos o risco de perder combustível. Existe na mitologia grega uma figura interessante chamada Fênix, que quando morria entrava em autocombustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas. Essa ave, o mais belo de todos os animais fabulosos, simbolizava a esperança e a continuidade da vida após a morte. Revestida de penas vermelhas e douradas, as cores do Sol nascente, possuía uma voz melodiosa que se tornava triste quando a morte se aproximava.

A impressão causada em outros animais – por sua beleza e tristeza – chegava a provocar a morte deles. Nossa vida passa por esse processo várias vezes num único dia, ou seja, sair das tragédias para contemplar a beleza que não morreu, a vida que existe ainda, como fazia essa ave mitológica. Alguns historiadores dizem que o que traria a Fênix de volta à vida seria somente o seu desejo de continuar viva, depois de completar quinhentos anos elas perdiam o desejo de viver e aí, se morressem, não mais reviviam. O desejo de continuar a viver era sua paixão pela beleza que é a vida.

Vida sem sabor é uma vida sem perspectivas; quem cansou de tentar, cansou de lutar, desistiu de tudo, uma vida que apenas espera o seu fim por pensar que nada que se faça pode mudar coisa alguma. Quem perdeu a capacidade de sonhar, o desejo de felicidade confundiu-se com a utopia. Felizmente não existe motivo para desanimar, lembrando as palavras de São Paulo: "A esperança não decepciona" (Rm 5,5). Não falamos aqui de qualquer esperança, mas da autêntica esperança, que não se apoia em ilusões, em falsas promessas, que não segue uma ilusão popular em que tudo se explica.

A esperança verdadeira, vinda de Deus, é uma atitude muito realista, que não tem medo de dar às situações seu verdadeiro nome e tem sempre Deus como fator principal. Não tem medo de rever as próprias posições e mudar o que deve ser mudado. À medida que perdemos ilusões e incompreensões temos o espaço real, no qual pode crescer a esperança, que nada mais é do que a certeza de que tudo pode ser melhor do que o que já vemos, e o desejo de caminhar na direção da vida, atraídos pela sua beleza, que no momento pode somente ser sonhada, mas é contemplada pelo coração.

O homem pode ser resistente às palavras, forte nas argumentações, mas não sobrevive sem esperança. Ninguém vive se não espera por algo bom que seja bem melhor do que o que já conhece, que já possui ou já experimentou. Deus alimenta nossa vida através da esperança!

Padre Xavier

3 de fevereiro de 2009

Quem sou eu?

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Eu, visto pelo outro, nem sempre sou eu mesmo...

Quem sou eu? Eu vivo para saber. Interessante descoberta que passa o tempo todo pela experiência de ser e estar no mundo. Eu sou e me descubro ainda mais no que faço. Faço e me descubro ainda mais no que sou. Partes que se complementam.

O interessante é que a matriz de tudo é o "ser". É nele que a vida brota como fonte original. O ser confuso, precário, esboço imperfeito de uma perfeição querida, desejada, amada.

De vez em quando, eu me vejo no que os outros dizem e acham sobre mim. Uma manchete de jornal, um comentário na internet ou até mesmo um e-mail que chega com o poder de confidenciar impressões. É interessante. Tudo é mecanismo de descoberta. Para afirmar o que sou, mas também para confirmar o que não sou.

Há coisas que leio sobre mim que iluminam ainda mais as minhas opções, sobretudo quando dizem o absolutamente contrário do que sei sobre mim mesmo. Reduções simplistas, frases apressadas que são próprias dos dias em que vivemos.

O mundo e suas complexidades. As pessoas e suas necessidades de notícias, fatos novos, pessoas que se prestam a ocupar os espaços vazios, metáforas de almas que não buscam transcendências, mas que se aprisionam na imanência tortuosa do cotidiano. Tudo é vida a nos provocar reações.

Eu reajo. Fico feliz com o carinho que recebo, vozes ocultas que não publico, e faço das afrontas um ponto de recomeço. É neste equilíbrio que vou desvelando o que sou e o que ainda devo ser, pela força do aprimoramento.

Eu, visto pelo outro, nem sempre sou eu mesmo. Ou porque sou projetado melhor do que sou ou porque projetado pior. Não quero nenhum dos dois. Eu sei quem eu sou. Os outros me imaginam. Inevitável destino de ser humano, de estabelecer vínculos, cruzar olhares, estender as mãos, encurtar distâncias.

Somos vítimas, mas também vitimamos. Não estamos fora dos preconceitos do mundo. Costumamos habitar a indesejada guarita de onde vigiamos a vida. Protegidos, lançamos nossos olhos curiosos sobre os que se aproximam, sobre os que se destacam, e instintivamente preparamos reações, opiniões. O desafio é não apontar as armas, mas permitir que a aproximação nos permita uma visão aprimorada. No aparente inimigo pode estar um amigo em potencial. Regra simples, mas aprendizado duro.

Mas ninguém nos prometeu que seria fácil. Quem quiser fazer diferença na história da humanidade terá que ser purificado nesse processo. Sigamos juntos. Mesmo que não nos conheçamos. Sigamos, mas sem imaginar muito o que o outro é. A realidade ainda é base sólida do ser.

Foto Padre Fábio de Melo

29 de janeiro de 2009

Administrar perdas afetivas

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As coisas se resolverão em Deus e não segundo seu desejo

A palavra perda, por si só, já causa certo mal-estar. Trabalhamos, batalhamos, buscamos conservar, enfim, nos aplicamos tanto nessa vida que, quando ocorre algum tipo de perda, certamente, ela nos causa dor. Ainda que o futuro revele que aquele fato contribuiu para o nosso bem, no momento em que ele acontece, sofremos e nos lamentamos.

Algumas perdas nos causam apenas incômodo. Perder o horário, o jogo de futebol, a vaga na garagem, o cartão de crédito ou algum outro objeto são privações momentâneas que, de alguma forma, estamos condicionados a quase, instantaneamente, buscar uma solução ao prejuízo causado. Há uma reação que dá curso ao seguimento da vida.

Já quando nos deparamos com uma perda na área afetiva, como o namoro que terminou, o esposo (a) que se foi, um familiar que morreu ou até mesmo quando o afeto envolve algo material – casa, móvel de estimação, automóvel –, essa tomada de atitude nunca é de pronto, pois fica mais difícil administrar. Os sentidos ficam atordoados e pensar com coerência nem sempre é o que acontece. Há quem aja até esquecendo-se do amor próprio e da liberdade que o outro tem; procedendo, às vezes, de forma infantil. A razão não admite o desfalque e busca um modo irreal de alimentar a crença de que tudo voltará a ser como era antes.

Mas o que fazer nessa hora?

Devemos admitir que a perda é real; aconteceu. Isso quer dizer que não adianta ficar contando com algo que possa acontecer para reverter a situação.

A vida prossegue do ponto e nas condições em que você está. É preciso agir com a razão; não segundo a voz do coração em desespero. A pergunta a se fazer é: "O que posso fazer agora?" E não: "Como será minha vida?". A forma diferente de se questionar inspira atitudes determinantes. Enquanto a primeira provoca uma reação, a última demonstra a prostração perante o fato. Agir com a inteligência também é respeitar a escolha de quem já não quer um compromisso com você. Não prometa que você vai mudar radicalmente (diferente de admitir um erro), não se anule enquanto pessoa para ser como o outro quer, porque você não será feliz e não conseguirá fazer o outro (a) feliz.

Saudosismo também não resolve.

Enquanto houver sentimento, procure não se encontrar ou, pelo menos, não se prolongar muito tempo na presença do (a) ex. Qualquer progresso alcançado em levar sua vida adiante pode ir por água abaixo por causa de um comentário ou de um olhar da outra parte que seja mal interpretado por você. Não se esqueça de que seu coração ainda quer acreditar.

Busque com o que se distrair. Uma boa conversa com os amigos e um ambiente diferente lhe fará bem. Não fique só pensando o que estaria fazendo na companhia dele (a) ou nos lugares em que costumavam frequentar juntos.

Queira reagir. Decida-se por prosseguir seu caminho. Pessoas que passaram por nossa vida, deixaram-nos cicatrizes boas ou ruins e não há como apagá-las. Fique com o que foi bom. Uma pequena manifestação de querer se livrar do pesar que lhe causa dor, lhe trará mais alegria e outras pessoas vão se aproximar de você, pois a alegria as atrai.

Enfim, a esperança não pode ser uma expectativa fechada. As coisas se resolverão em Deus e não segundo seu desejo no momento. Dê tempo ao tempo! Até mesmo em casos em que, realmente, há uma volta, uma reconciliação ou que você volte a ter o que perdeu, atitudes como essas ajudam no processo e no tempo em que você se desprendeu.

Tenha em mente que "Tudo concorre para o bem daqueles que amam Deus". (Rm 8,28). O Senhor pode e tem poder de tirar algum benefício de tudo o que é ruim.

Se algo lhe foi arrancado, ainda que violentamente, não quer dizer que você nunca mais será feliz. Ainda há no seu interior a capacidade de amar e aparecerá alguém que se identifique melhor com sua forma de expressar todo esplendor dos sentimentos que habitam o seu ser.

Deus o abençoe.

Sandro Arquejada - Missionário Canção Nova
sandroarq@geracaophn.com

21 de janeiro de 2009

Minha namorada quer transar, e agora?

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O relacionamento sexual não é mera aventura ou sonho de verão

Recebi muitos comentários sobre o artigo "Meu namorado quer transar, e agora?", sendo que alguns rapazes cristãos chamaram a minha atenção no sentido de que hoje as moças também estão muitas vezes exigindo "transar" no namoro, deixando-os em situação difícil.

Em primeiro lugar, devo dizer que recebi o título do artigo da equipe do Portal da Canção Nova e pensei que devesse me limitar a ele; na verdade, eu poderia ter abordado o assunto de ambos os lados, das moças e dos rapazes.


No tempo do meu namoro – que já vai longe! – quase não se cogitava a possibilidade de uma moça exigir do namorado a realização do ato sexual; e os pais cuidavam disso muito de perto. Talvez por isso, inconscientemente, eu tenha me restrito ao tema do artigo proposto.

Um rapaz, que reclamou da parcialidade do meu artigo, disse-me que terminou o namoro com uma garota porque ela exigia dele vida sexual. Na resposta a seu e-mail, a primeira coisa que escrevi foi um elogio a ele com minhas congratulações por se comportar de verdade, corajosamente, como um jovem verdadeiramente cristão; algo não tão comum hoje em dia.

Nossos jovens cresceram sem receber a menor informação sobre o "brilho" da virtude da pureza; e, por isso hoje, quase sem culpa, estão encharcados de sexo vazio.

Se o ato sexual no namoro não deve ser forçado pelo rapaz, muito menos pela moça, uma vez que ela é quem mais vai ficar marcada com esse comportamento. Ora, sabemos que a mulher é detalhista e não se esquece de nada que ocorra na sua vida, especialmente na área romântica. Minha esposa, depois de 40 anos, ainda sabe a cor da camisa que eu usava quando comecei a namorá-la; lembra-se de tudo, dos detalhes, das músicas... Confesso que eu não me lembro de quase nada.

É preciso dizer aqui que a parte que mais sofre com a vida sexual fora de lugar é a mulher. A jovem, na sua psicologia feminina, não esquece os menores detalhes da sua vida amorosa. Ela guarda a data do primeiro encontro, o primeiro presente, etc... Será que ela vai se esquecer da primeira relação sexual? É claro que não!

A primeira relação deve acontecer num ambiente preparado, na lua-de-mel, quando a segurança do casamento a sustenta. A vida sexual de um casal não pode começar de qualquer jeito, às vezes dentro de um carro numa rua escura, ou mesmo num motel, que é um antro de prostituição. O relacionamento sexual não é mera aventura ou sonho de verão; não, é o selo de um compromisso de duas pessoas maduras que decidiram entregar a vida um ao outro e aos filhos, até a morte. O sexo e o amor são a nascente da vida humana; e não uma mera curtição.

Além do mais, quando o namoro termina, as marcas que o sexo deixa ficam no corpo da mulher para sempre. Para o rapaz tudo é mais fácil. Ele não precisa usar pílula anticoncepcional (que faz mal para a mulher), nem o DIU ou a pílula do dia seguinte, que é uma bomba de hormônio na mulher. O rapaz não corre o risco também de uma gravidez indesejada ou de procurar o crime do aborto para eliminar a criança que não devia ter sido gerada.

Eu me lembro que, na década de 70, para diminuir os acidentes de trânsito, o Governo lançou um slongan: "Não faça de seu carro uma arma, a vítima pode ser você". Podemos perfeitamente plagiar essa frase e dizer: "Não faça do seu corpo uma arma, a vítima pode ser você". Já vi e ouvi muita moça chorar porque brincou com o sexo. Não faça isso.

O namoro é o tempo de conhecer o coração do outro e não o seu corpo; é o momento de explorar a sua alma e não o seu físico. Para tudo há a hora certa, no momento em que as coisas acontecem com equilíbrio e com a bênção de Deus. Espere a hora do casamento, e então você poderá viver a vida sexual por muitos anos e com a consciência em paz, certa de que você não vai complicar a sua vida, a do seu namorado e nem mesmo a da criança inocente.

O bom para o namoro é uma vida de castidade, que é a melhor preparação para o casamento. Sem dúvida, um casal de namorados que souber aguardar a hora do casamento para viver a vida sexual, é um casal que exercitou o autocontrole das paixões e saberá ser fiel um ao outro na vida conjugal.

Se você quer um dia construir uma família sólida, um casamento estável e uma felicidade duradoura, então precisa plantar hoje para colher amanhã. Ninguém colhe se não semear. Na Carta aos Gálatas, São Paulo diz: "De Deus não se zomba. O que o homem semeia, isto mesmo colherá" (Gl 6,7).

Peço que você faça esta experiência: veja quais são as famílias bem constituídas, veja quais são os casamentos que estão estáveis e verifique sob que bases eles foram construídos. Você verá que nasceram de casais de namorados que se respeitaram e não brincaram com a vida do outro.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

16 de janeiro de 2009

Amar é: voltar a ser especial

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Dizer que amamos alguém é muito mais que expressar o que sentimos

Dizer que amamos alguém é muito mais que expressar o que sentimos; é deixar claro para a outra pessoa que estamos dispostos a realizar todas as coisas para fazê-la feliz ao nosso lado. Embora o amor seja definido como um sentimento, a manifestação dessa emoção é traduzida em gestos e atitudes. Isso se aplica também ao amor entre irmãos, pais, filhos, colegas... e em nada esse "bem-querer" se difere – em intensidade – da manifestação vivida entre homens e mulheres decididos a viver o desafio da vida comum compartilhada.

Quanto mais convivemos com as pessoas, tanto maior é o nosso conhecimento a respeito delas. Assim, apesar de manifestarmos e dizermos por várias vezes que amamos alguém, também estamos sujeitos a outros sentimentos, como raiva, medo, inclusive, certa insatisfação, mesmo que seja por alguns momentos. Da mesma maneira que a febre no organismo pode indicar infecção, as possíveis insatisfações no relacionamento são indicadoras de uma situação que merece atenção especial.

Ninguém reclama da falta de alguma coisa sem antes ter experimentado suas vantagens. Sabemos o quanto é bom ter a atenção e o carinho de alguém voltados para nós; todavia, muitas vezes, no convívio do dia-a-dia ou tomados por outros afazeres, deixamos de lado coisas simples, mas de grande importância para a manutenção do casamento. Hábitos que anteriormente eram comuns no tempo de namoro ou no início da vida conjugal, infelizmente se tornaram raros por parte de um dos cônjuges, ao longo dos anos, como passear de mãos dadas, trocar beijos e carinhos, assim como outras afabilidades no tratamento.

Ao deparar com a rarefação dos carinhos e das delicadezas, anteriormente presentes na vida dos casais, pode-se achar que o relacionamento conjugal está fadado à mesma rotina de outros – muitos dos quais não podem nos servir de modelo. No entanto, não podemos permitir que os problemas e as insatisfações manifestadas roubem de nós a pessoa amada. O descaso às queixas do cônjuge acabará por extinguir da vida do casal aquilo que foi objeto da reclamação. Antes melhor denunciar aquilo que é de desagrado.

Tentar acostumar-se com a situação, ridicularizá-la ou responder com sarcasmo ao que foi relatado, apenas provoca feridas e pode provocar consequências desastrosas para aqueles que, até pouco tempo, eram cúmplices em seus propósitos. Portanto, uma vez conhecidos os entraves da convivência, não podemos nos comprometer somente com promessas de mudança, pois estas precisam ser assumidas com atitudes.

Assim, revigorados pela disposição em voltarmos a ser especiais ao outro, evitaremos que os muros das superficialidades e do individualismo surjam no campo dos sentimentos, nos quais paredes jamais podem existir.

Comentários deste e outros de artigos no podcast 'Relacionamentos'

Um abraço,

Foto Dado Moura
dado@dadomoura.com

12 de janeiro de 2009

A atitude do bem

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Ser humilde é a principal característica de quem entendeu o Amor

Estamos sempre à espera que o semelhante nos faça somente o bem. Em todos os lugares, em várias circunstâncias, ao depararmos com outras pessoas, esperamos uma boa recepção, a aprovação social, o melhor lugar, etc. Muitas vezes, até de familiares e amigos mais próximos, gestamos a expectativa de adquirir sua melhor acolhida, o que nem sempre acontece.

Há no ser humano uma inclinação em querer o melhor para si. E nos sentimos injustiçados ou inocentes quando isso não acontece. Esquecemos, por um momento, que também a outra pessoa deseja e pode estar disposta a lutar, se for preciso, por um lugar privilegiado. Também os apóstolos discutiam quem entre eles seria o maior.

Desculpamo-nos muitas vezes por não fazermos o bem, por não sermos correspondidos favoravelmente num contato, devolvendo ao indiferente ou aquele que nos agride uma atitude recíproca a que ele nos dispensou. Talvez o pecado original seja o principal responsável por tais atitudes em nós.

O lado humano e as primeiras impressões de justiça e amor-próprio gritam dentro de nós. Também a tentação de nos comparar, na situação, uns com os outros, justificaria a sensação de injustiça. "Porque ele pode e eu não?" Por mínima que seja a atitude de desaprovação, já imaginamos: "O que fiz para essa pessoa?" ou então: "Que falta de consideração!", ou ainda: "Nem me notou!" Pensamentos assim nos detêm na capacidade de responder diferente.

A consciência e a vontade de querer ir além das mazelas humanas devem ser maiores. O que levou o outro a querer o melhor só para si esquecendo-se da fadiga e do cansaço alheio? Com certeza se descobríssemos seus infortúnios vida afora, ainda que menores que os de outros, veríamos sua atitude de forma diferente, olharíamos com piedade e entenderíamos seus limites. Por incrível que pareça, se quisermos a consideração das pessoas, ou melhor, para revertermos qualquer situação difícil em algo favorável, devemos deixar exalar do nosso interior o bem que queremos receber dos outros.

O bem que aprendemos dos que nos amam incondicionalmente é o que muda e converte o coração dos que nos são indiferentes. Como alguém pode aprender a amar se não há quem o ensine e lhe dê exemplo? A resposta na mesma moeda não tem valor quando se trata da conquista de um coração!

Supere você as expectativas do outro. É Nosso Senhor Jesus Cristo que nos ensina a agir acima da simples sombra da justiça humana e a pensar segundo a misericórdia divina. "Até os pecadores prestam ajuda aos pecadores, para receberem o equivalente. Amai vossos inimigos, fazei o bem e prestai ajuda sem esperar coisa alguma em troca" (Lc 6, 34-35).

Não ter uma imagem elevada de si mesmo e nunca contar com a total atenção e serviço de todos alimenta a humildade. Ser humilde é a principal característica de quem entendeu o Amor, e o Amor esvaziou-se de si e se entregou a cada um de nós. Sigamos o exemplo d'Ele para encontrar a felicidade eterna. Amar e ensinar a amar, essa é a nossa vocação! Deus o abençoe.

Sandro Ap. Arquejada - Missionário da Canção Nova
sandroarq@geracaophn.com

7 de janeiro de 2009

A crise esta aí; Deus também está

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Deus é maior do que todas as crises mundiais e financeiras

Hoje, Deus quer falar sobre a necessidade de você ser um homem e uma mulher incendiados no fogo do Espírito Santo. Ouvimos em todas as mídias seculares (Rádio, TV e Internet) que 2009 será um ano de crise, um ano difícil. As projeções são de crise financeira, que vai desencadear crises familiares, pois, sem dinheiro para comprar as coisas necessárias para a casa, marido e mulher entram em pé de guerra.

Humanamente falando, ficamos preocupados com o futuro do mundo e das nossas vidas. Mas nós cristãos não podemos nos deixar levar por essa onda de incertezas e de medo. Eu digo para você, em nome de Jesus, que 2009 será uma bênção para aqueles que confiam no Senhor!

Precisamos nos colocar na fé. Se todo mundo disser que o ano será difícil, você diz o contrário. Mergulhe na bênção. Temos de confiar que 2009 não será um inferno econômico, mas uma bênção para os filhos de Deus.

Na Bíblia, existem cerca de 30 mil promessas de Deus, promessas de prosperidade, felicidade e alegria. Nenhuma crise vai tirar de nós essas promessas do Senhor. No entanto, elas só são cumpridas no coração daqueles que crêem. Agarre-as!

O Espírito Santo precisa estar com você o tempo todo, porque é Ele quem vai manter reavivada a sua fé. Ou você crê ou você não crê. Tome posse dessa verdade: 2009 será um ano de graça. Não caia na incredulidade.

Você precisa ser realista; não alienado. Precisamos crer no invisível, não no visível. Deus é maior do que todas as crises mundiais e financeiras. Deus não vai abandonar você. Precisamos nos organizar para receber a bênção.

No Evangelho de São Mateus 15, 29-39, encontramos:

"Jesus saiu daquela região e voltou para perto do mar da Galiléia. Subiu a uma colina e sentou-se ali. Então numerosa multidão aproximou-se dele, trazendo consigo mudos, cegos, coxos, aleijados e muitos outros enfermos. Puseram-nos aos seus pés e ele os curou, de sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam, daqueles aleijados curados, de coxos que andavam, dos cegos que viam; e glorificavam ao Deus de Israel. Jesus, porém, reuniu os seus discípulos e disse-lhes: Tenho piedade esta multidão: eis que há três dias está perto de mim e não tem nada para comer. Não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho. Disseram-lhe os discípulos: De que maneira procuraremos neste lugar deserto pão bastante para saciar tal multidão? Pergunta-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Sete, e alguns peixinhos, responderam eles. Mandou, então, a multidão assentar-se no chão, tomou os sete pães e os peixes e abençoou-os. Depois os partiu e os deu aos discípulos, que os distribuíram à multidão. Todos comeram e ficaram saciados, e, dos pedaços que restaram, encheram sete cestos. Ora, os que se alimentaram foram quatro mil homens, sem contar as mulheres e as crianças. Jesus então despediu o povo, subiu para a barca e retornou à região de Magadã".

Essa passagem fala sobre a segunda multiplicação dos pães. Quanto mais a crise apertar, mais Jesus vai se manifestar. Ele quer realizar prodígios, milagres e sinais. Não tenha medo, Ele vai cuidar de você. Ele proverá o necessário para você e sua família. "Deus provê, Deus proverá, sua misericórdia não faltará".

É preciso organizar-se para que a bênção chegue até você. Semeie fé e colha fé em 2009. Não podemos ficar dispersos como as outras pessoas, não podemos nos desesperar com essa crise financeira mundial. Não faltará nada para você e, se faltar, peça a Deus a graça da fé para enxergar o motivo dessa falta. Às vezes, ela pode ser para o nosso amadurecimento no amor do Senhor e na esperança.

Humanamente falando, passaremos por um "vale escuro", então, precisamos andar com os olhos da nossa fé. Precisamos mostrar para o mundo que confiamos em Deus, por isso, não tememos nada. Não se desespere, o Senhor está criando novos céus e nova terra. Mesmo que você esteja no "vale escuro", agarre as promessas de Deus para você.

O seu Ano Novo será diferente se você deixar o Senhor ser o centro da sua casa.

Flavinho - Com. Canção Nova