21 de outubro de 2009

Sobriedade a virtude prática na vida

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A reconstrução do novo homem

Muitos de nós já ouvimos alguém dizer, mesmo em tom de brincadeira, que a sobriedade é uma escolha. Se a brincadeira for levada ao pé da letra, a pessoa escolhe, conscientemente, por não querer ter atitudes e pensamentos centrados e equilibrados, pelo menos durante um período de tempo. Ironicamente, outras pessoas enfrentam grandes dificuldades em viver na própria sobriedade. São pessoas que se veem amarrada a algum tipo de vício. Elas se sentem envolvidas por uma necessidade compulsiva de fumar, beber ou se drogar. Sem forças para lutar contra um desejo nocivo, essas pessoas se intoxicam até perderem os sentidos básicos que as diferenciam de um ser racional. Para essas pessoas, optar pela sobriedade é mais que uma questão de honra, é um motivo para conquistar a vida.


A pessoa envolvida na dependência química vive também outras dificuldades que refletem em seu caráter. Sua autoestima praticamente desaparece. Em muitas ocasiões, até mesmo os cuidados com sua hiegiene pessoal fica deficitária. É preocupante constatar o quão fácil é para alguém se tornar vítima de um vício, mesmo sendo uma situação tão delicada de se resolver.

Às vezes, a pessoa, fingindo não ter problemas, foge de sua própria realidade, desviando-se das responsabilidades e afogando o seu próprio estado de lucidez. Outras, desejando somente esquecer de seus problemas domésticos ou simplesmente querendo se tornar mais comunicativo numa roda de amigos, começam a fazer uso de drogas para provocar a sensação de liberdade ou extroversão. Elas preferem viver num mundo em que os efeitos alucinógenos da bebida, ou de qualquer outra droga, as fazem acreditar que seus sofrimentos são menores. Ao voltar da sua "viagem psicodélica", a pessoa frustra-se mais uma vez quando percebe que nada foi mudado em seu mundo real. Desta maneira, a vítima se sentirá cada vez mais tentada a lançar mão dos artifícios que a conduzem para uma dependência cada vez mais crônica. Como num círculo vicioso, a pessoa voltará a se intoxicar. Saciar o desejo da sua dependência é a sua prioridade, mesmo que para isso tenha que despojar de tudo aquilo que lhe é precioso.

Como resultado, vamos testemunhar, além da deterioração de sua saúde, também as crises em seus relacionamentos. Casamentos que são destruídos, famílias fragilizadas, filhos com problemas psicológicos, entre muitos outros desequilíbrios causados pelo vício.

Sabemos o quanto é difícil a convivência com alguém que vive às voltas por um "trago". Numa família, todos sofrem; tanto o viciado – seja no álcool ou na dependência química –, quanto os demais membros da casa. Pessoas que trabalham na recuperação de outras com problemas de envolvimento com qualquer tipo de droga licita ou ilícita, dizem que somente é possível a sua recuperação se a própria pessoa manifestar o desejo de sair dessa deplorável situação. Na maioria das vezes, é praticamente impossível alguém conseguir a cura por si própria. A ajuda profissional e o apoio de familiares é fundamental neste lento processo de recuperação que se inicará a partir do resgate da sua autoestima e a reconstrução do novo homem, tornando-o capaz de dominar a si próprio.

Somente por meio do resgate de suas virtudes a pessoa deixará de ser vítima daquelas coisas que o arrastam e o levam a renunciar o próprio uso da razão. Esta virtude é chamada de "sobriedade"; ela nos indica os limites que não devemos ultrapassar. Do contrário, se desrespeitarmos essas regras, já não seremos mais capazes de dominar a nós mesmos e seremos dragados por outras paixões.

Um abraço,

Dado Moura

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

19 de outubro de 2009

A arte de ensinar

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Saber valorizar o aluno e orientá-lo no que for necessário

A missão do professor sempre se destacou pelo fato de trabalhar com a mais nobre realidade do mundo: o coração e a inteligência do ser humano. Nada é mais importante do que o ser humano. Se é nobre e necessário dominar o aço e os microorganismos, construir casas e computadores, muito mais nobre é formar o homem, senhor de tudo isto. Os sábios gregos já diziam: "dá-me uma sala de aula e mudarei o mundo!"

O jovem e frágil aluno de hoje, será o condutor da nação amanhã; o que for semeado hoje no seu coração, na sua mente e no seu espírito, será colhido amanhã pela sociedade. E o que o aluno espera de um Professor?

Em primeiro lugar que o professor seja honesto e honrado, exigências mínimas de quem carrega o título de mestre. Sabemos que o homem moderno está cansado de discursos, quer ver exemplos. O mestre romano Sêneca dizia que "de nada vale ensinar o que é a linha reta, se não ensinar o que é a retidão".

Alguém já disse que o aluno só aprende com satisfação, quando o professor ensina com entusiasmo e sabe motivar o aluno. Sem isto o jovem não descobrirá a beleza da disciplina. É verdade que os alunos respeitam o professor que domina a matéria, mas isto ainda não é o suficiente. A primeira missão do professor é motivar para o aprendizado. "Um homem motivado vai à Lua, mas sem motivação não atravessa a rua".

O aluno espera que o professor tenha paciência com ele que ainda não descobriu a beleza da matéria; tenha a humildade de não usar o seu conhecimento para humilhá-lo, e que não use do poder da avaliação para destruir a sua auto-estima. Ele quer ver o seu Professor fazer da Avaliação um momento, a mais, do aprendizado; elaboradas com equilíbrio, e corrigidas com esmero e justiça, sem fazer da prova uma guerra onde se cobra dele uma maturação na disciplina que ele ainda não teve tempo de alcançar.

O aluno espera que o professor prepare bem as aulas e que gaste tempo para se aprofundar na matéria. Sabemos que para ensinar bem, um pouco de uma disciplina, é preciso saber muito sobre ela. Quanto mais sabemos, mais os alunos gostam de nos ouvir. Nada pior para um aluno do que ter que assistir uma aula maçante, mau preparada, ministrada por alguém que não conhece o que ensina. É um grande desrespeito... para não dizer um crime.

O aluno espera que o professor ensine com didática, competência e clareza; tenha pontualidade de horário, apresentação adequada e saiba dominar a classe com liderança.

Ele quer ver o professor como um amigo que o trata com respeito, confiança, atenção e cordialidade; interessado em tirar as suas dúvidas e a apontar-lhes caminhos novos...

Por dever de consciência, cada professor tem que dar o melhor de si para a boa formação dos jovens. Aí estará, inclusive, a sua maior realização; para a pessoa honesta, é no bojo da virtude que ela encontra a verdadeira recompensa.

Cito algumas recomendações pedagógicas para o bom desempenho de um Professor(a):

1.Saber motivar os alunos para o que vai ensinar.

2.Dominar a matéria e atualizar-se.

3.Preparar bem as aulas.

4.Expor a matéria com clareza, ordem e seqüência lógica.

5.Preparar, aplicar e corrigir as avaliações e provas com esmero, equilíbrio e justiça.

6.Ser assíduo, pontual e bem apresentado.

7.Tratar todos os alunos com respeito, atenção e cordialidade, sem com isto confundir as funções de cada um.

8.Manter a disciplina na classe.

9.Atender bem os alunos e tirar suas dúvidas, seja em classe ou fora dela.

10.Saber valorizar o aluno e orientá-lo no que for necessário.

É no banco da Escola que se formam os homens e as mulheres que um dia exercerão o poder, e conduzirão a História, nas mais variadas atividades e organizações. Muitos já disseram que "as palavras têm mais força do que os canhões". Esta é a nobre missão: formar a juventude, não só no aspecto científico e técnico, mas também – e principalmente – no aspecto humano, moral e ético. Sem a primazia da pessoa sobre a coisa, da moral sobre a ciência e da ética sobre a técnica, a humanidade corre sérios riscos, como pudemos ver pelas desastradas guerras e morticínios do recém encerrado século XX. O mundo, sem dúvida, encontra-se diante de uma encruzilhada, e o bom caminho a seguir só poderá ser discernido pelo bom entendimento da ciência com a moral. E isto depende de dos professores.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

16 de outubro de 2009

Deus não poderia escolher outra pessoa; Ele quis você!

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Eleitos que crêem no amor

São Paulo diz que foi como que crucificado com Cristo na cruz. Mas como a pessoa pode ter coragem de dizer isso? É a experiência do amor de Deus e a fé.

Muitos de nós já fizemos uma experiência do amor de Deus. Mas o problema é que a experiência do batismo no Espírito Santo é algo muito bom, mas que evapora. Isso quer dizer que tudo aquilo que é sentimento ou experiência humana é passageiro. Os sentimentos são efêmeros, não permanecem. Mas a fé no amor de Deus deve permanecer para sempre. Eu preciso crer nisso: Ele me amou. É preciso fazer uma distinção entre sentir o amor de Deus e crer no amor de Deus. No início fazemos uma experiência, mas depois Deus tira a "mamadeira". Ele quer que cresçamos espiritualmente. Começamos então a caminhar na fé, sem sentir a presença de Deus.

Fé, portanto, é acreditar naquilo que não se vê. Assim nós temos que crer no amor de Deus. Sim, você pode ter experimentado o amor de Deus, mas também quando a experiência humana for embora, você pode duvidar. Por isso é preciso crer concretamente no amor de Deus.

Deus poderia ter escolhido pessoas melhores do que nós, mas Ele não quis. Vou fazer uma comparação: imagine Deus entrando numa loja bem sofisticada, de vasos preciosos e olhando vaso por vaso: um vaso de ouro, com brilhantes, de porcelana, da China, outro de prata e marfim, de milhões de dólares. Ele, porém, não escolhe nenhum desses vasos. Ao contrário, atravessa a loja, desce até o porão e vai ao banheiro dos empregados e pega um penico, um penico velho, enferrujado, sujo, com moscas ao redor. Esse penico sou eu, é você.

Deus nos escolheu, Deus nos quis. Poderia ter escolhido coisa muito melhor. "Esse penico? E o vaso de marfim, o de ouro?" E Ele diz: "Mas eu não amei nenhum desses vasos preciosos, eu amei você, eu te escolhi." É a eleição de Deus. Ele nos escolheu e colocou um tesouro dentro desse "penico sujo", o tesouro do seu amor. Mas nós não aceitamos isso, porque queremos ser amados por nossos méritos. Só aceitamos ser amados se realmente valemos a pena. Parece humilhante sermos amados no meio das nossas misérias, mas Ele nos ama assim mesmo. Ele não espera a nossa conversão para nos amar.

Essa experiência de ser amado quando eu não mereço, é a verdadeira experiência do amor de Deus.

Preciso crer que Deus fez bem em me querer, me escolher. Eu não teria me escolhido, mas eu preciso crer que fui a melhor escolha.

Às vezes achamos que São Paulo era um super pregador. Mas não é isso que ele mesmo diz. Na segunda carta aos Coríntios ele diz que não sabe pregar. Nos Atos dos Apóstolos, um rapaz estava ouvindo sua pregação, cochilou, caiu da janela e morreu. São Paulo então rezou e ressuscitou o menino. Mas Paulo foi um grande pregador porque pregava com a vida, com sua entrega, com seu desprendimento em viver a Palavra de Deus. Ele passou por flagelações, apedrejamentos, naufrágios, vários perigos, ficou dias em alto mar. O que levava esse homem a atravessar o mundo? O amor de Deus que o impulsionava.

Deus nos ama e a experiência extraordinária de sermos amados por Deus é que permite que nós nos demos de presente aos outros. Pare de andar nessa vida cobrando amor dos outros. Você não precisa do amor de ninguém, você já é amado. "Ah, mas eu não sinto!" Simplesmente creia! Quando somos seguros de que valemos a pena, sabemos que não seremos trocados por ninguém. Sei que sou um presente. Isso muda completamente a vida familiar. Deixamos de ficar cobrando uns aos outros. Nossa vida familiar às vezes vira um inferno porque ficamos recriminando uns aos outros, colocamos a culpa uns nos outros porque não nos sentimos amados. O amor precisa ser crido e não sentido. Se não, duvidamos até do amor da nossa mãe por nós.

É preciso crer no amor. Se você não crê no amor de Deus, também não vai crer na entrega d'Ele na cruz.

Peçamos ao Senhor que venha confirmar a fé que temos no seu amor. A fé é uma virtude. É preciso repetir o ato de fé até que se torne um hábito. É preciso crer no amor de Deus.

Pense nas razões pelas quais você escolheria ser outra pessoa, viver outra vida e diga: "Senhor eu creio, mas aumentai a minha fé. Senhor, eu olho para mim e não entendo porque vós me escolhestes. No entanto, Senhor, eu creio. Fizestes bem em me querer, em me escolher. Foi bom que me chamastes para caminhar nesta vida, na fé do vosso amor. Não vejo, não sinto, mas eu creio nesse amor. É um ato de vontade unido à vossa graça. Amém ao amor de Cristo que me alcançou no meio dos meus pecados, da minha miséria. Sei que me chamastes para uma vida ao vosso lado no céu. Eis-me aqui Senhor."

Padre Paulo Ricardo - Reitor do seminário Cuiabá
www.padrepauloricardo.org

13 de outubro de 2009

Um modelo de docilidade

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Maria simples criatura escolhida como mestra do amor

A alegria e a emoção invadem o meu coração neste momento que escrevo sobre Maria, a mulher que abandonou-se inteiramente nas mãos do Criador.

A mestra do amor que gera o Mestre do amor, pois só quem ama e capaz de submeter-se ao amor e assumir todas as suas conseqüências.

Maria, uma mulher que teve a coragem de renunciar ao seu lindo plano de amor, que era casar-se com Jose, por causa de um Bem Maior: ser a Mãe do Salvador.

Muitas vezes em nossa vida, nos não conseguimos viver a vontade de Deus, porque temos dificuldades de fazer a troca de um Bem por um Bem Maior. Mas, quando amamos a Deus sobre todas as coisas, os nossos desejos e interesses são considerados mesquinhos e pequenos diante da grandeza, bondade, sabedoria e amor do Pai.

Maria fez da sua felicidade a realização do projeto de Deus. Nós também somente conquistamos a felicidade autêntica imitando-a na realização de uma total entrega a Deus. E todo aquele que ama Jesus prefere a vontade e os desejos do Pai.

Entre inúmeras virtudes de Maria, saliento a sua docilidade e obediência a Palavra de Deus, que capacitou Maria para gerar o próprio Deus. Os discípulos de Jesus são aqueles que acolhem a Palavra e permitem que as suas vidas sejam transformadas e conduzidas por ela. Jesus reconhece todas as pessoas que seguem o exemplo da sua mãe. "Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11, 28). Se todos ouvissem a Deus como Maria, teríamos pessoas mais felizes e uma convivência humana bem mais fácil.

Maria, simples criatura de Deus, foi escolhida como modelo de abertura total à ação do Criador. Ele olhou para a humildade da Sua serva; e ela, apesar de uma escolha de destaque, continuou sendo simples e humilde. Torna-se verdadeira discípula e assume a missão de apresentar o filho de Deus para o mundo. Para entendermos a missão de Maria é preciso nos abrirmos ao projeto de Deus, que visa o bem humano, a nossa união, a convivência fraterna de todos, tendo em vista a conquista ao Premio Celeste: o Céu.

Toda a humanidade deveria reconhecer a escolha de Deus: Maria, a Mãe de Deus, como esta no evangelho de Lucas: "Todas as gerações me chamarão Bem-Aventurada" (Lc 1, ) . Ela deseja que todos os seus filhos brasileiros a acolham como a anfitriã do nosso Pais, a nossa mãe. O mundo atual tem levado as pessoas a serem egoístas e competitivas, mas nos brasileiros não podemos deixar que esta maneira de ser nos contagie, porque somos um povo que acolhe o estrangeiro e tem gestos de amor para com o outro.

Neste dia da Virgem Aparecida, a Rainha e Padroeira do Brasil, vamos pedir ao Pai que Ele una os nossos corações, para que cada vez mais possamos nos render ao amor daquela que e a mestra do amor e que gerou o Mestre do Amor. O amor não divide, o amor se multiplica. Aprendamos com ela a amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a nos mesmos. Se você ainda não se relaciona com Maria como uma mãe, comece hoje a dar os primeiros passos, e deixe que ela entre em sua casa, em seu coração e seja a sua educadora e mestra, a sua amiga, conselheira, consoladora, auxilio e companheira rumo ao Céu!

Foto Marina Adamo
marina@cancaonova.com

9 de outubro de 2009

Para não falar mal dos outros

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Aprendemos a usar o filtro triplo da verdade

Uma pessoa muito desejosa para mudar de vida se esforçava para não cometer os mesmos defeitos e pecados me segredou: _Padre o que faço para me controlar, não julgar e falar mal das pessoas?

Como esta nossa irmã temos muitos pequenos defeitos e vícios que precisam ser controlados através de uma firme e consciente luta interior. Por exemplo, falar mal dos outros revela o quanto somos inseguros, invejosos e muita imaturidade para trabalhar os relacionamentos e conflitos interiores.

Um segredo para crescer nas virtudes é a perseverança nas suas práticas e, isso requer sempre esforço, renuncia e oração, contando sempre com o auxilio do Divino Espírito Santo, nosso mestre de santidade. Eu lembrei desta historia, é bom fazer uma revisão dos nossos costumes:

Certa pessoa encontrou-se com o filosofo Sócrates e lhe disse: _ Tenho algo a lhe dizer sobre um amigo seu… Sócrates respondeu: _ Permita-me lhe propor passar pelo Filtro Triplo para aceitar seu comentário.

A pessoa disse claro que sim, o que é esse tal de filtro triplo?_ Para que eu te ousa falar algo de alguém, mesmo que não fosse meu amigo, teria que passar por um filtro de três condições.

A primeira é a VERDADE, você tem absoluta certeza de que, o que vai me falar é verdadeiro?_ O camarada respondeu: não, ouvi outra pessoa falar isso sobre seu amigo. _ Sócrates disse: então não tenho dever nenhum em te ouvir já que não tens a veracidade do que vais me falar, mesmo que a pessoa em questão não fosse digna de respeito. E continuou Sócrates, vou te revelar o segundo filtro para que eu pudesse te ouvir, já que a Verdade seria suficiente para não te escutar.

É o filtro da BONDADE. É bom para eu saber o que tens a me dizer sobre meu amigo? _ O homem respondeu: não é algo bom, é desagradável. _ Retrucou Sócrates: se não é verdadeiro e muito pior, para que me interessaria saber algo que poderia estragar o meu dia, não sendo verdadeiro nem bom. Mas vou te falar sobre o terceiro filtro para que as nossas conversas não sejam vazias e nada construtivas.

É o filtro da UTILIDADE, será para mim e para você algo útil, vai me servir para aumentar minha sabedoria e credito sobre meu amigo?_ O homem cosou a cabeça e disse: não acho que seja útil nem para mim nem para ti. _ Pois bem, disse Sócrates, a nossa conversa acaba por aqui, sabendo que, o que devemos acumular nesta vida é a Sabedoria.

Como seria bom se todas as nossas conversas passassem por este filtro, isso sem falar que falta um filtro preciosíssimo ao nosso caro filosofo Sócrates, o filtro da CARIDADE, ou seja, O AMOR FRATERNO, que nos foi ensinado por Jesus Cristo, o mestre dos mestres. Seu ensinamento foi simples, mas capaz de mudar o mundo.

Vejamos o que nos diz São João: "Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Ai está o critério para saber que somos da verdade; e com isto tranqüilizaremos na presença dele o nosso coração". 1João 3,18-19

Mais do que uma filosofia o Amor é um principio de vida. Todas as outras práticas, respeito, verdade, bondade e utilidade, têm no amor o seu alicerce principal. Antes de tudo, faltam a nós esses passos do filtro triplo porque nos falta o amor, a compaixão. Ele é uma conquista, exige tempo, suor e muitas vezes lagrimas. È preciso saber perder, para ganhar, pois amar muitas vezes é renunciar, é esquecer de si, para que o outro venha pra fora, é aprender a promover o outro, e porque não dizer morrer, para que o outro viva.

Isso tudo nos ensinou Jesus, não um filosofo, mas um mestre da vida, do comportamento, do respeito humano, da qualidade de vida, da dignidade da pessoa, porque, antes de tudo nos ensinou que o AMOR é a única maneira de mudarmos o mundo a partir das pessoas. Faltam verdade, bondade e utilidade, porque antes de tudo falta-nos o amor, e todas as pessoas são capazes de amar. Podemos usar o filtro de Sócrates, mas acrescentamos à vida de Jesus, o amor.

Minha benção fraterna.

Padre Luizinho
Com. Canção Nova

7 de outubro de 2009

O que as mulheres gostam de ouvir?

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Elas gostam de ouvir aquilo que o coração traduziu

Percebe-se que para as mulheres o silêncio não é um problema a ser vencido. Seja num consultório, na fila do supermercado, do banco, elas conseguem iniciar qualquer assunto e, sem constrangimento, passam de um tema para o outro sem grandes problemas. Uma conversa que para os homens poderia durar alguns escassos minutos, elas conseguem estender a mesma proposta por horas a fio.

Para quem tem tanta facilidade em falar, o que essas mulheres gostariam de ouvir?

Em uma situação que envolve casais, falar para a mulher que ela é amada, bonita, que a sua companhia é agradável são coisas importantes. Mas, maior será seu contentamento se partir do homem a proposta de, juntos, discutirem a relação, traçar planos, estabelecer metas; manifestando da parte dele o interesse pelo relacionamento. Essas palavras seriam para as mulheres tão necessárias para sua alegria quanto o sol é para a fotossíntese das plantas.

Toda mulher gosta de receber elogios e a sinceridade os tornam ainda mais eficazes. Mesmo sendo vocábulos comuns, elas esperam de seus maridos e namorados a tentativa de tornar único algo comum.

Uma mulher que esteve horas no cabeleireiro se preparando para uma festa, com certeza recebe elogios, ainda no salão, do profissional e das outras pessoas que estiverem próximas dela. Para elas, os comentários dessas pessoas são importantes, mas não o bastante; pois melhor será ouvi-los de quem as ama.

Outro ponto que as mulheres esperam de seus amados é o desenvolvimento da sensibilidade deles, especialmente, na maneira de apresentar suas objeções. A prudência com as palavras é sempre boa, pois, através delas podemos edificar ou destruir os ânimos de alguém. Da mesma maneira que um elogio robustece o vigor de uma pessoa, outras palavras podem minar ou destruir sua autoestima.

Imaginemos que uma mulher, voltando toda animada das compras, experimenta o novo vestido para mostrar ao esposo. Se ele antecipar-se em perguntar quanto foi pago pelo vestido, seguramente não serão as palavras mais acertadas para a ocasião. A respeito das despesas, a esposa mesmo se adiantará em falar caso tenha sido cometido algum exagero na ocasião das compras. Entretanto, se o homem elogiá-la dizendo, por exemplo, que se alegra em perceber o quanto ele se sente privilegiado por tê-la tão bonita, seguramente, ela o retribuirá com outros gestos, fazendo dele o homem mais feliz.

Há um tempo para cada coisa, e dentro do relacionamento sempre haverá um momento apropriado para que o casal aponte suas observações e críticas.

Para elas, não basta apenas ouvir palavras bonitas, mas estas têm que trazer sentimentos. O que elas gostam de ouvir são palavras que somente quem as conhece profundamente poderia tecer e, porque vieram da pessoa amada, ganham um expressivo sentimento. Dessa forma, para que os homens consigam alcançar o contentamento de quem ama, basta deixar o coração traduzir em palavras os valores das simples emoções.

Essa atitude de mudança poderá ser um esforço para alguns ao perceber que raramente têm se preocupado em agradar e cuidar da pessoa amada, também, com palavras. Mas, mesmo que não seja possível para eles assumirem um novo proceder intantaneamente, a tentativa de inovar na maneira de fazer seus comentarios já será música para os ouvidos delas.

Então, o diferencial que compete aos homens apaixonados será de, com um pouco mais de criatividade, potencializar aquilo que outras pessoas também poderiam normalmente dizer. Isso significa tornar uma palavra comum sempre algo ainda mais especial para quem se ama. Feliz novas adaptações.

Um abraço,

Dado Moura

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

5 de outubro de 2009

O caminho da simplicidade

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Muitas vezes, somos levados a pensar que a santidade requer grandes feitos

Iniciamos outubro, Mês das Missões, com a Padroeira das Missões, Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Desde criança ela sempre quis viver a santidade, e no Mosteiro teve o coração dilatado para abraçar o mundo e sentir a vocação de ser o Amor, que tudo resume na missão evangelizadora da Igreja. Para isso, ela percorreu o caminho de saber viver bem as pequenas coisas de cada dia.

Toda a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus nos leva a trilhar os caminhos da simplicidade e do abandono espiritual nas mãos de nosso querido e amado Pai.

Ela descobriu, desde cedo, que não há outro caminho para a transformação do homem a não ser aquele trazido pela revelação de Jesus. Deixar de lado os sonhos de onipotência, reconhecer a impotência da salvação pelos meios humanos, ficar ciente de nossa miséria e fragilidade e entregar-se confiada e de modo incondicional nas mãos poderosas e ternas de nosso querido e amado Pai. Este é o caminho da simplicidade, a chamada pequena via de salvação.

Neste tempo em que grandes conglomerados querem dominar o mundo, numa situação na qual aparentemente o poder está muito presente e dentro da vida das pessoas, olhar para Santa Teresinha e contemplar a sua felicidade na simplicidade é redescobrir a vida cristã, que supõe a nossa fidelidade a cada dia aos mandamentos do Senhor.

Muitas vezes, somos levados a pensar que a santidade requer grandes feitos, feitos heroicos (que também existem e são importantes), mas, Jesus nos ensina nos Evangelhos que para entrarmos no Reino dos céus, e mesmo para conseguirmos desempenhar os grandes feitos, devemos voltar a viver como crianças, ou seja, reviver a criança que existe em cada ser humano.

Lemos no livro autobiográfico de Teresinha do Menino Jesus o seguinte: "Compreendo, perfeitamente, que só o amor nos pode tornar agradáveis ao Bom Deus, sendo este o único bem que ambiciono. Jesus se compraz em apontar-me o único caminho que conduz a essa fornalha divina. O caminho é o abandono da criancinha que adormece sem temor nos braços de seu pai... 'Todo aquele que é pequenino, venha a mim', disse o Espírito Santo por boca de Salomão, e o mesmo Espírito de Amor declarou ainda que 'com os pequeninos se usará de comiseração'. Em seu nome, revela-nos o profeta Isaías que, no último dia, 'o Senhor conduzirá seu rebanho às pastagens, reunirá os cordeirinhos e os aconchegará contra o peito'. E como se todas estas promessas não bastassem, o mesmo profeta, cujo olhar inspirado já se embebia nas profundezas da eternidade, apregoa em nome do Senhor: 'Como uma mãe acarinha seu filhinho, assim vos consolarei, carregar-vos-ei ao peito, acariciar-vos-ei no regaço'" (História de uma alma – Edições Paulinas – 9ª. Edição – pag. 194/195).

Com efeito, uma criança é um ser impotente e quando se sente ameaçada por um perigo iminente corre e se abriga no regaço de sua mãe, de seu pai, e aí encontra segurança, amparo, tranquilidade e paz.

O que é, pois, o caminho do abandono? Abandonar-se é o que ensina Santa Teresinha do Menino Jesus: sentir-se pequeno como uma criança e se entregar às mãos do Pai, nosso Abbá, mãos ternas e carinhosas e, assim, nos sentirmos abrigados e pacificados nas agruras e tristezas dos embates da vida.

A santidade passa, pois, pela linha da simplicidade e do abandono dos humildes e pequeninos, daqueles que estão conscientes de sua fragilidade e estão afastados da sua prepotência e autosalvação, mas necessitam de outro, Deus, para encontrar o caminho da libertação: "A santidade não é esta ou aquela prática, mas consiste numa disposição do coração que no faz humildes e pequenos nos braços de Deus, conscientes de nossa debilidade e confiados até a audácia em sua bondade de Pai" (Obras completas. Últimas conversações, pág. 1397).

Por fim, reflitamos sobre a oração dessa grande santa francesa. Sua oração é a oração da criança impotente, do ser frágil, que se entrega nas mãos do seu Pai e Criador sem qualquer petulância, sem qualquer arrogância e suplica Sua proteção, Seu abrigo.

Orar, para Teresinha do Menino Jesus, nada mais é do que se abandonar, entregar-se nas mãos todo-poderosas, mas todo-carinhosas de nosso Pai, que nos ama a todos como filhos e filhas muito prediletos.

Recordo este pequeno trecho de uma oração de Santa Teresinha do Menino Jesus, no qual ela manifesta seu amor a Deus e sente-se pequena como uma pequena avezinha, mas totalmente envolvida pelo amor incondicional de seu Pai, a quem carinhosamente chama de seu sol:

"Águia não sou, mas dela tenho, simplesmente, olhos e coração, pois que, não obstante minha extrema pequenez, ouso fitar o Sol Divino, o Sol do Amor, e meu coração sente nele todas as aspirações de águia... Quisera a avezinha voar em direção ao Sol fulgurante que lhe fascina os olhos. Quisera imitar as águias, suas irmãs, quando as vê alternarem-se até o divino foco da Santíssima Trindade... Tudo o que se poder fazer, ainda mal, é soerguer as asinhas. Mas, sair voando é o que sua reduzida força não permite! Qual será sua sorte? Morrer de desgosto, por se ver tão tolhida? ... Isso não! A avezinha nem sequer se apoquentará. Num audaz abandono, que ficar mirando seu Divino Sol.

Nada a poderia amedrontar, nem o vento, nem a chuva. E, quando nuvens carregadas vêm encobrir o Astro do Amor, a avezinha não muda de instância. Sabe que, além das nuvens, seu Sol está sempre a brilhar, e seu esplendor não poderia empanar-se um instante sequer" (História de uma alma – pág. 204/205).

Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós!

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano Rio Janeiro

2 de outubro de 2009

Anjos de Deus, nossos defensores

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Deus nos dá a ajuda necessária por intermédio dos anjos

Quantas dificuldades para que os anjos nos guardem no caminho. Como não dizer que os desafios não vão chegar nem que nada vai nos acontecer? Isso não existe e não é por isso que eles [anjos] existem, mas sim, para guardar o nosso caminho para o lugar prometido de Deus.

Que os anjos nos guiem pelo caminho, não retirando as coisas difíceis, mas para irmos ao lugar a nós preparado por Deus: o céu. Isso também não significa que devamos aceitar ajuda de qualquer "anjo". Hoje há revistas sobre muitos anjos, mas não é desse tipo de "anjo" que estamos falando (anjos em forma de menino com asas, os quais flecham alguém para o amor). Como não havia como explicar o amor, então criaram o cupido para encher as pessoas de sentimentos. Mas os cupidos não são os santos anjos. Há também os anjos malvados que "ficam nos nossos ouvidos" e até o anjo da morte. Enfim, surgiu uma infinidade de anjos pelo mundo, mas não os santos anjos.

Os santos anjos foram criados para nos guiar para o céu. Existem os anjos enviados por Deus e há também os que combatem a nosso favor. Assim como o Senhor nos fala: o anjo que habita sobre a proteção do Altíssimo. Eles são os "carteiros divinos", os que trazem uma mensagem que não é deles, mas do Senhor.

Arcanjo Miguel tem autoridade e é conhecido pela Palavra: "Quem como Deus". Ele guardará com a própria proteção da Palavra. "Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários" (Êxodo 23, 22). Quantas vezes cometemos o erro de tentar resolver nós mesmos as coisas. A Palavra nos convida a dar atenção à proteção que Deus nos deu. Como a proteção divina (e o nosso inimigo, que não são pessoas, mas realidades espalhadas pelo ar, porque é o único inimigo que temos), os anjos colocam Deus entre nós e eles.

Quantas vezes chamamos as pessoas que são nossas amigas com a palavra "anjo", não é assim? Quando digo que alguém é um anjo é porque é uma boa pessoa e uma boa amiga, alguém que me ajuda a crescer. É isso: a amizade que temos tem de transformar diversos caminhos da vida. Não seja mole demais, pois a vida não facilitará as coisas! Um dos frutos do Espírito Santo é a paciência, porque as coisas não são fáceis.

Os anjos são aqueles que contemplam Deus face a face. Contemplam-No porque a partir da contemplação aprendem a louvar. Eles lutam com a ação de graças ao Todo-poderoso, essa é a arma deles. Quando nos colocamos diante de alguém maravilhoso, dizemos que estamos "com o queixo caído", e naturalmente soltamos uma palavra de admiração e de louvor. Imaginem a face de Deus?

Fomos criados para o serviço dos homens e para adorar ao Senhor. Os anjos, ao verem ao Altíssimo, vivem o louvor e a adoração sem fim. É algo muito poderoso, e podemos fazer o mesmo; e fazendo isso, expulsamos os que não querem contemplá-Lo. Fomos criados para o serviço dos homens e para adorar a Deus. Os anjos decaídos se aproveitam de nossa fraqueza para nos derrubar; – e nós que não somos resistentes – precisamos do auxílio desses seres enviados por Deus.

O Senhor nos apresenta a criança como modelo, como a maior no Reino do Céu, pois essa santa inocência é que nos leva ao céu. Do desejo de depender somente do Todo-poderoso, assim como as crianças dependem dos pais, esse é o desejo do Senhor. Quando dependemos de alguém que é capaz de realizar o que promete, então, ficamos tranquilos. E quem não quer depender do Senhor entra no desespero.

Sabemos que dependemos do Senhor, mas não tem como saber do tempo de Deus. Quantas vezes temos nossas vontades e nosso próprio tempo? Mas, sem reconhecer a dependência do Senhor, nós nos revoltamos e nos desesperamos. Nesses momentos, os anjos que disseram "sim" a Deus vêm em nosso auxílio.

Ainda dá tempo de voltar atrás e de recomeçar. Não se entregue! A resposta de Deus: "Porque o meu anjo irá adiante de ti, e te levará aos amorreus, e aos heteus, e aos perizeus, e aos cananeus, heveus e jebuseus; e eu os destruirei" (Êxodo 23,23). Quando acaba a nossa força, o Senhor nos dá a ajuda necessária por intermédio desses seres celestes. Mas é preciso confiar. Tenha fé e olhe que a vida não acabou e estamos caminhando.

Quantas vezes encontramos, nas Sagradas Escrituras, os anjos que vêm em nosso auxílio, como, por exemplo, ao soltarem Pedro e Paulo, pois estão presentes o tempo todo. E como no Salmo 90, 1: "Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei."

Não tenha medo!

Padre Xavier
Comunidade Canção Nova

30 de setembro de 2009

O auxílio dos anjos

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A Igreja confessa a sua fé nos anjos da guarda

O Papa Bento XVI disse que: "Eliminaríamos uma parte do Evangelho se deixássemos fora esses seres enviados por Deus, que anunciaram sua presença entre nós e que são um sinal dela". E pediu a intercessão dos anjos "para que nos sustenham no empenho de seguir Jesus até nos identificarmos com Ele" (Zenit.org, março 2009).

A Bíblia e a Tradição da Igreja mostram amplamente que os anjos têm participação ativa na história da salvação dos homens, nos momentos em que Deus quer.

"Não são eles todos espíritos ao serviço de Deus, enviados a fim de exercerem um ministério a favor daqueles que hão de herdar a salvação?", pergunta o autor da Carta aos Hebreus, capítulo1, versículo 14.

E nisso crê e isso ensina a Igreja; sabemos que é tarefa desses seres celestes bons a proteção dos homens e a sua salvação. Diz o Salmo: "Mandou aos seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te levarão nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra" (Sl 90/91,11-12).

O próprio Jesus, falando das crianças e recomendando que não se lhes desse escândalo, faz referência aos "seus anjos" (cf. Mt 18,10). Ele atribui também aos anjos a função de testemunhas no supremo juízo divino sobre a sorte de quem reconheceu ou negou Cristo: "Todo aquele que se declarar por Mim diante dos homens, também o Filho do Homem se declarará por ele diante dos anjos de Deus. Aquele, porém, que Me tiver negado diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus" (Lc 12,8-9; cf. Ap 3,5).

Se os esses seres celestes tomam parte no juízo de Deus, logo, estão interessados pela vida do homem. Isso se pode ver também no discurso escatológico em que Jesus os faz intervir em Sua vinda definitiva no fim da história (cf. Mt 24,31; 25,31-41).

Muitas vezes, a Bíblia fala da ação dos anjos pela defesa do homem e sua salvação: o Anjo de Deus liberta os Apóstolos da prisão (cf. At 5,18-20) e antes de tudo Pedro, que estava ameaçado de morte por parte de Herodes (cf. At 12, 15-10). Guia a atividade deste a respeito do centurião Cornélio, o primeiro pagão convertido (cf. At 10,3-8. 12-13), e a atividade do diácono Filipe no caminho de Jerusalém para Gaza (cf. At 8,26-29).

Foi um anjo que encontrou Agar no deserto (cf. Gn 16); os anjos tiraram Lot de Sodoma; assim como foi um anjo que anunciou a Gedeão que devia salvar o seu povo; um anjo anunciou o nascimento de Sansão (cf. Jz 13); e o anjo Gabriel instruiu a Daniel (cf. 8,16). Este mesmo anjo anunciou o nascimento de São João Batista e a encarnação de Jesus; esses seres enviados por Deus também anunciaram a mensagem aos pastores (cf. Lc 2,9) e a missão mais gloriosa de todas, a de fortalecer o Rei dos Anjos em Sua Agonia no Horto das Oliveiras (cf. Lc 22, 43).

Os anjos estão presentes na história da humanidade desde a criação do mundo (cf. Jó 38,7); são eles que fecham o paraíso terrestre (cf. Gn 3, 24); seguram a mão de Abraão para não imolar Isaac (cf. Gen 22,11); a Lei é comunicada a Moisés e ao povo por ministério deles (cf. At 7,53); são eles que conduzem o povo de Deus (cf. Ex 23, 20-23); eles anunciam nascimentos célebres (cf. Jz 13); indicam vocações importantes (cf. Jz 6, 11-24; cf. Is 6,6); são eles que assistem aos profetas (cf. 1 Rs 19,5).

Da mesma forma que os anjos acompanharam a vida de Jesus, acompanharam também a vida da Igreja, beneficiando-a com a sua ajuda poderosa e misteriosa (cf. At 5, 18-20; 8,26-29; 10,3-8; 12,6-11; 27,23-25). Eles abrem as portas da prisão (cf. At 5, 19); encorajam Paulo (cf. At 27,23 s); levam Filipe ao carro do etíope (cf. At 8,26s), entre outros.

A Igreja confessa a sua fé nos anjos da guarda, venerando-os na liturgia com uma festa própria e recomendando o recurso à sua proteção com uma oração frequente, como na invocação do "Anjo de Deus". São Basílio Magno, doutor da Igreja, escreveu: "Cada fiel tem ao seu lado um anjo como tutor e pastor, para o levar à vida" (cf. 5. Basilius, Adv. Eunonium, III, 1; cf.Sto. Tomas, Summa Theol. 1, q. II, a.3).

São Jerônimo, doutor da Igreja, afirmou que: "A dignidade de uma alma é tão grande, que cada um tem um anjo guardião desde seu nascimento".

A Igreja honra com culto litúrgico três anjos. O primeiro é Miguel Arcanjo (cf. Dn 10,13-20; Ap 12,7; Jd 9). O seu nome exprime a atitude essencial dos espíritos bons. "Mica-El" significa, de fato: "Quem como Deus?". O segundo é Gabriel: figura ligada sobretudo ao mistério da encarnação do Filho de Deus (cf. Lc 1,19-26). O seu nome significa: "O meu poder é Deus" ou "poder de Deus". O terceiro arcanjo chama-se Rafael. "Rafa-El" significa: "Deus cura"; o conhecemos pela história de Tobias (cf. Tb 12,15-20), entre outros.

O famoso Bossuet dizia que: "Os anjos oferecem a Deus as nossas esmolas, recolhem até os nossos desejos, fazem valer também diante de Deus os nossos pensamentos... Sejamos felizes de ter amigos tão prestativos, intercessores tão fiéis, intérpretes tão caridosos".

Os santos todos foram devotos desses seres celestes. Os anjos assistem a Igreja que nasce e os Apóstolos, prepararão o Juízo Final e separarão os bons dos maus. São eles que protegem Jesus na infância (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19); são eles que O servem no deserto (cf. Mc 1, 12); e O reconfortam na agonia mortal (cf. Lc 22, 43); eles poderiam salvar o Senhor das mãos dos malfeitores se assim Cristo quisesse (cf. Mt 26, 53).

Toda a vida de Jesus Cristo foi cercada da adoração e do serviço dos anjos. Desde a Encarnação até a Ascensão eles O acompanharam. A Sagrada Escritura diz que quando Deus "introduziu o Primogênito no mundo afirmou: "Adorem-no todos os Anjos de Deus" (cf. Hb 1, 6). Alguns teólogos acham que isso motivou a queda dos anjos maus, por não aceitarem adorar a Deus Encarnado na forma humana.

A Igreja continua a repetir o canto de louvor que eles entoaram quando Jesus nasceu: "Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência divina" (cf. Lc 2, 14).

A Bíblia não só os apresenta como nossos guardiães, mas também como nossos intercessores. O anjo Rafael diz: "Ofereci orações ao Senhor por ti" (Tob 12, 12). "A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus" (Ap 8,4).

Santo Ambrósio, doutor da Igreja, declarou: "Devemos rezar aos anjos que nos são dados como guardiães" (De Viduis, IX); (cf. S. Agostinho, Contra Fausto, XX, 21).

A Igreja acredita que, no dia do batismo, cada cristão é confiado a um anjo que o acompanha e o guarda em sua caminhada para Deus, iluminando-o e inspirando-o.

Na Festa do Anjo da Guarda (2 de outubro), a Igreja põe diante dos nossos olhos o texto do Êxodo que diz:

"Assim diz o Senhor: Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões e nele está o meu nome. Se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários. O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus, dos hititas, dos ferezeus, dos cananeus, dos heveus e dos jebuzeus, e eu os exterminareis" (Ex 23,20-23).

Além de tudo isso, a Bíblia frequentemente mostra os poderes dos anjos na natureza, e afirma São Jerônimo que eles manifestam a onipotência de Deus (cf. S. Jerônimo, En Mich., VI, 1, 2; P. L., IV, col. 1206).

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

18 de setembro de 2009

Coração de Jesus, uma porta aberta

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Refúgio e abrigo para todos os pecadores

"Chegando, porém, a vez de Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água" (João 19, 33-34).

Jesus foi transpassado quando já estava morto. Seu Corpo estava frio e rígido. Diferente de um corpo que está vivo. Tocando nosso corpo percebemos o calor que dele sai e que não está rígido. Quando se corta um cadáver ele não volta a "colar-se". Os cortes "não fecham". O que foi aberto, assim fica. Se são forçadas, as partes até se encostam, mas não "colam" mais. Cadáver aberto fica aberto para sempre.

Jesus quis que Seu Coração fosse aberto, justamente, depois que Ele estava morto. Assim não poderia fechar-se mais. Depois de transpassado pela lança continuou e continuará para sempre aberto. É uma porta aberta. Casa com porta aberta é como se não tivesse porta. Quem quiser entra e sai na hora que bem entender. Casa com porta aberta passa a ser casa de todos, indistintamente.

Qualquer pessoa pode ir a uma praia. São tantas! A praia é uma "porta aberta". Vai quem quer e quando quer. Assim também é o Coração de Jesus: praia de todos. Está aberto para todos, indistintamente. Porta aberta que nunca mais se fechou. Refúgio e abrigo para todos os pecadores.

Nossa sociedade, a cada dia, ergue muros mais altos e reforça a segurança para que não entrem "pessoas de má índole". Jesus adotou outra "política": "Quando eu for levantado da terra, atraírei todos os homens a mim" (João 12, 32). E disse mais "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mateus 9,13).

Que bom que esta é a "estratégia" de Jesus Cristo: "Olharão para aquele que transpassaram" (cf. João 19, 37). Ele nos manda olhar para o Transpassado. No perigo, na chuva, na agonia, na aflição, no desespero… que bom encontrar uma porta aberta. Melhor ainda: a porta de um Amigo. Ainda melhor se a porta é a do Coração do próprio Deus, que morreu na cruz por todos nós.

"Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno" (Hebreus 4, 16). Entremos como miseráveis pecadores nesta casa e sairemos de lá com a graça de termos cada dia mais um coração semelhante ao de Jesus. Quem entra e permanece nessa casa, certamente tem seu coração curado e renova as suas forças para amar sempre mais intensa e efetivamente aos irmãos.

Coragem, adentremos! A porta está aberta. O Dono está nos convidando e atraindo!

Foto Padre Alir Sanagiotto, SCJ

Pe. Alir Sanagiotto Ordenado sacerdote em 19/09/87, é membro da Congregação dos padres do Sagrado Coração de Jesus. Dedica-se de forma preferencial na escuta, no aconselhamento e no trabalho psicoespiritual dos fiéis. blog: http://blog.cancaonova.com/padrealir

17 de setembro de 2009

Símbolos Religiosos

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Quem se atreveria a tirar o Cristo do alto do Corcovado?

O dia 14 de setembro, no calendário eclesial, é dedicado à memória da cruz de Cristo. A recente polêmica em torno da presença de símbolos religiosos em locais públicos, suscitada por um promotor no Estado de São Paulo, oferece ensejo para abordar esta questão, com os enfoques que lhe são inerentes. A cruz serve de bom exemplo para nos alertar sobre a importância do equilíbrio a ser observado nesta questão.

Como sabemos, a história registra episódios lamentáveis, decorrentes do mau uso do símbolo da cruz.  Ela foi indevidamente empregada para justificar uma pretensa "guerra santa", por ocasião das "Cruzadas" empreendidas para conquistar o domínio dos lugares onde Cristo tinha vivido.

As consequências disso duram até hoje. A cruz ainda é malvista no mundo muçulmano. Há episódios históricos que deixam feridas profundas, difíceis de cicatrizar. Neste contexto, tanto maior deve ser a discrição no uso de símbolos religiosos, para não reacender polêmicas ou desencadear reações violentas.

As próprias Nações Unidas dão exemplo desta discrição, chegando a mudar o símbolo de uma obra com evidentes intenções humanitárias, como é a organização da "Cruz Vermelha".  No mundo muçulmano, a "Cruz Vermelha"  é substituída pela meia lua identificada como "Crescente Vermelho"!.

Pois bem, deste episódio resulta um duplo alerta. Tanto de moderação do uso, como de tolerância diante de quem utiliza símbolos religiosos.

Os preconceitos também podem ter dupla procedência. Podem estar presentes no ato de usar, como igualmente no abster-se de usar. E são mais sutis quando se pretende que os outros adotem o mesmo critério que usamos pessoalmente. Como parece ser o caso do referido promotor. Ele acabou dando um péssimo exemplo de intolerância ao propor que se proíba o uso público de símbolos religiosos. Se tivesse se limitado a não dar importância aos símbolos, teria ficado dentro do seu direito. Mas querer que todos tenham a mesma atitude, aí começa o preconceito, que pode se revestir de prepotência ao invocar a ação do Estado para impor o seu ponto de vista.

Acresce outra constatação importante a ser trazida para iluminar esta questão e oferecer critérios adequados para o uso de símbolos religiosos. Acontece que eles acabam se inserindo na vida através da história e, sobretudo, através da arte. E se tornam portadores de sentido e de valores evidentes, independentemente da procedência religiosa que possam ter.

Quem se atreveria a tirar o Cristo do alto do Corcovado? No contexto maravilhoso da Baía da Guanabara, ele se tornou componente indispensável para o panorama da cidade. Se alguém fica intrigado ao olhar para o Corcovado, que olhe um pouco para dentro de si mesmo e tente remover o entulho preconceituoso que pode ter se aninhado no seu subconsciente.

Acresce também que cenas religiosas servem de inspiração para os artistas, que têm o dom de captar seu simbolismo e traduzi-lo em obras de arte dos mais diversos gêneros. Diante da imagem da "Pietà", de Michelangelo, ou diante do famoso quadro de Rembrandt, retratando o Filho Pródigo, quem tem a palavra é a força da arte, e seria mesquinho demais achar que estas obras, por terem inspiração religiosa, não devam ser expostas em público.

Trazida a questão para o nosso cotidiano, na região da Diocese de Jales as cidades tiveram seu início na plantação do seu cruzeiro de fundação. Preservar estes cruzeiros é respeitar a história e demonstrar abertura de espírito para a sadia convivência humana.

Dom Luiz Demétrio Valentinni
Bispo Diocesano de Jales

14 de setembro de 2009

Exaltação à Santa Cruz

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A cruz tornou-se motivo de glória

A Festa da Exaltação da Santa Cruz é celebrada no dia 14 de setembro, recordando a doação definitiva de Jesus Cristo. A Cruz de Jesus é um mistério de Deus desde toda a eternidade e já foi manifestada a nós. A cruz, antes de tudo, é uma manifestação de amor, o grande mistério do derramamento do Espírito Santo. Quando o fiel olha para a Cruz de Cristo, ele vê o sacrifício. Não compare sacrifício com tristeza; o sacrifício é reflexo de Cristo.

A Festa da Exaltação da Santa Cruz é a Festa da Exaltação do Cristo vencedor. Para nós cristãos, o lenho sagrado é o maior símbolo de nossa fé. Quando somos apresentados à comunidade cristã, na cerimônia batismal, o primeiro sinal de acolhida é o sinal da cruz traçado em nossa fronte pelo ministro, pais e padrinhos, sinalando-nos para sempre com Cristo.

Celebrando a Festa da Santa Cruz, juntamente com o Crucificado somos elevados para o alto. Tão grande é o valor do madeiro sagrado, que quem o possui, possui um tesouro. Eu chamo-o justamente de tesouro, porque é, na verdade, de nome e de fato, o mais precioso de todos os bens. Nele está a plenitude da nossa salvação e por ele regressamos à dignidade original.

Foi na Cruz que Jesus Cristo ofereceu ao Pai o Seu Sacrifício. Por isso, é justo que veneremos o sinal e o instrumento da nossa libertação. Objeto de desprezo, patíbulo de infâmia, até o momento em que Jesus, obediente até a morte, nela foi suspenso. A Cruz tornou-se, desde então, motivo de glória, pólo de atração para todos os homens.

Ao celebrarmos essa festa, nós queremos proclamar que é da Cruz, sinal do amor universal de Deus, fonte de toda a graça (N.A., 4) que deriva toda a vida de Igreja. Queremos também manifestar o nosso desejo de colaborar com Cristo na salvação dos homens, aceitando a Cruz, que a carne e o mundo fizeram pesar sobre nós (G.S. 38).

A lenho sagrado não é uma divindade, um ídolo, feito de madeira, barro, bronze, mas ele é para nós santo e sagrado, porque dele pendeu o Salvador do mundo. Ele é o símbolo universal do cristão. Com orgulho e devoção ele é a nossa marca, o sinal de nossa identidade, vocação e missão. Traçando o sinal da cruz em nossa fronte, a todo o momento, nós louvamos e bendizemos a Santíssima Trindade, Pai e Filho e Espírito Santo, agradecendo o tão grande bem e amor que, pela Cruz, o Senhor continua a derramar sobre nós.

A Cruz é também a exaltação de Cristo; leia o que Ele próprio diz: "Quando Eu for exaltado, então atrairei todos a Mim" (João 12,32). Como você vê, o madeiro sagrado é a glória e a exaltação de Cristo. Celebrando a Festa da Exaltação da Santa Cruz, celebramos a vitória de Cristo, que nos possibilita desde agora celebrar a nossa futura glória no céu. Pois, se morremos com Cristo, cremos também que viveremos com Ele (cf. Romanos 6,9).

Eduardo Rocha Quintella - Bacharel em Teologia
www.eduardoquintella.com.br

9 de setembro de 2009

Idoso, quando tudo parece conspirar

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Qualquer coisa que se faça parece estar errado

Todos têm algo para oferecer, independentemente da idade. As crianças, ainda que não cooperem com sua força física, contribuem com a alegria em uma casa. E com o passar dos dias, os nossos pequenos irão fazer novas descobertas, adquirindo uma nova percepção a respeito do mundo. Após alguns anos, eles passarão pela puberdade, entrarão na vida adulta e, pouco a pouco, a presença deles se tornará mais participativa na sociedade.

No ciclo da vida, como todas as coisas, aquelas crianças, que um dia encantaram a família com sua destreza, também vão adentrar na terceira fase da vida e já não chamarão mais a atenção como antes. Por terem se tornado pessoas "velhas", nem o conhecimento absorvido ao longo dos anos as tirará do "exílio" social.

Vivemos numa sociedade utilitarista, na qual aquele que não produz parece não ter direito de participação. E, assim, a importância da pessoa mais vivida, experiente, para a sociedade, começa a se inverter. Dessa forma, por conta de mais um aniversário, o censo transfere alguém, que antes pertencia ao quadro das estatísticas dos indivíduos economicamente ativos, para o quadro da população improdutiva.

A parcela mais insensata da sociedade acredita que a presença dos idosos em lugares públicos esteja "roubando" a vez de alguém que tem uma agenda repleta de compromissos; a lentidão dos seus passos, mesmo que eles [os idosos] tentem caminhar um pouco mais rápido, também lhes parece obstruir a passagem nas calçadas. Essas pessoas, ao depararem com a debilidade de nossos velhos, realizando uma atividade simples, como a de atravessar a rua, os condenam à morte social.

Por mais importante que seja o que eles têm a falar, poucos se detêm para ouvi-los. Pois, invariavelmente, em meio à conversa, a memória, já não tão eficaz, faz com que repitam o mesmo assunto várias vezes ou se percam em meio ao raciocínio… Tudo parece conspirar contra aqueles que já viveram mais da metade dos anos de seu ciclo de vida. O peso dos anos coopera para que seus olhos já não enxerguem tão bem, mesmo com a ajuda de óculos e as doenças já não são curadas com a mesma rapidez com que aparecem… Como se tudo isso não fosse o suficiente, qualquer coisa que façam parece estar errado diante do mundo.

Sabemos que, como consequência natural do tempo, o envelhecimento faz com que todas as pessoas sofram com a deterioração da saúde. Todavia, não precisamos retirar ou diminuir a dignidade daqueles que abriram e facilitaram o nosso acesso para um mundo melhor. Fazer uma sociedade mais justa para os mais idosos é um compromisso que exige de cada um de nós a coragem de derrubar os padrões estereotipados, os quais classificam o valor de uma pessoa de acordo com sua eficiência e vitalidade física.

(*) Dia 01 de outubro - Dia internacional do idoso

Um abraço

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

8 de setembro de 2009

Não basta escolher

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É preciso mais para renovar e exigir a ética na política

Denúncias, investigações, excessos de discursos e bate-bocas; abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito, as CPI's, e seus legisladores inquisidores de depoentes convidados, sabatinadores de réus. São alguns dos ingredientes que fazem o nauseante cardápio da mídia nacional, que imprime uma avalanche de notícias "nervosas" sobre todos os envolvidos, o que só faz acentuar – equivocadamente – a convicção de cada cidadão acerca de suas verdades, especialmente quando se trata de política.

A pouco mais de um ano para as eleições presidenciais, em que o povo terá, novamente, a oportunidade de escolher, além do presidente, governadores, senadores e deputados, o horizonte político está cinzento, apesar de alguns avanços positivos na detecção de irregularidades, e o tempo em Brasília nublado com as inúmeras delações e acusações entre os "atores", que se projetam negativamente na superfície midiática, o que é profunda e tristemente lamentável.

Com tudo isso acontecendo, precisamos questionar o papel da imprensa neste processo, observando como os meios de comunicação noticiam tais temas.

Estamos mesmo bem informados acerca dos fatos e das ocorrências no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto?

Como cidadãos, por que muitos se acomodaram? Será omissão ou conivência?

Obviamente, sem a efetiva participação dos indivíduos e a necessária perseverança na busca pela verdade dos acontecimentos e a exigência – de nossa parte – com "o bom uso do dinheiro público" não há conquistas nem direitos!

Por que muitos afirmam que, infelizmente, as coisas são assim mesmo e, à menor dificuldade, não agem para transformar o mundo à sua volta?

Sob inúmeros escândalos, vergonhosamente proporcionados por aqueles em quem confiamos o voto para nos representar, a população brasileira se vê, de novo, às margens da verdade sobre as decisões políticas que ocorrem nos bastidores do Planalto, do parlamento na capital federal e em muitos palácios estaduais.

Em 2010, teremos de escolher candidatos para ocupar cargos que exigem preparo, bem como a perspicácia dos eleitores, sobretudo, queremos retidão de caráter daqueles que se propõem a ocupar um lugar no Executivo ou Legislativo. As eleições do próximo ano serão um duro teste que teremos (outra vez!) de enfrentar com coragem, sem desanimar!

O pensador Reitor Inge nos ensina que "fazer o que está certo não é o problema; o problema é saber o que está certo". Definir exatamente o que é certo e errado nos dias atuais, em que a contradição humana torna-se cada vez mais evidente, é árdua e complexa tarefa destinada a nós, até mesmo para os especialistas. Entretanto, necessitamos repensar nossa vida, nossa realidade, para imprimirmos a ousadia e a audácia a fim de buscar as transformações que a sociedade almeja.

Durante toda a vida percorremos caminhos sinuosos e buscamos com todas as forças acertar nas nossas escolhas, visto que é preciso decidir para seguir e enfrentar os desafios que a caminhada nos oferece. Todavia, é preciso agir positivamente, a fim de promovermos transformações na estrutura sociopolítico-econômica em favor da solidez da democracia e o consequente resgate da eticidade e da moralidade no parlamento.

E não nos esqueçamos de cobrar a reforma política – sobre a qual tanto se comenta e nada foi feito –, que certamente vai oxigenar a mentalidade de nosso povo para a construção de uma nova realidade.

Que este tempo de tantas incertezas nos inspire vigorosamente a uma busca incansável pela edificação de uma política possível e viável, isto é, a um exercício pela equidade na política em que a prevalência ético-moral se manifeste positivamente nas pessoas, nos cidadãos de bem, para que as árvores não deixem secar suas folhas e as flores no futuro não murchem nem apodreçam.

E não citar Santo Agostinho quando afirma que "o dom da fala foi concedido aos homens não para que eles enganassem uns aos outros, mas sim para que expressassem seus pensamentos uns aos outros" seria omitir o bom exemplo de quem optou pela verdade e a quem todas as pessoas – especialmente aqueles revestidos de poder e autoridade – deveriam imitar.

Não basta escolher, é preciso exercer a cidadania em plenitude, participando com disposição para restaurar a consciência, quebrar a rigidez mental que alimenta o pessimismo, para exigir a ética na política e, consequentemente, em todos os demais segmentos institucionais.

Reinaldo Cesar
http://blog.cancaonova.com/jornalistareinaldo

3 de setembro de 2009

Valorize o sofrimento

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É preciso lembrar que não há sucesso sem luta

Nenhum de nós gosta de sofrer, mas o sofrimento faz parte da vida; não há uma pessoa sequer na face da terra que não tenha de conviver com a dor e a angústia; logo, aprender a sofrer é aprender a viver. A paz não consiste em não ter contrariedades, mas em saber, com humildade e resignação, aceitá-las e enfrentá-las. A primeira atitude diante de qualquer sofrimento é a atitude mental; muitas vezes, nós aumentamos o nosso sofrimento com um pensamento negativo e pessimista. Acho que você já notou que o mesmo sofrimento para um é muito pesado, enquanto para outro pode ser fácil de ser vencido.

Da mesma forma que não há montanhas altas sem névoas, assim também não há homem superior sem caluniadores. O que importa é não dar ouvidos a essas calúnias. Não pare a sua caminhada para atirar pedras nos cães que ladram, senão você pode atrasar a sua chegada. Sabemos que somente as árvores que têm frutos é que são sacudidas ou apedrejadas em busca de alimentos. Ninguém atira pedras em árvores sem frutos. As perseguições não atingem a alma quando são injustas ou falsas.

Frequentemente, as coisas que consideramos "más" são as que tornam boas as coisas boas. Como poderíamos reconhecer o prazer sem a dor? Sem o conforto, como poderíamos estar confortáveis? Se não houvesse escuridão, como saberíamos o que é a luz? Sem ignorância, qual seria o valor do conhecimento?

Em todas as direções e em todas as situações, a vida tem significado. Em todo lugar existe a oportunidade da realização. Em vez de amaldiçoar a escuridão, acenda um fósforo, aprecie a luz que as trevas tornam possível.

As únicas desgraças completas são aquelas com as quais nada aprendemos. Cada lágrima ensina-nos uma verdade.

É preciso sempre se lembrar de que não pode haver sucesso sem luta e, às vezes, sofrimento. O sofrimento não é obra de Deus; ele existe por causa de nossa fraqueza e dos pecados dos homens. Mas Cristo o transformou em matéria-prima de nossa salvação. Paul Claudel disse que "Cristo não veio abolir o sofrimento, nem mesmo explicá-lo; mas veio trazer-lhe a plenitude da sua presença". Por isso, quem sofre com Cristo, sofre em paz.

Deus nos fala pelas circunstâncias e pelos acontecimentos difíceis da vida. Quando analiso o meu passado, vejo que tudo o que me aconteceu foi para o meu bem. O sofrimento é inseparável do amor, como a rosa o é do espinho. Não tenha medo das adversidades nem das contrariedades.

É comum nos sentirmos desencorajados e até desesperados quando as coisas vão mal. Mas Deus age em nosso beneficio, mesmo nos momentos de dor e sofrimento.

"Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus" (Romanos 8, 29)

( Trecho extraído do livro "Para ser feliz" - Editora Cléofas)

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

1 de setembro de 2009

O tesouro

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Há muita gente triste porque ainda não encontrou o verdadeiro tesouro

Jesus afirmou haver um tesouro precioso, que carrega em si um grande desejo: produzir alegria em quem o encontra. Portanto, aqueles que o encontram podem encher-se de alegria.

O tesouro existe e a alegria é manifestada em quem o encontra. Ele contém a capacidade de produzir "automaticamente" essa alegria. Assim como quem tem uma habilidade quer prová-la através do que faz, este tesouro demonstra quem é pela alegria produzida em quem o encontra.

Mas, afinal quem é este precioso tesouro e como encontrá-lo? Como é possível ter a garantia de que ele, de fato, produz alegria? Essa certeza nos foi dada pelo próprio Jesus.

"O Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo" (Mateus 13,44).

Cristo garante que quem o encontra fica "cheio de alegria". Como e quando ele produz alegria? O próprio Senhor responde: Quando é encontrado. Caso não o seja, não consegue dar o fruto da alegria desejada. Esse tesouro é o Reino dos céus. Esse tesouro é Jesus Cristo.

Quantos ainda não O encontraram! Quantos ansiosamente vivem buscando a alegria. Encontram outros falsos tesouros, com aparência de verdadeiros, mas falsos. Alegram-se quando os encontram, mas essa alegria é efêmera, passageira. São tesouros ocos, vazios. São os ídolos. Tesouros que não são capazes de preencher o vazio, mesmo depois de terem sido encontrados. São os tesouros do prazer, do dinheiro, do ter a roupa ou tênis de marca. Assim como, os tesouros da droga, da bebida, do sexo. A alegria produzida por eles, logo a seguir pode transformar-se em tristeza.

A possibilidade de sentirmos tristeza foi Deus mesmo quem nos deu. A tristeza deveria despertar nas pessoas a saudade e o desejo de retornarem ao Senhor, assim como fez o filho pródigo. Ele retornou ao verdadeiro tesouro, onde estava a verdadeira alegria: Junto do Pai, do qual jamais deveria ter se afastado.

Há tanta gente triste porque ainda não encontrou o verdadeiro tesouro. Entremos nessa e aproveitemos as oportunidades que temos de apresentar a quem não conhece o Maior de todos os Tesouros: Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tarefa do missionário

Esta é a tarefa do missionário: apresentar o verdadeiro tesouro: JESUS.

Tesouro verdadeiro que produz a verdadeira e permanente alegria. Alegria esta que acontece com quem é apresentado ao tesouro (o evangelizado). E alegria que experimenta o que apresenta tesouro (o evangelizador). "Porque eis que se pode dizer com toda verdade: Um é o que semeia outro é o que ceifa" (João 4,37).

Essa é a graça da missão. Este é o privilégio do missionário: ver rostos se encherem de alegria por terem encontrado o precioso tesouro: Jesus Cristo.

Entre neste grupo. Seja um missionário e experimente esta alegria!

Reze pelos missionários.

Foto Padre Alir Sanagiotto, SCJ

27 de agosto de 2009

Antes só

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Evitar companhias e lugares que podem levar ao pecado

Há um ditado popular que diz: "Antes sozinho que mal acompanhado". Como entendê-lo? Estar sozinho, buscar a solidão é algo que assusta a todos nós, pois Deus não nos criou para o isolamento, mas sim, para vivermos em sociedade:

O Senhor Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada" (Gênesis 2,18).

Já era uma preocupação do Altíssimo que não vivêssemos sozinhos, pois bem sabe o Senhor o quão difícil é o peso da solidão. Criou-nos para estarmos em sociedade. Mas, acontece que nem todos caminham na mesma direção, nem todos buscam o mesmo sentido.

Quando isso não acontece o que fazer?

Geralmente as pessoas se agrupam por afinidades, por grupos de interesse. Em nosso caso, cristãos que somos, estamos juntos, pois seguimos a Cristo e acreditamos em Suas palavras. Acontece que nem todos têm o mesmo pensamento que o nosso, aliás, a sociedade de hoje é uma sociedade pagã que, infelizmente, se distancia cada vez mais de Deus. Por isso, é um desafio constante cultivar amizades e relacionamentos nessa realidade.

Um princípio dos alcoólatras anônimos é: "Evitar o primeiro gole". Ora, para evitar o primeiro gole é preciso evitar companhias, lugares e situações que podem provocar a queda e a volta ao vício. Na verdade, é a aplicação do princípio deixado por Jesus Cristo: "Vigiai e orai, para não cairdes em tentação".

Oração e vigilância. Vigilância é exatamente isso: evitar companhias, lugares e situações que podem nos afastar de Deus, que podem nos levar ao pecado.

Se o outro não entender o motivo pelo qual evito sua companhia (e que isso seja feito não de forma agressiva!) e ele me der a oportunidade de lhe explicar, posso simplesmente dizer-lhe que minhas escolhas são distintas da dele. Caso perceba que ele não vá me entender, é preferível buscar refúgio no silêncio e na oração.

É dessa forma que dá para entender o ditado: "Antes sozinho do que mal acompanhado", isto é, é preferível ficar sozinho que permanecer caminhando ao lado de pessoas que não me compreendem nem me auxiliam neste processo de busca de santidade que almejo.

No entanto, andar sozinho não quer dizer que eu tenho o direito de julgar o outro achando que ele está no caminho errado e eu no certo: certas coisas não precisam ser ditas. Cada um tem a sua consciência. Assim como não tenho o direito de me fechar caso a pessoa me procure: devo, como Jesus, estar sempre pronto a acolher e a ouvir, e caso seja solicitado a emitir a minha opinião sobre o que é correto, porque ensinar os ignorantes é uma obra de misericórdia.

Busquemos juntos a Divina Misericórdia e ela nos capacitará a buscar o outro de uma forma renovada.

Pe. Antônio Aguiar
http://blog.cancaonova.com/padreantonioaguiar

24 de agosto de 2009

E se eu disser 'não'?

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Alguns rapazes acham que ser virgem é embaraçoso

Isso depende de que tipo de garota ela é. Uma jovem mulher me contou que chorou quando seu namorado disse que queria parar de fazer coisas sexuais, porque ela pensava que ele estava terminando o namoro. Mas então, ela disse: "Ele me assegurou que esse não era o caso, e que ele ainda me amava e queria me amar pela minha personalidade e não só pelo meu corpo. Eu fiquei maravilhada com isso".

É surpreendentemente raro para uma mulher menosprezar um rapaz que quer guardar a inocência do relacionamento. Para testar isso, eu perguntei a mil jovens mulheres em minha pesquisa a seguinte questão: "Se você está indo longe demais com um rapaz, e ele lhe dá um beijo na testa e diz: 'Eu acho que precisamos ir devagar, eu respeito demais você para fazer tudo isso com você, e eu quero me apaixonar por você pelos motivos certos', você o acharia mais ou menos atraente por isso?".

Quase 100 por cento das garotas – 995 – disseram que achariam o rapaz mais atraente. Uma garota disse que isso era "porque ela estaria pensando em nós [os dois] e não somente nele". Outra garota disse: "Eu não vou mentir. No primeiro momento eu ficaria pensando: 'O quê? Que tipo de homem diz isso?' Mas depois naquela noite eu pensaria: 'Eu realmente gosto desse rapaz'".

Eu fiz uma última pergunta para essas jovens: "Alguns rapazes acham que ser virgem é embaraçoso. Como você se sentiria se um rapaz guardasse sua virgindade para você, sua noiva?". De novo, as respostas, na esmagadora maioria, indicam a atratividade da pureza. Aqui estão algumas das respostas dadas por elas:

- "Esse é o tipo de rapaz que eu tenho que pegar antes que o resto das bilhões de garotas pegue!"

- "Pare de se preocupar sobre o que os outros vão dizer. Significa tanto que você espere!".

- "Isso é atraente!".

- "Está tudo bem em ser virgem. Na verdade, a maioria das garotas prefere assim".

- "É preciso muita força de vontade para permanecer virgem, e eu amo rapazes assim, que não se importam com o que as pessoas dizem".

- "Ele é mais homem que muitos outros rapazes"

- "Eles não deviam ficar envergonhados, pois eu não estou".

- "Essa noiva é uma sortuda".

- "Muitas garotas como eu acham estranho quando um cara fica com medo de ser virgem. Ele devia se orgulhar!".

- Eu me sentiria uma princesa, porque é assim que eu quero me sentir na noite do meu casamento".

- "Eu ia querer ficar mais perto dele!"

- "Essa é a coisa mais linda que um homem pode dar à sua noiva. Isso resume a essência do que é ser um homem, com uma só escolha. Ele prometeu à sua noiva sua vida inteira, inclusive seu corpo".

- "Ele pode te respeitar mais se pode respeitar a si mesmo".

Quase todas as garotas – 996 – disseram que se sentiriam amadas, honradas e mais atraídas a um rapaz assim. Das 4 que sobraram, uma expressou descrença que possa existir alguém assim, e as outras três foram indiferentes, dizendo coisas como: "Eu não o amaria mais nem menos se ele não fosse virgem".

Toda garota deseja saber que é querida, desejada, amada e que merece ser protegida. Quando uma garota chega à universidade, muitas vezes, ela já perdeu a esperança por causa das coisas que ela viu (ou fez). Ela pode aceitar os "ficar" ou as relações casuais, mas no fundo de seu coração ela sonha com algo mais. Na verdade, mais mulheres do que eu posso contar chegam, para mim, nas universidades em que dou palestras e me perguntam a mesma coisa: "Todos os rapazes só estão interessados em uma coisa. Onde eu posso encontrar um homem decente?".

Imagine se você tivesse de falar para uma dessas mulheres que você não quer nada de sexual agora. Se ela abandoná-lo por você querer ser puro, então você já sabe que, para começo de história, ela nunca o amou, por isso está melhor sem ela. Mas se ela continuar ao seu lado, então vocês vão se respeitar sempre. De qualquer modo, nós temos de enfrentar nosso medo de rejeição, se é que nós queremos um dia amar de verdade.

Como essa pesquisa mostrou, a maioria das mulheres espera encontrar um homem seguro de si, capaz de autodomínio. Mesmo que você já tenha perdido sua virgindade, você ainda pode escolher recomeçar e passar a viver a virtude da pureza. Não importa o passado, nunca é tarde para se tornar o homem que você quer e deve ser.

Trecho do livro: "Pure Manhood", de Jason Evert. San Diego: Catholic Answers, 2008

Jason Evert

19 de agosto de 2009

Vida religiosa: imitação e seguimento de Cristo

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O tesouro do religioso é justamente este: viver em união com Deus

A vida religiosa tem sua identidade e missão expressa como forma de existência firmada no seguimento radical de Cristo. Porém, fica evidente na história da Igreja e na Sagrada Escritura que o seguimento não é privilégio de ninguém; este é para todos que se abrem ao mistério da graça que efetua o chamado na liberdade. Contudo, ao longo da história constata-se também que o Espírito Santo suscitou na Igreja uma forma concreta de seguimento, na radicalidade existencial, através da vivência dos conselhos evangélicos: pobreza, castidade e obediência, por meio dos quais a experiência de discipulado pessoal torna-se algo fundamental.

"... Os religiosos devem transmitir o Evangelho com suas vidas, comprometendo-se a unir duas realidades: o cuidado pela vida interior e o esforço da missão apostólica" (Papa Bento XVI). A afirmação do Santo Padre expressa algo de essencial na vida religiosa: a correspondência profunda e total da vocação à vida consagrada na Igreja. Ser inteiramente de Jesus para ser inteiro da missão e para a missão. A primeira e fundamental tarefa da vida consagrada é tornar visíveis as maravilhas de Deus, algo possível apenas a partir de uma íntima, profunda e contínua comunhão com Aquele que chama, elege e consagra: o Cristo casto, pobre e obediente. O tesouro do religioso é justamente este: viver em união com Deus na totalidade de vida, estar reunido numa comunidade de amor e gratuidade, na qual se estabelece a cada dia o primado do Absoluto (Deus).

No mistério da vida religiosa nós encontramos essa pedagogia extraordinária do Todo-poderoso, que não escolhe os capacitados, mas capacita os pequeninos chamados por Ele. Tal constatação nos centraliza na eleição misericordiosa de Deus, que revela o primado da Sua iniciativa e a necessidade do ser humano de acolher o mistério divino na obediência.

Maria Santíssima é para todos nós modelo desse acolhimento, mestra de seguimento incondicional e de serviço assíduo a Deus. A Virgem Maria não só disse: "Faça-se em mim segundo a sua Palavra", como também viveu esse mistério na sublime, perfeita e total pertença a Deus, assumindo, assim, todas as consequências do seu "sim" ao Senhor.

A verdadeira profecia e a vida profética da vida consagrada nascem de Deus, da amizade com Ele e da escuta atenta da Sua Palavra, nas diversas circunstâncias da nossa existência. O testemunho profético exige e requer uma busca constante e apaixonada da vontade de Deus; a comunhão eclesial generosa é imprescindível para que o exercício do amor na verdade possa acontecer de forma efetiva e eficaz. Pois, ninguém vive uma consagração no isolamento, ou seja, fora do mistério do ser Igreja de Cristo.

Ter esse compromisso decidido de vida espiritual, de espiritualidade sólida e profunda, constitui exigência prioritária para que o sentido da vida consagrada não se esvazie. Tendo em vista que tal exigência encontra-se inscrita na própria essência da vida consagrada. Negligenciar essa realidade significa tornar-se um consagrado morto, que semeia morte onde quer que se encontre, ou seja, significa deixar de ser aquele que torna visíveis as maravilhas de Deus.

O religioso, na vivência autêntica da sua consagração, torna-se manifestação visível do Amor de Deus. Por isso, a raiz de cada ação e o critério de cada opção do religioso devem ter por objetivo expressar esse amor, num gesto eficaz de gratuidade evangélica. O Evangelho de Mateus, capítulo 21, versículos 18-22, nos fornece este exemplo que o próprio Jesus utilizou para formar Seus discípulos: a pobre viúva que fazia sua oferta no cofre do templo. Nessa ocasião, o Senhor observou que as pessoas ofereciam grandes quantias e num dado momento aproximou-se essa viúva, que entregou apenas duas moedas. Vendo esse gesto Cristo chamou os discípulos e afirmou que aquela mulher havia ofertado mais do que todos os demais.

Qual a intenção de Jesus ao fazer essa afirmação? O que o Senhor deseja apresentar é que a doação maior e melhor é justamente aquela que se faz com qualidade e gratuidade, e não aquela feita com quantidade. A viúva entregou tudo, não viveu uma relação com Deus parcial, foi sincera e transparente na sua opção de vida, pois, não firmou sua vida no fazer quantitativo, mas no ser qualitativo.

Que o Senhor nos ensine a também fazermos nossas opções por Ele com essa dimensão, respondendo com sabedoria ao chamado universal à santidade.

Que Deus vos abençoe e vos guarde! Amém!

Pe. Eliano Luiz Gonçalves, sjs
Prior Local da Missão Salvista presente na Com. Canção Nova

17 de agosto de 2009

Viver a sexualidade na luz

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O autoerotismo acaba se tornando um tipo de droga

A sexualidade é a obra culminante da criação. Por isso, precisamos aprender a administrá-la. Deus é perfeito e fez cada pessoa diferente, pessoas que nunca se repetirão.

Nós precisamos estar firmes no Senhor, pois existiu um anjo que não suportou nossa criação por Deus Pai: satanás. Este quer destruir o amor, quer destruir a nossa família. Ele, que não pôde atacar a sexualidade de Maria e José, então ataca a nossa. Ele ataca na raiz da nossa vida: no amor.

Para agredir a vida, o maligno tenta fazer com que entremos em transgressão com tudo aquilo que o amor traz. Dessa forma, o que é mais lindo na vida vira contra o próprio homem. A mesma coisa acontece com a sexualidade, pois o homem a está reduzindo apenas ao desejo carnal, esvaziando o coração, o sentimento. O resultado são as muitas "mortes" que acontecem, como a pornografia, teoria que leva à prática.

Há um comércio abominável de crianças e adolescentes na área sexual. Existe um número expressivo desse público [infanto-juvenil] que morre infectado por várias doenças por ano por conta disso. Não podemos nos calar diante disso!

Só há duas armas para sermos vitoriosos: A castidade e a fidelidade. Em Uganda, baixaram a taxa de contaminação de enfermidades sexualmente transmissíveis, porque a política viu que não havia outro meio ao não ser a castidade.

O autoerotismo, que é a masturbação, quando se torna um hábito e não conseguimos fugir dele, acaba se tornando um tipo de droga, uma obsessão, e faz com que nos fechemos em nós mesmos; e humanamente não conseguimos sair dele. Se você estiver passando por esse problema, sentindo-se escravo, dominado por ele, só Jesus pode curá-lo. Porque, quando pedimos perdão para o Senhor, Ele fica maravilhado com a pureza de nossa alma. Pois, dessa forma, nós mostramos que sofremos com isso, revelando assim que temos um coração puro. Peçamos perdão ao Senhor. Que Maria nos ajude e que nunca percamos a coragem de tomar essa decisão!

Eu conheci homens e mulheres que embora tenham se prostituído durante muitos anos receberam do Senhor a graça de uma "virgindade espiritual" e conseguiram um casamento maravilhoso. A castidade é uma grande liberdade, é o que protege o amor. Como a estratosfera nos protege contra o sol, e nos protege da luz, é justamente assim que acontece com a castidade, ela permite o aprofundamento do amor tornando-nos jovens. Já a impureza nos torna velhos. Basta olhar para moças que são prostituídas, elas têm o olhar envelhecido.

Vou mostrar para vocês as vantagens da castidade, de preservar a sua pureza para o casamento. Pois o pecado contra essa virtude é como uma flor arrancada, que morre facilmente, porque não teve a chance de ter sua raiz aprofundada.

Recusar-se a manter relacionamento sexual com o namorado, antes do casamento, é o maior teste de autenticidade do amor: "Eu quero algo profundo e verdadeiro! Quero que realmente nos conheçamos e esperemos esse momento [relação sexual] até o casamento". Se seu (sua) namorado (a) deixá-la (o) é a prova de que ele (a) não a (o) ama. Mas, se ele (a) respeitar essa exigência é porque realmente a (o) ama. Algumas moças também querem ir logo ir para a cama com o namorado para segurá-lo, pois são inseguras.

O respeito mútuo protege um ao outro e fortalece a linguagem do amor. O amor para com o outro deve ser delicado e puro. O casal deve procurar viver a transparência. Para que, dessa forma, no dia casamento, você possa dizer: "Eu trago para você o mais puro dos sentimentos, me guardei só para você. Eu decidi que a minha primeira relação sexual seria com meu cônjuge".

É preciso ter muito cuidado e se proteger, cuidado para não cair em situações de risco, pois caímos muito facilmente. Precisamos, sobretudo, ter cuidado de não cair nas pornografias. E assim você terá muita harmonia em sua casa quando casar. E poderá viver a "liturgia do casamento", pois, é uma escola de descoberta um do outro, de respeito e amor.

Precisamos construir a base do relacionamento. A união sexual é o telhado, por isso não podemos construir a casa pelo telhado. Ele é a "coroa" do casamento. 99% da alegria no ato sexual é a confiança um no outro e não o ato em si. Esses são uns pequenos conselhos para que os seus futuros filhos não sofram a consequência de uma família desajustada.

Louvado seja Deus. Ele os abençoe!

(*) Fundador da Escola "Jeunesse-Lumiére" (Juventude-Luz), um trabalho voltado para a juventude, localizada no sul da França.

Padre Daniel Ange (*)

13 de agosto de 2009

Amar, o verdadeiro martírio

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A atitude de amar é cada vez mais rara

Muitas vezes, deparamos com coisas que nos sentimos incapazes de fazer por conta de nossas misérias. Jesus, no "testamento" d'Ele, nos deixa uma ordem que é o grande desafio da vida de qualquer ser humano: "Amai-vos uns aos outros" (João 15,12). O mandamento do amor, muito mais que uma simples ordem, é um projeto de vida que perpassa a existência de todo homem.

Como imagem e semelhança de Deus, que é amor, o homem tem por vocação amar. Por isso se não a [vocação] cumpre, não encontra em sua vida a verdadeira realização e a felicidade. Amar é a vida do ser humano. Alguém que não ama já está morto.

Mas quem disse que amar é fácil? Quem disse que felicidade e realização são palavras opostas a sacrifício e a sofrimento? Em meio a um mundo hedonista, impregnaram em nossa consciência que felicidade é fazer e viver tudo o que, de alguma forma, não nos custe nada. É por isso que cada vez mais o mundo se torna individualista e a atitude de amar é cada vez mais rara. Amar exige sofrimento, renúncia, martírio.

Se amar é muito mais do que um simples sentimento, é uma decisão e uma atitude de vida, logicamente vai exigir um sacrifício próprio. Muita gente projeta a vida a partir de um desejo, às vezes, um carro, uma casa e sacrifica muita coisa em função disso. Se o projeto próprio dos filhos de Deus é amar, precisamos nos dispor a acolher os sacrifícios próprios dessa decisão.

Somos acostumados a desejar que as pessoas nos amem muito, incondicionalmente, sem olhar para as nossas misérias e limitações. Mas quando chega a hora de amar o outro, colocamos uma série de condições. E o amor incondicional? E o amor oblação? E a alegria maior de dar do que receber? E a verdade que o amor que me cura é o que dou e não o que recebo? Não são simples perguntas, mas uma verdadeira revisão de vida para a qual somos convidados por Deus.

Jesus afirma que se a semente, na terra, não morrer ela não gerará frutos. Amar é morrer! Morrer para as minhas vontades e minhas carências e me decidir em traduzir em ato a vocação que Deus destinou para a minha existência. Não há nenhum ato de amor que não exija de nós o derramar do nosso sangue, um martírio constante que nos leva à oblação e à doação. O amor acarreta sofrimento, cruz, morte. Mas traz consigo redenção, ressurreição, alegria!

Martírio é testemunho. Mártir é aquele que derramou o seu sangue para testemunhar ao mundo um amor maior. É aquele que cumpriu, com excelência, a sua vocação de amar. Em um mundo, que não mais acredita em muitas verdades essenciais, há a extrema necessidade de pessoas capazes de suportar todas as tribulações, de forma a testemunhar que o mandamento do Senhor não é uma utopia. Deus nos chama a sermos hoje mártires do amor, em meio a um povo que esqueceu a sua vocação de amar.

Talvez você esteja sofrendo muito por ter se decidido a amar alguém concretamente e sem esperar nada em troca. Pode ser que a decisão de amar o esteja levando a chorar ao se deitar e a perder noites de sono. Ou então, sua vida se tornou um verdadeiro calvário a partir do momento em que você saiu da teoria e foi colocar a sua vocação de filho de Deus em prática. Louvado seja Deus! Você está se aproximando cada vez mais da meta, da plenitude do verdadeiro projeto de vida que Jesus nos deixou : "Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo" (João 15, 12).

Quando os nossos sofrimentos são causados por atos verdadeiros de amor, eles nos trazem dor, mas trazem também um sentimento de felicidade inigualável. Não uma felicidade aos moldes mundanos, mas a verdadeira felicidade, a verdadeira paz no coração daqueles que realizaram, com aquele sacrifício, a vontade de Deus para a sua vida.

Jesus nos deixou o exemplo da cruz. A cruz é o modelo de amor. Ele nos amou até o fim e nos mostrou que, por amor, somos capazes de levar a nossa decisão até as últimas consequências. Até o derramamento de sangue. Dando literalmente a vida. "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos" (João 15, 13).

É hora de pararmos de ficar lambendo as nossas feridas e transformá-las em chagas de amor. Se amar o tem machucado e ferido, você agora tem mais coisas em comum com Jesus. Quando chegar à vida eterna, Ele vai olhar para essas chagas e vai lhe dizer: "Como você é parecido comigo!". Por isso: não desista de amar! Não desista de testemunhar ao mundo que o amor não é uma utopia, mas uma verdade. Seja onde for que Deus o coloque, seja um mártir do amor. Dê a sua vida pela simples, mas inigualável e heroica decisão de amar sem condições, sem medidas.

Seu irmão,

renan@geracaophn.com

Foto Renan Félix
renan@geracaophn.com