1 de novembro de 2021

Você sabe o segredo para superar os traumas da morte?


Diante do mistério da morte, especialmente a partir da dor da perda de um ente querido, sempre vem à tona o questionamento acerca da vontade de Deus. O argumento é muito simples: se tudo que acontece é com o consentimento de Deus, por que Ele não impede a morte de alguém? Se até nosso cabelo está contado, se, na oração do Pai-Nosso, aprendemos a rezar: "Seja feita a Vossa vontade", por que a morte não é a vontade de Deus? Por que Ele não protege um filho cuja mãe reza tanto por sua proteção, mesmo sabendo da imprudência dele? Se Deus é tão bom, por que não impede a morte de uma pessoa? Por que permite o sofrimento? É pecado revoltar-se contra Deus?

Tente responder, serenamente, a cada uma dessas perguntas. Esse é um segredo para a cura dos traumas de morte. A própria notícia a respeito do falecimento de alguém pode ser uma fonte permanente de traumas, além das dificuldades relacionadas com a morte: solidão, saudade, aceitação, sentimento de perda, ausência, medo de morrer, sofrimento.

Muitas vezes, pela dor da perda e pela dificuldade de aceitação, a pessoa cria mecanismos psicológicos como tentativa de defesa. Conforme a intensidade da relação com o falecido, chega-se a sentir, quase que fisicamente, a presença da pessoa. Na verdade, isso é uma projeção do inconsciente. A pessoa morta jamais entrará em contato com o mundo dos vivos. A morte cria-lhe uma barreira eterna. A única comunhão possível é da parte dos vivos.

Você sabe o segredo para superar os traumas da morte

Texto Ilustrativa: by Getty Images / PeopleImages / cancaonova.com

Devemos rezar pelos mortos

Sentir a presença de quem já morreu é uma tentativa do inconsciente de amenizar a dor da perda e, também, de resolver problemas que não foram resolvidos em vida. Essa sensação é infantil e muito perigosa, já que ajuda a criar falsas doutrinas sobre a morte e sobre a vida eterna.

Só existe uma coisa que podemos fazer pelos nossos falecidos: oração! E essa pode ser pessoal, comunitária, litúrgica, na igreja ou no cemitério. Fora isso, qualquer coisa que se fale é "inspiração encardida", que precisa ser eliminada. A oração ajuda os vivos e os mortos. A certeza da vida eterna nos torna mais responsáveis pela consequência de todos os nossos atos. A fruta caída do pé da árvore morre, mas deixa sua semente. Assim acontece conosco.


A sociedade capitalista do Ocidente tenta negar não só a morte, mas tudo que possa lembrar nossa situação de finitude e fraqueza. A ideia falsa da eterna juventude, os ideais dos progressos científicos, a acumulação dos bens e o apelo ao consumismo são tentativas de negar o que todo mundo sabe. O presente perpétuo e imediato é sonho estragado que nasce no coração de todos aqueles que não assumem a morte como uma amiga, que nos revela quem verdadeiramente somos. Conforme se vive, morre-se.

Segundo a fé cristã, a morte não é o fim, e sim o novo começo; é o encontro definitivo com Deus e a entrada numa dimensão plena junto a Ele. O cristão jamais pode falar de morte sem falar em ressurreição. Todos seremos ressuscitados por Deus, do mesmo jeito como Ele ressuscitou Jesus.

Texto extraído do livro: Cura dos Traumas da Morte

Padre Léo, scj


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/voce-sabe-o-segredo-para-superar-os-traumas-da-morte/


29 de outubro de 2021

Como podemos entender Cristo na hóstia consagrada?


Em todo ser há um conjunto de coisas que podem mudar, como o tamanho, a cor, o peso, o sabor etc., e um substrato permanente que, conservando-se sempre o mesmo, caracteriza o ser, que não muda. Esse substrato é chamado substância, essência ou natureza do ser. Em qualquer pedaço de pão há coisas mutáveis: cor, tamanho, gosto, sabor, posição, sem que a substância que as sustenta mude. Essa substância ninguém vê, mas é uma realidade. Assim, há homens de cores diferentes, feições diferentes etc., mas todos possuem uma mesma substância: uma alma humana imortal, que se nota pelas suas faculdades, as quais os animais não têm: inteligência, liberdade, vontade, consciência, psique entre outros.

Quando as palavras da consagração são pronunciadas sobre o pão, a substância deste muda ou se converte totalmente em substância do Corpo humano de Jesus (donde o nome "transubstanciação"), ficando, porém, os acidentes externos (aparências) do pão (gosto, cor, cheiro, sabor, tamanho etc.); sendo assim, sem mudar de aparência, o pão consagrado já não é pão, mas é substancialmente o Corpo de Cristo. O mesmo se dá com o vinho. Ao serem pronunciadas sobre ele as palavras da consagração, sua substância se converte no Sangue do Senhor, pelo poder da intervenção da Onipotência Divina.

Como podemos entender Cristo na hóstia consagrada

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

A fé explica como o pão se torna o Corpo e o Sangue de Cristo

Isso explica como o Corpo de Cristo pode estar simultaneamente presente em diversas hóstias consagradas e em vários lugares ao mesmo tempo. Jesus não está presente na Eucaristia segundo as suas aparências, como o tamanho ou a localização no espaço. Uma vez que os fragmentos de pão se multiplicam com a sua localização própria no espaço; assim onde quer que haja um pedaço de pão consagrado, pode estar, de fato, o Corpo Eucarístico de Cristo.

Uma comparação: quando você olha para um espelho, aí você vê a imagem do seu rosto inteiro. Se quebrá-lo em duas ou mais partes, a sua imagem não se quebrará com o espelho, mas continuará uma imagem inteira em cada pedaço.

É preciso, então, entender que a presença de Cristo Eucarístico pode se multiplicar, sem que o Corpo do Senhor se multiplique. Isso faz com que a presença do Cristo Eucarístico possa multiplicar (sem que o Corpo d'Ele se multiplique) se forem multiplicados os fragmentos de pão consagrados nos mais diversos lugares da Terra. Não há bilocação nem multilocação do Corpo de Cristo.

O Corpo de Cristo, sob os acidentes do pão, não tem extensão nem quantidade próprias; assim não se pode dizer que a tal fragmento da hóstia corresponda tal parte do Corpo de Cristo. Quando o pão consagrado é partido, só se parte a quantidade do pão, não o Corpo de Jesus.

Corpo de Cristo

Assim muitas hóstias e muitos fragmentos de hóstia não constituem muitos Cristos – o que seria absurdo, mas muitas "presenças" de um só e mesmo Cristo. Analogamente, a multiplicação dos espelhos não multiplica o objeto original, mas multiplica a presença desse objeto; também a multiplicação dos ouvintes de uma sinfonia não multiplica essa sinfonia, mas apenas a presença desta.

Por essas razões, quando se deteriora o Pão Eucarístico por efeito do tempo, da digestão ou de um outro agente corruptor, o que se estraga são apenas os acidentes do pão: quantidade, cor, figura entre outros; nesse caso, o Corpo de Cristo deixa de estar presente sob os Véus Eucarísticos, isso porque Nosso Senhor Jesus Cristo quis, nas espécies ou nas aparências de pão e vinho, garantir a Sua presença sacramental, e não nas de algum outro corpo.


A Eucaristia

A católica ensina uma conversão total e absoluta da substância do pão no Corpo de Cristo; o Concílio de Trento rejeitou a doutrina de Lutero, que admitia a "empanação" de Cristo: empanação, segundo a qual permaneceriam a substância do pão e a do vinho junto com a do Corpo e a do Sangue de Cristo. O pão continuaria a ser realmente pão (e não apenas segundo as aparências); o vinho continuaria a ser realmente vinho (e não apenas segundo as aparências), de tal sorte que o Corpo de Cristo estaria como que revestido de pão e vinho. Para o Concílio de Trento e, para a fé católica, esse tipo de presença de Cristo na Eucaristia é insuficiente; é preciso dizer que o pão e o vinho, em sua realidade íntima (substância), deixam de ser pão e vinho para se tornarem a realidade mesma do Corpo e do Sangue de Cristo.

Assim como, na criação, acontece o surgimento de todo o ser, também na Eucaristia há a conversão de todo o ser. Essa "conversão de todo o ser" é "conversão de toda a substância" ou "transubstanciação".

Transubstanciação

Assim como só Deus pode criar (tirar um ser do nada), só Deus pode "transubstanciar"; ambas as atividade supõem um poder infinito que só o Senhor tem.

Para entender um pouco melhor o milagre da transubstanciação, podemos dizer ainda o seguinte: no milagre da multiplicação dos pães, Jesus mudou apenas a espécie do pão (no caso a quantidade), mas não mudou a sua natureza, continuou sendo pão. Quando Ele fez o milagre das Bodas de Caná, mudou a natureza da água (passou a ser vinho) e mudou também a sua espécie (cor, sabor etc); no milagre da Transubstanciação, o Senhor muda apenas a natureza do pão e do vinho (passam a ser seu Corpo e Sangue) sem mudar a espécie (cor, sabor, cheiro, tamanho etc.). Tudo por amor a nós!

Ele, o Rei do universo, faz-se pequeno, humilde, indefeso, nas espécies sagradas do pão e do vinho, para ser nosso alimento, companheiro, modelo, exemplo, força e consolação.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/como-podemos-entender-cristo-na-hostia-consagrada/


27 de outubro de 2021

Estar solteiro é sinal de uma vocação mal sucedida?


"Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho." Esse trecho da música de Tom Jobim apresenta uma verdade: o amor é um sentimento essencial para a vida de cada pessoa e está atrelado à felicidade. Quem ama e é amado tem o coração satisfeito e passa pela vida de maneira plena, pois se ocupa em cuidar e ser cuidado por alguém, e sente prazer em doar e receber afeto.

A solidão é a consequência da falta, ou seja, falta amor próprio, falta amor pelos outros, falta amor pela vida e por suas próprias conquistas, sua casa, seus amigos. Estar sozinho pode ser uma opção ou a consequência de uma vida vazia. E quando falo sozinho, não me restrinjo só à falta de um parceiro para a vida, como a ausência de se formar par com alguém. Não! Eu acredito que, para encontrar alguém para caminhar na vida, a sua vida não deve ser solitária. Só encontra um parceiro quem antes teve um encontro com si mesmo e tem amor próprio, amor pelos outros, amor pela sua família, amigos para amar, amor a Deus, enfim, amor pela vida.

Muitos relacionamentos começam mal e terminam de maneira horrorosa, porque um dos dois ou ambos não tinha plena convicção sobre o valor que deve ter a vida antes dessa pessoa nova aparecer. É até engraçado a pessoa querer um namorado, mas não dar valor nenhum ao pai, à mãe ou ao responsável que cuidou ou cuida dela ainda. Até parece que alguém vai querer namorar quem não valoriza seus amigos, sua casa, seu trabalho ou seus estudos.

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Foto Ilustrativa: AndreyPopov by Getty Images/cancaonova.com

Para encontrar o parceiro é preciso amar-se primeiro

Aliás, para ficar uma noite só, para passar o tempo até encontrar algo melhor, tem muita gente por aí procurando, mesmo quem não tem amor próprio, para apenas curtir e depois jogar fora.

Se você busca formar uma família com alguém, precisa primeiro valorizar a família que tem. Aproveitar os momentos com seus amigos, ser uma pessoa bacana, informada, fazer boas leituras para aprimorar sua inteligência, estar aberto a conhecer novos lugares, enfim, ter amor e valorizar a sua vida de solteiro.

Gente chata adora comentar que a vida vai ser melhor quando encontrar alguém. Cai na real! Ninguém quer namorar quem não se valoriza nem valoriza os que estão ao seu redor. Então, antes de se considerar o patinho feio da turma, com o discurso "ninguém me ama, ninguém me quer, quem eu quero não me quer", melhore-se!


Ampliando o sentido da canção que citei no início do texto – "é impossível ser feliz sozinho" –, não significa a impossibilidade de ser feliz sem se casar ou namorar, mas a impossibilidade de ser feliz isolado, sem família, sem amigos, importando-se só com o próprio umbigo. Conheço muita gente que está pleno e feliz, sem namorado ou marido (esposa), que não casou por opção e tem a vocação como leigo solteiro plenamente feliz, vivendo plenamente o amor nas outras dimensões, para além do afeto de casal.

 Nem todos têm vocação para o matrimônio

Deus é infinitamente sábio e sabe exatamente qual o melhor plano para Suas criaturas. Como já citei em um texto anteriormente, nem todas as pessoas têm a vocação para o matrimônio. Se você tem dúvidas sobre a sua vocação, não seja "Maria vai com as outras", que fica sofrendo, porque é o único solteiro da turma.

Eu o aconselho a buscar formação sobre a vocação de leiga solteira. Existe muito material bacana na internet e, talvez, na sua paróquia. Busque, na sua oração pessoal sincera, na direção espiritual, as respostas para as suas dúvidas, e saia de perto de quem só cobra de você um namorado ou marido para chamar de seu!



Mariella Silva de Oliveira Costa

Além de professora, pesquisadora e jornalista, é Doutora com pós-doutorado em Saúde Coletiva (UnB), Mestra em Tocoginecologia (Unicamp), especialista em Jornalismo Científico (Unicamp) e graduada em Comunicação Social (UFV). Servidora pública federal e idealizadora de muitasmarias.com
Instagram : @marielladeoliveiracostawww.youtube.com/mariellaoficial


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/matrimonio/estar-solteiro-e-sinal-de-uma-vocacao-mal-sucedida/


25 de outubro de 2021

Você é bom!


Sempre falo isso para um dos meus irmãos, e me divirto com as reações dele, quase sempre atrapalhadas, tentando explicar que não é bom, que agiu dessa forma por tal motivo; e finalmente parece sentir-se aliviado quando encerra o assunto dizendo que só Deus é bom.

Observo que quase ninguém acolhe essa afirmativa com naturalidade, inclusive eu. Em geral, ficamos meio sem jeito e rapidamente encontramos um meio de, com palavras ou gestos, desviarmos a atenção para outro ponto. Mas por que agimos assim?

Talvez seja por medo de nos vermos dominados pelo orgulho ou ainda por causa de feridas causadas por palavras duras ou verdades ditas de forma errada. Lembro-me de uma situação que vivi: desde criança, recebi muitos elogios, e sempre os acolhia com naturalidade, eram até uma forma de incentivo no meu empenho para ser íntegra e não decepcionar aqueles que me amavam e acreditavam em mim, a partir de meus pais.

Você é bom!

Foto ilustrativa: Capuski by Getty Images

"Você não é boa"

Até que um dia ouvi de alguém muito querido que eu não era boa, que as pessoas me admiravam só porque não me conheciam o bastante, mas que, na verdade, eu era muito ruim! Claro que foi terrível ouvir isso, mas o pior é que eu acreditei, pois vinha de alguém que eu amava. Quando as palavras vêm de alguém que amamos, têm muito mais peso em nossa vida. Aos poucos, fui me convencendo de que eu não era boa. Até que um dia, um dos meus irmãos me fez perceber que estava tudo errado! Daí, eu comecei um processo de cura interior que continua, mas já consigo acolher que sou boa, não por mérito meu, mas porque Aquele que me fez à Sua Imagem e Semelhança é bom e habita em meu ser.

Outra barreira que nos impede de acolher a afirmativa "você é bom" é que pagamos um preço alto pelo exercício da bondade. Torna-se alvo de observação e, às vezes, de crítica. Hoje, os valores parecem trocados, e quase todos seguem sem saber para onde ir. Dá a impressão de que a moda manda, pois o importante é estar fashion, agindo como a maioria age, independente se está certo ou errado. Claro que ter uma postura diferente chama a atenção, incomoda. Porém, não podemos temer o "ser diferente"! Somos escolhidos de Deus não por merecimento nosso, mas graças a Sua misericórdia, e isso já nos faz muito diferentes.

Sou movido pelo Amor

É certo que, na essência, todo homem é bom, pois foi feito à imagem e semelhança do Sumo Bem. Assumir isso não deve ser um peso, é questão de retomar a essência, é assumir a missão do verdadeiro cristão. Se levarmos isso a sério, chegaremos ao ponto que chegou o filosofo Raimundo Lullus, quando, certa vez, lhe perguntaram a quem pertencia, de onde vinha e para onde ia, e ele respondeu: "Pertenço ao Amor; saí do Amor e foi o Amor quem me conduziu até aqui. Sou movido pelo Amor!". Que possamos, hoje, trocar as palavras de Raimundo pelas nossas, e afirmarmos: "Pertenço ao Sumo Bem, saí do seio da bondade, foi ela que me conduziu até aqui. Sou movido pela bondade!".


Que o Senhor nos dê Sua graça. É somente n'Ele que espero!



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às sextas-feiras, está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 18h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/voce-e-bom/


22 de outubro de 2021

A Eucaristia é o pão da vida que sustenta a fé da igreja


No Evangelho (Jo 6,24-35), depois do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus apresenta-Se como o "Pão da Vida". Entusiasmado com o milagre, o povo procura por Ele. Vê-se que o povo não entendeu o sentido daquele gesto. Quando viram que não conseguiam encontrar Cristo nem os Seus discípulos, subiram às barcas e foram a Cafarnaum.

Quando o encontraram novamente, Jesus lhes disse: "Em verdade, em verdade, Eu vos digo: 'estais Me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos'" (Jo 6,26). Comenta Santo Agostinho: "Buscais-me por motivos da carne, não do espírito. Quantos há que procuram Jesus, guiados unicamente pelos seus interesses materiais! Só se pode procurar Jesus por Jesus".

A Eucaristia é o alimento da vida eterna

Com uma valentia admirável, com um amor sem limites, Jesus expõe o dom inefável da Sagrada Eucaristia, dada a nós como alimento. Pouco importa se, ao terminar a revelação, muitos dos que O seguiram com fervor acabem O abandonando. O Senhor não recua: "'Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará'. Mas eles perguntaram: 'Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?' Jesus respondeu-lhes: 'A obra de Deus é que acrediteis naquele que Ele enviou'" (Jo 6,27-29).

Apesar de muitos presentes terem visto o prodígio do dia anterior, disseram-Lhe: "Que milagre fazes Tu, para que possamos ver e crer em Ti? Nossos pais comeram o Maná no deserto como está na Escritura: 'Deu-Lhes a comer o Pão do Céu'" (Jo 6,30-31).

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O cristão e a igreja vivem do verdadeiro alimento que é Jesus 

Jesus Cristo é o verdadeiro alimento que nos transforma e nos dá forças para realizarmos a nossa vocação cristã. Exorta vivamente o beato João Paulo II: "Só mediante a Eucaristia é possível viver as virtudes heroicas do Cristianismo: a caridade até o perdão dos inimigos, até o amor pelos que nos fazem sofrer, até a doação da própria vida pelo próximo; a castidade em qualquer idade e situação de vida; a paciência, especialmente na dor e quando estranhamos o silêncio de Deus nos dramas da história ou da nossa existência. Por isso, sede sempre almas eucarísticas para poderdes ser cristãos autênticos".

A igreja vive da Eucaristia. O concílio Vaticano II afirmou que o sacrifício eucarístico é "fonte e centro de toda a vida cristã" (LG, 11). Com efeito, "na Santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o Pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo" (PO, 5).

A Igreja vive de Jesus Eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, mistério de luz. Sempre que a Igreja a celebra, os fiéis podem, de certo modo, reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús: "Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no" (Lc 24,31).


Referindo-se à Eucaristia, ensinava São Josemaría Escrivá: "O maior louco que já houve e haverá é Ele (Jesus). É possível maior loucura do que entregar-se como Ele se entrega e àqueles a quem se entrega? Porque, na verdade, já teria sido loucura ficar como um Menino indefeso; mas, nesse caso, até mesmo muitos malvados se enterneceriam, sem atrever-se a maltratá-Lo. Achou que era pouco: Quis aniquilar-se mais e dar-se mais. E fez-se comida, fez-se Pão. Divino Louco! Como é que te tratam os homens?… E eu mesmo?" (Forja, 824).

Da Eucaristia brotam todas as graças e todos os frutos de vida eterna – para cada alma e para a humanidade –, porque, neste sacramento, "está contido todo o bem espiritual da Igreja" (PO, 5).

Quando nos aproximamos da mesa da Comunhão, podemos dizer: "Senhor, espero em Ti; adoro-Te, amo-Te, aumenta-me a fé. Sê o apoio da minha debilidade, Tu, que ficaste na Eucaristia, inerme, para remediar a fraqueza das criaturas" (Forja, 832).  Façamos nosso (no bom sentido) o pedido do povo citado no Evangelho: "Senhor, dá-nos sempre desse pão" (Jo 6,34).

Rezemos pelos padres! Rezemos ao Senhor para que continue enviando sacerdotes para a Igreja. Que Ele continue abençoando e plenificando a vida de todos os sacerdotes.

Monsenhor José Maria Pereira


20 de outubro de 2021

Deus chama o seu povo a viver à santidade


Desde a Antiga Aliança, realizada por meio dos Patriarcas, Deus chama o povo à santidade: 'Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque Eu sou Santo' (Lv 1,44-45).

O desígnio de Deus é claro: uma vez que fomos criados à sua "imagem e semelhança" (Gen 1,26), e Ele é Santo, nós temos que ser santos também. O Senhor não deixa por menos. A medida, a essência dessa santidade é o próprio Deus. São Pedro repete essa ordem dada ao povo no deserto, em sua primeira carta, convocando os cristãos para imitarem a santidade de Deus: "A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: 'Sede santos, porque eu sou santo'" (1Pe 1,15-16).

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Foto Ilustrativa: Alina Valetka by Getty Images

São Pedro exige dos fieis que "todas as vossas ações" espelhem esta santidade de Deus, já que "vós sois uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiqueis o poder daquele que das trevas vos chamou à sua luz maravilhosa" (1Pe 2,9). Para São Pedro, a vida de santidade era uma imediata consequência de um povo que ele chamava de "quais outras pedras vivas(…) materiais deste edifício espiritual, um sacerdócio santo" (1Pe 2,5).

O cristão é chamado a viver a santidade

Neste sentido, exortava os cristãos do seu tempo a romper com a vida carnal: "Luxúrias, concupiscências, embriagues, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias" (1Pe 4,3), vivendo na caridade, já que essa "cobre a multidão dos pecados" (1Pe 4,8).

Jesus, no Sermão da Montanha, chama os discípulos à perfeição do Pai: "Sede perfeitos assim como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48). Essas palavras fazem eco ao que Deus já tinha ordenado ao povo no deserto: "Sede santos, porque eu sou santo" (Lv 11,44). Jesus falava da bondade do Pai, que ama não só os bons, mas também os maus, e que "faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos" (Mt 5,45). Jesus pergunta aos discípulos: "Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?"(46). Para o Senhor, ser perfeito como o Pai celeste é amar também os inimigos, os que não nos amam. "Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e vos maltratam"(44). E mais ainda: "Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra"(39).

Sem dúvida não é fácil viver essa grande exigência que Jesus nos faz, mas é por isso mesmo que, ao cumpri-la, vamos nos tornando santos, perfeitos, assim como o Pai celeste.

O caminho de santidade não é fácil

Todo o Sermão da Montanha, que São Mateus relata nos capítulos 5, 6 e 7, apresenta-nos o verdadeiro código da santidade. É como dizem os teólogos, a "Constituição do Reino de Deus". Santo Agostinho nos assegura que: "Aquele que quiser meditar com piedade e perspicácia o Sermão que nosso Senhor pronunciou no Monte, tal como o lemos no Evangelho de São Mateus, aí encontrará, sem sombra de dúvida, a carta magna da vida cristã" (CIC, Nº 1966). Por isso, a festa de todos os santos a Igreja nos faz ler no Evangelho as Bem aventuranças, que são o início, e como que o resumo, de todo o Sermão do Monte.

É importante perceber que São Paulo começa quase todas as suas cartas lembrando os cristãos do seu tempo de que são chamados à santidade. Aos romanos, logo no início, ele se dirige dizendo: "a todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos" (Rom 1,7). Aos coríntios, ele repete: "à Igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Cristo Jesus chamados à santidade com todos" (1Cor 1,2). Aos efésios, ele lembra, logo no início, que o Pai nos escolheu em Cristo "antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos" (Ef 1,5). Aos filipenses, ele pede que: "o discernimento das coisas úteis vos torne puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo" (Fil 1,10).

"Fazei todas as coisas sem hesitações e murmurações, a fim de serdes irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus íntegros no meio de uma geração má e perversa" (Fil 2,14) .


Para o Apóstolo, a santidade é a grande vocação do cristão. Ele diz aos efésios: "Exorto-vos pois (…) que leveis uma vida digna da vocação a qual fostes chamados, com toda humildade, mansidão e paciência" (Ef 4,1). De maneira mais clara ainda, ele fala aos tessalonicenses sobre o que Deus quer de nós: "Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza; que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santificação e honestidade, sem se deixar levar pelas paixões desregradas como fazem os pagãos que não conhecem a Deus" (1 Tess 4,3-5).

Aos cristãos de Corinto, Paulo volta a insistir na sua segunda carta: "Purifiquemo-nos de toda a imundice da carne e do espírito realizando a obra de nossa santificação no temor de Deus" (2 Cor 7,1). Para o Apóstolo, a santificação de cada um é como a realização de uma obra muito importante.

E também a carta aos Hebreus, escrita por São Paulo ou algum dos seus discípulos, nos manda procurar a santidade: "Procurai a paz com todos e, ao mesmo tempo, a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor" (Heb 12,14).

Todas essas passagens da Sagrada Escritura, e muitas outras, deixam claro a nossa vocação para uma vida de santidade. Santa Teresa de Ávila afirma que: "O demônio faz tudo para nos parecer um orgulho o querer imitar os santos". A santidade ainda não é um fim, mas o meio de voltarmos a ser "imagem e semelhança" de Deus, conforme saímos de suas mãos.

A imagem e semelhança de Deus

São Paulo ensina, na carta aos romanos, que Deus nos quer como autênticas imagens de Jesus: "Os que ele distinguiu de antemão , também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que este seja o primogênito entre uma multidão de irmãos" (Rom 8,29).

A santificação, portanto, consiste em cada cristão se transformar numa cópia viva de Jesus, "um outro cristo" como diziam os santos Padres. Quando a imagem de Jesus estiver formada em nossa alma, então, teremos chegado à meta que Deus nos propõe. É aquele estado de vida que levou, por exemplo, São Paulo a exclamar: "Eu vivo, mas já não sou mais eu, é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus" (Gal 2,20).

Jesus sofreu toda a sua Paixão e Morte, a fim de que recuperássemos, diante do Pai, a santidade. É o que o apóstolo nos ensina: "Eis que agora Ele vos reconciliou pela morte de seu corpo humano, para que vos possais apresentar santos, imaculados, irrepreensíveis aos olhos do Pai"(Col 1,22).



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/deus-chama-o-seu-povo-a-viver-a-santidade/


18 de outubro de 2021

Como participar bem da Santa Missa?


É muito importante, quando formos à Santa Missa, preparamo-nos bem para viver este momento de encontro com a Palavra de Deus e com Jesus Eucarístico.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Como me preparar para Missa?

1. De casa para a Santa Missa, prepare o seu coração, pois você se encontrará com o seu Senhor com uma pergunta: "Pelo que me mostrarei agradecido a Deus? O que levo nas mãos para Lhe oferecer hoje?";

2. Seja pontual e fique num lugar próximo ao altar, para não se dispersar;

3. Participe de toda a liturgia, cantos, posições do corpo, como sentar-se ou ajoelhar-se;

4. Preste atenção nas leituras e na pregação do padre. O Salmo é a sua resposta a Deus, por isso cante respondendo ao refrão [do Salmo];

5. Depois de comungar, faça um momento de oração, uma ação de graças a Deus por doar-se a você mais uma vez;

6. Por fim, marque um pequeno compromisso com Jesus para a semana que vem.


1. Você conhece algum cristão sério que não vai à Missa?;

2. A Celebração Eucarística não é uma invenção da Igreja ou dos homens, mas do próprio Jesus, por isso não podemos mudar o que Ele nos deixou;

3. Ir à Missa é encontrar-se com Cristo, e constitui um encontro de Seus seguidores entre si;

4. A Missa é um momento privilegiado para escutar a Palavra de Deus;

5. Eucaristia quer dizer ação de graças. Você não tem nada para agradecer a Deus?;

6. Por fim, a Eucaristia nos alimenta e fortalece.

Não perca tempo! Vá ao encontro do seu Senhor!



Padre Anderson Marçal

Anderson Marçal Moreira é padre da Igreja Católica Apostólica Romana. Natural da cidade de São Paulo (SP), padre Anderson é membro da comunidade Canção Nova desde o ano 2000. No dia 16 de dezembro de 2007, foi ordenado sacerdote. Estudou Teologia Pastoral Bíblica-Litúrgica na Universidade Salesiana de Roma. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/como-participar-bem-da-santa-missa/