19 de março de 2018

Anjos maus existem e não podemos negar a existência deles

A Igreja ensina que os anjos foram criados bons, porque Deus não pode criar nada intrinsecamente mau

"Com efeito, o diabo e outros demônios foram por Deus criados bons em sua natureza, mas se tornaram maus por sua própria iniciativa" (IV Concílio de Latrão, em 1215; DS 800).

São Pedro fala do pecado desses anjos: "Pois, se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os precipitou nos abismos tenebrosos do inferno onde os reserva para o julgamento (…)"(2 Pe2, 4).

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

O pecado dos anjos não pode ser perdoado. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos ensina que: "É o caráter irrevogável da sua opção, e não uma deficiência da infinita misericórdia divina, que faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado" (§ 393).

São João Damasceno (650-749), doutor da Igreja, afirma que: "Não existe arrependimento para eles depois da queda, como não existe arrependimento para os homens após a morte" (Patrologia Grega, 94, 877C).

Dois erros devem ser evitados

Os últimos papas têm chamado à atenção dos católicos para a importância de estarem conscientes da existência, natureza e ação dos demônios. É lamentável que algum teólogo ainda afirme que o demônio não existe ou não age. Na verdade, esta atitude é tudo o que o maligno quer. Dois erros devem ser evitados: negar a existência dos demônios ou pensar que todo o mal é obra deles.


O Papa Paulo VI disse na Alocução "Livrai-nos do Mal":

"Quais são hoje as maiores necessidades da Igreja? Não deixem que a minha resposta os surpreenda como sendo simplista e, ao mesmo tempo, supersticiosa e fora da realidade. Uma das maiores necessidades da Igreja é a defesa contra este mal chamado Satanás. O diabo é uma força atuante, um ser espiritual vivo, perverso e pervertedor; uma realidade misteriosa e amedrontadora" (L'Osservatore Romano, 24/11/1972).

Duro Combate

O Catecismo nos lembra que devido à ação do demônio, a vida espiritual se tornou um duro combate:
"Pelo pecado original o Diabo adquiriu certa dominação sobre o homem, embora este continue livre. O pecado original causa a "servidão debaixo do poder daquele que tinha o império da morte, isto é, do diabo'" (Concílio de Trento, DS1511; Hb 2, 4) (§407). "Esta situação dramática do mundo, que o 'o mundo inteiro está sob o poder do Maligno' (cf. 1Jo 5,19; 1 Pe 5, 8), faz da vida do homem um combate".

"Uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história universal da humanidade. Iniciada desde a origem do mundo, vai durar até o último dia, segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem; não consegue alcançar a unidade interior senão com grandes labutas e o auxílio da graça de Deus" (GS 37, §2) (§ 409).

Mas Deus não nos abandonou ao poder da morte e de Satanás; ao contrário, chamou o homem (cf. Gen 3,9) e lhe anunciou de modo misterioso a vitória sobre o mal. "Então o Senhor disse à serpente: "Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gen 3, 15).

Por que o Filho de Deus se manifestou

Jesus veio para tirar a humanidade das garras do demônio; e este teme o nome do Senhor. "Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio" (1Jo 3, 8).

"A Ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois a partir de agora é o nome de Jesus que manifesta totalmente o poder supremo do nome acima de todo nome. Os espíritos maus temem seu nome" (At 16, 16-18; 19,13-16) / (Catecismo §434). O Catecismo ensina que pela Sua Paixão, Cristo livrou-nos de Satanás e do pecado. (§1708). Não há o que temer.

Cristo, hoje, vence o poder dos anjos maus sobre os homens, especialmente por meio dos Sacramentos, a começar do Batismo. O Catecismo nos ensina que: "Visto que o Batismo significa a libertação do pecado e do seu instigador, o Diabo pronuncia um (ou vários) exorcismo(s) sobre o candidato. Este é ungido com o óleo dos catecúmenos ou então o celebrante impõe-lhe a mão, e o candidato renuncia explicitamente a Satanás" (§1237).


Quando o Catecismo ensina sobre o conteúdo da oração do Pai-Nosso com relação ao último pedido que fazemos a Deus: "(…) mas, livrai-nos do Mal", afirma: "Neste pedido da oração do Pai-Nosso, o mal não é uma abstração (uma ideia, uma força, uma atitude), mas designa uma pessoa: Satanás, o maligno, o anjo que se opõe a Deus. O diabo é aquele que "se atravessa no meio" do plano de Deus e de sua "obra de salvação" realizada em Cristo" (§2851).

O que a Bíblia fala do "pai da mentira"?

"Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira" (Jo 8, 44), "Satanás, sedutor de toda a terra habitada" (Ap 12, 9), pois, foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo e é pela derrota dele definitiva que, a criação inteira será "liberta da corrupção do pecado e da morte" (Oração Eucarística, IV). "Nós sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca; o gerado por Deus se preserva e o Maligno não o pode atingir. Nós sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro está sob o poder do Maligno" (1 Jo 5,18-19) e (CIC §2852).

"Ao pedir que nos livre do maligno, pedimos igualmente que nos liberte de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador" (CIC §2854).

O livro da Sabedoria mostra toda a maldade do diabo: "Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez imagem da sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão" (Sb 2, 23-24).

Jesus se referiu ao maligno como homicida e mentiroso: "Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8,44).

Importante ensinamento do Catecismo sobre o poder do demônio

Contudo, o poder de Satanás não é infinito. Ele não passa de uma criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas sempre criatura: não é capaz de impedir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás atue no mundo por ódio contra Deus e o seu Reino em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves danos de natureza espiritual e, indiretamente, até de natureza física para cada homem e para a sociedade, esta ação é permitida pela Divina Providência, que com vigor e doçura dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério, mas nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam (Rom 8, 28) e (CIC § 395).



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino

16 de março de 2018

Quais são as características de uma mulher de valor?

Como alcançar a mulher de valor?

"A mulher de valor proporciona sempre o bem, a alegria, nunca desgosto. Trabalha prazerosamente e cinge-se com firmeza. Redobra a força de seus braços. Fortaleza e dignidade são seus adornos, ela sorri para o futuro. Abre a boca para a sabedoria e uma instrução bondosa está na sua língua" (confira Provérbios 31, 10-31).

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Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Onde está a mulher de valor? Como se pode alcançá-la? Ela é fruto da conquista de cada momento. É preciso fazer bem todas as coisas e dar sentido a tudo que se realiza. As decisões da vida cotidiana a constroem. Ela vai escolhendo bem a cada momento. Ela sabe viver bem o hoje, para assim, dar oportunidade a Deus de reconciliá-la com seu passado. Ela vive a simplicidade de cada momento e só assim sabe proporcionar alegria, sem nunca dar desgosto a ninguém. Sua beleza vem desta sabedoria de viver bem o tempo que se chama hoje. Ela é bondosa, porque sabe ser agradecida, fez a experiência de receber mais do que mereceu.


Ah! A mulher virtuosa! Onde encontrá-la? Ela está longe de mim? Ela parece um ideal, porque, na verdade, encontro outra pessoa dentro de mim. Eu a busco com todas as minhas forças.

"Senhor, transforma a mulher velha (em mim) em nova, dou-Lhe livre acesso. Eu quero ser a Sua alegria. Eu quero ser uma mulher de valor". Alegria, louvor, gratidão, acolhimento, disponibilidade, simplicidade, eis as características de uma mulher de valor.

Vera Lúcia Reis, missionária da Comunidade Canção Nova

14 de março de 2018

Compreenda o amor entre os homens e os animais

Entenda a ligação dos homens com os animais

O homem descobriu a afeição pelos animais, e o cão foi, posteriormente, eleito "o melhor amigo do homem". Enquanto algumas espécies de animais correm o risco de se extinguirem em nossas matas e florestas, outros se multiplicam dentro de nossas cidades e casas. É comum andar nas cidades e assistir a donos passeando nas ruas com seus animaizinhos.

A relação do homem com os animais é muito antiga. Parece que a mais remota é com os auroques (espécie de bovinos já extintos), que serviam para a sobrevivência do homem. Essa relação foi aprofundando-se e surgiu o "habitar o mesmo ambiente", com a domesticação de algumas espécies como ovelhas, aves e gatos. A domesticação dos cavalos trouxe grande progresso para a humanidade. Mais recentemente, projetos científicos mostraram e elaboraram formas de relacionamento que trazem benefícios psicológicos e até físicos para o homem, como é o caso da equitação.

Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Humanos X animais

Os animais, então, serviam para o alimento,  para os serviços gerais, e certa amizade figurada na imagem do cão. Na ideia do domínio natural do homem sobre os animais, o termo usado para se referir aos bichos que alguém cuida, em sua propriedade, é "criação". Sempre, por mais que se amasse um animal, ele nunca seria mais do que uma "criação". Porém, no êxtase do individualismo da pós-modernidade, os animais estão ganhando um novo significado e status na relação com seus donos. É o status amoroso.

Em um mundo no qual o homem desiste dos homens, sobram os animais. Qualquer tipo de relação afetiva com uma pessoa humana é exigente, porque a perseverança no afeto pede o amor, e este é exigente. Para evitar esse risco, muitos decidiram ficar sozinhos e manter relacionamentos distantes, pouco comprometidos. Nessa lógica, muitos casais resolveram não ter filhos, ou, quando muito 1 ou 2, que para eles já é demais. Optaram pelo individualismo institucionalizado. Mas a solidão é o fruto indesejável desse individualismo, e o homem não foi feito para viver só. Então, como equacionar a crise da solidão individualista?

Os animais e a solidão do homem

O "amor" aos animais é a solução! É simples: compro um bichinho e passo a ter um relacionamento amoroso com ele. Ele passa a ser o amigo, o filho, o confidente. Ele satisfaz minhas carências, é uma companhia, mas anda segundo minhas determinações e obedece a meu estilo de vida, porque eu sou o dono dele. Ainda melhor, ele nunca vai exigir meu amor, simplesmente porque, não sendo livre, tem poucas vontades e, assim, o nosso amor nunca passará de um grande afeto. É uma boa solução, mas, na verdade, não resolve o problema da solidão, pois esta só é vencida na grandeza do amor entre duas pessoas.

A pessoa humana só é plenamente humana, só é feliz, quando persegue o verdadeiro amor. Claro, é muito mais fácil o afeto que o amor. Ainda mais com animais, que, não possuindo liberdade, subjugam-se aos sabores de seu dono. A questão é que o relacionamento de amor entre seres humanos – seja de amizade, esponsal, entre pais e filhos, ou outros (irmãos de uma mesma fé, profissional, coleguismos etc.) – tem a grandeza de nos fazer livres a partir da liberdade do outro.


Saber diferenciar afeto e amor

Esse costume generalizado na sociedade, de substituir o amor que nos torna livres por algum afeto, traz o perigo de uma cultura pseudo-humana. Não é necessário mais perseguir a grandeza da sexualidade e do amor humano, as virtudes, a capacidade de dar a vida por alguém, a liberdade de ser bom quando o outro é mau. Os relacionamentos se limitam a uniões afetivas, e o modelo de amor dentro de uma família se torna apenas mais uma opção, mas indesejável, porque é muito exigente e difícil e, é uma mera opção.

Os animais são criaturas de Deus, portanto, tem uma dignidade própria. Devem ser respeitados e podem receber dos homens uma grande afeição que, vulgarmente, chamamos "amor". O Catecismo da Igreja Católica 2418 diz: "Pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas". As belas histórias de amizade entre pessoas, crianças e animais, se tornarão falácias no dia em que esses amores forem, à medida do amor humano, o máximo de amor que um ser humano pode dar a alguém. Se for assim, nos reduziremos à dignidade dos animais.

Amemos muito mais os homens, para que sejamos plenamente humanos!


12 de março de 2018

A influência da televisão na vida das crianças

A TV tem uma influência muito negativa, principalmente, na vida das crianças

Muitos problemas que vivemos são decorrentes de imagens televisivas que ficaram gravadas em nosso subconsciente e inconsciente. É claro que, a televisão amplia nossa visão de mundo, mas também sabemos o quanto desperta nossa curiosidade.

Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Pesquisas realizadas, inclusive pelo Ministério da Justiça, concluem que, de fato, a TV tem uma influência muito negativa na vida das pessoas, especialmente na das crianças e adolescentes. Uma criança que fica vendo programas que mostram cadáveres, assaltos e outras formas de violência acaba perdendo a capacidade de ficar perplexa. A criança passa a achar que o mundo é assim mesmo. Não adianta afirmar que a TV mostra aquilo que o povo quer assistir. Sabemos que, os meios de comunicação, especialmente a televisão, são grandes formadores de opinião. Do contrário, não se investiria tanto em propaganda e marketing.

Quando às cenas de sexo, homossexualismo, troca de casais, etc., alguns poderiam dizer que é normal já que, a grande maioria das pessoas praticam sexo. Ora, esse é um argumento bem inconsequente, afinal de contas, todos nós precisamos ir ao banheiro algumas vezes por dia, mas nem por isso gostaríamos de nos ver filmados ou fotografados quando fazemos nossas necessidades naturais. Não é o fato de se fazer que autoriza a publicação.

Todas as coisas são boas e bonitas feitas na hora certa, do jeito certo e no lugar certo. Sexo tem a ver com intimidade, é um momento de profunda oração na vida de um casal. A sexualidade está ligada ao mistério do amor, tem relação com Deus e com a coparticipação na obra da criação. Mas do modo como é apresentada, passa a ser vulgar, pecaminosa, imoral e profundamente destruidora das consciências. A criança acostuma-se e começa a achar tudo isso normal. É até mesmo um crime despertar a criança para o genitalismo quando nem mesmo a sexualidade foi despertada. É crime maior ainda despertar e incentivar o genitalismo barato, pecaminoso e imoral.


Esse tipo de programação acaba reduzindo a infância, antecipando para a criança problemas que, só conheceria mais tarde como drogas, prostituição, traição e aborto.

Por que será que quando a televisão quer aumentar a audiência só pensa em violência, sexo e baixaria? Porque o povo gosta de ver essas coisas, poderiam responder alguns, no entanto, sabemos que isso não é verdade. Antes de apresentar esses fatos, a própria TV se encarrega de fazer chamadas sensacionalistas e dar grande ênfase às matérias que serão apresentadas. Primeiro, a TV desperta a curiosidade, depois vem com as imagens terríveis, que vão sendo gravadas no coração de todos nós, especialmente no das crianças. Por isso, além do uso racional da televisão, precisamos orar a partir dessas imagens distorcidas que ela provocou em nós.

Livro: "Seja feliz todos os dias"
Pe Léo

9 de março de 2018

O que é fofoca?

Fofocar é uma ação que tem, como intenção, denegrir a imagem do outro

Quando somos capazes de perceber a limitação, o defeito do outro? Quando convivemos com ele, não é mesmo!?

Créditos: kzenon by Getty Images

Pois é, então, poderia dizer que perceber as limitações e os defeitos dos outros é natural e bom. O problema consiste no que eu vou fazer após perceber a falha do outro. Diante disso, seguem algumas dicas de atitudes a serem tomadas:

– Não imitar (reproduzir/aprender) o que não é bom. Olhar para sua história e avaliar, se você não faz igual e nem percebe;

– Corrigir o amigo quando vocês estiverem sozinhos;

– Entender que, o processo de mudança requer tempo, e ir acompanhando com "lentes de aumento" os pequenos passos para a mudança;

– Aceitar as limitações do outro;

– Olhar o que o outro faz, o que para você é quase impossível fazê-lo. Analisar que você, também, tem dificuldades de mudar.

Com essas atitudes os dois crescem com o relacionamento. A amizade se concretiza. Amigo é aquele a quem você conhece e cresce com ele.

O que define fofoca?

Falar do outro não define que seja fofoca, porque, quando estamos falando bem do outro, não se costuma dizer que isso é fofoca. Avaliar com quem errou, também, não define uma fofoca. Da mesma forma que, quando sentamos com nosso superior para fazer avaliação individual da equipe de trabalho, também, não estamos fofocando.

Um pai conversando com a mãe sobre as características físicas e emocionais de cada filho não está fazendo fofoca. Pais explicando ao filho que não deverá andar na companhia de pessoas que usam drogas, também, não estão fofocando.


O que define fofoca é –  o objetivo que se quer atingir com o que se fala -, exemplo: uma filha, cuja mãe é católica, chega para essa e conta uma verdade: "Mãe, a "fulana" está indo todos os dias à Missa, rezando o Terço" (isso é real). No outro dia, ela conta à mãe que a "tal fulana" assiste a Canção Nova. Na semana seguinte, conta que a "dita pessoa" usa roupas discretas (…).

Mas, o objetivo da filha é ir preparando o caminho, para que a mãe lhe permita ir na casa da "tal fulana que está indo à Missa, assistindo a Canção Nova, etc.", pois, está namorando, escondido da mãe, o irmão dessa "fulana". Com que objetivo usou a informação?

Revelar um segredo é fofoca? Por exemplo, sou psicóloga, preciso ser ética e devo ao meu cliente sigilo. No entanto, esse usa um medicamento cujos efeitos colaterais desconheço, então, preciso me informar a respeito disso. Posso precisar trocar dados significativos sobre o uso desse medicamento com um médico para que, possa ajudar ao meu cliente. Se fizer isso, sem revelar quem é o cliente, não é fofoca.

Fofoca, um procedimento ardiloso

A fofoca é uma ação que, geralmente, é verbal, mas pode ser (também) não verbal. Como aqueles olhares, cutucões que, parecem sublinhar as falhas e os erros dos outros.

Fofocar é uma ação que tem, como intenção, denegrir a imagem do outro. Portanto, o que vai nos ajudar a identificar o que é fofoca é a intenção.

A fofoca é uma narração de um fato, em segredo, fazendo uso da astúcia e muitas vezes da maledicência. É um procedimento ardiloso. Poderíamos pensar em cilada, armadilha, traição, embuste, procedimento ardiloso. Alguém tecendo uma rede para complicar, confundir o outro. É importante pensar no processo repetitivo, no qual se repete a informação, dando-lhe uma ênfase especial.

Cláudia May Philippi
Membro da Comunidade Canção Nova – Segundo Elo

6 de março de 2018

Os princípios da crise do homem moderno sob a luz da Igreja

A Igreja tem o olhar voltado para o homem

O Concílio Vaticano II teve seu início não por conta de um problema da Igreja, mas sim, por conta da (como podemos chamar) "crise do homem moderno". Basta ler os documentos do Concílio, e será possível perceber que não haviam problemas dogmáticos na Igreja, e sim, problemas de como atingir o homem moderno que está cada vez mais perdido, especialmente, nos últimos 500 anos. A evolução científica, não é prova de desenvolvimento humano, moral, espiritual, e sim, somente do desenvolvimento técnico.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Na filosofia antiga já haviam sido detectados os problemas que o Concílio veio a perceber mais tarde. Porém, com o advento do cristianismo, as coisas melhoraram entre os gregos e o início da cristandade. Santo Agostinho, no livro "De vera religione" (A Verdadeira Religião), diz que os problemas (espiritual e moral) relatados pelos gregos no cristianismo, haviam sido superado. Com o tempo, as coisas foram se perdendo, e nos últimos 500 anos piorou com maior velocidade.

A importância da sabedoria

No mesmo Concílio é pedido, claramente, que se formem homens sábios, porque esses já não existiam mais. Dessa maneira, encontra-se manisfesto na Gaudium et Spes, um documento do Concílio Vaticano II,  que deixa claro a ajuda que a Igreja recebe do mundo com a contribuição dos sábios, dos crentes e dos que não creem. Frente a uma sociedade que modifica-se cada vez mais rápido, em que o pensamento está em transformação quase que de forma instantânea; é dever do povo de boa fé, especialmente pastores e teólogos, com a graça do Espírito Santo: ouvir, discernir e interpretar as várias linguagens do nosso tempo, pondo sob à luz da Palavra de Deus, a fim de que, a verdade revelada seja profundamente percebida, compreendida e expressa de maneira convincente (cf. GS 44).

A Santa Igreja, de maneira sábia, ainda orienta o povo de Deus que dedicando-se aos estudos da filosofia, da história, da matemática, das ciências naturais e ocupando-se também das artes, o homem contribui elevando-se aos níveis mais altos de verdade, bondade e de beleza, levando a um juízo de valor universal, sendo ele iluminado pela sabedoria (cf. GS 57). Mas o que é a sabedoria?

O que é a sabedoria?

A sabedoria é a capacidade de elevar a inteligência humana até o máximo de sua capacidade. Não é o acúmulo de informações, mas sim a capacidade de desenvolvimento intelectual e espiritual. A partir desse desenvolvimento, será possível estudar qualquer outra coisa. Até porque, a vida intelectual não se passa com o desenvolvimento do cérebro, mas com o desenvolvimento do homem em um todo. Infelizmente não ensina-se em lugar nenhum o desenvolvimento da sabedoria; ensina-se somente o desenvolvimento social para a produção econômica.

Desde o Concílio, já estava claro que, não viam-se mais pessoas sábias assim como os gregos, os santos padres e, consequentemente, não temos mais onde aprender a sabedoria. Para a formação de uma sociedade de homens sábios, é preciso que a sociedade esteja voltada para isso. Só se consegue uma sociedade voltada à busca da sabedoria, se nessa sociedade houverem homens sábios. Sem homens sábios, não se consegue mais construir uma sociedade de sábios (Platão).

4 de março de 2018

Como participar liturgicamente da Santa Missa?

Aprenda a participar liturgicamente da Santa Missa e a crescer na fé

Para que a nossa participação na Santa Missa seja consciente, ativa e frutuosa, é necessário conhecermos bem o que celebramos. Contudo, muitos católicos não receberam uma formação adequada acerca da liturgia da Santa Missa, e seguem aquilo que lhes foi ensinado sem questionamento algum.

A Igreja quer manter sempre a sua unidade. Não são várias Igrejas Católicas, mas uma única Igreja. Por isso mesmo, é necessário que haja uma unidade na liturgia, e aqueles que presidem as celebrações são os primeiros que devem vivenciar aquilo que celebram em plena unidade com a Igreja em todo o mundo. Por isso mesmo, todo presbítero deve ser o primeiro a aceitar e praticar as normas litúrgicas que regulam a liturgia. Triste é observarmos que, em muitos casos, o rito da celebração foi totalmente desfigurado por acréscimos que visam apenas inflar o ego de quem preside. Lembramos com carinho a frase de Adélia Prado: "A Missa é como um poema, não suporta enfeite nenhum".

Créditos: Daniel Mafra / cancaonova.com

Participação da assembleia na Santa Missa

Criou-se, em muitos lugares, o costume de a assembleia rezar junto com o sacerdote as orações que são próprias de quem preside a Santa Missa. Algumas orações são próprias de quem preside. A assembleia tem a sua participação em momentos próprios:

"Para fomentar a participação ativa, promovam-se as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes corporais. Não deve deixar de observar-se, a seu tempo, um silêncio sagrado" (Sacrosanctum Concilium, 30).

"Sem dúvida, o povo participa sempre ativamente e nunca de forma puramente passiva: 'associa-se ao sacerdote na fé e com o silêncio, também com as intervenções indicadas no curso da Oração Eucarística, que são: as respostas no diálogo do Prefácio, o Santo, a aclamação depois da consagração e a aclamação 'Amém', depois da doxologia final, assim como outras aclamações aprovadas pela Conferência de Bispos e confirmadas pela Santa Sé'" (Redemptionis Sacramentum, 54).

Compreendendo a liturgia

Quando falamos em seguir as normas litúrgicas previstas, não estamos falando de coisas sem importância, mas de unidade eclesial. A liturgia não é nossa, mas sim um tesouro da Igreja. Celebrar segundo as prescrições significa, também, criar comunhão com o Corpo Místico de Cristo.

Ninguém tem autoridade para modificar ou variar os textos litúrgicos. Muitos tem transformado as celebrações litúrgicas em verdadeiros espetáculos de mau gosto. Desfiguraram tanto o rosto da Santa Missa, que chegam a confundi-la, muitas vezes, com um culto neopentecostal.


"Contudo, o sacerdote deve estar lembrado de que ele é servidor da Sagrada Liturgia e de que não lhe é permitido, por própria conta, acrescentar, tirar ou mesmo mudar qualquer coisa na celebração da Missa" (Instrução Geral do Missal Romano, 24).

"Cesse a prática reprovável de que sacerdotes ou diáconos, ou mesmo os fiéis leigos, modificam e variem, à seu próprio arbítrio, aqui ou ali, os textos da sagrada Liturgia que eles pronunciam. Quando fazem isso, trazem instabilidade à celebração da sagrada Liturgia e não raramente adulteram o sentido autêntico da Liturgia" (Redemptionis Sacramentum, 59).



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor do livro "Amor Sem Fronteiras" pela Editora Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: facebook.com/peflaviosobreiro