26 de setembro de 2016

Uma reflexão sobre a crise de significado

A falta de conhecimento gera a crise do significado existencial

Na era da informação, a falta de conhecimento tem criado, no ser humano, a crise do significado existencial. No dia 28 de julho do ano em curso, como faço costumeiramente, após minha oração pessoal, acessei os sites jornalísticos a fim de atualizar-me dos assuntos hodiernos. Tinha uma motivação em particular: o início da JMJ na Polônia, e todos os relevantes assuntos à fé católica que o Papa Francisco oportunamente abordaria.

Uma reflexão sobre a crise de significado
Foto: Wesley Almeilda/cancaonova.com

No entanto, para minha surpresa, o que estampava as páginas iniciais de praticamente todos os veículos de comunicação era a "queda" do Papa Francisco. Enquanto se encaminhava para o altar, o Sumo Pontífice escorregou, sofreu um pequeno tombo, graças a Deus sem maiores consequências.

Ver apenas o que  atrai o nosso olhar

Muito pouco ou quase nada das temáticas abordadas pelo Sumo Pontífice naquela oportunidade mereceram uma atenção devida, séria e responsável por parte significante da mídia. As palavras de Francisco não ecoaram quando abordaram o atual flagelo das drogas e da violência que mundialmente vitimam milhares de jovens, ou em sua reflexão sobre a atenção humanitária que milhões de irmãos e irmãs necessitam na condição de refugiados, ou seu apelo pela paz entre as pessoas, países e nações. Mas bastou um escorregão, um tropeço, uma queda, e o Papa tornou-se manchete.

Esse comportamento da mídia diz muito do que a nossa sociedade se tornou e do tipo de pessoas que corremos o risco de nos transformar, tendo por indicativo o que nos chama à atenção e atrai o nosso olhar, pois como afirmou Leonardo da Vinci, "os olhos são a janela da alma".


A quantidade, sem precedentes na história da humanidade, de acesso à informação tem nos afastado do conhecimento efetivo e profundo das coisas. Pode parecer paradoxal, mas é isso mesmo: vivenciamos uma era de muita informação e pouco conhecimento. Vamos de manchete em manchete, de títulos em títulos sem conseguirmos chegar ao termo, ao final das notícias.

E assim, nosso olhar para na superfície, no óbvio, no rótulo da realidade. De maneira metafórica, é como engordar segurando o pote de sorvete. Você vê o sabor, sente o gelado em suas mãos, até conta as calorias, mas não saboreia o conteúdo. E o mais grave: esse comportamento também torna-se extensivo à nossa relação com Deus.

Viver bem cada momento

Corremos o risco de vermos nascer uma geração que não vive nem mais o momento, mas o instante. Aquilo que, antes de ser, já não existe mais. Perde-se, assim, a oportunidade de maturação das experiências, da leitura das realidades, da acomodação das vitórias e fracassos inerentes à condição humana.

O filósofo Mário Sergio Cortella tem uma frase que é emblemática: "A vida é muito curta para ser pequena". A percepção limitada gera vivências limites. Um apequenamento do existir, que se expressa pela falta de sentido nas coisas, nas escolhas, nas relações e tragicamente na vida.

São Paulo escreveu: "Por que para mim, o viver é Cristo, o morrer é lucro" (Fp 1,21) Tudo que o apóstolo viveu, as lutas, as dificuldades, as perseguições, encontravam sentido em sua vida em Cristo. Qual tem sido a razão para o seu viver? Esse pode ser um tempo oportuno para reencontrar o significado que está para além da transitoriedade desta vida e assim, lançar um novo olhar sobre si mesmo e sobre o mundo.

Quando sobrevierem as dificuldades e incertezas, até mesmo as enfermidades, porque elas chegarão, quando aos olhos do mundo virarmos manchete, porque parecemos cair, assim como no episódio do Papa Francisco na JMJ da Polônia, poderemos dizer: " Sei em quem pus a minha confiança" (II Tm 1,12b).

"A vida é um instante entre duas eternidades."
Santa Terezinha do Menino Jesus

Deus os abençoe.

23 de setembro de 2016

Primavera é tempo de celebrar a vida!

A primavera traz o momento de celebrar a vida que venceu a morte

De repente, os dias ficam mais claros, o sol brilha mais forte e as flores despontam trazendo uma explosão de cores e aromas que contagiam a terra. Então, percebemos que já é primavera! Um bom momento para descobrirmos que a vida também é um constante renovar, entre perdas e ganhos que vão do semear ao florescer.

Aliás, a natureza é sábia, e conhecendo bem a importância de suas estações, procura vivenciá-las sem antecipar nem retardar nenhuma etapa. Como é belo compreender isso! Acredito que, por intermédio da contemplação da natureza, podemos também nos encontrar com o Criador e ser formados por Ele nos detalhes dos acontecimentos cotidianos.

Primavera é tempo de celebrar a vida!Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Estação do ano e a vida humana

Se observarmos as estações do ano, por exemplo, é fácil compará-las com a vida humana e com as transformações que esta nos proporciona, na qual perdas e ganhos, frio e calor, vida e morte, escuridão e brilho se entrelaçam dando sentido ao ciclo necessário da existência, que não nos permite parar em nenhuma etapa.

Quando o verão chega, é fácil perceber que o forte brilho do sol dá vida aos nossos sonhos, fazendo-nos ir mais longe do que imaginávamos. Até que, em certo momento, as cores se cansam e as folhas amareladas dão sinais de que as podas são necessárias. É o outono que nos visita, chamando-nos ao desapego. Nessa hora, pode ser que nos sintamos pobres e desprotegidos, então o inverno acena e convida-nos ao recolhimento, à reflexão, ao silêncio e à espera. Assim, o tempo passa e, quando tudo parece imóvel, a semente, que descansava na terra fria, vem para fora com um misto de fragilidade e força e, aos poucos, contagia a terra.

Quando isso acontece, é hora de celebrar, pois a primavera chegou e "a vida venceu a morte!" (cf. I Cor 15,55), e segue seu rumo numa constante passagem. Já que é assim, e sabendo que o momento presente é a única coisa que realmente temos, devemos aproveitá-lo bem, amando e levando alegria e cor à vida das pessoas. A boa notícia é que agir assim custa pouco. Então, que tal aproveitar o clima e partir para gestos concretos? Quem sabe, oferecer uma flor à pessoa que trabalha ou convive com você, até mesmo enviar um sinal de vida àqueles que estão distantes, desejando-lhes uma feliz primavera e falando o quanto eles lhe são caros.


Tenho a certeza de que gestos simples como esses podem transformar o dia de muita gente, e você encontrará felicidade ao fazer os outros felizes. Por isso, não perca tempo à espera de que alguém se lembre de você. Dê o primeiro passo. Desperte sua bondade e deixe-se envolver pelo amor divino, que já imprimiu em seu ser qualidades maravilhosas, talentos únicos e, principalmente, a grande capacidade de amar e promover o bem.

Contudo, se seu coração ainda está agarrado ao inverno, e o frio da solidão o faz sofrer, não desanime. Busque no alto a força de que precisa para ir além! A natureza ensina que, no processo de transformação pelo qual todos passamos, nunca estamos sozinhos. Aquele que nos fez e nos enviou ao mundo está conosco, contempla-nos passo a passo e nos dá a graça necessária para vencermos. É por isso que podemos florescer depois do inverno e deixarmos o outono levar o que já não nos pertence sem pararmos na dor.

Na natureza, a vida renasce enquanto ela se doa, conosco não é diferente. Coragem! A primavera está batendo à sua porta, deixe-a entrar e viva-a concretamente, doando o que você tem de melhor. Perdoe, acolha, sorria, abrace, vá ao encontro e ame! É tempo de exalar o perfume e a beleza que o Criador lhe deu.

É primavera, tempo de ser feliz!

 

21 de setembro de 2016

Misericórdia em três gestos de amor

Aprenda três gestos terapêuticos de misericórdia

"Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los" ((Mc 1,29-31).

"Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai" (Misericordiae Vultus, 1). Muitos se aproximam d'Ele em busca de vida. Com palavras e gestos, Cristo devolvia o coração atribulado à vida em plenitude. Nenhum mal persistia diante da autoridade da Palavra que emanava de seus lábios. A misericórdia do Senhor revela em gestos concretos o amor do Pai. Um olhar, uma palavra, um gesto, um sorriso, um toque restabelecia a dignidade que outrora havia sido furtada pelas mazelas da vida.

Misericórdia em três gestos de amorFoto: Arquivo/cancaonova.com

Cristo tem, diante de si, a sogra de Simão, que estava acamada e com febre. O sofrimento da doença havia alcançado a vida daquela senhora. O coração de Jesus não se fez surdo ao ouvir o que lhe fora contado. Jesus revela, neste acontecimento, a misericórdia em três gestos de amor: aproximar, tocar e levantar. Tais gestos são terapêuticos e revelam a misericórdia de Deus no Filho pela ação do Espírito Santo.

Aproximar, tocar e levantar

Aproximar: Jesus se aproxima da sogra de Simão. Não tem medo do ser humano, mas quer estar junto, caminhar com todos, ser presença. O aproximar-se de Jesus indica que deseja estabelecer relação e fazer do encontro uma oportunidade única para exercer a misericórdia de modo pleno e transformador. Sempre se aproxima de quem sofre, dos enfermos do corpo e da alma, para adentar nos recônditos da alma para recuperar a saúde integral de toda pessoa. Muitos também desejam que nos aproximemos deles. No exemplo de Jesus Cristo, encontramos uma proposta espiritual para vivermos bem o Ano Santo da Misericórdia. Quem precisa de nossa proximidade? Onde se encontram as pessoas das quais precisamos nos aproximar? Como podemos superar as barreiras que nos impedem de dar o primeiro passo para que o encontro aconteça?

Tocar: O aproximar gera o toque. Jesus não se contenta somente em estar próximo, é preciso colocar o dedo nas feridas da alma, é necessário tocar as chagas dos sofredores e curar as dores da alma e do corpo. Todo encontro gera vida. Com Jesus, a vida é gerada na plenitude do Espírito. Jesus não tem medo da impureza que as leis decretavam. Na pauta do Seu amor, está como prioridade os gestos de misericórdia que inauguram na vida dos sofredores e desamparados o alvorecer de um novo tempo. Seu toque está impregnado da misericórdia do Pai. Ao tocar a alma e as chagas do corpo, o próprio Pai está ali no Filho e na unidade do Espírito Santo. A Trindade cura no amor as feridas do mal. Quando olhamos para nossa realidade, quais são os destinatários de nosso toque amoroso? Quando nos aproximamos de alguém, como tocamos a história de cada pessoa? Nosso aproximar-se das pessoas gera toques de vida, carinho e misericórdia ou aumenta ainda mais o fluxo de dor e sofrimento daqueles que já carregam na vida o fardo pesado das feridas ainda não cicatrizadas?


Levantar: Aproximando-se do sofrimento humano, Jesus toca as feridas do corpo e da alma, e levanta os que se encontram caídos ao longo do caminho da vida. A misericórdia do Senhor coloca em pé os caídos e restabelece a dignidade furtada. O toque restaurador do Senhor anima os de coração sofrido a estarem novamente de prontidão como sentinelas de um novo tempo inaugurado no amor divino. Muitos se encontram caídos à margem do caminho. Suplicam por gestos de misericórdia que lhes devolva a vida em plenitude. Somos nós os continuadores das obras do Senhor. O Reino de Deus continua a ser construído em cada gesto de amor que nos aproxima daqueles que sofrem. O aproximar-se das mazelas humanas leva-nos a tocar as feridas da vida com a delicadeza da misericórdia do Pai. Uma vez tocados pelo amor, todos se sentem animados a levantar-se e continuar sua caminhada de fé. A misericórdia produz vida e levanta os de coração caído.

Aproximar, tocar e levantar. Quem são, hoje, os destinatários desses gestos terapêuticos de misericórdia? Como podemos viver esse ensinamento no nosso dia a dia?


19 de setembro de 2016

Os jovens e o primeiro voto: a conquista do direito de ter responsabilidades

O voto é uma ação ativa e não passiva

"Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades"  (Tio Ben)

A frase acima é retirada do universo da Marvel e é dita em um momento capital, pouco antes de sua morte, pelo tio Ben, ao Peter Parker, que havia se tornado o Homem Aranha. A partir dali, o herói compreenderia toda a complexa realidade de ter superpoderes.

Guardadas as proporções, há muita semelhança desse episódio do mundo fantástico com a realidade de milhares, quiçá milhões de jovens, que poderão, se assim o quiserem, comparecer às urnas pela primeira vez neste ano de 2016.

Os jovens e o primeiro voto a conquista do direito de ter responsabilidadesFoto: Copyright: rkankaro

O que motivaria um jovem a votar diante do atual cenário político brasileiro, diante de tantas situações suspeitas ou já comprovadas de esquemas, negociatas, desvios promovidos por agentes públicos, que eleitos foram para representar os que os elegeram? Quando máximas populares como "todo político é ladrão" vão parecendo cada vez mais irrefutáveis, onde encontrar motivação para o voto?

Votar e acompanhar os políticos ativamente

A primeira coisa a assumir é que o voto é uma ação ativa e não passiva, ou seja, é própria de quem é protagonista e não coadjuvante. Desde sua origem etimológica, do latim votus, cujo significado é "promessa, desejo", o voto significa a adesão a uma ideia, a um modelo, a uma concepção, representando a vinculação do eleitor, o seu desejo para seu município, Estado ou país. É exatamente essa uma das grandes características que assinalam e caracterizam a juventude: a capacidade de sensibilizar-se frente às necessidades da realidade e de comprometer-se com um ideal de mudança, pois no jovem está impresso o desejo de ser protagonista, nunca coadjuvante.

Essa possibilidade foi assegurada pela Constituição de 1988, e dentre tantas inovações e avanços sociais e políticos que a identificam, passou a ser chamada de "Constituição cidadã", no artigo 14, § 1º, que faculta o voto aos maiores de dezesseis e menores de 18 anos. Dá-se a conquista de um importante direito: o de influir diretamente nos rumos da nação.

Neste instante, aos jovens também se propõe uma extraordinária responsabilidade: o de se posicionar, ter um lado, explicitar as suas convicções, anseios, sonhos e desejos para o mundo em que está inserido. É disso que se trata o voto. É uma ação de quem se importa. É uma oportunidade ímpar de sair de si em direção ao bem de todos.

E se o candidato eleito se revelar um corrupto? E se aquele a quem destinei meu voto não for eleito? Terei eu perdido meu tempo e meu voto? Essas e tantas outras indagações poderiam fragilizar o desejo e a disposição para votar. Mas esse é o ponto: o voto é apenas a ação final de um longo e perene processo de consciência social, ético e moral, desenvolvido no âmbito da subjetividade e que vai para além da eleição. Aspectos que passam a constituir definitivamente a personalidade daqueles que trilham esse caminho.


A importância de exercer o voto

Dentro do sistema democrático, quando eu não exerço o meu voto, acabo por terceirizar as decisões que implicarão diretamente em minha vida. Pode ser que você demore a encontrar o candidato que expresse as suas convicções, mas ele existe. Procure, leia, aplique-se em votar com a coerência de sua consciência. Certa vez, escreveu Mahatma Gandhi: "Seja a mudança que você quer ver no mundo". Não podemos nos calar diante dessa verdade que se impõe.

A propósito, o conselho que tio Ben deu ao Homem Aranha já tinha sido nos dado, há muito tempo, por alguém que não apenas era sábio, mas a fonte da sabedoria:

"Daqueles a quem foi confiado muito, muito mais será pedido." (Lucas 12,48)


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/politica/os-jovens-e-o-primeiro-voto/

16 de setembro de 2016

O poder das palavras

O poder de transformador das palavras quando pronunciadas com amor

Queria falar para você sobre o poder da palavra. A palavra do amor, exercitada no cotidiano. Há palavras de amor como: "Seja bem-vindo!"; "Estava com saudade"; "Te amo tanto!"; "Que bom que você está aqui!"… São pequenas palavras de amor, mas que têm o poder de fazer as pessoas melhores.

Palavras de amor na relação entre pais e filhos. Como os jovens e crianças estão carentes dessas palavras; os filhos aprendem com os pais as palavras amorosas, com a pessoa que trabalham em casa, com as gentilezas.

O poder das palavrasFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Força da palavra

A palavra tem o poder de fazer uma pessoa acreditar nela mesma, fazendo-a recuperar a alegria.

Há também palavras de desamor, as quais são um veneno e trazem a maldição para vida das pessoas.

A palavra que tem poder quando usada com amor também destrói quando é usada com desamor, dizemos coisas que destroem as pessoas. Há palavras de desamor como: "Você não serve para nada!", "Não te perdoo!"; "Eu te odeio!"…

Em alguns lugares é fácil dizer palavras de amor, especialmente quando se deseja impressionar; o desafio é encher-se de palavras de amor e levá-las para os lugares que você vive a maior parte do seu tempo, como o trabalho. Todos os dias você tem o poder de destruir e de construir as pessoas.

Outro tipo de palavra é a palavra de indiferença, que não é nem palavra de amor e nem desamor. Muitas vezes, você trabalha em um consultório médico, as pessoas chegam preocupadas e você é indiferente. Cristão não pode ser indiferente! Este é o mal do século, porque as pessoas estão transformando tudo em "Eu", tudo é "Para mim…".

Não existe filho de Deus de segunda categoria; você é filho de Deus de primeira categoria! Você não é pequeno, nem incapaz, mesmo que pessoas tenham dito palavras de desamor para você.


Pessoas precisam de palavras de amor

Todos nós somos carentes e não precisamos de palavras de desamor, precisamos de palavras de amor. Dentro de nós, muitas vezes, há uma grande tempestade, mas do meio dessa agitação vem Jesus nos falar palavras de amor. Deus nos cerca com palavras amorosas. Por isso, não use palavras de desamor e de indiferença.

Permita-se ser um espelho de amor, transborde-o [amor] com gestos e palavras; mas para isso você precisa sentir o amor maior, que é o amor de Deus.

Falando sobre o poder da palavra, pegando este mesmo conceito "palavra de amor, de desamor e de indiferença", um grego diz que devemos pensar em três palavras antes dizer algo:

Credibilidade: se eu for um mentiroso as pessoas não vão acreditar em mim. Nós não devemos mentir para ter credibilidade.

Fragilidade: quando uso palavras de amor para chegar ao ponto fraco do outro.
Todos nós temos um ponto fraco, ou seja, o nosso lugar frágil; jamais podemos fazer do ponto fraco do outro motivo de humilhação, pois tudo que humilha o outro não edifica.

Razão: é se preparar para levar a palavra, ter discernimento para saber o que a pessoa precisa ouvir. Pense um pouco na palavra de desamor que você profere: "Não gosto de gente assim!"; "Você não me agrada!"; "Saia daqui!"; "Eu te odeio!"…

Hoje peça aos anjos para retirar de você todas estas palavras negativas e tome mais cuidado com o que vai dizer.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-poder-das-palavras/

15 de setembro de 2016

Por que não devo cometer suicídio?

Hoje, alarmante o aumento do número de pessoas que recorrem ao chamado "suicídio assistido"

No dia 01/11/2014, nos Estados Unidos, Brittany Maynard, uma jovem americana, 29 anos, com um câncer no cérebro, decidiu tomar um comprimido para se suicidar com autorização do Estado.

Lamentavelmente, a sociedade "eficiente" de hoje tende a marginalizar os irmãos vulneráveis, especialmente as pessoas de idade avançada, como se elas fossem só um "peso" e um "problema para a sociedade". Muitas delas são induzidas a praticar o suicídio.
Por que não devo cometer suicídio Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A fonte "Forum Libertas" informa que "o turismo do suicídio duplicou, na Suíça, nos 4 anos (2008-2012), "um total de 611 residentes de 31 países receberam ajuda para morrer na Suíça nesses anos. Foram 268 alemães, 126 britânicos, 66 franceses, 44 italianos, 21 americanos, 14 austríacos, 12 canadenses, 8 espanhóis, vários israelenses e algumas pessoas de outras nacionalidades".

Suicídio assistido

O suicídio é causa comum de morte entre jovens, de acordo com dados do Instituto Nacional de Saúde Mental norte-americano. Na Suíça, uma decisão da Suprema Corte abriu o caminho para a legalização da assistência ao suicídio até de pacientes mentalmente doentes. O país já permite legalmente o suicídio assistido para outros tipos de pacientes com uma ampla faixa de doenças e incapacidades físicas. O Estado ateu e laicista incentiva a morte de pessoas "improdutivas".

A partir dessa decisão, o homem passa a ocupar o lugar de Deus como senhor da vida e da morte. Voltamos ao pecado dos anjos maus e de Adão e Eva, que queriam "ser como deuses". Abrem-se as portas para a queda livre no abismo da "cultura da morte". Será que a morte pode ser solução para os problemas da vida?

A Igreja sempre ensinou que não somos proprietários da nossa vida, mas sim Deus, por isso não podemos pôr fim a ela. Em nosso tempo, a vida só tem valor enquanto o ser humano é produtivo, enquanto está feliz, bonito e saudável. Quando estamos perto da morte, a vida perde o seu valor para aqueles que não creem na vida eterna, na possibilidade da salvação da alma da pessoa, ainda que seja no sofrimento dos últimos dias de vida. Muitos se salvam na hora da morte natural, mediante um arrependimento sincero de seus pecados. Quantos decidiram chamar um padre para se confessar nos últimos momentos de vida! O suicídio pode impedir a salvação.

A vida é dom

A Igreja sempre defendeu e ensinou que a vida humana é sagrada: "A vida humana é sagrada, porque, na sua origem, ela encerra a ação criadora de Deus e permanece para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. Só Deus é o dono da vida, do começo ao fim; ninguém, em nenhuma circunstância, pode reivindicar para si o direito de destruir diretamente um ser humano inocente" (Congregação da Doutrina da Fé, Donum Vitae, 5, 1988).

Na Carta Encíclica Evangelium Vitae, sobre o valor da vida e a inviolabilidade da vida humana (1995), o Papa João Paulo II afirmou que "a vida é um dom divino", daí ter "um caráter sagrado e inviolável no qual se reflete a própria inviolabilidade do Criador". "O Criador confiou a vida do homem à sua solicitude responsável, não para que disponha arbitrariamente dela, mas a guarde com sabedoria e administre com fidelidade" (n° 76, 2° parágrafo).

João Paulo II disse que "o homem vive hoje com se Deus não existisse". E o ateísmo, teórico ou prático, continua implantando no mundo a "cultura da morte".

A Igreja sempre ensinou que "cada um é responsável por sua vida diante de Deus, pois Ele é sempre o único e soberano Senhor dela. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para honra d'Ele e salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela". (Cat. §2280)


"O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente ao amor do próximo, porque rompe os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo" (Cat. §2281). O suicídio rompe a comunhão com as pessoas amadas da família. E, muitas vezes, a família pode ficar desamparada com a morte do pai ou da mãe.

Suicídio é o fim inesperado da vida

Cooperar com o suicídio de alguém é também falta grave. A Igreja reconhece que as motivações ao suicídio podem ser complexas. Não podemos dizer que aquele que se suicidou esteja condenado por Deus. "Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida". (Cat. §2282)

"Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida." (Cat. §2283)

Infelizmente, alguns filósofos ateus propunham, e ainda propõem, essa prática [suicídio] diante de uma vida que consideram um absurdo e sem sentido. "A vida humana, por mais debilitada e fraca que seja, é um belo dom de Deus", ensinava o saudoso Papa João Paulo II; e de forma alguma pode ser eliminada pela pessoa.

Graças a Cristo, o sofrimento e a morte cristã tem um sentido positivo. "Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro" (Fl 1,21). "Fiel é esta palavra: se com Ele morremos, com Ele viveremos" (2Tm 1,11). O nosso sofrimento é salvífico. "Completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo no seu corpo que é a Igreja" (Col 1,24). O cristão, quando sofre e oferece seu sofrimento a Deus, está salvando o mundo com Cristo.

O nosso Catecismo ensina: "A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino último.

Quando tiver terminado "o único curso de nossa vida terrestre", não voltaremos mais a outras vidas terrestres. "Os homens devem morrer uma só vez" (Hb 9,27). Não existe "reencarnação" depois da morte" (n.1013).


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/por-que-nao-devo-cometer-suicidio/

12 de setembro de 2016

Todo homem é chamado por Deus a ser um guerreiro

O homem traz em si a agressividade, o impulso por batalhar, o coração de guerreiro

Nosso Deus é um Deus guerreiro. Essa é uma característica forte Nele e sua morte de Cruz comprova isto. Para se entregar da forma como Cristo se entregou só um verdadeiro herói poderia ir até o fim. Somos imagem e semelhança desse Deus e, nós homens, de forma especial, somos chamados por Deus a assumir o papel de guerreiros na luta por causas justas.

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Foto: RossellaApostoli, 47743932, iStock

No primeiro livro de Samuel, capítulo 17, é dado início a história de Davi. Davi era o oitavo filho de Jessé, mais novo e menos preparado para ir à guerra, menos ainda para reinar sobre Israel. Ao ir até o acampamento do exército israelita, o jovem se depara com o Filisteu Golias que está amedrontando as tropas do Rei Saul, pois ninguém tinha coragem de lutar contra ele.

Este trecho da história Davi externaliza sua força, sua inteligência e disposição em lutar por aquilo que para ele é importante. Davi revela-se um guerreiro. Mas não um guerreiro qualquer, ele nos mostra que não basta a um homem ser forte, ele precisa usar sua força em causas nobres. Davi não entra na batalha para ser reconhecido, mas luta por seu povo e pela honra do seu Deus.

Hora da batalha

Jesus sabia muito bem quando deveria entrar em uma batalha e não temia usar sua força, se necessário. Quando está no templo de Jerusalém e se depara com um comércio montado, sua ação é expulsar todos e derrubar as mesas (Cf. Mt 21, 12). Jesus lutou pela casa de seu Pai, sua intenção era nos ensinar que há certas batalhas que o homem precisa travar. Da mesma forma, no capítulo 4 do Evangelho de São Lucas 14 – 30, Jesus está na sinagoga de Nazaré, no fim dessa leitura vemos que Jesus se retira do meio do povo que deseja lançá-Lo em um precipício. Um guerreiro sabe também evitar batalhas desnecessárias.

O homem traz em si a agressividade, o impulso por batalhar, o coração de guerreiro. Isso não é algo ruim, porém hoje não temos referências com quem possamos aprender a usar essa potência de forma positiva. Vemos esse dom perdendo o seu sentido e nossa sociedade está cheia de homens que se confundem em sua identidade, deixando-se dominar por prazeres e conquistas pequenas. Papa Bento XVI diz: "Deus veio ao mundo para despertar em nós a sede pelas grandes coisas".

Ele precisa ter firme em sua mente que Deus deseja estar junto com ele nas batalhas. Mas, nos ensinam por aí que somos fracos, que não conseguimos. Como então encontrar um meio de usar nossa força de forma boa? O Pai quer nos treinar para isso, Ele quer nos dar motivos fortes para usarmos essa força, motivos nobres. O Salmo 144, 1 diz: "Bendito seja o Senhor, meu rochedo, que treina minhas mãos para a batalha, meus dedos para o combate". Sim, Deus quer nos treinar para usar a nossa força quando for preciso.
O homem tem desistido de suas batalhas e com isso toda a humanidade perde. Um casamento, por exemplo, é um motivo pelo qual todo homem precisa estar disposto a batalhar e assim também por seus filhos, amigos, por sua fé.

Legado de pai para filho

Na história da humanidade esse legado era transmitido de pais para filhos. Era com seu pai que um jovem aprendia como usar sua força. Houve uma ruptura nesse ciclo e os pais de hoje não sabem como ensinar seus garotos a assumirem seu papel de homem, pois também não tiveram esse aprendizado. A nós, cabe buscar em Deus a referência que precisamos. Deus é nosso Pai e Ele quer nos treinar, quer nos fazer homens com toda a potencialidade que Ele criou.

Para que possamos nos encontrar em nossa identidade masculina é preciso que, antes, nos encontremos no coração do Pai, no coração de Deus. Se, primeiro, provarmos da experiência de que somos filhos amados de Deus, poderemos assumir a nossa identidade e com isso retomar o ciclo de pais, que são verdadeiramente pais, e filhos que se sentem filhos.

Somente no coração de Deus conseguiremos encontrar o caminho que nos restituirá ao que realmente somos, homens guerreiros.