5 de julho de 2016

Como devemos reconhecer Jesus no partir do pão

Eles O reconheceram no partir do pão

O Senhor antecipou sacramentalmente Sua entrega na Última Ceia. Após a Ressurreição, Ele se manifestou a Seus discípulos. Como somos peregrinos na história, queremos pedir ajuda aos discípulos de Emaús, para aprender a reconhecê-lo no partir do Pão. Nosso desejo sincero é que todos os participantes do XVII Congresso Eucarístico Nacional reconheçam sua presença e se tornem missionárias e missionárias, levando consigo a riqueza do que viveremos juntos, ajudados pela reflexão oferecida pelo Padre Giovanni Martoccia SX, cujos pontos principais oferecemos a todos (Cf. Texto-base do XVII Congresso Eucarístico  Nacional, Edição da Arquidiocese de Belém).

Como devemos reconhecer Jesus no partir do pão
Foto: Arquivo CN

O dia estava cinzento como o coração de todos os discípulos, cheios de medo, dúvida e  tristeza. As esperanças messiânicas alimentadas por Jesus dissiparam-se no vento da repressão romana; e, junto com elas, também o sonhos de um Reino de Deus, por tanto tempo acalentado, espatifou-se no iníquo patíbulo que recebeu a condenação do Justo. O testemunho das mulheres de que o corpo de Jesus não estava no túmulo não foi suficiente para convencer os apóstolos de que algo extraordinário havia acontecido. Ninguém do grupo quis acreditar.

Quantas vezes lhes confirmara que iria ressuscitar! Entesourar a memória de Sua Palavra era pré-requisito indispensável para não naufragar no meio da tragédia. Sua Palavra, meditada no coração, é âncora segura da fé, fonte de esperança e força propulsora do anúncio da Boa Nova.

Reconhecer Jesus

Dois discípulos, tendo deixado a cidade de Jerusalém, teatro dos tristes acontecimentos da prisão e execução do Mestre, dirigiram-se a Emaús, aldeia a duas horas de boa caminhada. Parecem querer voltar a seu passado e esquecer tudo o que havia acontecido, enterrando a última lembrança de suas esperanças frustradas. Mas era justamente esse pavio fumegante que os impelia a conversar sobre aqueles mesmos eventos inesquecíveis. O caminho pedregoso e acidentado ritmava os inconstantes e ríspidos pensamentos de seus corações. Os olhos de sua memória parecem fechados, completamente vedados, a ponto de não reconhecer nem mesmo o próprio Jesus que, aproximando-se, pôs-se a caminhar com eles.

Estavam tão concentrados que não deram nenhuma atenção ao desconhecido, que toma a iniciativa e puxa conversa, perguntando sobre o assunto que os preocupava e que parecia tão sério: "Que é que vocês vão discutindo pelo caminho?". Estavam tristes e abatidos pela morte de seu Mestre, decepcionados, porque pensavam que ele fosse o Messias, e agora acham que se enganaram. Finalmente, eles param. Uma parada, nessa caminhada, símbolo da nossa caminhada de vida, é o primeiro passo para compreender como nos afastamos d'Ele, a ponto que nem O reconhecermos mais, e quanta tristeza sua falta trouxe em nossa vida! Ele nos visita, mas, muitas vezes, não percebemos Sua presença, porque ficamos amarrados ao nosso velho modo de pensar, à nossa imaginação que quer determinar o agir de Deus. O mesmo Jesus que eles conheciam tão bem estava diante deles, conversando com eles e, mesmo assim, não O reconheceram.

Como é possível?

Na verdade, Jesus é o mesmo. São os discípulos que mudaram; fechando-se em
sua esperança frustrada, não conseguem mais reconhecê-Lo. Antes, eles olhavam para
Jesus com confiança, acreditavam n'Ele. Agora, estão decepcionados e seu olhar é
diferente. As falsas expectativas lhes vendaram os olhos. No entanto, Jesus cumpriu todas as Suas palavras, mas não como eles imaginavam. É preciso receber algo novo,
nova luz para que os olhos se abram e, finalmente, reconheçam-No.

A Jesus, que pede esclarecimentos sobre esses acontecimentos tão graves, responde Cléopas com outra pergunta que parece expressar espanto e irritação: "Serás tu o único forasteiro em Jerusalém que desconhece o que se passou aí nesses últimos dias?". Jesus se mostra muito interessado e pronto a ouvir tudo o que ocorreu. Cléopas informa o curioso forasteiro dos fatos que tanto marcaram a vida deles. Conta tudo a partir do ministério de Jesus, conhecido como o Nazareno. Mas os dois discípulos não souberam acolher os acontecimentos e interpretá-los. Estão decepcionados!


A decepção dos discípulos é justificada pelo fato que "já faz três dias que todas essas coisas aconteceram!" e Jesus não apareceu. Depois de ter escutado com atenção toda a história que eles tinham para contar, de repente os repreende com severidade. Jesus, com uma pergunta sobre a necessidade do sofrimento do Messias, dá início à catequese pascal. É preciso que a vida de Jesus seja interpretada à luz das Sagradas Escrituras.

Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Ele fez de conta que ia mais adiante. "Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina". Entrou, então, para ficar com eles.  Realmente, a vida sem Ele fica muito escura, sem luz nem sentido, como peregrino em noite de lua nova. Uma vez à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, o partiu e distribuiu entre eles. Então, seus olhos se abriram e O reconheceram. É Jesus quem toma a iniciativa, que se aproxima deles e lhes explica tudo. Na fração do pão, fez com que seus olhos se abrissem. Eles agora O reconhecem. Será ainda Jesus que abrirá a mente aos onze apóstolo para entenderem as Escrituras, pois tudo o que estava escrito tinha de se cumprir.

Jesus é reconhecido pela fração do pão

Jesus desaparece no momento em que os dois discípulos O reconhecem. É para nos advertir que não se trata de uma visão extraordinária, mas do normal caminho da fé que nos conduz ao encontro com o Cristo vivo na Eucaristia, na convivência fraterna, na escuta da Palavra, no testemunho generoso e no compromisso evangelizador. Não são as feições físicas que permitem reconhecer Jesus ressuscitado como o mesmo que foi crucificado, mas o gesto distintivo de Sua existência: a fração do pão, gesto que expressa e traz presente Seu dom de amor total e incondicional, Seu serviço, Seu viver para os outros. No testemunho recíproco, a fé manifesta sua dimensão comunitária, revela sua força transformadora, revigora o coração e ilumina os caminhos da Igreja. E disseram um ao outro: "Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?" Sob esse impulso jubiloso, dois voltaram para Jerusalém.

Voltou a esperança, o entusiasmo, a fé e a força para retomar o caminho, ainda que seja longo e difícil, e a noite adiantada. Mas a escuridão da noite já não assusta mais. A luz  que agora brilha no coração é mais que suficiente para vencer a treva ameaçadora. Ao  chegar a Jerusalém, mais uma surpresa agradável os aguarda. Acharam aí reunidos os onze e seus companheiros, que disseram: "É verdade! O Senhor ressurgiu e apareceu a Simão!" Então, por sua vez, também contaram os acontecimentos do caminho e como Jesus fora por eles reconhecido na fração do pão.

À comunidade que se perguntava sobre como reencontrar o Senhor Jesus, hoje, Lucas narra o episódio dos discípulos de Emaús. O relato visa transmitir à comunidade a alegria do encontro com o Senhor, o Vivente, e incentivá-la a buscar na comunhão e na vivência de Igreja uma experiência pessoal de Sua presença. Todos aqueles que buscam o Senhor, de coração sincero e apaixonado, abrindo-se ao alimento de Sua Palavra e da Ceia eucarística, perceberão Sua voz e presença. Jesus se faz presente, como desconhecido, nos caminhos da vida, nos encontros inesperados, nos acontecimentos cotidianos, que precisam ser compreendidos à luz de Sua Palavra. Trata-se de identificar a ação de Deus em nossa história, adquirindo uma inteligência espiritual dos acontecimentos e fazendo "memória", como Maria, no coração.



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/como-devemos-reconhecer-jesus-no-partir-do-pao/

29 de junho de 2016

O que a Igreja diz sobre suicídio assistido

Saiba o que a Igreja diz sobre suicídio assistido

Os pedidos para o suicídio medicamente assistido têm, recentemente, chamado a atenção da sociedade para a necessidade de um debate mais aprofundado. Eutanásia e suicídio assistido são temas que merecem reflexão e debate. A questão exige mais atenção quando é trazida para o debate público, para a vida das famílias, quando é apresentada ao vivo em documentários na TV, no cinema e na internet. O que, no entanto, a Igreja diz sobre suicídio assistido?

o-que-a-igreja-diz-sobre-suicidio-assistidoFoto: Wesley Almeida/cancaonova.com

O termo eutanásia é usado quando uma pessoa age diretamente com a intenção de tirar a vida do outro. Por exemplo, quando um médico dá uma injeção letal ou tira um remédio para provocar a morte de alguém. Consiste, portanto, em apoderar-se da morte, provocando-a antes do tempo e, desse modo, pondo fim "docemente" à própria vida ou à vida alheia.

Usa-se o termo "suicídio assistido" ou "suicídio medicamente assistido" é usado quando uma pessoa morre com a ajuda de outra. O suicídio assistido ocorre quando alguém, que não consegue concretizar sozinha seu desejo de morrer, recorre ao auxílio de outra pessoa para ajuda medicamentosa ou encorajamento psíquico. Por exemplo, quando um médico prescreve um veneno ou quando uma pessoa põe no paciente uma máscara ligada a um botijão de monóxido de carbono e lhe dá instruções sobre como ligar o gás para provocar a própria morte. É chamado suicídio medicamente assistido, porque a pessoa dá fim à sua vida com a supervisão médica. A principal diferença das outras formas de morrer é que, no suicídio assistido, a responsabilidade e execução do ato final da indução da morte é da própria pessoa.


O auxílio ao suicídio de alguém pode ser feito por atos (prescrição de doses altas de medicação, indicação de uso ou auxílio na preparação) ou, de forma mais passiva, por meio de persuasão ou encorajamento. Em ambas as formas, a pessoa que contribui para a ocorrência da morte da outra se torna condescendente ou responsável.

Essas solicitações podem envolver também o uso de uma máquina, que, com o auxílio de um médico, instrui o indivíduo no seu uso. Este, dessa forma, é auxiliado a cometer suicídio. Em outras solicitações, o médico tem fornecido medicação ao indivíduo, com as informações sobre a dosagem que poderá ser fatal. O indivíduo, desta forma, recebe os meios para cometer o suicídio.

O que leva uma pessoa a pedir a ajuda de alguém para se matar?

Certamente, são indivíduos seriamente doentes, talvez em estado terminal, quando a dor se torna insuportável. Os pacientes que contemplam a possibilidade de suicídio, frequentemente, expressam perda do sentido para a vida, uma depressão que acompanha a doença terminal.

Debatemos a legitimação ou a moralidade do desejo de morrer. Perguntamos: há diferença de julgamento com atenuantes para o suicídio dependendo do momento vivido pela pessoa? Exemplificando: idosos com doença em estágio avançado e/ou com sofrimento intolerável teriam legitimação para encerrar sua vida? E se esse desejo fosse manifestado por um jovem com sofrimento físico ou psíquico? Como avaliar a intensidade do sofrimento? Desrespeitar o pedido de um idoso para finalização de sua vida não seria uma forma de matar sua individualidade, autonomia e desejo de finalizar a vida de forma digna? Considerando o reverso, oferecer morte sem sofrimento não é respeito à dignidade humana?

A Constituição fala sobre direito à vida. Podemos falar também em direito à morte? Posso afirmar que a pessoa é juiz de sua vida? É seu olhar e não dos outros que define o que é sua dignidade? Será que uma pessoa pode ser obrigada a viver mesmo que as condições de vida sejam as mais sofridas? Uma questão importante para reflexão: é possível julgar o processo de morrer escolhido pela pessoa? A escolha da morte é um ato da pessoa? Sendo a solidariedade e a compaixão atitudes altruístas da pessoa, será que elas valem também quando se trata de ajuda ao suicídio?

O suicídio medicamente assistido é eticamente ilícito e deve ser condenado pela sociedade e, sobretudo, pelos médicos. Quando a assistência do médico é intencional e dirigida deliberadamente para possibilitar que um indivíduo termine com a sua própria vida, o médico atua de forma eticamente inaceitável.

A opinião da Igreja Católica sobre suicídio assistido

O Magistério Católico apresenta um documento intitulado "Só Eu é que dou a vida e dou a morte (Dt 32, 39): o drama da eutanásia" e afirma: "No atual contexto, torna-se cada vez mais forte a tentação da eutanásia, isto é, de apoderar-se da morte, provocando-a antes do tempo e, deste modo, pondo fim docemente à vida própria ou alheia. Na realidade, aquilo que poderia parecer lógico e humano, quando visto em profundidade, apresenta-se absurdo e desumano. […] A decisão do suicídio medicamente assistido torna-se mais grave quando se configura como um homicídio que os outros praticam sobre uma pessoa que não o pediu de modo nenhum nem deu nunca qualquer consentimento para que fosse realizado.

Atinge-se, enfim, o cúmulo do arbítrio e da injustiça, quando alguns, médicos ou legisladores, se arrogam o poder de decidir quem deve viver e quem deve morrer. Aparece assim reproposta a tentação do Éden: tornar-se como Deus 'conhecendo o bem e o mal' (cf. Gn3, 5). Mas Deus é o único que tem o poder de fazer morrer e de fazer viver: 'Só Eu é que dou a vida e dou a morte' (Dt 32, 39; cf. 2Re 5, 7; 1Sm 2, 6). Ele exerce o seu poder sempre e apenas segundo um desígnio de sabedoria e amor. Quando o homem usurpa tal poder, subjugado por uma lógica insensata e egoísta, usa-o inevitavelmente para a injustiça e a morte. Assim, a vida do mais fraco é abandonada às mãos do mais forte; na sociedade, perde-se o sentido da justiça e fica minada pela raiz a confiança mútua, fundamento de qualquer relação autêntica entre as pessoas."

A eutanásia, entendida como "ação ou omissão que, por sua natureza e intenção, causa a morte com a finalidade de evitar qualquer dor", é um pecado conforme o Magistério Católico. Podemos equiparar a eutanásia ao suicídio/homicídio, à decisão de acabar com a vida de um paciente, mesmo com o argumento de que se age por compaixão, para eliminar um sofrimento insuportável. Suicídio, porque a eutanásia supõe o pedido ou o assentimento do doente. Homicídio, porque a morte é executada pelo médico. No caso de o doente não ser consultado ou informado, não se trataria mais de eutanásia, que significa boa morte, mas de cacotanásia, ou seja, morte com dor ou angústia.

O Magistério Católico, numa atitude de valorizar a vida em todas as fases do desenvolvimento ou condições, sempre ensinou que não somos proprietários da nossa vida, e sim Deus, por isso não podemos por fim a ela. Afirma o Catecismo da Igreja Católica no número 2280: "Cada um é responsável por sua vida diante de Deus, que lhe deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para honra dele e salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela".

O suicídio medicamente assistido contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao projeto de Deus para cada um de nós e ao amor por si mesmo. O suicídio assistido fere também o princípio da justiça que é o direito à própria vida e o direito que os outros têm da minha vida e existência; rompe injustamente a comunhão com as pessoas amadas da família e da sociedade. Para o monsenhor Ignacio Carrasco de Paula, que chefia a Pontifícia Academia para a Vida, órgão do Vaticano responsável por temas de bioética, "o suicídio assistido é um absurdo".


Padre Mário Marcelo Coelho

Mestre em zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG), padre Mário é também licenciado em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (SC) e bacharel em Teologia pela PUC-RJ. Mestre em Teologia Prática pelo Centro Universitário Assunção (SP). Doutor em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana de Roma/Itália. O sacerdote é autor e assessor na área de Bioética e Teologia Moral; além de professor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP). Membro da Sociedade Brasileira de Teologia Moral e da Sociedade Brasileira de Bioética.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/magisterio/o-que-a-igreja-diz-sobre-suicidio-assistido/

27 de junho de 2016

Abuso sexual: o silêncio de uma inocente

Conheça a história de uma jovem que, desde criança, sofreu abusos sexuais

abuso-sexual-o-silencio-de-uma-inocenteFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com
"Tudo começou quando eu tinha cinco anos. Um amigo da família, pessoa sempre presente na casa de minha avó, certo dia se aproximou de mim com carícias e toques. Tentou, algumas vezes, forçar uma relação sexual, porém, como eu reclamava e tentava fugir, ele não conseguiu, mas sempre me advertia que eu não poderia contar a ninguém o que ele fazia.

À medida que eu crescia, percebia que havia algo errado e tentava fugir, mas começaram as ameaças. Não houve agressão física, mas violência psicológica e sexual. A pressão era muito grande, e com frequência ele ameaçava: "Se você contar para alguém, mato sua avó".

Na minha família, já havia um histórico de abuso sexual, inclusive meu tio foi preso por estupro. Por causa disso, quando eu tinha 13 anos, minha mãe me questionou se já havia acontecido comigo, pois, na época, eu era muito próxima do meu tio. De fato, com ele não aconteceu nada. Minha mãe, porém, pediu insistentemente que eu falasse a verdade, pois não iria se chatear ou ficar brava. Então, com coragem, contei que o rapaz que frequentava a casa da vovó, que também era amigo do meu tio, havia cometido os abusos contra mim. Naquele momento, ela não soube muito bem como reagir, só me disse para não contar ao meu pai e não frequentar a casa da minha avó quando o rapaz estivesse lá.

A história se repetiu

Não fui a única da família a sofrer abuso. Minhas primas, tias e minha mãe passaram por isso. Os abusadores sempre foram pessoas muito próximas; inclusive, não sofri apenas abuso do rapaz que frequentava a casa da minha avó, mas do meu próprio avô e do meu primo. Isso gerou em mim um trauma muito grande, e acabei me afastando do meu pai, com medo de que ele também viesse a fazer isso.

Sofri abusos dos 5 aos 12 anos. A situação só teve fim quando meu avô faleceu, pois o rapaz também parou de frequentar a casa da minha avó.


Além dos traumas na minha afetividade e sexualidade, percebo que a maior dificuldade enfrentada até hoje é no relacionamento com minha mãe, pois não conversamos muito sobre isso e não consigo entender o fato de ela nunca ter feito nada a respeito. Nunca procurou ajuda.

Trago muitas marcas, lembranças ruins e mágoas! Tantas vezes questionei por que Deus permitiu que isso acontecesse a uma criança, mas ainda não encontrei a resposta para muitos dos questionamentos que trago. Contudo, acredito que Deus tem um plano de amor para mim, e este deve ser bem grande! Acredito que, um dia, terei as respostas de que preciso.

Olho para minha história e vejo o quanto ela poderia ser apenas algo que deu errado, mas, com meu esforço e decisão, tendo sempre Deus à frente de minha vida, tenho superado o passado e já consigo conversar sobre isso sem chorar. Sei que a cura e a superação são um processo diário. Hoje, com 21 anos de idade, trabalho, moro sozinha e sonho em me casar e ser mãe. Tenho uma vida pela frente e quero conquistar muitas coisas."

Jovem anônima


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/violencia-sexual/abuso-sexual-o-silencio-de-uma-inocente/

24 de junho de 2016

Perigos no uso das redes sociais

Saiba quais são os perigos no uso das redes sociais e os cuidados a serem tomados

perigos-no-uso-das-redes-sociaisFoto: AntonioGuillem / iStock. by Getty Images
Facebook, Twitter, Snapchat, Instagram, Youtube, What's App (nem tanto) etc. Essas são apenas algumas redes sociais que temos disponíveis hoje na internet; e esse número provavelmente só aumentará. Elas, que surgiram como uma mera ferramenta de comunicação e entretenimento, hoje, são quase indispensáveis nos relacionamentos, seja familiar, profissional, social etc., inovando a forma como consumimos conteúdo on-line e, de fato, trazendo muitas melhorias e facilidades ao nosso dia a dia. Porém, em nossa caminhada cristã, uma palavra sempre deve conduzir nossas ações: equilíbrio (Tito 2, 12)1.

A falta de equilíbrio é a provável causa de muitos erros que cometemos na vida, e não poderia ser diferente na nossa relação com a internet. Partindo desse princípio, podemos levantar dois questionamentos que nos ajudarão a avaliar nossa conduta:

Quanto tenho usado

Vivemos num período em que já estamos conectados à internet 24h por dia. Até quando dormimos estamos recebendo notificações de mensagens, e-mails ou curtidas. Mas será mesmo que não precisamos ter um limite? Será que precisamos estar atualizados o tempo inteiro sobre a vida dos nossos "amigos"? Será que não temos gastado tempo demais com aplicativos que criam laços superficiais e esquecendo as pessoas com quem temos laços reais?

Com certeza, já vivemos ou presenciamos esta cena: pessoas em um restaurante, sentadas na mesma mesa, mas cada uma com seu smartphone na mão; elas não conversam entre si, a menos que seja para comentar algo que viram no Facebook; algumas não largam o celular nem para comer!

O uso desregulado das redes sociais nos traz uma falsa sensação de preenchimento e uma falsa participação na vida alheia. Trocamos, cada vez mais, os aspectos de uma vida verdadeira por alegorias vazias: curtidas em vez de elogios; indiretas em vez de uma conversa franca; emoticons2 em vez de sorrisos. O que foi criado para nos aproximar uns dos outros está nos afastando cada vez mais por falta de equilíbrio. Estamos correndo o sério risco de desperdiçar o nosso tempo e a nossa vida com coisas passageiras.

O apelo, por estar conectado o tempo inteiro, tem nos tornando pessoas divididas, distraídas e desatentas. Ter equilíbrio é lembrar que para tudo há um tempo e, certamente, na hora da Santa Missa, não é o momento para checar seu Instagram ou ver quem mandou mensagem no grupo, por exemplo.

Como tenho usado

Além de surgirem como uma ferramenta de comunicação e aproximação, as mídias sociais têm uma característica que faz parte da sua base: o compartilhamento de opiniões, gostos, notícias, momentos etc. Essa é uma das funções das redes sociais, sem isso seriam apenas aplicativos de troca de mensagem, certo? Então, o problema não é compartilhar coisas na internet, mas sim o que e para quem você as compartilha.

Primeiro de tudo, há uma banalização do termo "amigo". De fato, aos nossos amigos nós gostamos de compartilhar a nossa vida, mas das mil pessoas que o adicionaram no Facebook, quantas são suas amigas? (Eclesiatico 6,6)3. De uma certa forma, as redes sociais trazem também uma falsa sensação de popularidade. Vamos vendo o nosso número de "amigos" aumentando, postamos uma foto, recebemos uma recompensa por compartilhar aquilo (uma curtida ou retuíte) e nos enchemos de vaidade por nos sentirmos notados. O desejo de ser notado vai aumentando e vamos compartilhando cada vez mais da nossa vida, buscando mais popularidade, e isso vai virando uma bola de neve.

No fim das contas, estamos divulgando nossa intimidade para pessoas estranhas só para ganharmos um like ou um comentário superficial. Quando a realidade começa a não bastar, entram os quadros piores: pessoas fingem uma vida que não têm e, em alguns casos, apelam para sensualidade e até para nudez apenas para serem notadas e ganharem seguidores nas mídias sociais. É triste, mas, no fundo, essa atitude só revela que a sede que as pessoas têm é de amor, não obtendo, preenchem o coração com o que aparecer mais facilmente, nesse caso, com vaidade e mais vaidade.

Talvez, eu e você não chegamos a um ponto tão drástico, mas quantas vezes nós postamos fotos apenas para vermos a reação das pessoas? Quantas pessoas viajam e ficam tristes, porque não conseguem postar uma foto ou vídeo legal, deixando de aproveitar o momento vivido só para tirar uma selfie?

Há um tempo, fala-se na cultura do selfie, mas podemos substitui-la por superexposição, a qual, por sua vez, tem relação com carência e vazio interior.

Ainda existem muitos outros aspectos que podem ser listados, mas apenas com esses dois questionamentos podemos refletir sobre nosso uso e presença nas redes sociais. É bom lembrar que as redes sociais não são um mal; pelo contrário, como já citei antes, trazem um bem imenso para muitas pessoas, inclusive para a evangelização. Mas devemos sempre nos vigiar, pedir a Deus o dom do equilíbrio e da sobriedade. E por que não olhar menos o celular, tirar menos fotos, rezar mais e amar um pouco mais?

Afinal de contas, quem realmente quer saber o que vai no seu prato ou qual o seu "look do dia" é com quem menos você compartilha a vida.
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1 (Tito 2,12) "Veio para nos ensinar a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade… "

2 emoticons: uma imagem (usualmente, pequena), que traduz ou quer transmitir o estado psicológico, emotivo, de quem os emprega, por meio de ícones ilustrativos de uma expressão facial.

3 (Eclesiatico 6,6) "Dá-te bem com muitos, mas escolhe para conselheiro um entre mil."

Daniel Erick Ximenes Pompeu
Designer


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/perigos-no-uso-das-redes-sociais/

22 de junho de 2016

Vitamina D: como obter os benefícios dessa substância

Atenção: entenda como o organismo produz a vitamina D

Essa vitamina é um nutriente e também um hormônio, que pode ser conhecido como Calciferol. O que muitos de nós não sabemos é que podemos obter esse nutriente de duas formas: a principal fonte se dá na formação endógena nos tecidos cutâneos – dentro da pele, após a exposição à radiação solar. A outra fonte alternativa, mas que não é tão eficaz como a primeira, é a dieta, a ingestão de alimentos ou suplementação, que supre apenas 20% das necessidades corporais.

Vitamina D: Como obter os benefícios dessa substância
Foto: AJ_Watt / iStock. by Getty Images

Estamos acostumados a associar como função da vitamina D apenas a sua participação ativa no metabolismo ósseo, fixando o Cálcio nos ossos e dentes. Há décadas, profissionais de saúde pensavam que essa vitamina somente seria boa para manutenção de dentes e ossos saudáveis. No entanto, recentes avanços na ciência têm nos apresentado outras faces importantes dessa vitamina, ao revelar seu papel multifuncional para o bom funcionamento do corpo humano e sua capacidade de reduzir o risco de doenças que antes não associávamos à sua ação.


Vejamos algumas de suas ações:

1. Auxilia a produção e liberação de insulina pelo pâncreas, responsável por controlar o açúcar no sangue;
2. Participa do processo de produção das células de defesa do nosso organismo, melhorando a imunidade;
3. Controla as contrações do músculo cardíaco, além de prevenir a fraqueza muscular do corpo;
4. Inibe, nos rins, a produção de uma enzima chamada renina, que está envolvida na produção de hormônios que aumentam a pressão arterial;
5. Acredita-se que pode prevenir doenças como Alzheimer e câncer de mama, visto que os pacientes portadores, na maioria dos casos, possuem baixas taxas dessa vitamina.

O especialista em vitamina D, Dr. Michael F. Holick, traz-nos um importante ponto de atenção: "A Vitamina D é produzida pela pele em resposta à exposição e radiação ultravioleta da luz solar natural. Os saudáveis raios de luz solar natural que geram a vitamina D em nossa pele não atravessam o vidro, por isso, nosso organismo não a produz quando estamos no carro, escritório ou dentro casa. É quase impossível conseguir quantidades adequadas de vitamina D a partir da dieta, por isso a exposição à luz solar é a única maneira confiável para seu corpo dispor de vitamina D".

Mesmo sabendo que nossa principal fonte da Vitamina D é a que obtemos via exposição solar, precisamos estar atentos ao consumo de alimentos que são fontes desse nutriente, para nos auxiliar a manter os níveis saudáveis dessa vitamina no organismo:

Fontes principais e quantidade de Vitamina D

Leite fortificado – 1 copo 100 UI
Gema de ovo – 1 unidade 26 UI
Carne de algumas espécies de peixes (cavala, arenque e salmão, sardinha e atum) – 100g 88 UI
Fígado de boi – 100g 24 UI
OBS: A necessidade diária de vitamina para adultos é de 600 a 800 UI por dia.

Vamos nos exercitar a nos expor ao sol pelo menos 15 minutos por dia; além de procurar consumir as fontes alimentares de vitamina D para garantir todos os seus benefícios. É preciso buscar seu nutricionista e médico para fazer a avaliação dos níveis da vitamina no sangue, e avaliar a necessidade de se fazer a suplementação. Fica a dica!



Cristiane Zandim

Cristiane Pereira Zandim nasceu em Brasília / DF. É missionária na comunidade Canção Nova desde 2011. Cursou Nutrição na Universidade Universidade Federal Dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/vitamina-d-como-obter-os-beneficios-dessa-substancia/

20 de junho de 2016

Como passar pelas provações a exemplo de Tobit

Vida de Tobit, ensinamento de amor e fidelidade para os dias atuais

O livro de Tobias, escrito por volta de 200 a.C, promove relatos de amor e fidelidade a Deus e ao próximo, pois narra a história da família de Tobit, que é casado com Ana e pai de Tobias.

A vida de Tobit é marcada por muitas provações, mas também por experiências concretas da Providência de Deus que rege todas as coisas. Seu filho Tobias, que conhece Sara, protagoniza uma bela história de amor num relacionamento que, pela força da oração, culmina num feliz matrimônio. Porém, em toda trajetória de Tobit, Sara e Tobias foi preciso confiar em Deus e esperar mesmo diante de tempos difíceis.

Como passar pelas provações a exemplo de Tobit
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Quem é Tobit?

Tobit, pai de Tobias, homem piedoso e fiel, "andava nos caminhos da verdade e praticava boas obras todos os dias" (Tb 1,3), dava de comer a quem tinha fome, vestia os nus e sepultava os mortos em tempo de perseguições. Ele representa o modelo de pessoa justa. Tobit ainda fazia ofertas em Jerusalém do "dízimo do trigo, do vinho, do óleo, das romãs e das outras frutas" (Tb 1,7), ou seja, era comprometido com a lei e com a caridade naquela época, mas já sinalizando para a nova lei em Jesus Cristo, que "é uma lei de amor, uma lei de graça e liberdade" (CIC 1985).


A história desse homem de Deus, analisada a partir das boas obras do dia a dia, é um testemunho para o mundo de hoje, pois ser justo não é uma exceção nem privilégio para alguns, mas algo necessário para todos. E a postura de Tobit, frente a sua realidade ainda no contexto histórico do Antigo Testamento, demonstra já a preocupação em cuidar do próximo e a importância de ser família. Pois, trazendo para os dias de hoje, a Igreja já ensina que "ao criar o homem e a mulher, Deus instituiu a família humana e dotou-a de sua constituição fundamental" (CIC 2203), ou seja, o que se pode ver na história de família do livro de Tobias, que contempla já o fundamento indispensável, que é o âmbito familiar, o lugar de bênção e da presença de Deus.

É fato que Tobit não praticava obras boas por aquilo que poderia receber em troca, mas por gratuidade, no amor e fidelidade à lei. Em suas práticas ao sepultar mortos, pagar o dízimo e outros gestos, sua postura nos faz pensar, nos dias de hoje, o quanto é preciso servir e ajudar as pessoas com benevolência e doação, o quanto é preciso caminhar contrário à cultura do descarte e do individualismo, como nos tem alertado o Papa Francisco atualmente.

Tobit nas provações

As provações, os sofrimentos e tribulações, que muitas vezes parecem não ter um fundamento ou causa para acontecer, são experiências vividas por muitas pessoas. Pode-se ver situações similares na vida de Tobit, que chega a ponto de querer desistir da própria vida. Porém, não se deve cultivar o fatalismo nem o negativismo, mas crer em Deus que "quer comunicar sua própria vida divina aos homens, criados livremente por ele, para fazer deles, no Seu Filho único, filhos adotivos" (CIC 52).

Assim, antes de ver quais foram tais experiências difíceis na vida de Tobit, há uma urgência nos tempos atuais de compreender a distinção entre provação e tentação, já que "o Espírito Santo permite-nos discernir entre a provação, necessária ao crescimento do homem interior em vista duma virtude comprovada, e a tentação que conduz ao pecado e à morte"(CIC 2847). Na provação, podemos ser moldados para a perfeição, já a tentação conduz, na atração, em fazer o mal no intuito de buscar prazer, egoísmo e lucro.

Dessa forma, após dar sepultura a um homem lançado em praça pública, ato de misericórdia comum na vida cotidiana de Tobit, ele retorna para sua casa. Ao adormecer, a Bíblia narra que havia acima dele pardais, e o excremento destes caiu em seus olhos, deixando-o totalmente cego (cf. Tb 2,9-10). O que dizer dessa situação que Tobit vive, sendo que ele estava fazendo o bem e, logo em seguida, veio a cegueira? Essa é uma realidade que muitas pessoas experimentam, começam a caminhar com Deus e as provações aparecem, e muitas não sabem lidar com essas situações. É preciso entender que ser justo e praticar boas obras não quer dizer que não se terá problemas nem sofrimentos, pois Deus "faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos" (Mt 5,45), ou seja, não há distinção de pessoas por erros cometidos, e sim amor incondicional a todos os seus filhos e filhas.

Assim, diante das provações, vale lembrar que a esperança "proporciona-nos alegria, mesmo em meio à provação: alegres na esperança, pacientes na tribulação" (CIC 1820), pois o próprio Jesus, após conferir aos discípulos a missão de evangelizar, garantiu a eles e a nós: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos" (Mt 28,20).



Márcio Leandro Fernandes

Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Márcio Leandro é também Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/como-passar-pelas-provacoes-exemplo-de-tobit/

17 de junho de 2016

Sete passos para ser fiel na vida de oração

Uma forma prática para crescer na vida de oração

Por incrível que pareça, é cada vez mais comum as pessoas do nosso tempo buscarem alguma forma para entrar em contato com o "ser superior" (como alguns o chamam). Esse Ser Superior, para os cristãos e a maioria da humanidade, chama-se Deus. Ele traz um profundo desejo de estar cada vez mais próximo de nós, de conversar conosco; e um dos meios mais comuns para entrar em contato com o Senhor chama-se "oração". Porém, a maioria das pessoas sente muita dificuldade para orar e costuma dizer:

1. "Não sei o que é isso direito"
2. "Não sei como começar isso"
3. "Até sei começar, mas logo paro de rezar (orar)" [inconstância]
4. "Só rezo (oro) quando passo por dificuldades"
5. "Rezo (oro), sim, mas do meu jeito"
6. "Rezo (oro) sempre, em todo lugar (na maioria das vezes, uma desculpa de quem ainda não aprendeu a orar direito).

Sete passos para ser fiel na vida de oração
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com


Para tentar resolver alguns desses problemas, quero mais do que ficar dando explicações teológicas sobre oração. Vou lhe mostrar uma forma muito fácil e prática para você aprender a orar, a ter constância e crescer no relacionamento com esse "Ser Superior", a quem chamamos de Deus. Prepare-se, vamos aprender a "oração dos sete passos".

1° Passo

Determine um lugar para você orar, esse será o seu "cantinho de oração". Nada daquela história de "oro no ônibus", "no caminho para a escola"… Claro você também pode fazer isso nesses momentos, mas Deus é Pai e não quer que você fique só com "lanchinhos", entende? A oração pessoal deve ter lugar próprio, porque é refeição completa. Você precisa de um lugar onde as pessoas não o atrapalhem nem o interrompam; busque um lugar que lhe proporcione intimidade. Existem muitas opções: uma capela (igreja), um lugar mais afastado da casa, um quarto etc. Agora, descubra o seu lugar de oração.

2° Passo

Geralmente, estamos acostumados a orar (rezar) apenas quando sentimos vontade de orar (rezar), mas aprendi que "sem disciplina não há santidade", e eu poderia dizer mais: "sem disciplina não há intimidade", por isso existem dias em que você ora (reza) muito tempo e outros em que você não quer rezar (orar) nada, e diz: "estou sem vontade", "estou cansado", "com sono", "foi muito corrido o dia"… E por aí vai! Por isso, você precisa determinar quanto tempo você vai dar para Deus por dia.

Para alguns, talvez fique fácil entender assim: o tempo que damos para o Senhor é como um dízimo do tempo. Pense: quanto tempo você deu para a internet? Para a TV? Para os amigos? Para a família? Para o trabalho? E para Deus, quanto tempo você tem?

Uma dica: nunca comece com muito tempo, porque é como na academia, vá devagar no começo (10 minutos); depois, vá aumentando. Uma regra: o tempo sempre pode aumentar, mas nunca diminuir! O importante para Deus não é a quantidade, mas o amor com que você reza (ora); e não importa se está cansado ou coisa do tipo, o Senhor o aceita mesmo assim! Não tem desculpa. E aí? Quanto tempo vai dar para Deus? Ah! Escolha também o melhor horário do dia (manhã, tarde, noite ou madrugada).

3° Passo

Rezar (orar) um Pai-Nosso e uma Ave-Maria. O Pai-Nosso foi a oração que Jesus nos ensinou (cf. Mt 6, 9-13). Nela, vamos encontrar grandes ensinamentos que Ele nos deixou; e também a Ave-Maria, pois, quando recitamos essa oração, realizamos uma profecia bíblica, você sabia? Veja o que a Bíblia diz em Lucas 1,48: "…Sim, de agora em diante, todas as gerações me proclamarão bem-aventurada". A maior proclamação que ela é "bendita"; na verdade, é feita pelo próprio Deus, quando o Anjo Gabriel disse: "Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco!" (Lc 1,28). Recitar a Ave-Maria é fazer eco à voz de Deus no tempo que se chama hoje. Na segunda parte da oração – "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Amém" –, todo mundo sabe que ela é santa, e nós a chamamos de Mãe de Deus somente porque Jesus é Deus e, no fim, pedimos que interceda por nós, mais ou menos como muitas pessoas fazem, pedindo uns aos outros oração. Fique tranquilo, pode rezar (orar) sem medo.

4° Passo

Chegou a hora de louvar, e isso significa agradecer. Nesse momento, você deve lembrar-se de tudo o que passou neste dia ou no dia anterior, ou até mesmo lembranças que vierem à sua mente neste momento. Pode agradecer a Deus, fazer mais ou menos assim: "Senhor, eu Te louvo, porque hoje eu abri meus olhos e vi as nuvens no céu, elas estavam lindas. Senhor, eu Te louvo, porque hoje não me faltou o alimento, e porque sei que estás sempre ao meu lado. Eu Te louvo por tudo, por aquilo que foi bom e por aquilo que ainda não foi bom".

5° Passo

Todo o mundo erra, não é verdade? Então, vamos pedir perdão ao Senhor por todas as coisas que fizemos e não foram muito legais. Um dia, li no Evangelho que Jesus chorava (cf. Lc 19,41), porque os pecados que aquelas pessoas cometiam não machucavam somente a si mesmas, mas também o coração de Deus.

Peçamos perdão ao Senhor pelas vezes em que erramos e fizemos aquilo que não deveríamos fazer. Você pode começar assim: "Senhor, perdoe-me. Hoje, eu menti, tive vergonha de assumir a verdade. Senhor, perdoe-me também quando fiquei com muita raiva daquela pessoa. Senhor, perdão".

6° Passo

Agora é o mais fácil: chegou a hora de pedir, fazer a sua prece, seus pedidos. Uma dica: você pode começar pedindo pelos outros e deixar para o fim os seus pedidos pessoais. Quando fizer os seus pedidos, lembre-se disso: "A confiança que depositamos nele é esta: em tudo quanto lhe pedirmos, se for conforme à sua vontade, Ele nos atenderá" (I Jo 5,14).


7° Passo

Oração é diálogo, é conversa, e em uma conversa sempre existe a hora de ouvir. E essa hora chegou! Talvez você pense: "Nossa, isso é muito difícil!". Não é, não! Vou lhe mostrar: você tem Bíblia? Se não a tiver, é bom comprar uma. Se a perdeu, é bom encontrá-la. E se você estiver lendo este texto no computador, é só procurar no Google por "Bíblia". Se quiser, há também uma versão no formato PDF.

Pegue sua Bíblia e leia uma parte qualquer; depois, faça silêncio e deixe ressoar dentro de você a "voz de Deus". Viu como é fácil? Uma dica: se você está começando a ter contato com a Sagrada Escritura agora, então comece pelo Novo Testamento, porque é uma linguagem mais próxima da nossa, ou pelos Salmos, que também será um bom começo. Quando não entender alguma coisa, procure pessoas que realmente o ajudem e não as que o deixem mais confuso.

Pronto! Agora você já pode ter uma vida de oração constante. Seja fiel. Se marcou um lugar e uma hora, então você tem "um encontro com Deus". Não falte. Tenha a certeza de que Ele não vai faltar. Não pare de caminhar. Orar com música também é muito bom.

Esses simples sete passos vão levá-lo ao Céu!

Padre Sóstenes Vieira
Comunidade Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/sete-passos-para-ser-fiel-na-vida-de-oracao/