19 de julho de 2006

Águas de Descanso

Em silêncio, só olhando. Antônio estava mergulhado no trabalho. Havia passado boa parte do dia no seu escritório de casa, perdido entre documentos, disquetes, pastas e planilhas.
O tempo parecia escoar muito mais rapidamente do que ele era capaz de trabalhar. Já nervoso por ter ainda muito trabalho para concluir, ouviu umas batidinhas na porta e a voz de seu filho de cinco anos pedindo para entrar.
- Que você quer? - perguntou amistosamente, ao abrir a porta.
- Nada, não, pai - disse o menino abraçando as pernas do pai, o que o deixou sem graça.
- Como você está sozinho há tanto tempo, eu vim pra ficar juntinho de você.
E sem dizer mais nada, sentou-se em uma cadeira, onde permaneceu em silêncio, feliz por estar ao lado do pai observando-o trabalhar.
Como Deus se alegraria se fôssemos simples assim, buscando-o, não para pedir-lhe bênçãos ou soluções para nossos problemas, mas simplesmente para estar a seu lado, tão-somente por desejar desfrutar sua companhia.
Esta é uma experiência espiritual profunda que todos devemos almejar: buscar o Senhor não pelo que Ele faz, mas pelo que Ele é.

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10 de julho de 2006

Amor Sempre... Amar o que é?

É incrível! Como viver sem ser amado? E sem amar? Mas cuidado com os enganos. O reflexo não é a luz, o espelho não é a face. A mulher da minha vida não é a mulher de um só instante. Contentar-se com pouco no amor, é não conhecer o amor.

Entre as muitas formas de amar, há a amizade, o amor dos pais pelos filhos, o amor que conduz ao sacrifício por alguém. O amor exclusivo de uma mulher e de um homem que se unem pelo matrimônio. O amor que nos surpreende para o bem de uma causa grandiosa.
Para encontrar a verdade do amor entre um homem e uma mulher, é necessário refletir: o que é que nele, ou nela, exerce em mim esta atração?

- Será a utilidade ou os serviços que o outro pode me prestar?

- Será o prazer (qualquer que ele seja) que eu experimento quando estou com ele, e que nós podemos partilhar em conjunto?

- Serão os sentimentos que eu experimento em relação ao outro?

Uma relação fundada assim, como facilmente se percebe, seria imperfeita: o outro acabaria por ser reduzido a um objeto. Ele seria um meio para mim. Paradoxalmente, eu estou, com efeito, voltado para mim mesmo.

Amar verdadeiramente, é amar a outra pessoa por ela mesma. Um amor profundo é, em primeiro lugar, sentir-me de tal maneira atraído pelo outro que eu desejo a sua felicidade. Não o amo unicamente por causa daquilo que ele me dá, mas o amo em primeiro lugar por ser ele (ou ela).

Com muito mais razão ainda, numa relação assim, as duas pessoas serão suscetíveis de experimentar sentimentos, prazer, ou de se prestarem serviços mutuamente. Mas o fundamento da relação é a própria pessoa, muito além das suas qualidades e defeitos aparentes.

Amar implica portanto da minha parte, uma escolha livre: é decidir amar o outro, voltar-me livremente de forma decidida em direção ao outro. Não se pode amar verdadeiramente sem uma certa doação da nossa liberdade ao outro. Supõe-se que essa decisão seja recíproca, pois aí está a condição da relação, uma vez que procurar a felicidade daquele ou daquela que me ama, é contribuir para a minha própria felicidade. O amor é assim: dom mútuo e livre.
Claro que nem sempre é assim tão fácil.

Nós estamos sujeitos às mudanças de humor, à rotina da vida quotidiana, às dificuldades que podem surgir, ao nosso egoísmo também. O amor é frágil... Será que eu ainda o vou amar daqui a 20 anos? Serei eu capaz de suportar este ou aquele defeito? Será o amor possível ao longo de toda a vida? Nas dificuldades, na doença?

Na realidade, se a nossa relação está enraizada numa decisão livre e recíproca, ela pode crescer. Porque o amor não é dar de uma vez por todas. Desconfiemos do "amor à primeira vista" que, mesmo sendo cheio de entusiasmo, não passa de uma emoção muito forte que não corresponde forçosamente a um amor profundo.

Se o amor é uma relação pessoal, então ele se constrói e se aprofunda com o tempo e numa confiança cada vez maior um no outro. Isto faz-se no diálogo, renova-se dia a dia através dos gestos e das atitudes que mostram ao outro o lugar privilegiado que ele ocupa na nossa vida. E os acontecimentos, as dificuldades e as alegrias partilhadas podem também contribuir para uma intimidade cada vez maior, na medida em que, acima das dificuldades, existe o fato de nos voltarmos um para o outro.

O amor não é portanto a simples fusão de duas pessoas, mas o dom mútuo de dois seres livres, com tudo o que eles são: corpo, coração e espírito, assim como o bem precioso que é a vida. A lógica do amor é aspirar a um dom definitivo. Só uma decisão recíproca e para o resto da vida, permite que o amor humano atinja um certo absoluto, podendo assim satisfazer o nosso coração.
Para o cristão, a fonte e o modelo de todo amor é Deus. Ele nos ama antes de nós sequer termos amado e Ele nos ama mesmo quando nós já não somos amados. Não será Ele esse "Bem Supremo", que nós procuramos?

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6 de junho de 2006

Carta de São Paulo aos cristãos de hoje

"Se eu aprender inglês, alemão e chinês, e dezenas de outros idiomas, mas não souber me comunicar como pessoa, de nada valem as minhas palavras?

Se eu concluir um curso superior, andar de anel no dedo, freqüentar cursos e mais cursos de atualização, mas viver distante dos problemas do povo, minha cultura não passa de inútil erudição.

Se eu morar no Nordeste, mas desconhecer os problemas e sofrimento de minha região e fugir para férias no Sul, até na América ou Europa, e na fizer pela promoção do homem, não sou cristão.

Se eu possuísse a melhor casa de minha rua, a roupa mais avançada da moda, e não me lembrar que sou responsável por aqueles que moram na minha cidade e andam de pé nos chãos, e se cobre de molambo, sou apenas um manequim colorido.

Se eu passar os finais de semana em festa e programas, sem ver a fome, o desemprego, o analfabetismo e a doença, sem escutar o grito abafado do povo que se arrasta à margem da história, não sirvo para nada.

O Cristão não foge dos desafios de sua época. Não fica de braços cruzados, de boca fechada, de cabeça vazia; não tolera a injustiça, nem diante das desigualdades gritantes de nosso mundo; luta pela verdade e pela justiça, com as armas do AMOR.

O Cristão não desanima, nem se desespera diante das derrotas e dificuldades, porque sabe que á única coisa, que vai sobrar de tudo isso, é o AMOR".

Autor: Dom Hélder Câmara

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23 de maio de 2006

A ponte para o céu

A nossa vida é uma tela em branco e nós podemos pintá-la como quisermos. As tintas e pincéis Deus colocou ao nosso alcance, o resto depende de nós. Não devemos pintar a tela de nossa vida com figuras desagradáveis sombreadas de tristeza e desatino. Ás vezes a nossa vida fica como uma floresta sem saída. Para todo lado que viramos tem um "espinho" simbolizando em impecilho para a conquista de uma vida melhor. É neste momento que devemos lembrar que nossa arma também tem nome: "Oração". Felizes foram São Vicente e Ozanam que pintaram nas telas de suas vidas um arco íris de caridade e quando suas vidas pareciam uma floresta sem saída, buscaram nas orações as forças necessárias para encontrar um caminho de luz, que indicava com certeza uma ponte para o céu.

Autor: Confrade José Dias

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18 de maio de 2006

Perpétuo Socorro

Na ilha de Creta havia um quadro da Virgem Maria muito venerado devido aos estupendos milagres que operava. Certo dia, porém, um rico negociante, pensando no bom preço que poderia obter por ele, roubou-o e levou-o para Roma. Durante a travessia do Mediterrâneo, o navio que transportava a preciosa carga foi atingido por terrível tempestade, que ameaçava submergi-lo. Os tripulantes, sem saber da presença do quadro, recorreram a Virgem Maria. Logo a tormenta amainou, permitindo que a embarcação ancorasse, sendo salva num porto italiano. Algum tempo depois o ladrão faleceu e a Santíssima Virgem apareceu a uma menina, filha da mulher que guardava a pintura em sua casa, avisando que a imagem de Santa Maria do Perpétuo Socorro deveria ser colocada numa igreja.
O milagroso quadro foi então solenemente entronizado na capela de São Mateus, em Roma, no ano de 1499, e aí permaneceu recebendo a homenag dos fiéis durante três séculos, até que o templo foi criminosamente destruído. Os religiosos se dispersaram e a santa caiu no esquecimento. Finalmente em 1866 a milagrosa efígie foi conduzida triunfalmente ao seu atual santuário por ordem do Santo Padre, que recomendou aos filhos de Santo Afonso de Ligório: - "Fazei que todo o mundo conheça o Perpétuo Socorro".

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16 de maio de 2006

A Paz e a Harmonia

"Nossa alma é como um jardim. Cada planta e cada semente correspondem a cada um dos nossos sentimentos. As nossas atitudes e os nossos hábitos correspondem à maneira como cuidamos do nosso jardim. Podemos podar certos sentimentos e regar outros. Podemos adubar, prevenir pragas, arar a terra, fazer queimadas, podemos produzir frutas, hortas ou flores e podemos até optar por monoculturas...

Atitudes e hábitos que aprendemos na Doutrina Cristã nos permitem renascer pelo Espírito Santo e, assim, podemos evoluir espiritualmente! Assim poderemos podar o orgulho próprio, regar a solidariedade, prevenir pragas na caridade e aplicar o adubo na partilha. Faremos queimadas no ódio, na inveja e na vingança. Limparemos e araremos a preguiça, a fofoca, o ciúmes e a vaidade. Optaremos por produzir frutos no setor da amizade, "hortas da felicidade" ou as flores do amor, assim, desenvolveremos a fé...

Dessa forma, haverá a paz, a harmonia, o bem comum e o equilíbrio em nossa cidade..."

Autor: Rogério Simão

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13 de maio de 2006

A Águia e a Galinha

Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei\rainha de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
Esse pássaro ai não é galinha. É uma águia.
De fato - disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em uma galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
Não - retrucou o naturalista. Ela será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração há fará um dia voar ás alturas.
Não, não - insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
Já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
Não - tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa e sussurou-lhe:
Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou á carga:
Eu lhe havia dito, que ela virou galinha!
Não respondeu firmemente naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda mais uma vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram à águia, levaram na para fora da cidade, longe das casas e dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Neste momento, ela abriu suas, grasnou com um típico Kau-Kau das águias e ergueu-se soberana sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o auto, a voar cada vez para mais auto. Voou... Voou... Até confundir-se com o azul do firmamento...

James Aggrey em "A águia e a galinha" de Leonardo Boff.

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