23 de agosto de 2010

Harmonia sexual entre o casal

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Se tirarmos o amor, o sexo se transforma em mera prostituição
O bom relacionamento sexual na vida do casal é de fundamental importância para a sua harmonia. A primeira necessidade é conhecer o sentido da vida sexual no plano de Deus. O sexo tem duas dimensões na vida conjugal: unitiva e procriativa. A dimensão unitiva significa que o sexo é um meio de unidade do casal. Mais do que nunca é no relacionamento sexual que eles se tornam "uma só carne" . O ato sexual, para o casal, é a mais intensa manifestação do seu amor; é a celebração do amor no nível afetivo e sensitivo. Portanto, não pode haver sexo sem profundo amor; ele só pode ser vivido no casamento, porque só no casamento existe um compromisso de vida para toda a vida e a responsabilidade de assumir as suas consequências, especialmente os filhos.

O que faz do sexo algo perigoso e desordenado é exatamente o seu uso fora de uma realidade de manifestação de amor. Se tirarmos o amor, o sexo se transforma em mera prostituição: sexo sem amor, sem compromisso. Aquele que usa da prostituta não tem responsabilidade sobre ela; não se importa se amanhã ela estará doente, desempregada, passando fome ou morrendo de AIDS. Ela foi apenas um instrumento de prazer, que foi alugado por alguns instantes. É o grande desvirtuamento de uma das realidades mais lindas criadas por Deus. Se ao criar todas as coisas, "Deus viu que tudo era bom" (cf. Gen 1,10), também o sexo, já que foi feito com a bela finalidade de gerar a vida e unir os esposos. Se ele fosse sujo, em si mesmo, a criança não poderia ser tão bela e inocente. Nossos filhos vieram ao mundo porque tivemos relações sexuais. Deus, na Sua sabedoria, quis assim; quis que, no auge da celebração do amor do casal, o filho fosse gerado, para que este não fosse apenas "carne da carne dos pais", mas "amor do seu amor". A Igreja sempre viu com olhos claros esta realidade. São Paulo, há vinte séculos, já dava orientação segura aos fiéis de Corinto sobre isso: "O marido cumpra o seu dever para com a sua esposa e da mesma forma também a esposa o cumpra para com o marido.

A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence a seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa. Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois retornais um para o outro, para que não vos tente Satanás por vossa incontinência" (I Cor 7, 3-5).

Com essas orientações o apóstolo dos gentios mostra a legitimidade da vida sexual no casamento e até pede que os casais não se abstenham dela por muito tempo, dizendo: "Não vos recuseis um ao outro". E pede que cada um "cumpra o seu dever" para com o outro. Como não ver nessas palavras do apóstolo um pedido aos cônjuges, para que satisfaçam as legítimas aspirações do outro? É claro que a luz a guiar este relacionamento há de ser sempre o amor e nunca o egoísmo.

Haverá épocas na vida do casal em que a relação sexual será impossível. Quando a esposa está grávida, já próximo de dar à luz, após o parto, quando passa por uma cirurgia, entre outros. Nessas ocasiões, e em muitas outras, por bom senso, mas também por caridade para com a esposa, o esposo há de respeitá-la.

O fato de o sexo ser legítimo no casamento,– e só no casamento –, não quer dizer que nele "vale tudo" como se diz. Não somos animais irracionais; aliás, nem os animais irracionais fazem estrepolias em termos de sexo. Ao contrário, são extremamente naturais. A moral católica se rege pela "lei natural", que Deus colocou no mundo e no coração do homem. Aquilo que não está de acordo com a natureza, não está de acordo com a moral. Será que, por exemplo, o sexo oral ou anal estão de acordo com a natureza? Certamente não.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos ensina o seguinte: "Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido" (CIC, 2362; GS, 49). Tenho ouvido esposas que se queixam dos maridos que as obrigam a fazer o que elas não querem nem aceitam no ato sexual. Neste caso, será uma violência obrigá-las a isso. Aquilo que cada um aceita, dentro das características psicológicas de cada um, não sendo uma violência à lei natural, pode ser vivido com liberdade pelo casal.

É legítimo que o esposo prepare a esposa para que haja a harmonia sexual; isto é, ambos atingirem juntos o orgasmo. O esposo deve se guiar exatamente pela orientação da esposa, que saberá mostrar-lhe naturalmente o que ela precisa para chegar ao orgasmo com ele. Não é fácil, muitas vezes, o ajustamento sexual do casal; e, algumas vezes, precisa-se de anos para que ele aconteça. Também aí há de haver a paciência e a bondade de um para com o outro, para ajudá-lo a superar as suas dificuldades. Mas tudo se resolve se houver esses ingredientes.

(Trecho do livro "Família, santuário da vida" do professor Felipe Aquino).

Harmonia sexual entre o casal

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Se tirarmos o amor, o sexo se transforma em mera prostituição
O bom relacionamento sexual na vida do casal é de fundamental importância para a sua harmonia. A primeira necessidade é conhecer o sentido da vida sexual no plano de Deus. O sexo tem duas dimensões na vida conjugal: unitiva e procriativa. A dimensão unitiva significa que o sexo é um meio de unidade do casal. Mais do que nunca é no relacionamento sexual que eles se tornam "uma só carne" . O ato sexual, para o casal, é a mais intensa manifestação do seu amor; é a celebração do amor no nível afetivo e sensitivo. Portanto, não pode haver sexo sem profundo amor; ele só pode ser vivido no casamento, porque só no casamento existe um compromisso de vida para toda a vida e a responsabilidade de assumir as suas consequências, especialmente os filhos.

O que faz do sexo algo perigoso e desordenado é exatamente o seu uso fora de uma realidade de manifestação de amor. Se tirarmos o amor, o sexo se transforma em mera prostituição: sexo sem amor, sem compromisso. Aquele que usa da prostituta não tem responsabilidade sobre ela; não se importa se amanhã ela estará doente, desempregada, passando fome ou morrendo de AIDS. Ela foi apenas um instrumento de prazer, que foi alugado por alguns instantes. É o grande desvirtuamento de uma das realidades mais lindas criadas por Deus. Se ao criar todas as coisas, "Deus viu que tudo era bom" (cf. Gen 1,10), também o sexo, já que foi feito com a bela finalidade de gerar a vida e unir os esposos. Se ele fosse sujo, em si mesmo, a criança não poderia ser tão bela e inocente. Nossos filhos vieram ao mundo porque tivemos relações sexuais. Deus, na Sua sabedoria, quis assim; quis que, no auge da celebração do amor do casal, o filho fosse gerado, para que este não fosse apenas "carne da carne dos pais", mas "amor do seu amor". A Igreja sempre viu com olhos claros esta realidade. São Paulo, há vinte séculos, já dava orientação segura aos fiéis de Corinto sobre isso: "O marido cumpra o seu dever para com a sua esposa e da mesma forma também a esposa o cumpra para com o marido.

A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence a seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa. Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois retornais um para o outro, para que não vos tente Satanás por vossa incontinência" (I Cor 7, 3-5).

Com essas orientações o apóstolo dos gentios mostra a legitimidade da vida sexual no casamento e até pede que os casais não se abstenham dela por muito tempo, dizendo: "Não vos recuseis um ao outro". E pede que cada um "cumpra o seu dever" para com o outro. Como não ver nessas palavras do apóstolo um pedido aos cônjuges, para que satisfaçam as legítimas aspirações do outro? É claro que a luz a guiar este relacionamento há de ser sempre o amor e nunca o egoísmo.

Haverá épocas na vida do casal em que a relação sexual será impossível. Quando a esposa está grávida, já próximo de dar à luz, após o parto, quando passa por uma cirurgia, entre outros. Nessas ocasiões, e em muitas outras, por bom senso, mas também por caridade para com a esposa, o esposo há de respeitá-la.

O fato de o sexo ser legítimo no casamento,– e só no casamento –, não quer dizer que nele "vale tudo" como se diz. Não somos animais irracionais; aliás, nem os animais irracionais fazem estrepolias em termos de sexo. Ao contrário, são extremamente naturais. A moral católica se rege pela "lei natural", que Deus colocou no mundo e no coração do homem. Aquilo que não está de acordo com a natureza, não está de acordo com a moral. Será que, por exemplo, o sexo oral ou anal estão de acordo com a natureza? Certamente não.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos ensina o seguinte: "Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido" (CIC, 2362; GS, 49). Tenho ouvido esposas que se queixam dos maridos que as obrigam a fazer o que elas não querem nem aceitam no ato sexual. Neste caso, será uma violência obrigá-las a isso. Aquilo que cada um aceita, dentro das características psicológicas de cada um, não sendo uma violência à lei natural, pode ser vivido com liberdade pelo casal.

É legítimo que o esposo prepare a esposa para que haja a harmonia sexual; isto é, ambos atingirem juntos o orgasmo. O esposo deve se guiar exatamente pela orientação da esposa, que saberá mostrar-lhe naturalmente o que ela precisa para chegar ao orgasmo com ele. Não é fácil, muitas vezes, o ajustamento sexual do casal; e, algumas vezes, precisa-se de anos para que ele aconteça. Também aí há de haver a paciência e a bondade de um para com o outro, para ajudá-lo a superar as suas dificuldades. Mas tudo se resolve se houver esses ingredientes.

(Trecho do livro "Família, santuário da vida" do professor Felipe Aquino).

21 de agosto de 2010

O mundo vive como se Deus não existisse

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No entanto, ninguém é feliz se não viver as Leis Divinas
Nosso mundo moderno e autossuficiente, infelizmente, já não precisa mais de Deus; vive como se o Todo-poderoso não existisse, e agora sofre. O Papa Bento XVI disse que o homem moderno construiu um mundo que não tem mais lugar para o Senhor.

Os homens criaram milhares de leis e muitos códigos de Direito para serem felizes, mas, infelizmente, não querem obedecer a apenas Dez Mandamentos, dados a nós pelo Criador para nossa felicidade. Se seguíssemos voluntariamente esses Mandamentos Divinos, não seriam necessários tantos códigos de leis e tantos presídios. Mas ninguém pode seguir os Mandamentos de Deus se não amar a Deus.

Não há lei melhor do que a dada a nós por Deus. Ele nos criou por amor e para o amor, "para participar de sua vida bem-aventurada" (Catecismo da Igreja Católica §1), nos deu leis sábias e santas para chegarmos a essa felicidade. Ou será que alguém é melhor do que Deus e pode nos dar leis e preceitos melhores para vivermos? Não. Ninguém é melhor do que Deus Pai; ninguém é mais sábio, douto e santo do que Ele.

É a religião que dá base moral a todas as outras atividades. Como disse Dostoiwiski – em "Os Demônios" – "Se Deus não existe, então, eu sou deus". E faço o que eu quero, vivo segundo as "minhas" pobres leis. Esta é hoje a grande ameaça à humanidade: o homem ocupa o lugar de Deus. Como disse o saudoso Papa João Paulo II: no século XX os falsos profetas se fizeram ouvir.

"A Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes, e atinge até à divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4,12).

Por isso, ninguém é feliz se não viver as Leis Divinas, e a razão é simples: Ele é nosso Criador e nos conhece como ninguém. Santo Agostinho afirmou: "Quando Deus te fascinar, serás livre".

O Senhor sabe tudo a nosso respeito; toma conta de tudo e nos ama. Por essa razão, nos deu leis e mandamentos sábios; seremos insensatos se não os seguirmos.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

18 de agosto de 2010

Vida Religiosa

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É comum associar tal expressão à vida reclusa
É comum associar a expressão "vida religiosa" a uma vida reclusa, como a das freiras enclausuradas. Mas, na verdade, toda pessoa que crê no Pai do céu, no Seu projeto, no destino que Ele traçou para as criaturas, obviamente deve ter uma vida religiosa. Não se pode conhecer uma verdade, acreditar nela e não se pronunciar a respeito. Há de haver uma reação. Portanto, acreditamos que vida religiosa é aquela que todos nós devemos viver.

Conhecendo o mistério da magnífica criação do mundo, conhecendo as nossas falhas, conhecendo a misericórdia divina, através da Bíblia e, principalmente, através dos relatos da Paixão de Jesus Cristo, que veio ao mundo para nos remir de nossas faltas e para nos ensinar a construir a felicidade, temos de tomar uma atitude com relação a tudo isso e essa atitude é a nossa vida religiosa. Religião é palavra oriunda do latim (re+ligare) e significa "religação, nova ligação", ligação do que foi quebrado e restaurado.

Para o cristão, a Ressurreição é a etapa conclusiva da salvação. No Evangelho, encontramos o fato, a dinâmica e todo o objetivo da vida que, em Maria, se realiza de maneira plena e livre. Nosso destino é um novo céu, não um céu "lá em cima", porque céu não é um lugar, mas um estado.

Maria Santíssima é o modelo do perfeito discípulo. A sua vida foi toda uma vida religiosa, não fora do mundo, mas atuante no mundo, para Deus e pelos irmãos. Na atitude da Virgem Maria, ser humano realizado, toda pessoa encontra inspiração de vida, fé e amor: o projeto se torna realidade; o mal é vencido; o amor triunfa.

Vida religiosa é isto: é o indivíduo ver, em cada momento e em cada circunstância de sua vida, a presença amorosa de Deus e responder a esse amor, não importa o que der e vier, como "a serva do Senhor": faça-se em mim segundo a Vossa vontade. E dentre aqueles que vivem uma vida religiosa nós rezamos especialmente por todos os que têm uma vida consagrada, contemplativa ou não, os religiosos que, seguindo aos conselhos evangélicos da pobreza, obediência e castidade, se colocam mais proximamente na radicalidade do serviço e do anúncio do Evangelho ao mundo.

Que os religiosos, os frades, as freiras, os monjes e as monjas possam crescer cada vez mais no testemunho e na ação pastoral da Igreja de Cristo.

Padre Wagner Augusto Portugal
Vigário Judicial de Campanha (MG)

16 de agosto de 2010

Necessidade do jejum

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Jejuar não é simplesmente passar fome
Não existe uma forma menos "sofrida" de adquirir a virtude da temperança? João Cassiano (370-435) explica por que é necessário que o corpo sofra um pouco. A razão é muito simples: não é possível cometer o pecado da gula sem a cooperação do corpo. E isso é evidente, já que os anjos, por exemplo, não podem pecar por gula, no sentido próprio da palavra. Ora, se é com o corpo que acontece o pecado, o combate à doença da gastrimargia só pode acontecer caso o corpo entre na luta. Por isso se deve fazer jejum.

Estes dois vícios [a gula e a luxúria] por não se consumarem sem a participação da carne, exigem, além dos remédios espirituais, a prática da abstinência. Na verdade, para quebrar os seus grilhões, não basta o propósito do espírito (como acontece em relação à ira, à tristeza e às outras paixões que, sem afligir o corpo, a alma sozinha consegue vencer), mas é imprescindível a mortificação corporal pelos jejuns, as vigílias e os trabalhos que levam à contrição, podendo-se acrescentar também a fuga das ocasiões insidiosas. Sendo tais vícios oriundos da colaboração da alma e do corpo, não poderão ser vencidos sem ambos se empenharem neste processo.

Nós, mediócres que somos, não temos a maturidade necessária para a santidade, por isso não seríamos capazes de nos manter em ordem, naquele equilíbrio que "tempera" a vida, sem o auxílio do jejum.

Com o jejum somos capazes de rechaçar as incursões hostis da sensualidade e libertar o espírito para que se eleve a regiões mais altas, onde possa ser saciado com os valores que lhes são próprios. É a imagem cristã do homem quem exige estes voos. Devemos estar prontos para a renúncia e a severidade de um caminho que termina com a instauração da pessoa moral completa, livre e dona de si mesma, porque um dever natural nos impulsiona a ser aquilo que devemos ser por definição.

Nunca é demais insistir no fato de que o jejum não nasce de corações ressentidos e que odeiam a vida. A Igreja e os seus santos sempre reconheceram a bondade fundamental desta vida e dos alimentos que a sustentam. Um santo não é um faquir, e o ideal ascético cristão nunca foi o de deitar numa cama de pregos ou engolir cacos de vidro.

Desde o Novo Testamento, a Igreja sempre condenou o "destempero" dos santarrões e das suas seitas.

Jejuar não é simplesmente passar fome. Se assim o fosse, a anorexia das modelos seria virtude heroica e os famélicos da história poderiam ser canonizados. Mas a simples fome não santifica ninguém. Para que dê o seu fruto, o jejum deve ser acompanhado de uma atitude espiritual adequada, pois a doença espiritual que desejamos curar é, seja permitida a redundância, espiritual.

O pecado não está no alimento, mas no desejo. São Doroteu de Gaza (século VI) explica isso a partir de uma comparação com o casamento. O ato sexual realizado por um devasso pode ser externamente idêntico ao de um esposo, mas sua natureza é completamente diferente. Nos atos humanos, a intenção não é um mero detalhe. Assim também é na alimentação. O homem sadio e o homem que sofre de gastrimargia podem comer os mesmos alimentos nas mesmas quantidades, mas somente o doente comete idolatria.

Quando, diante dos alimentos, nos esquecemos de Deus e começamos a desejar o nosso próprio bem, mais do que a glória de Deus, geramos uma desordem no nosso próprio ser.

(Trechos extraídos do livro "Um olhar que cura - Terapia das doenças espirituais" pag. 64 a 69)

Pe. Paulo Ricardo

12 de agosto de 2010

A virtude da castidade

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É importante guardar rigorosamente os sentidos
A virtude que se opõe à luxúria é a castidade. Por causa da expressão "voto de castidade", muitos pensam que essa virtude esteja reservada para aqueles que não desejam se casar. Isso não é verdade.

A castidade é uma virtude para todos os cristãos: seja para os que ainda vivem num estado de vida transitório como solteiros, seja para os que já estão comprometidos com o celibato ou com o matrimônio.

A castidade é a virtude que permite consagrar a Deus a capacidade de desejar e de amar. E esta é uma necessidade de todo cristão.

Diante da doença da luxúria, a nossa atitude fundamental deveria ser de total confiança na graça de Deus e completa desconfiança de nós mesmos.

São Felipe Neri (1515 – 1595), o grande santo do bom humor, expressava essa atitude numa oração exemplar: "Ó meu Deus, não confieis em Felipe, porque caso contrário, ele trair-vos-á". Esta confiança em Deus e desconfiança de si deveria ser aplicada não somente à vivência da castidade, mas tambem à nossa capacidade de conhecer a verdade da sexualidade. Quando se trata do mundo afetivo-sexual, o conhecimento da verdade pode ser alcançado, mas geralmente nos deparamos com armadilhas colocadas por nossa afetividade e sexualidade feridas.

Quando falamos de verdade da sexualidade, devemos levar em consideração que a palavra "verdade" pode ser compreendida a partir de dois pontos de vista: de Deus e do homem.

a) Verdade divina – Quando Deus pensa a verdade, Ele cria. Do ponto de vista de Deus, uma coisa é verdadeira se ela estiver de acordo com o divino projeto d'Ele. Antes da existência das coisas, o Todo-poderoso as pensou, e este "pensamento" é a verdade a respeito da criação. Quando uma criatura se afasta dessa verdade, ela está necessariamente se afastando de seu próprio ser. Este fenômeno é conhecido como morte.

b) Verdade humana – Quando o homem pensa a verdade, ele obedece. A verdade não é uma coisa que podemos projetar, inventar ou criar. O homem é uma criatura, por isso, se desejar conhecer a verdade, deverá humildemente mergulhar nas coisas, que já foram previamente criadas-pensadas por Deus. Para o homem, a verdade, neste mundo, estará sempre marcada pelo aspecto da busca e, uma vez encontrada, da obediência. Como já dizia Platão: "Uma verdade conhecida é uma verdade obedecida".

Em resumo, para as coisas serem verdadeiras, elas precisam se adaptar a Deus (a); para o homem conhecer a verdade, ele precisa se adaptar às coisas (b). Mas, com o pecado original, o ser humano desenvolve dentro de si uma tendência de ocupar o lugar de Deus Pai. O homem, principalmente o homem moderno, está farto de obedecer à verdade (b), e se decidiu por construir ele mesmo a "sua" verdade, comportar-se como Deus criador (a).

O fato de o corpo contribuir para o surgimento da paixão pela luxúria requer que ela seja combatida também com remédios que envolvam o corpo. Uma vez que não vivemos isolados como os eremitas, é importante guardar rigorosamente os sentidos, especialmente o olhar e o tato. Quem crê que pode tudo, ouvir tudo e ver tudo se recusa a dominar a própria imaginação e suas necessidades afetivas. Na era da internet, da televisão e do cinema, é necessário mais que nunca escolher aquilo que vemos, para não transformar o nosso mundo interior numa lata de lixo. E apesar de escolhermos o que vamos assistir, devemos saber limitar a quantidade.

O controle do tato também é muito importante. A atitude espiritual diante do toque depende também das diferentes culturas e da sensibilidade de cada pessoa. Por isso se quiser encontrar um critério objetivo, seria oportuno que cada um observasse com sinceridade as consequências dos contatos gestuais nos sinais do próprio corpo e da própria fantasia.

(Artigo extraído do livro "Um olhar que cura", p. 103/104/109/113)

Pe. Paulo Ricardo

9 de agosto de 2010

A confissão e seus efeitos

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Este sacramento nos reconcilia com a Igreja
Toda a força da penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade. Portanto, a finalidade e o efeito deste sacramento são a reconciliação com o Senhor. Os que recebem o sacramento da penitência, com coração contrito e disposição religiosa, "podem usufruir da paz e tranquilidade da consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação espiritual. Com efeito, o sacramento da reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira "ressurreição espiritual, uma reconstituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade de Deus.

A fórmula da absolvição em uso na Igreja latina exprime os elementos essenciais deste sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte de todo perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela páscoa de seu filho e pelo Dom do Espirito, através da oração e ministério da Igreja.

"Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo Ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo" (Ritual Romano, Rito da Penitência).

Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do purgatório a remissão das penas temporais, consequências dos pecados. Este sacramento nos reconcilia com a Igreja. O pecado rompe ou quebra a comunhão fraterna. O sacramento da penitência a repara ou restaura. Neste sentido, ele não cura apenas aquele que é restabelecido na comunhão eclesial, mas também há um efeito vivificante sobre a vida da Igreja, que sofreu com o pecado de um de seus membros.

Não devemos esquecer que a reconciliação com Deus tem como consequencia, por assim dizer, outras reconciliações capazes de remediar outras rupturas ocasionadas pelo pecado: o penitente perdoado reconcilia-se consigo mesmo no íntimo mais profundo de seu ser, quando recupera a própria verdade interior; reconcilia-se com os irmãos que, de alguma maneira, ofendeu e feriu; reconcilia-se com a Igreja; e reconcilia-se com toda a criação.

Neste sacramento, o pecador, entregando-se ao julgamento misericordioso do Todo-poderoso, antecipa, de certa maneira, o julgamento a que será sujeito no fim da vida terrestre. Pois é agora, nesta vida, que nos é oferecida a escolha entre a vida e a morte, e só pelo caminho da conversão poderemos entrar no Reino do qual somos excluídos pelo pecado grave. Convertendo-se a Cristo pela penitêcia e pela fé, o pecador passa da morte para a vida "sem ser julgado" (cf. Jo 5,24).

(Trecho extraído do livro "Os sete sacramentos" # 60,61,62)

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

7 de agosto de 2010

Ser pai hoje

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Seu modo de ser vai influir na formação dos filhos
Quando Deus escolheu José para ser pai adotivo de Jesus, Ele queria que o Menino tivesse uma referência de família aqui na terra. E uma referência excelente, é claro, tal o valor que o Pai Eterno dá à família e à figura do pai. José, da casa de Davi, não foi escolhido somente por isso. Ele tinha todas as qualidades para ser o pai de Jesus Cristo: homem temente a Deus, honesto, trabalhador, digno, carinhoso, extremamente religioso, colocando somente a sua confiança em Deus. Assumiu a situação mesmo antes de compreendê-la realmente, porque tinha por Maria muito amor, respeito e sentimento de proteção.

O pai é importante na família porque seu exemplo, seu carinho, seu modo de ser vai influir grandemente na formação do caráter dos filhos.

Sabemos que há pais descompromissados, que abandonam mãe e filhos, sem contribuir com o seu amor, com o seu bom exemplo, com a sua responsabilidade. Mas estamos falando não apenas do pai biológico, mas daquele pai amoroso, espelho do Pai do Céu, que gera, cria, educa, ama, ensina, está sempre presente na vida do filho.


Deus nos dá o Espírito Santo para que saibamos vencer os obstáculos que o mundo nos apresenta e que aparecem também quando não temos bons exemplos dentro do lar. Mas um pai afetuoso, enérgico, cuidadoso, honrado traz a presença do Espírito Santo na sua família porque ele é o amparo e a proteção de que a família necessita.

No mundo atual, cheio de consumismo, a mãe se vê na contingência de trabalhar fora para ajudar nas despesas da casa. Entretanto, a proteção, não a proteção financeira somente, mas a proteção moral, o apoio, a mão estendida do pai é imprescindível na vida de todo ser humano.

Hoje é difícil ser um verdadeiro pai. A sociedade tem valorizado muito pouco a família. Os pais, na ânsia de poder e riqueza, ou no afã de ganhar a vida para o sustento da família, se esquecem do sustento espiritual, do bom exemplo, do companheirismo, da austeridade, os quais, muitas vezes, se fazem necessários. Poucos são os pais que realmente dão uma educação viva e atuante no campo da fé aos seus filhos, dando o exemplo da participação dominical da Santa Missa e da vivência dos sacramentos. Os discursos emocionam, mas os exemplos dos pais carregam os filhos para o seio da vida comunitária, eclesial e religiosa da Igreja.

Que Deus abençoe os pais não apenas no dia que lhes é consagrado, mas em todos os dias de sua existência e os faça mudar a realidade, trazendo seus filhos para uma vida responsável e digna. Desta forma, os pais de amanhã serão mais presentes e o mundo será melhor. Que São José, pai nutrício de Jesus Cristo, abençoe a todos os nossos pais!

Assista: O papel do pai na educação dos filhos

Padre Wagner Augusto Portugal
Vigário Judicial da Campanha (MG)

5 de agosto de 2010

Padre, o canal da misericórdia de Deus

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Dia do Sacerdote, rezemos por eles
4 de agosto, dia em que a Igreja celebra São João Maria Vianney, celebramos também o Dia do Padre. O Padre - como está escrito em Hb 5: "Um homem tirado por Deus do meio do povo e colocado a serviço desse mesmo povo nas coisas de Deus!" - é em tudo e em primeiro lugar um homem de Deus, alguém que foi escolhido por Ele para ser o sinal visível da Sua presença no meio do mundo.

Na divulgação da misericórdia o padre tem um papel fundamental, inclusive porque ele é o primeiro ministro da misericórdia de Deus já que administra o sacramento da misericórdia, que é a confissão. No segundo dia da Novena da Misericórdia ditada por Jesus a Santa Faustina, Ele mesmo declarou: "Hoje, traze-me as almas dos sacerdotes […] e mergulha-as na minha insondável misericórdia. Elas me deram força para suportar a amarga paixão. Por elas, como por canais, corre sobre a Humanidade a minha insondável misericórdia!" (Diário 1212).

O sacerdote é aquele que é um canal pelo qual corre, sobre a humanidade, a misericórdia de Deus.

De fato, o padre é aquele que, melhor que ninguém, é utilizado por Jesus Misericordioso para distribuir ao povo de Deus o Sangue e Água que jorraram do Seu Coração, que são os sacramentos da Igreja. Cristo deseja que os sacerdotes anunciem Sua misericórdia: "Desejo que os sacerdoetes anunciem essa Minha grande Misericórdia para com as almas pecadoras".

Assim sendo, neste Dia do Padre, reze por nós sacerdotes para que possamos ser estes distribuidores da Misericórdia de Deus para o mundo e para que vivamos com fidelidade nosso chamado.

Padre Antônio Aguiar

4 de agosto de 2010

O idoso na Igreja e na Sociedade

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O amor não tem idade
O mundo atual tem provocado uma grande inversão de valores. Antigamente, os mais velhos eram mais respeitados porque se acreditava que a sua experiência conferia sabedoria aos demais. Os conselhos, as advertências deles eram de grande valia na solução dos obstáculos que os jovens deveriam enfrentar. Havia mesmo um consenso popular de que se deveriam respeitar os cabelos brancos dos idosos.

Sabemos que idade não confere a ninguém santidade, mas sabemos também que os idosos já sofreram mais decepções, já lutaram, já realizaram alguma coisa que os mais novos estão começando a querer realizar. Além disso, os sofrimentos por que passa uma pessoa que já viveu mais burilam o seu Ser, tornando-a mais capaz de compreender a vida como um todo.

O episódio da pecadora que estava sendo apedrejada nos remete a uma reflexão oriunda de um pequeno detalhe. Quando Jesus adverte de que quem não tiver culpa atire a primeira pedra, o texto fala que todos foram saindo, a começar pelos mais velhos.

Bem, podemos pensar que os mais velhos, por terem vivido mais, erraram mais. Porém, podemos pensar também que os mais velhos, justamente por terem vivido mais, têm maior consciência de suas faltas, por experiência e por terem desenvolvido, através dos anos, maior consciência do que é certo ou errado.

Grande parte ou a maioria das pessoas tem preconceito contra o idoso. Acham que ele é "gagá", que não fala coisa com coisa, que está desatualizado. Mas se esquecem de que esse velho "gagá" foi quem construiu alguma coisa para que ele, jovem, hoje, tenha condições de vida melhor. Esquece-se também de que os jovens de hoje serão os velhos de amanhã e com menos jovens para cuidar deles.

Na Igreja também sentimos, às vezes, esse preconceito, infelizmente. Alguns preferem ouvir a homilia de um padre jovem e despreza as palavras de um padre idoso. Também alguns leigos idosos são rechaçados no seu trabalho pastoral, pela preferência pelo leigo jovem. É a sociedade influindo negativamente na Igreja.

Precisamos de sangue novo, é certo. Renovar é sempre positivo. Mas precisamos nos lembrar de que o espírito jovem não é privilégio dos moços. Há idosos que têm o coração cheio de amor, de esperança, de otimismo e que podem dar o seu quinhão por uma Igreja cada vez mais anunciadora do Evangelho. E há jovens que questionam tudo, sem encontrar soluções e que não têm nada a acrescentar ao enriquecimento da sociedade. É bom lembrar que existem jovens na idade e velhos na mentalidade; velhos na idade e jovens na mentalidade.

Na verdade, podemos debitar isso a jovens e velhos que, em busca de valores temporais, estão deixando de lado os valores eternos. A sociedade precisa ser revista, analisada novamente e refeita.

O amor não tem idade. Pode florescer e crescer no coração de crianças, de jovens, de adultos, de idosos. Afinal, somos todos Igreja e o respeito ao idoso deve ser uma demonstração de maturidade e de respeito em favor de um reconhecimento da colaboração que os idosos oferecem e podem oferecer à Igreja e ao mundo.

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

31 de julho de 2010

O amor se mede pelos resultados?

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O amor é uma verdade que realiza o homem
Vivemos em um tempo em que a sociedade é extremamente utilitarista, e em virtude disso, somos constantemente tentados a acreditar que bom e digno de ser amado é somente aquele que corresponde, com resultados, àquilo que desejamos.

O amor é uma doação, é um gastar-se gratuitamente pelo bem do outro, e, a partir do momento em que se ama esperando algum resultado ou retorno, o princípio do amor é traído e este se torna inautêntico.

Amar é acreditar em alguém mesmo quando este não corresponde. É enxergar o que há de bom naquele que está imerso no mal. É ir além. Enfim, amar é seguir o exemplo da cruz. Jesus, mesmo ao ser crucificado, amou, perdoou e se entregou por amor aos homens. Porém, a doação da cruz não foi uma troca; Cristo não morreu por nós impondo como condição para isso nosso seguimento à vontade d'Ele; ao contrário, Ele primeiro se doou, e depois, propôs: "Vem, e segue-me".

É proposta e não imposição. É um convite impresso na liberdade humana, e não uma exigência de retorno e resultados. O verdadeiro amor é entrega que não impõe condições, e, muitas vezes, é sacrifício.

Tal ideal não é fácil de ser vivenciado. Principalmente, em um mundo que nos leva a crer que somente aquilo que nos dá prazer e satisfação precisa ser buscado e desejado. Somente o que satisfaça às nossas vontades e nos traga algum conforto. O que é uma imensa inverdade.

Amar da maneira de Jesus é heroísmo, e acima de tudo, é uma decisão. Porém, não existe outra maneira: para amar de verdade é preciso olhar para a cruz.

Há muitos que dizem que amam alguém por este lhe fazer bem ou por lhe proporcionar algum prazer, mas, se essa interação for sustentada somente por isso, tais pessoas correm o risco de "se amarem" no outro, em de amá-lo sinceramente.

Mesmo diante de todas as dificuldades que comporta o amar, não existe outra força maior e com mais capacidade para transformar o ser humano que o amor.

O que atraiu e continua atraindo milhares de pessoas a Jesus é sua livre e total doação, que se resume no mais puro e concreto amor. É este sentimento que dá força e sentido para que o homem enfrente as lutas e dores próprias de sua condição.

O amor é uma verdade constante que potencializa e realiza o homem. Por este, vale a pena lutar, esperar e suportar as consequências dele, pois, "é perdendo que se ganha", "é dando que se recebe", "é morrendo que se vive…", e quem ama sempre vence!

Foto Adriano Zandoná
verso.zandona@gmail.com

29 de julho de 2010

Casar em tempo de crise?

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'Acreditar na Família é construir o futuro'
Nesses dias eu e meu noivo participamos de um programa na televisão [TV Canção Nova], no qual testemunhamos nossa história e anunciamos a data do casamento. Como era um programa interativo no qual também respondíamos a perguntas dos telespectadores, uma das questões me faz escrever este artigo. O internauta nos perguntava como tínhamos a coragem de nos casar em tempo de crise? Diga-se de passagem, aqui na Europa se vive hoje uma das maiores crises econômicas da história. No programa deixei que meu noivo falasse, já que em questão de economia eu não vou longe e é justamente a área dele. A resposta dele não poderia ser melhor, e eu a apresento, pois acredito que poderá ser uma direção de Deus para a vida de muita gente no dia de hoje.

Ele respondeu assim: "Vamos nos casar em tempo de crise, porque nossa segurança não está nas finanças deste mundo, e sim, em Deus. Hoje temos a certeza de que Deus nos chama a assumir a vocação do matrimônio e acreditamos, pelos frutos da nossa história, que está na hora de darmos este passo. Mas se não avançamos por medo da crise que testemunho de fé estamos dando? Deus é fiel e não nos deixará faltar o necessário, a experiência que fazemos dia a dia nos dá esta certeza. É por isso que vamos nos casar mesmo em meio à crise econômica. Nossa confiança está no Senhor!"

Além de concordar plenamente com a resposta de meu noivo, eu a completo afirmando que, ao assumirmos a vocação do matrimônio, estamos, antes de tudo, correspondendo ao projeto de Deus para este mundo: a formação de famílias cristãs. Creio que a família é a instituição bendita e querida pelo Senhor desde sempre, tanto assim, que Ele mesmo escolheu vir a este mundo por intermédio de uma família. Mas é principalmente nesta época em que, além da crise econômica, sofremos também as consequências da crise de valores, de identidade e tantas outras que Deus Pai conta com a colaboração dos que são chamados à vocação do matrimônio para dar continuidade ao Seu plano de amor neste mundo.

Acredito que a família é o maior investimento da sociedade! Mesmo agredida por tantas forças sociais, muitos a levam em consideração porque sabem qual é o valor dela. João Paulo II, com razão, afirmou tantas vezes: "Acreditar na Família é construir o futuro".

Nossa fé tende a amadurecer e a nos comprometer. Se compararmos a família a uma árvore, lembramos que é próprio desta dar frutos, e estes, por sua vez, trazem sementes para que, lançadas ao solo, possam germinar e crescer. Eu que sou fruto de uma árvore frondosa: minha família, acredito que chegou o tempo oportuno de lançar a semente em terra e deixá-la germinar, nascer, crescer e frutificar.

Ainda em relação ao tema que me levou a escrever, acredito que já esteja claro. Se colocarmos nossa confiança na economia deste mundo, realmente não será tempo para casar; aliás se pensarmos assim, quase nunca será o tempo de dar passos como este. Mas se somos cristãos e queremos corresponder aos desígnios do Senhor, não podemos parar diante dos obstáculos.

É preciso unir a fé a razão e seguir em frente! Ser coerentes e responsáveis com os compromissos que assumimos, sim, mas sabendo que nossa confiança não pode estar centrada nas seguranças humanas.

O emprego que temos hoje poderemos perdê-lo amanhã, neste mundo tudo é passageiro e a nossa confiança em Deus é fundamental para alicerçarmos qualquer decisão, também com relação ao casamento. A Palavra do Senhor diz: "Confia no Senhor de todo o teu coração e não te apoia no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas" (Provérbios 3,5).

Acredito que nossa vocação primeira é amarmos e sermos amados. Portanto, amemos com profundidade, correspondendo a este chamado divino para que nossa vida seja fecunda e feliz e não tenhamos medo de dar frutos.

Estamos juntos!

Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

27 de julho de 2010

Quando o amigo 'pisa na bola'

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Por melhores que sejam as pessoas, um dia, elas nos decepcionam
Por melhores que sejam as pessoas e suas intenções, um dia, sem querer, elas nos decepcionam. Acontece isso entre pais e filhos, marido e mulher, namorados apaixonados e entre amigos também. Nós mesmos já fizemos essa experiência frustrante de "pisar na bola" com alguém que nunca queríamos machucar ou decepcionar. Isso faz parte do processo de amadurecimento de qualquer relacionamento e é muito bom que isso aconteça, para que não fiquemos na ilusão de achar que tal pessoa é perfeita ou nós mesmos somos intocáveis e imaculados.

Dizer que a frustração e os erros fazem parte do conhecimento do outro, para que no amadurecimento da amizade possamos adequar a imagem do amigo ao real e possível parece exagero, pois quem tem amizade-fantasia são as crianças e neste período da vida é normal. Por isso, que uma verdadeira amizade deve estar guiada por alguns compromissos evangélicos: verdade, transparência e partilha, tudo isso, é claro, com muita caridade e misericórdia, pois só quando experimentamos o gosto amargo dos nossos erros compreendemos as fraquezas e erros do amigo.

Experiência mais terrível, para mim, são aquelas pessoas que estão no centro de uma situação, sabem de fatos que incluem e comprometem a pessoa amiga e por respeito humano e por um falso "protecionismo" ficam caladas, se omitem, não querem correr o risco de perder a boa fama, a simpatia e até mesmo amizade. Quando a amizade é verdadeira o único medo que eu tenho é perder o meu amigo para os seus próprios erros, mesmo que ele não me compreenda e fique com raiva de mim, vou falar-lhe a verdade e abrir seus olhos, pois amigo não é aquele que passa a mão na cabeça, mas aquele que o desafia e o "desinstala", mas está pronto para ficar com você em qualquer situação.

Precisamos crescer na vivência e na compreensão de uma verdadeira amizade, quem não se compromete não ama. Quando um amigo "pisa na bola" ou está vivendo uma situação constrangedora aproveite para acolhê-lo, não tenha medo de sacrificar a amizade pela verdade e o verdadeiro amor se arrisca, dá a vida pelo amigo. "O homem quando erra não tem outra alternativa a não ser pedir perdão, se não ele não é homem". O amigo não "abandona o barco" quando ele se agita, ajuda a remar mesmo que tenha de dizer que o outro está remando para o lado errado. Como corrigir um amigo sem perder sua amizade:

Reze pelo seu amigo: a oração vai preparar o coração dele e também o seu;

Espere a hora certa para conversar e partilhar, não se deixe vencer pelo nervosismo e ansiedade;

Escolha o lugar certo: a privacidade é o melhor lugar para corrigir uma pessoa, evite fazer uma correção em público, mesmo que você esteja certo começou errado;

Faça um elogio antes de fazer a crítica e a correção. Todos têm qualidades e isso corrige o nosso ego elevado pelos erros dos outros; isso não é fingimento, é amor.

Saiba falar: cuidado com as palavras, o problema, muitas vezes, não é o conteúdo das críticas, mas o jeito com que se fala. Mesmo que o outro esteja no erro, demonstre respeito e carinho.

Na realidade, na hora em que é feita, nenhuma correção parece alegrar o outro, pois causa dor. Depois, porém, produz um fruto de paz e de justiça para aqueles que nela foram exercitados (cf. Hebreus 12,11).

Padre Luizinho - Comunidade Canção Nova
http://blog.cancaonova.com/padreluizinho

24 de julho de 2010

A luxúria desencadeia outros pecados

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Quem é consciente da própria fraqueza não se expõe ao perigo
Deus quis dar um prazer sensível ao alimento, para que o homem, alimentando-se daquilo que lhe parecia saboroso, mantivesse a vida. Da mesma maneira, o Senhor concedeu à humanidade a realização do prazer sexual, por meio do qual também a espécie humana se multiplica. É o prazer íntimo, permitido ao casal, unido pelo matrimônio, o qual se abre também à graça da procriação.

O pecado da luxúria desvirtua aquilo que é belo, estabelecendo uma desordem, provocando a degradação de algo bom no que toca a dimensão sexual, fragilizando o indivíduo e levando-o ao vício.

A luxúria impossibilita o homem de viver a castidade no corpo, nos pensamentos e nas atitudes. É uma desordem que toma conta da pessoa na sua totalidade. Mas isso acontece de maneira lenta. A pessoa se mantém consumindo demoradamente produtos como vídeos, revistas, entre outros, os quais a levarão à realização de desejos perniciosos, provocados pelas fantasias.

Tal como a gestação, essas desordens acabam levando ao nascimento do pecado. A pessoa se concentra apenas no prazer impuro e se fecha inteiramente em função de realizar o prazer desmedido.

Esse mal também afeta muitos casados que, em consequência de um desvio provocado por esse prazer desmedido, faz do cônjuge um objeto. Dessa forma, conduzida pelo desejo, a pessoa presa aos prazeres grosseiros pouco se interessa por aquilo que a faz crescer.

Toda vez que se procura esse tipo de prazer maléfico se pratica o pecado mortal da luxúria, que levará a pessoa cada vez mais por caminhos mais e mais promíscuos, destruindo aquilo que lhe foi reservado de belo, saudável e bom.

Um jovem que tem como hábito ficar com várias meninas ao mesmo tempo, certamente terá dificuldade em manter a fidelidade a apenas uma mulher.

Os vícios impuros paralisam os gostos para tudo aquilo que é nobre. A amizade pura quase desaparece, pois quem vive o desequilíbrio se torna escravo das paixões.

Deus nos fez para o equilíbrio e para o bem, de modo que as desordens provocadas pelo pecado nos afastam do Senhor.

Jamais será possível conquistar a vitória sobre tais paixões se não nos empenharmos na fuga das ocasiões de pecado e buscarmos a convicção profunda para uma mudança de atitude. Se aspiramos alcançar o céu precisamos ter convicção para a superação de nossos pecados. O prazer impuro nos leva aos níveis mais animalescos e irracionais. Se a justificativa de alguém para o pecado é dizer que "a carne é fraca", então, não se pode colocar à prova a fraqueza da carne.

Nada é impossível para o coração orante, por isso, apoiados na graça, precisamos reconhecer que o prazer maléfico nos atrai; mas precisamos nos abrir também àquilo que Deus quer para nós.

Quem é consciente da própria fraqueza não se expõe ao perigo, pois quem ama o perigo nele perece.

Para vencer o pecado é preciso romper com as paixões provocadas pela ilusão, pela fantasia. A nossa fragilidade diante do pecado, muitas vezes, é resultado de uma decepção ou situações mal resolvidas.


Padre Eliano

22 de julho de 2010

Para encontrar a pessoa certa é preciso ser a pessoa certa

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É preciso preparar-se para o namoro
Vivemos em uma sociedade que cada vez mais despreza todas as formas de compromisso e de seriedade relacional. Diante disso, experiências de supostas aventuras momentâneas acabam, na maioria das vezes, prevalecendo diante do desejo de se viver um comprometimento sério no namoro.

De fato, em meio às frágeis concepções relacionais existentes em nosso tempo, torna-se cada vez mais difícil encontrar "a pessoa certa" para se viver um sadio relacionamento afetivo. Além do que, neste processo de encontrar a pessoa certa muita paciência e sabedoria são necessárias.

Aqui se aplica concretamente a antiga máxima: "Antes só do que mal acompanhado", pois, em tais circunstâncias uma escolha errada pode acarretar terríveis e desagradáveis consequências: afetivas, emocionais e existenciais.

Para se encontrar a pessoa certa é preciso antes ser a pessoa certa, ou seja, é necessário estar preparado para tal encontro, para, assim, poder oferecer o melhor de si ao outro.

O namoro é uma realidade para a qual é preciso preparar-se, e preparar-se bem: através oração e vivência dos sacramentos, buscando a própria cura interior, procurando moldar as fragilidades do temperamento, entre outros. Enfim, para ser a pessoa certa para o outro se faz necessário estar bem consigo, com os próximos e, principalmente, com Deus.

E só está realmente bem aquele que não centrou seu coração em si mesmo, mas n'Aquele que lhe é infinitamente superior, dando a Este a total prioridade em tudo o que se é e se faz. O encontro com um "outro" não pode ser a única e cega meta da vida, mas ao contrário, deve ser a simples consequência do encontro com o "Outro", que confere o verdadeiro lugar para todo e qualquer afeto humano.

Quem ainda não colocou o Sagrado no centro de sua existência não está pronto para viver um relacionamento sadio, pois correrá o sério risco de divinizar o outro, dando a este um lugar devido somente a Deus e, consequentemente, exigindo dele o que somente o Senhor pode lhe oferecer, tornando, dessa forma, a relação pesada e sufocante.

Existem lacunas em nós que somente o amor de nosso Autor poderá preencher, e apenas a partir de um profundo encontro com Ele nossos relacionamentos poderão tornar-se maduros e realmente bem sucedidos.

O amor só pode ser vivenciado com vida e equilíbrio, onde o "Amor" verdadeiramente saciou as fragilidades e vazios do coração.

Vivendo a partir de tais princípios e cuidando sempre e bem do coração, nós nos tornaremos capazes de inaugurar as devidas vias que precederão a tão desejada interação, a ser realizada pelo namoro, e poderemos assim saborear seu posterior êxito e plenitude.

Deus o (a) abençoe!

Foto Adriano Zandoná
verso.zandona@gmail.com

19 de julho de 2010

Na oração Deus se revela

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O Espírito Santo não entra no coração de uma pessoa perversa
Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar; se tomar sol você vai sofrer as consequências dele. Com Deus acontece algo semelhante, ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado pela Sua presença, as marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis. Irreversíveis para a nossa salvação. Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo Ele nos dá liberdade. Nunca Nosso Senhor pensou em trazer você para perto d'Ele para limitar a sua liberdade. Se Deus Pai não quisesse que fôssemos livres, por que ele teria nos criado livres?

A nossa liberdade ficou comprometida por nossa própria culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelo nosso pecado e pelos vícios que entraram em nossa vida, nós ficamos debilitados. Foi para sermos livres que o Pai do céu enviou Jesus. Deus Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarrava.

É para que eu seja uma pessoa livre que Jesus Cristo me libertou, não para eu viver como um escravo, mas para que eu tenha liberdade! Cristo amou você, morreu em uma cruz por sua causa para que você não seja escravo do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo o mal, de toda a armadilha do inimigo, para que permaneçamos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade.

Ninguém pode saber o que está em seu interior se você não abrir a boca e dizer. Quando você se põe a rezar, você esparrama o seu coração. Deus sabe separar as nossas loucuras e as nossas verdades. O Senhor sabe quando não estamos bem e o momento da oração é a hora de colocarmos todas as nossas perturbações na presença d'Ele. Quando você reza Deus Pai o refaz e o Espírito Santo o cura e o liberta. Rezar é você desnudar sua alma na presença de Deus ao se abrir a Ele. Quando voce reza, você está se pondo na presença do Altíssimo e assim será curado.

Quando você tira a roupa diante do espelho você vê o que quer e o que não quer. Na hora em que estamos rezando caem as nossas "roupas", espiritualmente falando e, do mesmo modo, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que eu faço de mau volta para mim no momento da oração. As feridas que nós ignoramos, na oração, não conseguimos ignorá-las, porque nesse momento Deus nos revela uma por uma para nos curar. No momento em que o Senhor nos mostra quem nós somos, Ele também mostra quem Ele é.

No momento em que você conhece ao Criador você conhece a si mesmo. Por isso que rezar não é coisa para qualquer um. Na oração, Deus se revela a mim, mas Ele também me revela a mim mesmo. Se Ele me revela uma coisa que não está boa, é porque é preciso consertá-la. Ninguém conhece ao Todo-poderoso sem antes entrar no próprio coração.

Na oração nós aprendemos a ouvir ao Senhor. Não existe ninguém que tendo rezado Deus não o tenha respondido. E se Ele não o faz diretamente, Ele vai fazê-lo por meio de uma pessoa ou de um fato. Mas que Ele responde Ele responde. Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração, para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida. Ele projetou um caminho de felicidade para nós.

O Espírito Santo não entra no coração de uma pessoa perversa. O Paráclito não habita em um corpo que está sendo usado para o pecado. Nós podemos ter muito conhecimento, conhecimento você adquire com estudo, mas sabedoria quem dá é Deus. Uma pessoa perversa pode ter qualquer coisa, menos sabedoria.

O que é errado é errado hoje, foi errado ontem e será errado sempre! Não é porque a modernidade está aí que o que era errado deixou de sê-lo. Talvez o que você precise hoje seja abrir mão desta pendência que está dentro de você. Quem quiser receber de Deus uma resposta, quem quiser conhecer a Deus e a si mesmo precisará lutar pela sua pureza. O maligno tem pavor de gente que vive a purez! Muitas graças lhe são dadas porque o Espírito Santo se achega ao homem que vive a pureza.

O Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo tem poder de nos purificar. Pela força da santa cruz todo o mal é vencido! Queira viver a pureza.

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

15 de julho de 2010

Quem ama transpõe barreiras

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Isso significa dar um salto de qualidade
A palavra "transpor" inspira a superação de algo que atravessa o nosso caminho. Por exemplo, para se chegar do outro lado de um rio, você precisa atravessá-lo, isso é transpor as águas correntes à sua frente. Você pode fazê-lo nadando ou utilizar-se de um barco, e assim por diante. Transpor sempre requer um esforço pessoal, a utilização de força de vontade, uso de ferramentas e até desenvolver uma estratégica correta para vencer o obstáculo.

Na vida de um casal de esposos, de noivos ou de namorados, existem situações diárias a serem transpostas; o mesmo vale na criação e educação dos filhos, no caso dos casados. Na verdade, a vida é um constante movimento de transposição, que requer esforço e dedicação para se chegar lá. E o que move este dínamo, que gera a força necessária para se conseguir transpor, é o amor. Quem ama de verdade busca no próprio amor a capacidade de transpor as barreiras, até do próprio relacionamento. Quem ama é criativo nisso e se utiliza de ferramentas como a paciência, a aceitação das limitações do outro, a coragem de ser verdadeiro e buscar um diálogo franco.

Quem ama sempre tem uma estratégica no coração para contornar situações difíceis, estratégica esta sempre estruturada no perdão e na misericórdia. Quem ama perdoa com facilidade e está sempre disposto a recomeçar o relacionamento "transpondo" a si próprio e colocando como sentido de sua vida o viver para o outro. Transpor significa dar um salto de qualidade, elevar-se como pessoa, se humanizar cada vez mais buscando a verdadeira felicidade, que está na conquista de si mesmo, no domínio dos instintos de autoridade e de violência, que estão sempre querendo sobressair em nossos relacionamentos.

Pense nesta semana naquelas coisas que você precisa transpor. Veja que Deus derrama o Seu Espírito Santo como sopro, que empurra a nossa vida nesta direção: transpor todas as barreiras que a vida nos oferece, até que um dia vamos transpor o céu e encontrar o nosso lugar definitivo: Deus.

Deus o abençoe!

Diácono Paulo Lourenço
blog.cancaonova.com/dianocopaulo

14 de julho de 2010

Depressão não é chilique

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Junto com a tristeza, a pessoa se isola
Tristeza é uma coisa sadia e normal, o que não é normal é a tristeza se prolongar. Pessoa que tem pânico se isola, e a depressão vem como consequência. Depressão não é a pessoa ficar triste, mas sim, persistir na tristeza.

Junto com a tristeza, a pessoa começa a se isolar e não se alimenta. Depressão não é "chilique"; é doença! Existem depressões maiores e menores, mas o que mais chega aos consultórios são as depressões atípicas, e é difícil de diagnosticá-las porque elas fazem parte de outras doenças e atingem mais as mulheres depois da menopausa.

Depois dos 45 anos de idade, a incidência de doenças cardiovasculares nas mulheres é muito maior. A depressão na menopausa é muito séria, nessa faixa os filhos já se casaram e a mulher passa pela síndrome do "ninho vazio". A mulher tem como "dever" cuidar dos filhos, o tempo vai passando e ela coloca como foco de sua vida esse cuidado [dos filhos]. Mesmo que ela tenha várias funções, sempre quer cuidar dos filhos. Depois que estes saem de casa, ela sente um vazio, e se não tiver nada para preencher essa lacuna, ela entra em depressão. A mãe convida os filhos para almoçarem em casa aos domingos e prepara tudo. Chega o domingo, todos os filhos almoçam e vão embora e a deixam sozinha com tudo para limpar. Se essa senhora não tem Deus para preencher o vazio, ela entra em depressão.

"A depressão acontece quando a pessoa perde o sentido de vida", diz Victor Frankl. Viver é administrar perdas, porque nós vivemos perdendo. "A gente pode perder tudo, mas não podemos perder a fé", dizia padre Léo.

Quando você está deprimido só se lembra de coisa ruim, cria um sentimento de culpa muito grande. Eu trato as enfermidades com remédio, mas não tem outro de jeito de curar os sentimentos de culpa a não ser pela Trindade Santa. Nós tomamos remédio, mas precisamos acreditar que Deus pode nos libertar.

Se você está sofrendo é porque um dia você gerou o problema, mas como diz a Palavra: "Alegrai-vos no Senhor".

O perdão é muito importante para nossa saúde física e mental. Quem tem capacidade de perdoar vive mais tempo.

Viva sempre o presente; isso não quer dizer que você não deva pensar no futuro, mas este não pode impedir a vivência do presente.

Quando uma pessoa deprimida diz: "Eu vou me matar", pode acreditar nela e a leve diretamente para o médico porque senão ela realmente se mata. Elas desenham o plano de morte porque acham que não têm mais saída e que estão dando trabalho para todo o mundo.

O milagre pode acontecer. Quem atesta a cura é o médico e o milagre, o Vaticano. Eu acredito que quem tem fé e toma um remédio vai ser curado, mas não deve tomar medicação sem consulta médica.

Dr. Roque Savioli

12 de julho de 2010

O amor personalizado

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Nós não amamos a todos do mesmo jeito
Amor é uma das palavras mais difíceis de conceituar em nosso mundo. A necessidade ou a conveniência foram gerando diversos significados para esta palavra, a meu ver, todos eles com certo teor de verdade, mas necessitados de contextualização. Minha intenção, no momento, não é de trabalhar os contextos do amor, mas sim, as diferentes faces do amor de Deus.

O Senhor nos ama com toda a Sua capacidade infinita de amar, não sabe amar menos, toma a iniciativa sempre. No entanto, a vida humana se desenvolve num complexo ambiente com fases diferenciadas, momentos próprios e por isso a nossa necessidade de amor é alterada também.

Uma criança, por exemplo, não pode ser amada com um amor de homem-mulher, isso não atende a sua necessidade e ainda poderia provocar deficiências em seu amadurecimento interior, e Deus sabe disso. O Todo-poderoso ama a todos igualmente, mas não nos ama com um amor genérico e por isso descompromissado com nossa identidade, Seu amor vai se configurando à nossa necessidade; quase que podemos dizer que, por amar pessoalmente cada um, – Deus nos ama de forma diferente –, em estilo e igual em intensidade. Amor pessoal, único em sua expressão. A cada momento somos amados da forma adequada e diferenciada.

Exatamente por sermos reflexos do amor de Deus, nós também não amamos a todos do mesmo jeito. Se assim o fizéssemos, seríamos injustos, porque o amor de verdade deve tocar a individualidade de cada um, amar do jeito certo e como o amor é criativo, encontra a forma individual e única de ser fecundo em cada pessoa. Não adianta pensar que amaremos a todos de forma igual, isso não é possível. Sabendo disso estaremos evitando o risco de nos sentirmos pouco amados simplesmente porque somos amados de forma diferente que os outros.

Para compreender o amor divino podemos observar as imagens dele existentes no amor humano, um exemplo fácil é o de uma mãe, com a mesma intensidade de amor ela ama de uma forma os seus pais, de outra o seu esposo, de outra os seus filhos e de outra os seus amigos. Será que o que muda é a intensidade do amor? Não, o que muda é o estilo dele, suas características e não sua profundidade.

O amor na forma e na dose certa é como um medicamento, um fortificante ou uma vitamina, não é ele quem leva ao desenvolvimento, mas é ele que garante que o processo da vida não sofrerá atrofias ou danos permanentes; nossa identidade surge a partir do estilo de amor que recebemos.

Descobrimos-nos filhos a partir do amor de pai e mãe, nos descobrimos irmãos a partir do amor de nossos irmãos. É o amor que abre nossos olhos para nossa própria identidade, é ele quem dá a sobriedade de vida e nos faz amar e gostar de nós mesmos, desejando sempre ser melhores.

Que Deus o abençoe e o faça crescer sempre em seu amor.

Padre Xavier

8 de julho de 2010

Valor da oração comunitária

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Uma das expressões mais vivas da comunhão dos santos
Fulge o valor da oração comunitária nestas palavras de Cristo: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles" (Mt 18,20). Nestes instantes de preces se percebe ao vivo a presença de Jesus, havendo um compartilhamento da fé numa invocação a Deus e numa abertura ao amor e à esperança. Por isso, São Paulo aconselha aos romanos: "Buscai a plenitude do Espírito. Falai uns aos outros com salmos e hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração" (Ef 5,18b-20).

Unidos, os cristãos elevam seu espírito ao Deus trino, motivados pelas grandes obras que o Senhor realiza na existência de cada um. Não há nada mais bíblico nem mais eclesial do que este louvor de Deus, a quem conjuntamente se adora e agradece, apresentando reparação pelas falhas humanas e se pedem graças que são concedidas pelo Pai, que está nos céus, como afiançou o próprio Redentor. A oração vivida com fé autêntica enche a pessoa da dileção de Deus, é comunhão com Ele e com os irmãos na busca da libertação dos próprios erros, levando a um crescimento interior integral fruto da ajuda mútua. Isso porque a união na oração é uma das expressões mais vivas da comunhão dos santos. É evidente que a prece dos cristãos tem seu apogeu e sua centralidade na Eucaristia. Nunca se valorizará demais a participação no Santo Sacrifício da Missa. Nele a Palavra de Deus fala ainda mais fundo dentro de cada coração através das leituras e cânticos e nele adoramos o Pai em Cristo, com Cristo e por Cristo, recebendo os dons do Espírito Santo.

Durante a Santa Missa se oferecem orações, súplicas e intercessões em espírito de gratidão, conscientes de que tais preces estão unidas às de Cristo e às de toda a Igreja espalhada pelo mundo inteiro. No ofertório da Celebração Eucarística afirmamos que tudo o que somos e o que possuímos é dádiva de Deus. Esta dádiva tem dimensão social e a ela deve associar-se cada um no serviço do Reino de Deus e no serviço ao próximo, usufruindo com júbilo a presença de Jesus, prometida por Ele aos que, em Seu nome, estão reunidos. A busca de Deus, do Valor Absoluto, bem como a paz, a tranquilidade, a imperturbabilidade resultam destes momentos beatíficos da prece em comum. É que a prece é sempre uma resposta de amor à vontade amorosa de Deus Pai.

Na oração, de fato, os cristãos se põem naquela radical perspectiva de abertura ao Senhor Todo-Poderoso e, por meio da graça, abertura à salvação, na qual Deus vem sempre ao encontro de cada um e o chama e opera nele na alegria do Espírito Santo. Quanto mais profundamente cada um se colocar nesta perspectiva, tendo como premissa um coração purificado e livre, tanto mais este encontro com o Criador se tornará vital para ele.

Rezar é, de fato, um ato de renovação da fé na presença de Deus, um gesto de esperança na tensão para a conquista da Jerusalém celeste, uma expressão de amorosa doação de si. Pode-se, deste modo, de maneira temática, concreta e palpável se perceber a inobjetivável experiência da transcendência sobrenatural do Ser Supremo. Pode-se mesmo dizer que a história pessoal da salvação de cada um é a história de sua oração feita em união com os irmãos e irmãs. É quando se abrem os ouvidos do coração e se escuta a resposta de Deus: "Eu sou a vossa proteção".

Então razão tem Santo Agostinho ao afirmar que a oração do cristão é um falar com Deus, recebendo d'Ele retorno maravilhoso. Tudo porque, quando dois ou três estão reunidos em oração, Jesus está no meio deles.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no seminário de Mariana durante 40 anos

5 de julho de 2010

As consequências do aborto

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'Ninguém te condenou mulher, nem eu te condeno'
Misericórdia de Deus

Quem já fez aborto precisa ser acolhida na comunidade, não condenada. Não existe nada que Deus não possa resolver. NADA! Quem não concorda com essa frase, só lamento, mas não crê de verdade nesse Pai bom que sempre nos acolhe. E quem já fez um aborto precisa acreditar ainda mais n'Ele, pois as consequências físicas e psicológicas dessa prática, que é uma das principais causas de morte materna no Brasil, são muitas.

E quem não conhece alguém que já abortou? Uma amiga, uma prima, uma celebridade, talvez até mesmo a sua mãe, sua irmã, sua namorada ou você mesma.

Quem já fez um aborto, por mais que ache isso supernatural, afinal, um filho "atrapalharia o momento da carreira, o casamento, a família, a imagem de boa moça, etc", tem de concordar com as pesquisas que mostram as duras consequências dessa prática. E não falo aqui do aborto espontâneo, quando involuntariamente o corpo da mulher expulsa o feto por acidente ou problemas orgânicos, por exemplo.

Pergunto se você já PROVOCOU um aborto, se já incentivou alguém a fazê-lo, se convive com alguém que teve essa atitude no passado. As consequências desse crime* são pouco divulgadas na mídia, pois há o discurso de que "legalizar o aborto é uma questão de saúde pública" – e isso é só a "pontinha do iceberg". De fato, o número de abortos no Brasil ultrapassa um milhão por ano, mas legalizar a prática não significa necessariamente diminuição desse número, muito menos fazer com que seus efeitos desapareçam.

Dependendo do método utilizado para o aborto, podem acontecer ferimentos no colo uterino, hemorragias, inflamações ou até a extração total do útero, conhecida como histerectomia. A longo prazo, o aborto pode ocasionar insuficiência do colo uterino com o consequente aumento das chances de se ter uma gravidez de alto risco ou de nunca mais se poder gerar a vida. E como é que fica a cabeça de uma jovem após um aborto? Em geral, pode haver sentimento de culpa, queda na autoestima pela destruição do próprio filho, perda do desejo sexual, aversão ao marido, frustração do instinto materno, insônia e depressão, só para citar algumas consequências psicológicas.

E em meio a esse turbilhão de efeitos, qual é a nossa postura perante as mulheres que fizeram aborto? É de acolhimento ou de julgamento? É uma mão estendida ou uma pedra pronta a ser atirada? "O que Fulana está fazendo na fila da comunhão?" "Era para ter vergonha de pisar na igreja!" "Eu não ando mais com ela… é má influência…". Essas e outras frases medíocres fazem meu ouvido doer e deveriam fazer o seu coração doer também. Como a gente se sente no direito de julgar o outro? E como a gente julga!

Jesus não se identifica com quem condena, pois nosso Deus é misericórdia. "Eu não julgo a ninguém" (Jo 8, 15) Então, quem sou eu, quem é você, para condenar alguém que fez aborto? Nem Deus condena, portanto, que tal ser menos "fariseu", "escriba do século 21" e ter uma atitude mais acolhedora para com a mulher que você conhece que já fez um aborto? Saiba que ela já traz consigo consequências dessa atitude e o seu julgamento não auxilia em nada, não muda nada para melhor. Jesus é bem claro quando afirma que "Ninguem te condenou, mulher, nem eu te condeno. Vai e não peques mais" (Jo 8,11).

Em vez de ficar julgando, aproveite as energias lutando contra a legalização dessa prática em nosso país, informe-se para sustentar o ponto de vista a favor da vida nas discussões em seu círculo social, pois como cristãos devemos ser luz no mundo, não mais um para atirar pedras.

E você mulher, que já passou por essa situação, não se esqueça NUNCA de que Deus é um Pai bom, Ele a ama demais, e independentemente do que você fez, Ele cuida de você. Busque um sacerdote, faça uma boa confissão, pois o Senhor a quer feliz! Procure também um bom profissional de saúde que a auxilie a superar as consequências físicas e psicológicas disso e acredite na misericórdia de Deus, pois Ele tudo pode. E se alguém a julga, a exclui e a ignora por isso, reze por essa pessoa e não dê ouvidos a ela. Talvez ela ainda não entendeu o que é ser cristão de verdade e esteja merecendo menos o céu que você.

*Desde 1940 o Código Penal Brasileiro estabelece que o aborto praticado por médico não é punido quando não há outro meio de salvar a vida da gestante ou se a gravidez for resultado de estupro. Os demais casos são passíveis de punição, com penas que variam de um a dez anos de prisão para a mulher e a pessoa que realizou o aborto, (e a pena pode dobrar em caso de morte da gestante).

Foto Mariella Silva de Oliveira
mariellajornalista@gmail.com

2 de julho de 2010

A luta contra o pecado

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Esse mal nos escraviza e nos separa de Deus
Fazer a vontade de Deus é, antes de tudo, lutar contra os nossos pecados; pois eles nos escravizam e nos separam de Deus. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos mostra toda a gravidade do pecado:

"Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro" (CIC § 1488).

São palavras fortíssimas que mostram que não há nada pior do que o pecado. Por outro lado, o Catecismo afirma que ele é uma realidade.

O pecado está presente na história dos homens. Tudo o que há de mau na história do mundo é consequência do pecado, que começou com Adão e que continua hoje com seus filhos.

Toda a razão de ser da Encarnação do Verbo foi para destruir, na Sua carne, a escravidão do pecado.

O demônio escraviza a humanidade com a corrente do pecado. Jesus veio exatamente para quebrar essa corrente. Com a Sua Morte e Ressurreição triunfante, Cristo nos libertou das cadeias do pecado e, pela Sua graça, podemos agora viver uma nova vida. São João deixa bem claro na sua carta:

"Sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados" (1Jo 3,5). "Para isto é que o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo" (1 Jo 3,8).

Essa "obra do diabo" é exatamente o pecado, que nos separa da intimidade e da comunhão com Deus, e nos rouba a vida bem aventurada.

Com a sua morte e ressurreição triunfante, Jesus nos libertou das cadeias do pecado e, pela sua graça podemos agora viver uma nova vida. É o que São Paulo ensina na carta aos colossences:

"Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus" (Col 3,1).

Aos romanos ele garante: "Já não pesa mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte" (Rm 8,1).

Aos gálatas o Apóstolo diz: "É para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão" (Gl 5,1).

Assim como a missão de Cristo foi libertar o homem do pecado, a missão da Igreja, que é o Corpo místico do Senhor, a Sua continuação na história, é também a de libertar a humanidade do pecado e levá-la à santificação. Fora disso a Igreja se esvazia e não cumpre a missão dada pelo Senhor.

A salvação se dá pelo perdão dos pecados; e já que "só Deus pode perdoar os pecados" (cf. Mc 2, 7), Ele enviou o Seu Filho para salvar o povo d'Ele dos seus pecados. Por tudo isso, o mais importante para o cristão é a luta contra o pecado; se preciso for "chegar até o sangue na luta contra o pecado" (cf. Hb12,4).

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

29 de junho de 2010

Por que ele não fala em casamento?

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Ninguém espera viver como namorado a vida toda
Muitas mulheres falam da dificuldade de encontrar um namorado; outras, por sua vez, mesmo namorando há algum tempo, reclamam da falta de compromisso do rapaz com relação ao futuro do relacionamento ou de que o namoro parece não progredir como gostariam. Medo e insegurança podem realmente rondar os pensamentos dos namorados, especialmente quando certas decisões dizem respeito a compromissos definitivos.

Assumir a responsabilidade do casamento pode causar frio na barriga de muitos ao imaginarem o futuro e as complexidades da vida a dois, o que exigirá do casal disposição recíproca em fazer de suas vidas um enxerto.

Ninguém espera viver – como namorado – por um tempo indeterminado. Mas há alguns detalhes que talvez possam facilitar a compreensão dos possíveis motivos que levam ao adiamento da tão esperada data e, por sua vez, eliminar as inseguranças quanto ao compromisso para o casamento. Todavia, muitos casais, independentemente da necessidade de preparar os enxovais, mobiliar a casa, entre outras tarefas comuns aos nubentes, justificam ser ainda muito cedo para optarem pelo matrimônio. O casal sabe que deverá abdicar de coisas comuns à vida de solteiro, as quais lhes possam parecer insubstituíveis.

Algumas pessoas têm a imagem do casamento como uma prisão, mas, diferentemente disso, nesse novo estado de vida, apenas não cabem alguns dos antigos hábitos. Contudo, vale lembrar que a vida de quem opta pela experiência conjugal não se congela no tempo simplesmente pelo fato de se estar casado. Uma vez casado, uma nova perspectiva se abre para o jovem casal, agora, entrelaçando seus interesses, partilhando responsabilidades e abrindo-se ao aprendizado do convívio a dois.

Ao fazermos nossas escolhas assumimos as responsabilidades vislumbrando algum tipo de compensação pelo esforço empreendido. É muito desagradável para alguns casais de namorados perceberem que, mesmo depois de anos, levam o namoro como se os constantes desentendimentos fossem normais; vivem como se suportassem um ao outro em meio às brigas e discussões e qualquer situação pode ser motivo para mais uma crise. Outros continuam com o namoro somente pelo fato de estarem vivendo por muitos anos o relacionamento. Quando questionados sobre o assunto, dizem estar apenas acostumados com a companhia do outro. Entretanto, por maior que possa ser a intimidade no namoro existente entre esses casais, ainda assim não estão convencidos de dar um passo mais sério.

Seria difícil imaginar um futuro promissor com alguém que não se empenha em romper com o mau humor, cujo negativismo, a baixa autoestima e a dificuldade em se fazer afável a outros estão sempre à mostra. Qualquer uma dessas características faz com que até mesmo os amigos se distanciem de alguém assim. Se tais comportamentos não conseguem manter os amigos, tampouco poderiam convencer o(a) namorado(a) de que essa pessoa é um bom partido. Ao ponderar essas dificuldades presentes no relacionamento, que vantagens o casal poderia prever para o futuro do namoro a ponto de assumir o compromisso da vida conjugal?

Esses exemplos, entre outros, podem ser um sinal para os namorados avaliarem se o esforço empreendido ao longo desse convívio tem sido compensador até mesmo para continuar o namoro. Por essa razão, os namorados precisam viver esse tempo com muita dedicação e estar atentos a tudo que não favoreça o crescimento do casal.

Antes que o namoro venha a celebrar bodas, melhor seria que os namorados – olhando para casamentos que são para eles bons modelos e procurando evitar os erros cometidos por aqueles que foram malsucedidos –, investissem na própria mudança de comportamento, fazendo-se flexíveis às novas exigências de uma vida comum.

Veja tambem: Quando é tempo para noivar?

Um abraço

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

28 de junho de 2010

Ser humilde é ser santo

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Nossos méritos são graças de Deus
Para fazer a vontade de Deus é preciso, antes de tudo, ser humilde, "pobre de espírito" (anawin) como pediu Jesus. A Igreja, sempre iluminada e assistida pelo Espírito Santo, em sua experiência bimilenar, nos ensina que os piores pecados são aqueles chamados por ela de "capitais". "Capital" vem do latim "caput", que quer dizer "cabeça". São pecados "cabeças", isto é, que geram muitos outros. Por isso eles sempre mereceram, por parte da Igreja, uma atenção especial. São sete: soberba, ganância, luxúria, gula, ira, inveja e preguiça.

Houve um santo que disse que, se a cada ano, vencêssemos um desses sete pecados, ao fim de sete anos, seríamos santos. Portanto, vale a pena refletir sobre eles, a fim de rejeitá-los, com o auxílio da graça de Deus e de nossa vontade. O primeiro, e sem dúvida o pior de todos, é a soberba. É o pior porque foi exatamente o que levou os anjos maus a se rebelarem contra Deus, e levou Adão e Eva à desobediência mortal.

A soberba consiste na pessoa sentir-se como se fosse a geradora dos seus próprios bens materiais e espirituais. O soberbo se esquece de que é uma simples criatura, que saiu do nada pelo amor e chamado de Deus, e que, portanto, d'Ele depende em tudo. Como disse santa Catarina de Sena, esse pecado "rouba a glória de Deus", pois quer para si as homenagens e os aplausos que pertencem somente ao Senhor, já que Ele é o autor de toda graça.

A soberba é o oposto da humildade, palavra que vem de "humus", daquilo que se acha na terra, pó. O humilde é aquele que reconhece o seu "nada". Pela humildade e pela humilhação Jesus se tornou o "novo Adão" que salvou o mundo (cf. Rm 5,12s). A Santíssima Virgem Maria, a Mãe do Senhor, tornou-se a "nova Eva", como ensina a Igreja, porque na sua humildade destruiu os laços da soberba da primeira virgem. Ela disse: "Ele olhou para a humildade de sua serva" (Lc 1,39).

São João Batista também foi modelo dessa virtude [humildade] e nos ensinou a sua essência ao falar de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Importa que Ele cresça e que eu diminua!" (Jo 3,30). Isso diz tudo. Quando Cristo iniciou a vida pública, João o apresentou para o povo: "Eis o Cordeiro de Deus" e desapareceu, até ser martirizado no cárcere de Herodes. Que lição de humildade! Também Nossa Senhora, sendo, "a Mãe do Senhor" (cf. Lc 2,43), fez-se "a escrava do Senhor" (cf. Lc 1,38).

Muitos cristãos são cheios de boas virtudes, mas, infelizmente, tornam-se "inchados", pensando infantilmente que essas boas virtudes são méritos próprios e não graças de Deus, para serviço dos outros.

Ser humilde é ser santo, é viver o oposto de tudo isso: é saber descer do pedestal, é não se autoadorar, é preferir fazer a vontade dos outros à própria, é ser silencioso, discreto, escondido, é fugir das pompas e dos aplausos.

Veja também: O desafio de permanecer na humildade

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

24 de junho de 2010

Dez razões para viver a castidade no namoro

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Favorece o crescimento amistoso entre o casal
1. A pureza ajuda a ter uma boa comunicação com seu (sua) namorado (a).

Quando um casal de namorados vive a abstinência sexual, sua comunicação é boa porque não se concentram somente no prazer, mas na alegria de compartilhar pontos de vista e experiências; além disso, suas conversas são mais profundas. Por outro lado, a intimidade física é uma forma fácil de se relacionar, mas ofusca outras formas de comunicação. É um modo de evitar o trabalho que supõe a verdadeira intimidade emocional, como falar de temas pessoais e profundos, além de conhecer as diferenças básicas que existem entre ambos.

2. Cresce o lado amistoso do relacionamento.

A proximidade física pode fazer com que os jovens pensem estar emocionalmente próximos, quando, na verdade, não o estão. Um relacionamento romântico consiste essencialmente em cultivar uma amizade e não há amizade sem diálogo e sem compartilhar interesses. A conversa cria laços de amizade e ajuda um a descobrir o outro, a conhecer seus defeitos e qualidades. Alguns jovens se deixam levar por paixões e, depois, quando se conhecem em profundidade, se desencantam. Muitas vezes, nem sequer chegam a se conhecer porque não foram amigos, somente namorados com direitos.

3. Existe um melhor relacionamento com os pais de ambas as famílias.

Quando o homem e a mulher se respeitam mutuamente, amadurece o carinho e melhora a amizade com os pais de ambos. Geralmente, os pais de família preferem que seus filhos solteiros vivam a continência sexual e se sentem mal quando sabem que eles estão sexualmente ativos, sem estar casados. Quando um casal sabe que deve esconder suas relações sexuais, cresce a culpa e o estresse. Os jovens que vivem a pureza se relacionam mais cordialmente com os próprios pais e com os pais do (a) namorado (a).

4. As relações sexuais têm o poder de unir duas pessoas com força e podem prolongar uma relação pouco sã, baseada na atração física ou na necessidade de segurança.

Uma pessoa pode se sentir "presa" a um relacionamento do qual gostaria de sair porque – no fundo – não o deseja, mas não sabe como fazer. Uma pessoa casta pode romper com maior facilidade o vínculo afetivo que o ata ao outro, pois não houve uma intimidade tão poderosa no aspecto físico.

5. Estimula a generosidade contra o egoísmo.

As relações sexuais durante o namoro convidam ao egoísmo e à própria satisfação, inclinam o casal a sentir-se em concorrência com outras pessoas que podem chamar a atenção do (a) namorado (a). Estimulam a insegurança e o egoísmo porque o fato de começar a entrar em intimidade convida a pedir mais e mais.

6. Há menos risco de abuso físico ou verbal.

O sexo, fora do casamento, pode se associar à violência e a outras formas de abuso. Por exemplo, há duas vezes mais ocorrência de agressão física entre casais que convivem sem compromisso do que entre pessoas casadas. Há menos ciúme e menos egoísmo nos casais de namorados que vivem a pureza do que naqueles que se deixam levar pelas paixões.

7. Aumenta o repertório de modos de demonstrar afeto.

Os namorados que vivem a abstinência encontram detalhes "novos" para demonstrar afeto e contam com iniciativas e ideias para passar bem e demonstrar mutuamente seu carinho. O namoro se fortalece e eles têm mais oportunidades de se conhecer no que diz respeito à personalidade, aos costumes e à maneira de manter um relacionamento.

8. Existem mais possibilidades de triunfar no casamento.

As pesquisas têm demonstrado que os casais que já viveram juntos têm mais possibilidades de se divorciar do que os que não fizeram essa experiência.

9. Se você decidir terminar o namoro, doerá menos.

Os laços criados pela atividade sexual, por natureza, vinculam fortemente o casal. Então, se houver uma ruptura, será mais intensa a dor produzida pela separação, devido aos vínculos estabelecidos. Quando não tiverem relações íntimas e decidirem se separar, o processo será menos doloroso.

10. Você se sentirá melhor como pessoa.

Os adolescentes sexualmente ativos frequentemente perdem a autoestima e admitem viver com culpas. Quando decidem deixar de lado a intimidade física e viver castamente, sentem-se como novos e crescem como pessoas. Além disso, melhoram seu potencial intelectual, artístico e social. Com o sexo não se deve jogar. Quando alguém o pressionar dizendo: "Só te peço sexo uma vez e não insistirei mais", uma boa resposta seria: "Isso é justamente o que me preocupa. Prefiro me conservar para alguém que vai me querer toda a minha vida".

Por: Martha Morales
www.almas.com.mx