20 de setembro de 2008

Máquinas de camisinhas nas escolas?

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Um convite à prática desenfreada do sexo

Até há pouco tempo, se existia algo que parecia inútil – porque na consciência de todos –, era definir a função da escola na sociedade. Não havia pais, professores, psicólogos ou sociólogos que não respondessem, de cor e salteado, que a tarefa que lhe cabe é informar e formar, instruir e orientar, numa palavra, preparar para a vida. Para Paulo Freire, uma autoridade no assunto, a educação não é apenas um conhecimento teórico e abstrato, mas «um processo de humanização, um ato político e criativo». E, dirigindo-se a quem confun-de liberdade com indisciplina, completava: «Não há vida sem correção, sem retificação».

Também para Jesus, se se pretende renovar a sociedade, deve-se começar por renovar o interior do homem, pois «é o que brota do coração que contamina - ou, poderíamos nós acrescentar – transforma o homem» (Mt 15,18). Com efeito, «é pelos frutos que se conhece a árvore» (Mt 7,17). Se os frutos são azedos – a violência, a corrupção, a injustiça, a desorientação da juventude, a desestruturação familiar, a depressão e mil outros males, por todos sobejamente conhecidos – é porque a árvore está doente.

É por isso que não se entende como um governo, que se diz comprometido com a construção de uma sociedade solidária, igualitária e justa, resolva, de uma hora para outra, investir na educação... instalando máquinas de camisinhas nas escolas públicas. Foi o que anunciou o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante o 7º Congresso Brasileiro de Prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis, em Florianópolis, no dia 26 de junho.

Evidentemente, a Igreja Católica não pode concordar com decisões e atitudes que, ao invés de formar personalidades sadias e adultas, incentivando o autodomínio e o respeito pelo outro, fomentam o uso irresponsável do sexo e uma promiscuidade malsã. Para Temporão, a maioria dos adolescentes e jovens não se preocupa com as normas de uma Igreja que lhes parece ultrapassada. É para eles, para lhes evitar uma gravidez indesejada ou, pior ainda, a contaminação pela AIDS, que estão sendo implantadas tais máquinas. Mas, assim pensando, o Ministro está a dizer que não acredita num Brasil mais honesto e menos cor-rupto. Com efeito, se um jovem não sabe dominar-se na sexualidade, saberá fazê-lo em outros campos? Já os antigos filósofos asseveravam que o bem, para ser tal, exige totalida-de. O corpo humano é sadio quando todos os seus membros funcionam corretamente.

Em certo sentido, porém, Temporão parece ter razão. Não é fácil nem cômodo abraçar e viver os valores humanos e cristãos, sobretudo a sexualidade e a castidade. Não apenas para os casados, mas até mesmo para os padres, religiosos e bispos. Sem uma graça especial de Deus, que só se consegue por uma profunda espiritualidade, é simplesmente impossível. A quem se diz disposto a assumir o celibato, eu sempre lembro que, sem uma opção clara e concreta pela comunhão com Deus e com os irmãos, tal passo é suicídio na certa. Em qualquer sentido se queira tomá-lo. Para ser sincero, porém, eu deveria também acrescentar que o desastre não é menor em quem se deixa guiar pelos instintos sexuais, dentro ou fora do matrimônio.

Mas, voltando ao assunto, talvez o Ministro Temporão não saiba que a Uganda é a única nação da África que conseguiu diminuir o número de atingidos pela AIDS. E qual foi o segredo "inventado" pelas autoridades do país? Uma campanha em favor da fidelidade con-jugal e da abstinência sexual antes do casamento. A contaminação caiu de 26% para 6%. Por outro lado, a África do Sul está com 30% da população contagiada, apesar dos milhões de camisinhas distribuídas à população.

O que pensaram, a esse respeito, personalidades que iluminaram o caminho da humanidade? Ouçamos o Papa João Paulo II: «Liberar o uso de preservativos – que nunca são 100% seguros – é um convite a comportamentos sexuais incompatíveis com a dignidade humana. O uso da chamada camisinha acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo. O preservativo oferece uma falsa idéia de segurança e não preserva o que é fundamental».

Por sua vez, o grande líder Mahatma Gandhi encontrou no autodomínio a força para se tornar uma das maiores figuras da história. Ninguém se atreve a duvidar de que vivesse o que deixou escrito: «A castidade não é uma cultura de estufa; é uma disciplina sem a qual a mente não pode alcançar a firmeza de que necessita. A vida sem castidade é vazia e animalesca. Um homem entregue aos prazeres perde o seu vigor, torna-se pusilânime e vive cheio de medo. A mente de quem segue as paixões egoístas é incapaz de todo grande esforço».

Dom Redovino Rizzardo, cs
domredovino@terra.com.br

18 de setembro de 2008

A sexualidade é dom de Deus?

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A vivência da sexualidade implica amar o outro com o nosso ser

Quero, hoje, refletir com você sobre a riqueza e a beleza da sexualidade humana. Falando sobre sexualidade humana, Victor Frankl nos diz o seguinte: Dizemos sempre que o ser humano é um composto de corpo, alma (psíquico) e espírito. Em face desta estrutura, o ser humano pode tomar diferentes atitudes como sujeito que ama e experimenta a vivência do amor. As três dimensões da pessoa humana correspondem também a três possíveis formas de atitude.

A primeira e a mais primitiva das atitudes é a sexual, na qual a aparência física de uma pessoa é o que atrai o outro e lhe dá o impulso sexual. Essa atitude tem por meta apenas o corpo, pois não consegue avançar mais do que isto, ou seja, não alcança a pessoa em si, apenas alguma característica física exerce atração sobre o outro.

A segunda atitude é a paixão, da qual se consegue ultrapassar a dimensão do corpo e orientar-se para a dimensão psíquica do outro, ou seja, já não é somente o corpo que atrai, mas atinge a emocionalidade. Essa é uma característica psíquica que exerce atração sobre o outro.

A terceira atitude é do amor. Esta é a forma mais elevada em nossa sexualidade e atinge a dimensão espiritual do ser humano. Nela, alcança-se o outro em plenitude. Quem ama, neste sentido, vai além de uma aparência física ou de simples emoções; enxerga o outro em toda sua riqueza, como um ser "único e irrepetível", e a meta é o outro em si.

A Igreja, através do Conselho Pontifício para a Família, nos diz que "o amor, que se alimenta e se exprime no encontro do homem e da mulher, é dom de Deus; é, por isso, força positiva, orientada à sua maturação enquanto pessoas... O ser humano, com efeito, é chamado ao amor como espírito encarnado, isto é, alma e corpo na unidade da pessoa. O amor humano abarca também o corpo, que exprime o amor espiritual. A sexualidade, portanto, não é qualquer coisa de puramente biológico, mas refere-se, antes, ao núcleo íntimo da pessoa".

Com isto, podemos perceber que a atitude sexual, simples e pura, é vazia e pode trazer prazer momentâneo quando os interesses estão puramente centrados no físico. Isso transforma o outro simplesmente em um objeto sexual. Uma vida sexualmente ativa, dentro desses parâmetros, não garante a ninguém sua realização nem mesmo em sua felicidade.

Enquanto permanecemos atados a tais conceitos, não crescemos como pessoas, não alcançamos a realização e a felicidade que Deus tem reservada para nós. Todo ser humano, como imagem e semelhança de Deus, é chamado a viver muito mais do que momentos de prazer.

Enquanto cristãos, precisamos compreender que a sexualidade humana não é algo apenas biológico, como ensina a Igreja e como diz Victor Frankl, porque ela atinge a dimensão espiritual da pessoa, atinge as camadas mais íntimas e profundas de nós mesmos.

Precisamos entender que a nossa sexualidade é dom de Deus. Através dela, podemos nos doar plenamente a outro ser e fazermos a experiência do amor encarnado em nossa vida.

Sexualidade não quer dizer apenas vida sexual ativa. A vivência de nossa sexualidade implica em amar o outro com o nosso ser mulher ou com o nosso ser homem, implica doação eum amor concreto, manifestado nas pequenas coisas de nosso cotidiano. De minha parte, como missionária e consagrada a Deus, sou testemunha de como é plena a vida dos que são chamados ao matrimônio na Canção Nova. Como celibatária, posso dizer que me sinto plena, sinto-me mulher e amada.

A escolha da dimensão em que vamos viver a nossa sexualidade cabe a cada um de nós. Espero que você faça a escolha de vivê-la em plenitude, como Deus quer que a vivamos.

16 de setembro de 2008

O papel dos cristãos nas eleições

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Seu exercício de cidadania constrói uma sociedade mais justa

A principal arma dos cidadãos no regime democrático é o voto. É através dele que o povo pode fazer valer a sua vontade e o seu legítimo poder. É pelo voto que cada cidadão participa dos destinos de sua nação. É pelo voto que ajuda a nação a mudar de rumo, que elimina os maus governantes, etc.

Diz a nossa Constituição que "todo poder emana do povo e que em seu nome é exercido". Portanto, como dizem os sociólogos, "todo povo tem o governo que merece". O governante sai do meio do povo e é escolhido pelo povo.

O cristão precisa exercer sua cidadania na construção de uma sociedade justa e solidária. Por isso é importante despertar o senso global das responsabilidades políticas.

Se o povo sabe votar bem e escolher homens e mulheres honestos e capazes para dirigir a cidade, o estado e a nação, então, esse povo terá bons governantes, honestos e justos, que saberão priorizar bens os recursos públicos, os impostos pagos pelos cidadãos, etc. No entanto, se o povo votar mal, escolher seus governantes por motivos escusos e egoístas, interesseiros, sem escolher bem os candidatos, então, terá certamente governantes que serão politiqueiros, e não políticos. Qual é a diferença entre uns e outros?

O político verdadeiro é aquele que governa e dirige "para o bem comum"; para o bem do povo; priorizando certamente os mais necessitados e as medidas mais urgentes que beneficiem a todos de modo geral. O verdadeiro político decide em função do bem comum e não de seus interesses eleitoreiros ou corruptos. Infelizmente muitos deles "se servem da política" ao invés de servir ao povo; muitos fazem da oportunidade de exercer um cargo público uma maneira de se enriquecer, empregar os familiares mais próximos, etc. É por isso que hoje o conceito dos políticos está lá em baixo; mas o povo tem culpa também nisso, pois é ele quem elege esses maus políticos. Se o povo escolhesse melhor, com mais consciência e seriedade, conhecendo cada um, as coisas seriam diferentes.

O verdadeiro político olha somente para o bem dos cidadãos e não para os seus interesses pessoais; não fica de olho "na próxima eleição", mas realiza hoje o que é necessário para a cidade e para o povo, independente se isto ou aquilo que faz vai lhe dar mais ou menos votos. Alias, o que dá voto é exatamente o bom governo, a honestidade e o caráter do governante.

Quantas obras importantes e urgentes de serem realizadas não são feitas, simplesmente porque "não dão votos". Mas, a politicagem um dia aparece clara aos olhos do povo. Disse alguém que é possível enganar a muitos durante pouco tempo, ou a poucos durante muito tempo, mas que é impossível enganar a todos o tempo todo. Um dia a casa cai.

Para o cristão, a política tem uma importância enorme, tanto para aquele que é simples eleitor, como para aquele que é candidato a algum cargo. O eleitor cristão precisa ter em mente que quando ele vota está exercendo um certo poder, e Jesus disse que todo poder vem do alto e é dado por Deus.

Nos regimes totalitários, como o comunismo, o povo não pode votar com liberdade; as eleições são "simulacros de eleições"; mas nas verdadeiras democracias o povo vota livremente. Então o cristão tem dupla responsabilidade de votar bem, como cristão e como cidadão.

É pecado "vender" o seu voto ou votar mal; isto é, dar o seu voto a alguém que não merece, que ele sabe que não é competente e nem honesto. O cristão não pode votar com "segundas intenções", só porque aquele candidato vai-lhe ajudar depois de eleito, com um emprego, facilidades outras, etc. O cristão deve votar com a consciência, escolhendo entre todos os candidatos o melhor, independente de interesses, sentimentalismos ou grau de parentesco ou amizade.

Também disso vamos prestar contas a Deus um dia.

O cristão não pode votar em candidatos que sejam inimigos da fé católica ou da Igreja; especialmente aqueles que apóiam os procedimentos morais condenados pela Igreja: aborto, distribuição de "camisinhas", distribuição de pílulas do dia seguinte, que são abortivas, eutanásia, manipulação de embriões, etc.

No entanto; às vezes o cristão pode se ver diante de uma situação em que não sabe em quem votar, uma vez que nenhum dos candidatos merecem o seu voto e não lhe inspiram confiança. O que fazer? Votar em branco? Anular o voto? Não; esta medida não resolve nada porque alguém será eleito de qualquer forma.

O que se deve fazer é votar no "menos ruim", já que todos lhe parecem ruins. Votando em branco ou anulando o voto, podemos estar beneficiando o mais ruim.

Para que o cristão tenha uma participação ativa na política é necessário incentivar o levantamento e o debate dos problemas sociais em cada município, os problemas do estado e do pais. Sem informação, sem estar inteirados dos problemas do povo, não se pode votar bem. É importante participar de debates, diálogos entre amigos e familiares no sentido de instruir os que não têm informações corretas para que não sejam manipulados pelas propostas eleitoreiras.

13 de setembro de 2008

Elogio, um remédio que cura

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Não precisamos esperar nobres gestos para elogiar alguém

Muitas vezes, salta aos nossos olhos apenas os defeitos de quem está ao nosso lado, mas, raramente, tecemos algum comentário sobre suas qualidades.

As críticas - especialmente quando falta o bom senso nas palavras - tendem a criar uma barreira entre o casal. E a pessoa, por medo de ser novamente repreendida em seus atos, sente-se inferiorizada e, conseqüentemente, mais insegura, até mesmo diante daquele que poderia ser o seu apoio.

Em nossos relacionamentos, muitas promessas de mudanças de comportamento, certamente, já tenham sido feitas, mas, infelizmente, poucas vezes cumpridas. Fazer uma série de cobranças a respeito daquilo que o outro não conseguiu, por via de regra, acaba se transformando em discussões que, raramente, poderão trazer algum resultado, exceto dores de cabeça e estresse.

Ofuscada pelas decepções, a pessoa criticada se sente a menor das criaturas e incapaz perante o outro. Definir novas estratégias para restabelecer a vontade em continuar com aquilo que lhe era um desafio, torna-se pesado demais...

Conseqüentemente, a decepção e toda uma carga de maus sentimentos parecem lançar por terra aqueles esforços investidos no compromisso. Assim como as más palavras destroem um caráter e corrompem as sementes das virtudes; as palavras cheias de benevolência aumentam nossa auto-estima, robustece nossa autoconfiança e, de maneira especial, fortalecem nossos vínculos muito mais do que bens ou presentes poderiam fazer.

Algumas situações podem ter outro desfecho, quando elogiamos, sinceramente, as pessoas naquilo que para ela têm sido motivo de esforços.

Todos nós, de alguma maneira, buscamos compensação para aquilo que fazemos. Nem sempre essas compensações precisam vir de um bem material.

Talvez, o início para se alcançar o cumprimento das metas e objetivos, numa vida a dois, esteja contido nas palavras de encorajamento entre eles ou em simples elogios, mesmo quando aquilo que foi prometido, anteriormente, tenha manifestado pequenos sinais de mudança.

Todos nós temos qualidades e podemos enaltecê-las por meio de elogios sem frisar tanto os defeitos, pois, se a pessoa que convive conosco mal percebe nossas qualidades, de quem poderíamos esperar tal reconhecimento?

O elogio faz com que a pessoa perceba que é notada e, uma vez valorizada, cresce sua auto-estima e tudo contribui para fortalecer os vínculos entre o casal.

Na verdade, estamos, através das palavras, encorajando nossa (o) companheira (o) a se empenhar ainda mais naquilo que ela está buscando ou se esmerar em outras, ratificando pelas palavras, o nosso voto de confiança.

Não se trata de fazer elogios vazios, faltando com a sinceridade.

Para a pessoa que amamos, os elogios são indicadores de que nos importamos com ela e queremos o seu crescimento. São práticas simples e eficazes que tampouco custam alguma coisa. Isso nada tem a ver com bajulação que, freqüentemente, pode não passar de uma tentativa de manipulação das coisas ou situações para obter certo benefício.

Não precisamos esperar nobres gestos para elogiar alguém que esteja ao nosso lado. Pequenos e sinceros comentários podem tornar o dia de quem amamos muito mais agradável e não há contra-indicações, podendo ser aplicadas em qualquer relacionamento.

Falar bem do outro, querer bem ao outro e promovê-lo é importante, pois, na verdade, os elogios são os aplausos aos esforços das mudanças que tanto acreditamos ser necessário para se estabelecer o bom convívio.

Há muitas maneiras de mostrar a alguém o nosso carinho. E porque não acrescentar também a eficácia dos elogios?

Um abraço,

Foto José Eduardo Moura
webenglish@cancaonova.com

10 de setembro de 2008

Como evangelizar os meus filhos?

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Antes de dizer a seu filho "Jesus te ama", diga-lhe: "eu te amo".

A Igreja ensina que os primeiros catequistas são os pais. É no colo deles que toda criança deve aprender conhecer a Deus, aprender a rezar e dar os primeiros passos na fé; conhecer os Mandamentos e os Sacramentos.

Os pais são educadores naturais, e os filhos assimilam seus ensinamentos sem restrições. Será difícil levar alguém para Deus, se isto não for feito, em primeiro lugar, pelos pais. É com o pai e a mãe que a criança tem que ouvir em primeiro lugar o nome de Jesus Cristo, sua vida, seus milagres, seu amor por nós, sua divindade, sua doutrina… Eles são os responsáveis a dar-lhes o Batismo, a Primeira Comunhão, a Crisma e a catequese.

Quando fala aos pais sobre a educação dos filhos, São Paulo recomenda: "Pais, não exaspereis os vossos filhos. Pelo contrário, criai-os na educação e na doutrina do Senhor" (Ef 6, 4). Aqui está uma orientação muito segura para os pais. Sem a "doutrina do Senhor", não será possível educar. Dom Bosco, grande "pai e mestre da juventude", ensinava que não é possível educar sem a religião. Seu método seguro de educar estava na trilogia: amor - estudo - religião.

Nunca esqueci o Terço que aprendi a rezar aos cinco anos de idade, no colo de minha mãe. Pobre filho que não tiver uma mãe que lhe ensine a rezar! Passei a vida toda estudando, cheguei ao doutorado e pós – doutorado em Física, e nunca consegui esquecer a fé que herdei de meus pais; é a melhor herança que deles recebi. Não é verdade que a ciência e a fé são antagônicas; essa luta só existe no coração do cientista que não foi educado na fé, desde o berço.

Os pais não devem apenas mandar os seus filhos à igreja, mas, devem levá-los. É vendo o pai e a mãe se ajoelharem, que um filho se torna religioso, mais do que ouvindo muitos sermões. A melhor maneira de educar, também na fé, é pelo exemplo. Se os pais rezam, os filhos aprender a rezar; se os pais vivem conforme a lei de Deus, o filhos também vão viver assim, e isto se desdobra em outros exemplos. Os pais precisam rezar com os filhos desde pequenos, cultivar em casa um lar católico, com imagens de santos em um oratório, o crucifixo nas paredes, etc.; tudo isso vai educando os filhos na fé. Alguém disse um dia, que "quando Deus tem seu altar no coração da mãe, a casa toda se transforma em um templo."

Não apenas leve seu filho à Igreja, mas ensine-o a rezar; leve-o ao grupo de oração, aos Encontros da fé, leia com ele a Biblia e lhe explique, etc. Tudo isso vai moldando a sua fé.

Um aspecto importante da educação religiosa de nossos filhos está ligado com a escola. Infelizmente hoje se ensina muita coisa errada em termos de moral nas escolas; então, os pais precisam saber e fiscalizar o que seus filhos aprendem ali. Infelizmente hoje o Governo está colocando até máquinas para distribuir "camisinhas" nas escolas. Os filhos precisam em casa receber uma orientação muito séria sobre a péssima "educação sexual" que hoje é dada em muitas escolas, afim de que não aprendam uma moral anti-cristã. Outro cuidado que os pais precisam ter é com a televisão; saber selecionar os programas que os filhos podem ver, sem violência, sem sexo, sem massificação de consumo, etc. Hoje temos boas tvs religiosas. A televisão tem o seu lado bom e o seu lado mau. Cabe a nós saber usá-la. Uma criança pode ficar até cerca de 700 horas por ano na frente de um televisor ligado. Mais uma vez aqui, é a família que será a única guardiã da liberdade e da boa formação da criança. Os pais precisam saber criar programas alternativos para tirar as crianças da frente da TV; brinquedos, jogos, estórias, etc. Da mesma forma a internet; os pais não podem descuidar dela.

Mas, para levar os filhos para Deus é preciso também saber conquista-los. O que quer dizer isso? Dar a eles tudo o que querem, a roupa da moda, a camisa de marca, o tênis caro…? Não, você conquista o seu filho com aquilo que você é para o seu filho, não com aquilo que você dá a ele. Você o conquista dando-se a ele; dando o seu tempo, o seu carinho, a sua atenção, ajudando-o sempre que ele precisa de você. Saint Exupéry disse no Pequino Príncipe: "Foi o tempo que você gastou com sua rosa que fez ela ser tão importante para você".

Diante de um mundo tão adverso, que quer arrancar os filhos de nossas mãos, temos de conquistá-los por aquilo que "somos" para eles. É preciso que o filho tenha orgulho de seus pais. Assim será fácil você o levar para Deus. Muitos filhos não seguem os pais até a Igreja porque não foram conquistados pelos pais.

Conquistar o filho é respeitá-lo; é não o ofender com palavras pesadas e humilhantes quando você o corrige; é ser amigo dos seus amigos; é saber acolhe-los em sua casa; é fazer programas com ele, é ser amigo dele.

Enfim, antes de dizer a seu filho "Jesus te ama", diga-lhe: "eu te amo".

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

4 de setembro de 2008

Não só de pão vive o homem

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Os ensinamentos de Deus expressos em sua Palavra

"Não só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que procede da boca de Deus" (Mateus 4,4).

Setembro é o mês que a Igreja dedica à Palavra de Deus, mas isso não quer dizer que ela não dedique os outros onze meses. É que, em setembro, a Igreja faz um grande mutirão para lembrar aos católicos a importância da Palavra de Deus, cujos ensinamentos estão expressos na Bíblia

A Igreja Católica escolheu este mês porque nele se comemora o "dies natalis", a festa de São Jerônimo, "doutor máximo" no ensino das Santas Letras. Na verdade, no século IV, quando a Igreja saia das catacumbas e se multiplicavam os fiéis, a pregação do Evangelho também precisava se multiplicar. São Jerônimo, então, tomou para si a obra imensa de traduzir dos originais escritos nas línguas hebraica, aramaica e grega, para o latim (linguagem popular de então), os Livros que contavam a misericórdia de Deus com a humanidade. A partir daí, para o povo inculto, vindo da barbárie que invadira o Império Romano, a mesma Revelação se traduzia nas esculturas e pinturas das catedrais, que ilustravam para o povo a Palavra e a História da Salvação pregadas nos púlpitos e nas praças. Não havia ainda a imprensa nem mesmo o papel.

Não era fácil a multiplicação dos escritos. Mas, na liturgia e na missão "perseverava a Igreja na doutrina dos Apóstolos, na fração do pão e nas orações"(Cf. At 2,42), como no princípio, no tempo apostólico.

A Bíblia é o Livro dos livros, é a obra mais conhecida em todo o planeta. Ela também conta com o maior número de traduções dentre todas as obras existentes e está presente no maior número de nações. No entanto, nem sempre nos relacionamos com ela do jeito mais ideal.

Estamos no início do mês de setembro, o conhecido e celebrado Mês da Bíblia. É mais uma oportunidade para examinarmos nossa vida e vermos qual é o valor que estamos dando a este livro tão especial e tão importante para todos os que seguem a Jesus, como Caminho, Verdade e Vida.

A Bíblia é um verdadeiro testamento. E o que é um testamento? É uma carta na qual se colocam as coisas mais íntimas, mais sinceras e mais profundas. É onde se fala com o coração e são relatados os "últimos" desejos de alguém. É onde o pai "divide" os bens entre os filhos e amigos. É o meio pelo qual nós fazemos pedidos e recomendações.

Que neste mês de SETEMBRO tenhamos uma amor maior pela PALAVRA de DEUS e todos os seus ensinamentos.

Deus abençoe,

Abraços do irmão e amigo,

2 de setembro de 2008

A devoção a Virgem Maria é necessária para a salvação?

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Quando li o livro do "Tratado da Verdadeira devoção a Santíssima Virgem", de São Luís Maria Grignion de Montfort, sobre a importância da Virgem Maria para a salvação de todos os homens, confesso que fiquei impressionado. Pensei logo naqueles que "abandonaram" essa devoção e me dei conta da real importância da Santíssima Maria na nossa vida. Então, concluí: isso precisa ser divulgado.

Assim, transcrevo aqui alguns textos para que possam ser mais amplamente conhecidos. Além disso, pretendem responder às duas perguntas abaixo:

- A devoção a Nossa Senhora é necessária para a salvação?

- Sem a devoção a Nossa Senhora podemos nos salvar?

Eis o que está escrito no referido livro de Montfort nos itens 40 a 42:

§ 1. A devoção a Santa Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem a salvação

40. "O douto e piedoso Suárez, da Companhia de Jesus, o sábio e devoto Justo Lípsio, doutor da universidade de Lovaina, entre outros, provaram incontestavelmente, apoiados na opinião dos Santos Padres, entre os quais, Santo Agostinho, Santo Efrém, diácono de Edessa, São Cirilo de Jerusalém, São Germano de Constantinopla, São João Damasco, Santo Anselmo, São Bernardo, São Bernardino, Santo Tomás e São Boaventura, que a devoção a Santíssima Virgem é necessária à salvação e também um sinal infalível de condenação - opinião do próprio Ecolampádio e outros hereges, - não ter estima e amor a Santíssima Virgem. O contrário é indício certo de predestinação ser-lhe inteira e verdadeiramente devotado.

41.As figuras e palavras do Antigo e do Novo Testamento o provam; a opinião e os exemplos dos santos o confirmam; a razão e a experiência o ensinam e demonstram; o próprio demônio e seus asseclas, premidos pela força da verdade, viram-se muitas vezes constrangidos a confessá-lo, a seu pesar. De todas as passagens dos Santos Padres e doutores, que compilei para provar esta verdade, cito apenas uma, para não me alongar: "Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá, àqueles que quer salvar (São João Damasceno).

42. Eu poderia repetir aqui várias histórias que provam o que afirmo. Entre elas, destaco:

Aquela que vem narrada nas crônicas de São Francisco, em que se conta que o santo viu, em êxtase, uma escada enorme, em cujo topo, apoiado no céu, avultava a Santíssima Virgem. E o santo compreendeu que aquela escada ele devia subir para chegar ao céu.

Outra narrada nas crônicas de São Domingos: quando o santo pregava o rosário nas proximidades de Carcassona, quinze mil demônios, que possuíam a alma de um infeliz herege, foram obrigados, por ordem da Santíssima Virgem, a confessar muitas verdades grandes e consoladoras, referentes à devoção a Maria. E eles, para sua própria confusão, o fizeram com tanto ardor e clareza que não se pode ler essa autêntica narração e o panegírico, que o demônio, embora a contragosto, fez da devoção mariana, sem derramar lágrimas de alegria, ainda que pouco devoto se seja da Santíssima Virgem" [Veja abaixo este texto com as respostas dos demônios] (São Luís Maria Grignion de Montfort, "Tratado da Verdadeira devoção a Santíssima Virgem", pág. 40-45. 31. ed. Vozes. Petrópolis, 2002).

Respostas dos demônios, mesmo contra a vontade deles (*)

Quando São Domingos estava pregando o Rosário perto de Carcassona, trouxeram à sua presença um albigense que estava possesso pelo demônio. Consta que mais de doze mil pessoas tinham vindo ouvi-lo pregar. Os demônios que possuíam esse infeliz foram obrigados a responder às perguntas de São Domingos, com muito constrangimento. Eles testemunharam que:

1 - Havia quinze mil deles no corpo desse pobre homem, porque ele atacou os quinze mistérios do Rosário;

2 - Continuaram a testemunhar que, quando São Domingos pregava o Rosário, impunha medo e horror nas profundezas do inferno e que ele era o homem que eles mais odiavam em todo o mundo; isso por causa das almas que ele arrancou dos demônios por intermédio da devoção do Santo Rosário; revelaram ainda várias outras coisas.

São Domingos colocou o seu Rosário em volta do pescoço do albigense e pediu que os demônios lhe dissessem a quem, de todos os santos nos céus eles mais temiam, e quem deveria ser, portanto, mais amado e reverenciado pelos homens. Nesse momento eles soltaram um gemido inexprimível no qual a maioria das pessoas caiu por terra desmaiando de medo… e eles disseram:

"Domingos, nós te imploramos, pela paixão de Jesus Cristo e pelos méritos de sua Mãe e de todos os santos, deixe-nos sair desse corpo sem que falemos mais, pois os anjos responderão sua pergunta a qualquer momento (…). São Domingos ajoelhou-se e rezou a Nossa Senhora para que ela forçasse os inimigos a proclamarem a verdade completa e nada mais que a verdade. Mal tinha terminado de rezar viu a Santíssima Virgem perto de si, rodeada por uma multidão de anjos. Ela bateu no homem possesso com um cajado de ouro que segurava e disse: "Responda ao meu servo Domingos imediatamente". Então os demônios começaram a gritar:

"Oh, vós, que sois nossa inimiga, nossa ruína e nossa destruição, porque desceste dos céus só para nos torturar tão cruelmente? Oh, Advogada dos pecadores, vós que os tirais das presas do inferno, vós que sois o caminho certeiro para os céus, devemos nós, para o nosso próprio pesar, dizer toda a verdade e confessar diante de todos quem é que é a causa de nossa vergonha e nossa ruína? Oh, pobres de nós, príncipes da escuridão: então, ouçam bem, vocês cristãos: a Mãe de Jesus Cristo é todo-poderosa e ela pode salvar seus servos de caírem no Inferno. Ela é o Sol que destrói a escuridão de nossa astúcia e sutileza. É ela que descobre nossos planos ocultos, quebra nossas armadilhas e faz com que nossas tentações fiquem inúteis e sem efeito. Nós temos que dizer, porém de maneira relutante, que nem sequer uma alma que realmente perseverou no seu serviço foi condenada conosco; um simples suspiro que ela oferece a Santíssima Trindade é mais precioso que todas as orações, desejos e aspirações de todos os santos.

Nós a tememos mais que todos os santos dos céus juntos e não temos nenhum sucesso com seus fiéis servos. Muitos cristãos que a invocam quando estão na hora da morte e que seriam condenados, de acordo com os nossos padrões ordinários, são salvos por sua intercessão. Oh, se pelo menos essa Maria (assim era na sua fúria como eles a chamaram) não tivesse se oposto aos nossos desígnios e esforços, teríamos conquistado a Igreja e a teríamos destruído há muito tempo atrás; e teríamos feito com que todas as Ordens da Igreja caíssem no erro e na desordem.

Agora, que somos forçados a falar, também lhe diremos isto: ninguém que persevera ao rezar o Rosário será condenado, porque ela obtém para seus servos a graça da verdadeira contrição por seus pecados e por meio dele, eles obtêm o perdão e a misericórdia de Deus".

(*) Fonte: www.deuspelaarte.com.br


Padre Alir
http://blog.cancaonova.com/padrealir/

29 de agosto de 2008

Amar a minha pequenez e a minha pobreza

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Deus faz quando assumimos que somos pequenos e pobres

Deus faz as grandes coisas por meio dos pequenos. É para o pequeno e o humilde que Ele manifesta a Sua glória. Para os orgulhosos é difícil acolher a própria pequenez e assumir que são pequenos. Por isso, assuma-se e ame-se.

Somos apenas uma "poeirinha", mas Deus volve o olhar d'Ele para nós.

O que agrada a Deus, o que dá liberdade para Ele agir, é, primeiro: quando admitimos que somos pequenos, pobres e humildes; segundo: quando aceitamos e assumimos que somos pequenos. Maria nunca quis ser grande, por isso o Senhor olhou para Ela.

Meus irmãos, quem era João XXIII? Ele só queria ser um pároco da Igreja, viver uma vida de simplicidade, pois sabia que era pequeno. Mas Deus pôs Seus olhos nele e ele foi eleito Papa e, como a Santíssima Virgem Maria, deu o seu "sim". E quantas maravilhas Deus fez por intermédio dele, que foi chamado de "O Papa bom", porque sabia que era pequeno e também sabia que tudo era por inspiração de Deus.

Deus pode fazer coisas grandiosas nas pessoas que assumem seu nada.

Lembro que no início de meu sacerdócio, no começo de janeiro, Dom Antônio Afonso de Miranda me chamou e disse "Esse documento [Evangelii Nuntiandi] é muito sério, precisamos colocá-lo em ação; comece como os jovens".

Eu vi inspiração nas palavras de Dom Antônio, mas ele não parou por aí. E foi me falando que "os batizados não são evangelizados. Faça alguma coisa!"


Eu me senti pequeno diante de algo tão grande. Comecei com os jovens através dos encontros com os Catecumenatos. Mais tarde os desafiei a darem um ano de suas vidas a Deus.

Doze jovens começaram comigo a experiência de largar tudo para ser só de Deus e evangelizar. Mas, alguém que estava sentada em sua cadeira disse que era algo muito sério, pois não seria só um ano, mas daria sua vida toda ao Senhor. A única dos doze, que começaram comigo, que ficou até hoje foi a Luzia. É uma história de duas pessoas que tiveram a graça de, assim como Maria, assumir o seu nada.

Lembro que a Luzia, quando se confessou comigo, só chorava mais que se confessava. Naquele momento, ela assumiu sua pequenez. Por isso, digo aos meus filhos de comunidade: "O segredo é assumir sua pequenez.

Se nós tivéssemos amado ainda mais nosso nada, Deus teria feito ainda muito mais, mas mesmo assim o Senhor fez em nós maravilhas. É por isso que a Canção Nova existe".

Deus faz quando assumimos que somos pequenos e pobres. Para o Senhor nada é impossível, o segredo está aí. É necessário aceitar e assumir a nossa pequenez e pobreza. Louvemos ao Senhor que faz o impossível naqueles que reconhecem a sua pequenez.

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Padre Jonas Abib
pejonas@cancaonova.com

27 de agosto de 2008

Terço da misericórdia

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Aprenda a rezar o terço da misericórdia:

Pai-Nosso...

Ave-Maria...

Creio...

Nas contas do Pai-Nosso, reza-se:

Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro.

Nas contas das Ave-Marias, reza-se:

Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro. (10 vezes)

Ao final do terço, reza-se:

Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro.



Este terço foi ensinado durante uma visão que Irmã Faustina teve em 13 de setembro de 1935:

"Eu vi um anjo, o executor da cólera de Deus... a ponto de atingir a terra ... Eu comecei a implorar intensamente a Deus pelo mundo, com palavras que ouvia interiormente. À medida em que assim rezava, vi que o anjo ficava desamparado, e não mais podia executar a justa punição..."

No dia seguinte, uma voz interior lhe ensinou essa oração nas contas do rosário.

Mais tarde, Jesus disse a Irmã Faustina:

"Pela recitação desse Terço agrada-me dar tudo que Me pedem. Quando o recitarem os pecadores empedernidos, encherei suas almas de paz, e a hora da morte deles será feliz. Escreve isto para as almas atribuladas: Quando a alma vê e reconhece a gravidade dos seus pecados, quando se desvenda diante dos seus olhos todo o abismo da miséria em que mergulhou, que não desespere, mas se lance com confiança nos braços da minha Misericórdia, como uma criança nos braços da mãe querida. Estas almas têm sobre meu Coração misericordioso um direito de precedência. Dize que nenhuma alma que tenha recorrido a minha Misericórdia se decepcionou nem experimentou vexame..."

"....Quando rezarem este Terço junto aos agonizantes, Eu me colocarei entre o Pai e a alma agonizante, não como justo Juiz, mas como Salvador misericordioso".

25 de agosto de 2008

A vocação profissional

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'Ser santo é cumprir bem os deveres e ser alegre'

Acredito que toda criança escuta a famosa pergunta: "O que você vai ser quando crescer?" E assim, mesmo sem entendermos bem, crescemos com um questionamento vocacional dentro de nós. A palavra "vocação" vem do latim "vocatione" (substantivo) e significa "chamado", "escolha", "talento", "aptidão" ou "vocare" (verbo), que significa "chamar".

Podemos dizer que existem dois tipos de chamado: um humano e outro divino. O que chamamos de humano consiste na possibilidade de realização de todas as nossas capacidades ou talentos. A dimensão divina consiste no chamado a termos uma relação pessoal com Deus. As duas dimensões são igualmente importantes.

Hoje, no entanto, falaremos um pouco da primeira dimensão, ou seja, da humana. Na escolha por uma profissão é importante levarmos em conta a realização pessoal e o serviço ao próximo. Para descobrirmos a nossa vocação precisamos responder a perguntas como: Do que eu gosto? Quais são as minhas aptidões naturais? O que fala mais alto em mim quando penso em uma vocação? Responder essas perguntas é o primeiro passo para a descoberta de nossa vocação.

Entretanto, precisamos salientar que precisamos perceber em que temos uma maior habilidade e adaptar o nosso talento natural à realidade, pois o trabalho também possui uma outra dimensão que é a de prover a subsistência de cada um de nós.

Victor Frankl afirma que: "O trabalho pode representar o campo em que o 'caráter de algo único' do indivíduo se relaciona com a comunidade, recebendo assim o seu sentido e o seu valor. Contudo, este sentido e valor é inerente em cada caso, à realização (à realização com que se contribui para a comunidade) e não a profissão concreta como tal. Não é, por conseguinte, um determinado tipo de profissão que oferece ao homem a possibilidade de atingir a plenitude. Neste sentido, pode-se dizer que nenhuma profissão faz o homem feliz. A profissão, em si, não é ainda suficiente para tornar o homem insubstituível; o que a profissão faz é simplesmente dar-lhe a oportunidade para vir a sê-lo".

A nossa profissão constitui-se numa possibilidade de nos colocarmos a serviço do outro, e é nessa possibilidade que o nosso trabalho ganha importância e significado, permitindo-nos a descoberta de quem realmente somos. A realização que vem do trabalho tem relação com o que há de mais específico e original em cada um de nós.

No exercício profissional podemos expressar, de forma única, quem somos e, assim, oferecer uma contribuição para a sociedade que somente nós podemos dar. Isso independentemente do que fazemos. Portanto, a questão não está no que fazemos, e sim, em como fazemos. Claro, precisamos estar atentos à realidade em que vivemos e as oportunidades que por um acaso possam surgir para bem aproveitá-las. Mas o mais importante é entendemos que não é uma profissão que faz o homem feliz; uma profissão apenas oferece oportunidade para sermos feliz. A verdadeira felicidade está em servimos ao outro e a Deus.

São Domingos Sávio dizia que: "Ser santo é cumprir bem os deveres e ser alegre". Ele nos deixou a lição de que "trabalhar com alegria" é um bom caminho que podemos seguir rumo à santidade e, dessa forma, podemos unir as duas dimensões vocacionais: a humana e a divina.

Façamos tudo com alegria, na certeza de que independente da nossa profissão, independente do que nós fazemos, podemos contribuir para o bem de outros, podemos deixar a marca da nossa singularidade, pois somos "únicos e irrepetíveis" como bem dizia Victor Frankl. Procuremos viver a cada dia o princípio deixado por São Paulo: "Quer comais ou bebais ou façais qualquer outra coisa, façais tudo para a glória de Deus" (1Cor 10,31).

22 de agosto de 2008

O 'sim' da conversão

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Converter-se é deixar de viver na mentira

Converter-se é deixar de viver longe de Deus. Sair do estado de perdição, deixar o pecado. Não somente o ato mau em si, mas deste resulta no estado da perda da salvação e o sentimento de inimizade contra Deus. Conversão consiste em voltar para o Senhor com todo coração, retomar o caminho das suas veredas.

A conversão é um conceito complexo, que significa uma profunda mudança de coração sob o influxo da Palavra de Deus. Essa transformação interior exprime-se nas obras e, por conseguinte, na vida inteira do cristão. A conversão significa a vitória sobre o "homem velho" que está enraizado (a existência carnal) e o começo de uma vida nova (a vida no Espírito) criada e governada pelo Espírito Santo de Deus. É um fato que na História da Salvação, após o pecado original, cada vez que Deus vai ao encontro do homem para com ele dialogar. Faz isso para provocar no mesmo ser humano a conversão do coração.

Não basta renunciar somente a um ato mau nem a um hábito pecaminoso. Precisa-se ir ao centro da existência; todo coração e todo o procedimento devem ser mudados. O afastamento de Deus somente termina quando o próprio Deus se achega pessoalmente ao homem.

A conversão como saída do estado de pecado, de ausência de Deus e de perda da salvação está unida à aceitação incondicional da soberania divina. Reconhecer que praticou o mal, que tem necessidade de redenção e de uma transformação completa.

Quem realmente se converte, submete-se de boa vontade à lei divina. Renuncia à vida de ilegalidade.

Converter-se é deixar de viver na injustiça. Quem se converte reconhece o quanto deve a Deus e esforça-se por Lhe dar a devida honra. Todo pecado cria um estado permanente de sonegação de justiça para com Deus. É uma inimizade habitual, uma injustiça. É uma recusa permanente de dar ao Senhor a glória que Lhe pertence e de prestar ao Pai a obediência e o amor filial. A conversão tira-nos deste mísero estado. Supõe uma renovação integral do coração.

Converter-se é deixar de viver na mentira. Quem se converte afasta-se da mentira. O pecado é mentira. Por isso, a conversão requer uma mudança total de mentalidade, um espírito novo, o Espírito da Verdade. A conversão é um 'sim' à verdade.

Conversão é a volta à casa do Pai e a entrada no Reino. É a passagem das trevas do pecado para a luz da Graça. O caminho que Deus aponta conduz a uma conversão séria e autêntica do coração. Deus apela para a liberdade humana e que a íntima conversão desta liberdade é obra Sua.

A conversão se inicia no momento em que Deus se digna de derramar "o espírito de graça e de preces" (Zac 12, 10). Porém, nossa conversão não se realizará sem o 'sim' de nossa liberdade.

A conversão culmina - é próprio da sua essência - em um novo nascimento, num renascimento do alto, de Deus. A volta à casa do Pai é a reintegração nos direitos de filho. Não é algo que se processa unicamente no exterior, mas é uma ação interior, uma modificação vital, um nascimento pelo Espírito. Para o homem, a conversão é, pois, infinitamente mais que o simples fato negativo de se livrar da escravidão do pecado, porque, para Deus, converter-se é infinitamente mais que perdoar pecados, é fazer o dom de uma vida nova. O homem torna-se filho de Deus.

O único modo efetivo de descobrir sempre mais a própria identidade é árduo, mas consolador, caminho da conversão sincera e pessoal, com um humilde reconhecimento das próprias imperfeições e pecados; e a confiança na força da ressurreição de Cristo. Essa transformação interior exprime-se nas obras e, por conseguinte, na vida inteira do cristão.

Pe. Reinaldo

19 de agosto de 2008

Vocação ao Matrimônio

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Quem assume o celibato, não o faz por falta de vocação ao matrimônio

O termo "vocação" vem da língua latina e se traduz por "chamado". Esse termo é usado em diversos sentidos, pois seu significado se abre como as muitas e diferentes palhetas de um belo leque.

Em sentido amplo, pode-se falar em "vocação para o matrimônio", para a "paternidade" ou para a "maternidade". Essas são vocações implícitas na própria natureza criada. Pelo fato de alguém ser criado "homem", em sua natureza está "embutido" o chamado ao matrimônio e à paternidade.

Da mesma forma, aquela que é gerada "mulher" traz em si mesma a vocação ao matrimônio e à maternidade. As exceções são muito raras, e quase sempre determinadas por algum tipo de problema pessoal.

É preciso afirmar de imediato que aqueles que são chamados ao sacerdócio e à vida consagrada, quer masculina quer feminina, trazem, sim, em sua natureza, essa vocação ao matrimônio, à paternidade e à maternidade. Se estes todos assumem o celibato, não é por falta da vocação ao matrimônio, mas sim, por uma "opção positiva" diante do chamado de Jesus para uma vida celibatária. Estes todos podem afirmar: "Eu não renunciei ao matrimônio!... Eu aceitei o convite de Jesus, optei e escolhi livre, voluntária e positivamente viver esse tipo de vida para a qual Ele me chamou!"

Na verdade, a família é tão importante para o ser humano que o matrimônio, a paternidade e a maternidade deveriam ser sempre assumidos "como uma vocação personalizada" do Pai celeste. O conhecimento da responsabilidade, da importância e da grandeza de formar um lar deveria ser tão profundo que induzisse os jovens a se prepararem para o matrimônio com todo cuidado, esmero e honestidade. Aliás, deveria ser exatamente com a mesma seriedade que um jovem se prepara para o sacerdócio ou uma jovem para a vida consagrada.

Para os jovens poderem se preparar muito bem para o matrimônio, precisam possuir um conhecimento claro e profundo do "projeto divino da procriação humana". Esse conhecimento lhes mostrará o verdadeiro significado do "masculino e do feminino", da "genitalidade" masculina e feminina, do sentido da "mútua atração" entre o homem e a mulher, do significado do namoro, do noivado e do casamento, bem como da importância de formar um lar que seja "ninho de amor", para a realização e felicidade do casal e dos filhos.

Pe. Alírio José Pedrini, SCJ

13 de agosto de 2008

Testemunho - Chamado a Servir



Em minha caminhada de Cristão dentro da Igreja Católica, tudo começa com a igreja doméstica onde aprendi a rezar junto com minha saudosa mãe Aparecida de Fátima da Silva, teve-se o fato curioso, quando ainda menino, fui a Missa e comunguei mesmo sem tem a preparação para a Comunhão, mas tudo isso na inocência, pois não sabia, nesta mesma igreja teve o momento de encontro com Arcebispo Emérito de Goiânia Dom Antônio Ribeiro de Oliveira que com o seu cajado bateu em minha cabeça num gesto simples para descontrair, houve ainda os momentos de reza do terço juntamente com a Dona Suzana no período em que morei em São Sebastião-DF, quando todas as crianças da rua se reuniam para lembrar-se de Nossa Senhora, passei por algumas pastorais e movimentos, desde a Pastoral do Batismo a Pastoral da Juventude, sempre atuante dentro da comunidade. No ano de 2001 junto com a juventude conheci a Sociedade de São Vicente de Paulo-SSVP através do convite de minha amiga Maria de Lourdes a conhecer uma Conferência Vicentina de jovens que estava sendo formada aqui no centro da cidade de Trindade, seu nome era Conferência Santo Afonso, eu estando com a idade de 19 anos, vindo de um momento muito triste da minha vida, quando perdi minha mãe. Mesmo que esta conferência não tenha continuado o seu trabalho, senti o chamado a caminhar nesta espiritualidade, depois comecei a participar da Conferência São Miguel Arcanjo, que tem como local de reuniões semanais a Capela de São Vicente de Paulo, no Jardim das Tamareiras, aqui mesmo em Trindade. Local onde fiz grande amigos como Cfd. Sandro Garcia, Cfd. Thiago Martins entre muitos outros.
Com o caminhar fui conhecendo mais sobre a SSVP e toda sua história, em 2003 fui proclamado vicentino e me senti mais comprometido a participar e, isso me motivou muito, neste mesmo ano fui aclamado vicentino na Assembleia em Louvor a Imaculada Conceição de Maria, realizada anualmente pelo Conselho Metropolitano de Goiânia. Nos anos seguintes fui conhecendo e participando da hierarquia da SSVP, em 2004 tivemos uma eleição para o Conselho Particular Divino Pai Eterno, fui convocado para o encargo da ECAFO (Escola de Capacitação Antônio Frederico Ozanam), me senti assustado no começo, mas todos me deram apoio, neste mesmo ano junto com a ECAFO e Comissão de Jovens do Conselho Central Nossa Senhora de Fátima, formamos a Equipe de Formação Vicentina (coordenada pelo Cfd. Célio Alves Rocha), com a missão de levar aos vicentinos de nosso conselho mais formação e espiritualidade vicentina.
Em 2005, já havíamos realizado vários encontros de formação pelas cidades que fazem parte do nosso Conselho Central Nossa Senhora de Fátima, isso foi muito gratificante, pois saíamos de nossas casas e viajávamos longas distâncias para levar e buscar um pouco mais de conhecimento sobre a história SSVP além do privilégio de participar dos momentos de oração, e sermos tratados como filhos em cada casa que ficávamos. Como o trabalho de um cristão nunca acaba um novo desafio surgiu: Fui convidado para participar da Equipe do programa Voz Vicentina no Centro-Oeste pela rádio Difusora de Goiânia AM 640, onde até hoje dou minha contribuição, ajudando o Departamento de Comunicação do Conselho Metropolitano de Goiânia. Neste mesmo ano tivemos eleições em nossa conferência, fui candidato, mas não fui eleito, entretanto, ajudei como vice-presidente, ao lado de um grande amigo, o Cfd. Thiago Martins.
Foi no ano de 2006, que surgiu o maior desafio dentro de minha vida, pois prestei vestibular e passei, a agora veio o momento de maior provação, conciliar família, trabalho cristão e estudos, pensei muito sobre isso, pois nestes anos de caminhada vi muitos jovens sumirem da Igreja por estarem vivendo está mesma situação, mas decidi ficar e caminhar, pois sempre tive e tenho fé de que Deus não nos abandona mesmo em momentos de dificuldade; hoje mesmo não podendo agir de maneira tão dedicada a SSVP, continuo meus trabalhos dentro da Conferência São Miguel Arcanjo (pois ela é à base de toda a SSVP), atualmente como secretário, e de acordo com as minhas possibilidades ajudo o DECOM do Conselho Metropolitano de Goiânia, pois o tempo à gente faz.
E como a missão continua no ano de 2008 foi realizada nova eleição para o Conselho Particular Divino Pai Eterno, com o apoio de nossos confrades e consocias, e também vendo a realidade de nossa cidade, lancei candidatura e fui eleito, mas não para o meu engrandecimento e sim para poder manter vivo o espírito vicentino em nossa cidade e espalhar mais ainda a chama de caridade aos corações das pessoas.
No ano de 2010, São Vicente de Paulo e Frederico Ozanam queriam de mim mais uma missão. Eis que estava encerrando o mandato da Csa. Doranice Martins Lopes diante do Conselho Central Nossa Senhora de Fátima, tínhamos um candidato já formado pra assumir, mas por motivos internos o mesmo não pode concorrer ao pleito, meu nome foi citado somente para que ocorresse a eleição daquele ano, e juntamente com meu amigo Cfd. Dorival de Souza Gonçalves; mas Deus age de forma a capacitar os seus escolhidos e com toda situação ocorrida fui eleito a guiar mais de 500 vicentinos em 8 cidades, parte de Goiânia a Novo Brasil. Missão enorme e de muita responsabilidade, mas com oração e união vamos fazendo o melhor para todos que contam conosco. Neste mesmo ano conheci Gizelle Oliveira Vaz, uma pessoa especial e de caminhada na Igreja; com as bênçãos de Deus recebemos o sacramento do Matrimônio em 10/12/2011. Formar uma família é um passo agraciado na vida do Cristão.
Em 2012 recebi a noticia que mudou toda minha vida, Miguel Oliveira Vaz Silva veio para nos trazer muita alegria. Ter um filho faz a gente ver tudo com novos olhares e a cada dia ser mais feliz.
 Diante de tudo que se passou em minha vida, perca precoce de minha mãe, aumento da responsabilidade familiar, compromisso vicentino e estudos aprendi que não devemos nos curvar diante das nossas dificuldades e sim enfrentá-las contando sempre com o apoio de nosso eterno Pai e seu único filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, um jovem cheio do Espírito Santo que dedicou a sua vida a mostrar as pessoas que tudo pode ser diferente se você tem fé e perseverança, essa lição de vida inspirou nosso patrono São Vicente de Paulo, e mais tarde inspirou um jovem chamado Frederico Ozanam a fundar a maior obra de caridade leiga da nossa Igreja Católica, a Sociedade de São Vicente de Paulo. Muitos ainda me perguntam por que mesmo com tantas coisas e afazeres pessoais, dedico a minha vida a SSVP, e sempre respondo: "Estou fazendo a minha parte, para que o mundo possa ser um pouco diferente, ser mais humano". Agradeço também a minha esposa e filho, família e amigos que sempre estão ao meu lado dando muito apoio.
Aos jovens digo: "Não percam a fé e jamais desistam dos seus sonhos mesmo que hoje a vida seja bem diferente da vida que nossos pais levavam, com mais responsabilidade e dificuldades, se temos fé e acreditamos em nosso potencial podemos sim realizar milagres e obras em honra de nosso Deus, um Deus que nos ama imensamente e que nunca nos abandona". Hoje a juventude pode e deve fazer a diferença, pois amanhã nossos filhos vão nos perguntar: "Porque devemos ajudar as pessoas?" E nós devemos ter nossa vida como exemplo para podermos dar a eles uma reposta concreta e firme. Agradeço a Deus toda a capacidade que ele me dá de continuar a caminhar, mas peço sempre em minhas orações mais força, pois a caminhada é longa e jamais devemos desistir.














Eder Silva
Cristão Vicentino

Os furacões em nossas vidas

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Precisamos perseverar, porque as paredes podem cair de novo

O Furacão Katrina foi uma das mais fortes tormentas tropicais que atingiu a região do Golfo americano. Com ventos de até 240 km por hora, o furacão deixou um rastro de mortes muito elevado e um prejuízo imenso para as seguradoras americanas devido à destruição dos lugares onde passou.

Desabamentos com inúmeras vítimas, pessoas ilhadas tentando fugir das águas são imagens que vão ficar gravadas em nossas mentes.

E os furacões que assolam as nossas vidas, os furacões das decepções, traições, calúnias, doenças graves na família, que conseqüências eles trazem à nossa alma, à nossa psique e até ao nosso físico? Uma imensa sensação de estar perdido, abandonado até por Deus, um imenso desânimo, uma dor lancinante de angústia no peito latejam diariamente sem cessar. Uma falta de esperança que tudo pode mudar e voltar a ter cor de novo são sintomas quando vivemos essas experiências dolorosas. A ausência de vontade de rezar é maior que tudo, mas a necessidade é estimulada pelas fortes dores na alma.

Correr para Deus, correr para Aquele que faz com que o furacão pare e rogar para a ressurreição chegar é essencial. A pedagogia divina não é paternalista, mas paternal, ela exige que nos levantemos, dando os passos para começar a reconstrução da alma e das outras áreas da nossa humanidade que estão destruídas ou bem danificadas.

E que passos são esses? O perdão renovado às pessoas que nos fizeram mal, demonstrado em atitudes de bondade para com elas.

Pequenas atitudes, um sorriso, um "como vai?", perguntar sobre o dia da pessoa, sobre o que é importante para ela.

Acredite que ser bom para as pessoas será excelente para nós. E parte daquilo que foi destruído pelo furacão começa a ser

reconstruída lentamente.

Muitas vezes, vamos entrar no ciclo de relembrar as coisas ruins, mas precisamos pedir o Sangue de Jesus para lavar a nossa memória, as nossas lembranças.

Não podemos parar quando não somos correspondidos com amabilidade nas tentativas de reconstrução, pois o terreno depois de um furacão não é favorável para a implantação de um novo alicerce.

Precisamos perseverar, porque, muitas vezes, as paredes podem cair de novo, e precisamos recomeçar. E acredite: a cura para a reconstrução da alma, da psique e até do nosso corpo físico vem da oração e da atitude amável.

Você não está só! Deus o convida para reconstruir tudo com Ele.

Maria Elizabete S. Albuquerque

11 de agosto de 2008

Vida religiosa

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Muitos estão sendo vencidos pelo medo de seguir, até o fim, o projeto de Jesus

"O hábito não faz o monge", diz o provérbio, mas, sem dúvida, chama um pouco, ou muita, atenção. Talvez uma criança curiosa tenha nos incomodado com perguntas inocentes querendo saber: "Por que aquela pessoa estava vestida daquele jeito?" Claro que podemos sair da pergunta com uma resposta curta e grossa: "É uma freira" ou "É um frei". E se a criança insistir, querendo saber mais, saberíamos responder à altura e com gosto? Ou nos esconderíamos atrás do banal "deixa pra lá", equivalente a não saber ou ao não querer responder?

Tenho certeza: digam o que quiserem, finjam não ver, ignorem a presença deles e delas, mas os religiosos e as religiosas chamam atenção. Não porque queiram isso. Mas - ou por usarem o hábito ou pelo jeito - obrigam-nos a perguntar por que eles e elas escolheram aquela forma de viver. Por quê?

Insisto sobre os questionamentos pelo fato de a vida religiosa também ter mudado. A freira que anda pelas casas do bairro pobre é formada em Pedagogia e está estudando Ciências Sociais. O monge, que abre a porta do convento e acolhe os mendigos é mestre em Letras pela PUC de São Paulo. O frei que anda de bicicleta, evitando os buracos e a lama da periferia, é advogado. A irmãzinha que cuida da creche é enfermeira diplomada e continua estudando Medicina de noite. O irmão que está no acampamento dos sem-terra é doutor em Teologia. E assim poderíamos continuar.

Quem tem uma imagem dos irmãos e das irmãs como de "coitadinhos" meio perdidos e fora do tempo está muito enganado. Não somente porque eles e elas, hoje, estudam mais, mas porque continuam sabendo muito bem o que querem. Eles têm um grande projeto de vida. Querem ser felizes vivendo o Evangelho. Querem contribuir com a sociedade de hoje seguindo as pegadas de Jesus Cristo.

Se a vida religiosa podia parecer, no passado, um refúgio para ter uma "certa" tranqüilidade, ou uma fuga por medo das coisas perigosas do mundo, hoje é exatamente o contrário. Vida religiosa não é para pessoas fracas. É cada vez mais exigente. Dizem que o celibato para o Reino de Deus e a virgindade consagrada são coisas para sexualmente frustrados. A pobreza é considerada excesso de loucura e inaptidão administrativa. A obediência, uma inútil inibição dos projetos pessoais, uma afronta à liberdade individual. Essas coisas são bobagens, claro, mas só para os acomodados, os que ficam alucinados e iludidos pelas coisas do mundo, para os que adoram encontrar defeitos nos outros e só sabem criticar. Por isso, a vida religiosa sempre será questionada e sempre chamará atenção. O caminho é difícil e a porta estreita. É preciso empurrá-la para entrar, não é para todos.

Se não entendemos tudo isso, ou não sabemos responder bem às perguntas acima, tenhamos ao menos o bom senso de não falar à toa e, quem sabe, aprendamos a agradecer a essas pessoas, que pagam com a própria vida as suas escolhas. Se não fosse assim, a Irmã Dorothy Stang não teria morrido. O padre Bossi, do PIME, não teria sido seqüestrado lá nas Filipinas. Os religiosos e as religiosas podem ter muitos defeitos, como todos, mas não são nem bobos nem ingênuos.

A chamada crise da vida religiosa pode ser pela quantidade; mas com certeza não o é pela qualidade. Talvez aos jovens, hoje, falte coragem. Estão sendo vencidos pelo medo de seguir, até o fim, o projeto de Jesus. Sentem medo de parecer diferentes ou de incomodar aos outros; de começar a mudar a história, mudando a própria vida. Por isso Jesus repetiu tantas vezes aos discípulos: não tenham medo… E o repete ainda em nossos dias. Para nós todos.

Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá

7 de agosto de 2008

Pai, uma missão sem fim

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Aquilo que não foi semeado não poderá ser colhido

A missão confiada aos pais não é assegurada somente quando nossos filhos são apenas crianças. Precisamos ser bons mestres tanto nos ensinamentos como em atitudes, e isso não cabe a nenhuma escola. Muitas vezes, o acúmulo de coisas e outras preocupações pertinentes aos genitores fazem passar despercebido o fato de que a formação do caráter dos filhos depende deles.

Numa casa, nos finais de semana, sempre há muitas coisas para ser resolvidas; outras para ser consertadas, entre outros. E quase sempre, na tagarelice de criança, estará o filho rodeando o pai simplesmente para estar junto dele, ou para espalhar suas ferramentas. O filho – sem ter conhecimento - dispõe ao pai uma oportunidade de fortalecer vínculos e de fazer de uma simples tarefa doméstica uma experiência inesquecível para ambos; mesmo quando ele [o filho] inventa brincadeiras no mesmo local onde o pai está trabalhando.

São esses momentos que propiciam maior intimidade entre pais e filhos, por mais breve que sejam eles. Certamente, em pouco tempo, já não estarão mais interessados em ajudar a apoiar uma escada, nem a lavar o carro ou arrumar uma antena...

Nossas crianças não crescem já conhecendo sobre o que é certo e errado, tampouco têm idéia sobre a necessidade de se esperar o momento adequado para ganhar o presente que desejam ou ainda fazer aquilo que bem entendem como se o mundo girasse ao redor delas. Por outro lado, a missão de pai não termina com a chegada da juventude do filho. Rapidamente outras atividades vão tomar parte da vida de nossos jovens e não permanecerão eternamente sob as sombras dos pais. Dentre as novas ocupações, também vão estar o "compromisso" de responder e-mails, atualizar seus contatos em sites de relacionamentos, entre outras coisas.

Lembro-me de que na minha adolescência, pouco a pouco, fui estimulado a buscar trabalho, me fazendo assim conquistar o próprio dinheiro. Isso me permitiu experimentar a sensação de alcançar a minha "independência financeira" e de aprender como controlar meus próprios gastos. A sensação de ser dono do "próprio nariz", ainda que não tivesse maturidade suficiente para enfrentar as próprias responsabilidades, já me estimulava a firmar meus propósitos naquilo que achava estar correto.

Na atitude natural daqueles que procuram proteger e defender seus objetivos e diante do parecer contrário dos pais a respeito de seus interesses, o jovem pode replicar questionando: "Por que não?". Certamente, uma simples resposta de "porque sim" ou "porque eu quero assim" já não mais será suficiente para convencer o filho. De outro modo, abrir mão da responsabilidade e das regras estabelecidas em casa, deixando o jovem viver segundo seu bel-prazer, não deverá ser o caminho mais fácil para se evitar conflitos.

Podemos enfrentar algumas dificuldades para assimilar as possíveis diferenças de opiniões e de comportamento de nossos filhos. Mas a constância nas observações das normas e a perseverança na vivência das virtudes não permitirão que os laços de amizade e de confiança da família se tornem infecundos. Assim, o respeito mútuo será o sustentáculo que permitirá o diálogo, no qual, poderão encontrar - juntos - a melhor maneira para se equacionar possíveis impasses.

Lembremos que aquilo que não foi semeado não poderá ser colhido, nem sob a condição de uma autoridade opressora.

Ouça cometários adicionais

Deus abençoe a todos que abraçaram essa missão.

Foto José Eduardo Moura
webenglish@cancaonova.com

6 de agosto de 2008

O poder da palavra

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A palavra tem o poder de fazer uma pessoa recuperar a alegria

Queria falar para você sobre o poder da palavra. Há palavras de amor, como: "Seja bem-vindo", "Estava com saudade", "Te amo tanto!", "Que bom que você está aqui"... Com as quais nos exercitamos no cotidiano. São pequenas palavras de amor, mas que têm um poder de fazer as pessoas melhores.

E como os jovens e as crianças estão carentes de palavras de amor! Os filhos aprendem com os pais a utilizá-las, com a pessoa que trabalha em suas casas, por meio das gentilezas. A palavra tem o poder de fazer uma pessoa acreditar nela mesma e a faz recuperar a alegria.

Há também palavras de desamor. A palavra pode ser um veneno que traga maldição para a vida das pessoas. Essa palavra que tem poder quando utilizada com amor, também destrói quando é usada com desamor; pois podemos dizer coisas que destroem as pessoas. Há palavras de desamor como: "Você não!", "Você não serve para nada!", "Não te perdôo!", "Eu te odeio!"...

Outro tipo de palavra é a da indiferença, que não é nem palavra de amor e nem desamor. Como, por exemplo, se você trabalhar em um consultório médico e as pessoas chegarem preocupadas e você ser indiferente com elas. Cristão não pode ser indiferente! Esse é o mal do século, porque as pessoas estão transformando tudo em "Eu"; "Tudo é para mim!"...

Não existe filho de Deus de segunda categoria; você é filho de Deus de primeira categoria! Você não é pequeno nem incapaz, mesmo algumas que pessoas tenham dito palavras de desamor para você. Todos nós somos carentes e não precisamos de palavras de desamor, precisamos é de palavras de amor!

Deus nos cerca com palavras de amor. Por isso, não use palavras de desamor e de indiferença. Permita-se ser um espelho de amor. Transborde amor, com gestos e palavras! Mas para isso você precisa sentir o amor maior, que é o Amor de Deus.

Falando sobre o poder da palavra, pegando esse mesmo conceito palavra de "amor", de "desamor" e de "indiferença", um grego diz que devemos atentar para as seguintes palavras antes dizer algo, elas são:

- Credibilidade: se eu for um mentiroso as pessoas não vão acreditar em mim. Nós não devemos mentir para ter credibilidade.

- Fragilidade: quando uso palavras de amor para chegar ao ponto fraco do outro. Todos nós temos um ponto fraco, ou seja, o nosso lugar frágil. Jamais podemos fazer do ponto fraco do outro motivo de humilhação, pois tudo que humilha o outro não edifica.

- Razão: é se preparar para levar a palavra, ter discernimento para saber o que a pessoa precisa ouvir. Pense um pouco na palavra de desamor que você profere: "Não gosto de gente assim", "Você não me agrada", "Saia daqui!", "Eu te odeio!"...

Hoje peça aos anjos para retirar de você todas essas palavras [negativas], e tome mais cuidado com o que você fala.

Gabriel Chalita

4 de agosto de 2008

Dia do Padre

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Chamado para ser um servo de Deus, um sacerdote, um 'pai'

O Dia do Padre é celebrado oficialmente em 4 de agosto, data da festa de São João Maria Vianney, desde 1929, quando o Papa Pio XI o proclamou "homem extraordinário e todo apostólico, padroeiro celeste de todos os párocos de Roma e do mundo católico".

Padroeiro é o representante de uma categoria de pessoas, cuja vida e santidade comprovadas estimulam a uma vida de fé em comunhão com a vontade de Deus. Tendo em vista essa explicação, vamos entender por que a Igreja o escolheu como exemplo a ser seguido pelos sacerdotes, na condução de seus rebanhos.

Esse santo homem nasceu na França, no ano de 1786, e depois de passar por muitas dificuldades, por conta das poucas habilidades, foi ordenado sacerdote. Mas o bispo que o ordenou acreditou que o seu ministério não seria o do confessionário, entendendo que sua capacidade intelectual seria muito limitada para dar conselhos.

Então, ele foi enviado para a pequenina Ars, no interior da França, como auxiliar do padre Balley, o mesmo que vislumbrou, por santa inspiração, seu dom de vocação, e por confiar nele o preparou para o sacerdócio. E esse pároco, outra vez inspirado, acreditou que o dom dele [São João Maria Vianney] era justamente o do conselho e o colocou servindo no confessionário.

Assim, padre João Maria Vianney, homem justo, bom, extremado penitente e caridoso, converteu e uniu toda Ars. Amado e respeitado por todos os fiéis e pelo clero da Igreja, sua fama de conselheiro correu por todo o mundo cristão. Assim, ele se tornou um dos mais famosos confessores da história da Igreja. Conhecido também como "Cura d'Ars", mais tarde, foi o pároco da cidade, onde morreu em 1858, sendo canonizado em 1925.

Sem dúvida, São João Maria Vianney é o melhor exemplo das palavras profetizadas pelo apóstolo Paulo: "Deus escolheu os insignificantes para confundir os grandes". Ser padre é isso, exatamente a vida inteirinha do seu padroeiro.


Ele entende o chamado para ser um servo de Deus, um sacerdote, um "pai" (padre) à semelhança de Cristo, que amou e deu a vida ao povo pobre, simples e marginalizado. Nunca hesita. Tudo aceita, confia e acredita em Deus e na sua Providência, e caminha seguro para missão que lhe é designada.

A vida simples e a simplicidade dos ensinamentos Jesus Cristo são o fundamento do seu ministério, único parâmetro e exemplo a seguir. A sua tarefa é continuar a missão de Jesus Cristo, o único e eterno Sacerdote. É o padre, que através do Evangelho, leva os homens a Deus, pela conversão da fé em Cristo. Por isso, são pessoas que nascem com esse dom e, logo cedo ou no momento oportuno, ouvem o chamado de Deus para se consagrarem a servir à comunidade, nos assuntos que se referem a Ele.

Ser padre é ser "pai" de uma comunidade inteira. Como tal, é o homem da Palavra de Deus, da Eucaristia, do perdão e da bênção, exemplo de humildade, penitência e tolerância; o pregador e conversor da fé cristã. Enfim, um comunicador e entusiasta da Igreja, que luta por uma vivência cristã mais perfeita. Dessa Igreja missionária, que não sobreviveria sem o sacerdote, como indicou o próprio Jesus Cristo, seu fundador pela Paixão por nós.

Sua missão é construir comunidades, entender a alma humana e perdoar os pecados, evangelizar, unir e alimentar a comunidade pela Eucaristia. Entendem, como diz Lucas 21, 15: "Eu vos darei eloqüência e sabedoria, às quais nenhum de vossos adversários poderá resistir nem contradizer" , e são verdadeiras testemunhas da fé, por sua oração, sacrifício e coragem cristã.

Dom Demétrio Valentini
Bispo Diocesano de Jales (SP)

1 de agosto de 2008

A pessoa é o mais importante

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Quando se trata de se relacionar com pessoas o desafio torna-se ainda mais exigente

Somos naturalmente atraídos pela beleza, pelo que nos encanta à primeira vista e só depois é que a razão nos permite pensar se o que nos atraiu é tão bom quanto belo. Acredito que como cristãos, um dos maiores desafios que travamos diariamente é este: não pararmos nas aparências. Mas quando se trata de conviver e de se relacionar com pessoas o desafio torna-se ainda mais exigente. Morando em comunidade e trabalhando com os meios de comunicação, como é o meu caso, é inevitável não me relacionar com diversas pessoas. Cada uma com sua história, suas lutas e seu jeito de ver a vida e de viver. Então, constantemente, vejo-me frente ao desafio de acolhê-las como um mistério que vai além do que vestem, dizem ou fazem.

Outro dia, vivi uma situação interessante; uma de minhas amigas pediu-me que analisasse sua postura diante do que vive e lhe dissesse o que eu pensava ao seu respeito. Demonstrava certa preocupação com sua popularidade, não se sentia acolhida e muitas vezes era mal interpretada nas atitudes e palavras. Percebia que algo estava errado, mas não conseguia identificar o erro, nem admitir que ele fosse seu. Compreendi que com a partilha ela já expressava desejo de mudar, de ser melhor, mas via também sua dor por não se sentir valorizada naquilo que era, independentemente do que fazia.

Confesso que fiquei um tanto embaraçada na resposta que deveria dar naquela hora, mas tentei explicar que ela era muito mais importante do que o que vivia no momento e tinha mais valor do que conseguia transmitir com suas palavras e atos. Conhecendo-a bem, sabia que suas atitudes daquele momento não determinavam o que estava em sua essência. Daí, lembrei-me de uma parábola na qual o autor fala sobre isso e expliquei-lhe o quanto Deus a amava, independentemente da "estação" da vida em que ela se encontrava.

Concluída a partilha fiquei pensando: Talvez em outras épocas eu não teria dado essa resposta, seria antes uma oportunidade para - em nome da transparência - apontar seus defeitos. Mas o que me fez agir diferente? Acredito que quem muito recebe, naturalmente deve dar muito e talvez tenha sido um fio dessa lembrança que me fez agir assim. Não consigo contar as vezes em que fui acolhida, perdoada e incentivada a dar uma resposta diferente. Jesus é o primeiro Mestre nessa lição. Ele está sempre pronto a nos acolher a partir do que somos na essência e nos incentiva a ser e a agir como Ele.

Fico pensando nas inúmeras oportunidades que temos para optar por ajudar a pessoa a ser o que ela é ou afastá-la ainda mais de sua essência. E esse pensamento me fez escrever na intenção de lhe propor uma reflexão sobre isso. Deus nos deu muitos dons e nos capacitou a optarmos pelo bem, mas nos fez livres para escolhermos, a cada dia, a maneira de lidarmos com a nossa vida e com a vida de quem se aproxima de nós.

A parábola, a que fiz referência à minha amiga, é esta: Conta-se que um homem tinha quatro filhos e queria que eles aprendessem a não julgar as coisas precipitadamente. Um dia resolveu mandar cada um deles, por turnos sucessivos, a observar uma árvore que se encontrava a uma considerável distância da sua propriedade. O primeiro filho foi no inverno; o segundo; na primavera; o terceiro, no verão e o quarto foi no outono. Depois de todos terem ido observá-la e regressado, o pai juntou os quatro filhos e pediu a cada um que descrevesse o que vira.

O primeiro comentou que a árvore era torta, despida de folhagem e muito feia. O segundo, diferentemente, afirmou que a árvore estava repleta de rebentos verdes e promissores. O terceiro não concordou e disse que a árvore era rica em flores de inebriante perfume e de uma beleza como nunca vira igual. O último filho manifestou o seu total desacordo com os seus três irmãos e declarou que a árvore estava carregada de excelentes frutos maduros em tal quantidade que os ramos quase tocavam no chão. Então, não obstante opiniões tão divergentes, o pai afirmou-lhes:

- Meus filhos, todos vós tendes razão!

E, perante a grande surpresa expressa no rosto dos quatro irmãos, o pai explicou-lhes por que todos tinham razão.

- É que cada um de vós viu apenas uma das quatro estações da vida da árvore.

Quantas vezes também nós não agimos assim? Vemos as coisas e as pessoas em uma "estação" e determinamos precipitadamente o que ela é. Dizem os sábios que nunca se deve julgar um homem fixando-se apenas em um ato entre tantos de sua vida. E aconselha-nos a esperar um pouco mais, para que vendo os frutos da ação, constatemos o heroísmo do autor.

Faço minhas as palavras do Pe. Fábio de Melo quando diz de maneira tão poética quanto sabia:

"Olha devagar para cada coisa. Aceita o desafio de ver o que a multidão não viu. Em cascalhos disformes e estranhos diamantes sobrevivem solitários".

Que tenhamos a coragem de seguir os passos de Jesus. Ele, por excelência, foi um grande lapidador de diamantes que estavam escondidos em cascalhos disformes... Sabe por quê? Porque Ele nunca parava no que ouvia dizer da pessoa nem diante do que ela dizia de si. Ele ia sempre além, buscava o coração, a verdade que estava na essência da alma de cada um que se aproximava d'Ele. Foi assim com a samaritana que encontrou no poço de Jericó (cf. João, capítulo 4: 4 a 30) e com tantas pessoas com as quais Ele se relacionou no cumprimento de Sua missão.

Hoje é dia de contemplarmos o que a multidão não vê e acolher os que se aproximam de nós, independentemente da "estação" em que se encontram.

Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

30 de julho de 2008

Pensar e agir como Jesus

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Ter o coração de Jesus é agradecer a Deus por aquilo que somos

Toda a criação louva a Deus por Sua existência, mas nós, homens e mulheres, podemos louvá-Lo usando a nossa boca, nossa mente e nosso coração.

Deus disse a Moisés: "(...) que Aquele é está o enviando". E "Eu sou Aquele que é!" O Senhor não muda e jamais mudará. Então, o fato de O estarmos louvando não mudará a Pessoa que Ele é, mas pelo nosso louvor Ele transforma a cada um de nós.

Somos muito felizes por Deus aceitar o nosso louvor a Ele, porque por meio desse ato nós estamos sendo transformados e libertos. No entanto, muitas vezes, não temos a dimensão do poder que há no louvor ao Senhor. Às vezes, dizemos que não temos o que dizer para louvá-Lo porque não sabemos nos expressar. Não se preocupe com isso, porque Deus não precisa de palavras, Ele precisa de um coração amoroso. O louvor a Ele já é suficiente para nos abrir à cura, por isso que ele [louvor] é muito importante num encontro de cura e libertação; porque louvar ao Senhor já é cura e libertação. O que temos de fazer é abrir o nosso coração para sermos curados e libertos.

Lembra quando Jesus, na Bíblia, falava com Nicodemos sobre o "renascer de novo"? E Nicodemos respondia: "Mas como eu posso nascer de novo sem entrar no ventre da minha mãe?" Mas Jesus falava de algo mais, um renascimento físico e espiritual, renascer n'Ele. São Paulo especifica isso de forma melhor dizendo que dentro de nós existe um "homem velho", e é muito importante que esse homem seja morto em nosso interior para que o "novo homem" possa nascer.

Quem é esse "homem velho" dentro de você? É que aquele homem que tem medo, raiva, que é agressivo... É o homem solitário, é aquela pessoa que foi rejeitada e que não foi amada. É a pessoa ambiciosa, orgulhosa, invejosa.

O "homem velho" dentro de você é a pessoa depressiva, estressada, desmotivada... Passamos a nossa vida lutando contra ele, lutando para que venha o "homem novo", que é gentil, generoso, é a pessoa boa, humilde, pacífica, paciente, fiel, feliz, alegre. Esse é o "homem novo", que o Espírito Santo que fazer em nossos corações.

Jesus continuamente diz no Evangelho: "Siga-me!", pois somente se O seguirmos é que conseguimos ser pessoas novas, curadas e libertas. Se não seguirmos Jesus facilmente poderemos retornar àquilo que éramos antes de ser curados e libertos.

Peçamos várias vezes que Jesus cure nossa mente e coração. E curar a nossa mente significa pensar com a mente de Cristo e não com a nossa.

Muitas vezes, falamos sobre a cura física: ataque cardíaco, a cura de uma dor nas costas, entre outras. Tudo isso é importante, mas muitas vezes nos esquecemos da cura da nossa mente, e a cura desta acontece quando ela começa a ser transformada e a ser como a mente de Jesus Cristo.

Não basta ter a mente do Senhor, mas precisamos ter o coração d'Ele. Ter o coração de Cristo significa olhar para as coisas sempre do lado positivo e não do negativo. Ter o coração do Senhor é agradecer a Deus por aquilo que nós somos: nosso caráter, pela plenitude do nosso corpo, pela língua que falamos, pela família na qual nós nascemos, pelos nossos pais, pela nação, pelos carismas que temos. É uma questão de apreciar o que Deus nos deu. Ser curado significa ser uma pessoa cheia de amor. Lembre-se de que cura é amor.

Frei Elias Vella