3 de setembro de 2018

Deus nos capacita e auxilia nos processos de cura interior

Devemos pedir a Deus que cure nossas feridas ao longo da vida

Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar. Se tomarmos sol em excesso, vamos sofrer as consequências dele. Com Deus acontece algo semelhante, pois ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado por Suas graças. As marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis para a nossa salvação. Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo, Ele nos dá liberdade. Nunca o Senhor pensou em nos trazer para perto d'Ele a fim de tira algo de nós, muito menos para limitar a nossa liberdade. Se Ele não quisesse a nossa liberdade, por que teria nos criado livres?

Nossa liberdade ficou comprometida por nossa própria culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelos erros e vícios que entram em nossa vida ficamos debilitados. O Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarra. Deus nos mostra quais caminhos podemos seguir, mas a liberdade de escolher é nossa. O desejo do Senhor é nos libertar de toda angústia, de toda opressão. O desejo d'Ele é nos ver felizes.

Deus nos capacita e auxilia nos processos de cura interior

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Em Gálatas 5,1 lemos: "É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão". Cristo nos amou, morreu numa cruz por nossa causa, para que não fôssemos escravos do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo mal, de toda armadilha do inimigo para que permanecêssemos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade. Uma vez que o Espírito Santo nos visita, não há brechas para o pecado.

Conhecer Deus

Quem conhece as coisas que há no homem senão o espírito do homem que nele reside? (cf. Coríntios 2,10-16). Assim também ninguém conhece as coisas de Deus senão o Seu Espírito.

Ninguém pode saber o que há em nosso interior se não abrirmos a boca e dissermos o que pensamos. Quando rezamos, Deus Pai nos refaz e o Espírito Santo nos cura e liberta. Rezar é ficar nu na presença de Deus, é abrir-se a Ele. Quando rezamos, colocamo-nos na presença do Altíssimo, nos expomos e somos curados. Quando tiramos a roupa diante do espelho, vemos o que queremos e o que não queremos. Na hora em que estamos rezando, caem as nossas vestes espirituais; assim, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que fazemos de mau volta para nós no momento da oração. No momento em que o Senhor nos mostra quem somos, Ele também nos mostra quem Ele é. Se Ele nos revela uma coisa que não está boa, é porque precisamos consertá-la.


Na oração, nós aprendemos a ouvir o Senhor. Não existe ninguém que, tendo rezado, Deus não o tenha respondido. E se Ele não lhe responde diretamente, vai fazê-lo por meio de uma pessoa ou de um fato, mas Ele responde. Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração, para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida.

Cura interior

Nós precisamos, na oração, pedir ao Espírito Santo que nos faça descobrir o que está ruim dentro de nós. Deus sabe o quando fomos machucados e sabe como nos curar.

A nossa vida inteira é um processo de cura interior. Enquanto estivermos com os pés nesta terra, nossa vida será um processo de cura interior. Nós temos de nos apresentar diante de Deus. O Todo-poderoso tem um plano para nossa vida, um plano de amor, de realização e e felicidade para nós. Se não abrirmos o nosso coração para a oração, correremos o sério risco de morrer sem conhecer o plano que Deus tinha para nós.



Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.

31 de agosto de 2018

Um dia, todos já nos questionamos: qual é o sentido da vida?

A vida tem um sentido? Para onde ela se dirige?

A e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou, no coração do homem, o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio (cf. Ex 33, 18; Sal 2726, 8-9; 6362, 2-3; Jo 14, 8; 1 Jo 3, 2) […] A princípio, a verdade apresenta-se ao homem sob forma interrogativa: A vida tem um sentido? Para onde se dirige? À primeira vista, a existência pessoal poderia aparecer radicalmente sem sentido. Não é preciso recorrer aos filósofos do absurdo nem às perguntas provocatórias que se encontram no livro de Jó para duvidar do sentido da vida.

Um dia, todos já nos questionamos: qual é o sentido da vida?

Foto e arte ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A experiência cotidiana do sofrimento, pessoal e alheio, e a observação de muitos fatos, que à luz da razão se revelam inexplicáveis, bastam para tornar iniludível um problema tão dramático como é a questão do sentido da vida. A isso se deve acrescentar que a primeira verdade absolutamente certa da nossa existência, para além do fato de existirmos, é a inevitabilidade da morte.

Perante um dado tão desconcertante como este, impõe-se a busca de uma resposta exaustiva. Cada um quer, e deve, conhecer a verdade sobre o seu fim. Quer saber se a morte será o termo definitivo da sua existência ou se algo permanece para além da morte; se pode esperar uma vida posterior ou não […]

Busca pela verdade

Aquilo que é verdadeiro deve ser verdadeiro sempre e para todos. Contudo, para além dessa universalidade, o homem procura um absoluto que seja capaz de dar resposta e sentido a toda a sua pesquisa: algo de definitivo, que sirva de fundamento a tudo o mais. Por outras palavras, procura uma explicação definitiva, um valor supremo, para além do qual não existam nem possam existir interiores perguntas ou apelos.

As hipóteses podem seduzir, mas não saciam. Para todos, chega o momento em que, admitam-no ou não, há necessidade de ancorar a existência a uma verdade reconhecida como definitiva, que forneça uma certeza livre de qualquer dúvida. […]

Outros interesses de variada ordem podem sobrepor-se à verdade. Acontece também que o próprio homem a evite, quando começa a entrevê-la, porque teme as suas exigências. Apesar disso, mesmo quando a evita, é sempre a verdade que preside à sua existência. Com efeito, nunca poderia fundar a sua vida sobre a dúvida, a incerteza ou a mentira; tal existência estaria constantemente ameaçada pelo medo e a angústia. Assim, pode-se definir o homem como aquele que procura a verdade. […]


Todo o homem está integrado numa cultura, depende dela e sobre ela influi. É simultaneamente filho e pai da cultura onde está inserido. Em cada manifestação da sua vida, o homem traz consigo algo que o caracteriza no meio da criação: a sua constante abertura ao mistério e o seu desejo inexaurível de conhecimento. Em consequência, cada cultura traz gravada em si mesma e deixa transparecer a tensão para uma plenitude. Pode-se, portanto, dizer que a cultura contém em si própria a possibilidade de acolher a revelação divina.

Papa João Paulo II
(Equipe Formação Portal Canção Nova)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/um-dia-todos-ja-nos-questionamos-qual-e-o-sentido-da-vida/

30 de agosto de 2018

Catequista, vocação gerada no coração de Deus

Catequista, acolha o afetuoso abraço de gratidão de nossa amada mãe Igreja

Catequista, você é uma pérola especial e um tesouro para Deus e sua amada Igreja. A sua singular vocação foi gerada no coração de Deus Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a mensagem da vida – Jesus Cristo. Catequista, você não é apenas um transmissor de ideias, conhecimentos, doutrina ou, mais ainda, um professor de conteúdos e teorias, mas é um canal da experiência viva do encontro intrapessoal com a pessoa de Jesus Cristo.

Crédito: FatCamera by Getty Images

Essa experiência é comunicada pelo Ser, Saber e Saber Fazer em comunidade, no coração da missão catequética. O ser e o saber do catequista se fundamentam numa dinâmica divina pautada na espiritualidade da gratuidade, da confiança, da entrega, da certeza de que somos impulsionados pelo Espírito Santo, fortalecidos pelo Cristo e amparados pelo Pai.

Catequista, com certeza, são muitos, grandes e difíceis os desafios hoje de nossa catequese. Vivemos numa realidade que muitas vezes é contrária àquilo que anunciamos em nossa missão de levar e testemunhar a mensagem de Jesus Cristo. Mas temos a certeza de que não caminhamos sozinhos, somos assistidos pela grande catequista, a Virgem Santíssima.

Por isso, peço-lhe que a experiência do encontro com Jesus Cristo seja a força motivadora capaz de lhe trazer o encantamento por esse fascinante caminho de discipulado, cheio de desafios, mas que o faz crescer e acabam gerando profundas alegrias.

Catequese, educação da fé

"A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com o fim de iniciá-los na plenitude da vida cristã" (CT). Ensina o Catecismo da Igreja Católica: "no centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa, a de Jesus Cristo de Nazaré, Filho único do Pai…" (cf. CIC 1992). A finalidade definitiva da catequese é levar à comunhão com Jesus Cristo: só Ele pode conduzir ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade. Todo catequista deveria poder aplicar a si mesmo a misteriosa palavra de Jesus: 'Minha doutrina não é minha, mas Daquele que me enviou' (Jo 7,16)" (CIC, 426-427).

Catequista, acolha o afetuoso abraço de gratidão de nossa amada mãe Igreja, nos seus bispos, padres e de milhares de pessoas, vidas agradecidas pela sua presença na educação da fé de nossos catequizandos, crianças, adolescentes, jovens e adultos. Em sua ação se traduz, de uma forma única e original, a vocação da Igreja-Mãe, que cuida maternalmente dos filhos que gerou na fé, pela ação do Espírito.


Poderíamos dizer muitas coisas, palavras eloquentes e profundas, mas uma só é necessária: Deus lhe pague! E que a força da Palavra continue a suscitar-lhe a fé e o compromisso missionário!

Que a comunidade continue sendo o referencial da experiência do encontro com Cristo naqueles que sofrem, naqueles que buscam acolhida e necessitam ser amados, amparados e cuidados.

A ternura amorosa do Pai, a paz afável do Filho e a coragem inspiradora do Espírito Santo que cuida com carinho dos seus filhos e filhas, que um dia nos chamou a viver com alegria a vocação de catequista discípulo missionário, estejam na sua vida, na vida da sua comunidade hoje e sempre!

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/catequista-vocacao-gerada-no-coracao-de-deus/

27 de agosto de 2018

O amor é o que cura

Precisamos ser portadores do amor que cura, salva e liberta

Todos nós somos carentes por receber e dar amor. A história de muitos de nós foi marcada por ausência de amor, tanto materno, paterno, dentre outros. Essa ausência marca toda a vida de uma pessoa.

Muitos, por não receberem amor dos pais desde o ventre da mãe, se sentem rejeitados, não são aceitos pelas pessoas; complicam sua sexualidade vivendo um desequilíbrio. A falta de amor deixa marcas profundas, feridas, que só o amor de Deus e o amor puro das pessoas podem curar.

Foto ilustrativa: Paula Dizaró / cancaonova.com

A falta desse amor genuíno e puro leva a pessoa à angústia, autopiedade, desequilíbrio emocional e psíquico, sentimentos de inferioridade e incapacidade, timidez, fechamento de si mesmo. A pessoa não é bem resolvida interiormente e profissionalmente, fica no pula-pula, nada satisfaz sua vida. O seu relacionamento com Deus Pai é rompido, pois começa a comparação com o pai biológico.

Minha história, minhas feridas

Comigo aconteceu o seguinte: tendo nascido com 7 meses, em casa, nasci muito magro, doente e com poucos quilos. Fui rejeitado pela minha mãe desde o nascimento, pois ela tinha literalmente "nojo" de mim por ser tão pequeno e muito sensível. Quem teve que cuidar de mim foi minha avó, que me dava banho e alimento. Até para mamar minha mãe nem tocava em mim.

Quando cresci e fiquei sabendo de tudo o que aconteceu em minha vida, pude entender toda frieza e rejeição que tinha por minha mãe. E meu pai sempre foi um carrasco comigo e meus irmãos, nunca recebi o amor dele. Cresci um jovem com raiva da vida, fechado em mim mesmo, sem ânimo para viver. Não me aceitava e nem aceitava os pais que tinha. E a minha vida foi marcada por traumas e complexos: inferioridade, incapacidade, rejeição, culpa, etc. Eu não vivia, e sim vegetava sem saber.


Mas, quando experimentei o verdadeiro amor de Deus, as coisas foram mudando e dando sentido à minha vida. Pude encontrar, nos irmãos em Cristo, o verdadeiro amor puro, e esse curou as minhas feridas.

Quando entrei para a Comunidade Canção Nova, tinha muitas feridas em relação ao amor. Era muito fechado, não ria, mas experimentei o amor puro dos irmãos de comunidade. Principalmente quando morei em Palmas-TO, senti-me totalmente curado por tanto amor que tinha recebido por parte dos meus irmãos e irmãs durante aquele tempo. Hoje, sinto-me uma pessoa muito amada. O amor tem realmente o poder de curar. E, por isso, hoje sou portador do amor que cura e tenho ajudado muitas pessoas a descobrirem esse amor de Deus.

Fazer da vida um testemunho de amor

"Tornai-vos, pois, imitadores de Deus, como filhos amados, e andai em amor, assim como Cristo também nos amou e se entregou por nós a Deus, como oferta e sacrifício de odor suave" (Ef 5,1-2).

Quero ser esse imitador de Cristo no amor e na Misericórdia. Tenho procurado andar em amor (que significa estar em estado de amor ou viver o modo de amor). Precisamos ser amor para os outros, injetar amor na vida das pessoas. Ser portadores do amor que cura, salva e liberta.

Não posso ser menos que amor para as pessoas. Dar amor puro, genuíno e sem compromisso.

A sua vida precisa ser um testemunho de amor. Não um amor de interesse ou um sentimento, mas aquele que vai além das palavras e conceitos filosóficos. O amor que é o próprio Deus. Realmente, o amor tem poder de ressurreição; e o amor é o que cura.


Padre Reinaldo Cazumbá

Sacerdote membro da Canção Nova, estudante de psicologia, atua no Instituto Teológico Bento XVI e também exerce a função de diretor espiritual dos futuros sacerdotes da comunidade. Autor do livro: "Onde está Deus?". Acesse: blog.cancaonova.com/padrereinaldo


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-amor-e-o-que-cura/

24 de agosto de 2018

O amor recíproco é o distintivo de todos nós cristãos

O mundo, ao ver a unidade, o amor recíproco, acredita em Jesus

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). Certamente, você gostaria de saber quando Jesus disse essas palavras de amor. Foi um pouco antes de iniciar Sua Paixão, quando pronunciou um discurso de despedida que constitui o Seu testamento. Imagine, então, como essas palavras são importantes. Se ninguém jamais esquece as palavras ditas por um pai antes de morrer, quanto mais as que foram pronunciadas por um Deus! Portanto, encare-as com grande seriedade e procure  entendê-las profundamente.

O amor recíproco é o distintivo de todos nós cristãos

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). Jesus está prestes a morrer e tudo o que diz reflete esse acontecimento que se aproxima. Sua partida iminente exige sobretudo a solução de um problema: como permanecer entre os seus para dar continuidade à Igreja? Você sabe que Jesus está presente nas ações sacramentais, por exemplo, na Eucaristia da Missa. Pois bem, Jesus também está presente onde se vive o amor recíproco.

Ser unidade

Ele disse: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (e isso é possível onde existe o amor recíproco), eu estou no meio deles" (Mt 18,20). Portanto, ele pode permanecer eficazmente presente na comunidade, cuja vida se fundamenta no amor recíproco. E, por meio da comunidade, pode continuar a revelar-se ao mundo, a influir no mundo. Não é maravilhoso? Você não sente vontade de viver imediatamente este amor, juntamente com os cristãos que lhe estão próximos? João, em cujo Evangelho encontramos esta Palavra de Vida, vê no amor recíproco o mandamento por excelência da Igreja, que tem como vocação justamente ser comunidade, ser unidade.

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). De fato, Jesus diz: "Nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos: no amor que tiverdes uns para com os outros" (cf. Jo 13,35). Portanto, se você quiser descobrir o verdadeiro sinal de autenticidade dos discípulos de Cristo, se quiser conhecer o distintivo dos cristãos, deve procurá-lo no testemunho do amor recíproco vivido. Os cristãos são reconhecidos por este sinal. E, se ele faltar, o mundo não mais reconhecerá, nos cristãos, os discípulos de Jesus.

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). O amor recíproco gera a unidade. Mas o que é que a unidade realiza? Jesus também diz: "Que sejam um, (…) a fim de que o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17,21). A unidade, revelando a presença de Cristo, convence o mundo a segui-lo. O mundo, ao ver a unidade, o amor recíproco, acredita em Jesus.

Novo mandamento

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). No mesmo discurso de despedida, Jesus diz que esse mandamento é "seu". É seu e, portanto, tem para ele uma importância especial. Você não deve encará-lo simplesmente como uma norma, uma regra ou um mandamento como os outros. Com ele, Jesus quer lhe revelar um modo de viver, quer lhe indicar como orientar a sua existência. Os primeiros cristãos colocavam esse mandamento como base da própria vida.

Pedro dizia: "Antes de tudo, tende um constante amor uns para com os outros" (cf. 1Pd 4,8). Antes de trabalhar, antes de estudar, antes de ir à missa, antes de qualquer atividade, verifique se o amor recíproco reina entre você e quem vive com você. Se for assim, sobre essa base, tudo tem valor. Sem esse fundamento, nada agrada a Deus.

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). Jesus lhe diz que esse mandamento é "novo": "Eu vos dou um novo mandamento". O que quer dizer com isso? Que esse mandamento não era conhecido? Não. "Novo" significa feito para os "tempos novos". Então, do que se trata? Veja bem: Jesus morreu por nós. Portanto, amou-nos até a máxima medida. Mas que amor era o seu? Por certo não era como o nosso. O seu amor era e é um amor "divino". Ele disse: "Assim como o Pai me amou, também eu vos amei" (Jo 15,9).


Realidade divina

Portanto, ele nos amou com o mesmo amor que existe entre Ele e o Pai. E é com esse mesmo amor que devemos nos amar reciprocamente para atuar o mandamento "novo". No entanto, você, como ser humano, não possui um amor como esse. Mas alegre-se porque, como cristão, você o recebe. E quem é que lhe dá esse amor? O Espírito Santo, que o infunde no seu coração, no coração de todos os fiéis.

Existe, portanto, uma afinidade entre o Pai, o filho e nós, cristãos, devido ao amor divino que possuímos em comum. É esse amor que nos insere na Trindade. É esse amor de Deus que nos torna filhos seus. É por esse amor que céu e terra estão ligados, como que por uma grande corrente. É por esse amor que a comunidade cristã é conduzida até o âmbito de Deus e a realidade divina vive na terra, onde os fiéis se amam. Você não acha tudo isso divinamente belo? E a vida cristã não lhe parece extremamente fascinante?

Chiara Lubich, Fundadora do Movimento Focolare


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/o-amor-reciproco-e-o-distintivo-de-todos-nos-cristaos/

22 de agosto de 2018

Católico pode ir a motel?

O casal cristão não precisa de estripulias para viver uma vida sexual harmoniosa

Com os problemas do dia a dia, o corre-corre para dar conta do trabalho, dos filhos e do lar, muitas vezes, os casais acabam se deixando um pouco de lado. É normal que muitos busquem maneiras de fazer com que o relacionamento saia da "rotina"; em certos casos, isso é bom. No entanto, é preciso que os casais católicos tenham certo "filtro", tenham discernimento ao escolher uma maneira de alcançar o resultado que desejam.

Alguns preferem jantar fora, outros deixam os filhos um fim de semana com os avós e vão viajar ou ainda saem a sós, para um simples passeio. Enfim, existem muitas maneiras de fazer "algo diferente" com seu cônjuge. Cada casal deve buscar, em sua realidade, o que é melhor para os dois. Com isso, muitos se perguntam se casais católicos podem ir a motéis. Vou lhe dar minha opinião.

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Foto Ilustrativa: DNY59, 15551432, iStock by getty images

Posso ir no motel?

Sinceramente, não aconselharia um casal católico a ir a um motel. Podemos dizer que o motel, no Brasil, não é como nos EUA, por exemplo, um simples hotel de beira de estrada, onde as famílias pernoitam para continuar uma viagem. De modo diferente, embora muitos trabalhadores ainda utilizem o motel para pernoitar, sabemos também que a maioria de seus frequentadores usam desse espaço para a prática da fornicação ou para viver o adultério. Sabemos que ambas as práticas configuram pecados graves: "Não cometerás adultério" (Ex 20,14); ou como mostra o Catecismo da Igreja Católica (CIC):

"O adultério. Essa palavra designa a infidelidade conjugal. Quando dois parceiros, dos quais ao menos um é casado, estabelecem entre si uma relação sexual, mesmo efêmera, cometem adultério. Cristo condena o adultério mesmo de simples desejo. O sexto mandamento e o Novo Testamento proscrevem absolutamente o adultério. Os profetas denunciam sua gravidade. Veem no adultério a figura do pecado de idolatria" (CIC n.2380).

Pecado do adultério

"O adultério é uma injustiça. Quem o comete falta com seus compromissos, fere o sinal da aliança, que é vínculo matrimonial; lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, violando o contrato que o fundamenta. Compromete o bem da geração humana e dos filhos, que têm necessidade da união estável dos pais" (n.2381).

O Catecismo da Igreja, quando fala dos graves pecados contra a castidade, diz: "Entre os pecados gravemente contrários à castidade é preciso citar a masturbação, a fornicação, a pornografia e as práticas homossexuais" (n. 2396).

Ora, se o motel é um lugar onde esses pecados podem ser cometidos abundantemente, como, então, um católico deveria frequentá-lo? Não vejo o menor sentindo nem necessidade. Você levaria sua esposa, por exemplo, para jantar em um restaurante onde você sabe que é sujo e contaminado por bactérias? Claro que não! Você a respeita e cuida de sua saúde física.

Não há como negar que a maioria dos motéis são usados também para a prostituição, um pecado grave: "A prostituição é um atentado contra a dignidade da pessoa que se prostitui, reduzida ao prazer venéreo que dela se tira. Quem paga, peca gravemente contra si mesmo: quebra a castidade a que o obriga o seu batismo e mancha o seu corpo, que é templo do Espírito Santo (102). A prostituição constitui um flagelo social" (n.2355).


É o amor que gera a união corporal

Cada um de nós precisa cuidar também da sua saúde espiritual. Quando se entra numa igreja, sua alma é envolvida pelo sagrado. Quando você entra num local de pecado, ela é envolvida pela iniquidade e imoralidade. São Paulo recomenda: "Não deis ocasião ao demônio" (Ef 4,27).

O casal cristão não precisa de estripulias para viver uma vida sexual harmoniosa; não precisa de "Kama Sutra" nem de "não sei quantos tons de cinza", vermelho ou roxo. Ele precisa de amor e fidelidade recíproca, de carinho mútuo, atenção um com ou outro. Essa é a melhor preparação para uma boa vida sexual. Ele pode experimentar plenamente o segredo da felicidade sexual no prazer e na alegria, porque sabe combinar na cama, harmoniosamente, o corpo e a alma, o humano com o divino. Sem isso não adiantam hormônios, estimulantes sexuais, técnicas exóticas, bebidas, músicas, danças, sofisticações eróticas nem posições acrobáticas. Algumas dessas coisas, usadas com equilíbrio, até podem ajudar a harmonia sexual do casal, mas se faltar o essencial, que é a conjugação do corpo com o espírito, tudo pode falhar e terminar em frustração.

O ato sexual não é a causa do amor do casal, é o efeito dele. Não é o ato que gera o amor; é o contrário, é o amor que gera a união corporal para celebrá-lo.

Como o ato sexual foi querido por Deus, devemos entender que Ele está junto do casal nessa hora de "liturgia conjugal". Por isso, o casal deve respeitar a presença divina que os uniu em matrimônio, a fim de conseguir realizar em plenitude o que Ele quis para eles. Cristo está presente também nessa hora, pois é nesse momento que um novo ser humano poderá ser gerado, na celebração do amor conjugal. Cristo quer incluir a vida sexual do casal no seu projeto de santificação. Também ai o casal cresce no seu amor, na compreensão mútua, no perdão e na paciência.

O ato sexual em clima de fé santifica

Em outras palavras, o ato sexual em clima de fé santifica. Naquela hora, é como se o casal orasse com o corpo todo. É por isso que, antigamente, após a celebração do matrimônio na igreja, o padre ia à casa do casal benzer a sua cama, pois é no ato sexual que o matrimônio é consumado.

O casal deve vigiar para que a relação sexual não seja mundanizada, isto é, realizada à moda da prostituição vendida em fitas de vídeo de filmes pornográficos. Sabemos que muitos motéis oferecem vídeos pornográficos aos casais, mas estes não precisam disso para se prepararem para o ato sexual.

A Igreja ensina que "a pornografia ofende a castidade, porque desnatura o ato conjugal, doação íntima dos esposos entre si. A pornografia atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (atores, comerciantes e público), porque cada um se torna para o outro objeto de um prazer rudimentar e um proveito ilícito. Mergulha uns e outros na ilusão de um mundo artificial. As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos" (cf.CIC n.2354).

A moral católica ensina que não se pode fazer o bem por meio de um meio mal. Logo, a pornografia e outros meios condenados pela moral não podem ser válidas no fomento do ato sexual do casal cristão. "Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza; que cada qual saiba tratar a própria esposa com santidade e respeito, sem se deixar levar pelas paixões desregradas como fazem os pagãos que não conhecem a Deus" (1 Tess 4,3-5 – Bíblia de Jerusalém).

Além do mais, se o casal cristão usa de um motel, está fomentando o seu crescimento, quando deveria ser o contrário. Está colaborando formalmente para o mal – o que não é lícito. Há muitas outras formas sadias e legítimas para um casal rejuvenescer sua vivência sexual. É preciso vigiar contra a máquina publicitária, que está montada em cima de um comércio imoral do prazer, e que tende a arrastar também aqueles que amam a Deus.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/vida-sexual/catolico-pode-ir-a-motel/

20 de agosto de 2018

Existe uma coisa que Deus é incapaz de fazer. Você sabe?

Deus nos auxilia, mas não toma a decisão por nós

Existe uma coisa que Deus é incapaz de fazer, mesmo sendo Todo-poderoso: decidir por você! Deus não pode se contradizer, Ele o fez livre e não pode decidir por você.

Muito obrigado pela repercussão do último texto: "Guia prático para definir vocações". Louvado seja Deus!

Existe uma coisa que Deus é incapaz de fazer. Você sabe

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Recebi perguntas de todos os tipos:

– Será que caso ou compro uma bicicleta?
– Tenho tantos filhos. Será que devo ter mais?
– Devo morar com a sogra?
– Será que devo ser padre?
– Como faço para ser da Canção Nova?
– Compro alianças ou pago a geladeira?
– Posso ser freira?
– Faço o seminário há nove anos, falta só este fim de ano para terminar. Será que continuo e me ordeno ou vou trabalhar no banco?

Confira essas dicas

Pois é… Objetivamente, não respondi a ninguém, não posso. Minha missão é levar até você uma dica, uma experiência de vida, contar um "causo" que os façam ver outros ângulos de uma situação.

A resposta vocacional deve ser e é apenas sua.

Você pode e deve, também, aconselhar-se com seus familiares e com pessoas que tenham maturidade suficiente para expressar uma opinião. Só tome cuidado com "amigos" que se limitam a lhe dizer para fazer as coisas.

Creio, por experiência pessoal, que o verdadeiro amigo não é aquele que diz: "Vai, que vai dar certo!" O verdadeiro amigo diz: "Eu vou junto com você!". A decisão final é sua. Seus verdadeiros amigos irão com você, serão seu apoio, mas a decisão final é sua.


A difícil decisão

É a tal da "solidão da decisão" ou então, "solidão da responsabilidade", e melhor ainda: "solidão da liberdade" – se é que existe solidão para quem crê em Deus.

Quem tem de pesar os prós e contras e medir, na ponta do lápis, as consequências da sua decisão vocacional é você. Se você tiver sensatez e coragem, equilibre essas virtudes e vá. Como diz a canção de padre Jonas Abib: "Não dá mais pra voltar! O barco está em alto mar!".

Só que isso não é mais um peso para carregar; é a liberdade para assumir e usar com responsabilidade.

Boa decisão vocacional.



Paulo Victor e Letícia Dias

Cirurgião-dentista de formação, Paulo Victor foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentador, locutor e radialista. Atualmente, ele mora em Campo Grande (MS). É empresário e casado com Letícia Dias.

Letícia Dias é Gerente de Conteúdo e estudante de Letras/Libras com foco na Educação Especial. Foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentadora de programas. Hoje, ela mantém uma agitada rotina familiar. Letícia tem um filho caçula que nasceu com Síndrome de Down, e isso a refaz todos os dias.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/existe-uma-coisa-que-deus-e-incapaz-de-fazer-voce-sabe/