11 de maio de 2018

A capacidade de seguir em frente

Nossa capacidade de seguir em frente está ligada à esperança e ao  pensamento de superação que temos diante de um fato

Diante das mais variadas e possíveis situações de nossa vida, muitas vezes, vemos-nos movidos pelo mesmo questionamento: "Cada pensamento produz uma emoção diferente" (Freeman, A.). À luz da psicologia cognitiva, pensamentos geram formas de ver os fatos e reagir diante desses fatos, seguindo, então, uma cascata de interpretações que podem agir diretamente em nossos relacionamentos e nossa visão de mundo.

Créditos: Wesley Almeida / cancaonova.com

Se aquilo que você tem diante de si é um evento que o atrapalha nas relações em seu trabalho, nos seus contatos de amizade, no seu relacionamento afetivo, seu amor-próprio ou qualquer outro tipo de pensamento leva ao seguinte: "É o que você pensa acerca daquela situação que determina, em grande parte, se você vai sentir algo a respeito e o que você fará". Imagine uma pessoa que precisa falar em público e comece a ter pensamentos, tais como: "Ninguém vai gostar do que eu vou falar, vou me atrapalhar e fazer tudo errado, se eu errar será horrível e eu posso até desmaiar", e tantos outros pensamentos nessa linha. Ao pensar assim, poderá ter emoções negativas tais como medo, culpa, tristeza; assim, poderá ficar ainda mais ansioso, agravando seus pensamentos negativos acerca daquela apresentação em público que fará, muitas vezes, impedindo com que a faça e trazendo ainda mais insatisfação. Esse é um pequeno exemplo de como nossos pensamentos podem gerar emoções e comportamento.

Caso você tenha se identificado com esse relato, convido-o a pensar em como o modo que pensamos pode contribuir para moldar e influenciar diretamente nossos comportamentos, inclusive nossa capacidade de seguir em frente e superar limites que possuímos no trabalho, nos relacionamentos afetivos, em nossa vida escolar, na forma de nos percebermos.


Nossa capacidade de seguir em frente está ligada ainda à esperança e ao pensamento de superação e positividade temos diante de um fato. Se, por exemplo, temos um medo, quais atitudes você tem tomado para superar esse medo? Tenho apenas fugido ou tenho encarado os fatos mesmo que eles tragam certo desconforto?

O que acontece, muitas vezes, é que essa interpretação do fato pode estar comprometendo diretamente sua forma de agir, não apenas nesta situação, mas em outras, nas quais aplicamos o mesmo medo e a interpretação semelhante. Se algum tipo de comportamento se repete em você, é bem interessante que possa parar, analisar e perceber de que forma essas situações são enfrentadas.

Distinguir pensamentos, sentimentos e realidade

Vale ainda aprimorar sua capacidade de distinguir pensamentos, sentimentos e a realidade em si, pois, muitas vezes, fazemos uma confusão. Na frase: "Eu sinto que não deveria ir nesta festa", este "sentir" é um pensamento, não um sentimento. O que vem depois desse pensamento, ou seja, o sentimento de ser rejeitado ou ficar de lado, pode gerar um comportamento de evitar festas. Quando nos tornamos mais conscientes desse fato, vamos analisando nossas experiências.

O grande esforço de vida é a capacidade de seguir em frente, mesmo com todos os acontecimentos, avançando e sendo capaz de refletir naquilo que pode ser feito, nas tentativas e nas possibilidades existentes, e não apenas no que não deu certo. É certo que nem tudo sai como planejamos e que as decepções sempre existirão, mas tolerar a frustração e lançar-se ao desafio é essencial. Quando alteramos nossa forma negativa de interpretar, e ajustamos esta percepção sobre os fatos, vamos tendo maior clareza da forma como pensamos e agimos e assim nossa capacidade de seguir em frente se amplia.



Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.
Blog: temasempsicologia.wordpress.com
Facebook: elaine.ribeiropsicologia Twitter: @elaineribeirosp

9 de maio de 2018

Ser de Deus. O que eu ganho com isso?

Vale a pena ser de Deus

Hoje, vivemos a era do Marketing. Desde pequena, uma criança já sabe manusear um tablet, e, por todos os lados, vemos propagandas de produtos que oferecem prazer. É fato que as propagandas não vendem produtos, mas "convites à felicidade", que será alcançada por meio deles. Com isso, vemos uma geração que, a todo momento, se questiona: "O que eu ganho com isso?", "Quanto eu lucro ao buscar esse ou aquele meio?". E quando se fala em religião, vemos que esta não está numa realidade tão diferente da comercial. Em muros e cartazes, até mesmo em "carros de som", anuncia-se, pela cidade, determinada igreja que nos trará benefícios e soluções de forma cada vez mais fácil, descomprometida e acessível ao fiel… Ou poderia dizer ao cliente?

Ser de Deus. O que eu ganho com isso-

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Vemos que, na Bíblia, também havia pessoas interessadas em se beneficiar de Deus. Giezi é um exemplo. Ele é um dos servos do profeta Elizeu, que testemunha a cura de Naamã, chefe do exército de Israel. O profeta não aceita nenhum presente de Naamã, o que deixa seu servo contrariado. "Então, Giezi sai correndo para alcançar Naamã. Quando este vê que Giezi corre atrás dele, desce do carro, vai ao seu encontro e lhe pergunta: 'Está tudo bem?'. Giezi responde: 'Tudo bem. Só que meu senhor mandou dizer-lhe: Agora mesmo, acabam de chegar, da região montanhosa de Efraim, dois jovens irmãos profetas. Por favor, dê para eles trinta e cinco quilos de prata e duas roupas de festa'. Naamã respondeu: 'Aceite setenta quilos'. Insistiu para que Giezi aceitasse. Depois, Naamã colocou setenta quilos de prata e as roupas de festa em duas sacolas, e as entregou a dois de seus servos. Estes foram na frente de Giezi levando as sacolas" (cf. II Reis 5,21-25). Giezi mente dizendo que veio a mando do profeta pedir a prata e as roupas, mas o que o comandava, nessa ação, era seu desejo de ser beneficiado com o milagre que Deus operara em Naamã.

Deus não cede aos caprichos humanos

Na contramão, temos personagens bíblicos que nos mostram o caminho de uma real busca por Deus. O próprio profeta Elizeu, na passagem já citada, mostra-nos que não é o que ganhamos com o Senhor que conta, mas o próprio Deus. Naamã lhe ofereceu prata e bens, mas o profeta os recusou, pois queria mostrar àquele homem que não se pode comprar a graça do Senhor. Muitas vezes, vejo por aí mensagens e dizeres onde se exortam um Deus produtor de bênçãos e milagres. Coisas como: "Deus não deixará nada de ruim acontecer. A sua vitória está perto, Deus fará de seus sonhos realidade". Vamos construindo um "deus" condicionado ao que buscamos, ao que queremos.

Deus quer, sim, fazer-nos felizes e nos levar a uma realização. Precisamos, no entanto, desmascarar um deus que segue caprichos humanos, que é uma mentira. No fim, são palavras vazias que nos levam a uma fé imatura, e acreditamos que o Senhor existe sim, mas como nossos planos não acontecem, pensamos que Ele está longe de nós. As promessas de Deus se cumprem sempre, mas precisamos saber se elas vêm, realmente, do Pai.


O que ganho seguindo Cristo?

"Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças" (Dt 6,5). É na intimidade com Deus que encontramos Suas promessas, e assim elas se cumprem. O que ganho seguindo Cristo? Ganho Cristo! "Porque todos fomos criados para aquilo que o Evangelho nos propõe: a amizade com Jesus e o amor fraterno." (Papa Francisco EG. 265)

Jesus veio ao mundo para nos propor uma amizade verdadeira, sem interesses. Quando seu dia não for bom, você terá onde ir e com quem desabafar. E quando for ótimo? Ele estará junto de você, alegrando-se. 'Os verdadeiros adoradores' são aqueles que buscam Deus por quem Ele é, e assim recebem graças em sua vida. Mas quando vem a dificuldade, não renega o amigo, pois sabe que "se lhe formos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode renegar a si mesmo." (cf. II Timóteo 2,13)

Peçamos a Deus a graça de uma verdadeira conversão, de uma verdadeira disposição interior em buscar o Senhor e experimentar o amor d'Ele por nós. E que cresça, cada vez mais, o amor em nós por Ele. Que o amemos de graça, e o maior ganho que teremos com isso é Sua amizade.

 


Paulo Pereira

José Paulo Neves Pereira nasceu em Nossa Senhora do Livramento (BA). É missionário da Comunidade Canção Nova e atua no setor de Jornalismo da Canção Nova em Roma, Itália.

7 de maio de 2018

A língua: bênção ou maldição?

Utilizo minha língua para abençoar ou amaldiçoar?

Tudo o que Deus faz merece fé e tem um objetivo: ser graça para a vida do homem. A língua foi criada por Deus para ser capaz de louvá-lo e glorificá-lo.

Foto ilustrativa: Arquivo CN\cancaonova.com

A língua, embora seja um membro tão pequeno, é capaz de destruir o homem e até uma nação. Quando mal usada pode ser maldição, mas quando usada para o benefício do próximo é capaz de ser bênção. O primeiro objetivo dela precisa ser a bênção para nós mesmos e nossos irmãos. Será que da nossa boca não é capaz de sair louvor? O louvor precisa ser a primeira palavra a sair de nossos lábios. Porque temos mais motivos para bendizer e louvar o Senhor do que reclamar, murmurar e até atrair maldição sobre nossa vida "da mesma boca provêm bênção e maldição. Ora , tal não deve acontecer, meus irmãos" ( Tg 3, 10).

Paremos e observemos o que tem saído da nossa boca durante o dia. Será que temos a capacidade de enfrentar as situações e os problemas do dia sem reclamação ou murmuração? A bênção deve ser constante em nossa vida e lábios. Não queiramos atrair a discórdia e a maldição pelos nossos lábios. A língua é um instrumento fundamental para a evangelização e propagação do Reino de Deus, por isso, não podemos usá-la como instrumento do demônio e maldição para vida do próximo. "Assim também a língua, embora seja um pequeno membro do corpo, se orgulha de grandes feitos (…) ora a língua é um fogo" (Tg 3, 5-6).

Somos chamados a ser bênção e salvação para a vida dos nossos irmãos e não os destruir com a nossa língua. Muitos pecados nossos estão ligados a língua, pois ela foi ferida pelo pecado. "Como o mundo do mal, a língua está posta entre os nossos membros, maculando o corpo inteiro e pondo em chamas o ciclo da criação, inflamado como está pela geena" ( Tg 3, 6). Que nossa língua não se inflame com o poder do inferno, pois pode ser veneno de destruição. Muitos através da fofoca, piadas, conversas frívolas, murmuração, julgamento, falando mal dos outros, têm sido instrumento do inferno para a vida dos irmãos (…) "ela é um sinal irrequieto e está cheio de veneno mortífero" (Tg 3, 8).


Irmãos, não sejamos pedras de tropeço na vida dos outros. Não podemos nos perder por causa de um pequeno membro: a língua. Ela não pode controlar a nossa vida; é um membro de difícil domínio mas não é impossível, o domínio da língua revela um domínio total de si mesmo. Comecemos a falar bem uns dos outros; deixemos o pecado de lado.

"(…) aquele que ama a vida e deseja ver dias felizes, guarde a sua língua do mal e os seus lábios de proferir mentiras; afaste-se do mal e pratique o bem, busque a paz e siga-a; porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos à sua prece(…)" ( Sl 34, 13-17).



Padre Reinaldo Cazumbá

Sacerdote membro da Canção Nova, estudante de psicologia, atua no Instituto Teológico Bento XVI e também exerce a função de diretor espiritual dos futuros sacerdotes da comunidade. Autor do livro: "Onde está Deus?". Acesse: blog.cancaonova.com/padrereinaldo

4 de maio de 2018

Somente com o amor é possível construir uma vida a dois

"O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser" (Mário Quintana)

Amor é construção diária, é superação das dificuldades tendo como objetivo a felicidade que abraça, com misericórdia, duas histórias que decidiram construir uma nova história em comum.

O namoro é o momento do encontro de duas histórias, e todo encontro é sempre delicado. Não se começa a namorar sem uma história familiar, humana, afetiva, social, intelectual e espiritual. Quando homem e mulher se encontram, encontra-se também todo um histórico construído ao longo de muitas estações da vida. Por isso o namoro precisa de tempo, para que o conhecimento da história de cada um seja verdadeiro e profundo.

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Foto Ilustrativa: Martin Dimitrov by Getty Images

Deixe que o outro conheça você

Namorar não é queimar etapas de um processo. No tempo de namoro, é preciso ter a coragem de não esconder a história um do outro. Quem esconde sua origem esconde-se de si mesmo. É preciso coragem para deixar-se conhecer e ser conhecido. Onde o medo domina, o amor se esconde.

Nessas duas histórias que se encontram, há todo um passado que precisa ser partilhado e compreendido. O casal que não compreender o passado um do outro irá, mais tarde, usá-lo como argumentos para ataques diante das primeiras dificuldades. Amar é também a arte da compreensão. Não há necessidade de concordar com possíveis erros acontecidos no passado na história de quem agora se está conhecendo, mas é necessária a misericórdia que abraça as fragilidades do outro e lhe dá a oportunidade de recomeçar.

Muitos começam o namoro apaixonados pela perfeição que enxergam naquele que dizem amar. Com o tempo, a perfeição vai dando lugar à realidade. Amor não é paixão, mas sim um estágio muito superior, construído entre dores e alegrias. Não existem pessoas perfeitas, mas seres humanos que desejam, juntos, construir uma história de felicidade, apesar de suas limitações, pecados e fragilidades. Somente o casal que se descobre imperfeito poderá buscar a santificação no amor partilhado.


Como aprender a amar?

Não há como exigir que o outro ame 100%. Será, no processo de conhecimento, que ambos vão descobrir quanto cada um aprendeu a amar. Alguns aprenderam a amar 30%, porque a sua história de vida lhe proporcionou somente esta porcentagem. Outros, irão amar 50%. Outros ainda apenas 10%. Como encarar e enfrentar essa realidade? Nem sempre será fácil. Exigirá paciência, compreensão, oração e muito amor para ser partilhado. Há disponibilidade interior para aceitar o que o outro pode lhe oferecer de amor no momento? Há misericórdia suficiente para acolher os 30% de amor que o outro pode oferecer? Há paciência para esperar que o amor cresça naquele coração que ainda está em fase de construção?

Há muitos casais de namorados perdidos em seus próprios relacionamentos, pois, quando estavam apaixonados, enxergavam que o outro o amava 100%, mas, com o passar do tempo, descobriram que só eram amados 20%. Amor é construção diária, é superação das dificuldades, tendo como objetivo a felicidade que abraça, com misericórdia, duas histórias que decidiram construir uma nova história em comum.

A paixão começa a mostrar os seus limites quando o amor começa a ser mais forte do que a perfeição antes vislumbrada. E somente com o amor será possível construir uma vida a dois.



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor do livro "Amor Sem Fronteiras" pela Editora Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: facebook.com/peflaviosobreiro

2 de maio de 2018

Luz da Fé: Deus quer o meu bem

Deus se revela, porque Ele quer o nosso bem

Neste programa 'Luz da Fé', quero refletir com você sobre o número 50 do Catecismo da Igreja Católica, o qual ensina o seguinte:

Deus vem ao encontro do homem

50. Mediante a razão natural, o homem pode conhecer Deus, com certeza, a partir de Suas obras. Existe, no entanto, outra ordem de conhecimento que o homem, de modo nenhum, pode atingir por suas próprias forças: a da Revelação Divina (22). Por uma decisão totalmente livre, Deus se revela e doa-se ao homem. Ele o faz revelando Seu mistério, Seu projeto benevolente, que concebeu, desde toda a eternidade, em Cristo e em prol de todos os homens. Revela plenamente seu projeto ao enviar Seu Filho bem-amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e o Espírito Santo.

Créditos: Wesley Almeida / cancaonova.com

Esse número 50 afirma algo maravilhoso: Deus se revela ao homem. Anteriormente, refletimos sobre as vias de conhecimento de Deus, que são a criação e a pessoa humana. Agora, o Catecismo nos ensina que "existe outra ordem de conhecimento que o homem, de modo nenhum, pode atingir por suas próprias forças, a da Revelação divina". 

Essa Revelação Divina é uma iniciativa livre por parte de Deus. Em João 3,16-17 está escrito: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele". Deus tomou a iniciativa para nossa salvação! E Ele faz isso unicamente por amor.

O Catecismo ensina que "Por uma decisão totalmente livre, Deus se revela e se doa ao homem". E como Ele faz isso? O Catecismo explica que Deus toma essa iniciativa revelando seu mistério, seu projeto benevolente. Essa palavra benevolente é muito importante. Essa palavra, em sua origem no latim, significa querer o bem do outro. Não se trata somente de fazer o bem, mas querer o bem do próximo. Portanto, a gente começa a compreender que Deus se revela, porque Ele quer o nosso bem.

Meu irmão, Deus quer o seu bem! A você, que hoje está sofrendo num leito de dor, enfrentando essa enfermidade, passando por um desgastante tratamento, eu afirmo: Deus quer o seu bem. A você que está endividado, eu afirmo: Deus quer o seu bem. A você que está sofrendo no seu casamento por causa de uma terrível traição, saiba: Deus quer o seu bem. A você que sofre a dor da perda de um ente querido, eu também afirmo: Ele quer o seu bem.

O Senhor tem um projeto para sua vida, e esse projeto é benevolente, pois tem como meta, como objetivo final, nossa felicidade, ou seja, nosso bem.


As três árvores

Conta-se que havia, no alto da montanha, três pequenas árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes.

A primeira, olhando as estrelas disse:

– Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros. Para tal, até me disponho a ser cortada.

A segunda olhou para o riacho e suspirou:

– Eu quero ser um grande navio para transportar reis e rainhas.

A terceira árvore olhou o vale e disse:

– Quero ficar aqui, no alto da montanha, e crescer tanto, que as pessoas, ao olharem para mim, levantem seus olhos e pensem em Deus.

Muitos anos se passaram e, certo dia, veio um lenhador e cortou as três árvores. Todas ansiosas em serem transformadas naquilo que sonhavam. Mas lenhadores não costumam ouvir nem entender sonhos.

A primeira árvore acabou sendo transformada num coxo de animais, coberto de feno.

A segunda, virou um simples e pequeno barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias.

A terceira, mesmo sonhando em ficar no alto da montanha, acabou cortada em grossas vigas e colocadas num depósito.

Todas as três se perguntavam desiludidas e tristes: "Para que isso?".

Numa certa noite, cheia de luz e estrelas, onde havia mil melodias no ar, uma jovem mulher colocou seu filho recém-nascido naquele coxo de animais. De repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro que existe: o Filho de Deus, que se encarnou para nos salvar.

A segunda árvore, anos mais tarde, acabou transportando um homem que acabou dormindo no barco, mas, quando a tempestade quase afundou o pequeno barco, o homem se levantou e disse: "Paz!". Num relance, a segunda árvore entendeu que estava carregando o Rei dos Céus e da Terra.

Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem todo ferido foi pregado nela. Logo, sentiu-se horrível e cruel. Mas, no Domingo, o mundo vibrou de alegria. E a terceira árvore entendeu que nela havia sido pregado o Salvador da humanidade, e que as pessoas sempre se lembrariam de Deus e de Seu filho Jesus Cristo ao olharem para ela.

Assim como essas três árvores da historinha, nós também trazemos sonhos. E é certo que Deus tem sonhos infinitamente maiores e melhores para nossa vida. É necessário percebermos que esses sonhos divinos fazem parte desse projeto benevolente que o Senhor tem para cada um de nós, afinal, Deus quer o nosso bem.

Um forte abraço!

Alexandre Oliveira
Missionário da Comunidade Canção Nova

(22) Cf. Conc. Vaticano I: DS 3015

30 de abril de 2018

Entenda qual é o verdadeiro papel da mulher na sociedade

A identidade e a força do papel e do ser mulher

A revolução sexual trouxe um novo olhar sobre a mulher, mas está querendo tirar dela o seu verdadeiro papel, a sua verdadeira identidade.

Eu faço parte das mulheres do século XXI e tenho convivido com os inúmeros conflitos e questionamentos, que dizem respeito à mulher atualmente. Sinceramente, penso que nunca, em toda a história, nós tivemos tantas crises de identidade como hoje. Desde a revolução sexual, nos anos 60, a identidade e o lugar da mulher na sociedade são interrogados.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Qual o valor da mulher? Ela nasceu apenas para ser mãe e dona de casa? Ela tem os mesmos direitos que o homem? A mulher é proprietária do seu corpo e, por isso, tem direito de fazer dele o que desejar?

Por outro lado, também são inquestionáveis as inúmeras conquistas femininas ao longo dos últimos séculos: o direito de votar, de participar ativamente na sociedade e no trabalho. É impossível não se lembrar da médica Zilda Arns, que trabalhou incansavelmente contra a mortalidade infantil, e fundou a Pastoral da Criança e do Idoso. Com certeza, você também deve lembrar-se de outras grandes mulheres que fizeram a diferença na história do mundo. Hoje, elas já têm um vasto espaço conquistado e consolidado.

Mas por que os conflitos continuam?

Em 1968, na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos da América, as mulheres queimaram seus sutiãs. Para elas, isso representou a "queima" da opressão feminina. Hoje, muitas continuam afirmando que o topless é uma maneira de serem livres e usarem do seu corpo como desejarem. Mas, eu lhe pergunto: para você, isso é liberdade?

Entre a liberdade e a libertinagem existe um abismo. Sim, a revolução sexual trouxe um novo olhar sobre a mulher, mas trouxe, também, dilemas que tocam a própria dignidade humana. Usar a liberdade é o maior desafio existencial. Direito de ser mulher? Sim, é nosso direito assumir nosso ser feminino. Contudo, só quem sabe seus direitos é capaz de usá-los com a devida liberdade sem partir para a libertinagem. Quando somos libertinos, não há limites, tudo é válido e, por isso, não há mais o conceito de certo ou errado; qualquer coisa é relativa ou "normal".



Relembro outra grande mulher dos nossos tempos, Madre Teresa de Calcutá, ela ganhou o prêmio Nobel da Paz, teve reconhecidos seu valor e seu papel como mulher na sociedade, mas nunca precisou queimar o sutiã para mostrar sua dignidade.

Explico-lhe, agora, o significado da palavra "dignidade" e a coloco no feminino. Segundo o dicionário, digna é aquela merecedora de elogios; honesta; honrada. Sinônimos para "digna" são: casta; correta; íntegra; imaculada. Quando nós deixamos de exercer a liberdade e passamos à libertinagem, ouso dizer que começamos a ser o antônimo de digna, ou seja, passamos a ser indignas; vis; inadequadas; inconvenientes; obscenas; indecentes; escandalosas; imorais; menosprezíveis; vergonhosas; baixas; pornôs; (o dicionário relata 75 antônimos para digno). É o resultado do mau uso da dignidade, virtude a que somos chamadas a viver como mulheres.

A força da mulher

Lutamos tanto para sermos iguais aos homens, que esquecemos nossa feminilidade. Na Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, João Paulo II escreve: "A mulher é forte pela consciência dessa missão, forte pelo fato de que Deus 'lhe confia o homem', sempre e em todos os casos, até nas condições de discriminação social em que ela se possa encontrar. Esta consciência e esta vocação fundamental falam à mulher da dignidade que ela recebe de Deus mesmo, e isto, a torna 'forte' e consolida a sua vocação. Deste modo, a 'mulher perfeita' (cf. Prov 31, 10) torna-se um amparo insubstituível, e uma fonte de força espiritual para os outros que percebem as grandes energias do seu espírito. A estas 'mulheres perfeitas' muito devem às suas famílias e, por vezes, inteiras nações".

A mulher tem o papel de gerar vida. Naturalmente, ela tem em si o dom da maternidade. Gerar vida e não morte; gerar alegria e não tristeza; gerar coragem e não medo; gerar união e não discórdia; gerar paz e não guerra; gerar amor e não o ódio.

Magda Ishikawa
Missionária da Comunidade Canção Nova

27 de abril de 2018

Adoração na confiança

Os efeitos da adoração

O clima de adoração é muitas vezes prejudicado por tormentos interiores que não nos deixam livres para ficar graciosamente na presença de Deus, por amor. Entre esses sentimentos de profundo medo, os de culpabilidade são os mais perigosos. Eles são inimigos da oração de fé.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Mas o sentimento de nossos erros nem sempre está ligado a uma culpa real. Não somos sempre culpados perante Deus, mesmo que sentimentos duvidosos nos habitem. A experiência (espiritual) da própria culpa nos conduz a pedir o perdão e a Misericórdia de Deus sobre nós. (E por que não fazer isso dentro do sacramento da penitência?) O sofrimento interior ligado a um sentimento de culpa nos convida a esperar a cura de um medo profundo, que é quase sempre a causa desse sentimento.

A cura dos medos que nos infundem a culpa, pode vir pela oração de intercessão ou de súplica a Deus. Mas, essa cura pode também ser "e sem dúvida é" recebida na adoração. Essa terá o grande mérito, independentemente do processo de intercessão, de nos fazer voltar a atenção para o Cristo que adoramos, em vez de nos concentrarmos nos medos que nos enclausuram em nós mesmos. É, na verdade, uma adoração baseada na decisão (espiritual) de confiar. Não pedimos uma cura ao Senhor: de certo modo nós a tomamos, nos apropriamos dela, pois Ele já nos quer dar a cura. Isto é confiança espiritual: nos apropriarmos daquilo que sabemos que Deus já está nos concedendo.

Momento de oração

Coloque-se diante de Jesus, se possível de joelhos, mas com a cabeça erguida, o olhar mergulhado em Seu olhar. Pronuncie então com fé e confiança:

Deus de bondade, apesar dos meus medos, não trairei mais o Seu amor;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, não negligenciarei mais a Sua presença;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, permanecerei fiel ao meu chamado;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, não me envergonharei mais do Seu nome;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, darei testemunho de Sua verdade;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, procurarei Sua sabedoria, mesmo que ela me pareça sem sentido ou difícil de cumprir;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, permanecerei atento à voz do Espírito Santo;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, rezarei por aqueles que o Senhor me confia;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, distribuirei Sua paz aos corações;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, não fecharei mais meu coração ao sofrimento dos meus irmãos;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, escolherei perdoar aquele que me feriu;
Deus de ternura, apesar dos meus medos, me anularei diante de um insulto e do desprezo.