30 de outubro de 2015

Dicas para construir a boa saúde mental das crianças

Há caminhos que podem ajudar a construir a boa saúde mental das crianças

A vida moderna nos abriu um leque de possibilidades. A rapidez oferecida, por exemplo, pelas novas tecnologias e pelos aparelhos que temos em casa leva-nos ao comodismo, fazendo com que busquemos sempre a lei do menor esforço e a satisfação a curto prazo.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Os pais, no desejo de acertar e dar o seu melhor, não se dão conta de que estão por demais preocupados em oferecer segurança financeira aos filhos e maior comodidade a qualquer preço. No entanto, prover somente condições materiais para que a criança se desenvolva e encontre o seu lugar no mundo pode constituir um grande erro e trazer consequências inimagináveis. Antes, é preciso favorecer o ambiente, para que a criança cresça num clima propício à sua saúde mental, evitando neuroses e psicoses na vida adulta.

Trabalhar as emoções, os sentimentos e reparar traumas em indivíduos adultos é penoso, exige acompanhamento profissional e muita disciplina. A espiritualidade pode entrar como uma grande parceira. Existe, entretanto, um caminho mais eficaz. O psicólogo Eric Erikson diz que são poucas as coisas que não podem ser remediadas mais tarde, mas muitas são as que podem ser prevenidas.

Num recente estudo feito por quase mil profissionais da área de saúde mental, a falta de amor e de educação emocional por parte dos pais foi citada como a principal causa de problemas emocionais posteriores. Por outro lado, o abraço carinhoso da avó, a aprovação por um gesto de bondade, o sorriso e o afago antes de dormir, a festinha de aniversário com os colegas, as celebrações em família são como o combustível para a construção de uma vida equilibrada e uma mente sã.

Como adquirir confiança

O afeto expressado em gestos, o toque físico e o cuidado em suas necessidades essenciais são o que há de mais nobre para favorecer a saúde mental das crianças. Ao contrário do que se pensa, a confiança básica se estabelece não tanto em função da quantidade de amor e atenção que ela recebe, mas em função da qualidade desse amor.

Não basta amar, é preciso sentir-se amado

Dom Bosco é o grande mestre nesse quesito. O santo da juventude dizia que não bastava amar os jovens, eles precisavam sentir que eram amados. Seu método de ensino conciliava razão, religião e amorevolezza (na tradução do italiano, algo como carinho, ternura e bondade). Depois de 200 anos, o amor declarado, o acolhimento e o afeto seguem como fontes inesgotáveis de saúde mental e ponto de partida para um bom aprendizado.

Se a lógica com os jovens é assim, com a criança ainda mais. Se ela de fato recebe o amor e o cuidado de que precisa, vai decidir que o mundo é bom e merece receber confiança. Estabelece-se aí uma relação tranquila com o universo exterior e com si mesma. Do contrário, ela vai se recolher, afastando-se dos relacionamentos. Instala-se o processo de (auto) desconfiança.

O descaso dos responsáveis ou ainda um abandono súbito pode desencadear na criança uma tristeza profunda ou até mesmo um sentimento de desamparo que pode persistir para o resto da vida. Médicos, psicólogos, assistentes sociais reconhecem as consequências que decorrem da privação de amor.

Absorção do que acontece no ambiente externo

É importante ressaltar que, ainda que tenha sido profundamente amada, acolhida e respeitada em suas particularidades, a criança, por ser como uma "esponja" do ambiente, por estar ainda na fase de observação para o vir a ser e fazer escolhas, assimila tensões, estresse e outros desconfortos típicos da vida adulta. Se não assimila, pode, ela mesma, desenvolver sentimentos negativos de frustração e repressão, com base nos relacionamentos que vive em casa ou no ambiente escolar.


Dada a importância do equilíbrio dos afetos, das emoções e sentimentos, como favorecer portanto, conscientemente, esse ambiente positivo e altruísta, que respeita a criança e suas fases de desenvolvimento? Como, ao mesmo tempo, prepará-la e amadurecê-la para o mundo competitivo e imprevisível que está por vir?

Sigo na linha do velho ditado popular: "antes prevenir do que remediar". Além do amor e de um clima de aconchego e compreensão, a grande aliada nesse processo é uma rotina dinâmica, que favoreça a expressão livre da criança naquilo que ela é – independente da etapa educativa em que esteja.

Reprimir brincadeiras pode ser nocivo

Segundo Klein, a atividade lúdica é o principal mecanismo de expressão infantil e a fonte de suas sublimações. Reprimir brincadeiras ou mesmo não as fomentar pode ser extremamente nocivo ao desenvolvimento da criança e refletir negativamente no desenvolvimento de sua criatividade. É por meio de jogos, atividades lúdicas, da vazão à fantasia, que ela se integra, encontra-se no mundo, expressa-se e aprende sobre relacionamentos.


A Palavra de Deus nos dá uma lição quando diz: "Existe um tempo para cada coisa debaixo do céu". Se podemos dizer assim, o tempo da criança é o de ser amada e brincar. Temos de impor limites, orientar sobre o que é certo e errado, o que é cristão e não cristão. Mas tudo isso sem amor vira imposição, regras sem alma, e leva à insatisfação e rebeldia.

Brinque com seu filho, gaste tempo com ele, insista em estar junto, seja em casa, no parquinho, na Igreja ou no shopping. Daqui a alguns anos, você vai colher os frutos de tudo isso. Ele precisa mais do que pode oferecer; ele precisa de você.

Autora: Thaysi Santos
Membro da Comunidade Canção Nova
Jornalista, editora-chefe do Canção Nova Notícias
Pós-graduada em Counseling
thaysi@cancaonova.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/como-favorecer-a-saude-mental-das-criancas/

28 de outubro de 2015

Cinco motivos para rezar todos os dias

Descubra cinco valiosos motivos para rezar todos os dias

A oração é o alimento da alma. Se não ingerirmos uma determinada quantidade de nutrientes necessários diariamente, nosso organismo começará a reagir de modo negativo; com o passar do tempo, vamos adquirir uma anemia. O mesmo processo ocorre com a vida interior. Se, a cada dia, não cultivarmos uma vida de oração, nossa alma contrairá uma anemia espiritual. Precisamos cuidar do coração para que nossa fé seja sempre renovada no amor e na esperança.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Aumentando a imunidade contra os ataques do inimigo

Vamos juntos descobrir cinco motivos para rezarmos todos os dias e aumentarmos a imunidade contra os ataques do inimigo?

1 – Fortalecimento da fé:

Nossa vida de fé se alimenta daquilo que oferecemos à nossa alma. Quando nos descuidamos da oração, nossa vida de fé diminui gradativamente. Muitos se descuidaram a tal ponto da vida de oração, que hoje se encontram espiritualmente anêmicos, sem forças diante das difíceis situações da vida. Quanto mais rezamos, mais nossa fé cresce e se fortalece.

2 – Resistência contra os ataques do mal:

Todos os dias, somos cercados de muitas forças do mal, as quais tentam nos roubar a paz. Uma vida de oração fecunda e intensa afasta de nós as forças das trevas. A luz que irradia de nossa fé deixa cego o inimigo. Mergulhados em Deus, criamos uma resistência espiritual contra todo vírus do mal.


3 – Santificação pessoal:

Os santos alcançaram a glória divina, porque na vida foram pessoas de oração e caridade. A vida de oração caminha de mãos unidas com a ação, e para ser santo é preciso ser pessoa de oração. Quando nossa vida se torna oração por completo, até mesmo em nosso trabalho estamos rezando, porque nos unimos de tal maneira a Deus que não mais podemos nos separar d'Ele.


4 – Imunidade contra o negativismo:

Pessoas mal-humoradas têm tendência a serem de pouca oração. Quem reza é mais animado, olha a vida com mais amor, acolhe com mais carinho seus irmãos, reconhece nos sofredores o próprio Cristo, são promotores da paz, praticam a caridade sem esperar retorno. Invista na oração e verá os benefícios na sua alma.

5 – Amadurecimento espiritual e humano:

Aquele que cultiva uma vida de oração aos poucos vai adquirindo a sabedoria necessária diante das realidades humanas e espirituais. Uma vida de oração assídua desenvolve na alma o amadurecimento espiritual, que nos faz abandonar nas mãos de Deus todas as nossas fragilidades e confiar a sua misericórdia às difíceis situações da vida, para as quais não encontramos solução.

Os benefícios para quem investe um período do seu dia no cultivo da oração são enormes. Não há contraindicações e todos podem ser beneficiados pelo amor misericordioso de Deus, que restaura o coração e devolve a saúde espiritual à alma abatida.


 

 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Santo Antônio, em Jacutinga (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).

Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar seus artigos na internet, acesse: www.padreflaviosobreiro.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/cinco-motivos-para-rezar-todos-os-dias/

26 de outubro de 2015

Como lidar com os traumas do passado no presente

Os traumas do passado podem interferir diretamente em nosso presente

Cada ser humano é único, com incontáveis possibilidades de vivenciar as mais diversas situações. Desde nossas primeiras memórias da infância, vamos acumulando as experiências mais marcantes ao longo da vida; geralmente, as que provocaram maior emoção.

Uma festa de aniversário, aquele passeio esperado, uma viagem, os tombos de bicicleta, as brincadeiras com os primos, um presente especial. São lembranças doces que remetem a um tempo em que o olhar infantil estava mais desperto para os detalhes e encantos do novo, do belo.

Como lidar com os traumas do passado no presente -

Entretanto, nem só de boas lembranças nossa memória está recheada. Muito falamos sobre eventos traumáticos vivenciados em diversas fases do desenvolvimento infantil, mas há também os ocorridos durante a crítica passagem pela adolescência e os que enfrentamos na fase adulta.

Como se fosse hoje

Esse outro lado da moeda tende a ser mais difícil de se elaborar. Causa dor lembrar-se do sofrimento de uma violência física ou emocional, um abuso sexual, a perda de alguém querido, bem como os sentimentos de desamparo, solidão e desespero. Alguns, inclusive, afirmam lembrar-se com tanta nitidez os detalhes do trauma, que poderiam relatar tudo "como se fosse hoje". Quando dizem essa frase, estão falando a verdade.


Certas pessoas carregam o fardo de dores que acabam pesando mais conforme o passar do tempo. A lembrança passa a ser como um bicho de estimação, algo a ser rememorado para não cair no esquecimento ou para alimentar algum sentimento de vitimização. Outros, pelo contrário, tentam esquecer, a todo custo, os eventos traumáticos que aparecem como flashes indesejados em alguns momentos. Às vezes, colocam uma manta por cima do passado e tentam viver como se essa dor não existisse. É possível até que alguns busquem refúgio em drogas e bebidas, com o desejo de encontrar um conforto momentâneo.

Sujeiras da alma

Primeiramente, é importante entrar em contato com a situação incômoda de forma aberta e transparente. Falar sobre o assunto pode ajudar na elaboração do que aconteceu, principalmente se o evento foi na infância ou adolescência. O adulto que você é hoje pode amparar e consolar a criança que você foi e que não tinha recursos internos para lidar com a situação naquela época. Acolha a dor, reconheça o sofrimento e, se vier uma emoção, abra-se ao pranto que poderá lavar as sujeiras da alma.

Esse pode ser um processo doloroso e longo. Entretanto, estamos falando da qualidade de sua vida, da liberdade que você merece experimentar ao tirar esse peso das costas, que deixa seus passos lentos.

Terrenos escuros e frios

Conforme você for caminhando nesses terrenos escuros e frios, poderá lançar uma luz de compreensão, um sopro quente de perdão que, aos poucos, vão trazer novos significados para a sua história. Se algum passo for muito difícil, tenha paciência consigo, mas não pare! Peça a Deus a graça necessária para enfrentar essas dores, conte com a ajuda de outras pessoas ou profissionais que possam auxiliá-lo nesse processo.

No final, pode acontecer de você descobrir que o perdão – ao outro e a si – é possível e o deixa livre para viver sem o rancor e o ódio. Talvez você encontre uma força interior que não imaginava possuir, e um olhar sereno pode aparecer no seu rosto, junto com um sorriso mais aberto. Valerá a pena conhecer uma nova forma de visitar seu passado e lidar com as dores que pareciam eternas.


Milena Carbonari

Milena Carbonari Krachevski é Psicóloga, Pós-Graduanda em Educação e Terapia Sexual, missionária dos Jovens Sarados e membro do Apostolado da Teologia do Corpo Brasil. Contato: psicologa.milenack@gmail.com


23 de outubro de 2015

Pílula do dia seguinte: Quais são as consequências?

Quais consequências isto traz para a mulher, sobretudo para as jovens?

"Ela equivale a uma bomba hormonal para a mulher, com todos os efeitos agressivos e riscos. Altera o processo de ovulação, podendo provocar esterilidade para toda a vida.

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Pode causar severos danos à saúde: sangramentos, dores de cabeça e náuseas. Seu uso freqüente pode provocar: danos no fígado, tapar as artérias e provocar infarto, embolias no cérebro ou no pulmão e hemorragias cerebrais, complicar as alterações provocadas pelo tabagismo, aumentar os riscos do colesterol elevado podendo produzir danos no pâncreas, pode produzir cegueira por trombose da artéria da retina, piorar o diabetes. Aumentar o risco de desenvolver câncer de colo do útero e de mama além de depressão", garante o Bispo.

Já houve vários casos de mortes de jovens causadas pelo uso dessas pílulas. Por exemplo, o jornal O Globo publicou em sua edição de 11/01/01, p.30: que uma menina de 15 anos, Caroline, filha de Jenny Bacon, morreu em Londres, após tomar a pílula do dia seguinte, o que revoltou os pais das alunas na escola onde a pílula é distribuída até para meninas com apenas onze anos.

O Dr. Jerome Lejeune, francês, um dos maiores geneticistas do século XX, já avisava na década de 90 que a pílula do dia seguinte "é uma bomba para o organismo da mulher".

O Dr. Helio Begliomine membro de diversas sociedades nacionais e internacionais, denuncia ao público a pílula do dia seguinte pelos efeitos contrários à saúde e à vida humana que ela acarreta. E denuncia que há interesses econômicos de grandes firmas que estimulam a sua difusão camuflando as conseqüências negativas que ela possa ter para a mulher e para a sociedade em geral. (Revista PR n.468 – 2001)

Segundo os estudos científicos de D. Rodrigo Aguiar, no caso da pílula do dia seguinte, está comprovado que pode ter três efeitos: "Primeiro: impedir ou atrasar a ovulação. Segundo: Ainda que tenha tido a ovulação, impedir que se dê a fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Terceiro: Ainda que tenha havido a fecundação, impedir que o óvulo fecundado se anide ou implante no útero. Este efeito anti-implantatório do óvulo fecundado está fundamentado não só pelo fabricante da pílula, mas também por extensa bibliografia médica."

A Igreja não tem dúvida de que a pílula do dia seguinte é abortiva; por isso denuncia isto. Estamos falando de um efeito abortivo, pois, segundo a genética, a vida humana inicia desde o momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. O óvulo fecundado tem já seu mapa genômico próprio e individual, diferente do mapa genômico do pai e da mãe. Se se impede que este óvulo fecundado possa se implantar no útero (nidação), estamos falando de um aborto, ou seja, de um assassinato, e do ser humano mais indefeso.

Afirma o citado Bispo que "os que promovem a pílula do dia seguinte manipulam a linguagem científica: falam de concepção até que se implante o óvulo no útero. Enquanto não se implanta o óvulo fecundado, chamam-no de pré-embrião; já implantado, chamam-no de embrião." Para a Igreja não existe pré-embrião, mas apenas embrião, já portador de uma alma imortal desde o primeiro momento da sua concepção, mesmo antes de sua nidação no útero da mãe.

A distribuição da pílula anticonceptiva normal e agora a de emergência, provoca cada vez mais a promiscuidade, acentuando uma sexualidade onde o primordial, onde o único motivo é buscar o prazer. Nesta visão hedonista do sexo, o filho torna-se um intruso, um estorvo que se deve descartar. E a mulher é reduzida a um objeto de prazer.
É lamentável que nossas autoridades não vejam isto!

A solução não é distribuir pílulas às jovens, mas reorientar o autêntico sentido da sexualidade, que é expressão do ser humano em sua totalidade. O ato sexual não é só para o prazer, mas o prazer deve acompanhar intenções mais nobres, como a unidade do casal e a comunhão do homem e da mulher, assim como a transmissão da vida. O ato sexual não pode ser apenas um ato de prazer, como para os animais; isto animaliza o homem e a mulher. Ele não é um fim último, mas um meio para a unidade do casal e a procriação. O amor que nutre o matrimônio está chamado a ser fecundo, aberto a outras vidas humanas, no sentido de paternidade responsável.

Pior mesmo do que a gravidez, é a liberação dos atos sexuais fora do matrimônio, que essas medidas geram. Nosso desafio é educar as crianças, os adolescentes e jovens a viver sua sexualidade de uma maneira responsável e plena, e não ficar distribuindo pílulas, camisinhas e laqueaduras. Não estamos lidando com animais.

O Catecismo da Igreja ensina que:

§2270 – "A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida.

"Antes mesmo de te formares no ventre materno eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei" (Jr 1,5). "Meus ossos não foram escondidos quando eu era feito, em segredo, tecido na terra mais profunda" (Sl 139,15).

A sociedade católica precisa reagir a esses absurdos, antes que a nossa civilização volte aos tempos da barbárie dos séculos V.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/bioetica/defesa-da-vida/pilula-do-dia-seguinte-quais-sao-as-consequencias/

21 de outubro de 2015

O câncer foi um marco em minha vida

O   câncer foi um marco em minha vida, testemunha Heloísa

"Deus é mais íntimo a nós que nós mesmos" (Santo Agostinho). No ano de 2002, começou minha história com o tratamento de câncer. A princípio, fui surpreendida com um nódulo no pescoço, mas não me dei conta da gravidade do problema, até que ele começou a aumentar. Ao procurar ajuda, descobri que esse pequeno nódulo já havia se transformado em metástase e sua origem estava no meu mediastino (centro do tórax); um tumor de 15 cm. No meu caso, um tipo de tumor maligno, chamado linfoma, localizado na cavidade externa entre o pulmão e o coração, migrando para o pescoço e o ombro. Diante desse diagnóstico, segui diretamente para o tratamento quimioterápico, que somaram 16 sessões ao todo. Foram dois anos de tratamento, sendo os nove primeiros meses mais difíceis: nove meses de quimioterapia, radioterapia, toracotomia, sofrimento e cura interior; um marco em minha vida.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Transformar desespero em esperança

Quando recebemos a notícia de uma enfermidade grave, logo nos vem um sentimento de tristeza. No entanto, tudo aconteceu diferente dentro de mim, pois consegui transformar o desespero em esperança. O primeiro pensamento foi de que minha vida iria mudar, fui tomada por uma força de luta e uma certeza de que Deus tudo pode e Ele podia me curar.

Em minha oração, Ele me respondia que eu não morreria, mas não me pouparia dos sofrimentos. Em resposta àquilo que o Senhor me oferecia, optei pela fé e recebi o dom da alegria e a graça do bom humor. Tomei a decisão de aceitar o câncer e amá-lo, por isso dizia: "Ele não é de Deus, vou amá-lo tanto, que ele não aguentará e irá embora".

Convidei o Senhor para lutar comigo

Nessa caminhada de fé, convidei o Senhor para lutar comigo. O que me sustentava era o amor das pessoas e também "o ser paciente na enfermidade"; eu vivia a graça de esperar o tempo de Deus e o bem que Ele tiraria disso tudo. Assim, pude viver uma linda experiência de abandono em Deus. Durante essa jornada de cura, muitos sentimentos eu tinha de enfrentar e viver, como o abandono, a sensação de impotência e o mal-estar.

As sessões de quimioterapia me deprimiam psicológica e espiritualmente, sentia-me abandonada não por falta de companhia, mas porque ninguém neste mundo podia tocar naquilo que eu sentia, somente Deus. Por isso eu tinha de me agarrar a Ele. Nos momentos mais dolorosos, eu só conseguia repetir o nome de Jesus.

Disciplinei-me, então, no processo do tratamento, com paciência e serenidade, pois tinha a certeza de que o médico era para mim a boca de Deus, e ele traria a cura para minha vida.

O maior milagre não foi a cura do câncer

Acredito que o maior milagre que recebi nesse processo não foi a cura do câncer, mas sim a cura do meu coração. O câncer me tirou muitas coisas. Precisei não ter nada; a única coisa que possuía era Deus, e estar abandonada n'Ele. Foi para mim uma grande experiência de intimidade. Morrendo, a cada dia, nas sessões de quimioterapia, eu ficava fraca e frágil, mas, mesmo assim, louvava ao Senhor e via minha vida passar como um filme. Então, eu perdoava e pedia ao Senhor que curasse também o coração daqueles que um dia eu feri.

Temos dificuldades em lidar com a dor, mas recebi uma graça especial: diante do sofrimento, eu sorria. Isso é algo que somente pode ser vivido na graça, não existe explicação. Eu possuía força, coragem para encarar tudo com naturalidade, mas a confiança e a fé que realizava isso em mim era Deus e mais nada.

História de Jó, minha história

Finalizo fazendo uma analogia da minha vida com a história de Jó. Após saber que todos os seus bens lhe foram tirados, inclusive seus filhos, para piorar a situação recebeu uma enfermidade. Porém, mesmo com todo o sofrimento passado, descrito nos primeiros capítulos, Jó pronuncia: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei. O Senhor me deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor." (Jó 1,21) "Se recebemos o bem de Deus, porque não iríamos receber também o mal." (Jó 2,10)

Somente alguém que tenha intimidade com o outro pode bendizê-lo. Jó sabia que tudo o que estava acontecendo tinha uma razão, pois seu Amigo íntimo – Deus – jamais o decepcionaria; eu também seguia nessa confiança.

O grau de sua intimidade com o Senhor determina até onde sua luta pode ir, porque Ele conhece cada coração. Assim, não termino a minha história, porque Deus me deu a chance de continuá-la. O câncer foi para mim a resposta do amor de Deus em minha vida e a certeza de que fui feita para Ele.

Morrer para ressuscitar uma mulher curada

O tratamento foi uma gestação de nove meses. Em cada quimioterapia, eu morria para ressuscitar uma mulher curada. Deus não quis o câncer, mas o permitiu com o propósito de curar o meu coração e tornar-me íntima d'Ele. Em minha história, como na de Jó, que seja bendito o nome do Senhor! Amém.

Autora: Heloisa de Paiva Carvalho 


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/testemunhos/o-cancer-foi-um-marco-em-minha-vida/

19 de outubro de 2015

O que determina a personalidade de uma pessoa?

A personalidade de uma pessoa é definida pela totalidade dos traços emocionais

Quando falamos de personalidade, sempre pensamos no conjunto de traços emocionais de uma pessoa, ou seja, como ela reage emocionalmente diante de situações e comportamentos. Isso tem mais a ver quando falamos em caráter, ou seja, se aquela pessoa tem um bom ou mau caráter, como ela age diante da sociedade. No popular, é o tal "jeitão" da pessoa, ou seja, como ela percebe alguém e reage em relação ao outro.

O que determina a personalidade de uma pessoa
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Diferença entre personalidade e temperamento

São coisas diferentes por conceito e por evolução dos estudos da Psicologia. Quando nós falamos em personalidade, cada autor da Psicologia a define de uma forma.
Temperamento se dá como uma reação mais instintiva, biológica. Lá no começo desse estudo, quando pouca coisa se sabia das pessoas, começou-se a perguntar qual era a reação daquele indivíduo frente a determinadas características. Foi quando chegamos ao estudo do que melancólico, colérico, fleumático ou sanguíneo. Já na personalidade, temos um conjunto mais amplo [de fatores] que fala não só do jeito da pessoa ser, mas de uma série de definições de reação, característica e comportamento. É um conceito mais amplo do que o temperamento.

O que realmente significa "personalidade forte"?

Há traços nas pessoas que ficam mais evidentes. Um exemplo é quando falamos no colérico (vou usar a expressão do temperamento de novo): o que marca uma pessoa que tem esse temperamento? É alguém mais enraivecido, que reage de forma mais agressiva. Geralmente, a isso chamamos "personalidade difícil". No entanto, a popularização desse termo é um erro de conceito.


Personalidade madura

Maturidade não é um sinal apenas de amadurecimento biológico, ou seja, se temos mais ou menos idade. Personalidade madura tem aquela pessoa que consegue viver seus processos emocionais; é aquela que tem, por exemplo, respostas adequadas para um momento, como o término do namoro. Há pessoas que, ao terminar um namoro, conseguem compreender a situação e partem para um outro relacionamento. Outras, no entanto, ficam com um sentimento de vingança e querem tirar satisfação, pois não conseguem entender emocionalmente o fim de uma relação. Diz-se, então, que essa pessoa é imatura no ponto de vista emocional, ou seja, ela não conseguiu ainda conviver e trabalhar com toda a sua emoção. Ela não consegue, por exemplo, sofrer pressão.

Entendemos que a maturidade passa por aspectos não só físicos, mas de compreensão das vivências emocionais e sociais. Nós não podemos nos esquecer de que somos seres biopsicossociais. Temos tudo aquilo que é o nosso biológico, psicológico e aquilo que é nosso convívio na sociedade. Podemos ser pessoas imaturas quando, por exemplo, não sabemos nos relacionar num grupo, conviver positivamente no trabalho, na escola ou no lazer.

O que forma a nossa personalidade?

A nossa personalidade é formada por infinitas situações, e uma delas é a nossa estrutura familiar, o berço onde nascemos, como fomos criados e inseridos na sociedade. Então, se somos pessoas muito expostas a festas e eventos, isso vai dizer se vamos nos tornar pessoas mais falantes, com um jeito mais extrovertido. Se alguém tem uma reação de birra, com uma criança que sempre busca ser agradada, percebemos que ela é um adulto que age como uma criança, ou seja, que só fica bom quando é do jeito dela, que só fica legal quando faz do jeito que ela gosta. Isso também é um traço e um conjunto de questões que vão formar a personalidade madura.

Outra questão que contribui muito para formar a nossa personalidade é a forma de aceitação do nosso "eu". Primeiro, é preciso que nos aceitemos como somos, entretanto, hoje temos uma exigência da sociedade de seguir o modelo que ela nos impõe. Então, a primeira coisa é nos aceitarmos do jeito que somos, perfeito ou com limitações, para que nos entendamos. Temos de pensar também na aceitação daquilo que são as nossas dificuldades, mas há aqueles que não conseguem conviver com isso, o que é algo bastante complicado.

Problemas de uma pessoa imatura

Uma das maiores queixas, ao falarmos de problemas, é quando demitimos alguém. Aquele que se desliga, geralmente, é uma pessoa que tem problemas de relacionamento; não porque seja ruim tecnicamente ou não conheça aquilo que faz, mas alguém imaturo pode não conseguir se fixar num relacionamento nem estabelecer um bom vínculo no seu trabalho, pode não conseguir definir um destino profissional. É aquela pessoa que hoje faz culinária, amanhã faz desenho, depois desiste e faz administração; daqui a pouco, acha melhor abrir uma barraquinha de cachorro-quente. Mesmo assim, está sempre descontente. Esses são os principais problemas que podemos ter, porque vai chegar uma hora em que os grupos vão se fechando e a pessoa vai se sentindo muito só.

Em um relacionamento, que fatores devem ser observados para saber se o outro tem domínio sobre a sua afetividade?

Conhecer o outro é sempre um mistério. Principalmente, observar como é a sua forma de ser responsável. Ele é uma pessoa que cumpre o que diz? É alguém que se adapta fácil às situações ou tem dificuldade de mudar? Como é o humor dessa pessoa? Ela é constante ou oscila muito? Como é o afeto dela, como mostra que ama? Ela é alguém mais extrovertida? O importante é percebê-la socialmente, não só com você, porque, às vezes, existe o erro de olhar o relacionamento só "você e o outro", mas não vivemos só "eu e o outro", mas com amigos, com a sociedade.

Influência da razão e do sentimento

Nós podemos sempre reagir ou tomar decisões com base na razão ou na emoção. Se essa minha emoção é mal trabalhada ou mal canalizada, e eu pauto minha decisão apenas nisso, corro um grande risco de fazer algo errado. O que é importante nesse aspecto é se eu sou um ser apenas racional; e razão também é uma qualidade no ser humano. Há pessoas que são extremamente racionais, analíticas, perceptivas nesse ponto. Outras, são totalmente intuitivas. É importante observar isso, porque a razão tem uma influência, mas ela não é a única forma de reagirmos.


Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.
Blog: temasempsicologia.wordpress.com
Twitter: @elaineribeirosp


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-que-determina-personalidade-de-uma-pessoa/

16 de outubro de 2015

Depressão infantil: conheça as principais causas

A depressão infantil é um transtorno atual

Tenho notado meu filho mais triste, sozinho, com mau humor, aborrecendo-se frequentemente, hipersensível, chorando facilmente, sentindo-se inútil e com ideias de perseguição. Em alguns momentos, ele sente desejo de sair de casa e pensa até em suicídio. O que é isso?

Pode ser que seu filho esteja desenvolvendo um quadro de depressão ou tal transtorno já esteja instalado, pois os sintomas descritos acima são de depressão. Porém, há outros sintomas que exigem atenção: comportamento agressivo, alteração no sono, mudanças no rendimento escolar, socialização diminuída, mudança de atitude na escola, queixas somáticas, perda da energia habitual e mudanças no apetite são sintomas secundários de depressão infantil.

Principais causas de depressão infantil
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Os sinais mais sutis se encontram nas reações físicas, principalmente em crianças menores, como queixa de dor no estômago, dor de cabeça ou outras dores físicas infundadas, gerando ausências em sala de aula por alguns minutos e até mesmo faltas devido às queixas.

A depressão está inserida na classificação diagnóstica como um transtorno do humor que abrange fatores não só emocionais, mas também comportamentais, cognitivos, sociais, fisiológicos e até mesmo religiosos. Nem sempre a depressão vem isolada, ela também pode estar associada a outros quadros de desajustes emocionais, variando sua manifestação de pessoa para pessoa.

Pensamentos pessimistas

Nas crianças, é comum que a depressão as leve a desenvolver pensamentos pessimistas, acreditando que "tudo o que puder dar errado dará" por culpa dela. Outro comportamento comum das crianças é a distração. Elas parecem estar vagando em seus pensamentos internos, o que altera diretamente a atenção e a concentração, interferindo em seu rendimento escolar. Em um conceito amplo, podemos dizer que a depressão é uma distorção cognitiva de como a criança passa a ver o mundo, como se ela colocasse um óculos de lentes preta e passasse a ver o mundo dessa forma, sem cor, sem vida e sem sentido.

Transtorno atual

A depressão infantil é um transtorno atual, por isso não há estudos aprofundados, mas sim uma iniciação científica, visto que se trata de algo novo que vem crescendo dia após dia.
Creio que muitos podem se perguntar no momento: O que levaria uma criança a desenvolver o quadro depressivo? Acredito que a evolução tecnológica, a fragilidade dos vínculos interpessoais e até mesmo a dificuldade dos pais de lidar com os filhos e com o mundo têm sido os fatores que mais contribuem para esse transtorno. O mundo tem se tornado agressivo para as crianças, e muitas podem nem mesmo querer crescer, o que gera outro desajuste emocional, ao qual chamamos de síndrome de Peter Pan. As crianças têm medo de enfrentar o mundo, pois este tem se tornado cada vez mais difícil.

Os adultos são a janela do mundo

As exigências, o mercado de trabalho, as realizações, a relação com o poder e a necessidade de tê-lo, geram adultos ansiosos, estressados, frágeis e depressivos, e é assim que as crianças acabam visualizando a vida, pois os adultos são a janela do mundo para as crianças. É o adulto quem apresenta a elas as relações e o mundo. Mas como fazer essa apresentação se o próprio adulto se "esconde" dentro de sua casa? Antes de questionar as crianças e conduzi-las a tratamentos, não seria mais interessante verificar as relações familiares e sociais em que elas estão inseridas? Será que esses adultos, responsáveis, provedores e educadores estão verdadeiramente saudáveis ou ainda não são capazes de reconhecer seus medos e limites?

Se sou exigente, perfeccionista, impetuoso, agressivo, competitivo, dinâmico e ativo no mercado de trabalho, como tenho lidado com meu filho em casa? Exijo dele da mesma forma? Provavelmente sim! E assim torno-me criador de uma criatura que pode não dar conta de sofrer frustrações, de compreender as limitações dos outros, que não aprende a perdoar nem a suportar o mundo, desejando não viver nele e se fechando numa realidade em preto e branco.


Aline Rodrigues

Aline Rodrigues é psicóloga há 10 anos, pós-graduada em Psicanálise Aplicada à Saúde Mental com formação em transtornos alimentares e MBA em gestão de pessoas. Lecionou durante sete anos na Faculdade Pitágoras e está cursando pós-graduação em Terapia Cognitiva Comportamental. Aline é missionária do segundo elo da Comunidade Canção Nova.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/cura-interior-2/depressao-infantil-conheca-as-principais-causas/