13 de maio de 2014

Viva Nossa Senhora de Fátima

"A treze de maio, na Cova da Iria, no céu aparece a Virgem Maria"

Ouvir esse canto vindo do povo português tem um tom diferente. Afinal, foi lá que a Virgem Maria quis aparecer, em Fátima, a mensagem mais atual, confirmada e aceita pela Igreja.


São muitos os elementos que compõe a espiritualidade profunda da Cova da Iria.

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- A Rampa: o local onde fiéis descem, de joelhos ou mesmo rastejando, trazendo no coração pedidos de oração ou a gratidão por uma graça recebida.

- O Valinhos: local onde viviam as três crianças. Hoje, é lugar de peregrinação, onde inúmeros fiéis rezam a Via Sacra em clima de oração e silêncio.

- Oração e silêncio também são elementos marcantes da espiritualidade daquele lugar santo. Não há como calar diante do apelo da Virgem Maria. Aquele céu de um azul inenarrável faz calar qualquer dor, até mesmo a mais profunda, pois, no colo da Virgem Maria, o homem encontra conforto e consolo.

- A linda basílica parece ter sido moldada pelos anjos, numa arquitetura que aponta para o céu. De cor clara, retrata a pureza da Mãe de Jesus e nos conduz a uma profunda reflexão. Inúmeras foram as vezes que rezei olhando para aquele santuário; ali, fiz uma experiência de Céu. Para mim, é, às vezes, difícil narrar tudo o que vivi em Fátima, é como seu eu tivesse me encontrado comigo e com o grande desígnio de Deus a meu respeito, cuja finalidade é única: o Céu.

- Meus pequenos pastorinhos, gigantes na fé, ensinaram-me a amar mais, fizeram-me entrar no mistério da oferta e do sacrifício; não por mim mesma, mas pelo outro. Aquelas simples crianças são mestres na doação e no amor a Jesus e Sua Mãe.


Hoje, vivo na Terra Santa, onde Maria nasceu e viveu – um mistério e uma graça que Deus me concedeu –, mas meu coração não se separa da mensagem de Fátima nem de tudo o que ela me "ensinou", que o Céu é, assim, indiviso, pois não compete entre si, não é reino dividido. A Terra Santa, com seus ensinamentos e espiritualidade, completa em mim o que comecei a viver em Fátima, na Cova de Iria, aos pés da Mulher mais brilhante que o sol.

Cantem meus portugueses amados, celebrem com gratidão a Deus o acontecimento que foi realizado aí. Vocês são privilegiados, por isso, façam memória, levem para todo o mundo, tão ferido pela dor, pelo egoísmo, pelo ateísmo, a sua fé tão repleta de significado e de força tamanha.

Estando no Oriente, vejo o quanto os cristãos precisam da oração e do sacrifício do povo de Deus. Ao nosso redor, vemos relatados, todos os dias, de muita dor e muito sofrimento.

Na Síria, cristãos padecem por professar sua fé, morrem em cruzes, decapitados… Mas não desistem! A oração de um povo os sustenta, os mantêm firmes, mesmo diante do martírio. Em Fátima, rezou-se pelo fim da guerra.

Que a Virgem de Fátima possa ajudar a deixar de lado a guerra que nasce no coração do homem. Francisco, Lúcia e Jacinta, peçam ao Bom Deus por nós. Rezem por nós pecadores!

Amém!

Cristiane Henrique

Missionária da Comunidade Canção Nova.

12 de maio de 2014

Filha testemunha a alegria da adoção

Não nasci do útero de minha mãe, mas nasci do coração dela!
A prática da adoção ainda é um desafio a ser vencido no Brasil, no entanto, muitas famílias têm superado as barreiras do preconceito e da dúvida e colhido os frutos da bela decisão. Como é o caso da fisioterapeuta Maria Isabel Ferminio, que contou ao formacao.cancaonova.com como foi sua história de adoção.
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Redação: Com quantos anos você foi adotada? E como aconteceu todo o processo?
Fui adotada com quatro meses de gestação, minha mãe biológica não tinha condições de me criar e o meu pai biológico não queria assumir um relacionamento com ela, nem me assumir por julgar que ele não era realmente o meu pai. Minha avó biológica, após a tentativa de aborto frustrada da minha mãe, quis de imediato procurar um família que pudesse me adotar. Então ela partilhou a história com a minha mãe adotiva, que trabalhava na mesma escola que ela. Em conversa com meu pai e com meus irmãos adotivos eles me disseram que, desde então, me adotaram no coração. No dia seguinte ao meu nascimento fui diretamente para a casa da minha família adotiva.
Redação: Você foi adotada ainda no período de gestação. Como sua família se preparou para receber você?
Quando foi acertada a minha adoção, não sabiam o meu sexo ainda, e a expectativa era se seria menino ou menina. Assim que souberam que eu era uma menina, pouco a pouco meus pais foram comprando o enxoval. Minha mãe disse que compraram apenas o básico, pois eles ganharam muitas roupinhas e coisinhas de bebê. E sempre combinaram em me dizer a verdade sobre a minha origem.
Redação: Como seus irmãos a acolheram?
Muito bem! Meus irmãos sempre foram maravilhosos. Minha irmã, por ser vinte anos mais velha que eu, se organizava no trabalho para sair mais cedo, e meu pai poder trabalhar no período da tarde. Meu irmão, 10 anos mais velho, hoje falecido, também cuidava de mim. Recordo-me até hoje que, muitas vezes, ele deixou de sair, para brincar com os amigos, para poder cuidar de mim. Nunca houve nenhum tipo de diferença entre nós, penso até que fui paparicada demais.
Redação: Como foi o relacionamento com sua mãe?
Sempre me relacionei muito bem com ela, a admiro muito pela coragem de ter me adotado e a forma como ela e meu pai me criaram. O cuidado que sempre teve comigo é digno de toda admiração que tenho por ela! Não nasci do útero dela, mas nasci do coração!
Redação: Em que sua mãe contribuiu na sua formação, para você se tornar uma mulher e uma profissional tão cheia de valores?
Em tudo, percebo o quanto a minha mãe me ensinou a fazer as escolhas certas, a liberdade na dose exata para cada momento, os incentivos nos momentos em que tive vontade de desistir, as broncas quando estas foram necessárias. Foi o amor dela que me impulsionou a dar passos e a ter a ousadia que, muitas vezes, julguei não ter. Aos poucos foi me moldando em tudo que sou hoje e sou grata a ela por tudo isso, não sei como medir isso em palavras.
Redação: Como foi descobrir que seus pais a adotaram? Como você reagiu?
Eu percebia que eu era muito diferente das pessoas em casa. Sou negra e todos eles são brancos; meu irmão é um pouco mais moreno, mas bem parecido com minha mãe. Então, certo dia, perguntei se, quando ela estava grávida de mim, havia tomado muita Coca-cola e café, por eu era mais escura que todos eles, ou se era porque eu havia sido adotada. E ela disse que havia me adotado. No início eu fiquei sem entender e perguntei por que meus pais biológicos não haviam ficado comigo e minha mãe me explicou que eles não tinham dinheiro para me criar. E conforme eu fui crescendo ela foi me contando o restante da história e nunca me escondeu nada.
Redação: Você conheceu a sua mãe biológica? Como foi o contato com ela?
Não sabia como iniciar a conversa com ela ao conhecê-la, pedia que ela contasse a minha história e depois lhe fiz algumas perguntas. Ela chorou muito durante a partilha e me pediu perdão. Eu a agradeci por ter me dado a meus pais em vez de tentar novamente me abortar.
Redação: Qual foi sua expectativa ao conhecê-la?
Eu queria saber se eu era parecida fisicamente com ela, mas não vi tanta semelhança, de certa forma gostei. Fiquei muito feliz em saber que, ao longo de minha vida, meus pais adotivos nunca omitiram nada da minha vida. A mesma história que eles me relataram foi a mesma que minha mãe biológica me contou.
Redação: Aproxima-se o Dia das Mães, o que você gostaria de dizer à sua mãe?
Obrigada, mãe, pelo seu "sim" à minha vida e por ter tido a coragem de me dar a minha família. Muitas mães temem a adoção. Deixe uma mensagem para essas mulheres.
A generosidade materna é capaz de gestar no coração a vida de alguém que Deus lhe confiou por amor. Deus proverá todas as coisas.

9 de maio de 2014

Uma carta para minha mãe

No Dia das Mães, retomar a moda antiga de escrever cartas, em tempos de redes sociais, pode ser uma grande declaração de amor
Querida mãe, neste clima de homenagens, pensei em lhe escrever uma carta, pois aprendi com a senhora que as palavras escritas com carinho voam como pássaros e chegam ao coração de quem amamos.
Confiando nisso, tenho me arriscado a escrever, de vez em quando, para as pessoas; hoje, resolvi lhe escrever mais uma vez. Pensei em lhe dizer muitas coisas, mas percebo que tudo se resume em uma palavra: obrigada!
Volto ao ano de 1952, quando você, enamorada, disse 'sim' ao casamento, assumindo com meu pai o desafio de construir uma família em meio às diferenças sociais e abrindo mão de tantas outras ofertas e sonhos. Você fez a melhor escolha, mãe, disse 'sim' ao amor e não se prendeu às ideias egoístas e às oportunidades que poderiam lhe proporcionar muitas coisas, mas, certamente, não lhe permitiriam ser minha mãe. Obrigada por isso!
Você abraçou o dom e a tarefa de ser esposa, doando-se gradativamente para que outras vidas surgissem e o mundo tivesse mais brilho, cores e sons. Em seu lar modesto e aconchegante, a pobreza nunca foi empecilho para deixar vir mais um filho ao mundo. E quando já tinha sete, foi a minha vez de chegar.
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Cheguei de mansinho sem nem mesmo você perceber. Deus quis me trazer aqui, pois sabia que você seria a melhor pessoa para me receber, formar e ajudar a crescer. Era um tempo de grandes mudanças para toda a família, sonhos se misturavam com realização; e eu crescendo em silêncio em suas entranhas. Mas, de tanto crescer, chegou o dia que minha existência lhe foi revelada, e você, em festa, começou logo a preparar-se para receber-me em seus braços. Como o tempo passou depressa, mãe!
Aqui fora, eu continuei crescendo com seus cuidados, e, hoje, compreendo bem melhor suas lições. Enquanto preparo-me para também ser mãe e vivo o dom do matrimônio, percebo-me, muitas vezes, reproduzindo seus gestos, e fico orgulhosa disso. Esses dias, arrumei a mesa para meu marido almoçar e, como já havia almoçado, simplesmente fiquei ao lado dele, contemplando seus gestos e ouvindo suas palavras. De repente, lembrei-me de você e disfarcei um sorriso, pois a vi fazer isso tantas vezes com o papai!
Mãe, você é doutorada na arte de amar. Se não aprendi melhor suas lições, certamente é porque não tenho sido boa aluna, mas me deixe sempre em sua escola, porque minha meta é ser como você.
Sua fé também me causa admiração. Tenho viva na memória as tardes de sábado, quando, de joelhos, rezava o "Oficio da Imaculada Conceição", unindo seu coração ao da Virgem Santa, à qual tem uma devoção especial. Eu tentava imitar sua reza mesmo sem saber o significado das palavras, porque sua fé era como um imã me atraindo para Deus. E o mais bonito é que sua fé é viva! Eu mesma sou testemunha de que o perdão tem morada fixa em seu coração, e quem bate à sua porta, procurando um conselho ou uma ajuda qualquer, nunca sai de mãos vazias. Por tudo isso, hoje, só posso agradecer a Deus, por ter me dado uma mãe tão boa, e à senhora por ter tido a coragem de ser minha mãe.
Recordo-me de que, em uma de suas muitas cartas, disse-me da sua alegria em ter uma filha consagrada a Deus na Comunidade Canção Nova e evidenciou a felicidade que sente ao me ver fazendo o bem. Saiba que todo o bem que, na minha pequenez, eu conseguir fazer até o fim da minha vida será sempre consequência do amor que recebi de Deus por meio da senhora e do papai. Portanto, os méritos sãos seus, mãe. Eu sou fruto da árvore que você se aventurou a plantar, cultivar e zelar com grande generosidade: a família. Jamais se esqueça de que valeu a pena sua opção pelo amor. Só existo por causa do seu 'sim'! Obrigada! Parabéns por estar cumprindo tão bem sua missão neste mundo.
Feliz Dia das Mães!

Dijanira Silva

Dijanira Silva

Dijanira Silva, missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apresentadora da Rádio CN América (SP).

Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/uma-carta-para-minha-mae/

Ser mãe de um bebê anencéfalo

'Passamos a viver um dia de cada vez e aprendemos dar graças por mais um dia de vida dela em meu ventre', testemunha Kellen 

Meu nome é Kellen Reis, tenho 30 anos, sou jornalista e moro em Pindamonhangaba (SP). Sou casada há quase seis anos com Diogo, pai das minhas filhas e parceiro nos melhores e nos piores momentos da minha vida. Quero partilhar com vocês uma parte desses momentos.

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Kellen e Diogo. FOTO: Arquivo Pessoal

Ser mãe não estava nos meus planos aos 24 anos. Namorava, há pouco mais de dois anos, e estávamos começando a planejar o nosso futuro juntos quando fomos surpreendidos com a primeira gestação. Mesmo com o medo e a insegurança, fomos contagiados pela felicidade logo de cara. Casamo-nos no civil primeiro e, ao chegarmos da viagem de lua de mel, fomos correndo pegar o resultado da primeira ultrassonografia morfológica. A surpresa chegou com a frase que ficou guardada em minha mente, tamanho foi o choque: "ausência parcial de massa encefálica, o que sugere anencefalia". Procuramos minha obstetra imediatamente, mas ela não estava mais no consultório. Uma outra ginecologista nos atendeu e, como se estivesse passando uma receita de bolo, nos disse que nossa filha, com cinco meses de gestação, para quem escolhemos o nome de Maria Eduarda, tinha má formação cerebral e não teria condições de sobreviver. E ainda nos sugeriu entrar na justiça para pedir autorização para abortar, pois, segundo ela, não valia a pena levar a gestação até o fim, já que, talvez, nem a bebê aguentasse. Ela deixou bem claro que não havia tratamento ou cirurgia que resolvesse o problema.

Nós a deixamos falando sozinha e saímos do consultório desorientados. Quem aquela profissional achava que era para decidir algo ou nos sugerir tirar a vida da nossa filha? Ficamos indignados!

.: Mães escolhidas a dedo

Depois do baque, com o apoio da nossa família, fui me informar mais sobre o assunto, saber dos riscos, dos casos mais conhecidos, pesquisar outras famílias que já tinham passado pela mesma situação. Somando tudo isso à fé em Deus e em Nossa Senhora, fomos ganhando forças para aguentar até o momento em que a Duda aguentasse. Passamos a viver um dia de cada vez e aprendemos dar graças por mais um dia de vida dela em meu ventre. Cada mexida na barriga era uma vitória celebrada com alegria.

Ela aguentou as 39 semanas. Nasceu em 27 de outubro, chorando, com 40 cm e 2kg. Lembro-me, nitidamente, do seu rostinho colado ao meu, ainda todo sujo, logo que saiu da minha barriga. Não sabia quanto tempo ela teria de vida; então, alí mesmo, disse a ela o quanto a amava e que a amava do jeitinho que ela era.

Nossa princesa resistiu por três dias. Não pude pegá-la no colo, trocar sua fralda, dar-lhe de mamar, sentir seu cheirinho nem lhe fazer cócegas. Havia um bloqueio chamado "incubadora", da UTI neonatal, entre nós. Restava-me apenas segurar sua mãozinha. Ela se foi, mas a maternidade não foi embora com ela. Sentia-me mãe, a todo momento, mesmo sem tê-la comigo.

Não foi fácil. Ainda há horas que não o é. Cada Dia das Mães era um sofrimento, uma agonia e um aperto no peito. Cheguei a deixar de ir à Missa, nessa data, para não ver as homenagens e não sofrer com elas. Sentia-me merecedora delas, mas não concordava em recebê-las a não ser pelas mãos da minha filha que se foi.

O tempo foi passando, mas ela sempre esteve presente em nossa vida. Em 2010, eu e o Diogo, finalmente, recebemos o sacramento do matrimônio. Nós fomos morar em São Paulo e nossa vida sofreu várias mudanças. No ano passado, depois de cinco anos, decidimos que era hora de tentar, de novo, e dar um irmãozinho ou uma irmãzinha para a Maria Eduarda.

Com a vinda do Papa Francisco ao Brasil, aproveitei para ir até ele e pedir sua intercessão, a fim de que nos ajudasse a conquistar esse sonho, assim como outros que pareciam distantes de nós. No dia 24 de julho, quando ele celebrou a Santa Missa, no Santuário de Aparecida, eu estava de folga e fui correndo para lá, com minha mãe e minha tia, um dia antes. Passamos a noite no frio, tomamos chuva, enfrentamos a fome e uma fila quilométrica para tentar participar da Celebração Eucarística dentro do santuário. Mesmo sem saber se conseguiríamos entrar, fui entregando aquele momento como penitência, como sacrifício. Mal sabia eu que minha princesa já estava em meu ventre.

A notícia chegou, com uma alegria sem fim, uma semana depois; ao mesmo tempo, veio uma insegurança. Afinal, somos humanos e, mesmo confiando em Deus e em Seus planos, temíamos que algo de ruim pudesse acontecer novamente. Mas o Senhor nos presenteou com uma gestação saudável de outra menina: a Valentina. Ansiosa como os pais, ela não esperou as 40 semanas e veio ao mundo no dia 3 de abril deste ano, com 2.980 kg e 48 cm, à 37ª semana gestacional. Mais um presente de Deus em nossa vida!

Ainda estamos extasiados com a chegada dela, e não nos cansamos de a olhar e namorar.

Sinto-me realizada em poder fazer tudo o que prevê o papel de uma mãe: amamentar, pegar no colo, fazer cafuné, beijar, cheirar, abraçar, trocar fralda, dar banho, fazer cócegas, massagear e até chorar junto com ela.

Não vejo a hora de comemorar o Dia das Mães este ano, pois sei que terá um gostinho mais que especial, já que, agora, tenho uma filha aqui comigo, cuidando de mim na Terra; e uma filha no Céu, cuidando de minha alma, intercedendo por mim e pela nossa família.

Aliás, estou comemorando o fato de ser mãe novamente desde o dia três de abril.

Que Nossa Senhora, Mãe imaculada de Deus e nossa, abençoe todas as mães, principalmente as "mães de UTI" e aquelas que perderam seus filhos.

Kellen Reis


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/bioetica/defesa-da-vida/ser-mae-de-um-bebe-anencefalo/

7 de maio de 2014

Política, Religião e Soberba

Da raiz "super" a soberba consiste na supervalorização de pessoas ou grupos, com clara intenção de desprestigiar os outros. É um colocar-se acima de todos e, às vezes acima do bem e do mal. Mais do que ser eleito, é um eleger-se mais, melhor e maior. É o peru com penas de pavão.
Acontece em todos os quadrantes da vida, na família, na escola, na fábrica, na firma, na vizinhança. Há sempre alguém ou algum grupo a se colocar acima dos outros e a pisotear alguém. Pior ainda: o soberbo consegue, num indisfarçável marketing, mostrar-se a única solução, lançando as suspeitas e culpas sobre quem porventura dele discorde. Ditadores assim falam e assim agem. E matam quem ouse redimensioná-los para aquém do que eles mesmos se mediram.
O soberbo apossa-se do que era do outro e, quando pode, apaga e deleta o passado que descaradamente copiou. Faz de tudo para ser elogiado e de tudo para não elogiar. Raramente um soberbo escapa do baixo calão. Mais cedo ou mais tarde mostrará o quanto se adora. Não resiste à tentação de erguer seu próprio trono, seu monumento, sua imagem, seu pódio, seu altar e suas regras. Se ele faz, é certo, se o outro faz é errado. E se alguém dos seus erra é logo perdoado, mas ai do adversário que errar! O soberbo é capaz de transformar em diabo um anjo que se lhe oponha e em anjo o demônio que lhe traga vantagens.
Olhe os partidos políticos, olhe os governantes que conhece, olhe os pregadores de religião, observe como falam em estádios, praças, rádio, televisão, anote suas frases, vejam quem os aplaude e lhes faz claque, preste atenção na sua certeza de vitória, observe como diminuem o adversário e como se mostram totalmente incapazes de admitir o que era bom e é bom nos outros e conclua você mesmo.
Quando alguém discursa ou prega de tribuna ou de púlpito que antes dele nada prestava e depois dele tudo ficou melhor; quando o que ele copia dos outros e modifica, agora é bom e o que ele rejeita é porque tinha que ser jogado no lixo, fique certo de que encontrou um coração soberbo.
Há pessoas soberbas, grupos soberbos, igrejas soberbas, movimentos soberbos. Tudo neles extrapola a seu favor. Sobre eles, diz a Bíblia que é bem aventurado quem não lhes faz reverência (Sl 40, 4), quem os enfrenta e a eles não se dobra nem lhes canta elogios (Mal 3, 15). E prossegue dizendo que o braço de Deus vai dissolver suas pretensões. Um dia cairão do seu falso pedestal (Lc 1, 51-52). Paulo alerta que eles sempre existirão ao lado dos traidores, dos resmungões, dos criadores de maldade e dos maus filhos (Rm 1, 30). Sempre haverá os adoradores de si mesmos, presunçosos, ingratos e incapazes de aceitar alguém que lhes seja superior. (2 Tm 3, 2) Igual talvez, maior e melhor, nunca! Você já ouviu este discurso de políticos e religiosos...
Tiago diz que Deus os rejeita e que sua predileção vai para os humildes. (Tg 4, 6) Provérbios 11, 12 diz que a sabedoria está com os humildes e que o soberbo não resiste a comparar-se aos outros e mostrar-se acima de todos. Mateus diz que Jesus propõe humildade como condição de paz interior e serenidade. (Mt 11, 29).
Triste do povo que cai nas mãos desse tipo de liderança seja ela política ou religiosa! Estará sempre mais perto da ditadura do que da liberdade.
Pe. Zezinho, scj 

Saiba como se afastar do pecado da inveja

A inveja não traz felicidade para o nosso coração

Não é sem razão que a Igreja classifica a inveja como pecado capital. Muitos e muitos males provém dela. Diz o livro da Sabedoria que é por causa da inveja que o demônio levou ao pecado nossos primeiros pais no início da história da humanidade.
"Ora, Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão" (Sb 2,23-24).

Santo Agostinho dizia que "a inveja é o pecado diabólico por excelência". E se referia a ela como "o caruncho da alma que tudo rói e reduz a pó".

A inveja é companheira daquele que não suporta o sucesso dos outros e não se conforma em ver alguém melhor do que ele mesmo. Está sempre com aquelas pessoas soberbas, que querem sempre ser melhores do que as outras em tudo. Muitas vezes, ela também é companheira das pessoas inseguras, fracassadas ou revoltadas, que, não conseguindo o sucesso das outras, ficam corroídas de inveja e desejando-lhes o mal. Fica torcendo pelo mal do outro, e quando este fracassa, diz em seu interior: "bem feito!".

O primeiro pecado dos filhos de Adão e Eva foi cometido por inveja. Caim matou o irmão Abel. Abel era pastor e Caim lavrador (cf. Gen 4). Pior do que um homicídio (assassinato de um homem), o crime de Caim, movido pela inveja, foi um fratricídio (assassinato de um irmão).
Também por causa da inveja os filhos do patriarca Jacó venderam o seu filho caçula, José, para os mercadores que o levaram para o Egito.

O caso mais triste que as Escrituras nos relatam, por causa da inveja, é o da morte de Jesus. O evangelista São Mateus deixa claro a razão que os levou a matar o Filho de Deus: "Pilatos dirigiu-se ao povo reunido: 'Qual quereis que eu vos solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?' Ele sabia que tinham entregue Jesus por inveja" (Mt 27,18).
Vemos, assim, a que ponto chega a inveja. Diante disto, temos que nos acautelar; uma vez movidos por ela, somos levados a praticar muitas injustiças. Quantas fofocas, maledicências, intrigas, brigas, rivalidades, calúnias e ódios acontecem por causa de uma inveja!

O pior de tudo para nós cristãos é constatar que ela se entranha até mesmo nas obras e nos filhos de Deus. Podemos dizer seguramente que muitas rivalidades e disputas que surgem também no coração da Igreja, tristemente são causadas pela inveja, pelo ciúme e despeito.

Ao invés de se alegrar com o sucesso do irmão no seu trabalho para o Reino de Deus, a pessoa fica remoendo a inveja, porque não consegue o mesmo sucesso. O que importa afinal, é o meu sucesso. O invejoso é infeliz com a própria desgraça e com a felicidade do outro.

Precisamos aprender a fazer com que a felicidade do próximo seja um motivo a mais para sermos felizes; não o contrário. A inveja é uma perversão.
Quando o menor sentimento de inveja brotar em nosso coração, precisamos cortá-lo de imediato, com a sábia atitude do "agire contra"; isto é, substituir o sentimento de desprezo por um sentimento de amor, num profundo desejo de que essa pessoa progrida ainda com o sucesso que não conseguimos alcançar. É preciso saber pedir perdão a Deus pelo mau sentimento em nós gerado.

Quem sabe, agindo assim, daremos um tapa na cara do tentador que deseja, a todo custo, semear o veneno da inveja em nossa alma, fomentando a intriga, a maledicência, a rivalidade entre os irmãos. Não o permitamos. São Paulo nos ensina a não dar oportunidade ao demônio para agir em nossa vida. "Não deis lugar ao demônio" (Ef 4,27).

Santo Agostinho nos ajuda a entender a gravidade da inveja: "Terrível mal da alma, vírus da mente e fulminante corrosivo do coração, é invejar os dons de Deus que o irmão possui, sentir-se desafortunado por causa da fortuna dos outros, atormentar-se com o êxito dos demais, cometer um crime no segredo do coração, entregando o espírito e os sentidos  à tortura da ansiedade; destroçar-se com a própria fúria!"

Dizia São Leão Magno que "quando todos estivermos cheios de sentimentos de benevolência, o veneno da inveja há de desaparecer inteiramente".
O mesmo santo doutor e Papa ensinava que ardem de inveja da perfeição dos outros; e, como os vícios desagradam as virtudes, armam-se de ódios contra aqueles cujos exemplos não seguem.

São João Crisóstomo (†404), o grande patriarca e doutor da Igreja, chamado de "boca de ouro", mostra bem o perigo da inveja para a vida cristã:
"Nós nos combatemos mutuamente e é a inveja que nos arma uns contra os outros. Pois bem, alegrai-vos com o progresso do vosso irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós".

Felipe Aquino

Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/saiba-como-se-afastar-do-pecado-da-inveja/

5 de maio de 2014

Sejamos verdadeiros cristãos nos momentos de dor

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O plano de Deus é um mistério para nós

Nos momentos de consolo a familiares que perderam entes queridos, sempre vemos pessoas que, na melhor das intenções, sugerem que a família tente encontrar, no espiritismo, as explicações para a desgraça, comunicando-se com seus mortos. Para elas, uma forma de compensar a dor é saber em que situação se encontram os entes queridos: se estão bem, onde estão e com quem estão. Até entendemos, do ponto de vista psicológico, esse tipo de comportamento, mas, sob os olhos do Cristianismo, isso não deveria acontecer, pois, no Livro do Deuteronômio, o Senhor nos diz: "Não haja em teu meio quem faça passar pelo fogo o filho ou filha, nem quem consulte adivinhos ou observe sonhos ou agouros, nem quem use a feitiçaria; nem quem recorra à magia, consulte os oráculos, interrogue espíritos ou evoque os mortos. Pois o Senhor abomina quem se entrega a tais práticas. É por tais abominações que o Senhor teu Deus deserdará diante de ti estas nações" (Dt 18,10-12)

O verdadeiro cristão não pode ser adapto ao espiritismo, já que, se for, será incoerente consigo mesmo, pois o espiritismo advoga a reencarnação, enquanto nós, cristãos, cremos em uma única vida, nesta terra, conforme está escrito na Carta aos Hebreus: "E como está determinado que os homens morrem uma só vez, e depois vem o julgamento" (Hb 9,27). Infelizmente, muitas pessoas são enganadas quando se encontram fragilizadas pela morte de um ente querido. Muitas chegam a acreditar que, realmente, fizeram contato com o falecido. Deixo claro que não tenho absolutamente nada contra os espíritas, pois eles são nossos irmãos também, apenas não concordo com o que a filosofia espírita preconiza. Acredito que o que ocorre, durante essas experiências extrassensoriais espíritas, é apenas uma manifestação do nosso próprio inconsciente ou da nossa própria vontade.

Há alguns anos, em uma de minhas viagens pela França, estive em Martezè, uma pequena aldeia da Provence, onde vive a Marielle, uma grande amiga francesa. Ela nos levou à casa de uma senhora, Madame Françoise, sua conhecida, cujo marido tinha falecido há alguns anos e que tinha uma história estranha, que ela acreditava que eu deveria ouvir. Madame Françoise era viúva há muitos anos. Não tinha preocupações financeiras. Embora tivesse filhos, vivia sozinha, mas sempre recordando os momentos vividos com o marido. Para minha surpresa, ela não era uma pessoa triste e deprimida, mas forte, firme e muito enérgica em seus quase oitenta anos de vida. Entre um petit four e uma taça do indescritível vinho da região de Bordeaux, começou a contar-me que, certo dia, se sentou na sua sala para ouvir um pouco de música, pois estava triste, sentindo muita falta de Bernard, seu falecido marido. Colocou, no rádio, um cassete e, após ouvir a primeira música, antes de começar a seguinte, notou ruídos estranhos que, aos poucos, reconheceu como sendo a voz do falecido marido. Ele lhe dizia que estava bem e que a amava muito.\

 

Não se contentando somente em contar a história, ela se levantou, pegou a fita e a colocou no rádio. Enquanto a fita rodava, a senhora nos mostrava em que ponto havia a suposta mensagem. Evidente, não ouvi nada, a não ser ruídos de uma fita com defeitos técnicos por baixa rotação. Tudo não passava de fruto da sua imaginação. Ela, no entanto, acreditava piamente que Monsier Bernard havia se comunicado com ela.\

 

Na volta para o castelo da Marielle, conversamos muito a respeito do caso. Evidentemente, tudo não passava de um mecanismo de compensação que ela mesma criara para dar à sua vida uma razão existencial.

 

Quantas pessoas não criam suas próprias verdades, consciente ou inconscientemente, para explicar fatos de sua vida? Sei que é difícil entendermos os porquês, pois o plano de Deus é um mistério para nós. Cabe-nos apenas entender o para quê.\\

 

Há muitos anos, participei do espiritismo. Por isso sei que, em momentos de perda e desespero, muitos buscam alguma forma de contato com os mortos, a fim de conseguir um pouco de consolo e paz. Hoje, de volta ao seio da Igreja Católica, na qual sou batizado, tenho consciência da diferença entre a filosofia espírita e a doutrina católica.

Estive com o diácono Nelsinho Correâ e falei com ele sobre o caso da Patrícia. O diácono, em sua imensa sabedoria e discernimento, sempre derrama um pouco de água fria nas minhas ponderações, porque sabe que, como bom descendente de italiano, às vezes não penso no que digo e não raramente ofendo alguns irmãos com minhas opiniões muito radicais. Nesse dia, perguntei ao Nelsinho sobre o que encontramos na Bíblia a respeito do espiritismo. Ele me respondeu: "Savioli, a primeira diferença básica é a nossa fé não na reencarnação, mas na Ressurreição de Cristo, que abriu caminho para nós também! Acrescentado a isso, temos a Palavra de Deus. Primeiro, no Antigo Testemunho, em Deuteronômio 18,10-14. Nessa Palavra, Deus proíbe claramente a evocação dos mortos. Depois, no Novo Testamento, em João 6,54, Jesus fala: 'Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia'. Temos ainda Lucas, capítulo 24: 'Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo?' (Lc 24,5). Isso nos abre outra perspectiva do sofrimento, da dor, do choro, do luto, da sublimação".

A Bíblia tem vários exemplos de como o povo de Deus lidava com o luto. Monsenhor Jonas Abib aborda isso em uma palestra que fez sobre a importância do luto. Olhe o exemplo da Bíblia: "Abraão veio fazer luto por Sara e chorá-la (Gn 23,2).

Davi, por conta da morte de Abner, filho do chefe do exército de Saul, diz: "Rasgai vossas vestes e vesti-vos de luto. Ide chorar nos funerais de Abner". […] Quando Abner foi enterrado, em Hebron, Davi levantou sua voz e chorou sobre o túmulo de Abner. Também todo o povo chorou (2Sm 3,31-32).


O próprio Jesus, diz a Bíblia, "teve lágrimas" (Jo 11,35) diante da morte de Seu amigo Lázaro. Enfim, todas essas passagens nos mostram que não devemos "mascarar" a dor, não devemos queimar etapas. É preciso viver o momento da perda, esvaziando-o pelo pranto.


Concordei com suas palavras e lembrei-lhe que, infelizmente, o pranto não tem sido mais permitido. Ao se perder alguém, o enlutado é dopado. Não sabe o que está acontecendo ou então é reprimido, instigado a não chorar e a ser forte. Por isso, deixo aqui um alerta: se este momento não for vivido, o sofrimento não pranteado poderá resultar em depressão e fobia, pois a pessoa foi poupada de algo que ela deveria ter vivido, com ajuda sim, mas com a consciência de que ninguém pode viver a dor em seu lugar.

Doutor Roque Savioli

Apresentador do Programa " Mais Saude" na Rede Canção Nova de Ràdio (AM)