7 de junho de 2023

O Dom da Cura no Grupo de Oração


Um Grupo de Oração que se reúne semanalmente para encontrar com Deus, lhe prestar culto de louvor e ação de graças, certamente será visitado pelo Senhor da vida.

As curas que ocorrem durante as reuniões de oração geralmente acontecem como resultado da perseverança de seus membros na vida carismática. É a partir da fé e da fidelidade à vida de oração, leitura da Palavra e frequência às reuniões de oração que começa a se destacar em cada um a manifestação do Espírito para proveito comum (I Cor. 12, 7), e nesta manifestação do Espírito alguns recebem o dom de orar por cura.

Com o passar do tempo, os participantes do Grupo de Oração vão percebendo e até mesmo reconhecendo que determinado irmão ou irmã tem o dom de orar pelos enfermos, o que na maioria dos casos leva, segundo o que temos visto, de quatro a sete anos de caminhada.

Mas o importante é ter em mente que o dom pertence ao seu doador, ou seja, ao Espírito Santo, e que este, de maneira especial tem derramado seus dons nas reuniões de oração e chamado alguns a este ministério.

As curas podem ocorrer a qualquer momento em uma reunião de oração carismática, desde seu início, até o final, pois Deus age como quer, quando quer e na hora em que quiser. Às vezes, ocorrem curas sem que ninguém as peça, em um momento de louvor, por exemplo. Não são poucos os testemunhos de irmãos curados durante a reunião, sem que haja uma oração direta de algum servo para o restabelecimento de sua saúde.

A graça geralmente ocorre quando os membros do Grupo, dispostos e desejosos de deixarem-se usar pelo Espírito Santo, abrem-se ao dom, tornando-se canal de graça, intercedendo uns pelos outros, permitindo que o Senhor, por meio de suas orações, manifeste seu amor, curando os doentes, como sinal de sua presença.

Para que a cura ocorra constantemente no Grupo de Oração, os participantes devem ser motivados a experimentar todos os dons, aprender a orar pelos outros, sem se preocuparem de estar exercendo algum tipo de ministério. É necessário fazer experiência de orar uns pelos outros. São Tiago nos ensina: "orai uns pelos outros para serdes curados" (Tg 5, 16b).

O Senhor tem pressa e quer que aprendamos muito e rapidamente na caminhada em um Grupo de Oração. Para isso, somos levados a participar por períodos curtos em vários ministérios, motivados por uma vontade inexplicável de crescer e aprender.

É importante que os mais experientes incentivem os iniciantes que estão nesta busca de serem usados por Deus, levando-os a fazer vários cursos de formação e obter a experiências em todos os serviços, sem aquela obrigação de estarem atrelado a um ministério. Em outras palavras, não é necessário pertencer ao Ministério de Oração por Cura e Libertação para orar pelos outros e nem tampouco ter feito encontros de formação neste sentido. Todos podem orar uns pelos outros, abrindo-se aos dons do Espírito Santo. À medida que os dons vão sendo exercitados, orando e servindo aos irmãos, a comunidade vai reconhecendo o carisma de cada um.

Se uma pessoa é reconhecida pela comunidade como alguém que ao orar pela cura de um doente é atendida por Deus, esta, certamente, tem um chamado ao ministério. E o sinal claro desse chamado é a insistência de irmãos pedindo orações ou trazendo pessoas enfermas para que reze por elas. Quando o carisma se torna ministério a partir do reconhecimento pela comunidade, então a pessoa deve ser incentivada, principalmente pelo coordenador do Grupo de Oração, a buscar formação específica por meio do Ministério de Oração por Cura e Libertação, no intuito de se aprofundar na doutrina do carisma e aprender com os mais experientes.

Em resumo, o que temos aprendido com esta intervenção do Espírito Santo é o seguinte: primeiro o Dom de Curar acontece na Reunião de Oração, depois, com o passar do tempo, o dom começa a se destacar em alguns de seus membros, e só então, esses membros reconhecidos pela comunidade passam a se dedicar ao ministério.

Pelo que vimos, devemos tomar cuidado e não ter pressa na formação de ministros de oração por cura para não queimar etapas.

Para nossa reflexão: Uma pessoa que nunca orou pelos outros, ou que até tenha orado esporadicamente, ao fazer um curso do Ministério de Oração por Cura e Libertação, está pronta para exercer tal ministério?

Provavelmente, não. Fazer o curso e receber informações ajuda, mas por si só não capacita alguém a entrar para o ministério.

Mas, se ao contrário, alguém que não tenha feito curso de formação, porém vem sendo procurado pelos irmãos de forma sistemática na busca de oração por cura, este sim, deve ser incentivado a fazer os cursos de formação e entrar para o ministério, buscando aprofundar-se na doutrina do dom e compartilhar com os irmãos as experiências adquiridas na caminhada.

Para esses é imprescindível que se aprofundem na doutrina do dom e, para isso, devem buscar conhecimento, não somente nos cursos de formação dados pelo Ministério de Cura e Libertação, mas também nas Sagradas Escrituras e Doutrina da Igreja.

Também é importante a experiência dos irmãos de caminhada e a vasta literatura hoje existente em nosso meio, em especial aquela oferecida dentro de nossa espiritualidade.

Seguem aqui alguns pontos, que alguém que aspira ao Ministério de Oração por Cura, não pode perder de vista:

1 – Ter sempre em mente que o Dom de Curar é um carisma do Espírito Santo para o bem comum e não para satisfação ou projeção pessoal;

2 – Como os demais dons, à exceção do dom de línguas, só acontece quando Deus quer e na hora que Deus quer, pelo simples fato de não estar sob o domínio de quem ora e, por mais que haja fé, depende da vontade de Deus;

3 – É dado como sinal do amor de Deus por nós, geralmente para confirmar o anúncio do Evangelho;

4 – A maior motivação para o exercício do dom é, e sempre será, a caridade, sem se deixar levar pelo gosto do poder que o dom pode representar;

5 – Acontece com maior frequência quando se abre à unção do Espírito, geralmente em assembléias de oração, tais como nas reuniões de oração, nos Seminários de Vida no Espírito, nas Experiências de Oração, nos retiros, Congressos e outros eventos semelhantes, ocorrendo geralmente após um grande louvor, durante uma adoração ou momento de oração, mas podendo ocorrer também durante uma pregação ou proclamação da Palavra ou em qualquer momento em que o povo de Deus esteja reunido em seu nome, porque, como já foi dito anteriormente, o dom é do doador e é Ele quem escolhe o momento e a maneira de curar.

6 – É necessário desejar e pedir o dom ao Espírito Santo para se tornar um canal de graça para os irmãos;

7 – Quando se aspira ao ministério de cura, o certo é iniciar orando por enfermidades mais simples, sem se preocupar com resultados, após orar, entregar a Deus e deixar por sua conta os resultados, confiantes no seu poder, na certeza que depende d'Ele;

8 – É importante aprender a discernir. Às vezes, no inicio do ministério, tem-se à impressão que ao orar a cura vai ocorrer, o que, algumas vezes, não acontece. Mas, se, humildemente, refletirmos sobre a inspiração, pode-se concluir que o Senhor não estava dizendo: "vai curar…, mas, aprenda a orar para cura". Quando se sentir impulsionado a orar, ore, mas atento, porque o Senhor pode estar apenas lhe dizendo: aprenda a orar.

Aqueles que coordenam uma reunião de oração devem estar preparados e desejosos de que ela seja um transbordamento dos carismas, levando a assembleia de oração a se entregar ao Espírito Santo num clima de muito fervor e adoração.

É muito importante que o coordenador faça a graça acontecer, envolvendo todos os participantes da reunião de oração e que esses, em momentos próprios, orem uns pelos outros para obter as multiformes graças de Deus.

Um ponto privilegiado na reunião, para se obter a cura e libertação é o momento quando o coordenador, movido pelo dom da fé, pode convocar todos os membros a fazerem um ato de arrependimento, uma renúncia ou uma entrega, oração esta que certamente será ouvida pelo Senhor Jesus através de libertações e cura.

Outro ponto ocorre geralmente no momento do silêncio e escuta que acontece logo após o grande louvor depois da pregação da Palavra e dinâmica de oração que se segue. Geralmente neste momento ocorrem revelações de cura, por meio de palavra de ciência dada a um ou outro servo. Curas e libertações ocorrem ainda quando se faz uma grande intercessão pelos enfermos onde todos oram uns pelos outros.

Curas acontecem também após uma pregação ungida onde, ao final, o pregador ou o coordenador da reunião pede ao Senhor que confirme a palavra com os sinais.

Enfim, são muitos os momentos em uma reunião de oração, em que a cura ocorre. Tem-se visto grandes milagres durante o louvor, quando alguém apresenta ao Senhor Jesus uma pessoa muito enferma, com sério risco de morte (geralmente alguém que se encontra em alguma UTI de hospital), oportunidade em que o coordenador da reunião, após ouvir o clamor daquela pessoa, leva toda a assembleia a interceder pelo enfermo, pedindo a Jesus que vá àquele hospital e visite a pessoa necessitada. Milagres têm ocorrido quando todos oram.

Bem irmãos, o fato é que na vida da Renovação Carismática Católica, o Grupo de Oração é o local mais privilegiado para a manifestação do dom de curar. Podem surgir nesses grupos pessoas descricaos por Deus para exercer o ministério, mas a cura na reunião de oração é uma constante, independentemente do fato do grupo já ter ou não ministros de oração por cura.

Finalmente, desejo e espero que todos aqueles que a comunidade reconheceu como tendo o dom de curar, venham para o Ministério buscar a formação especifica sobre o dom.

Taciano Ferreira Barbosa

Fonte: Reavivando a Chama. Encarte da Revista Renovação nº 45.


5 de junho de 2023

Santíssima Trindade: Filho e Espírito Santo são um único Deus


O mistério da Santíssima Trindade é um dos dogmas centrais dentro da Igreja Católica. Por muitos anos, as civilizações acreditaram em uma diversidade de deuses, como, por exemplo, os gregos, bárbaros e celtas.

Por outro lado, os judeus avançaram essa compreensão apresentando o monoteísmo. Com fé em um único Deus, por muitas vezes citada pelos profetas como "Deus verdadeiro, os outros são apenas barro". Ou seja, a multiplicidade de deuses seriam apenas imagens criadas pelo homem, só existe um único Deus. Por fim, a Igreja católica, herdando a herança judaica, desenvolve a doutrina da Trindade.

A Trindade, revelada pelas Sagradas Escrituras e pelo testemunho de Jesus Cristo, se torna um grande escândalo para os judeus e para muitos das primeiras comunidades cristãs.

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Nos inícios da Igreja, de tempos em tempos, apareceram diversas heresias sobre essas realidades. Algumas delas são: O modalismo consistiu na opinião de alguns teólogos (Noeto e Praxéias, no século II e Sabélio, no século III) que reduziam as três Pessoas da Santíssima Trindade a simples modo de expressão do único e mesmo Deus; O subordinacionismo foi defendido pelo bispo Paulo de Samósata e pelo padre Ário de Alexandria.

Eles ensinavam que o Pai é o único Deus. Enquanto que o Filho e o Espírito Santo são criaturas subordinadas ao Pai. O triteísmo ensina que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três substâncias independentes e autônomas. Afirma, portanto, que a Trindade, na verdade, são três deuses.


A doutrina da Santíssima Trindade

No Ocidente, Tertuliano, que viveu no século II, foi o primeiro a usar a palavra "Trindade" para se referir a Deus em três Pessoas. No Oriente, esta tarefa coube a Teófilo de Antioquia, que também viveu no século II. A doutrina da Santíssima Trindade foi explicitada no decurso dos primeiros séculos e finalmente definida no Concílio de Nicéia (325 d.C.), onde ficou esclarecida a divindade de Jesus Cristo; e no Concílio de Constantinopla (381 d.C.), quando se defendeu a divindade do Espírito Santo. Cada um desses Concílios procurou responder as heresias de seu tempo, fixando a verdadeira fé católica.

A unidade e a igualdade das três pessoas da Trindade

Um dos principais comentadores da Trindade foi Santo Agostinho, que elaborou sua obra "De Trinitate" (Sobre a Trindade). Santo Agostinho enfatizou a unidade e a igualdade das três pessoas da Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um único Deus em essência. Ele usou analogias, como a mente que pensa, a palavra que é expressa e o amor que une para ilustrar a relação entre as pessoas divinas.

Também ressaltou a importância da analogia da imagem de Deus na humanidade. Argumentava que a capacidade humana de amar e se relacionar espelha, de certa forma, a natureza trinitária de Deus. Assim, Agostinho incentivava os cristãos a viverem em comunhão e amor, refletindo a comunhão divina.

O fato é que a adesão ao catolicismo se dá no Batismo, e um Batismo Trinitário (Pai, Filho e Espírito Santo). A partir disso, somos introduzidos no seio da Trindade e entramos no mistério divino por adoção filial. Sendo o Batismo a porta de entrada, os outros sacramentos também são manifestação da obra Trinitária na alma do fiel, manifestação visível através do rito e uso das matérias.

Por isso, celebrar os sacramentos é celebrar a Trindade. Ser católico é viver essa mística profunda que nos leva à transformação e união com o próprio Deus Trindade! Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.


 


Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/santissima-trindade-filho-e-espirito-santo-sao-um-unico-deus/


2 de junho de 2023

De todas as mulheres, Maria é o modelo perfeito


"De todas as mulheres, tú, Maria, és o primeiro modelo"

A primeira comunidade cristã, aquela que nos é narrada no livro dos Atos dos Apóstolos, desponta como um modelo para a Igreja católica universal.

O leitor que se dedicasse à leitura dos 28 capítulos ficaria surpreendido com o modo no qual o Espírito Santo guiava os primeiros missionários e como distribuía dons extraordinários a quem, de coração, os desejava. Um outro ponto de surpresa que o autor, Lucas, faz questão de notar é a numerosa presença de mulheres como discípulas e missionárias de Cristo.

As mulheres são muito diferentes entre si: algumas são nominadas, outras permanecem anônimas, algumas oferecem um exemplo edificante, como Tabithà (At 9,36-42) e as suas boas obras; outras, como Saffira (At 5,1;2.7;11), deixam-se levar pelo egoísmo.

De todas as mulheres, Maria se destacou de modo luminoso

Essas mulheres eram colaboradoras dos apóstolos e participavam ativamente da história da salvação com um serviço louvável de oração, hospitalidade, caridade, instrução catequética etc. De todas elas, o nome de uma se destaca de modo luminoso: é Maria, o primeiro nome feminino citado nos Atos. Separado por uma vírgula, lhe vem atribuído um substantivo e adjetivo feminino que não coube a nenhuma outra na história: é a Mãe de Jesus.

Créditos: piccerella by GettyImages.

"Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, Mãe de Jesus, e os irmãos dele." (At 1,14).
Já este breve versículo nos permite intuir a posição toda especial reservada a Maria na vida do povo de Deus. Definindo-a como "Mãe de Jesus", Lucas ressalta a missão que ela teve na história da salvação. Percebam que ela vem mencionada ao início do evangelho de São Lucas e nos Atos dos Apóstolos. Ao início da vida de Jesus, como ao início da vida da Igreja. "É por meio de Maria que tem origem o Jesus histórico, é com ela que tem início o Cristo místico: nenhuma comunidade pode nascer e se desenvolver sem Maria."


Maria, a porta que nos abre ao Pai, ao Filho e ao Espírito

No tempo que precedia a chegada do Espírito Santo, todo o grupo dos discípulos era coeso, unânime e perseverante na oração. A pequena comunidade cristã esperava com concórdia e oração pelo paráclito – "entre não muitos dias, serão batizados com o Espírito Santo" – todos juntos, sem privilégios.

Maria era a figura essencial de toda essa espera, devido ao fato de que foi a primeira a receber sobre si o Espírito por uma maternidade divina. Com ela, o Santo Espírito vem derramado sobre a Igreja por uma nova maternidade espiritual. É a porta que nos abre ao Pai, ao Filho e ao Espírito. Foi tocada primeiro pela Trindade!

Esperemos concordes e unânimes na oração

Em unidade com toda a Igreja, nós também, neste tempo, esperamos pelo Pentecostes. Não nos basta esperar como comunidade sem o cuidado de quem vigia pelo nosso interior e resgata a nossa dignidade com olhar materno. Com Maria, queremos o Espírito, pois é também sua esposa e a vida da sua alma.

Rezemos juntos com as palavras de San John Henry Newman e esperemos concordes e unânimes na oração: "Oh, Maria, pura e bela, tú és a Rainha de maio; a nossa coroa cobre os teus cabelos, e ela nunca mais cairá!"

Hugo Mota, seminarista da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/dogma/de-todas-as-mulheres-maria-e-o-modelo-perfeito/


31 de maio de 2023

Virgem Maria, a Mãe da Igreja


A Memória da "Bem-aventurada Virgem, Mãe da Igreja", decreto publicado pela Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, determina seja incluída no Calendário Romano Geral. Ela deve ser celebrada, todos os anos, na Segunda-feira depois de Pentecostes. O objetivo da celebração é promover o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, religiosos e fiéis, bem como a genuína piedade mariana.

Diante disso, todos os discípulos de Cristo são lembrados de que, para crescer no amor de Deus, é preciso enraizar a vida na Cruz, na Hóstia e na Virgem Maria. São os três mistérios que Deus deu ao mundo para estruturar, fecundar e santificar a vida interior, conduzindo todos a Jesus Cristo.

Nos mesmos moldes, podemos recordar a própria figura de Dom Bosco e as suas três devoções. Também chamadas de devoções brancas: Eucaristia, Virgem Maria e o Papa. O santo acreditava que o núcleo da piedade cristã está enraizada nesses três pilares, os frutos de sua experiência pastoral com os jovens e os seus sonhos místicos.

A mãe da Igreja

Em 21 de maio de 2018, Papa Francisco realizou a primeira Missa em memória da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja.  Recordou que os Padres da Igreja compreenderam que a maternidade de Maria não termina com Ela: "Afirmam sempre que Maria é Mãe, a Igreja é mãe e a sua alma é mãe: há algo de feminino na Igreja, que é «maternal». Por conseguinte, explicou: 'A Igreja é feminina, porque é igreja, esposa; é feminina e é mãe, dá à luz'. Portanto, é 'esposa e mãe'. Mas os Padres vão além e dizem: 'Inclusive. a sua alma é esposa de Cristo e mãe'".

Padre Gerson Schmidt propõe uma reflexão sobre "Maria Mãe da Igreja". Segundo Santo Agostinho, sendo Ela Mãe de Cristo, é também Mãe de todos os membros da Igreja, já que Cristo é a cabeça do corpo místico Eclesial descrito por São Paulo na sua carta aos Colossenses 1,18. 

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A verdadeira Mãe de Deus

O título "Mãe da Igreja" foi utilizado, pela primeira vez, por Santo Ambrósio de Milão (338 – 397). É presente também no pensamento de Santo Agostinho e São Leão Magno, no Credo de Nicéia de 325. Já os Padres do Concílio de Éfeso (430). Haviam definido Maria como "verdadeira Mãe de Deus". Esse título retorna no Magistério de Bento XIV e Leão XIII.

Essa visão influenciou o Vaticano II na sua Constituição Dogmática Lumen Gentium e, por conseguinte, o magistério de João Paulo II ( na carta Redemptoris Mater) e Bento XVI. Sendo assim, o passo dado por Francisco é simples continuidade da visão Eclesial sobre Maria.


Em 21 de novembro de 1964, Papa Paulo VI, no Concílio Vaticano II, declarou a Bem-Aventurada Virgem "Mãe da Igreja. Isto é, de todo o povo cristão, tanto dos fiéis como dos pastores que a chamam de Mãe amantíssima". Mais tarde, em 1980, João Paulo II inseriu, nas Ladainhas Lauretanas, a veneração a Nossa Senhora como Mãe da Igreja.

Virgem Maria, rogai por nós

Por fim, podemos meditar as palavras do Papa Francisco: "Maria, Mãe da Igreja, ajuda-nos a entregar-nos plenamente a Jesus, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e de cruz, quando nossa fé é chamada a amadurecer". Nos coloquemos diante desse mistério, rezando e nos consagrando a Ela de todo o nosso coração. Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/dogma/virgem-maria-a-mae-da-igreja/


29 de maio de 2023

Pentecostes: saiba quais são as evidências


A solenidade de Pentecostes é celebrada pela Igreja no dia 28 de maio, domingo. Essa grande celebração recorda o momento em que os discípulos receberam o Espírito Santo reunidos no cenáculo. O fato transformou toda a postura da Igreja perante seus desafios e deu ousadia aos discípulos de Jesus.

As Sagradas Escrituras demonstram, de modo claro, esses acontecimentos no livro de Atos dos Apóstolos. São quatro passagens que evidenciam esse Pentecostes na vida da Igreja. Quatro Pentecostes e cinco momentos significantes que irei demonstrar.

As evidências de Pentecostes

O primeiro acontece no capítulo 2,1-13, esse seria o mais conhecido e lembrado pelos católicos ao falar do tema específico. Os Apóstolos estavam reunidos e temerosos, quando veio um vento impetuoso que o tomou e os transformou, apareceram então chamas de fogo em suas cabeças e eles ficaram repletos do Espírito, falando em outras línguas. A partir de então, eles se tornaram grandes anunciadores do reino, com prodígios e milagres.

O segundo relato se encontra em Atos 4,23-31. Após saírem do sinédrio, Pedro e João se reuniram com os outros e começaram a rezar (cf. 4,24) dizendo: "concede a teus servos que anunciem com toda intrepidez tua palavra" (Atos 4,29). O escritor sagrado afirma que, tendo orado assim, tremeu o lugar onde estavam e ficaram repletos do Espírito para continuar o anúncio do Reino. Ali, eles foram "rebatizados" com um segundo Pentecostes.

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O terceiro relato se encontra em Atos 8,9-17. Pedro e João foram enviados à Samaria, que era conhecida como um povo pagão, excluído dos eleitos judeus. Ali, eles já tinham recebido o batismo, mas ainda não haviam vivido Pentecostes (cf. 7,16). Os apóstolos impuseram as mãos sobre os pagãos para que desse modo eles recebessem o Espírito de Pentecostes. A grande novidade é o derramamento sobre os pagãos recém-batizados, algo inacreditável para os judeus, já que eles eram pecadores afastados.

O quarto relato é demonstrado em Atos 10, 44-48. Enquanto Pedro pregava, aqueles que estavam ouvindo receberam o Espírito mesmo sem terem sido batizados com água. Então, Pedro reconhece que aqueles pagãos também deveriam receber o sacramento: "Poderia alguém recusar a água do batismo para estes, que receberam o Espírito Santo assim como nós?" (Atos 10,47).


O último relato

O último relato é de Paulo em Éfeso, Atos 19,1-7. Apolo havia levado o batismo sacramental, mas esse precisava ser confirmado por um representante dos Apóstolos. Então Paulo impôs as mãos sobre eles, e assim o Espírito se derramou, ocorrendo a manifestação da oração em línguas e profecias. Eram cerca de doze homens, diz a Escritura.

Peça esse mover na tua vida

Diante desses cinco relatos, fica evidente a diferença entre o batismo sacramental e o que chamamos na RCC de "batismo no Espírito". A Escritura demonstra essas diferenças e realidades, por isso quero lhe convidar a pedir esse mover de Deus na tua vida. O mesmo mover que levou os discípulos a perderem o medo e levarem o Reino de Deus a todas as criaturas. Tenho certeza que se você pedir de coração aberto, muitas graças acontecerão na sua vida. Que Deus nosso Pai nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.



Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/pentecostes/pentecostes-saiba-quais-sao-as-evidencias/


26 de maio de 2023

Oração mística ou contemplação: uma ação de Deus que atinge a alma


No artigo anterior, tratamos da essencialidade da oração para que a alma adquira vida verdadeira. Agora, iremos aprofundar um pouco sobre sua divisão interna. Isso mesmo, os santos da Igreja sempre perceberam que a oração possuía diversos estágios. E, por ela ser um dos fundamentos da vida interior, sempre se compreendeu e divulgou que existiam diversos graus também na vida espiritual e, portanto, na oração.

A divisão clássica e simplificada expõe sempre 3 graus na vida de oração: aquele dos principiantes, a dos experientes e a dos chamados "perfeitos".

Essa "perfeição" refere-se ao determinado momento da vida espiritual onde a oração se altera tão profundamente e se torna coisa tão distinta que acaba até recebendo outro nome: contemplação. Ela pode ser chamada de oração contemplativa ou oração mística e também possui diversos estágios ou camadas em seu interior.

Preciso acrescentar que este amor ou abrasamento do coração é o próprio Espírito Santo em ação?

Enquanto a definição de oração de São Tomás de Aquino diz que ela é todo um trabalho humano, isto é, uma elevação da mente a Deus, a contemplação, também segundo o doutor angélico é uma "simples intuição da verdade que termina em um movimento afetivo" (ST II-II Q180A3). Ou seja, a própria Verdade se apresenta e, se é normal que a verdade toque o intelecto, ela não para por aí, mas provoca a vontade gerando amor em quem entra em contato com ela. Portanto, a oração contemplativa é uma ação de Deus que atinge a alma, toca a razão e reverbera na vontade, criando amor.

Créditos: microgen by GettyImages/cancaonova.com

O modo mais resumido de uma descrição de contemplação, que encontramos na Bíblia, está na passagem dos discípulos de Emaús: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" (Lc 24,32).

Durante a nossa oração (enquanto estamos pelo caminho), ocorre um movimento divino (o Senhor começa a andar conosco), Ele toca nossa inteligência (explica-nos as escrituras) e movimenta nossa vontade, alimentando-a com o amor (nos abrasando o coração).

Assim, se na oração buscamos a Deus, na contemplação essa busca se torna encontro, pois é causada por Ele mesmo. Em teologia, usamos o termo "infusa", ou seja, infundida por Deus diretamente em nós.

Então, o que é e como ela acontece? De uma maneira direta, a contemplação infusa é a suspensão do intelecto diante de uma verdade sobrenatural. Incapaz de abarcá-la, a inteligência permanece admirada e travada e. por não conseguir agir por si mesma, torna-se passiva desta mesma ação, sendo movida e, este mesmo movimento, também provoca a vontade pelo amor.

Complicado? Ajudará se buscarmos mais algumas definições…

São Francisco de Salles, no seu Tratado sobre o Amor de Deus, atesta: "A contemplação é uma visão simples, livre, penetrante e certa de Deus ou das coisas divinas que procede do amor e tende ao amor".

Salienta aqui que é sobre Deus ou sobre as coisas divinas e que tem o Amor como ponto principal, pois provoca o amor. Mas também lembra que, embora intelectual em sua essência, se é provocada por Deus, também é provocada pelo próprio Amor em pessoa.

São João da Cruz, no segundo livro de A Subida do Monte Carmelo, também chama a contemplação de comunicação (do latim "notitia"), geral e amorosa.

Trata-se, evidentemente, de um contato feito por Deus (comunicação), mas de forma que não é temática, ou específica, ou direta, mas geral. E, se é claro que a causa é Deus, embora seu modo seja confuso (comunicação geral), seu efeito é claríssimo, causando um aumento no Amor e, por isso, amorosa.


Cuidados na oração contemplativa

Nem tudo são flores nestes altos graus de contemplação. É necessário um acompanhamento estreito e previdente de um experiente diretor espiritual, para que haja o discernimento correto sobre o que é oração contemplativa e o que é pura ilusão sentimental.

Tanto Santa Teresa D´Ávila quanto São João da Cruz, dois dos mais admiráveis doutores da Igreja, preocuparam-se em diferenciar com precisão (até exaustiva) cada grau de contemplação e cada detalhe da vida mística.

São unânimes em dizer duas coisas: primeiro, diretores espirituais competentes sobre essas realidades eram raros no século XVII quando eles viveram, e, no século XXI, sinto muito em te dizer que não encontramos uma realidade diferente. Existe muito interesse sobre as ciências modernas, como a psicologia, e pouco conhecimento sobre a enorme tradição da teologia espiritual católica.

Segundo, facilmente cai-se em armadilhas de auto sugestão sobre falsas experiências místicas, quando não se é enganado pelo próprio demônio que, sendo mestre da soberba, quer que pensemos sermos muito mais elevados na oração do que realmente o somos na prática.

Mas a contemplação ou oração mística é um assunto denso e fascinante senão fundamental. Por isso, se você gostaria de entender melhor o que são esses graus de oração, a oração mística e suas divisões, bem como todo o trajeto da conversão inicial a Deus até uma vida de plena união e santidade, eu recomendo a leitura do livro "Santidade para todos: descobrindo as moradas interiores".

Mais do que explicar cada coisa, ele tem como objetivo te ajudar a viver inteiramente e intensamente essa amizade com Deus que desemboca na verdadeira união.

Se você prestou bem atenção no texto, lembrará que eu escrevi que este "abrasamento do coração" é ação do Espírito Santo em pessoa. Trataremos sobre isso no próximo artigo, sobre a oração carismática.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/oracao-mistica-ou-contemplacao-uma-acao-de-deus-que-atinge-a-alma/


A oração é a base da vida espiritual


Embora a vida espiritual seja dom de Deus e os sacramentos sejam os verdadeiros motores que a criam e sustentam, a oração, ou o ato de rezar, é o combustível que alimenta o crescimento da espiritualidade. Dito de outra forma bem explícita: não existe vida espiritual sem oração.

Ela é a maneira como cada um se coloca, conscientemente, sob os cuidados de Deus, procurando conhecê-Lo e se tornar conhecido por Ele, procurando entender e fazer a vontade d'Ele.

Não é um erro menor se esquecer de rezar e não procurar conhecer como a oração aumenta nossa intimidade com Deus. Se, no céu, estaremos em plena união com o Altíssimo, o que seria mais importante no mundo do que conhecer, treinar e aprofundar-se nesta intimidade?

Santa Teresa D'Ávila define a oração como um trato de amizade com Deus. Isso porque, com os nossos grandes amigos, trocamos confidências, falamos dos nossos pensamentos mais íntimos, nossas angústias e sonhos. Somos livres para nos expor sem medo de sermos julgados.

Créditos: Kamonwan Wankaew por GettyImages/cancaonova.com

A oração, vida da alma

Esse é um detalhe valioso da oração: ela nos ajuda a ordenar nosso interior, nossa inteligência e vontade a partir de uma perspectiva do alto e da eternidade.

Exponho-me e, enquanto me exponho, também me analiso e percebo as mentiras que conto para mim mesmo, os erros e desvios do caminho, a minha falta de atenção com as coisas mais importantes da vida.

Rezar nos ajuda a construir em nós esse caminho de aperfeiçoamento que não é para mostrar para os outros, não é para se gabar, mas para que estejamos mais próximos do Criador e de Sua vontade.

Orações vocais

E se não existem pré-requisitos para a oração , por que não iniciar logo?

As chamadas orações vocais são acessíveis a todos. Este é o formato mais simples de oração. Ela se dá quando falamos com Deus, daí o nome vocal. E podemos falar com Deus usando nossas próprias palavras ou repetindo uma oração tradicional como a Ave-Maria ou o Pai-Nosso.

Não é necessário mover os lábios. Se conversamos com Deus ou usamos uma oração decorada dentro de nossa cabeça, sem que ninguém ouça nada, isso já é uma oração vocal, pois se usam palavras.


Cuidados na oração vocal

Mas cuidado: o problema de repetir orações decoradas é o automatismo. E não existe verdadeira oração ou verdadeiro cristianismo no piloto automático, como ir à missa por puro hábito, rezar porque "é hora" ou "está acostumado", sem uma verdadeira corrente interior, prejudicando a vida espiritual.

Sem querer, começamos a viver o que vivíamos, o farisaísmo, tão combatido por Jesus nos Evangelhos: por fora, sepulcros bonitos e pintados, gente que reza sem parar; por dentro, somente podridão, pois a oração não está conectada com o coração (Mt 23,27).

Então, se nos dispomos a rezar, é necessário fazermos com verdadeira atenção: com sentido, sabendo o que se está falando, sabendo com Quem está falando. Atenção e piedade são, portanto, fundamentais.

Santa Teresa Ávila e São Tomás de Aquino

A mesma Santa Teresa, doutora da Igreja, deixa bem claro que, quando falamos ou repetimos fórmulas prontas sem prestar atenção com quem falamos, do que falamos e sem estarmos com nosso coração e mente envolvidos no que fazemos, não estamos rezando.

Esse repetir palavras sem consciência não é oração para a Santa de Ávila. A oração verdadeira só se dá quando nossa inteligência e vontade estão unidas com atenção, com reverência e amor em um relacionamento com Deus. O resto é mover os lábios, não é ministro falar com Deus. 

Mas que fique bem claro para todos: não há problema em repetir Pai-Nossos e Ave-Marias , ou quaisquer outras orações, desde que se esteja atento ao que se está fazendo, ou seja, sua mente e seu coração esteja envolvido no processo. A verdadeira oração é diálogo, não enxurrada de palavras perdidas e desatentas (Mt 6,6).

São Tomás de Aquino, em sua Suma Teológica, fez um exame detalhado de todas as características da oração e do ato de rezar com verdadeiros frutos, cumprindo os conselhos evangélicos.

Afinal, rezar sem cessar, interceder por nossos inimigos e, inclusive, realizar súplicas e pedidos a Deus, é interceder para nossa própria salvação e bem.

Para aqueles que desejam crescer em oração e se aprofundar nesse conhecimento, recomendo o livro "A Oração segundo os doutores da Igreja". Com certeza, a vida de oração vai adquirir um novo significado aos seus olhos.

No próximo artigo, trataremos sobre a oração mística ou contemplação, um passo além na vida de oração.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/a-oracao-e-a-base-da-vida-espiritual/