9 de dezembro de 2022

Deus se fez homem por meio da maternidade Divina de Maria

Ensina o Concílio Vaticano II: "Quis, porém, o Pai das misericórdias, que a Encarnação do Verbo fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de Seu Filho, para que, assim como contribuiu para a morte a mulher também contribuísse para a vida" (LG n. 56).

A solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja do Ocidente. Desde os primeiros séculos, surgiram heresias que perturbaram a vida da Igreja e ameaçaram a "sã doutrina". Dentre elas, uma surgiu com Nestório, patriarca de Constantinopla, no século V, que lançava a dúvida: "Porventura, pode Deus ter uma mãe? Nesse caso não podemos negar a mitologia grega, que atribui uma mãe aos deuses!".

Entretanto, reunida no Concílio de Éfeso, no ano 431, a Igreja proclamou solenemente uma das verdades mais queridas ao povo cristão: "Maria é verdadeiramente Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus". Assim, estava debelada para sempre a perigosa heresia que queria ver em Jesus duas pessoas, uma divina e outra humana, sendo Maria apenas Mãe desta última. Não, disse o Concílio de Éfeso. Maria é "Theotókos" (Theo = Deus, Tokos = Mãe)! Mãe de Deus.

O verbo encarnado e nascido da Virgem

São Cirilo de Alexandria (†442), presente nesse Concílio, havia replicado a Nestório: "Dir-se-á: a Virgem é a mãe da divindade? Ao que responderemos: o Verbo vivo subsiste, é gerado pela própria substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade… Mas ele se encarnou no tempo e por isso pode-se dizer que nasceu da mulher".

Deus se fez homem por meio da maternidade Divina de Maria

Foto Ilustrativa: alexhstock by GettyImages / cancaonova.com

Jesus, Filho de Deus, é Filho de Maria. Seu corpo é todo feito do corpo de Maria. Como Jesus não foi gerado pelo sêmen de um homem, biologicamente tudo lhe veio de Sua Mãe. Por isso, dizia Santo Agostinho: "A carne de Jesus é a carne de Maria" (Maria Medianeira,pg. 16).

Falando da maternidade divina de Maria, assim se expressa São Pedro Damião (1007-1072), bispo e doutor da Igreja:

"Esta matéria extraordinária nos tira até a capacidade de falar. Que língua poderá explicar, que inteligência não ficaria parada de espanto se começasse a pensar que o "Criador nasce da criatura, o artesão vem de seu artefato, que o seio de uma jovem virgem tenha gerado Aquele que pode conter todo o universo?" E ainda: "Ó Virgem admiravelmente fecunda que, num novo e inédito milagre, recolhe no seio Aquele que é sem medida, gera o eterno e dá à luz o que foi gerado antes dos séculos" (MM, p. 36).

A salvação acontece por meio de Maria

Diz o Papa João Paulo II, na Encíclica "A Dignidade da Mulher":
"Isto nos mostra que no ponto chave da história da salvação se dá um acontecimento capital em que entra a figura de uma mulher… Precisamente essa mulher está presente no evento salvífico central que decide da plenitude dos tempos; esse evento se realiza nela e por meio dela" (n. 3).

Por isso, "Maria é a que mais cooperou com a obra da Redenção dos homens", disse João Paulo II. É desse sublime e exclusivo privilégio de ser "Theotókos" que derivam todos os outros títulos que Maria recebe de seus filhos.


A Encarnação é o maior acontecimento de todos os tempos. Deus se fez homem, sem deixar de ser Deus, e isso se fez por meio de Maria.

A Santíssima Virgem

São Luiz de Montfort ensina: "Deus, sem precisar, porque se basta a Si mesmo, quis começar e acabar suas maiores obras, por meio da Santíssima Virgem" (Tratado da verdadeira devoção (Tvd), n. 16).

"Porque o mundo era indigno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, diz Santo Agostinho, Ele o deu a Maria a fim de que O mundo recebesse por meio dela" (Tvd, n. 16). Deus Filho, ensina S. Luiz, "comunicou à sua Mãe tudo o que adquiriu, por sua vida e morte: seus méritos infinitos e suas virtudes admiráveis" (Tvd, n. 16).

São Cirilo de Alexandria argumentava: "As mães, apesar de não gerarem a alma, são ditas, mãe do homem inteiro e não genitoras do corpo humano apenas" (TM, p. 20).

A Jesus por Maria

No Concílio de Éfeso (431), com cerca de duzentos bispos de todas as partes, pesaram as declarações de São Cipriano, Santo Ambrósio, São Basílio, para a tomada da decisão. Foi definida a unidade da pessoa de Jesus e a maternidade divina de Maria. E essa definição foi confirmada, no ano 451, pelo Concílio de Calcedônia e, depois, ainda pelo segundo Concílio de Constantinopla.

O Papa S. Pio X, na encíclica "Ad diem Illum", disse: "Querendo a divina Providência que o Homem-Deus nos viesse por Maria, em cujo seio, por obra do Divino Espírito Santo, Ele quis repousar, resta-nos só a ventura de receber Jesus Cristo das mãos de Maria… Ela é, pois, nossa melhor Guia, nossa melhor Mestra para o conhecimento de Jesus Cristo… Por isso, Ela é quem mais eficazmente pode unir os homens a Jesus Cristo… Só se encontra o Menino com Maria, Sua Mãe" (VtMM, p. 85). E, com este mesmo pensamento, a Igreja tornou célebre esta máxima: "Ad Jesum per Mariam" – A Jesus por Maria.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/deus-se-fez-homem-por-meio-da-maternidade-divina-de-maria/

7 de dezembro de 2022

Como preparar uma novena de Natal em família?


Uma boa festa precisa ser preparada com antecedência, não é mesmo? Imaginemos um casamento: com quanto tempo os noivos se preparam, organizam coisas, fazem contatos, orçamentos, colocam ideias no papel, procuram casa, enxoval e tudo mais?

O Natal é uma das maiores festas cristãs, porque, ao celebrarmos o Nascimento de Jesus, comemoramos a sua encarnação, o fato de Deus ter assumido a nossa natureza humana, e com isso nos eleva à dignidade de filhos, resgata a nossa imagem e semelhança, salva-nos. Portanto, para além dos presentes, ceias, enfeites, existe algo bem mais profundo a ser vivido na festa do Natal. Sendo assim, a preparação para adentrarmos neste mistério precisa ser bem feita.

Neste tempo de Advento, a Igreja nos assiste com uma série de elementos que podem ajudar e nos colocar no sentido real desta festividade. Além da liturgia própria e de toda a simbologia natalina que nos convida a uma meditação, somos chamados a fazer a novena de Natal. Esta é uma prática importante neste tempo preparatório, e não deve ser feita somente nas paróquias ou por iniciativa dos grupos, mas precisa ser uma ação também nas famílias. Abaixo, pensamos em algumas dicas para aproveitarmos bem essa atividade própria do Advento, que é a Novena.

Novena de Natal em família

1. Marque a data do período em que irá fazer a novena em sua casa

Geralmente, as novenas começam no dia 15 ou 16 de dezembro, a depender de como as famílias se organizam para o encerramento, que pode ser no dia 23 ou dia 24, já fazendo parte da Vigília.

2. Motive os participantes

É importante que toda a família se envolva com a novena, por isso avise antes, fale sobre a importância deste momento de oração em família, pense em atividades para cada um durante a oração.

3. Prepare o subsídio

Todos os anos, a Igreja no Brasil disponibiliza um livreto com a novena e que já vem com divisões dos momentos. Se quiser se valer deste material, leia antes, prepare as músicas, veja o que cada pessoa pode fazer e distribua as tarefas. Se optar por outro material, as observações são as mesmas. É importante começar sempre invocando o Espírito Santo para inspirar todo o momento, escolher cantos natalinos ou músicas que digam respeito a esse tempo de Advento. Em qualquer hipótese, é importante ter um subsídio com leituras e meditações próprias. Veja em sua paróquia ou grupo do qual participa, o importante é entender que este é um momento também de evangelização e experiência com o Senhor. Por isso o conteúdo a ser trabalhado é essencial.

4. Não faça a novena sozinho(a)

Inclua as crianças, os adolescentes, jovens e idosos , pois eles sempre podem exercer funções importantes nestes momentos, mesmo que ainda não estejam engajados na Igreja. Essa, inclusive, é uma boa oportunidade de despertar a fé na família.

5. Prepare o ambiente e o momento adequado

Escolha um local apropriado. Alguns fazem a novena à medida em que vão montando o presépio e ou a árvore de Natal, outros já se reúnem ao redor do Presépio montado. Tudo isso é muito bom e já nos coloca no clima natalino. A importância de um horário marcado é para ajudar cada um a se organizar nas tarefas do dia e poder estar presente.

6. Prepare-se antes

Lembre-se: é um momento de evangelização. Além de garantir que todas as ações anteriores sejam feitas, é imprescindível que aquele que estará à frente da novena prepare-se espiritualmente. Faça uma boa confissão antes do período da novena e, a cada dia, as meditações, a fim de ser um instrumento eficaz nas mãos do Senhor, lembrando-se de que a graça passa antes por você.


7. Motive ações concretas a partir das reflexões diárias

Se a novena é um tempo forte dentro deste período de Advento, ela precisa nos levar à mudança de atitudes; e assim como toda a oração, ela quer nos chamar à conversão. Às vezes, os subsídios já nos propõem ações para por em prática que valem a pena serem observadas, mas é preciso estar atento a cada meditação da novena, porque, através delas, o Espírito certamente irá nos inspirar outras coisas, em vista de uma mudança de vida.

Por fim, vivamos estes dias com vigilância, alegria e esperança, porque é isso que o Natal quer trazer a nós. Essas são apenas algumas dicas que compartilho com você após viver a Novena de Natal em família ao longo desses anos. Com certeza, deve haver outras. Partilhe depois conosco como foi a sua experiência de novena. Sem dúvidas, será enriquecedor para nós. Boa novena e, desde já, um Feliz e Santo Natal!



Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/como-preparar-uma-novena-de-natal-em-familia/


5 de dezembro de 2022

São Francisco e o primeiro presépio


comshalom

A maior intenção de São Francisco e plano supremo era observar o Evangelho em tudo e por tudo, imitando com perfeição, atenção, esforço, dedicação e fervor os "passos de Nosso Senhor Jesus Cristo no seguimento de sua doutrina". Estava sempre meditando em suas palavras e recordava seus atos com muita inteligência. Gostava tanto de lembrar a humildade de sua encarnação e o amor de sua paixão, que nem queria pensar em outras coisas.

Precisamos recordar com todo respeito e admiração o que fez no dia de Natal, no povoado de Greccio, na Itália, três anos antes de sua gloriosa morte. Havia nesse lugar um homem chamado João, de boa fama e vida ainda melhor, a quem São Francisco tinha especial amizade porque, sendo muito nobre e honrado em sua terra, desprezava a nobreza humana para seguir a nobreza de espírito. Uns quinze dias antes do Natal, São Francisco mandou chamá-lo, como costumava, e disse: "Se você quiser que nós celebremos o Natal de Greccio, é bom começar a preparar diligentemente e desde já o que eu vou dizer. Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro". Ouvindo isso, o homem bom e fiel correu imediatamente e preparou o que o santo tinha dito, no lugar indicado.

Aproximou-se o dia da alegria e chegou o tempo da exultação. De muitos lugares foram chamados os irmãos: homens e mulheres do lugar, de acordo com suas posses, prepararam cheios de alegria tochas e archotes para iluminar a noite que tinha iluminado todos os dias e anos com sua brilhante estrela. Por fim, chegou o santo e, vendo tudo preparado, ficou satisfeito.

Fizeram um presépio, trouxeram palha, um boi e um burro. Greccio tornou-se uma nova Belém, honrando a simplicidade, louvando a pobreza e recomendando a humildade. A noite ficou iluminada como o dia e estava deliciosa para os homens e para os animais. O povo foi chegando e se alegrou com o mistério renovado em uma alegria toda nova. O bosque ressoava com as vozes que ecoavam nos morros. Os frades cantavam, dando os devidos louvores ao Senhor e a Noite inteira se rejubilava. O santo parou diante do presépio e suspirou, cheio de piedade e de alegria. A missa foi celebrada ali mesmo no presépio, e o sacerdote que a celebrou sentiu uma piedade que jamais experimentara até então.

O santo vestiu dalmática, porque era diácono, e cantou com voz sonora o santo Evangelho. De fato, era "uma voz forte, doce, clara e sonora", convidando a todos às alegrias eternas. Depois pregou ao povo presente, dizendo coisas maravilhosas sobre o nascimento do Rei pobre e sobre a pequena cidade de Belém. Multas vezes, quando queria chamar o Cristo de Jesus, chamava-o também com muito amor de "menino de Belém", e pronunciava a palavra "Belém" como o balido de uma ovelha, enchendo a boca com a voz e mais ainda com a doce afeição. Também estalava a língua quando falava "menino de Belém" ou "Jesus", saboreando a doçura dessas palavras. Multiplicaram-se nesse lugar os favores do todo-poderoso, e um homem de virtude teve uma visão admirável. Pareceu-lhe ver deitado no presépio um bebê dormindo, que acordou quando o santo chegou perto. E essa visão veio muito a propósito, porque o menino Jesus estava de fato dormindo no esquecimento de muitos corações, nos quais, por sua graça e por intermédio de São Francisco, ele ressuscitou e deixou a marca de sua lembrança. Quando terminou a vigília solene, todos voltaram contentes para casa.

Guardaram a palha usada no presépio para que o Senhor curasse os animais, da mesma maneira que tinha multiplicado sua santa misericórdia. De fato, muitos animais que, padeciam das mais diversas doenças naquela região comeram daquela palha e tiveram um resultado feliz. Da mesma sorte, homens e mulheres conseguiram a cura das mais variadas doenças. O lugar do presépio foi consagrado a um templo do Senhor e no próprio lugar da manjedoura construíram um altar em honra de nosso pai Francisco e dedicaram uma igreja, para que, onde os animais já tinham comido o feno, passassem os homens a se alimentar, para salvação do corpo e da alma, com a carne do cordeiro imaculado e incontaminado, Jesus Cristo nosso Senhor, que se ofereceu por nós com todo o seu inefável amor e vive com o Pai e o Espírito Santo eternamente glorioso por todos os séculos dos

Onde está o Rei? Viemos adorá-lo

E visando essa grande oportunidade que o Senhor nos concede, a Comunidade Shalom preparou um grande retiro de aprofundamento e oração para o tempo do Advento, chamado "Onde está o Rei? Viemos adorá-lo". Com esse itinerário, poderemos mergulhar mais profundamente nos mistérios da vida de Jesus e em Seu Evangelho, a fim de descobrir uma nova via de conversão e mudança de vida para cada um de nós. 


Fonte: https://comshalom.org/sao-francisco-e-o-primeiro-presepio/


2 de dezembro de 2022

Advento: preparação para a Festa do Natal de Jesus

O Tempo do Advento é um tempo de preparação para a Festa do Natal de Jesus

Este foi o maior acontecimento da História: o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Dignou-se a assumir a nossa humanidade, sem deixar de ser Deus. Esse acontecimento precisa ser preparado e celebrado a cada ano. Nessas quatro semanas de preparação, somos convidados a esperar Jesus que vem no Natal e que vem no final dos tempos.

Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia nos convida a vigiar e a esperar a vinda gloriosa do Salvador. Um dia, o Senhor voltará para colocar um fim na História humana, mas o nosso encontro com Ele também está marcado para logo após a morte.


 

Nas duas últimas semanas, lembrando a espera dos profetas e de Maria, nós nos preparamos mais especialmente para celebrar o nascimento de Jesus em Belém. Os Profetas anunciaram esse acontecimento com riqueza de detalhes: nascerá da tribo de Judá, em Belém, a cidade de Davi; seu Reino não terá fim… Maria O esperou com zelo materno e O preparou para a missão terrena.

A cada domingo, acende-se uma das velas da Coroa do Advento, que representam as várias etapas da salvação. As velas acesas simbolizam nossa fé, nossa alegria. Elas são acesas em honra do Deus que vem a nós. Deus, a grande Luz, "a Luz que ilumina todo homem que vem a este mundo", está para chegar, então, nós O esperamos com luzes, porque O amamos e também queremos ser, como Ele, Luz. Meditando a chegada de Cristo, que veio no Natal e que vai voltar no final da História, devemos buscar o arrependimento dos nossos pecados e preparar o nosso coração para o encontro com o Senhor. Para isso, nada melhor que uma boa Confissão, bem feita. É uma oportunidade de meditarmos em nossa fé; nossa opção religiosa por Jesus Cristo; nosso amor e compromisso com a Santa Igreja Católica – instituída por Ele para levar a salvação a todos os homens de todos os tempos. Este Menino veio nos trazer o Reino de Paz, Verdade, Justiça, Liberdade, Amor e Santidade.

Assista também: Como viver bem o tempo do Advento?

O Tempo do Advento deve ser marcado pela conversão de vida — algo fundamental para todo cristão. É um processo de vital importância no relacionamento do homem com Deus. Deus – ensinam os Profetas –, não quer a morte do pecador, mas que esse se converta e viva. Jesus quer o mesmo: "Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância" (Jo 10,10). Por isso Ele chamou os pecadores à conversão: "Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus" (Mt 4,17); "convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/advento-preparacao-para-festa-natal-de-jesus/

1 de dezembro de 2022

Invoca a minha misericórdia, pois desejo a salvação do pecador


As nossas orações ao Pai das Misericórdias devem ser precedidas pelo conhecimento do coração do Pai. São Paulo disse:
"Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação. Ele nos consola em todas as nossas aflições para que, com a consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que se acham em toda e qualquer aflição. Pois à medida que os sofrimentos de Cristo crescem para nós, cresce também a nossa consolação por Cristo" (2Cor 1,3-5).

Para mostrar a nós a imensidão da Sua misericórdia para com os pecadores, Jesus contou aos fariseus a parábola do filho pródigo. Um pai nunca quer perder um filho, e Deus, principalmente, Pai de todos nós, não quer perder nenhum deles.
Aquele filho ingrato gastou os bens do Pai com uma vida dissoluta, e depois passou fome; então, lembrou-se do seu pai, criou coragem e voltou a ele, querendo apenas ser recebido como um empregado e não como filho. E sabemos como ele foi recebido: com festa, churrasco, roupa nova e anel nos dedos. É assim que Jesus nos ensina a misericórdia do Pai.

Jesus disse que o Pai não quer que Ele perca nenhum daqueles que lhe deu. Assim, Jesus, que é a "imagem do Deus invisível' (Col 1,14) e o "esplendor da glória de Deus" (Hb 1,3), revelou-nos a profunda misericórdia do Pai ao contar a parábola do bom pastor, que é capaz de deixar 99 ovelhas seguras no aprisco e ir em busca da ovelha perdida. E que alegria quando a encontra!

 

A cruz permanece firme enquanto o mundo gira

Terá mais alegria no céu por um pecador que se converter

"E, depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: 'Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento."


Assim, o Pai está de braços abertos a acolher qualquer um que venha a Ele de coração arrependido. Independente dos seus pecados, o Pai abraça todo aquele que vem a Ele confiante, pois Jesus já pagou na Cruz o preço do nosso perdão. Confiar na misericórdia do Pai é confiar no mistério da Redenção pela qual Jesus nos salvou. Agora, basta confiar, arrepender-se dos pecados e cair nos braços do Pai das misericórdias. São Paulo nos lembra:

Deus é pura Misericórdia

"Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em consequência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo – é por graça que fostes salvos!"(Ef 2,4-5).

O Salmo 50,19, diz: "Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado, ó Deus, não haveis de desprezar". A decisão é de cada um: São Pedro negou Jesus, arrependeu-se e continuou sendo o escolhido de Jesus para chefe da Igreja; Judas se desesperou, não confiou, e se matou. Às vezes, um orgulho refinado nos impede de nos lançarmos nos braços do Pai.

Vale a pena aprender com os santos doutores da Igreja o que eles nos ensinaram sobre a misericórdia do Pai. Santo Agostinho disse: "Não há maior miséria que a de um miserável que não tem misericórdia de si mesmo. Minha única esperança, minha única confiança, minha única firmeza é a misericórdia de Deus". Santo Afonso de

Ligório, doutor, disse: "Agrada sumamente a Deus a nossa confiança em sua misericórdia, porque assim honramos e exaltamos aquela sua infinita bondade que Ele quis manifestar ao mundo nos criando".

Devemos confiar na Misericórdia de Deus

São Francisco de Sales nos ensina algo consolador: "Quanto mais nos sentimos miseráveis, tanto mais devemos confiar na misericórdia de Deus. Porque entre a misericórdia e a miséria há uma ligação tão grande que uma não pode se exercer sem a outra".

E Santo Tomás nos ensina que nunca devemos desanimar da salvação eterna, confiados no poder e na misericórdia divina.
Jesus insiste para que os homens se acheguem a Seu coração misericordioso, que espelha o coração do Pai.

Ele pediu a Santa Margarida Maria Alacoque, no século XVII, que difundisse, no mundo, toda a devoção a seu Sagrado Coração misericordioso. Em nosso tempo, pediu a Santa Faustina Kowalska que difundisse a devoção à Divina Misericórdia, pedindo ao Papa que instituísse a sua festa, o que foi feito pelo Papa São João Paulo II. Em seus diálogos com Deus, Ele insiste com ela na necessidade de nos atirarmos no oceano infinito de Sua misericórdia, que é a do Pai.

O pecado me afasta de Deus

"Que o pecador não tenha medo de se aproximar de Mim. Queimam-me as chamas da misericórdia; quero derramá-las sobre as almas" (Diário n.50). "Antes de vir como justo Juiz, venho como Rei da misericórdia" (n. 83).

"Invoca a minha misericórdia para com os pecadores, pois desejo a salvação deles" (n. 186). "Oh como me fere a incredulidade da alma! Essa alma confessa que sou Santo e Justo e não crê que sou misericórdia, não acredita na minha bondade. Até os demônios respeitam a minha justiça, mas não creem na minha bondade" (n. 300).

"E ainda que os pecados das almas fossem negros como a noite, quando o pecador recorre a minha Misericórdia, presta-me a maior glória e é a honra da minha paixão. Quando a alma glorifica a minha bondade, então o demônio treme diante dela e foge até o fundo do inferno" (n. 378). "As almas que recorrerem a minha Misericórdia e aquelas que a glorificarem e anunciarem aos outros, na hora da morte Eu as tratarei de acordo com a minha infinita Misericórdia" (n. 379).

Jesus sofre por causa dos nossos pecados

"O meu coração sofre porque até as almas eleitas não compreendem como é grande a minha Misericórdia" (379).  É tão importante a devoção à misericórdia do Pai que Jesus mandou que ela difundisse o Terço da Misericórdia, que deve ser rezado sempre, e sobretudo diante dos moribundos para que alcancem a sua salvação. Toda esta reflexão deve se transformar em orações ao Pai da Misericórdia.

Leve, com toda confiança, ao Coração desse Pai, todas as suas angústias, aflições, tribulações, medos, traumas, dores, enfermidades e humilhações que a vida lhe proporciona e descanse nos braços d'Ele.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/invoca-a-minha-misericordia-pois-desejo-a-salvacao-do-pecador/


24 de novembro de 2022

A Igreja Doméstica e os primeiros templos cristãos


Domus Ecclesiae Romana (Ilustração/Reprodução

O Cristão é a morada de Deus, a sua pessoa é o templo em que, pela graça do Batismo, a Santíssima Trindade habita. Nos primeiros 300 anos de sua existência, a Igreja foi perseguida e não pôde erigir templos. A Eucaristia era celebrada nas casas dos cristãos, que se tornavam verdadeiras Domus Ecclesiae – a Igreja Doméstica. Todos tinham consciência de que eram pedras vivas da Igreja.

De fato, São Pedro comentou: "Do mesmo modo vocês também, como pedras vivas, vão entrando na construção do templo espiritual, e formando um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais que Deus aceita por meio de Jesus Cristo" (1Pd 2,5) e São Paulo Acrescentou: "Aquele que se une ao Senhor, forma com Ele um só espírito (…) ou vocês não sabem que o seu corpo é templo do Espírito Santo, que está em vocês e lhes foi dado por Deus?" (1Cor 6,17-19).

Domus Ecclesiae de S. Pedro – Cafarnaum (séc. IV)

Leia também| Por que existem espaços sagrados?

Outros locais comumente escolhidos para a celebração eucarística dos primeiros cristãos foram as catacumbas. E foi sob a terra que surgiram as primeiras expressões artísticas dos cristãos. A imagem mais antiga de Nossa Senhora de que se tem notícia foi pintada na catacumba de Priscila. Os cristãos tinham tanta fé na Ressurreição que, segundo o padre Marko Rupnik: "começaram lá mesmo onde o mundo desmoronou: no fracasso, na fraqueza, na morte", "pois se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé" (1Cor 15,13).

Catacumba de Priscila

As primeiras Basílicas

Após três décadas de perseguições, com o Edito de Milão, em 313, o Imperador Constantino concedeu tolerância religiosa a todos os cristãos. Por sua ordem, foram construídas as Basílicas do Santo Sepulcro, do Santo Calvário e a de Belém, onde Jesus nasceu. 

Em Roma, o imperador ornamentou a Basílica de Latrão e construiu a primeira Basílica de São Pedro, sobre o túmulo do príncipe dos Apóstolos, na colina do Vaticano. Em suas gêneses, as basílicas romanas eram edifícios multifuncionais, que poderiam albergar áreas públicas, políticas, comerciais e sociais. Eram espaços de reunião destinados a assembleias cívicas, funcionando muitas vezes como tribunais ou espaços comerciais (para leilões). Elas eram os edifícios centrais e indispensáveis em qualquer cidade importante. Nelas, o Imperador se manifestava ao povo, ensinava e julgava. O atrium era o lugar da recepção. Esses edifícios, desse modo, se tornaram a construção romana mais adequada ao culto cristão.

Catedral de Monreale, Sicília – Itália

O estilo Romântico

Esse gênero é chamado assim porque teológica e plasticamente expressa bem o sentido católico. É a arte da unidade europeia. Na arquitetura, é uma continuidade das basílicas e, como nelas, não há janelas; se existem, estão fechadas com pedras de alabastro, deixando entrar somente a luz humilde que não fere a retina, símbolo do Espírito Santo. Há pequenas seteiras para ventilação. 

A construção em estilo Romântico é reforçada por sua solidez em pedra e muitas formas redondas e quadradas, com ou sem campanários (torres), significando a Jerusalém Celeste que se visualiza sobretudo no seu interior ou a fortaleza, o próprio Senhor que protege o seu povo. Essas igrejas estão sempre com o pórtico voltado para o oriente, pois "a salvação vem do oriente" (cf. Ez 43,1-5). É um estilo plenamente simbólico. Seus pórticos e capitéis são bíblias de pedra com esculturas sacras em que apenas um simples detalhe poderia originar uma tese de mestrado.

A Catedral de Pisa com o seu Batistério circular e sua torre inclinada foi concluída em 1092.

O Gótico

"Godo" é uma palavra nórdica que quer dizer "pinheiro". Não quer só dizer elevação, mas uma floresta de pinheiros, lugar do obscuro, do Sagrado. As igrejas góticas são, assim, imensas e altíssimas Basílicas onde se desenvolvem os arcos ogivais. 

Com suas torres esguias e pontiagudas, suas paredes mais finas e leves dão lugar a imensos vitrais de temas religiosos. A luz do sol filtrada pela Palavra Divina nas figuras dos vitrais refletirá sobre os fiéis como símbolo da graça. Charles Péguy, escritor e poeta francês do início do século XX, converteu-se na Catedral de Chartres. A Bíblia Pauperum se manifesta nas muitas estátuas em pedra, sendo algumas mais humanizadas. Em algumas das Catedrais góticas, cabiam a toda a população da cidade, tal como está dito na obra "A Cidade de Deus" de Santo Agostinho.

Catedral de Chartres – França



Fonte: https://comshalom.org/a-igreja-domestica-e-os-primeiros-templos-cristaos/ 


21 de novembro de 2022

O Ano litúrgico da Igreja é dividido em tempos litúrgicos


Antes de falar do Ano Litúrgico, precisamos conhecer um pouco melhor a importância da Liturgia.
O Catecismo da Igreja ensina que: "pela liturgia, Cristo, nosso Redentor e sumo Sacerdote, continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra de nossa Redenção" (n.1069).

Isto significa que, por meio da Liturgia, Jesus continua a nos salvar; de modo especial em cada Missa, onde se atualiza a Sua santa Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão ao Céu; para que nela "torne-se presente a nossa Redenção".  Afirma a Constituição do Vaticano II Sacrosantum Concilium:

"Com razão, portanto, a Liturgia é tida como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem, e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, cabeça e membros. Disto se segue que toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote e de seu corpo que é a Igreja, é ação sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja" (SC,7).

Tempos litúrgicos são divididos em 3 ciclos

O Ano litúrgico da Igreja, de doze meses, é dividido em tempos litúrgicos, onde se celebram os mistérios da vida de Cristo, assim como os Santos. O Ano Litúrgico tem três ciclos, anos A, B e C, que se repetem. Cada ano tem uma sequência de leituras próprias. Em 2022 foi o ciclo C. Em 2023 será o ciclo A.

A Igreja estabeleceu, para o Rito Romano, uma sequência de leituras bíblicas que se repetem a cada três anos, nos Domingos e nas Solenidades. No ano A, leem-se as leituras do Evangelho de São Mateus; no ano B, o de São Marcos; e no ano C, o de São Lucas. Já o Evangelho de São João é reservado para as ocasiões especiais, principalmente as grandes Festas e Solenidades.


Jesus Cristo ressuscitou no domingo. Daí a importância deste dia primordial em todo o Ano Litúrgico da Igreja. Um dia litúrgico começa à meia-noite e termina na meia-noite do dia seguinte, exceto nos domingos e Solenidades, que começam na tarde anterior. No Ano Litúrgico, temos também Solenidades, Festas, Memórias e Férias.

A celebração litúrgica mais solene é a Solenidade, por exemplo: Imaculada Conceição de Nossa Senhora (8 de dezembro), Natal (25 de dezembro), Festa da Sagrada Família (26 de dezembro), Maria, Mãe de Deus (1º de janeiro), Epifania do Senhor (2 de janeiro), São José (19 de março). Corpus Christi, Santíssima Trindade, Sagrado Coração de Jesus, Cristo Rei, Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto), São Pedro e São Paulo (29 de junho). Algumas datas são móveis, e algumas a Igreja no Brasil celebra no domingo seguinte.

Festas: é a segunda categoria litúrgica: Apresentação do Senhor, a Transfiguração, a Exaltação da Santa Cruz (14 de setembro), a Visitação de Nossa Senhora (31 de maio), os Santos Arcanjos (29 de setembro). Nesses dias de alegria, rezamos o Glória, mas não o Credo; são lidas apenas duas leituras.
Memórias: são algumas celebrações da Santíssima Virgem Maria e dos demais Santos, os Anjos da Guarda (2 de outubro), os fiéis defuntos (2 de novembro). Algumas memórias são obrigatórias, outras são livres. Não se reza o Glória nem o Credo.
Férias: são os dias durante a semana, de segunda-feira a sábado; elas, têm apenas duas leituras e o salmo responsorial, nelas não se diz o Glória nem o Credo. Já Santo Agostinho (+ 430) nos dá testemunho que na África já existiam as missas diárias.

Você sabia que temos 15 Solenidades e 25 Festas litúrgicas?

São 15 Solenidades e 25 Festas, com leituras obrigatórias; 64 memórias obrigatórias e 96 memórias facultativas, com leituras opcionais. O Calendário apresenta também 44 leituras referentes à Ressurreição de Jesus Cristo, além de diversas leituras para os Santos, Doutores da Igreja, Mártires, Virgens, Pastores e Nossa Senhora.

A organização das leituras próprias para cada ano dá ao católico a possibilidade de estudar toda a Bíblia, em suas partes mais importantes, tanto do Antigo como do Novo Testamento, desde que participe de todas as Missas diárias ou estude a Liturgia Diária nesse período de três anos.

Mesmo quem só participa das Missas nos domingos, ao longo dos três anos do Ciclo Litúrgico, pode meditar os principais textos bíblicos que alimentam a fé e renovam no coração a certeza da Salvação.
Cada Ano Litúrgico começa com o tempo do Advento, quatros semanas antes do Natal, e termina com a Solenidade de Cristo Rei, no último domingo do Ano Litúrgico, no mês civil de novembro.

São  três anos Litúrgicos A, B e C

A Igreja quer que as leituras bíblicas da liturgia dominical voltem a ser lidas novamente após três anos. Seguindo este Ciclo dos três anos Litúrgicos A, B e C, consegue-se ter uma grande visão de toda a Bíblia. Assim, nas celebrações dominicais são proclamados textos que falam do anúncio do Messias, da Encarnação do Verbo, da Sua vida pública (missão), do anúncio do Reino, dos sinais que Jesus realizou, do chamado dos discípulos, etc., até culminar com sua morte e Ressurreição e assim se chegar à esperança da construção do Reino de Deus: a Parusia, com a solenidade de Cristo Rei do Universo.

O Ano Civil começa em 1º de Janeiro e termina em 31 de Dezembro. Já o Ano Litúrgico começa no 1º Domingo do Advento (cerca de quatro semanas antes do Natal) e termina no sábado anterior a ele. O Ano Litúrgico da Igreja tem também leituras bíblicas apropriadas para as celebrações de cada Santo em particular. O Ano Litúrgico de 2023, Ciclo A, vai apresentar nas Missas diárias o Evangelho de São Mateus. Então, é importante saber alguma coisa sobre São Mateus e sobre o Evangelho que ele escreveu.

Créditos: Arquivo CN

É o primeiro Evangelho que foi escrito, em Israel, e em aramaico, por volta do ano 50. Serviu de modelo para os Evangelhos de São Marcos e São Lucas. O texto de Mateus foi traduzido para o grego, tendo em vista que o mundo romano da época falava o grego. O texto aramaico de Mateus se perdeu. Já no ano 130, o Bispo Pápias, de Hierápolis, na Frígia, fala deste texto: "Mateus, por sua parte, pôs em ordem os dizeres na língua hebraica, e cada um depois os traduziu como pode" (Eusébio, História da Igreja III, 39,16).

Também Santo Irineu (†200), que foi discípulo de S. Policarpo, que por sua vez foi discípulo de S. João evangelista, fala do Evangelho de Mateus, no século II: "Mateus compôs o Evangelho para os hebreus na sua língua, enquanto Pedro e Paulo em Roma pregavam o Evangelho e fundavam a Igreja" (Adversus Haereses II, 1,1).

São Mateus era o único dos Apóstolos habituado à arte de escrever

São Mateus era o único dos Apóstolos habituado à arte de escrever, a calcular e a narrar os fatos, pois era publicano, cobrador de impostos para os romanos, então, tinha certa cultura. Compreende-se que os próprios Apóstolos o tenham escolhido para esta tarefa. O objetivo da narração foi mostrar aos judeus que Jesus era o Messias anunciado pelos profetas, desde Moisés (1200 a.C.), por isso, cita muitas vezes o Antigo Testamento e as profecias sobre o Messias. Como disse Ernest Renan, o Evangelho de Mateus tornou-se "o livro mais importante da história universal".

O Evangelho de São Mateus tem seis grandes partes: 1 – A Infância de Jesus (caps. 1 e 2); 2 – Começo da missão de Jesus (3-4); 3 – o Sermão da Montanha; 4 – Ministério de Jesus na Galileia (8 a 18), no cap. 13 Mateus narra sete Parábolas do Reino de Deus; 5 – Ministério de Jesus na Judeia (19 a 25); 6 – Paixão e Ressurreição de Jesus (26 a 28). É o Evangelho mais longo de todos, bem escrito e detalhado.
Portanto, o Ano A é uma oportunidade de se conhecer e meditar bem este Evangelho, escrito por alguém que conviveu com Jesus e que mostra detalhes muito importantes de Sua vida e de Seu ensinamento. É um convite para que participemos assiduamente da Santa Missa neste ano.

Vivendo bem a Liturgia, temos a oportunidade de crescer na fé, na espiritualidade, no amor à Igreja e aos irmãos.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/o-ano-liturgico-da-igreja-e-dividido-em-tempos-liturgicos/