10 de maio de 2019

Por que servir mais?

O compromisso de partilhar o dom da vida, dádiva sagrada de Deus, é o horizonte para responder a esta questão: "por que servir mais?". A medida dessa oferta se alarga, sem limites, para o cristão na incansável missão de contribuir para a edificação de uma sociedade fraterna e solidária. Temos, assim, um longo caminho a percorrer, de diálogos e reflexões, no interno da Igreja e da Igreja com a sociedade, juntamente  com os irmãos bispos, que me confiaram a missão de presidir a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com o apoio do povo de Deus. O exemplo é sempre Jesus Cristo, que entrega Sua vida para que todos tenham vida, e não dispensa Seus discípulos de se dedicarem a fazer o bem. O grande desafio: o Seu seguimento.

O porquê dessa pergunta – "por que servir mais?" – se desdobra, ainda, em outro questionamento: "Para que servir mais?". As urgências da vida, que é dom, exigem providências, respostas, e as comodidades não podem adiá-las. Indicam que o bem, a verdade, a justiça e o amor não podem esperar o amanhã. É preciso logo encontrar as respostas, se comprometer. Ter a necessária disposição para enfrentar sacrifícios, o que exige abrir mão das vaidades, e coragem para além de todo medo, por saber a dimensão do desafio que se apresenta.

Por que servir mais?

Dom Walmor. Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

É preciso trabalhar para a recomposição dos tecidos esgarçados dos relacionamentos e dos funcionamentos da sociedade, em razão das grandes mudanças e das polarizações, para encontrarmos o caminho do respeito, sobretudo, da fidelidade aos valores do Evangelho. E sem as generosidades, sem a presença incondicional e plena, os projetos e as instituições não se sustentam e nem se impulsionam.

A missão de servir

Sobretudo, quando a busca é qualificar as condições de servir e de promover a existência de todos, com especial e urgente atenção aos mais pobres, às vítimas das indiferenças e das violências – tudo o que a vida, dom sagrado, exige para "ontem".

No horizonte dessas urgências, a cultura contemporânea submerge numa avalanche de complexas mudanças, com essa preocupante configuração de polarizações e extremismos. Realidade que mostra a falta de clarividência, gerando até exigências de tratamento criminal para as incivilidades e desrespeitos à sacralidade da vida. Assim, conjugando-se mediocridade e comodidade, arrisca-se a desistir da missão de servir.

Por razão de fé e cidadania, a comodidade e a indiferença não devem prevalecer sobre as necessidades da vida, que não pode perder a sua inteireza. Torna-se urgente servir mais, oferecer o que se pode a mais, incluir sacrifícios, elevando a altos níveis o altruísmo, que não pode faltar no coração de cada pessoa. A vida só alcança a qualidade de dom, na medida em que esse dom é vivido como oportunidade de servir e ser operário de uma construção social, política, cultural e religiosa, sobre os alicerces da verdade, justiça e do amor.

Põe-se, aqui, relevante questão ética no sentido de balizar ações, conceitos e suas consequências: a responsabilidade de cada indivíduo ante a seriedade de suas posições, escolhas e pronunciamentos, pois a complexidade do momento pode gerar medos e acovardar posturas. Quando se decide por "servir mais" é imprescindível pensar, corajosamente, sobre a oportunidade de se trabalhar por um novo momento civilizatório, considerando a importância de uma ampla reconstrução sócio-cultural-antropológica.

Urge, pois, a configuração de um novo momento. Esse é possível! Requer coerência e destemor, ancorados na fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, numa vida com força testemunhal e irretocável credibilidade, avançando na direção do bem e da verdade. Presidir a CNBB é uma missão especial, pois somos bispos, chamados por Jesus Cristo, para ajudar a humanidade a se abrir ao amor de Deus. Nosso compromisso é servir sempre mais. Vale relembrar das palavras de São Martinho de Tours: "Se precisam de mim, não recuso trabalho".



Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/por-que-servir-mais/

8 de maio de 2019

O que a Igreja Católica afirma sobre o inferno?

Um estado de autoexclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados. Essa é a definição de inferno que o Catecismo da Igreja Católica apresenta no número 1033. Tratar sobre alguns assuntos pode gerar as mais variadas reações no interior de cada pessoa, assim é o tema sobre o inferno.

Algumas pessoas não gostam de falar de inferno por medo, por desacreditar, por desconhecer ou até mesmo por pensar na possibilidade de ir para lá. Porém, a Igreja nunca deixou de ter frente aos olhos e de exortar os seus fiéis sobre a doutrina do inferno.

O que a Igreja Católica afirma sobre o Inferno?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Na própria Bíblia, nas palavras de Jesus, encontram-se várias passagens em que o Senhor faz alusão ao inferno, e múltiplos adjetivos são dados para essa realidade, tais como: "Geena", "Fogo que não se apaga", "Fogo eterno" e "fornalha ardente". No Evangelho de Mateus 13,41, quando Jesus vai falar sobre a parábola do Joio, Ele afirma: "Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes". O Senhor Jesus deixou bem claro, em muitos momentos, que essa é uma condição de afastamento, distanciamento, cheio de sofrimentos reservado para aqueles que realizaram escândalos e viveram na iniquidade.

O ensino da Igreja sobre o inferno

Quando a Igreja trata sobre o inferno, ela, como Mãe, quer chamar os seus filhos à responsabilidade que devem ter em relação a sua liberdade, dom dado por Deus. Cada pessoa deve cuidar para não transformar tal dom em motivo de perdição, mas o usar em função do seu destino eterno na bem-aventurança.

Realiza-se também um apelo à conversão, adesão à vida nova encontrada não no afastamento, mas na proximidade de Cristo. O Catecismo ainda nos alerta que, como não sabemos nem o dia nem a hora, vigiemos para não sermos pegos de surpresa, equiparados a servos maus e preguiçosos para os quais estão destinados ao fogo eterno (cf. CIC 1036).

A soma de uma aversão livre e voluntária a Deus, fruto da adesão ao pecado grave e nesta escolha permanecer até o fim da vida resulta na pena eterna do inferno. É o pecado grave que é a causa do afastamento definitivo de Deus. Com essa afirmação, a Igreja deixa claro que Deus não destina ninguém para o castigo eterno, mas pelo contrário, ela dá ao seu povo os meios capazes de leva-los aos céu, a Igreja dispõe dos Sacramentos, principalmente do sacramento da reconciliação.

Cristo e o Inferno

Encontra-se no Credo que é professado solenemente que Cristo foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos e ressuscitou ao terceiro dia. A tradição da Igreja reza que, naquele dia, um grande silêncio reinou sobre a terra devido à ausência de Cristo. A firmação "Jesus desceu à mansão dos mortos" quer expressar que Jesus, realmente, morreu, e por sua morte venceu a morte e o Diabo, o dominador da morte. A tradição da Igreja reza ainda que, na descida à mansão dos mortos, Cristo primeiro procurou Adão, o nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Deus vai em busca de Adão e Eva que estavam mortos, perdidos pelo pecado. Esse é o primeiro sinal de que o desejo de Deus é que ninguém fique preso a morte, mas seja resgatado do pecado por Cristo.


É quase que impossível pensar em inferno e não imaginar o mistério do juízo final. O teólogo Hans Urs von Balthasar, apresenta, em seu tratado sobre o inferno, que a responsabilidade é individual de cada pessoa, frente ao tribunal de Deus. Porém, ele ainda traz a novidade do Novo Testamento que está apresentado nos evangelhos: "Quem não está comigo, está contra mim" (cf. Lc 11,23); "Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos" (cf. Mc 8,38).

Ainda no Evangelho de São João, a divisão entre Cristo, que é luz, e a sua separação, que é trevas, ou seja, a negação de Cristo. Contudo, a solução para esse cisma está no amor, sim no mandamento do amor: amar a Deus obre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Somente o amor é digno de fé, já dizia von Balthasar, ele nos livra da condenação ao inferno e, ao mesmo tempo, de fazermos de Deus um mentiroso.

O que esperar?

Finalizo este artigo com o desejo de expor ainda inúmeras coisas, mas deixo a reflexão: "O que podemos esperar?". No tratado de von Balthasar, encontra-se uma afirmação que "a virtude da esperança leva consigo a própria certeza". É por isso que cada cristão deve ter a certeza de que vem com a esperança, pois a esperança cristã não está em coisas ou situações, mas na pessoa de Cristo, que foi até a mansão dos mortos para dar-nos a vida.

São Boaventura nos deixa um valioso ensinamento, não algo vago ou jogado ao vento, mas baseado em uma vida reta, e anos de luta pela santidade: "Ainda não sei ao certo se terei amor até o final, mas uma coisa eu sei: que o amor e os méritos que presumo ter me conduzirão com toda segurança a vida eterna".



Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/o-que-igreja-catolica-afirma-sobre-o-inferno/

4 de maio de 2019

Como encontrar um tempo para o descanso digital?

Para quem vive conectado, desconectar e passar algumas horas off-line pode ser uma tarefa muito difícil, mas, cada vez mais, se torna necessário em nossa era digital. Você já parou para calcular quanto tempo você passa usando o celular ou computador nas redes sociais diariamente?

Recentemente, o Instagram fez uma atualização chamada "Sua atividade", em que mostra o tempo médio que o usuário passa navegando na rede social. Se somarmos todas as redes sociais, e-mails, comunicadores como Whatsapp, Messenger entre outros, você verá que passa mais tempo on-line do que off-line.

Um descanso digital diário é urgente para quem está cercado de tecnologia. A rotina com a tecnologia tem deixado as pessoas menos sensíveis. Infelizmente, já não percebemos as pessoas e suas necessidades ao nosso lado. Para pensar, quantas vezes você passou por alguém conhecido e deixou de cumprimentá-lo, porque estava de cabeça baixa, digitando no celular?

Como encontrar um tempo para o descanso digital?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Dependência "nomofobia"

Um recente estudo da Pew Research Center mostrou que 46% da população diz não conseguir viver sem seu celular com acesso à internet. A dependência do dispositivo, usado menos para fazer ligações do que para ler notícias, interagir nas redes sociais, jogar e assistir a vídeos, ganhou até um nome: nomofobia, ou seja, o medo de ficar longe do aparelho.

"Nossos smartphones se transformaram em uma ferramenta que fornece satisfação rápida e imediata. Nossos neurônios respondem a isso imediatamente, lançando dopamina. Ao longo do tempo, isso aumenta nosso desejo pelo feedback rápido e pela satisfação imediata. Esse processo também contribui para o desenvolvimento de intervalos de atenção mais curtos, e torna as pessoas mais propensas ao tédio", explica Isaac Vaghefi, professor da Universidade de Nova York, que pesquisou a nomofobia entre 182 estudantes universitários.

Atitudes práticas

Vivemos na era digital, o que torna impossível não usufruirmos da tecnologia para diversas atividades que realizamos, seja no trabalho ou para uso pessoal, porém, para tudo é necessário equilíbrio.

Antes de começar a ler o feed do Facebook e do Instagram, pense quantos capítulos de um bom livro físico você poderia ler em uma hora! Ao participar de uma reunião, tente colocar o celular no modo avião, assim, evita que as notificações tirem sua atenção e a dos participantes da reunião durante uma apresentação importante. Uma caminhada pela natureza ajuda a descansar a mente e refletir sobre o sentido da vida.

Quando não paramos para meditar antes da tomada de decisões, acabamos por tomar decisões equivocadas. Quando gastando tempo na internet com realidades desnecessárias, é como se usássemos o dinheiro para comprar algo sem pensar. É necessário sempre parar e analisar cada ação.


Navegando com equilíbrio

Não precisamos deixar de usar as tecnologias, porém, precisamos usá-las de forma equilibrada, sem que prejudiquem os relacionamentos e a saúde mental. O ambiente digital é um espaço onde os usuários podem criar laços duradouros de amizades, como afirma o Papa Bento XVI.

"Esses espaços, quando bem e equilibradamente valorizados, contribuem para favorecer formas de diálogo e debate que, se realizadas com respeito e cuidado pela privacidade, com responsabilidade e empenho pela verdade, podem reforçar os laços de unidade entre as pessoas e promover eficazmente a harmonia da família humana. A troca de informações pode se transformar numa verdadeira comunicação, os contatos podem amadurecer em amizade, as conexões podem facilitar a comunhão. Se as redes sociais são chamadas a concretizar este grande potencial, as pessoas que nelas participam devem esforçar-se por serem autênticas, porque, nestes espaços, não se partilham apenas ideias e informações, mas, em última instância, a pessoa se comunica a si mesma".*¹

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*¹ – Bento XVI – Mensagem para o 47ª Dia Mundial das Comunicações Sociais


Adailton Batista

Adailton Batista é missionário da Comunidade Canção Nova desde 2009. Nasceu na cidade de Janaúba, MG. Casado. Atua como produtor de conteúdo do portal cancaonova.com e mídias sociais.  Resultado de imagem para favicon instagramResultado de imagem para favicon twitter Estudante de jornalismo na Faculdade Canção Nova, é também autor do blog.cancaonova.com/metanoia.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/como-encontrar-um-tempo-para-o-descanso-digital/

2 de maio de 2019

A espiritualidade pode ajudar na produtividade das empresas?

Empresas buscam produtividade, e a capacidade de produção está associada ao esforço oferecido por cada funcionário. Empresas crescem à medida que seus colaboradores também crescem interiormente. Quanto menor for a capacidade de crescimento interior de cada um, menor será sua produtividade.

Como a espiritualidade cristã pode ajudar as companhias a serem locais de alta produtividade gerada a partir da humanização? Jesus Cristo conhecia Seus discípulos, Ele sabia o nome de cada um, conhecia a história de vida deles. Cristo trilhou um caminho fazendo deles não funcionários do Reino de Deus, mas amigos que poderiam difundir, para outros cantos da Terra, a mensagem de amor que Ele anunciava.

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Foto Ilustrativa: kieferpix by Getty Images

Claro que, em uma empresa de grande porte, essa realidade de conhecer cada colaborador é praticamente impossível de ser aplicada no dia a dia. Grandes empresas, no entanto, possuem equipes responsáveis por seus diversos setores. Por isso, o primeiro passo é que o empresário conheça aqueles que estão em contato direto com ele. Essa rede de conhecimento deve ser criada na base e estender-se de modo mais amplo aos diversos setores da empresa, a fim de saber quem está ao seu lado, suas dificuldades, limites e potencialidades. Conhecer os dons de cada um que com ele convive diretamente é o primeiro passo para uma equipe de base, na qual o crescimento é prioridade a ser buscada e não meta a ser imposta.

Conhecer os dons de cada pessoa eleva o seu potencial de produtividade

Conhecer aqueles que colaboram para o bom andamento da empresa é fundamental para que a ideia principal desse conhecimento interpessoal chegue a todos. Essa rede de amor não é impossível de ser realizada; no entanto, ela só funcionará se for vivenciada por todos aqueles que acreditam na verdade de seus princípios.


Uma rede de amor, na qual o conhecer e a acolhida são eficazes, é fruto de um processo nascido na verdade dos sentimentos de quem busca um jeito novo de vivenciar as relações no ambiente de trabalho. Ao buscar apenas o resultado financeiro, essa rede terminará, mais cedo ou mais, no fracasso.

O projeto inicial deve nascer da convicção de que as relações entre empresário e colaboradores seja fruto de um processo que busque, em primeiro lugar, superar as divisões existentes na empresa onde os funcionários não mais sejam vistos apenas como meros executores de funções, e passem a ser vistos e conhecidos como pessoas. Para o crescimento de uma empresa, o empresário terá de ter consciência de que ele, primeiro, deverá buscar o crescimento interior. Não há como exigir mudanças se antes elas não acontecerem, verdadeiramente, em sua própria vida.

 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor do livro "Amor Sem Fronteiras" pela Editora Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: facebook.com/peflaviosobreiro


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/espiritualidade-pode-ajudar-na-produtividade-das-empresas/

29 de abril de 2019

A importância da educação moral

Os processos educativos são decisivos nos rumos e conquistas de uma sociedade. Essa é uma convicção incontestável que deve incentivar o compromisso de todos com o ensino. Cuidar da educação é tarefa da família, particularmente das instituições educacionais, mas também dos clubes recreativos, empresas, institutos, prefeituras, igrejas, meios de comunicação e até dos organizadores de uma simples festa popular, realizada na rua de um bairro.

A condição determinante dos processos educativos é uma compreensão que deve ser assumida em sentido de alerta, permanentemente, motivando avaliações constantes em todas as instâncias. Assim, são desenvolvidas dinâmicas que qualificam pessoas e os diferentes segmentos da sociedade. Uma preparação necessária para exercícios profissionais e cidadãos com resultados mais efetivos, que são sustentáculos da justiça e da paz.

A importância da educação moral

Foto Ilustrativa: Creative – Touch by Getty Images

Na sociedade, nas instituições e instâncias todas, é verdade que os processos educativos em curso estão atendendo necessidades e criando novas condições. Considerando a conjuntura econômica atual na sociedade brasileira, as oportunidades de avanços e desenvolvimentos, não se pode deixar escapar esse horizonte promissor. Em qualquer tempo, para cada um e para o conjunto da sociedade também, valha como advertência aquele velho e sábio ditado: "cavalo arreado só passa uma vez".

Oportunidades perdidas trazem atrasos e prejuízos. Muitos são até irreparáveis. É necessário ouvir sempre os analistas e críticos quanto às consequências de descompassos nos processos educacionais, como retrocessos culturais e o alto preço pago por defasagens na infraestrutura.

A edificação da sociedade justa depende da educação moral

Devemos ouvi-los, também, para saber o que se pode ganhar a partir do desenvolvimento da educação, seja no campo econômico, cultural e social. O exercício de escuta é indispensável para que a crítica e o debate de ideias impulsionem posturas e comprometimentos mais adequados.

É exatamente devido à falta desse necessário embate de ideias, do melhor conhecimento e tratamento da realidade que a sociedade brasileira sofre com as carências no conjunto dos seus processos educativos. No Brasil, onde esses processos são qualificados – graças a Deus, neste cenário de déficit, temos exemplos exitosos – o rendimento é notável, metas são alcançadas e passos largos são dados no desenvolvimento e nas conquistas. É preciso avolumar o coro das vozes que estão repetindo a antífona de que é preciso investimento e maior qualificação nos processos educativos. Caso contrário, nossa sociedade não vai acompanhar, nos diferentes âmbitos, a rapidez, a multiplicidade e as exigências próprias desse terceiro milênio.

Formação moral do cidadão

Não se pode continuar a perder por falhas na educação. Nas dinâmicas do cotidiano, são imensuráveis os prejuízos de cidadãos que mantêm uma visão acanhada, pouco proativa, gerando uma espécie de malemolência e falta de ousadia. O resultado é a incompetência para fazer frutificar o que se tem como oportunidade, o que a natureza dá e o que a inteligência pode fazer.


Indispensável caminho para alavancar os processos educacionais na sociedade é o investimento na formação moral de todo cidadão. Nesse sentido, o contexto atual presenteia a sociedade brasileira com uma oportunidade ímpar, para dar saltos qualitativos quanto à moralidade. O que está acontecendo na Corte Suprema deve ser acompanhado e percebido como esperança para superar dinâmicas de impunidade, aperfeiçoar funcionamentos que extirpem a corrupção, nas suas mais intoleráveis situações.

É preciso estar atento para a relação desse e de outros processos com a formação. Um autêntico desenvolvimento só pode ser completo se incluir a educação moral. Por falta da moralidade, multiplicam-se os cenários contrários ao bem e à verdade. A edificação da sociedade justa depende da educação moral.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/educacao/a-importancia-da-educacao-moral/

28 de abril de 2019

Por que entronizar o quadro de Jesus misericordioso na nossa casa?

Muitos carregam dúvidas sobre manter imagem, quadros e pinturas de santos, pois uma mentalidade equivocada e mal instruída diz que não devemos ter nenhuma imagem, pois Deus proibiu, no Antigo Testamento, que tal realidade acontecesse, pois poderia se tratar de idolatria. Contudo, com a encarnação de Jesus, Deus assume um corpo e uma imagem. Ele se torna visível para o mundo. Quem O vê, vê o Pai. Jesus é o rosto divino do homem e o rosto humano de Deus.

No Concílio de Niceia, a Igreja justificou e afirmou que é válido o culto aos ícones, das imagens de Cristo, dos santos, da Mãe de Deus e dos anjos. Ao encarnar, o Filho de Deus inaugurou uma nova "economia" das imagens (Catecismo da Igreja Católica, 2131).

Por que entronizar o quadro de Jesus misericordioso na nossa casa

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Ainda confirma o Catecismo: "O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. Com efeito, 'a honra prestada a uma imagem remonta ao modelo original' e 'quem venera uma imagem venera nela a pessoa representada'. A honra prestada às santas imagens é uma 'veneração respeitosa', e não uma adoração, que só a Deus se deve: 'O culto da religião não se dirige às imagens em si mesmas como realidades, mas as olha sob o seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não se detém nela, mas se orienta para a realidade de que ela é imagem'" (Catecismo da Igreja Católica, 2131).

Misericórdia

As nossas casas são lugares sagrados, pois é lá onde se iniciam as primeiras etapas da nossa formação cristã. Com os nossos pais, aprendemos as principais orações cristãs, aprendemos o Temor a Deus, e assim somos introduzidos na fé. A família é Igreja doméstica, como chamou o Concílio Vaticano II (Lumen Gentium, 11). Se vivermos bem essa realidade, atrairemos para nossa casa a bênção de Deus. Ali, Ele repousa com a Sua Graça e Misericórdia.

Nas casas cristãs, é muito válido que tenhamos quadros, imagens de santos, o crucifixo, pois estes expressam a nossa fé. São sinais visíveis dela. Como acontece com os cristãos do Oriente, no caso dos ícones, eles falam que não se vê os ícones, mas sim leem os ícones, pois existe uma teologia no que foi pintado. Não é muito o nosso caso da Igreja do Ocidente, mas sabemos que temos diversos sinais e símbolos que expressam e representam a nossa fé. Por exemplo, o crucifixo que mostra o amor de Deus pela humanidade, o sacrifício redentor de Jesus. Também a imagens dos santo e de Nossa Senhora, que nos recordam a intercessão daqueles que já estão diante de Deus, isto é, nossa comunhão com a Igreja triunfante.

Podemos e devemos adorar Jesus Cristo presente no Santíssimo Sacramento, mas também podemos prestar culto ao Senhor pela veneração das imagens que o representam, e uma delas é o quadro de Jesus Misericordioso.


Foi o próprio Jesus que, em 22 de fevereiro de 1931, pediu: "Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: 'Jesus, eu confio em Vós'. Desejo que essa Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro." (Diário de Santa Faustina, 47).

Hoje, podemos contemplar e venerar essa imagem, mas não somente, pois podemos e devemos buscar nos configurar a Cristo Jesus e nos transformar todo em Misericórdia. Ao nos colocarmos em veneração dessa imagem, podemos pedir a Jesus a graça de que nossos olhos, ouvidos, língua, mãos, pés e coração sejam misericordiosos também.

A promessa de Jesus a cerca da imagem é muito grande: "Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas. Que toda alma tenha, por isso, acesso a ela" (Diário de Santa Faustina, 570)."Feliz aquele que viver à sua sombra, porque não será atingido pelo braço da justiça de Deus" (Diário de Santa Faustina, 299).

Domingo da Festa da Misericórdia

Jesus pediu que, no Domingo da Festa da Misericórdia, o sacerdote se reunisse e abençoasse solenemente a imagem. A imagem de Jesus Misericordioso, segundo o que Ele mesmo disse a Santa Faustina, foi a mesma a forma que ele apareceu ressuscitado aos discípulos que estavam trancados em casa, com medo e com a dúvida se Jesus realmente tinha ressuscitado. Diz-nos o Evangelho de São João: "Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: 'A paz esteja convosco'. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: 'A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós'. Dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: 'Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos" (Jo 20,19-23).

Do mesmo jeito que Jesus se manifestou aos discípulos, entrando naquela casa, assim Ele quer se manifestar nas nossas casas. Ele apareceu ressuscitado, por isso ressuscitou a fé dos discípulos, levou-os à experiência da paz e a receberam a graça do Espírito. Quando entronizamos o quadro de Jesus Misericordioso na nossa casa, pedimos que a ressurreição dele se manifeste, nas nossas casas, e que Ele sempre possa nos surpreender e assim, pouco a pouco, aumentar nossa confiança n'Ele.

Assista

Padre Uélisson Pereira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/por-que-entronizar-o-quadro-de-jesus-misericordioso-na-nossa-casa/

26 de abril de 2019

O que o sentimento de solidão pode trazer para a velhice?

Não deixe que o sentimento de solidão e o vazio tomem conta da sua vida

A solidão não é apenas a ausência real de companhia, mas um estado de quem se sente desacompanhado, só. Um sentimento que podemos viver em qualquer fase da vida, mas é muito mais comum na velhice. Viver bem a chegada da vida adulta tardia e, logo após, a velhice, é algo desafiante, pois exige uma estrutura psíquica saudável para vencer o desacelerar da vida.

O ser humano tem grande necessidade de fazer algo! Muitas vezes, ele acredita que só é alguma coisa se fizer algo, mas se esquece de que, antes de fazer qualquer coisa, ele é "alguma coisa"! É o quê? Gente! Não uma produção.

O que o sentimento de solidão pode trazer para a velhice?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

E quando eu me aposentar?

Diante dessa realidade, quando é chegada a hora de se aposentar, bate aquele sentimento de inutilidade, de que não é mais importante. Automaticamente, perde-se grande parte do seu convívio social, pois parte dele é fruto do relacionamento no trabalho. Quando esse fato acontece na vida de uma pessoa, ela começa a olhar ao seu redor. Percebe que tudo continua funcionando de forma acelerada, que seus filhos trabalham e, talvez, já nem morem mais em casa com os pais, que a esposa ou o esposo ainda não se aposentaram, que a vida continua lá fora. Agora, no entanto, algo mudou. Principalmente, dentro do coração. É muito comum, nesse momento, o idoso começar a se sentir só, seja por estar verdadeiramente só, nesta fase de sua vida, apenas em algum momento do dia ou até rodeados de pessoas, mas que não são presenças reais, por viverem seu mundo paralelo.

Estar nesse lugar emocional de "vazio", onde nada mais acontece, conduz o idoso a uma viagem, pois a reflexão de um idoso é intensa. Ele começa a refletir muito mais do que antes, e a vida ganha um valor que, talvez, anteriormente, ela não tivesse. Toda essa reflexão leva a pessoa a uma visita interior, em que ela pode se perder se estiver vivendo um sentimento de vazio. Nessa fase, vive-se com mais frequência o luto, a enfermidade, o isolamento social, a depressão, as limitações físicas e o abandono (seja ele propriamente dito ou emocional).


Sentimentos que se destacam na velhice

Em uma pesquisa sobre a depressão e solidão do idoso, foi possível ler relatos de sentimento de ingratidão, de ausência de prazer para comer sua comida preferida, o sentimento de que sua companhia já não é mais agradável, que as pessoas vivem buscando sua sobrevivência e status, e que ele já não é mais parte desse meio. Falas que, se alimentadas, terão forças em seu interior; e não mais terá o desejo de sair dessa solidão, pois se sente inútil por não fazer nada mais.

Existe, no entanto, uma parcela de idosos que conseguem passar bem por essa etapa da vida. Estes têm plena consciência de que a solidão existe e que pode até viver esse sentimento que leva à morte. Por isso, fogem da solidão! E se ela é um sentimento de vazio, de ausência de interação e convívio, o grande remédio é buscar grupos saudáveis. Relacionar-se com pessoas que vivem esse mesmo momento da vida e viver o que de bom a vida tem. Não ficar preso ao que não posso fazer mais, mas sim o que sou capaz de ser e viver no hoje.

Não viva para fazer, viva para ser!



Aline Rodrigues

Aline Rodrigues é missionária da Comunidade Canção Nova, no modo segundo elo. É psicóloga desde 2005, com especializações na área clínica e empresarial e pós-graduada em Terapia Cognitiva Comportamental. Possui experiência profissional tanto em atendimento clínico, quanto empresarial e docência.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-que-o-sentimento-de-solidao-pode-trazer-para-a-velhice/