7 de abril de 2017

O segredo de Maria nos aprofunda no amor de Deus

O segredo de Maria de nada nos serviria se não o conseguíssemos transpor para nossa vida

Para que uma pessoa exponha seus segredos, é necessário haver certo grau de intimidade com outra. Mesmo que haja laços de parentesco entre elas, é necessário haver intimidade. Assim também acontece entre mãe e filho. Ao pedirmos que Nossa Senhora nos revele, exponha os seus segredos, faz-se necessário que nos coloquemos de pés descalços ou, porque não, de joelhos, como quem pede: "Revela-nos, mostra-nos teu coração!" Só assim estaremos aptos a receber, ou melhor, compartilhar do seu segredo.


Foto: Arquivo/cancaonova.com

Segredo de Maria

Esvaziemo-nos. Façamos silêncio. Aquele silêncio que pairava no mundo em suas origens e que pairou no ventre de Maria. Façamos silêncio. Falemos com nossa alma: Silencia alma minha! Cala ruído de minhas vontades! Silêncio, mundo que me atrai! Alguém que amo vai me contar um precioso segredo. Este, se não mudar o mundo, com certeza mudará o meu mundo, se eu permitir. Mãe, conta-me teu segredo.

É no abismo do bem querer de Deus que começa o segredo de Maria. O que isso significa? Nosso ponto de partida encontra-se no relato do anúncio do Anjo Gabriel (Lc 1,26-38). Nessa passagem, percebemos que a iniciativa da oração sempre parte de Deus. Ele é, de certo modo, o mendigo de Amor, pois se encontra a bater à porta de nosso coração. Em uma constante atitude de espera, de súplica, está sempre pronto a ir ao nosso encontro e convidar-nos para o banquete. Não importa o estado em que nossa alma se encontra nem por quais caminhos tortuosos tenhamos andado. Ele está sempre a nos esperar, disposto a nos enlaçar em seu abraço de Pai.


Ternura do amor de Deus

O segredo de Maria consiste em deixar-se constantemente abraçar e em ser alcançada por esse amor. Consiste, ainda, em permitir que as torrentes da infinita ternura de Deus a surpreenda, como em inúmeras vezes na sua história. Por isso, as gerações a conhecem como a Bem-amada, Bem-aventurada, a Imaculada Maria.

Precisamos redescobrir em nós, em nossa vida, que somos bem amados. A verdadeira oração consiste em, antes mesmo de amar, sentirmo-nos amados. Mais que sentir, sabermos-nos amados, reconhecermo-nos amados. Na Primeira Carta de São João (I Jo 4, 10) está escrito: "Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou-nos o seu Filho". A experiência inicial e incondicional para qualquer chamado autêntico e essencial é a de ser amado. Sou amado e por isso respondo com amor.

Ao mergulharmos ainda mais no segredo de Maria, a profundidade a que chegaremos somente o Espírito Santo poderá medir. Pensemos que outra característica da iniciativa divina é a liberdade. Deus escolhe quem quer. Ele é livre, ama sendo livre e liberta, porque ama. Nesse âmbito, olhemos para a Imaculada Conceição.

Deus quis fazer Maria sem mancha de pecado, porque Ele é livre. Esse amor a libertou uma vez e para sempre, tornou-a sem mancha, purificou-a e a fez participante por primeiro dos méritos de Seu Filho. Eis que Seu amor profundo cria a Arca da Nova Aliança. Quis deixar-nos marcados não mais pela lembrança daquela humanidade que desejou ser como Deus, e sim, pela mulher que soube encantá-Lo ao se fazer escrava para fazer a vontade do Pai e se tornar a mãe de Salvador. Esse mesmo Deus, em sua liberdade, escolheu você para ser filho de Maria, para ser seu bem amado!

Transpor as dificuldades

O segredo de Maria de nada nos serviria se não o conseguíssemos transpor para nossa vida. Podemos encontrar a presença do amor de Deus nos acontecimentos simples do dia a dia, seja ao receber uma palavra de conforto de um irmão ou a sua oração por nós. São pequenos mimos de um Deus que ama. Muitas vezes, isso acontece não só naquilo que nós desejamos, mas em coisas que nós nem sabíamos que precisávamos. Acontece em dificuldades por vezes nem conhecidas ou em realidades que já conhecemos, mas diante das quais não teríamos coragem de seguir em frente devido às renúncias que nos seriam exigidas. É preciso amar muito para renunciar, para aceitar a correção e para ter a coragem de corrigir, de educar a alma. Deus nos envia provações, porque nos ama.

Às vezes, estamos esperando espetáculos do Senhor. Maria sabia o segredo: Deus é maravilhoso, não mágico. É poderoso, não é fantasia. Ele se revela em gestos constantes de amor, presentes e inesperados. A vontade de recomeçar que temos é Deus amando! É como o amanhecer que renasce todos os dias! Não importa o tamanho da dificuldade que temos em rezar, Deus está nos amando de novo. Eu sou seu bem-amado, sua bem-amada. Ele está tomando a iniciativa. É o silencio da luz que ressurge rompendo as trevas, não importando o quanto dure a noite.


Érika Vilela

Mineira de Montes Claros (MG), Érika Vilela é fundadora e moderadora geral da comunidade 'Filhos de Maria'. Cursou Medicina pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas e, atualmente, faz especialização em Psiquiatria pelo Centro Brasileiro de Pós-graduações.

Érika atua como pregadora, articulista, missionária pela Casa Mãe de Misericórdia e médica na Estratégia Saúde da Família e na Clínica Home-Med. Evangelizadora com fé e ciência, duas asas que nos elevam para o céu, ela tem a bela missão de encontrar, na união mística com a dor salvífica de Cristo, a força para seguir em frente, sabendo que Deus opera sempre as Suas maravilhas!


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/o-segredo-de-maria-nos-aprofunda-no-amor-de-deus/

5 de abril de 2017

Conheça Jeanne, uma mulher que enfrenta o câncer de mama

"Não é um tratamento fácil nem rápido, mas é possível e cheio de momentos de vitórias em Deus", disse Jeanne

O canal de formação traz o testemunho de Jeanne Gomes Pereira, de 42 anos, professora da cidade de Brasília (DF), que foi diagnosticada com câncer de mama, em 2015, mas que buscou forças na oração e na sua família para vencer cada fase do tratamento.

Conheça, Jeanne, uma mulher que enfrenta o cancer de mamaFoto: Arquivo pessoal/cancaonova.com

O diagnóstico em mãos e a força para lutar contra o câncer de mama

Sempre fiz exames de rotina e, por causa do trabalho, estava uns meses em atraso. A primeira coisa que preciso falar é que meu coração (Espírito Santo) me avisou que algo não estava certo.

O médico já ia me liberar para o retorno dos próximos seis meses, dizendo que meus nódulos eram benignos, como os que já acompanho há mais de 20 anos. Eu, no entanto, insisti no incômodo recorrente na minha axila. Então, ele decidiu pedir mais um exame, coletou um material no consultório e enviou para biópsia para desencargo de consciência. No dia da consulta, peguei o resultado, sentei na sala de espera e suportei o máximo que minha ansiedade permitiu para não abrir o exame antes de entrar no consultório médico, o que não foi possível, claro. Li: "carcinoma ductal infiltrante com comprometimento axilar".

Minha mente, e acho que todos os meus sentidos e tudo ao meu redor, silenciou. O médico me chamou, sentei à sua frente, entreguei o exame, ele leu, olhou para mim e perguntou se eu havia lido. Diante da minha afirmativa, perguntou se eu havia entendido, e eu disse que sim também. Ele me perguntou se eu estava só e falei que estava, mas que meu marido trabalhava perto e eu poderia chamá-lo; e assim fiz. Em alguns minutos, Anderson estava lá. Eu já estava trêmula e pensei na primeira coisa difícil: contar para minha mãe – ela não merecia essa dor. Pensei nos meus filhos, no meu trabalho, nos primeiros cinco quilômetros que eu havia corrido (devagar) há uma semana. Quando meu marido sentou, segurou forte minha mão e me deu forças para irmos direto ao que interessava.

Queríamos saber qual era o tratamento, quando começava, qual era o prognóstico de cura. Pego de surpresa pelo resultado, até o médico, começou a nos falar que precisava de exames complementares, mas as chances eram boas e que o caso era cirúrgico, envolveria quimioterapia e radioterapia.

Pegamos os pedidos de exames e saímos meio desnorteados. Já era começo da noite e, neste momento, eu já não controlava mais o choro, por mais que o Anderson tentasse me acalmar e dizer que o tratamento daria certo. Estávamos no meio da rua, e eu liguei para uma amiga, que havia passado por um caso recente de câncer na família. E aí veio a mão de Deus, pela segunda vez, sobre mim. Há muitos anos, eu escutei a seguinte frase: "Tudo acontece igual para os que creem em Deus, as respostas é que são diferentes". Vendo meu desespero, ela pediu que eu aguardasse onde estava. Em alguns minutos, retornou a ligação e me disse que o oncologista que ela conhecia estava me esperando imediatamente no consultório dele. Fomos, eu chorando, Anderson tentando me acalmar. Quando entramos na sala daquele homem, ele sorriu e me abraçou. Era o abraço que eu precisava naquela hora. Como se me conhecesse há anos, ele disse: "Minha querida, você está curada. Eu, você, seu marido e Deus estamos nesta guerra para vencer". E assim, em abril de 2015, começou a nossa batalha.

Desafios psicológicos e físicos ao longo do tratamento

Receber o diagnóstico de um câncer é como sofrer um acidente: você está indo muito bem, trabalhando, cuidando dos seus filhos, na correria do dia a dia, mas, de repente, dá de cara com um "muro de concreto", que o para bruscamente. A primeira coisa que você pensa é que vai morrer; depois, entende que existe muita chance de cura, pela medicina e pela fé, a qual, num primeiro momento, nos falta sim. Eu, que amo meu trabalho – 24 anos como professora –, tive muita dificuldade de me afastar da escola. Mas como comecei o tratamento com quimioterapia, que é muito debilitante, não tinha condições de trabalhar. A imunidade fica baixa, o corpo dói, os cabelos caem, temos enjoos, fraqueza, até a visão fica prejudicada.

Foram seis meses de quimioterapia. Foram seis meses tentando manter a estabilidade emocional dos meus filhos e do meu esposo. Eu "passava mal" quando eles não estavam em casa, era quando eu fazia repouso. Quando chegavam da escola, na medida do possível, eu almoçava junto e ajudava com as tarefas; quando estava bem, levava para os esportes ou apenas ficava assistindo desenho ali do ladinho. Não é fácil ser uma mãe em um tratamento de câncer, administrando a chegada da adolescência de um filho, com todos os seus hormônios, angústias, descobertas, alegrias, tristezas e um caçula cheio de energia e peraltice. Estar debilitada em meio a deveres de casa, advertências, paixonites, pesquisas, futebol, desenhos, skates, bicicletas, lanches, basquete, decepções, alegrias, frustrações, video-games, aniversários, amiguinhos, primos, resfriados, machucados, cáries, furos de orelha, tênis, chuteiras e uniformes. Uma médica da perícia disse que, a partir do diagnóstico, meu mundo deveria ser cor-de-rosa, que eu não deveria me preocupar com mais nada, mas sinto muito, ele continuou azul com bolinhas brancas. E nós continuamos seguindo em frente.

No dia 17 de dezembro de 2015, submeti-me a uma mastectomia radical. Mais um passo para a cura do câncer. Depois da quimioterapia e do repouso para a recuperação e cicatrização, fiquei tentando me reencontrar dentro de um corpo redefinido por uma doença. Não sabia que ia doer tanto! Não consegui me reconhecer no espelho, mas, com a graça de Deus, encontrei-me no olhar das pessoas que me amam.

Apoio da família e dos amigos

Se existe um lado bom na doença, eu já descobri alguns. Eu nunca tive tempo livre para estar com meus filhos e acompanhar a vida escolar deles. Sempre cuidando dos filhos dos outros, sempre uma correria, um estresse. Agora, no entanto, tenho passado muito mais tempo com eles. Segundo: eu sabia que era amada, mas eu não imaginava o quanto!

Desde o momento que contamos para os nossos irmãos de Igreja, eles não rezaram por mim somente, eles me pegaram no colo. Como cantávamos nas Missas e participávamos, há muito tempo, da Renovação Carismática Católica (RCC), da Catequese e do Encontro de Casais com Cristo (ECC), pessoas que nem conheço diziam que rezavam por mim.

Um dia, cheguei para cantar no Encontro de Casais com Cristo e todas – TODAS – as mulheres estavam de lenço (nunca vou me esquecer desse gesto de amor!). Minha família é meu suporte. Meu esposo é quem me ajuda a não fraquejar. E minha mãe? Lembra que eu achava que ela não ia aguentar? Ela e meu pai tomaram para si a obrigação de me levar para a maioria das sessões de quimioterapia e radioterapia. Minha mãe cuidou do meu pós-operatório, dando-me banho e comida. Ficou forte ao meu lado. Minha sogra, meus irmãos, cunhados e amigos se revezaram no cuidado com as crianças, nas atividades que eles precisavam ir, nas minhas rotinas médicas, na minha cozinha. Foi um exercício de amor, humildade e compaixão, que nunca imaginei viver.

A presença de Deus

Não deixei de cantar nas Missas; só faltei quando fiz a cirurgia. Creio na força dos sacramentos: Eucaristia, confissão, unção dos enfermos. Confio muito no poder da oração: na minha e na de todos que estão rezando por mim. Acompanho o 'Sorrindo pra Vida' todas as manhãs, pela TV Canção Nova, e sinto a presença de Maria sempre ao meu lado. Cresci numa comunidade Mariana. Muitas vezes, quando rezam por mim, confirmam a presença dela. Sei que ela intercede pela minha cura e sei que ela me ajuda no dia a dia, nas minhas tarefas, nas minhas dores. Rezo o terço e o ofício. Eu amo Nossa Senhora demais!

Fazer ou não tratamento psicológico?

Faço acompanhamento psicológico, pois, depois de alguma resistência, meu oncologista me convenceu. Estava com dificuldades para dormir e muito fragilizada com todo o tratamento, as mudanças do corpo. Ela me explicou que vivo um pós-trauma, e que é normal precisar de ajuda. Eu acredito que é preciso ser humilde para aceitar que não damos conta só, e que toda ajuda é bem-vinda.

A autoestima da mulher diante do câncer de mama

Quando o cabelo começou a cair, pedi ao meu marido que passasse a máquina. A princípio, usei lenços ou toucas, mas estava muito calor e, muitas vezes, eu andava carequinha mesmo. Chamava a atenção das pessoas, mas eu me acostumei. Algumas pessoas olhavam com estranheza, mas muita gente olha como se dissesse: "Força!". Há dias em que visto um monte de roupas, choro, acho que tudo está feio e não quero sair; mas eu me permito um pouquinho de luto pelo cabelo e a mama. Mas amanhã eu reajo e me acho linda de cabelo curto!

Diante do câncer de mama, não desanime

Não somos apenas uma mama. Somos mulheres inteiras e vai continuar a ser, mesmo depois do câncer. Ele não tem o poder de diminuir nada que somos: mulher, mãe, filha, esposa, amiga e irmã. Não é um tratamento fácil nem rápido, mas é possível e cheio de momentos de vitórias em Deus. Fé, foco e força.



Formação Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/conheca-jeanne-uma-mulher-que-enfrenta-o-cancer-de-mama/

3 de abril de 2017

A falta do desejo sexual entre o casal

Diversos fatores causam falta de desejo sexual entre o casal

Ninguém nos conhece melhor do que o nosso cônjuge, pois, diariamente, por meio da vida partilhada, acompanha o desenvolver de nossas capacidades e conhece as nossas limitações. Contudo, desapontamentos hão de acontecer dentro do convívio entre marido e mulher, e para evitar que pequenas brigas gerem grandes "icebergs" nos relacionamentos, os casais precisam entender que, além de suas diferenças, eles estão também em constante formação.

Foto:  gpointstudio by Getty Images

Por natureza, homens e mulheres são diferentes na maneira de pensar e reagir. Não obstante, também o são naquilo que diz respeito ao comportamento sexual.

Desarmonia sexual como causa de desentendimento

Face a uma decepção, a convivência poderá se tornar mais ácida e o ressentimento poderá encontrar nesse terreno as condições ideais para corroer também os afetos e a atração mútua, provocando, consequentemente, a falta de interesse pela vida sexual. Não é difícil encontrar casais cujo motivo do desentendimento seja a desarmonia no que diz respeito ao apetite sexual.

A relação sexual entre marido e mulher traz um significado muito maior, que supera o prazer genital. De maneira divina, o sexo expressa para o outro tudo aquilo que as palavras não mais traduzem; robustecendo, ao mesmo tempo, o vínculo e o comprometimento, os quais fecundam a relação entre ambos. Nisso compreende o casamento, cujo vínculo une corpo, alma e espírito, fazendo com que casais perseverem em seus votos.

Essa sensação de realização do prazer sexual não se prende apenas a alguns momentos que sustentam o ato em si, mas se estende por dias a fio, nos quais o casal ainda alimenta, com gestos de carinho, aquele que muito ama, resgatando sempre as expressões de indivíduos apaixonados.

Dica para os esposos

Alguns maridos esperam que as esposas estejam sempre prontas para seu deleite e, mesmo mal-humorados ou pouco asseados, pensam que a esposa tem a "obrigação" de servi-los no momento em que bem entendem. Para esses homens, infelizmente, o desejo pelo sexo se limita a ocasiões em que estão somente na cama com a esposa, mas distantes do mínimo de romantismo.

Ninguém pode forçar alguém a desejá-lo de maneira mais íntima, pois a relação sexual não se limita apenas ao ato mecânico de movimentos, mas exige uma atenciosa preparação por parte dos cônjuges.

A esposa precisa sentir-se importante para o marido

Para que a intimidade sexual não esfrie, a esposa precisa se sentir próxima do marido; no entanto, na vida conjugal, ser próximo não significa estar perto. Estimular o desejo sexual não se faz com presentes caros, idas a motéis, filmes pornográficos entre outras coisas, mas sim permitindo que a esposa se sinta importante para o marido. Para isso, há a necessidade de fazê-la se sentir cuidada, merecedora da atenção de quem a ama. Se necessário for, expresse o contentamento com elogios, flores, torpedos, bilhetes apaixonados, prestando ajuda nos seus afazeres etc. Sem exercer pressão, a esposa, naturalmente, dará delicados sinais ao marido, de modo que este perceba quando ela estiver pronta para viver esse tipo de intimidade.

Ninguém poderá adivinhar o que se passa com o outro se este não reivindicar as mudanças naquilo que parece ser incômodo. Somente por meio do diálogo os casais podem aprender com as diferenças do sexo oposto, de forma a crescerem juntos no conhecimento almejado.


Assumir as responsabilidades com o cônjuge sobre a situação a que chegou o relacionamento será o primeiro passo para resolver os problemas. Muitas vezes, haverá necessidade simplesmente de quebrar o silêncio nocivo da intolerância e da inflexibilidade para dar chance ao entendimento. Omitir-se ou negar a oportunidade para o diálogo nunca será a melhor opção para evitar que o fogo do desejo se extinga entre os casais.

Deus os abençoe!

31 de março de 2017

Sete dicas para trilhar um caminho de cura interior

A história pessoal de cada um traz experiências dolorosas que necessitam de cura interior

Se por algum motivo você se interessou em ler este artigo, convido você a parar por uns instantes e iniciar um outro artigo: A cura interior gera um ambiente familiar saudável. Para trilhar um itinerário de cura, é necessário tomar consciência de sua necessidade, entrar nos processos interiores, os quais, muitas vezes, são exigentes e até podem doer um pouco. Para sarar, em algumas situações, tem de abrir a ferida, mexer nela e identificar o tratamento certo. Acredite: tomar consciência da necessidade da cura interior já é iniciar a cura. E quando você a conhece, compromete-se com ela.


Foto: Arquivo/cancaonova.com

Após essa reflexão, vamos a algumas dicas de como trilhar uma caminho de cura interior. Claro que existem muitas outras orientações a esse respeito, mas eu lhe apresento algumas.

Dicas para trilhar o caminho de cura interior

1) Recorrer aos sacramentos como fonte de cura e libertação (sacramento do batismo, se acaso você não foi batizado; sacramento da reconciliação, de reconciliar-se com si mesmo, com Deus e com o próximo; sacramento da Eucaristia, alimento solido espiritual.

2) Autoconhecimento: Deus trabalha com o seu real para alcançar o ideal. Quando você se conhece, compromete-se e não permite que todos deem palpite sobre como você deve ser. Seja quem você é, sem trair sua consciência, pois é nela que Deus habita.

3) Buscar ajuda adequada: diretor espiritual, psicoterapia, pessoas com ministério de cura interior. Se ainda você não encontrou essa ajuda, reze e peça a Deus que possa lhe conceder Sua providência, pois Ele é o maior interessado em sua cura.

4) Saborear e admirar a vida: enxergar a beleza oculta em si mesmo, nas pessoas, nas coisas mais simples e complexas. Dizer, muitas vezes, "eu sou belo", porque essa é uma frase tão natural como emocionante.

5) Possuir atitudes de louvor: ter o coração grato pelos pequenos e grandes milagres diários, louvar pelo dom da vida, louvar pelo sol, pela lua, pelo vento, louvar pelo passado, pelo presente e futuro.


6) Dar novo sentido ao sofrimento: não sofrer em vão, aprender com sabedoria o que o sofrimento pode lhe ensinar e assim fazer novas escolhas.

7) Amar como fonte de cura para si mesmo: sair da condição acomodada e egoísta. Uma espiritualidade saudável, com os pés na terra, contribui para que as pessoas sejam capazes de amar verdadeiramente, e em suas relações e encontros possam passar pela experiência de serem amadas.

É preciso compreender que o caminho de cura vai até contemplarmos a Deus na eternidade. E quanto mais curados, mais santos e prontos para seguirmos a Deus com generosidade.

Um coração curado é capaz de agradecer a Deus pelo o que se é e o que se tem. Não possui inveja nem comparação. Um coração curado reconhece que é capaz de compartilhar e aceitar o que não possui. Um coração curado é feliz e alargado para o amor.

Deus abençoe seu caminho de cura interior. Estamos juntos nessa!

Leticia Cavalli Gonçalves
Missionária Comunidade Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/cura-interior-2/sete-dicas-para-trilhar-um-caminho-de-cura-interior/

29 de março de 2017

Administrar perdas afetivas

Saiba como administrar as perdas afetivas

A palavra "perda", por si só, já causa certo mal-estar. Trabalhamos, batalhamos, aplicamo-nos tanto nessa vida que, quando ocorre algum tipo de perda, certamente, ela nos causa dor. Ainda que o futuro revele que aquele fato contribuiu para o nosso bem, no momento em que ele acontece, sofremos e nos lamentamos.

Algumas perdas nos causam apenas incômodo. Perder o horário, o jogo de futebol, a vaga na garagem, o cartão de crédito ou algum outro objeto são privações momentâneas que, de alguma forma, estamos condicionados a quase, instantaneamente, buscar uma solução ao prejuízo causado. Há uma reação que dá curso ao seguimento da vida.

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Já quando nos deparamos com uma perda na área afetiva, como o namoro que terminou, o cônjuge que se foi, um familiar que morreu ou até mesmo quando o afeto envolve algo material – casa, móvel de estimação, automóvel –, essa tomada de atitude nunca é de pronto, pois fica mais difícil administrar. Os sentidos ficam atordoados e pensar com coerência nem sempre é o que acontece. Há quem aja até esquecendo-se do amor próprio e da liberdade que o outro tem; procedendo, às vezes, de forma infantil. A razão não admite o desfalque nem busca um modo irreal de alimentar a crença de que tudo voltará a ser como era antes.

O que fazer nessa hora?

Devemos admitir que a perda é real. Isso quer dizer que não adianta ficarmos contando com algo que possa acontecer para reverter a situação.

A vida prossegue do ponto e nas condições em que você está. É preciso agir com a razão, não segundo a voz do coração em desespero. A pergunta a se fazer é: "O que posso fazer agora?" E não: "Como será minha vida?". A forma diferente de se questionar inspira atitudes determinantes. Enquanto a primeira provoca uma reação, a última demonstra a prostração perante o fato. Agir com a inteligência também é respeitar a escolha de quem já não quer um compromisso com você. Não prometa que você vai mudar radicalmente (diferente de admitir um erro), não se anule enquanto pessoa para ser como o outro quer, porque você não será feliz nem conseguirá fazer o outro feliz.

Saudosismo também não resolve

Enquanto houver sentimento, procure não se encontrar ou, pelo menos, não se prolongar muito tempo na presença do ex. Qualquer progresso alcançado em levar sua vida adiante pode ir por água abaixo por causa de um comentário ou de um olhar da outra parte que seja mal interpretado por você. Não se esqueça de que seu coração ainda quer acreditar.

Busque com o que se distrair. Uma boa conversa com os amigos e um ambiente diferente lhe fará bem. Não fique só pensando o que estaria fazendo na companhia dele ou nos lugares em que costumavam frequentar juntos.


Reaja, decida-se por prosseguir seu caminho. Pessoas que passaram por nossa vida, deixaram-nos cicatrizes boas ou ruins e não há como apagá-las. Fique com o que foi bom. Uma pequena manifestação de querer se livrar do pesar que lhe causa dor trará para você mais alegria, e outras pessoas vão se aproximar de você, pois a alegria as atrai.

Enfim, a esperança não pode ser uma expectativa fechada. As coisas se resolverão em Deus e não segundo seu desejo no momento. Dê tempo ao tempo! Até mesmo em casos em que, realmente, há uma volta, uma reconciliação ou que você volte a ter o que perdeu, atitudes como essas ajudam no processo e no tempo em que você se desprendeu.

Tenha em mente que "Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus". (Rm 8,28). O Senhor tem o poder de tirar algum benefício de tudo o que é ruim.

Se algo lhe foi arrancado, ainda que violentamente, não quer dizer que você nunca mais será feliz. Ainda há, no seu interior, a capacidade de amar. certamente, aparecerá alguém que se identifique melhor com sua forma de expressar todo esplendor dos sentimentos que habitam seu ser.

Deus o abençoe.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/administrar-perdas-afetivas/

27 de março de 2017

Exercite o domínio sobre si mesmo

É preciso deixar marcas de eterno por onde passamos e com quem convivemos

O futuro é o tempo que será construído por nós. O passado não volta e o presente, muitas vezes, é imutável. Mas se não tivemos a oportunidade de escolher nosso passado, podemos escolher e planejar nosso futuro. Com isso, vamos nos afeiçoando às coisas lá de cima.

Buscar as coisas do alto é caminhar para uma meta que sabemos que podemos atingir.

Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

Deus está do nosso lado. O ser humano foi criado para dominar o mundo e as coisas do mundo. Deus o criou como parceiro. Temos o Espírito Santo que nos inspira e impulsiona para as coisas de Deus. Ele, que conhece as coisas do alto, nos ensina a amá-las e a gestá-las no coração.

Não adianta nada dominarmos as máquinas se as pessoas não conseguem se dominar. O primeiro domínio que devemos exercitar é o domínio sobre nós mesmos, sobre nossos desejos, acolhendo aquilo que está de acordo com as coisas do alto e rejeitando tudo aquilo que nos atrapalha na caminhada.

O que tornarei eterno com minha vida?

A certeza da morte e da vida eterna nos ajuda nesse processo. O medo da morte ou a tentação de se achar imortal, vivendo como se a morte não existisse, é uma das grandes causas da infelicidade humana. Não adianta amenizar a morte. Ela é a nossa única certeza. Sabendo disso, devemos canalizar nossa vida para valores que vencem a morte, que ultrapassam a morte, como Jesus fez e nos ensinou.

Essa certeza deve tornar-se também um parâmetro para que possamos julgar nossas ações, palavras e pensamentos. Se não sou eterno, o que tornarei eterno com minha vida? É preciso deixar marcas de eterno por onde passamos e com quem convivemos.


Buscar as coisas do alto é saber que essa meta é possível de ser alcançada. Não é fácil. Fácil é ir para o inferno, já que não exige esforço nenhum. As coisas de Deus são sempre difíceis, porque nos apegamos demais às coisas aqui da terra. Aliás, a dor maior que sentimos em nossas perdas é exatamente a dor do apego. Achamos que tudo é nosso e vivemos a ilusão de que tudo depende da gente.

Quando temos muita coisa para olhar e para cuidar, não olhamos para o essencial, aquilo que está além do óbvio.

Padre Léo, SCJ

(Artigo extraído do livro ""Buscai as coisas do alto")


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/exercite-o-dominio-sobre-si-mesmo/

22 de março de 2017

Adoção: amor que supera os laços físicos

Ao adotar, os pais têm a oportunidade de alargar seu amor para além dos vínculos da carne e do sangue

O dicionário nos dá uma definição clara e quase que definitiva da palavra "mãe": mulher ou qualquer fêmea que dá à luz um ou mais filhos, segundo o dicionário Aurélio. Porém, essa regra nem sempre é assim. Muitos casais, por motivos diversos, não conseguem ter filhos, e a mãe não pode cumprir essa etapa da gestação e do parto de seus filhos. Optam, então, por um gesto de amor incondicional, que é a adoção – palavra que significa ação ou efeito de adotar; aceitação involuntária e legal de uma criança como filho. Dessa forma, muitas mães e pais realizam seu sonho de maternidade e paternidade em todo o mundo.

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Foto: Daniel Mafra / cancaonova.com

Mais do que o desejo de ser pai e mãe, de formar uma família completa, o casal deve ter um bom preparo emocional para lidar com as questões advindas da adoção: como contar para o filho que ele é adotado, aceitar as diferenças físicas e emocionais da criança ou ainda relacionar-se com a sociedade ou com as dificuldades que possam encontrar no caminho.

Como qualquer ato jurídico, e muito mais ainda por se tratar de uma adoção, por acolher uma vida em sua família, o preparo emocional do casal é imprescindível; homem e mulher devem ter conversado bastante sobre a decisão, que não deve ser fruto apenas da vontade de uma das partes, para que não se torne um jogo de responsabilidades quando a criança vai crescendo e dá trabalho para os pais; ou seja, adotar é assumir, de forma humana, emocional, familiar e conjunta, um novo participante ativo desta família. É característica da adoção ser um ato irrevogável; uma vez realizada, é definitiva. Nem mesmo o eventual falecimento dos adotantes restabelece o pátrio poder dos genitores naturais.

O amor que gera é um dom de si

João Paulo II faz uma citação especial durante um encontro sobre famílias adotivas: adotar crianças, sentindo-as e tratando-as como verdadeiros filhos, significa reconhecer que as relações entre pais e filhos não se medem somente pelos parâmetros genéticos. O amor que gera é, antes de mais nada, um dom de si.

Há uma geração que vem do acolhimento, da atenção e da dedicação. A relação que daí brota é tão íntima e duradoura, que, de maneira nenhuma, é inferior à que se funda na pertença biológica. E traz ainda outras contribuições: (…) Os cônjuges que vivem a experiência da esterilidade física saberão inspirar-se nesta perspectiva, para todos rica de valor e empenho. (…) Os pais cristãos terão assim oportunidade de alargar o seu amor para além dos vínculos da carne e do sangue, alimentando os laços que têm o seu fundamento no espírito e que se desenvolvem no serviço concreto aos filhos de outras famílias, muitas vezes necessitadas até das coisas mais elementares.


É importante que os pais esclareçam para a criança, para que ela não se sinta desprezada nem menosprezada, principalmente quando existem outros irmãos na família, que as relações entre todos são iguais.

Adotar uma criança é um ato de amor incondicional, ou seja, um ato de aceitação do outro, independente de ter em sua origem o sangue e a natureza geracional dos pais que optaram por criar essa criança. O ventre amoroso mora, então, no coração dessa mãe e desse pai, desse casal que, juntos, assumem esse filho do coração e são capazes de supri-lo, dentre tantas necessidades, de amor e carinho familiar, que serão capazes de lhes dar valores que, por vezes, nunca teriam oportunidade de vivenciar em uma instituição de menores.

"Adotar uma criança é uma grande obra de amor" (Madre Teresa de Calcutá).

20 de março de 2017

Formar bons cristãos e honestos cidadãos

Como pais e educadores cristãos, nossa missão é fazer de nossos filhos discípulos do Senhor, que amem o Mestre e estejam prontos para segui-Lo

Como pais e educadores cristãos, devemos preparar a próxima geração para cumprir o propósito de Deus na história, com entendimento e determinação, "pois como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei ver a destruição da minha parentela? (Ester 8,6). Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção" (Atos dos Apóstolos 13,36). Se nos descuidarmos da herança do Senhor, nossa luta será em vão.

Formar bons cristãos e honestos cidadãos
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Há, na Bíblia, três instituições reconhecidas com autoridade e outorgadas por Deus: a família, a Igreja e o governo civil. Porém, só aos dois primeiros cabe prover educação. "E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor" (Efésios 6,4); "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mateus 28,19), uma vez que o governo civil jamais poderia atuar em nome da família, representando seus valores e objetivos próprios. O Estado traduz o pensamento da coletividade, partindo do princípio de que a maioria está certa.

A sociedade deformando os cristãos

O que vemos nas escolas de hoje, em geral, é o desrespeito às autoridades, a falta de disciplina, o desinteresse pelo aprendizado, a irresponsabilidade, a influência de novas filosofias nos temas e nos livros, a baixa qualidade do ensino, a imoralidade, a corrupção entre outros. Portanto, biblicamente, escola só tem sentido como uma extensão da família, para com ela cooperar em aliança de princípios e propósitos e sob a cobertura espiritual da Igreja. A visão é de famílias unidas com a bênção da Igreja, trabalhando na formação de uma geração consciente de seus valores e responsabilidades, capacitadas para exercer seu ministério na sociedade e cumprir o propósito de Deus. Trata-se de uma aliança estratégica, para garantir a expansão do Reino, mesmo em meio a uma geração perversa e corrupta.


Como pais, como educadores, Igreja e cidadãos responsáveis, temos o dever de preparar a próxima geração, dando-lhe uma visão e treinando-a para alcançá-la.

Temos de resgatar o valor da criança e a união de gerações: avós, pais e jovens, todos trabalhando juntos no projeto da vida infantil. A criança e o adolescente que encontram um sentido nobre para sua vida não vão desperdiçá-la de maneira desordenada. A separação das gerações tem sido uma poderosa arma de destruição dos valores familiares, expondo os pequenos aos predadores sociais.

Formação do caráter

Além do mais, é preciso valorizar o caráter na formação do aluno para realidades que são fundamentais: o exemplo e trabalho árduo. Caráter pressupõe uma marca, uma gravação feita a partir de um molde, daí a necessidade de exemplo consistente.

Quanto ao trabalho árduo, a própria história nos ensina que a indolência, a comodidade e a ociosidade levam o homem ao declínio moral e à improdutividade. Quando fugimos da dificuldade ou privamos nossos filhos da dureza, estamos impactando o desenvolvimento do caráter deles.

A Igreja teria nisso um fator decisivo para apoiar o cumprimento da grande missão: "formar bons cristãos e honestos cidadãos", fortalecendo as famílias. Trata-se de uma aliança estratégica, na qual cada parceiro (Igreja, Escola e Família) contribui com aquilo que faz melhor, para realizar o propósito de Deus sob a mesma visão do Seu Reino.

17 de março de 2017

A vitória é possível mesmo diante das batalhas

Quem não tem a certeza da vitória jamais a conseguirá no campo de batalha da vida

Quando o povo hebreu saiu do Egito, houve dois acontecimentos muito parecidos: a passagem do Mar Vermelho (saída do Egito), e a passagem do Rio Jordão, na fronteira da Terra Prometida, ambas as situações buscavam a vitória.

A vitória é possível mesmo diante das batalhas
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

O primeiro acontecimento foi para levantar o ânimo dos fugitivos escravos, o que chamamos hoje de autoestima. Com essa experiência, eles se sentiram capazes de superar problemas invencíveis. Era a gasolina que necessitavam para atravessar as inclemências do deserto e poder vencer o número de obstáculos que ainda se apresentaria.

O segundo acontecimento, a passagem do Rio Jordão, era para que os habitantes de Canaã constatassem que o povo hebreu era acompanhado por um Deus poderoso, fiel à aliança e que cumpriria a promessa de entregar-lhes a Terra Prometida. Os habitantes de Jericó perceberam que se tratava de um Deus poderoso, que caminhava ao lado dos hebreus e era capaz de intervir com uma força sobrenatural para cumprir as promessas.

Josué enviou alguns espiões que exploraram e analisaram cuidadosamente tudo o que se referia aos moradores de Canaã. Os "repórteres" trouxeram duas versões.

A versão pessimista

"São gigantes invencíveis. Suas muralhas chegam ao céu. Somos simples gafanhotos a seus pés". Sim, tratava-se de um exército invencível, que tinha armas defensivas (as muralhas) e armas ofensivas (gigantes bem armados).

A versão otimista

"A terra é bela, a mais bela de todas as terras. Vale a pena todo esforço". Mas o mais importante foi que, desde antes de entrar em Canaã, Josué já havia imaginado as aspirações dos povos nômades, sedentos de território. Josué realiza então um gesto simbólico e profético: antes da batalha, divide o território. "Vamos tomar esta terra hoje mesmo. Ela é nossa". Está seguro que vai ganhar a batalha. Quem não tem a certeza da vitória na mente, jamais a conseguirá no campo de batalha da vida.

Assim, quando os hebreus chegaram à fronteira da Terra Prometida, sua fama e façanha já haviam penetrado as fronteiras de Canaã e conquistado a mente de seus inimigos, pois começaram a ter medo.

Os habitantes de Jericó tinham tudo para derrotar facilmente um exército que ainda estava à sombra da escravidão. Eles [os hebreus] eram nômades, sem armas, sem experiência ou poder militar. No entanto, os moradores de Jericó decidiram não lutar. Diz a Palavra que Jericó "estava trancada dentro de seus muros e barreiras". Eles olhavam uns para os outros e o medo crescia entre si. Já estavam derrotados, porque não queriam lutar.



A tática de Josué: dar sete voltas ao redor da cidade para fazer crescer o temor de um ataque que não veio. "De uma forma ou outra, vocês cairão em nossas mãos", disse ele. O medo cresceu tanto, que decidiram não se defender. Já tinham renunciado a atacar os hebreus. Agora, ruem e caem as muralhas defensivas da vida deles. Eles foram, então, presas fáceis para os inimigos, que eram bem menos fortes e capacitados.

Por que perdeu Jericó? O problema deles foi não atacar nem se defender, pois se deram por vencidos antes da batalha.

Tiveram medo da fama que precedia os hebreus: Seu Deus era poderoso. Os hebreus conquistaram Jericó não porque suas paredes caíram por milagre, mas porque seus habitantes não queriam lutar, pois se deram por derrotados antes mesmo de entrar na batalha.

Por que ganharam os hebreus?

Eles tomaram posse antes de entrar no território. Eles estavam convencidos da vitória. Sua mente era vitoriosa. Eles tinham um Deus poderoso ao lado deles, que os fez passar o Mar Vermelho para lhes dar autoconfiança.

Nas mãos dos adversários

Quando cruzamos os braços e não lutamos, estamos nas mãos dos nossos adversários. Quando decidimos atravessar o "Jordão", não podemos voltar, então não há outra estrada a não ser a luta e a vitória até o fim. Quando conhecemos os pontos fortes e fracos do inimigo ou a empreitada, queremos ganhar, estamos mais bem preparados para a batalha.

Quando, num ato real, tomamos posse do desafio que está diante de nós, então somos capazes de superá-lo. Acima de tudo, na vitória ou na derrota existe um fato definitivo: o Deus que nos libertou da escravidão, conduzindo-nos através do deserto, nos prometeu uma terra.

Quando fizemos a experiência da passagem do "Mar Vermelho", a passagem da escravidão, perdemos o medo de outros problemas. Quando escolhemos um largo caminho, já não podemos voltar. Só fica aberta a possibilidade da vitória.

Quando sabemos que tudo depende de uma promessa feita por Deus, as nossas atitudes mudam, porque temos confiança e esperança. Sabemos que alcançaremos a vitória, porque Deus prometeu e Ele é fiel.

José H Prado Flores
Pregador internacional, Fundador e Diretor Internacional das Escolas de Evangelização Santo André
http://www.escoladeevangelizacao.com.br/


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/vitoria-e-possivel-mesmo-diante-das-batalhas/

15 de março de 2017

Por que fazer jejum?

A prática do jejum nos ajuda a estarmos prontos para a renúncia

Não existe uma forma menos "sofrida" de adquirir a virtude da temperança? São João Cassiano (370-435) explica por que é necessário que o corpo sofra um pouco. A razão é muito simples: não é possível cometer o pecado da gula sem a cooperação do corpo. E isso é evidente, já que os anjos, por exemplo, não podem pecar por gula, no sentido próprio da palavra. Ora, se é com o corpo que acontece o pecado, o combate à doença da gastrimargia só pode acontecer caso o corpo entre na luta. Por isso, deve-se fazer jejum. Esses dois vícios [a gula e a luxúria], por não se consumarem sem a participação da carne, exigem, além dos remédios espirituais, a prática da abstinência.

Por que fazer jejum

Não basta o propósito do espírito

Na verdade, para quebrar os seus grilhões, não basta o propósito do espírito (como acontece em relação à ira, à tristeza e às outras paixões que, sem afligir o corpo, a alma sozinha consegue vencer), mas é imprescindível a mortificação corporal pelos jejuns, as vigílias e os trabalhos que levam à contrição, podendo-se acrescentar também a fuga das ocasiões insidiosas. Sendo tais vícios oriundos da colaboração da alma e do corpo, não poderão ser vencidos sem ambos se empenharem nesse processo. Nós, medíocres que somos, não temos a maturidade necessária para a santidade, por isso não seríamos capazes de nos manter em ordem, naquele equilíbrio que "tempera" a vida, sem o auxílio do jejum. Com o jejum somos capazes de rechaçar as incursões hostis da sensualidade e libertar o espírito para que se eleve a regiões mais altas, onde possa ser saciado com os valores que lhes são próprios. É a imagem cristã do homem quem exige esses voos.

Fazer jejum não é passar fome

Devemos estar prontos para a renúncia e a severidade de um caminho que termina com a instauração da pessoa moral completa, livre e dona de si mesma, porque um dever natural nos impulsiona a ser aquilo que devemos ser por definição. Nunca é demais insistir no fato de que o jejum não nasce de corações ressentidos e que odeiam a vida. A Igreja e seus santos sempre reconheceram a bondade fundamental desta vida e dos alimentos que a sustentam. Um santo não é um faquir, e o ideal ascético cristão nunca foi o de deitar numa cama de pregos ou engolir cacos de vidro. Desde o Novo Testamento, a Igreja sempre condenou o "destempero" dos santarrões e das suas seitas. Jejuar não é simplesmente passar fome. Se assim o fosse, a anorexia das modelos seria virtude heroica e os famélicos da história poderiam ser canonizados. Mas a simples fome não santifica ninguém. Para que dê o seu fruto, o jejum deve ser acompanhado de uma atitude espiritual adequada, pois a doença espiritual que desejamos curar é, seja permitida a redundância, espiritual.


A intenção não é detalhe

O pecado não está no alimento, mas no desejo. São Doroteu de Gaza (século VI) explica isso a partir de uma comparação com o casamento. O ato sexual realizado por um devasso pode ser externamente idêntico ao de um esposo, mas sua natureza é completamente diferente. Nos atos humanos, a intenção não é um mero detalhe.

Assim também é na alimentação. O homem sadio e o homem que sofre de gastrimargia podem comer os mesmos alimentos nas mesmas quantidades, mas somente o doente comete idolatria. Quando, diante dos alimentos, nos esquecemos de Deus e começamos a desejar o nosso próprio bem, mais do que a glória de Deus, geramos uma desordem no nosso próprio ser.

(Trechos extraído do livro "Um olhar que cura – Terapia das doenças espirituais" pag. 64 a 69) de Padre Paulo Ricardo)


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/por-que-fazer-jejum/

13 de março de 2017

O que da vida não se descreve

Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei

Eu me recordo daquele dia. O professor de redação me desafiou a descrever o sabor da laranja. Era dia de prova e o desafio valeria como avaliação final. Eu fiquei paralisado por um bom tempo, sem que nada fosse registrado no papel. Tudo o que eu sabia sobre o gosto da laranja não podia ser traduzido para o universo das palavras. Era um sabor sem saber, como se o aprimorado do gosto não pertencesse ao tortuoso discurso da epistemologia e suas definições tão exatas.

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Foto: warrengoldswain by Getty Images

Diante da página em branco, eu visitava minhas lembranças felizes, quando na mais tenra infância eu via meu pai chegar em sua bicicleta Monark, trazendo na garupa um imenso saco de laranjas. A cena era tão concreta dentro de mim, que eu podia sentir a felicidade em seu odor cítrico e nuanças alaranjadas. A vida feliz, parte miúda de um tempo imenso; alegrias alojadas em gomos caudalosos, abraçados como se fossem grandes amigos, filhos gerados em movimento único de nascer. Tudo era meu; tudo já era sabido, porque já sentido. Mas como transpor esta distância entre o que sei, porque senti, para o que ainda não sei dizer do que já senti? Como falar do sabor da laranja, mas sem com ele ser injusto, tornando-o menor, esmagando-o, reduzindo-o ao bagaço de minha parca literatura?

Não hesitei. Na imensa folha em branco registrei uma única frase. "Sobre o sabor eu não sei dizer. Eu só sei sentir!"

Eu nunca mais pude esquecer aquele dia. A experiência foi reveladora. Eu gosto de laranja, mas até hoje ainda me sinto inapto para descrever o seu gosto. O que dele experimento pertence à ordem das coisas inatingíveis. Metafísica dos sabores? Pode ser…

O que posso falar sobre o que sinto?

O interessante é que a laranja se desdobra em inúmeras realidades. Vez em quando, eu me pego diante da vida sofrendo a mesma angústia daquele dia. O que posso falar sobre o que sinto? Qual é a palavra que pode alcançar, de maneira eficaz, a natureza metafísica dos meus afetos? O que posso responder ao terapeuta, no momento em que me pede para descrever o que estou sentindo? Há palavras que possam alcançar as raízes de nossas angústias?

Não sei. Prefiro permanecer no silêncio da contemplação. É sacral o que sinto, assim como também está revestido de sacralidade o sabor que experimento. Sabores e saberes são rimas preciosas, mas não são realidades que sobrevivem à superfície.


Querer a profundidade das coisas é um jeito sábio de resolver os conflitos. Muitos sofrimentos nascem e são alimentados a partir de perguntas idiotas.

Quero aprender a perguntar menos. Eu espero ansioso por este dia. Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei. Quero que a matriz de minhas alegrias seja o que da vida não se descreve.

9 de março de 2017

Autoconhecimento é importante?

Muitos acham que se conhecem, mas até que ponto chega esse autoconhecimento?

Vivemos em um mundo que nos incentiva a sermos independentes de Deus e de todos. Incentiva-nos a uma autorrealização que, para a grande maioria, parece cada vez mais distante, pois se trata de incentivo a uma vida cada vez mais fora de nós mesmos, cada vez mais exteriorizada. O resultado disso é que as pessoas se preocupam cada vez menos com seu interior e cuidam menos dele, gerando sentimentos de frustração e de vazio. Por causa disso, encontramos um número crescente de pessoas que sentem um grande vazio interior e uma grande insatisfação, não conseguindo sequer dar nome ao próprio sentimento. O autoconhecimento é necessário.

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Foto: Daniel Mafra / cancaonova.com

A sabedoria clássica considera o pensamento de Sócrates – "Conhece-te a ti mesmo" – como ponto de partida da filosofia humana. No entanto, esse é um caminho muito difícil de ser percorrido para quem não tem um referencial, um modelo de personalidade a ser atingido. Nós cristãos, que temos Jesus Cristo como modelo, precisamos ter a coragem de nos pôr a caminho e de nos conhecer em profundidade. O autoconhecimento é um caminho que nos leva a olhar para dentro de nós mesmos e a reconhecer nossos dons e talentos recebidos de Deus e também os nossos limites, fraquezas e os pontos que precisam ser melhorados. "Conhecer-se a si mesmo é uma necessidade e um dever do qual ninguém pode subtrair-se. O homem tem necessidade de saber quem é. Não pode viver se não descobre que sentido tem sua vida. Arrisca-se a ser infeliz se não reconhecer sua dignidade" (Amarás o Senhor teu Deus – Amadeo Cencini – pág. 8 – Edições Paulinas).

Conhecer-se a si mesmo é uma necessidade fundamental para se ter um conceito correto e real de si próprio, pois somente quem descobre seu verdadeiro valor consegue uma aceitação serena de si mesmo e de suas limitações, o que lhe proporciona a segurança necessária para viver e realizar mudanças essenciais.

Muitos acham que se conhecem, mas até que ponto chega esse autoconhecimento? Para que você possa averiguar isso, recomendo um teste simples: escreva em uma folha 10 qualidades que você reconhece possuir e 10 pontos fracos que precisam ser melhorados. O que foi mais fácil para você escrever? As qualidades ou os defeitos?

O autoconhecimento nos leva à autoestima e ao amor-próprio, ou seja, a olharmos para nós mesmos reconhecendo-nos como criaturas de Deus, como obras-primas de Deus, sem exaltações nem degradações.

Sem essa visão, o que é gerado é insegurança, perfeccionismo, dificuldade de lidar com os próprios erros e fraquezas e também com os dos outros, entre muitas outras consequências. Santo Agostinho afirmava: "Conhecer-me e conhecer-Te", com isso, ele nos ensina que quanto mais nos conhecemos, tanto mais conhecemos Aquele que nos criou e que é a luz do mundo, de modo que veremos a realidade de forma mais adequada.

Volte à lista que você fez. Nas qualidades descritas, marque as alternativas relacionadas ao fazer, a atitudes externas e observe quantas você colocou de atitudes externas e quantas internas. Assim, você poderá perceber não só o quanto você se conhece, mas também o quanto você está voltado para as coisas exteriores.

A importância do exame de consciência

A Igreja nos dota de uma grande ferramenta de autoconhecimento: o exame de consciência diário. Com ele, é possível avaliarmos bem onde podemos ser atingidos pelo inimigo, os nossos pontos fracos, nossos defeitos, paixões e vícios camuflados. Com isso, podemos voltar confiantes para o Senhor, que nos ama e sempre cuida de nós. Apresentando-nos a Ele como somos, sem medo, sem receios e buscando n'Ele a força diária para vencermos nossas batalhas interiores. São Francisco afirmava: "Eu sou o que sou diante de Deus, e mais nada!". O Senhor nos vê como somos, diante d'Ele não precisamos nos esconder.

Trata-se de uma ferramenta simples, basta dedicarmos poucos e breves minutos do nosso dia ao Senhor, com constância. Dessa forma, vamos, pouco a pouco, conseguindo olhar mais a fundo para o nosso interior e conhecendo não só nossos limites, como nossas riquezas. Precisamos entender que as nossas limitações não estão no nosso exterior, no que fazemos, mas sim, no nosso interior, naquilo que somos. Somos filhos de Deus, filhos amados de Deus! O nosso principal valor está no ser pessoa.


Precisamos saber quem somos, quais nossos dons e talentos; do mesmo modo, precisamos também saber quais são nossos objetivos no uso dessas capacidades. Pois não é somente aquilo que possuímos que decide o nosso valor como pessoa, mas o que somos no mais profundo de nossa identidade como seres humanos, como cristãos, batizados, justificados, filhos de Deus. Essa estima positiva é um valor que ninguém pode tirar de nós.

7 de março de 2017

Como conciliar a nova evangelização e a mídia?

Preparar-se para uma novidade que, a cada dia, é lançada pela mídia, urge uma preparação a partir daquilo que já existe

O homem transformou-se no homem on-line, o homem do presente, da satisfação imediata, das relações descaracterizadas, da mídia, o homem ao qual é continuamente subtraída a necessidade da escolha, porque a grande "rede" é armazém de experiências sempre disponíveis. Assim, o homem pode tornar-se um indivíduo sem memória, disperso na multidão de solidão. Na nossa época, está difundida em muitas pessoas a convicção de que o tempo das certezas passou irremediavelmente: o homem deveria aprender a viver num horizonte de total ausência de sentido, no segmento do provisório e do passageiro.

Diante desse cenário, como é possível para a Igreja ajudar os homens e mulheres que estão nos mass media e os que deles fazem uso, a empreender o caminho de um novo humanismo, de uma renovada centralidade da pessoa humana?

Como conciliar a nova evangelização e a mídia?Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Entre muitos caminhos, São João Paulo II indicou três: a formação, a participação e o diálogo.

A formação

Trata-se de sair das situações de ocasionalidade e promover investimentos de recursos humanos que saibam enraizar na reflexão propriamente tecnológico-pastoral os aspectos e as competências especialmente profissionais. Muitas vezes e em muitos documentos, é recordada a urgência da formação de sacerdotes, religiosos e leigos.

A participação

Trata-se de iniciar projetos de cooperação entre as Igrejas locais para promover e coordenar instrumentos de comunicação social que se tornem espaços possíveis de comunicação segundo as perspectivas cristãs. Dessa forma, ter-se-á também a ocasião para opor-se, entre outras coisas, o processo de construção da opinião pública, que hoje é regulada com frequência por interesses e poderes econômicos. É necessário fazer crescer a cultura da corresponsabilidade.

O diálogo

O diálogo que os meios de comunicação podem favorecer precisamente a diversos níveis, os quais são veiculados de conhecimento recíproco, de solidariedade e de paz. Eles constituem um recurso positivo poderoso, se forem postos ao serviço da compreensão entre os povos; ao contrário serão uma arma destruidora se forem usados para alimentar injustiças e conflitos.

Com o fenômeno e o impacto da mídia na vida da pessoa contemporânea, o preparar-se para a novidade que a cada dia é lançada, urge uma preparação a partir daquilo que já existe. A missão de evangelizar, não pode ficar todo o tempo apenas na elaboração de projetos, que quando colocados em prática, já perderam a validade, por conta da velocidade que é o desenvolvimento comunicativo das tecnologias. Aqui o convite não é de correr atrás, mas de caminhar junto, e quem sabe vendo além daquilo que os nossos olhos podem ver.


Como conciliar nova evangelização e mídia? É possível diante da nossa realidade? Com tamanho e rápido desenvolvimento das novas técnicas de comunicação como evangelizar? Creio que o primeiro ponto de partida seja da mudança de linguagem, ou seja, não é uma evangelização pelos meios de comunicação, mas uma evangelização nos meios de comunicação.





padre Anderson Marçal

Anderson Marçal Moreira é padre da Igreja Católica Apostólica Romana. Natural da cidade de São Paulo (SP), padre Anderson é membro da comunidade Canção Nova desde o ano 2000. No dia 16 de dezembro de 2007, foi ordenado sacerdote. Estudou Teologia Pastoral Bíblica-Litúrgica na Universidade Salesiana de Roma.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/nova-evangelizacao-e-midia/

3 de março de 2017

Fama e dinheiro: o novo "Olympus" do pregador midiático

O desejo de fama, o dinheiro no mundo atual e os religiosos nesse meio

A mensagem deveria ser sempre maior que o mensageiro, sobretudo quando se trata de vidas e povos. Por isso, Nelson Mandela passou o governo a outros e não se fez ditador, embora tenha sido ele a figura chave do fim da Apartheid. A democracia na África do Sul era maior do que ele. Já Fidel Castro ficou maior do que a revolução que liderou. Tornou-se ditador. São João Batista entendeu que era preciso que Jesus crescesse e ele diminuísse. Com isso, tem-se uma ideia de persona e personagem do teatro grego. A mensagem é sempre maior que o mensageiro; o desejo de fama e de dinheiro não pode crescer mais do que a vontade de levar o principal, que é a mensagem.

Fama e dinheiro o novo Olympus do pregador midiáticoFoto: RyanKing999  by Getty Images

A máscara era símbolo do teatro grego, chamava-se persona. De certa forma, protegia a mensagem dada no anfiteatro grego de misturar-se com a pessoa do declamador, do artista. A mensagem era maior que o artista. O que estava em jogo naquela peça era a mensagem, não o apresentador. Ele se escondia atrás da máscara, para o povo não o confundir com a mensagem. A mensagem tinha esse direito e ele também o tinha. Era como se a mensagem dissesse: "Existo antes dele. Não sou meu apresentador". Era como se o artista dissesse: "Não sou a mensagem que lhe dou. Sou menor do que ela, a depender dela". Importava não ele, mas o seu recado.

O teatro sempre vestiu seus atores com roupas e rostos dos personagens. Eles personificavam outras pessoas e eram respeitados por causa disso. Sabiam interpretar e mostrar uma mensagem. Com o advento do cinema e da televisão, os rostos passaram a não mudar e os closes mostravam não o papel, mas o artista. O personagem ficou para trás e quem se destacou foi o artista. A mensagem ficou menor do que o seu mensageiro.

Fábricas de ídolos

O novo fato chegou às outras mídias e ao púlpito também: cantor mais importante do que a canção, pregador mais importante do que a liturgia, ator mais importante do que a peça, apresentador mais importante do que os apresentados etc. O centro do indivíduo matou a persona. A pessoa ganhou projeção graças a um intenso marketing e ainda mais intensa autoexposição. Nasceram as modernas fábricas de ídolos. Não teriam que ter conteúdo, nem ter escrito o texto, nem tem um cabedal de conhecimentos. Se falassem bonito, se fossem bonitos ou bonitas, eram eles que vendiam e não a mensagem.

Em seu escritos, Joseph Campbell afirma: "Quando o mundo se altera, a religião tem que se transformar". "A função do artista é a mitologização do meio ambiente e do mundo". Na nossa cultura de religião fácil, atingida sem esforços, parece que esquecemos que as três grandes religiões ensinam que as provações da jornada heroica são parte significativa da vida, e que não há recompensa sem renúncia, sem pagar o preço. Na mídia de hoje, é visível a presença intensa de pessoas que são verdadeiros mitos ou até mesmo semideuses. Em muitas Igrejas que hoje atuam intensamente por meio dos veículos que se convencionou chamar de mídia religiosa, há semideuses, gigantes e heróis da fé.

Um fenômeno digno de nota é que alguns deles são mais divulgados pela mídia secular do que pela mídia religiosa. Vendem livros e canções, e isso os qualifica a serem, também, divulgados intensamente por editoras e gravadoras não religiosas. Devem ser ouvidos, porque alguns deles são argutos e sabem o que querem; sabem também o porquê de terem se exposto aos riscos do consumo, que, como o deus Cronos, engole o seu próprio produto. Muitíssimos desses mitos religiosos passam hoje pelas caixas registradoras e se curvam aos poderes do deus Mercado.


Religião e fama

Os religiosos entraram nesse meio. Para chegar a milhões, aceitam "carona" em veículos mais eficientes, pois os da Igreja são lentos demais e pouco abrangentes. O fato é mais do que evidente.

O advento da mídia poderosa que atinge milhões de olhos e ouvidos, certamente milhões a mais do que Jesus atingiu no Seu tempo, trouxe à cena porta-vozes que hoje falam a milhões em seu nome. O pregador midiático de agora fala simultaneamente para milhões de pessoas. Com a mídia poderosa, veio a fé poderosa que até marca dia, hora e lugar do milagre, tanta certeza tem o pregador de que o seu esquema dará certo.

Aqui entra a imagem do pregador midiático de agora. Dos anos de 1940 para cá, com o advento do cinema para multidões, da televisão a partir dos anos de 1960, da internet a partir dos anos 1990, pregar religião para as massas tornou-se terreno de empresários, empreendimento caro e exigente, e para isso as Igrejas precisam de membros capazes de usar a nova linguagem, por ser ele um novo instrumento de mensagem e poder. Mas custa elevadamente mais caro do que manter uma catedral e suas matrizes. A mídia moderna é o novo deus Moloc, ou Pantagruel. Ele como dinheiro. Não há comunicação barata.


Aparece, então, a figura do semideus da fé, que, mais que herói da religião, é porta-voz na linha de frente da evangelização. Ele suscita e levanta fundos. Clama dinheiro. Se acreditar em kenosis, não tocará neste dinheiro. Se acreditar em conforto, puxará o que puder para si mesmo. O discurso será eclesial e comunitário, mas a sua conta no banco mostrará outra práxis.

Alguns deles fundaram emissoras e até igrejas com o auxílio da nova midi, outros se cercaram de figuras envolventes que aceitam e até gostam do brilho dos holofotes. O admirável mundo novo chegou ao púlpito e com ele o admirável brilho novo, que encheu de entusiasmo um grande número de pregadores da fé. Agora, sim, tendo ou não tendo muito o que dizer, poderia dizê-lo a milhões de pessoas; tendo ou não tendo muito que cantar, cantaria para milhões de ouvidos.

Trecho do livro 'Testemunhas digitais'



1 de março de 2017

Por que fazer jejum?

A prática do jejum nos ajuda a estarmos prontos para a renúncia

Não existe uma forma menos "sofrida" de adquirir a virtude da temperança? São João Cassiano (370-435) explica por que é necessário que o corpo sofra um pouco. A razão é muito simples: não é possível cometer o pecado da gula sem a cooperação do corpo. E isso é evidente, já que os anjos, por exemplo, não podem pecar por gula, no sentido próprio da palavra. Ora, se é com o corpo que acontece o pecado, o combate à doença da gastrimargia só pode acontecer caso o corpo entre na luta. Por isso, deve-se fazer jejum. Esses dois vícios [a gula e a luxúria], por não se consumarem sem a participação da carne, exigem, além dos remédios espirituais, a prática da abstinência.

Por que fazer jejum

Não basta o propósito do espírito

Na verdade, para quebrar os seus grilhões, não basta o propósito do espírito (como acontece em relação à ira, à tristeza e às outras paixões que, sem afligir o corpo, a alma sozinha consegue vencer), mas é imprescindível a mortificação corporal pelos jejuns, as vigílias e os trabalhos que levam à contrição, podendo-se acrescentar também a fuga das ocasiões insidiosas. Sendo tais vícios oriundos da colaboração da alma e do corpo, não poderão ser vencidos sem ambos se empenharem nesse processo. Nós, medíocres que somos, não temos a maturidade necessária para a santidade, por isso não seríamos capazes de nos manter em ordem, naquele equilíbrio que "tempera" a vida, sem o auxílio do jejum. Com o jejum somos capazes de rechaçar as incursões hostis da sensualidade e libertar o espírito para que se eleve a regiões mais altas, onde possa ser saciado com os valores que lhes são próprios. É a imagem cristã do homem quem exige esses voos.

Fazer jejum não é passar fome

Devemos estar prontos para a renúncia e a severidade de um caminho que termina com a instauração da pessoa moral completa, livre e dona de si mesma, porque um dever natural nos impulsiona a ser aquilo que devemos ser por definição. Nunca é demais insistir no fato de que o jejum não nasce de corações ressentidos e que odeiam a vida. A Igreja e seus santos sempre reconheceram a bondade fundamental desta vida e dos alimentos que a sustentam. Um santo não é um faquir, e o ideal ascético cristão nunca foi o de deitar numa cama de pregos ou engolir cacos de vidro. Desde o Novo Testamento, a Igreja sempre condenou o "destempero" dos santarrões e das suas seitas. Jejuar não é simplesmente passar fome. Se assim o fosse, a anorexia das modelos seria virtude heroica e os famélicos da história poderiam ser canonizados. Mas a simples fome não santifica ninguém. Para que dê o seu fruto, o jejum deve ser acompanhado de uma atitude espiritual adequada, pois a doença espiritual que desejamos curar é, seja permitida a redundância, espiritual.


A intenção não é detalhe

O pecado não está no alimento, mas no desejo. São Doroteu de Gaza (século VI) explica isso a partir de uma comparação com o casamento. O ato sexual realizado por um devasso pode ser externamente idêntico ao de um esposo, mas sua natureza é completamente diferente. Nos atos humanos, a intenção não é um mero detalhe.

Assim também é na alimentação. O homem sadio e o homem que sofre de gastrimargia podem comer os mesmos alimentos nas mesmas quantidades, mas somente o doente comete idolatria. Quando, diante dos alimentos, nos esquecemos de Deus e começamos a desejar o nosso próprio bem, mais do que a glória de Deus, geramos uma desordem no nosso próprio ser.

(Trechos extraído do livro "Um olhar que cura – Terapia das doenças espirituais" pag. 64 a 69) de Padre Paulo Ricardo)


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/por-que-fazer-jejum/

27 de fevereiro de 2017

Em busca da felicidade

A sede de felicidade foi colocada em nosso coração pelo próprio Deus

Um jovem rico procurou o Filho de um carpinteiro, que não vinha da capital judaica, mas sim da província do norte da Galileia, que era muito pobre. Esse jovem perguntou a Jesus: "Mestre, o que devo fazer para ter a vida eterna, a felicidade, a paz?

Em busca da felicidade
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Centenas de jovens vão, todos os meses, da Europa para a Índia. Se você lhes perguntar por que eles estão deixando os países deles para uma terra de tantos miseráveis e desconfortos, eles dirão: "Viemos aqui em busca da paz e felicidade. Diga-nos aonde devemos ir. Queremos ir a uma casa de retiros dos hindus. Diga-nos a que guru devemos procurar".

O jovem rico que buscava incessantemente a felicidade

Era exatamente isso que aquele jovem rico pedia a Jesus. Vocês sabem muito bem a resposta, pois acreditam na Doutrina Católica. O jovem rapaz declarou ao Senhor que, desde que se lembrava, havia tentado ser bastante religioso, acreditava em toda a doutrina da religião e ainda assim era infeliz. Isso é o que muitas pessoas dizem no dia de hoje: "Eu tentei tudo e ainda não sou feliz. Ainda busco a felicidade no meu coração".

Apesar de todo esforço daquele jovem para ser bom e religioso, ele ainda era infeliz. Diz a Palavra: Jesus o amou. Por quê? Por causa da humildade, por ele ter dito que precisava de Deus na vida dele, pois ainda não conseguia encontrar a paz em seu coração.

Nós encontramos muitas pessoas como esse rapaz rico que diz: "Padre, apesar de ter uma casa muito bonita, carro, tudo que o mundo pode lhe oferecer, ainda assim sou muito infeliz".

Cristo disse para aquele jovem rico: Você tentou tudo e ainda assim fracassou. Mas há apenas uma coisa que você precisa fazer: vender tudo o que tem e seguir-me. Ou seja, o Senhor afirmou ao jovem: Largue isso, porque constitui um obstáculo para uma vida feliz e em paz. Ou há alguma coisa que está tomando o lugar de Deus na sua vida?


No caso daquele rapaz, o que estava tomando o lugar de Deus na vida dele era o apego às riquezas. Em nosso caso, pode ser um amigo, que é mais importante para nós do que nossa família; pode ser nosso trabalho, que é mais importante para nós do que ficar em casa. Há na vida de cada um de nós, alguma coisa que nos está bloqueando de chegar mais perto de Deus. Essa coisa que está tomando o lugar do Altíssimo no centro da nossa vida.

Jesus não disse ao jovem que ele tinha uma vida ruim, mas talvez não tinha um bom sistema de valores, visto que criaturas estavam tomando o lugar do Criador na vida dele. É isso que Santo Agostinho dizia: "Oh, Deus, quão maravilhoso Tu és e eu me voltei para criaturas que se tornaram mais importantes do que o Senhor, Deus Todo-poderoso".


Todas as pessoas que vieram até Jesus buscando a felicidade, uma nova vida, Ele não lhes disse: "Você tem de acreditar nessas doutrinas aqui". O que Jesus fala? "Siga-me". O Cristianismo não é só uma questão de obedecer aos mandamentos, cumprir uma doutrina, mas seguir uma Pessoa, seguir Jesus Cristo. Acima de tudo, fazer d'Ele o centro da nossa vida.

Não há limite para Deus fazer milagres na sua vida, basta reconhecer Jesus como único líder religioso do mundo, o qual afirmou: "Eu sou a única verdade, o único caminho, a única vida". Amém!

Padre Rufus Pereira


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/em-busca-da-felicidade/

24 de fevereiro de 2017

O grande valor da comunhão espiritual

A comunhão espiritual é o caminho para as pessoas que não podem recebê-la sacramentalmente na Missa

A comunhão espiritual é um ato de desejo interior, consciencioso e sério, de receber a Sagrada Comunhão e, mais especificamente, de se unir ao Senhor. Ela pode ser feita por palavras ou por pensamentos interiores que nos levam a uma íntima união com Cristo, e Jesus não deixará de nos conceder as suas copiosas bênçãos.
Nos dias de hoje, pode-se fazer, com frequência, a comunhão espiritual como desejo de maior união e intimidade com Deus ao longo dos dias da nossa vida. Ela é e pode ser o único meio de união e intimidade com Deus para quem, por exemplo, não guardou uma hora de jejum eucarístico, vive numa situação de irregularidade perante a Igreja ou pratica outra religião.

Caminho para quem não pode recebê-la na Missa

A comunhão espiritual é o caminho para as pessoas que não podem recebê-la sacramentalmente na Missa, "mas podem recebê-la espriritualmente" na hora santa, ao entrar em uma igreja, quando estiver em casa ou no trabalho, ou nas situações de dificuldade pelas quais se passa na vida. "Senhor, que de Vós jamais me aparte" (Jo 6,35), pois, "Quem come deste pão viverá eternamente" (Jo 6,58).

É bom cultivar o desejo da plena união com Cristo através da prática da comunhão espiritual, recordada por João Paulo II e recomendada por santos mestres de vida espiritual (SC,55). Uma visita ao Santíssimo Sacramento é uma boa oportunidade para se fazer essa comunhão.

Documentos da Igreja

Um dos melhores meios para os divorciados recasados participarem ativamente da comunidade cristã é, segundo o ensinamento da Igreja, a comunhão espiritual.

Que o magistério reconheça a relação entre a graça e a comunhão espiritual que se deduz especialmente do convite que a mesma Igreja faz aos divorciados recasados de unir-se a Cristo pela comunhão espiritual.

Mais ainda: "Os fiéis devem ser ajudados na compreensão mais profunda do valor da participação ao sacrifício de Cristo na Missa, da comunhão espiritual, da oração, da meditação da Palavra de Deus, das obras de caridade e de justiça" (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Carta aos Bispos,1994, n.6).

"A prática da comunhão espiritual, tão querida à tradição católica, poderia e deveria ser em maior medida promovida e explicada para ajudar os fiéis a melhor se comunicarem sacramentalmente, quer para servir de verdadeiro conforto a quantos não podem receber a comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo, quer por várias razões. Pensamos que esta prática ajudaria as pessoas sozinhas, em particular os deficientes, idosos, presos e refugiados. Conhecemos afirmam os bispos do Sínodo – a tristeza de quantos não podem ter acesso à comunhão sacramental devido a uma situação familiar sem conformidade com o mandamento do Senhor (cf. Mt 19, 3-9). Alguns divorciados que voltaram a casar-se aceitam com sofrimento o fato de não poderem receber a comunhão sacramental e oferecem-no a Deus. Outros não compreendem esta restrição e vivem uma frustração interior. Reafirmamos que, mesmo com irregularidade na sua situação (cf. CIC 2384), vocês não estão excluídos da vida da Igreja. Pedimos-lhes que participem na Santa Missa dominical e que se dediquem assiduamente à escuta da Palavra de Deus para que ela possa alimentar a sua vida de fé, caridade e partilha" (Mensagem da XI Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus. Cidade do Vaticano, 21 de outubro de 2005).

A Exortação Apostólica pós-sinodal "Sacramentum caritatis", de 22 de fevereiro de 2007, confirma: "Mesmo quando não for possível abeirar-se da comunhão sacramental, a participação na Santa Missa permanece necessária, válida, significativa e frutuosa; neste caso, é bom cultivar o desejo da plena união com Cristo, por exemplo, através da prática da comunhão espiritual, recordada por João Paulo II (170) e recomendada por santos mestres de vida espiritual" (171) SC,55).

Na teologia

É importante, segundo o padre G. Muraro redescobrir a doutrina do desejo do sacramento – através da comunhão espiritual – para continuar a presença de Jesus na vida dos divorciados. Ele apela ao antigo princípio, segundo o qual o caminho sacramental não esgota todos os caminhos da graça.

O lugar teológico de referência para entender este caminho alternativo se encontra em Santo Tomás, o qual trata da comunhão espiritual.

Segundo a explicação de Santo Tomás, a realidade do sacramento pode ser obtida antes da recepção ritual do mesmo sacramento, somente pelo fato que se desejar recebê-lo (cf. S. Tomás de Aquino, Summa Theologicae, III, q. 80,a, 4).

O valor da comunhão espiritual como caminho extrasacramentário da graça encontra apoio no fato de que a Igreja "com firme confiança, crê que, mesmo aqueles afastatos do mandamento do Senhor e que vivem agora neste estado, poderão obter de Deus a graça da conversão e da salvação se perseverarem na oração, na penitência e na caridade FC 84" (cf. G. Muraro, I divorziati risposati nella comunitá cristiana, Cinisello Balsamo, Paoline,1994 in Sc. Catt. art. cit. 564-565).

Dom Edvaldo, enfatizando o valor e o bem da comunhão espiritual, encoraja os casais em segunda união e os aconselha a fazer esta comunhão na Santa Missa, devidamente dispostos e desejosos de receber o Corpo de Cristo por uma oração sincera. Se sua fé e amor for tão intenso e apaixonado, é possível talvez que eles obtenham maior proveito espiritual do que aqueles que, por rotina e sem piedade alguma, recebem a sagrada hóstia em nossas celebrações sem nenhuma convicção e adequada preparação espiritual.

Pe Luciano Scampini
Sacerdote da paróquia N. S. Aparecida, da Arq. Campo Grande


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/o-grande-valor-da-comunhao-espiritual/