17 de agosto de 2011

Não recue diante do medo

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É preciso policiar a nossa mente; ela pode fabricar fantasmas
O medo da desgraça é pior do que a desgraça. O medo de sofrer é pior do que o sofrimento. É natural ter medo; é algo humano, mas devemos enfrentá-lo para que ele não paralise a nossa vida. Há muitas formas de medo: temos medo do futuro incerto, da doença, da morte, do desemprego, do mundo... O medo nos paralisa e nos implode interiormente, perturba a alma, por isso é importante enfrentá-lo. Talvez seja ele uma das piores realidades de nossos dias.


Coragem não é a ausência do medo, é sim a capacidade de alcançar metas, apesar do medo; caminhar para frente; enfrentar as adversidades, vencendo os medos. É isso que devemos fazer. Não podemos nos derrotar, nos entregar por causa desse sentimento [medo].

A maioria das coisas que tememos acontecer conosco, acabam nos acontecendo. E esse medo antecipado nos faz sofrer muito, nos preocupar em demasia e perder horas de sono. E, muitas vezes, acaba acontecendo o que menos esperamos. Muitas vezes antecipadamente, sem nenhuma necessidade. Como me disse um amigo: "não podemos sangrar antes do tiro!".

É preciso policiar a nossa mente; ela solta a si mesma e pode fabricar fantasmas assustadores, especialmente nas madrugadas. Os medos em geral são sombras imaginárias sem bases na realidade.

Há pessoas que se sentem ameaçadas por tudo e por todos: "Fulano não gosta de mim, veja como me olha!" Ou: "Sicrano me persegue; todos conjuram contra mim; meu trabalho não vai dar certo..." E assim vão dramatizando os fatos e fabricam tragédias.

É preciso acordar, deixar de se torturar com essas fantasias e pesadelos imaginários; o que assusta é irreal. Quando amanhece as trevas somem... para onde foram? Não foram para lugar algum, simplesmente desapareceram, não existiram; não eram reais. Quanto menor o medo, menor o perigo. As aflições imaginárias doem tanto quanto as outras.

Quando Jesus chamou Pedro para vir ao encontro d'Ele, andando sobre as águas do mar da Galileia, ele foi, mas permitiu que o medo tomasse conta do seu coração; então, comecou a afundar. Após salvá-lo, Jesus lhe pergunta: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?" (Mt 15,31).

Pedro sentiu medo porque olhou para o vento e para a fúria do mar em vez de manter os olhos fixos em Jesus. Esse também é o nosso grande erro, em vez de mantermos os olhos fixos em Deus, permitimos que as circunstâncias que nos envolvem nos amendrontam.

Não podemos, em hipótese alguma, abrigar o medo e o pânico na alma; não lhes permitir que "durmam" conosco. Não! Arranque-os pela fé, pela oração e por um ato de vontade, decididamente.

É claro que toda a fé em Deus não nos dispensa de fazer a nossa parte. Não basta rezar e confiar, cruzando em seguida os braços; o Senhor não fará a nossa parte. Ele está pronto a mover todo o céu para fazer aquilo que não podemos fazer, mas não faz nada que podemos fazer. Vivemos dizendo a Deus que temos confiança n'Ele, mas passamos o tempo todo provando o contrário, por nossas preocupações...

Quando você age com fé e confiança em Deus, Ele lhe dá equilíbrio e luzes para agir, guiando-o e abrindo portas para você resolver o problema que o angustia. Se temos um problema é porque ele tem solução, então vamos a ela; se o problema não tem solução, então não é mais um problema, é um fato consumado, que devemos aceitar.

Em vez de ficar pensando em suas fraquezas, deficiências, problemas e fracassos, reais ou imaginários, pense como o salmista: " O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei" (Sl 26,1).

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

15 de agosto de 2011

Dia dos Pais - Significado e orações

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Os pais têm um papel importante na formação do caráter dos filhos
O mês de agosto é o Mês das Vocações. Dentro da vocação familiar, da feliz união entre um homem e uma mulher, nós celebramos a cada segundo domingo de agosto o Dia dos Pais. Equilibrando erros e acertos, os pais têm um papel importante na formação do caráter e no decorrer da vida dos filhos.


Os pais acompanham seu crescimento, seu desenvolvimento intelectual e se esforçam para dar aos filhos conforto, boa alimentação, educação de qualidade. E, em geral, procuram orientá-los para que possam enfrentar o mundo, com suas alegrias, com seus dissabores. Acompanham-nos em suas vitórias, em seus fracassos, em suas lutas.

É claro que há exceções, mas essas exceções só confirmam a regra porque pais que não se preocupam com seus filhos não estão no seu estado natural, normal. O mundo de hoje apresenta anomalias absurdas. Temos notícia de pais que torturam seus filhos, que os desrespeitam, que espancam ou matam a mãe na presença dos filhos. Mas isso não é o correto, o desejável, a razão pela qual Deus os fez pais.

A família – o Lar cristão – Igreja doméstica – Santuário da vida – é a célula básica da sociedade. Deus nos coloca numa família para que nela aprendamos a amar e, porque aprenderemos a amar sem medidas, Ele espera que extravasemos esse amor para a vizinhança, para o bairro, para toda a cidade, para o mundo.

Dentro da família, o pai é o apoio, o amparo, a proteção, tal como São José o foi na Sagrada Família. Precisamos de muitas orações pelos pais, para que eles tenham saúde, caráter, amor no coração e para que eles sejam amados e respeitados pelos seus filhos, que se espelharão neles [pais] para construir a própria vida.

E, mais importante do que tudo isso, que nossos pais sejam educadores de seus filhos na fé, transmissores da fé católica e deem testemunho de discípulos-missionários de Jesus Cristo.

Uma prece especial fazemos pelos pais e avôs que já nos precederam no convívio celeste da comunhão dos santos. Da mesma maneira, aos pais presentes, que Deus abençoe os pais de todo o mundo. Sendo eles abençoados, as famílias o serão e a humanidade poderá conhecer uma vida melhor.


Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG)

11 de agosto de 2011

Família: O apostolado dos leigos

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O vínculo conjugal é princípio e fundamento da sociedade humana
O Criador de todas as coisas constituiu o vínculo conjugal princípio e fundamento da sociedade humana e fê-lo, por sua graça, sacramento grande em Cristo e na Igreja (cf. Ef 5, 32). Por isso, o apostolado conjugal e familiar tem singular importância tanto para a Igreja como para a sociedade civil.


Os esposos cristãos são cooperadores da graça e testemunhas da fé um para com o outro, para com os filhos e demais familiares. Eles são os primeiros que anunciam aos filhos a fé e os educam. Formam-nos, pela palavra e pelo exemplo, para a vida cristã e apostólica. Ajudam-nos com prudência a escolher a sua vocação e fomentam com todo o cuidado a vocação de consagração porventura neles descoberta.

Foi sempre dever dos esposos e hoje é a maior incumbência do seu apostolado: manifestar e demonstrar, pela sua vida, a indissolubilidade e a santidade do vínculo matrimonial; afirmar vigorosamente o direito e o dever próprio dos pais e tutores de educar cristãmente os filhos; defender a dignidade e legítima autonomia da família. Cooperem, pois, eles e os outros cristãos, com os homens de boa vontade para que estes direitos sejam integralmente assegurados na legislação civil. No governo da sociedade, tenham-se em conta as necessidades familiares quanto à habitação, educação dos filhos, condições de trabalho, seguros sociais e impostos. Ao regulamentar a migração salve-se sempre a convivência doméstica.

Foi a própria família que recebeu de Deus a missão de ser a primeira célula vital da sociedade. Cumprirá essa missão se se mostrar, pela piedade mútua dos seus membros e pela oração feita a Deus em comum, como que o santuário doméstico da Igreja; se toda a família se inserir no culto litúrgico da Igreja e, finalmente, se a família exercer uma hospitalidade atuante e promover a justiça e outras boas obras em serviço de todos os irmãos que sofrem necessidade.

Podem enumerar-se, entre as várias obras de apostolado familiar, as seguintes: adotar por filhos crianças abandonadas, receber com benevolência estrangeiros, coadjuvar no regime das escolas, auxiliar os adolescentes com conselhos e meios materiais, ajudar os noivos a prepararem-se melhor para o matrimônio, colaborar na catequese, auxiliar os esposos e as famílias que se encontram em crise material ou moral, proporcionar aos velhos não só o necessário, mas também fazê-los participar, com equidade, dos frutos do progresso econômico.

As famílias cristãs, pela coerência de toda a sua vida com o Evangelho e pelo exemplo que mostram do matrimônio cristão, oferecem ao mundo um preciosíssimo testemunho de Cristo, sempre e em toda a parte, mas sobretudo naquelas regiões em que se lançam as primeiras sementes do Evangelho ou em que a Igreja está nos começos ou atravessa alguma crise grave.

Pode ser oportuno que as famílias se unam em certas associações para mais facilmente poderem atingir os fins do seu apostolado.

Os nossos tempos, porém, não exigem um menor zelo dos leigos; mais ainda, as condições atuais exigem deles absolutamente um apostolado cada vez mais intenso e mais universal. Com efeito, o aumento crescente da população, o progresso da ciência e da técnica, as relações mais estreitas entre os homens, não só dilataram imensamente os campos do apostolado dos leigos, em grande parte acessíveis só a eles, mas também suscitaram novos problemas que reclamam a sua atenção interessada e o seu esforço. Este apostolado torna-se tanto mais urgente quanto a autonomia de muitos setores da vida humana, como é justo, aumentou, por vezes com um certo afastamento da ordem ética e religiosa e com grave perigo para a vida cristã. Além disso, em muitas regiões onde os sacerdotes são demasiado poucos ou, como acontece por vezes, são privados da liberdade de ministério, a Igreja dificilmente poderia estar presente e ativa sem o trabalho dos leigos.

 

Texto compilado do Decreto Apostolicam Acuositatem sobre o apostolado dos leigos

9 de agosto de 2011

Antônio Frederico Ozanam


(1813-1853)
Antônio Frederico Ozanam nasceu a 23 de Abril de 1813, em Milão (Itália). Filho de Jean-Antoine, médico prestigioso, cuja fama profissional não o impedia de assistir doentes indigentes, com o mesmo cuidado e afabilidade reservados aos pacientes da alta condição social, e de Marie Ozanam, também dedicada à assistência dos pobres e enfermos. Frederico respira desde o nascimento o profundo espírito de caridade compartilhado pelos seus pais.
Depois de uma infância muito protegida em Lião, Frederico entra no colégio em 1822 para começar os estudos secundários. Estudante brilhante e leitor insaciável, aos 17 anos conhece várias línguas: grego, latim, italiano e alemão, e inicia um curso de hebraico e sânscrito. De espírito sensível e preocupado, é apaixonado pelo estudo da Filosofia, consumindo-se com frequência numa investigação existencial e espiritual, que jamais abandonará.
Em 1831, Frederico, erudito jovem de província, chega a Paris para estudar na Sorbona. Em pouco tempo converte-se num assíduo frequentador dos ambientes intelectuais (entre os quais o salão de Madame Récamier) e começa a colaborar com jornais e revistas. Apesar da sua timidez e do comportamento simples, emergem com clareza tanto a sua profunda humanidade como o seu rigor moral: a sua imensa cultura, as suas opiniões actualizadas e o seu catolicismo empenhado tornam-no rapidamente uma personalidade relevante. Frederico dedica a sua formidável eloquência a moderar os debates sobre religião e política, num círculo literário estudantil chamado «Conferência de história», do qual é porta-voz. Certa tarde, depois de sair vencedor de um debate com um estudante socialista sobre o compromisso social dos católicos, anuncia a um amigo a intenção de realizar finalmente um projecto, que há tempo lhe era muito querido: uma «Conferência de caridade», uma associação de beneficência para a assistência dos pobres, «a fim de pôr em prática o nosso catolicismo».
Desta maneira, em Maio de 1833, com apenas 20 anos, Frederico funda, juntamente com seis companheiros, as Conferências de São Vicente de Paulo: «na época borrascosa em que nos encontramos, escreve ao seu amigo Ferdinand Velay, é bonito assistir à formação, acima de todos os sistemas políticos e filosóficos, de um grupo compacto de homens decididos a usar todos os seus direitos como cidadãos, toda a sua influência, todos os seus estudos profissionais, para honrar o catolicismo em tempos de paz e defendê-lo em tempos de guerra». Nenhum dos seus jovens fundadores podia imaginar o desenvolvimento que alcançaria esta pequena Sociedade benéfica, à qual Frederico se dedicaria, daí por diante, sem jamais poupar esforços.
Doutor em Direito (1836) e depois em Letras (1839), Ozanam inicia uma brilhante carreira universitária que o levará, em 1844, a tornar-se o titular da cátedra de Literatura Estrangeira na Universidade da Sorbona e a viver sem reservas a sua profunda vocação ao magistério.
Em 1841 casa-se com a jovem Amélie Soulacroix. Frederico Ozanam é, portanto, um homem profundamente inserido no seu tempo. Marido e pai, professor e literato, leigo comprometido, vive as diferentes dimensões da sua existência, com a mesma paixão e generosidade: vai pessoalmente aos bairros pobres de Paris e de outras cidades, promove a expansão das Conferências vicentinas no mundo, publica escritos históricos e literários, luta pela liberdade civil, política e religiosa, sofrendo pelos contrastes que dividem o mundo católico em facções políticas opostas, e tendo um coração cheio de ternura para com Amélie e Marie, sua filha. O seu caminho espiritual, sempre atormentado, conhece altos e baixos: Frederico julga não fazer o suficiente, e pede ao Senhor que o ajude a ser melhor, luta contra o orgulho até se esquecer do próprio valor.
Os primeiros sintomas do que seria uma grave infecção renal, confundida com uma enfermidade pulmonar, que o levaria lenta e dolorosamente a uma morte prematura, chegam-lhe de surpresa em 1846. Na tentativa de recuperar a saúde, Frederico passa algum tempo com a família na Itália, e é recebido em audiência por Pio IX. De retorno a Paris, Ozanam continua a dedicar-se, de corpo e alma, ao serviço dos seus alunos, ao jornal «Ere nouvelle», com o qual colaborou na sua fundação, aos pobres e aos trabalhadores.
A revolução de 1848 e o feroz debate no mundo político e católico só tornarão piores as suas condições de saúde. Em 1849, depois de ter sofrido um segundo ataque agudo do mal que o estava minando, Frederico começa a estar consciente do triste pressentimento. As suas actividades continuam de modo frenético. O seu anseio de conhecer e de participar leva-o a ignorar a dor física e, por vezes, até mesmo os conselhos dos médicos. Em Maio de 1853, de novo na Itália por motivo de saúde, a braços com a angústia de em breve ter que deixar os seus entes queridos, os sucessos profissionais e os debates políticos, mas pronto ao sacrifício, dirige-se a Deus: «Senhor, quero o que Tu queres, quero como o queres e por todo o tempo que o quiseres, quero-o porque Tu o queres».
Frederico Ozanam morreu na noite de 8 de Setembro de 1853, em Marselha, rodeado dos seus entes mais queridos, depois de uma agonia longa e dolorosa.
Este é o modelo de apóstolo leigo, erudito, empenhado e dedicado ao serviço dos mais pobres, que a Igreja apresenta a todos os fiéis, mas sobretudo aos jovens, durante a Missa presidida por João Paulo II, no dia 22 de Agosto, em Paris, na qual é beatificado Frederico Ozanam.
Digno de nota é o caso da cura milagrosa de uma criança brasileira, de apenas dezoito meses, afectada de uma grave forma de difteria, que nos primeiros dias de Fevereiro de 1926, em Nova Friburgo (RJ), obteve a graça por intercessão do Servo de Deus Frederico Ozanam. Esta cura foi reconhecida pela Junta médica da Congregação para as Causas dos Santos a 22 de Junho de 1995, e confirmada de modo unânime pelos Consultores teólogos, na reunião de 24 de Novembro do mesmo ano.

São Vicente de Paulo

27 de Setembro



São Vicente de Paulo "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e espírito e amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Mat 22,37.39).

Se não foi o lema da vida deste santo, viveu como se fosse. O santo de hoje, São Vicente de Paulo, nasceu na Aquitânia (França) em 1581. No seu tempo a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras.

Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados mas se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem foi preso e, com grande humildade, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguiu depois de dois anos sua liberdade.

A partir disso, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a "Congregação da Missão" (lazaristas) e unido a Santa Luísa de Marillac, edificou as "Filhas da Caridade" (irmãs vicentinas).

Sabia muito bem tirar dos ricos para dar aos pobres, sem usar as forças dos braços, mas a força do coração. Morreu quase octogenário, a 27 de setembro de 1660.

São Vicente de Paulo, rogai por nós!

8 de agosto de 2011

A gratuidade

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Há solução: melhor distribuição, maior solidariedade e partilha!
Muitas pessoas retornam de férias. Muita gente deixou de olhar para o relógio, tantos passearam ou passaram longas horas de descanso olhando para o mar ou nossos rios. As praias encheram de encanto nossos olhos. Água, sol, mar, esporte e lazer. As experiências mais agradáveis foram aquelas que não custaram dinheiro, como o gostinho de "jogar conversa fora", ou a alegria de conhecer gente nova, de graça! Não foram poucas as descobertas, feitas de olhares luminosos, por meio das quais homens e mulheres, de um modo sadio, entenderam que pode brotar um bonito sentimento de amor mútuo. Quantas famílias nasceram de passeios de férias!


Entretanto, pode acontecer que muitos não voltem às suas lides com tanta tranquilidade. Se as férias foram feitas de vícios – e quanto custam! – ou de abusos desenfreados, não virá à tona o sorriso generoso de algumas crianças que me cumprimentaram recentemente, voltando de uma viagem feita com os pais. Abraços e histórias se misturavam, a ponto de uma pessoa estrangeira, que nos visitava, ficar edificada com a liberdade da meninada com o Arcebispo de Belém. A bonita algazarra ficou gravada em minha memória. Eram sorrisos felizes e gratuitos!

Quando os apóstolos se viram em apuros diante da multidão faminta (Cf. Mt 14, 13-21; Mt 15, 32-39; Mc 6, 33-44; Mc 8, 1-8; Lc 9, 10-17; Jo 6, 1-13), foi muito pouco o que tinham a oferecer: poucos pães e poucos peixes. O Evangelho de São João ainda diz que foi um menino a colocar à disposição uma oferta aparentemente tão insignificante. E pensar que as mulheres e crianças nem foram contadas no cálculo dos comensais! E menino dá de graça pão, peixe, sorriso, perdão e brilho nos olhos. Foi de graça que Jesus encheu-se de compaixão da multidão, curou suas enfermidades, anunciou-lhes a Boa Nova. E quando a criança lhe deu de graça pães e peixes, estes se multiplicaram, quando os discípulos, atônitos, viam o milagre passar pelas próprias mãos.

É de graça que a terra oferece dadivosa e generosa o alimento aos seres humanos. O milagre continua a acontecer, uma geração após a outra. Há períodos no ano em que se multiplicam entre nós açaí, peixe, camarão, farinha! Se estamos muito acostumados a ver estas maravilhas, é bom notar que se pode explicar diretinho "como" tudo isso acontece na terra ou na água, mas quem ordena à natureza manter este ritmo com uma regularidade tão incrível? O porquê está lá no alto, generoso e gratuito.

A multiplicação extraordinária dos pães e dos peixes, realizada por Jesus, é contata nos Evangelhos para ajudar-nos a operar muitas multiplicações no cotidiano. Há pouco tempo, um programa de televisão retratava o doloroso tema do desperdício. De fato, como podemos acusar Deus e não fornecer alimento para as multidões famintas, quando nossa geração joga fora comida? Pode parecer simplista, mas existe a solução: melhor distribuição, maior solidariedade e partilha! É a multiplicação acontecendo na gratuidade que brota da conversão.

Os quatro evangelistas descrevem a multiplicação de pães, o que não acontece com todos os milagres! Deve haver um sentido para tal insistência. E tamanha é a riqueza da narrativa que foi profecia e antecipação de outra multiplicação. Até as expressões são semelhantes: tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção de ação de graças, partiu os pães e os deu aos discípulos; e os discípulos os distribuíram às multidões. A maior multiplicação acontece quando Jesus dá Seu Corpo e Seu Sangue na Eucaristia, de graça, para a vida do mundo. Por isso as mais antigas representações pictóricas da Eucaristia nos mostram um cesto de pães e dois peixes, como no mosaico descoberto em Tabga, na Terra Santa, ou na Catacumba de Priscila, em Roma.

Como "todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios" (Cf. Mt, 14, 20),  recebendo a Palavra, a partilha dos bens e a Eucaristia, reste-nos a responsabilidade de compartilhar com outras pessoas o que vivemos, a modo de missionários, de graça!

Foto Arcebispo Metropolitano de Belém do ParáDom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

5 de agosto de 2011

A Sociedade de São Vicente de Paulo

Fonte: http://www.ssvpbrasil.org.br/?pg=sobre_a_ssvp

Frederico Ozanam nasceu em 1813. Aos 20 anos, ao lado de companheiros fiéis, em Paris, na França, deu início a uma obra que ajuda milhões de famílias há mais de 170 anos: a Sociedade de São Vicente de Paulo - SSVP.
A missão da Sociedade de São Vicente de Paulo  é aliviar a miséria espiritual e material dos que vivem em situação de risco social, colocando em prática os ensinamentos de Cristo e da Igreja Católica.
Ozanam foi beatificado em agosto de 1997 pelo Papa João Paulo Segundo.
No Brasil já existe uma igreja em honra a Frederico Ozanam.
São Vicente de Paulo é considerado o patrono de todas as obras de caridade. Trilhou um caminho de dedicação radical aos pobres e as missões populares; foi a inspiração para a denominação da SSVP.
Atualmente a Sociedade de São Vicente de Paulo está presente em 143 países e tem mais de 700 mil membros espalhados pelo mundo.
O Brasil é o maior país vicentino do planeta; aqui a instituição nasceu em 1872, com a Conferência São José, no Rio de Janeiro. E conta com cerca de 250 mil voluntários, organizados em 20 mil Conferências e 33 Conselhos Metropolitanos.
As Conferências Vicentinas são grupos formados por homens e mulheres - e também por Crianças e Adolescentes. Quem faz adesão a SSVP é chamado de Vicentino.
Os grupos se reúnem semanalmente para debater e sugerir maneiras de atender as famílias carêntes, que são cadastradas após sindicância sócio-econômica.
As Confêrencias são coordenadas por Conselhos, que direcionam os trabalhos e atividades seguindo os princípios e fundamentos da Regra da Sociedade de São Vicente de Paulo.
A administração da Sociedade de São Vicente de Paulo no Brasil é de responsabilidade do Conselho Nacional do Brasil; e no mundo, do Conselho Geral Internacional, com sede em Paris, na França.
Os Vicentinos fazem do sonho Ozanam, que é  "formar uma grande rede de caridade de ajuda ao próximo", uma realidade que alivia o sofrimento dos pobres e incentiva a promoção da dignidade humana.
A SSVP recebe colaboração de benfeitores, que contribuem financeiramente com a instituição.
A visita domiciliar é a principal atividade dos Vicentinos.
Semanalmente são feitas mais de 200 mil visitas, em diferentes bolsões de miséria. Assim, todos que são amparados pela instituição são incentivados a melhorar suas vidas em todos os sentidos. 
O trabalho da SSVP abrange ainda as Obras Unidas. São creches, educandários, asilos, entre outras instituições - todas mantidas e administradas pela organização.
Diversas unidades Vicentinas promovem cursos que visam a inclusão social das famílias assistidas; como os de alfabetização e de geração de renda - são as Obras Especiais.
Atualmente, meio milhão de brasileiros recebe o apoio da SSVP.
Semanalmente a instituição distribui mais de 800 mil quilos de alimentos, arrecadados por meio de campanhas junto aos Colaboradores, além de remédios, roupas, materiais escolares e utensílios diversos.
A Sociedade de São Vicente de Paulo conquistou Parceiros como a Nestlé.
Os projetos mais grandiosos desta valiosa Parceria sao a Campanha "Torcer faz bem" e os Shows "Roberto Carlos pra sempre".
Em 2004, a instituição recebeu o Prêmio Direitos Humanos, na Categoria Idosos, oferecido pelo Governo Federal.
Em 2005, a SSVP assinou um termo de cooperação com o Ministério do Desenvolvimento Social no sentido de beneficiar famílias carentes ainda nao atendidas pelos programas sociais do Governo Federal.
A Sociedade promove anualmente a Romaria Nacional ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo. Uma ação que renova a fé e a amizade entre os vicentinos.
No Brasil, cerca de 100 mil jovens Vicentinos semeiam o futuro da SSVP.
Conferências compostas por crianças e adolescentes formam novos membros para a instituição. Atualmente, no Brasil, atuam cerca de 600 Conferências de Crianças e Adolescentes.
A instituição mantém também a Ecafo - Escola de Capacitação Frederico Ozanam - que visa a formação dos Vicentinos por meio de cursos, palestras, encontros e retiros.
A Sociedade São Vicente de Paulo une homens, mulheres e crianças num mesmo ideal: praticar o amor ao próximo.
Procure uma Confêrencia Vicentina na paróquia mais perto da sua casa e venha fazer parte dessa grande rede de caridade: a Sociedade São Vicente de Paulo.