9 de outubro de 2009

Para não falar mal dos outros

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Aprendemos a usar o filtro triplo da verdade

Uma pessoa muito desejosa para mudar de vida se esforçava para não cometer os mesmos defeitos e pecados me segredou: _Padre o que faço para me controlar, não julgar e falar mal das pessoas?

Como esta nossa irmã temos muitos pequenos defeitos e vícios que precisam ser controlados através de uma firme e consciente luta interior. Por exemplo, falar mal dos outros revela o quanto somos inseguros, invejosos e muita imaturidade para trabalhar os relacionamentos e conflitos interiores.

Um segredo para crescer nas virtudes é a perseverança nas suas práticas e, isso requer sempre esforço, renuncia e oração, contando sempre com o auxilio do Divino Espírito Santo, nosso mestre de santidade. Eu lembrei desta historia, é bom fazer uma revisão dos nossos costumes:

Certa pessoa encontrou-se com o filosofo Sócrates e lhe disse: _ Tenho algo a lhe dizer sobre um amigo seu… Sócrates respondeu: _ Permita-me lhe propor passar pelo Filtro Triplo para aceitar seu comentário.

A pessoa disse claro que sim, o que é esse tal de filtro triplo?_ Para que eu te ousa falar algo de alguém, mesmo que não fosse meu amigo, teria que passar por um filtro de três condições.

A primeira é a VERDADE, você tem absoluta certeza de que, o que vai me falar é verdadeiro?_ O camarada respondeu: não, ouvi outra pessoa falar isso sobre seu amigo. _ Sócrates disse: então não tenho dever nenhum em te ouvir já que não tens a veracidade do que vais me falar, mesmo que a pessoa em questão não fosse digna de respeito. E continuou Sócrates, vou te revelar o segundo filtro para que eu pudesse te ouvir, já que a Verdade seria suficiente para não te escutar.

É o filtro da BONDADE. É bom para eu saber o que tens a me dizer sobre meu amigo? _ O homem respondeu: não é algo bom, é desagradável. _ Retrucou Sócrates: se não é verdadeiro e muito pior, para que me interessaria saber algo que poderia estragar o meu dia, não sendo verdadeiro nem bom. Mas vou te falar sobre o terceiro filtro para que as nossas conversas não sejam vazias e nada construtivas.

É o filtro da UTILIDADE, será para mim e para você algo útil, vai me servir para aumentar minha sabedoria e credito sobre meu amigo?_ O homem cosou a cabeça e disse: não acho que seja útil nem para mim nem para ti. _ Pois bem, disse Sócrates, a nossa conversa acaba por aqui, sabendo que, o que devemos acumular nesta vida é a Sabedoria.

Como seria bom se todas as nossas conversas passassem por este filtro, isso sem falar que falta um filtro preciosíssimo ao nosso caro filosofo Sócrates, o filtro da CARIDADE, ou seja, O AMOR FRATERNO, que nos foi ensinado por Jesus Cristo, o mestre dos mestres. Seu ensinamento foi simples, mas capaz de mudar o mundo.

Vejamos o que nos diz São João: "Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Ai está o critério para saber que somos da verdade; e com isto tranqüilizaremos na presença dele o nosso coração". 1João 3,18-19

Mais do que uma filosofia o Amor é um principio de vida. Todas as outras práticas, respeito, verdade, bondade e utilidade, têm no amor o seu alicerce principal. Antes de tudo, faltam a nós esses passos do filtro triplo porque nos falta o amor, a compaixão. Ele é uma conquista, exige tempo, suor e muitas vezes lagrimas. È preciso saber perder, para ganhar, pois amar muitas vezes é renunciar, é esquecer de si, para que o outro venha pra fora, é aprender a promover o outro, e porque não dizer morrer, para que o outro viva.

Isso tudo nos ensinou Jesus, não um filosofo, mas um mestre da vida, do comportamento, do respeito humano, da qualidade de vida, da dignidade da pessoa, porque, antes de tudo nos ensinou que o AMOR é a única maneira de mudarmos o mundo a partir das pessoas. Faltam verdade, bondade e utilidade, porque antes de tudo falta-nos o amor, e todas as pessoas são capazes de amar. Podemos usar o filtro de Sócrates, mas acrescentamos à vida de Jesus, o amor.

Minha benção fraterna.

Padre Luizinho
Com. Canção Nova

7 de outubro de 2009

O que as mulheres gostam de ouvir?

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Elas gostam de ouvir aquilo que o coração traduziu

Percebe-se que para as mulheres o silêncio não é um problema a ser vencido. Seja num consultório, na fila do supermercado, do banco, elas conseguem iniciar qualquer assunto e, sem constrangimento, passam de um tema para o outro sem grandes problemas. Uma conversa que para os homens poderia durar alguns escassos minutos, elas conseguem estender a mesma proposta por horas a fio.

Para quem tem tanta facilidade em falar, o que essas mulheres gostariam de ouvir?

Em uma situação que envolve casais, falar para a mulher que ela é amada, bonita, que a sua companhia é agradável são coisas importantes. Mas, maior será seu contentamento se partir do homem a proposta de, juntos, discutirem a relação, traçar planos, estabelecer metas; manifestando da parte dele o interesse pelo relacionamento. Essas palavras seriam para as mulheres tão necessárias para sua alegria quanto o sol é para a fotossíntese das plantas.

Toda mulher gosta de receber elogios e a sinceridade os tornam ainda mais eficazes. Mesmo sendo vocábulos comuns, elas esperam de seus maridos e namorados a tentativa de tornar único algo comum.

Uma mulher que esteve horas no cabeleireiro se preparando para uma festa, com certeza recebe elogios, ainda no salão, do profissional e das outras pessoas que estiverem próximas dela. Para elas, os comentários dessas pessoas são importantes, mas não o bastante; pois melhor será ouvi-los de quem as ama.

Outro ponto que as mulheres esperam de seus amados é o desenvolvimento da sensibilidade deles, especialmente, na maneira de apresentar suas objeções. A prudência com as palavras é sempre boa, pois, através delas podemos edificar ou destruir os ânimos de alguém. Da mesma maneira que um elogio robustece o vigor de uma pessoa, outras palavras podem minar ou destruir sua autoestima.

Imaginemos que uma mulher, voltando toda animada das compras, experimenta o novo vestido para mostrar ao esposo. Se ele antecipar-se em perguntar quanto foi pago pelo vestido, seguramente não serão as palavras mais acertadas para a ocasião. A respeito das despesas, a esposa mesmo se adiantará em falar caso tenha sido cometido algum exagero na ocasião das compras. Entretanto, se o homem elogiá-la dizendo, por exemplo, que se alegra em perceber o quanto ele se sente privilegiado por tê-la tão bonita, seguramente, ela o retribuirá com outros gestos, fazendo dele o homem mais feliz.

Há um tempo para cada coisa, e dentro do relacionamento sempre haverá um momento apropriado para que o casal aponte suas observações e críticas.

Para elas, não basta apenas ouvir palavras bonitas, mas estas têm que trazer sentimentos. O que elas gostam de ouvir são palavras que somente quem as conhece profundamente poderia tecer e, porque vieram da pessoa amada, ganham um expressivo sentimento. Dessa forma, para que os homens consigam alcançar o contentamento de quem ama, basta deixar o coração traduzir em palavras os valores das simples emoções.

Essa atitude de mudança poderá ser um esforço para alguns ao perceber que raramente têm se preocupado em agradar e cuidar da pessoa amada, também, com palavras. Mas, mesmo que não seja possível para eles assumirem um novo proceder intantaneamente, a tentativa de inovar na maneira de fazer seus comentarios já será música para os ouvidos delas.

Então, o diferencial que compete aos homens apaixonados será de, com um pouco mais de criatividade, potencializar aquilo que outras pessoas também poderiam normalmente dizer. Isso significa tornar uma palavra comum sempre algo ainda mais especial para quem se ama. Feliz novas adaptações.

Um abraço,

Dado Moura

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

5 de outubro de 2009

O caminho da simplicidade

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Muitas vezes, somos levados a pensar que a santidade requer grandes feitos

Iniciamos outubro, Mês das Missões, com a Padroeira das Missões, Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Desde criança ela sempre quis viver a santidade, e no Mosteiro teve o coração dilatado para abraçar o mundo e sentir a vocação de ser o Amor, que tudo resume na missão evangelizadora da Igreja. Para isso, ela percorreu o caminho de saber viver bem as pequenas coisas de cada dia.

Toda a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus nos leva a trilhar os caminhos da simplicidade e do abandono espiritual nas mãos de nosso querido e amado Pai.

Ela descobriu, desde cedo, que não há outro caminho para a transformação do homem a não ser aquele trazido pela revelação de Jesus. Deixar de lado os sonhos de onipotência, reconhecer a impotência da salvação pelos meios humanos, ficar ciente de nossa miséria e fragilidade e entregar-se confiada e de modo incondicional nas mãos poderosas e ternas de nosso querido e amado Pai. Este é o caminho da simplicidade, a chamada pequena via de salvação.

Neste tempo em que grandes conglomerados querem dominar o mundo, numa situação na qual aparentemente o poder está muito presente e dentro da vida das pessoas, olhar para Santa Teresinha e contemplar a sua felicidade na simplicidade é redescobrir a vida cristã, que supõe a nossa fidelidade a cada dia aos mandamentos do Senhor.

Muitas vezes, somos levados a pensar que a santidade requer grandes feitos, feitos heroicos (que também existem e são importantes), mas, Jesus nos ensina nos Evangelhos que para entrarmos no Reino dos céus, e mesmo para conseguirmos desempenhar os grandes feitos, devemos voltar a viver como crianças, ou seja, reviver a criança que existe em cada ser humano.

Lemos no livro autobiográfico de Teresinha do Menino Jesus o seguinte: "Compreendo, perfeitamente, que só o amor nos pode tornar agradáveis ao Bom Deus, sendo este o único bem que ambiciono. Jesus se compraz em apontar-me o único caminho que conduz a essa fornalha divina. O caminho é o abandono da criancinha que adormece sem temor nos braços de seu pai... 'Todo aquele que é pequenino, venha a mim', disse o Espírito Santo por boca de Salomão, e o mesmo Espírito de Amor declarou ainda que 'com os pequeninos se usará de comiseração'. Em seu nome, revela-nos o profeta Isaías que, no último dia, 'o Senhor conduzirá seu rebanho às pastagens, reunirá os cordeirinhos e os aconchegará contra o peito'. E como se todas estas promessas não bastassem, o mesmo profeta, cujo olhar inspirado já se embebia nas profundezas da eternidade, apregoa em nome do Senhor: 'Como uma mãe acarinha seu filhinho, assim vos consolarei, carregar-vos-ei ao peito, acariciar-vos-ei no regaço'" (História de uma alma – Edições Paulinas – 9ª. Edição – pag. 194/195).

Com efeito, uma criança é um ser impotente e quando se sente ameaçada por um perigo iminente corre e se abriga no regaço de sua mãe, de seu pai, e aí encontra segurança, amparo, tranquilidade e paz.

O que é, pois, o caminho do abandono? Abandonar-se é o que ensina Santa Teresinha do Menino Jesus: sentir-se pequeno como uma criança e se entregar às mãos do Pai, nosso Abbá, mãos ternas e carinhosas e, assim, nos sentirmos abrigados e pacificados nas agruras e tristezas dos embates da vida.

A santidade passa, pois, pela linha da simplicidade e do abandono dos humildes e pequeninos, daqueles que estão conscientes de sua fragilidade e estão afastados da sua prepotência e autosalvação, mas necessitam de outro, Deus, para encontrar o caminho da libertação: "A santidade não é esta ou aquela prática, mas consiste numa disposição do coração que no faz humildes e pequenos nos braços de Deus, conscientes de nossa debilidade e confiados até a audácia em sua bondade de Pai" (Obras completas. Últimas conversações, pág. 1397).

Por fim, reflitamos sobre a oração dessa grande santa francesa. Sua oração é a oração da criança impotente, do ser frágil, que se entrega nas mãos do seu Pai e Criador sem qualquer petulância, sem qualquer arrogância e suplica Sua proteção, Seu abrigo.

Orar, para Teresinha do Menino Jesus, nada mais é do que se abandonar, entregar-se nas mãos todo-poderosas, mas todo-carinhosas de nosso Pai, que nos ama a todos como filhos e filhas muito prediletos.

Recordo este pequeno trecho de uma oração de Santa Teresinha do Menino Jesus, no qual ela manifesta seu amor a Deus e sente-se pequena como uma pequena avezinha, mas totalmente envolvida pelo amor incondicional de seu Pai, a quem carinhosamente chama de seu sol:

"Águia não sou, mas dela tenho, simplesmente, olhos e coração, pois que, não obstante minha extrema pequenez, ouso fitar o Sol Divino, o Sol do Amor, e meu coração sente nele todas as aspirações de águia... Quisera a avezinha voar em direção ao Sol fulgurante que lhe fascina os olhos. Quisera imitar as águias, suas irmãs, quando as vê alternarem-se até o divino foco da Santíssima Trindade... Tudo o que se poder fazer, ainda mal, é soerguer as asinhas. Mas, sair voando é o que sua reduzida força não permite! Qual será sua sorte? Morrer de desgosto, por se ver tão tolhida? ... Isso não! A avezinha nem sequer se apoquentará. Num audaz abandono, que ficar mirando seu Divino Sol.

Nada a poderia amedrontar, nem o vento, nem a chuva. E, quando nuvens carregadas vêm encobrir o Astro do Amor, a avezinha não muda de instância. Sabe que, além das nuvens, seu Sol está sempre a brilhar, e seu esplendor não poderia empanar-se um instante sequer" (História de uma alma – pág. 204/205).

Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós!

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano Rio Janeiro

2 de outubro de 2009

Anjos de Deus, nossos defensores

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Deus nos dá a ajuda necessária por intermédio dos anjos

Quantas dificuldades para que os anjos nos guardem no caminho. Como não dizer que os desafios não vão chegar nem que nada vai nos acontecer? Isso não existe e não é por isso que eles [anjos] existem, mas sim, para guardar o nosso caminho para o lugar prometido de Deus.

Que os anjos nos guiem pelo caminho, não retirando as coisas difíceis, mas para irmos ao lugar a nós preparado por Deus: o céu. Isso também não significa que devamos aceitar ajuda de qualquer "anjo". Hoje há revistas sobre muitos anjos, mas não é desse tipo de "anjo" que estamos falando (anjos em forma de menino com asas, os quais flecham alguém para o amor). Como não havia como explicar o amor, então criaram o cupido para encher as pessoas de sentimentos. Mas os cupidos não são os santos anjos. Há também os anjos malvados que "ficam nos nossos ouvidos" e até o anjo da morte. Enfim, surgiu uma infinidade de anjos pelo mundo, mas não os santos anjos.

Os santos anjos foram criados para nos guiar para o céu. Existem os anjos enviados por Deus e há também os que combatem a nosso favor. Assim como o Senhor nos fala: o anjo que habita sobre a proteção do Altíssimo. Eles são os "carteiros divinos", os que trazem uma mensagem que não é deles, mas do Senhor.

Arcanjo Miguel tem autoridade e é conhecido pela Palavra: "Quem como Deus". Ele guardará com a própria proteção da Palavra. "Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários" (Êxodo 23, 22). Quantas vezes cometemos o erro de tentar resolver nós mesmos as coisas. A Palavra nos convida a dar atenção à proteção que Deus nos deu. Como a proteção divina (e o nosso inimigo, que não são pessoas, mas realidades espalhadas pelo ar, porque é o único inimigo que temos), os anjos colocam Deus entre nós e eles.

Quantas vezes chamamos as pessoas que são nossas amigas com a palavra "anjo", não é assim? Quando digo que alguém é um anjo é porque é uma boa pessoa e uma boa amiga, alguém que me ajuda a crescer. É isso: a amizade que temos tem de transformar diversos caminhos da vida. Não seja mole demais, pois a vida não facilitará as coisas! Um dos frutos do Espírito Santo é a paciência, porque as coisas não são fáceis.

Os anjos são aqueles que contemplam Deus face a face. Contemplam-No porque a partir da contemplação aprendem a louvar. Eles lutam com a ação de graças ao Todo-poderoso, essa é a arma deles. Quando nos colocamos diante de alguém maravilhoso, dizemos que estamos "com o queixo caído", e naturalmente soltamos uma palavra de admiração e de louvor. Imaginem a face de Deus?

Fomos criados para o serviço dos homens e para adorar ao Senhor. Os anjos, ao verem ao Altíssimo, vivem o louvor e a adoração sem fim. É algo muito poderoso, e podemos fazer o mesmo; e fazendo isso, expulsamos os que não querem contemplá-Lo. Fomos criados para o serviço dos homens e para adorar a Deus. Os anjos decaídos se aproveitam de nossa fraqueza para nos derrubar; – e nós que não somos resistentes – precisamos do auxílio desses seres enviados por Deus.

O Senhor nos apresenta a criança como modelo, como a maior no Reino do Céu, pois essa santa inocência é que nos leva ao céu. Do desejo de depender somente do Todo-poderoso, assim como as crianças dependem dos pais, esse é o desejo do Senhor. Quando dependemos de alguém que é capaz de realizar o que promete, então, ficamos tranquilos. E quem não quer depender do Senhor entra no desespero.

Sabemos que dependemos do Senhor, mas não tem como saber do tempo de Deus. Quantas vezes temos nossas vontades e nosso próprio tempo? Mas, sem reconhecer a dependência do Senhor, nós nos revoltamos e nos desesperamos. Nesses momentos, os anjos que disseram "sim" a Deus vêm em nosso auxílio.

Ainda dá tempo de voltar atrás e de recomeçar. Não se entregue! A resposta de Deus: "Porque o meu anjo irá adiante de ti, e te levará aos amorreus, e aos heteus, e aos perizeus, e aos cananeus, heveus e jebuseus; e eu os destruirei" (Êxodo 23,23). Quando acaba a nossa força, o Senhor nos dá a ajuda necessária por intermédio desses seres celestes. Mas é preciso confiar. Tenha fé e olhe que a vida não acabou e estamos caminhando.

Quantas vezes encontramos, nas Sagradas Escrituras, os anjos que vêm em nosso auxílio, como, por exemplo, ao soltarem Pedro e Paulo, pois estão presentes o tempo todo. E como no Salmo 90, 1: "Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei."

Não tenha medo!

Padre Xavier
Comunidade Canção Nova

30 de setembro de 2009

O auxílio dos anjos

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A Igreja confessa a sua fé nos anjos da guarda

O Papa Bento XVI disse que: "Eliminaríamos uma parte do Evangelho se deixássemos fora esses seres enviados por Deus, que anunciaram sua presença entre nós e que são um sinal dela". E pediu a intercessão dos anjos "para que nos sustenham no empenho de seguir Jesus até nos identificarmos com Ele" (Zenit.org, março 2009).

A Bíblia e a Tradição da Igreja mostram amplamente que os anjos têm participação ativa na história da salvação dos homens, nos momentos em que Deus quer.

"Não são eles todos espíritos ao serviço de Deus, enviados a fim de exercerem um ministério a favor daqueles que hão de herdar a salvação?", pergunta o autor da Carta aos Hebreus, capítulo1, versículo 14.

E nisso crê e isso ensina a Igreja; sabemos que é tarefa desses seres celestes bons a proteção dos homens e a sua salvação. Diz o Salmo: "Mandou aos seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te levarão nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra" (Sl 90/91,11-12).

O próprio Jesus, falando das crianças e recomendando que não se lhes desse escândalo, faz referência aos "seus anjos" (cf. Mt 18,10). Ele atribui também aos anjos a função de testemunhas no supremo juízo divino sobre a sorte de quem reconheceu ou negou Cristo: "Todo aquele que se declarar por Mim diante dos homens, também o Filho do Homem se declarará por ele diante dos anjos de Deus. Aquele, porém, que Me tiver negado diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus" (Lc 12,8-9; cf. Ap 3,5).

Se os esses seres celestes tomam parte no juízo de Deus, logo, estão interessados pela vida do homem. Isso se pode ver também no discurso escatológico em que Jesus os faz intervir em Sua vinda definitiva no fim da história (cf. Mt 24,31; 25,31-41).

Muitas vezes, a Bíblia fala da ação dos anjos pela defesa do homem e sua salvação: o Anjo de Deus liberta os Apóstolos da prisão (cf. At 5,18-20) e antes de tudo Pedro, que estava ameaçado de morte por parte de Herodes (cf. At 12, 15-10). Guia a atividade deste a respeito do centurião Cornélio, o primeiro pagão convertido (cf. At 10,3-8. 12-13), e a atividade do diácono Filipe no caminho de Jerusalém para Gaza (cf. At 8,26-29).

Foi um anjo que encontrou Agar no deserto (cf. Gn 16); os anjos tiraram Lot de Sodoma; assim como foi um anjo que anunciou a Gedeão que devia salvar o seu povo; um anjo anunciou o nascimento de Sansão (cf. Jz 13); e o anjo Gabriel instruiu a Daniel (cf. 8,16). Este mesmo anjo anunciou o nascimento de São João Batista e a encarnação de Jesus; esses seres enviados por Deus também anunciaram a mensagem aos pastores (cf. Lc 2,9) e a missão mais gloriosa de todas, a de fortalecer o Rei dos Anjos em Sua Agonia no Horto das Oliveiras (cf. Lc 22, 43).

Os anjos estão presentes na história da humanidade desde a criação do mundo (cf. Jó 38,7); são eles que fecham o paraíso terrestre (cf. Gn 3, 24); seguram a mão de Abraão para não imolar Isaac (cf. Gen 22,11); a Lei é comunicada a Moisés e ao povo por ministério deles (cf. At 7,53); são eles que conduzem o povo de Deus (cf. Ex 23, 20-23); eles anunciam nascimentos célebres (cf. Jz 13); indicam vocações importantes (cf. Jz 6, 11-24; cf. Is 6,6); são eles que assistem aos profetas (cf. 1 Rs 19,5).

Da mesma forma que os anjos acompanharam a vida de Jesus, acompanharam também a vida da Igreja, beneficiando-a com a sua ajuda poderosa e misteriosa (cf. At 5, 18-20; 8,26-29; 10,3-8; 12,6-11; 27,23-25). Eles abrem as portas da prisão (cf. At 5, 19); encorajam Paulo (cf. At 27,23 s); levam Filipe ao carro do etíope (cf. At 8,26s), entre outros.

A Igreja confessa a sua fé nos anjos da guarda, venerando-os na liturgia com uma festa própria e recomendando o recurso à sua proteção com uma oração frequente, como na invocação do "Anjo de Deus". São Basílio Magno, doutor da Igreja, escreveu: "Cada fiel tem ao seu lado um anjo como tutor e pastor, para o levar à vida" (cf. 5. Basilius, Adv. Eunonium, III, 1; cf.Sto. Tomas, Summa Theol. 1, q. II, a.3).

São Jerônimo, doutor da Igreja, afirmou que: "A dignidade de uma alma é tão grande, que cada um tem um anjo guardião desde seu nascimento".

A Igreja honra com culto litúrgico três anjos. O primeiro é Miguel Arcanjo (cf. Dn 10,13-20; Ap 12,7; Jd 9). O seu nome exprime a atitude essencial dos espíritos bons. "Mica-El" significa, de fato: "Quem como Deus?". O segundo é Gabriel: figura ligada sobretudo ao mistério da encarnação do Filho de Deus (cf. Lc 1,19-26). O seu nome significa: "O meu poder é Deus" ou "poder de Deus". O terceiro arcanjo chama-se Rafael. "Rafa-El" significa: "Deus cura"; o conhecemos pela história de Tobias (cf. Tb 12,15-20), entre outros.

O famoso Bossuet dizia que: "Os anjos oferecem a Deus as nossas esmolas, recolhem até os nossos desejos, fazem valer também diante de Deus os nossos pensamentos... Sejamos felizes de ter amigos tão prestativos, intercessores tão fiéis, intérpretes tão caridosos".

Os santos todos foram devotos desses seres celestes. Os anjos assistem a Igreja que nasce e os Apóstolos, prepararão o Juízo Final e separarão os bons dos maus. São eles que protegem Jesus na infância (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19); são eles que O servem no deserto (cf. Mc 1, 12); e O reconfortam na agonia mortal (cf. Lc 22, 43); eles poderiam salvar o Senhor das mãos dos malfeitores se assim Cristo quisesse (cf. Mt 26, 53).

Toda a vida de Jesus Cristo foi cercada da adoração e do serviço dos anjos. Desde a Encarnação até a Ascensão eles O acompanharam. A Sagrada Escritura diz que quando Deus "introduziu o Primogênito no mundo afirmou: "Adorem-no todos os Anjos de Deus" (cf. Hb 1, 6). Alguns teólogos acham que isso motivou a queda dos anjos maus, por não aceitarem adorar a Deus Encarnado na forma humana.

A Igreja continua a repetir o canto de louvor que eles entoaram quando Jesus nasceu: "Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência divina" (cf. Lc 2, 14).

A Bíblia não só os apresenta como nossos guardiães, mas também como nossos intercessores. O anjo Rafael diz: "Ofereci orações ao Senhor por ti" (Tob 12, 12). "A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus" (Ap 8,4).

Santo Ambrósio, doutor da Igreja, declarou: "Devemos rezar aos anjos que nos são dados como guardiães" (De Viduis, IX); (cf. S. Agostinho, Contra Fausto, XX, 21).

A Igreja acredita que, no dia do batismo, cada cristão é confiado a um anjo que o acompanha e o guarda em sua caminhada para Deus, iluminando-o e inspirando-o.

Na Festa do Anjo da Guarda (2 de outubro), a Igreja põe diante dos nossos olhos o texto do Êxodo que diz:

"Assim diz o Senhor: Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões e nele está o meu nome. Se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários. O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus, dos hititas, dos ferezeus, dos cananeus, dos heveus e dos jebuzeus, e eu os exterminareis" (Ex 23,20-23).

Além de tudo isso, a Bíblia frequentemente mostra os poderes dos anjos na natureza, e afirma São Jerônimo que eles manifestam a onipotência de Deus (cf. S. Jerônimo, En Mich., VI, 1, 2; P. L., IV, col. 1206).

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

18 de setembro de 2009

Coração de Jesus, uma porta aberta

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Refúgio e abrigo para todos os pecadores

"Chegando, porém, a vez de Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água" (João 19, 33-34).

Jesus foi transpassado quando já estava morto. Seu Corpo estava frio e rígido. Diferente de um corpo que está vivo. Tocando nosso corpo percebemos o calor que dele sai e que não está rígido. Quando se corta um cadáver ele não volta a "colar-se". Os cortes "não fecham". O que foi aberto, assim fica. Se são forçadas, as partes até se encostam, mas não "colam" mais. Cadáver aberto fica aberto para sempre.

Jesus quis que Seu Coração fosse aberto, justamente, depois que Ele estava morto. Assim não poderia fechar-se mais. Depois de transpassado pela lança continuou e continuará para sempre aberto. É uma porta aberta. Casa com porta aberta é como se não tivesse porta. Quem quiser entra e sai na hora que bem entender. Casa com porta aberta passa a ser casa de todos, indistintamente.

Qualquer pessoa pode ir a uma praia. São tantas! A praia é uma "porta aberta". Vai quem quer e quando quer. Assim também é o Coração de Jesus: praia de todos. Está aberto para todos, indistintamente. Porta aberta que nunca mais se fechou. Refúgio e abrigo para todos os pecadores.

Nossa sociedade, a cada dia, ergue muros mais altos e reforça a segurança para que não entrem "pessoas de má índole". Jesus adotou outra "política": "Quando eu for levantado da terra, atraírei todos os homens a mim" (João 12, 32). E disse mais "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mateus 9,13).

Que bom que esta é a "estratégia" de Jesus Cristo: "Olharão para aquele que transpassaram" (cf. João 19, 37). Ele nos manda olhar para o Transpassado. No perigo, na chuva, na agonia, na aflição, no desespero… que bom encontrar uma porta aberta. Melhor ainda: a porta de um Amigo. Ainda melhor se a porta é a do Coração do próprio Deus, que morreu na cruz por todos nós.

"Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno" (Hebreus 4, 16). Entremos como miseráveis pecadores nesta casa e sairemos de lá com a graça de termos cada dia mais um coração semelhante ao de Jesus. Quem entra e permanece nessa casa, certamente tem seu coração curado e renova as suas forças para amar sempre mais intensa e efetivamente aos irmãos.

Coragem, adentremos! A porta está aberta. O Dono está nos convidando e atraindo!

Foto Padre Alir Sanagiotto, SCJ

Pe. Alir Sanagiotto Ordenado sacerdote em 19/09/87, é membro da Congregação dos padres do Sagrado Coração de Jesus. Dedica-se de forma preferencial na escuta, no aconselhamento e no trabalho psicoespiritual dos fiéis. blog: http://blog.cancaonova.com/padrealir

17 de setembro de 2009

Símbolos Religiosos

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Quem se atreveria a tirar o Cristo do alto do Corcovado?

O dia 14 de setembro, no calendário eclesial, é dedicado à memória da cruz de Cristo. A recente polêmica em torno da presença de símbolos religiosos em locais públicos, suscitada por um promotor no Estado de São Paulo, oferece ensejo para abordar esta questão, com os enfoques que lhe são inerentes. A cruz serve de bom exemplo para nos alertar sobre a importância do equilíbrio a ser observado nesta questão.

Como sabemos, a história registra episódios lamentáveis, decorrentes do mau uso do símbolo da cruz.  Ela foi indevidamente empregada para justificar uma pretensa "guerra santa", por ocasião das "Cruzadas" empreendidas para conquistar o domínio dos lugares onde Cristo tinha vivido.

As consequências disso duram até hoje. A cruz ainda é malvista no mundo muçulmano. Há episódios históricos que deixam feridas profundas, difíceis de cicatrizar. Neste contexto, tanto maior deve ser a discrição no uso de símbolos religiosos, para não reacender polêmicas ou desencadear reações violentas.

As próprias Nações Unidas dão exemplo desta discrição, chegando a mudar o símbolo de uma obra com evidentes intenções humanitárias, como é a organização da "Cruz Vermelha".  No mundo muçulmano, a "Cruz Vermelha"  é substituída pela meia lua identificada como "Crescente Vermelho"!.

Pois bem, deste episódio resulta um duplo alerta. Tanto de moderação do uso, como de tolerância diante de quem utiliza símbolos religiosos.

Os preconceitos também podem ter dupla procedência. Podem estar presentes no ato de usar, como igualmente no abster-se de usar. E são mais sutis quando se pretende que os outros adotem o mesmo critério que usamos pessoalmente. Como parece ser o caso do referido promotor. Ele acabou dando um péssimo exemplo de intolerância ao propor que se proíba o uso público de símbolos religiosos. Se tivesse se limitado a não dar importância aos símbolos, teria ficado dentro do seu direito. Mas querer que todos tenham a mesma atitude, aí começa o preconceito, que pode se revestir de prepotência ao invocar a ação do Estado para impor o seu ponto de vista.

Acresce outra constatação importante a ser trazida para iluminar esta questão e oferecer critérios adequados para o uso de símbolos religiosos. Acontece que eles acabam se inserindo na vida através da história e, sobretudo, através da arte. E se tornam portadores de sentido e de valores evidentes, independentemente da procedência religiosa que possam ter.

Quem se atreveria a tirar o Cristo do alto do Corcovado? No contexto maravilhoso da Baía da Guanabara, ele se tornou componente indispensável para o panorama da cidade. Se alguém fica intrigado ao olhar para o Corcovado, que olhe um pouco para dentro de si mesmo e tente remover o entulho preconceituoso que pode ter se aninhado no seu subconsciente.

Acresce também que cenas religiosas servem de inspiração para os artistas, que têm o dom de captar seu simbolismo e traduzi-lo em obras de arte dos mais diversos gêneros. Diante da imagem da "Pietà", de Michelangelo, ou diante do famoso quadro de Rembrandt, retratando o Filho Pródigo, quem tem a palavra é a força da arte, e seria mesquinho demais achar que estas obras, por terem inspiração religiosa, não devam ser expostas em público.

Trazida a questão para o nosso cotidiano, na região da Diocese de Jales as cidades tiveram seu início na plantação do seu cruzeiro de fundação. Preservar estes cruzeiros é respeitar a história e demonstrar abertura de espírito para a sadia convivência humana.

Dom Luiz Demétrio Valentinni
Bispo Diocesano de Jales