29 de fevereiro de 2008

Por que os pais não conseguem impor limites aos filhos?

Não é fácil corrigir; seria mais fácil e conveniente dizer sempre 'sim'

As estradas aqui nos Estados Unidos são largas e nelas é possível dirigir em alta velocidade, especialmente as do Estado da Geórgia. Um dia desses, dirigindo em uma delas, observei muitos motoristas ultrapassando o limite de velocidade permitido. Notei também alguns carros no acostamento, que foram parados pela polícia. Aliás, aqui os motoristas são bem vigiados e as infrações são punidas com multas de valores altos.

Diante desse cenário, comecei a meditar sobre qual seria a causa do ser humano ter dificuldades de viver dentro dos limites ou de cumprir o que lhe é imposto. Poderia analisar vários fatores, mas vou me deter nesta causa de suma importância: a falta de limites na educação dos filhos.

Na nossa infância, será que nos determinaram os limites necessários? Infelizmente, há muitos pais que estão criando "reis" e "rainhas" dentro de casa e se colocando como seus súditos, pois não têm tempo nem disposição para ditar as regras da casa, então quem manda são os filhos. Alguns fatores apontam as causas da falta de limites na educação das crianças de um modo geral, destacando os valores morais e religiosos que sumiram da sociedade moderna. Outro aspecto importante é a ausência dos pais na vida da criança, em virtude da carga horária dedicada ao trabalho, deixando a educação dela aos cuidados da escola, desde os primeiros momentos, nas creches e nas instituições educacionais. Esta omissão na educação gerou um sentimento de culpa nos pais, que, para compensar, acabam sendo permissivos em demasia com os seus filhos.

É de suma importância o "não" dos pais, assim o filho aprende que na vida nem sempre será feita a sua vontade e que ele precisa atingir a maturidade na idade adulta; caso contrário será uma eterna criança mimada. Aliás, existe por aí muita criança tentando educar crianças; quando surge um problema sério, esses pais querem fugir dele. Uma criança não sabe decidir com juízo, nem o que é melhor para ela. Nem tudo o que queremos é o melhor para nós. Lembro que o meu filho mais velho, ao chegar na adolescência, não queria mais ir à Santa Missa, querendo fazer "corpo mole", colocando dificuldades ou procurando justificativas. Meu marido e eu decidimos e comunicamos a ele, com firmeza, que ele teria de ir todos os domingos, sem exceção. E embora fosse de cara amarrada, descontente, muitas vezes, ficando no último banco da igreja, o problema foi cortado pela raiz, antes que se transformasse numa situação trágica. Hoje, nos alegramos por ter um filho fiel a Deus e que trabalha para a construção de homens novos para um mundo novo, pois ele e a sua linda esposa são funcionários da Canção Nova, em Cachoeira Paulista, SP.

"Ensina à criança o caminho que ela deve seguir: mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar" (Pv 22,6). Não é fácil corrigir e dizer "não", seria mais fácil e conveniente dizer sempre "sim", pois quem diz "não" se expõe e, muitas vezes, atrai sobre si a ira do outro. Quem corrige, mesmo querendo o bem do outro, corre o risco de ser mal interpretado, contudo, demonstra um grande amor e cuidado com o outro. Só quem nos ama nos diz "não". Para educar é preciso esforço, dedicação, perseverança, paciência…, sobretudo, amor. Quem nos ama, os que sinceramente se interessam por nós, não têm medo de nos dizer a verdade e de nos corrigir. Se você não consegue impor limites aos seus filhos, não desanime. É preciso tentar, começar, recomeçar… sempre é tempo de recomeçar! Confie em si mesmo, peça o Dom da Sabedoria ao Espírito Santo e mude, assumindo as responsabilidades e transmitindo os valores morais e religiosos aos seus filhos. Mais tarde eles vão lhe agradecer, tenha certeza.

Deus abençoe a nossa árdua e difícil missão de educar e formar os nossos filhos.

Foto Marina Adamo
marina@cancaonova.com
Marina Adamo é missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente na Casa de missão do Georgia, USA. É autora do livro "Nínive ou Társis? Como escolher um caminho seguro", da Editora Canção Nova. Blog: http://blog.cancaonova.com/marinaadamo

Vida: a difícil escolha!

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Quem quiser salvar sua vida, a perderá.

À primeira vista, a Campanha da Fraternidade deste ano parece nos apresentar uma opção muito simples. Quem não está disposto a escolher a vida?

Mas, não é bem assim! Para entrar no caminho da vida é preciso tomar o acesso verdadeiro. Caso contrário, enveredamos pelo caminho da morte, muitas vezes sem retorno.

Se não percebemos a complexidade desta escolha, que precisa ser feita com conhecimento de causa e com discernimento, corremos o risco de ficar na superficialidade, e o que é pior: acabar contrariando a verdadeira causa da vida.

O apelo do Deuteronômio, no Antigo Testamento, parece ser de uma clareza meridiana: Deus coloca diante de nós dois caminhos, um de morte, e outro de vida, com a sensata recomendação para escolher o caminho da vida: "Escolhe, pois, a vida!".

No Novo Testamento, Jesus nos alerta de que esta escolha não é tão fácil. Inclusive pode ser equivocada e trágica. Pensamos estar escolhendo a vida, e, na verdade, entramos no caminho que leva para a morte.

São palavras d'Ele: "Quem quiser salvar sua vida, a perderá. E quem perder sua vida por causa de mim, a salvará" (Lc 9, 23-24).

O que Jesus nos quer dizer com esta advertência? Sem dúvida, Ele nos faz pensar nos equívocos que podemos estar cometendo, quando fazemos nossas opções de viver. Pois aparentemente os caminhos que levam para a frustração da vida, começam com aparências de verdade, e com ofertas de abundâncias e exuberâncias. Feita a escolha equivocada, muitas vezes não há mais retorno.

A realidade hoje está cheia de exemplos, infelizmente corriqueiros, que mostram o desfecho trágico de pessoas que se equivocaram em procurar a vida, entrando pelo caminho insidioso das falsas aparências.

Quantos jovens morrem, por exemplo, vítimas de acidentes. Vai se conferir, estavam bêbados. Morreram porque foram imprudentes, dirigindo embriagados. Onde começou o erro? Dá para flagrar um erro grave no fato de dirigirem embriagados. Mas a causa principal vem antes. Existe um erro anterior, pior que este. Quem disse que se embriagar é optar pela vida?

Mas, se conferimos melhor, percebemos que o erro começou ainda antes. Entrou pela mentalidade equivocada que foi se implantando na mente, oferecida com insistência pela sociedade envolvente, que propõe abertamente contra valores, que acabam sendo impostos pela força dos costumes, diante dos quais as famílias desistem de reagir , e as pessoas sucumbem vencidas.

Pois bem, não basta proibir que um bêbado pegue o volante. Há erros que precisam ser corrigidos bem antes.

Assim podemos entender como entram os equívocos na vida das pessoas. Achamos que o erro está na causa imediata que precede a tragédia. Não. Os erros começam antes.

Quando uma sociedade propaga a banalização do sexo, quando as instituições sociais incentivam a promiscuidade, quando a política tolera a corrupção, quando a economia produz acúmulos injustos e misérias imerecidas, quando a cultura propaga leviandades e irresponsabilidades, quando o Estado se omite diante de suas obrigações públicas, quando a Igreja deixa de profetizar, fica pavimentado o caminho da morte, mesmo que em sua fachada se proclame com solenidade a opção pela vida!

Esta campanha nos faz um sério alerta, parecido com o de Cristo: "nem todos os que me dizem 'Senhor, Senhor", entrarão no reino de Deus".

Nem todos os que se declaram a favor da vida estão a serviço dela!

Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales - SP

O Santo Sudário

O Santo Sudário é o pano de linho puro, que foi utilizado para envolver o corpo de Jesus Cristo após sua crucificação, antes que este tenha sido levado ao Santo Sepulcro. Mede 4 metros e 36 centímetros de comprimento por 1 metro e 10 centímetros de largura. Encontra-se hoje na cidade de Turim, na Itália. No tecido encontramos manchas de sangue humano, com as marcas do flagelo e suplício sofridos por Jesus de Nazaré. Este pano é a prova maior da existência de Cristo e do que este sofreu.

Após a fotografia tirada do Santo Sudário em 1898, ficou mais fácil estudá-lo à luz da ciência, devido à nitidez da figura de frente e de costas. E desde então tem se discutido o assunto sem o apoio exclusivo da Fé, facilitando assim a aceitação por qualquer ser humano, de qualquer raça ou religião. É, sem dúvida, uma relíquia que tem muito a esclarecer sobre a História da Humanidade.

É difícil estudar o Santo Sudário sem que ocorra uma transformação em nossas vidas. Jesus, com todo o sofrimento vivido no Calvário e registrado pela foto da Relíquia, surge numa imagem serena e majestosa. Jesus nos mostra que morreu como Homem e ressuscitou como Divindade. A Fé brota em nosso coração ao ver que Ele nos ofereceu todo aquele sacrifício. Ele reúne grandeza com serenidade, seriedade com doçura, justiça com igualdade, liberdade com fraternidade e silêncio com perdão. Jesus nos faz acreditar que o amanhã será ótimo, mesmo sabendo que hoje está péssimo, e isso é o que se chama Fé.

28 de fevereiro de 2008

Jornal Tamareiras

Clique na figura e assista:
Produção idependente, feita por jovens cristãos vicentinos com o intuito de mostrar para a Juventude que podemos seguir a Cristo sem deixar nossa jovialidade de lado.

Eder Silva


25 de fevereiro de 2008

Criador e criatura


Um grupo de cientistas estava decidindo qual deles iria encontrar com Deus e dizer que eles não precisavam mais Dele.
Finalmente um dos cientistas apresentou-se como voluntário e foi
dizer a Deus que Ele não era mais necessário...
Assim, ao encontrar Deus, o cientista diz a Ele:
- Deus, sabe como é, um punhado de nós tem estado pensando neste
assunto e eu vim dizer que você não é mais necessário.
Quero dizer, nós temos elaborado grandes teorias e idéias, nós
clonamos uma ovelha e logo iremos clonar humanos.
Como você pode ver, nós realmente não precisamos mais de você.

Deus balança a cabeça, compreensivamente e diz:
- Bom, sem ressentimentos. Mas, antes, vamos fazer um concurso.
O que você acha?

O cientista diz:
- Para mim, tudo bem.
Que tipo de concurso?

- Um concurso de fazer homem - Deus responde.

- Legal! Sem problemas! - Exclama o cientista.
O cientista rapidamente se adianta pegando um punhado de barro e
diz:
- Vamos lá, estou pronto!!!

E Deus diz:
- Não assim.
Você tem que criar seu próprio barro.

20 de fevereiro de 2008

Mensagem do Papa sobre a CF "Fraternidade e defesa da vida"

Leia a íntegra da Carta enviada pelo Papa Bento XVI, a D. Geraldo Lyrio Rocha, Presidente da CNBB.

"Ao iniciar o itinerário espiritual da Quaresma, a caminho da Páscoa da ressurreição do Senhor, desejo uma vez mais aderir à Campanha da Fraternidade que, neste ano de 2008, está subordinada ao tema "Fraternidade e Defesa da Vida" e ao lema "Escolhe, pois, a vida". É um tempo de conversão de todos os cristãos, no sentido de buscar uma fidelidade ainda maior ao Deus criador e doador da vida.

Meu Venerável predecessor, o Papa João Paulo II, na Encíclica Evangelium Vitae, pôs em evidência a mentalidade individualista e hedonista que, com uma concepção distorcida da ciência, foi causa de novas violações da vida, em particular do aborto e da eutanásia. Certamente, todas as ameaças à vida devem ser combatidas; o Concílio Vaticano II, ao condenar tudo quanto se opõe à vida ou viola a integridade da pessoa humana e a sua dignidade, recordava que tudo isso "desonra mais aqueles que assim procedem, do que os que padecem injustamente" tais atitudes, pois ofendem gravemente a honra devida ao Criador (cf. Cons. Gaudium et spes, 27).

Por isso, no Discurso Inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, quis recordar que os caminhos que traçam uma cultura sem Deus e sem os seus mandamentos, ou inclusive contra Deus, terminam sendo "uma cultura contra o ser humano e contra o bem dos povos latino-americanos" (n. 4).

O Documento final de Aparecida nos mostra que o encontro com Cristo é o ponto de partida para a negação desses caminhos de morte e a escolha da vida; mas é também o ponto de onde partimos para reconhecer plenamente a sacralidade da vida e a dignidade da pessoa humana (n. 356). Ao dar início à Campanha da Fraternidade deste ano, renovo a esperança de que as diversas instâncias da sociedade civil queiram solidarizar-se com a vontade popular que, na sua maioria, rejeita todas as formas contrárias às exigências éticas de justiça e de respeito pela vida humana desde o seu início até o seu fim natural.

Com estes auspícios, invoco a proteção do Senhor, para que sua mão benfazeja se estenda por todo o Brasil, e que a vida nova em Cristo atinja o ser humano por inteiro em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural, derramando seus dons de paz e prosperidade e desperte em cada coração sentimentos de fraternidade e de viva cooperação. Com uma especial Bênção Apostólica.
Benedictus PP. XVI

Vaticano, 8 de Dezembro de 2007"

Campanha da Fraternidade de 2008

A Campanha da Fraternidade de 2008 já tem tema: "Fraternidade e defesa da vida"; e o lema é: "escolhe, pois, a vida". Este tema assume importância sempre maior no Brasil e no mundo em vista das ameaças e agressões constantes à vida, o bem mais importante e precioso sobre a face da terra.

Nas suas múltiplas formas e manifestações, a vida é um bem impagável e indisponível; cada ser vivo manifesta, à sua maneira, a sabedoria e a insondável providência de Deus Criador. Não criamos a vida, mas temos o tremendo poder de destruí-la; e  a destruição da vida pelo descuido e a imprudência humanas, ou pela ganância sistemática e cega, é ofensa ao Criador. Muitas formas de agressão ao ambiente, bem como a interferência leviana na natureza dos organismos vivos, coloca em sério risco a existência da muitos seres vivos, vegetais ou animais. Vem ao caso de perguntar: que tipo de mundo e ambiente estamos preparando para as gerações que virão depois de nós?!

Tratando-se da vida humana, as questões tornam-se ainda mais preocupantes. A pobreza extrema e a falta de políticas sociais adequadas deixam a vida humana exposta a situações de risco e precariedade. A violência endêmica e o crime organizado ceifam numerosas vidas humanas, lamentavelmente, muitas delas, em plena flor da juventude! Submetida à lógica do mercado e da vantagem econômica, a vida humana acaba valendo muito pouco. A degradação ambiental, a contaminação e poluição das águas e do ar, em conseqüência de políticas econômicas irresponsáveis, desencadeiam mecanismos que põem em risco a própria sobrevivência da vida no nosso planeta.

É impressionante o número de abortos clandestinos realizados todos os anos no Brasil. São seres humanos inocentes e indefesos rejeitados, aos quais é negada a participação no banquete da vida. E com os abortos clandestinos, tantas mulheres também perdem a vida, em conseqüência de abortos mal-feitos. Legalizar o aborto seria a solução, para salvar a vida de muitas mulheres? É o que alguns pretendem. Mas essa solução seria trágica, cruel e imoral, pois ambas as vidas são preciosas, tanto mais, quanto menos culpa têm a pagar. A vida da mãe e do filho precisa ser preservada. A solução é a educação para a maior valorização da vida humana e para comportamentos sexuais conseqüentes com a grande responsabilidade de transmitir a vida a um novo ser humano.

Ameaça não menos preocupante para a vida humana é a pretensão de legalizar a eutanásia, uma intervenção intencional e direta para suprimir a vida humana. O ser humano, desde o início da história, sempre teve a tentação de se tornar senhor absoluto da vida e da morte; claro, é pretensão dos fortes sobre os mais fracos. E isso não lhe trouxe nada de bom. Só Deus é senhor da vida, porque só ele é capaz de chamar do nada à existência e de dar plenitude à vida humana. Por isso escreveu no coração do homem esta ordem: "não matarás!"

Proteger, defender e promover a vida é tarefa primordial do Estado, sobretudo a vida indefesa e frágil, como a dos seres humanos ainda não-nascidos, das crianças, idosos, pobres, doentes ou pessoas com deficiência. É ação política por excelência, que não poderá orientar-se pela lógica do "salve-se quem puder", que só beneficiaria os mais fortes; ela requer o envolvimento solidário de todos os cidadãos. A defesa da vida e da dignidade dos outros seres humanos contra toda forma de agressão, prepotência ou aviltamento interessa a toda a família humana; é manifestação suprema de fraternidade.

O lema – "escolhe, pois, a vida" (Dt 30,19b) – é tomado do livro do Deuteronômio. O povo hebreu, beneficiado pela ação libertadora e salvadora do Deus da vida, é colocado por Moisés diante da grave alternativa: escolher a vida e um futuro esperançoso para si e seus descendentes, permanecendo fiel aos mandamentos de Deus, ou escolher a morte, andando por caminhos de idolatria e servindo a "deuses" fabricados para a própria conveniência. Isso vale para a globalidade das decisões humanas: nossas escolhas têm conseqüências sobre a vida e o futuro. A escolha livre e responsável do respeito aos mandamentos de Deus e do seu desígnio de vida significa bênção, esperança, futuro. O desprezo ao desígnio do Deus da vida e seus mandamentos traz  a desgraça, a morte.

Esta é a grande questão posta pela Campanha da Fraternidade de 2008, que será ocasião para refletir sobre a complexa problemática que atinge a vida sobre a terra, em especial, a vida humana. Está em jogo o futuro da vida na Terra, nossa casa comum,  e de todos os seus habitantes. Uma solução responsável só poderá ser solidária e fraterna, no pleno respeito ao desígnio de Deus Criador e Senhor da vida.

D.Odilo Pedro Scherer
Bispo Auxiliar de São Paulo
Secretário-Geral da CNBB