15 de agosto de 2025

Assunção de Nossa Senhora

Maria na glória Celeste

A Sagrada Tradição da Igreja ensina que Nossa Senhora foi elevada ao céu de corpo e alma após sua morte. No entanto, as particularidades da "morte" da Virgem Maria não são conhecidas. Santo Epifânio, bispo de Salamina de Chipre, compôs, nos anos de 374-377, o livro sobre as heresias, no qual escreve: "Ou a Santa Virgem morreu e foi sepultada e seguiu-se depois sua Assunção na glória, ou, sem fim, verificou-se em plena e ilibada pureza, adornando a coroa de sua virgindade" (MS, p. 267).

Foto Ilustrativa: sedmak by Getty Images / cancaonova.com

O Dogma da Assunção da Virgem Santíssima foi proclamado, solenemente, pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950, e sua festa é celebrada no dia 15 de agosto. Grande júbilo e alegria pairou sobre todo o mundo católico naquela data, especialmente para os filhos de Maria. Quando o Papa o decretou, por meio da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, foi uma verdadeira apoteose, tanto na Praça de São Pedro, em Roma, como nas outras cidades do mundo católico.

Nesse documento, disse o Papa: "Cristo, com Sua morte, venceu o pecado e a morte, e sobre esta e sobre aquele alcançará também vitória pelos merecimentos de Cristo quem for regenerado sobrenaturalmente pelo batismo. Mas, por lei natural, Deus não quer conceder aos justos o completo efeito dessa vitória sobre a morte, senão quando chegar o fim dos tempos.

Por isso os corpos dos justos se dissolvem depois da morte e, somente no último dia, tornarão a unir-se, cada um com sua própria alma gloriosa. Mas, desta lei geral, Deus quis excetuar a Bem-Aventurada Virgem Maria. Ela, por um privilégio todo singular, venceu o pecado; por sua Imaculada Conceição, não estando por isso sujeita à lei natural de ficar na corrupção do sepulcro, não foi preciso que esperasse até o fim do mundo para obter a ressurreição do corpo".


Imaculada Virgem Maria

Assim, na Praça de São Pedro, em Roma, diante do pórtico de São Pedro, circundado por 36 Cardeais, 555 Patriarcas, Arcebispos e Bispos e sacerdotes, e perante cerca de um milhão de fiéis, o Papa proclamava solenemente: depois de haver mais uma vez elevado a Deus nossas súplicas e invocado as luzes do Espírito Santo, a glória de Deus Onipotente, que derramou sobre a Virgem Maria.

Sua especial benevolência, em honra de Seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte, para maior glória de Sua augusta Mãe e para a alegria e exultação de toda a santa Igreja, e pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma de fé revelado por Deus que: a Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrena, foi elevada à glória celeste em corpo e alma (MS, p. 282).

Solenidade

Papa Paulo VI, na Exortação Apostólica Marialis Cultus, resume a importância desse dogma numa expressão cheia de densidade: "A solenidade de 15 de agosto celebra a gloriosa Assunção de Maria ao Céu, festa de seu destino de plenitude e de bem-aventurança, glorificação de sua alma imaculada e de seu corpo virginal, de sua perfeita configuração com Cristo ressuscitado" (MC n.6).

Assim, Maria participa da ressurreição e glorificação de Cristo. É preciso lembrar, aqui, que somente Jesus e Maria subiram ao Céu de corpo e alma. Os santos estão lá apenas com suas almas, pois os corpos estão na terra, aguardando a ressurreição do último dia. Maria, ao contrário, foi elevada ao céu também com seu corpo já ressuscitado. É uma grande glória dela.

A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, em uma Instrução de 17-05-1979, deixou bem claro: a Igreja, ao expor a sorte do homem após a morte, exclui qualquer explicação que tire o sentido à Assunção de Nossa Senhora naquilo que ela tem de único, ou seja, o fato de ser a glorificação corporal da Virgem Santíssima uma antecipação da glorificação que está destinada a todos os outros eleitos (n. 6).

Quais os motivos da Assunção de Nossa Senhora?

1 – Como Maria não esteve sujeita ao poder do pecado para poder ser a Mãe de Deus, também não podia ficar sob o império da morte, pois, como disse São Paulo, "o salário do pecado é a morte" (Rm 6,23). Assim, Maria não experimentou a corrupção da carne, mas foi glorificada em sua alma e seu corpo.

2 – A carne de Jesus e a de Maria são a mesma carne. Portanto, a carne de Maria devia ter a mesma glória que teve a de seu Filho.

São João de Damasco, no ano 749, escreve: "Era necessário que aquela que, no parto, havia conservado ilesa sua virgindade, conservasse também sem corrupção alguma seu corpo depois da morte. Era preciso que aquela que havia trazido no seio o Criador feito menino habitasse nos tabernáculos divinos.

Era necessário que aquela que tinha visto o Filho sobre a cruz, recebendo no coração aquela espada das dores das quais fora imune ao dá-Lo à luz, O contemplasse sentado à direita do Pai. Era necessário que a Mãe de Deus possuísse aquilo que pertence ao Filho e fosse honrada por todas as criaturas como Mãe de Deus".

E assim também se exprime São Germano, patriarca de Constantinopla, falecido em 735, e outros santos (MS, pp. 272 e 273).

Festa do trânsito de Maria

A festa do Trânsito de Maria, que honrava sua morte, passou gradualmente a comemorar sua Assunção corporal ao céu. No sacramentário enviado pelo Papa Adriano I ao Imperador Carlos Magno (768-814), que introduziu o Cristianismo em todo o vasto império franco, está escrito: digna de honra é para nós, Senhor, a festividade deste dia em que a Beata Virgem Maria, a Santa Mãe de Deus, sofreu a morte temporal, mas não pôde ser retida pelos inexoráveis laços, porque ela deu à luz Seu Filho, nosso Senhor, que tomou sua carne (MS, p. 273).

No Sínodo de Mainz, no ano 813, Carlos Magno introduziu a festa da Assunção de Maria ao Céu, depois de haver obtido autorização de Roma.

Foi São Gregório de Tours, falecido em 596, o primeiro a proclamar a Assunção corpórea de Maria ao Céu. Um século mais tarde, Santo Ildefonso de Toledo afirmou: "Não devemos esquecer que muitos consideram que ela [Maria] foi, neste dia, levada corporalmente ao céu por Nosso Senhor Jesus Cristo" (MS, p. 274).

Mãe de Deus

Muitos santos perguntavam se o melhor dos filhos poderia recusar à melhor das Mães a participação em sua ressurreição e o glorioso domínio à direita do Pai? Para eles, sua dignidade de Mãe de Deus exige a Assunção.

Para Santo Irineu, do século II, como a nova Eva, Maria participou da sorte do novo Adão, Jesus Cristo, ressuscitou depois da morte, e seu corpo não experimentou a corrupção (MS, p. 277).

Como Maria não teve na alma a mancha do pecado original, ficou isenta da dura sentença dada aos demais: "Es pó e em pó hás de tornar" (Gn 3,19). A nós que herdamos o pecado original, é preciso voltar ao pó da terra de onde saímos, para que, na ressurreição do último dia, o Senhor nos refaça sem as sequelas do mal.

Glória da Assunção de Nossa Senhora

A rica Tradição da Igreja reconheceu, desde os primeiros séculos, a gloriosa Assunção de Nossa Senhora. Dela dão testemunho S. João Damasceno, São João Crisóstomo, S. Tomás de Aquino, S. Boaventura, S. Anselmo, São Bernardo e outros luminares e teólogos famosos. Além disso, a Sagrada Liturgia sempre confirmou a verdade desse dogma, tanto nos antigos missais como nos sacramentários, hinos e saudações à subida da Rainha ao Céu. Além disso, nunca, em Igreja nenhuma da Terra, venerou-se uma relíquia do corpo de Maria Santíssima, mostrando com isso uma convicção certa e inabalável de que Ela está no céu.

Contudo, a razão mais forte da Assunção de Nossa Senhora está no fato de ela ser a Mãe do Senhor. Como disse o frei Francisco de Monte Alverne: "Consentiria o meigo Jesus de Nazaré que sua morada puríssima, o céu esplêndido onde por nove meses repousaria, a estátua viva esculpida pelo próprio Criador, ficasse nessa terra de exílio? Porventura o Rei dos Exércitos esperaria o fim dos tempos para que a corte celeste prestasse homenagens reais à sua Mãe. Não, pois era mister que a humanidade reconhecesse quanto era considerada uma mãe tão extremosa" (nota 22 e Tm p. 314).

A glória da Assunção de Nossa Senhora ao Céu é, para nós que ainda vivemos neste vale de lágrimas, a certeza de que o céu existe e é nosso destino.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/assuncao-de-nossa-senhora-2/

13 de agosto de 2025

Convide Deus para participar da sua família

Existem situações que fogem do nosso controle, e devemos ter a humildade de reconhecer que não somos suficientemente fortes para contorná-las sozinhos. Necessitamos da ajuda de pessoas que estão ao nosso lado, sobretudo de Deus. No fundo, vemos que a maioria dos conflitos presentes na sociedade acaba tendo quase uma única causa: a desestrutura da família.

Em nossos dias, vemos um bombardeio de experiências negativas, que influem no relacionamento familiar, dando a entender que a instituição familiar, a fidelidade, o companheirismo e a educação são coisas do passado, que não têm mais sentido neste terceiro milênio. Porém, o amor, a entrega, os sonhos de um casal apaixonado são os mesmos de 50 anos atrás, pois cada casal que se apresenta diante do altar, buscando o Sacramento do Matrimônio ao menos naquele instante, nutre, em seu coração, um forte desejo de constituir uma família duradoura "até que a morte os separe".

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / Chat GPT.

Talvez, o fato de esses objetivos não perdurarem, é porque, hoje, a sociedade já não mais valoriza a renúncia, a entrega. E assim, uma forte barreira vai se firmando entre os cônjuges, então, acontece um esfriamento e não o desaparecimento do amor. Na verdade, o amor nunca se acaba. Pode acontecer que ele fique ofuscado pelas dificuldades, daí, a necessidade de se fazer purificações. O sol nunca deixa de existir, mesmo em dias nublados. O amor, mesmo em tempos de dificuldades, existe, mas é preciso saber reconhecê-lo, isto é, saber afastar as dificuldades por meio do diálogo e do perdão, para que ele seja manifesto novamente.

Amor e respeito pela família

Talvez, um dos caminhos para retomarmos o amor e o respeito nas famílias seja a recuperação da figura dos pais. É triste quando encontramos famílias que entregam a educação de seus filhos às domésticas ou babás. Não que estas não sejam qualificadas para darem a educação correta, mas porque os pais acabam se tornando um ser desconhecido para seus filhos. E os mesmos não conseguem assimilar uma formação adequada, pois a empregada, hoje, está com eles, mas amanhã poderá ser substituída. Assim, a criança vai crescendo com este paradigma: "Se esta não responde mais com algumas necessidades, faço a substituição".

Assim, o sentido de renúncia e de superação de alguns limites é descurado, pois não há uma exigência para vencer as dificuldades, mas simplesmente as substituir. Desse modo, se nos enveredarmos por esse caminho, poderemos perceber que alguns matrimônios não perduram, pois esse espírito de substituição se tornou tão "normal", que é mais fácil eu deixar de viver com meu esposo, minha esposa, do que aprender a conviver com as suas limitações.

Talvez, haja a necessidade de que cada cristão repense o seu modo de conceber o Sacramento do Matrimônio e a estrutura familiar. É triste perceber que, em grande parte dos matrimônios realizados em nossas paróquias, o essencial não é a bênção de Deus, pois se supervaloriza a roupa, a maquiagem, o traje, mas pouca importância tem a Palavra de Deus anunciada.


O nascimento da família

A ostentação, em determinadas celebrações de matrimônio, demonstra que Deus não foi convidado para o momento essencial do nascimento da família. Atrasos abusivos pretendem encher de glamour o evento, mas o que faz é apenas ressaltar o descaso com o Sacramento que se diz querer receber. Portanto, para muitos, a família já surge enferma, pois o essencial não foi ressaltado. Posso testemunhar que, em determinadas celebrações, o mais importante era fazer poses para fotos do que a própria Palavra de Deus.

Ao lado de tanta ostentação, no entanto, é possível encontrar um ou outro casal que esteja, verdadeiramente, preocupado em receber a bênção de Deus, e procura fazer de seu matrimônio um momento privilegiado de encontro com Ele. Estes que assim procedem podem ter a firme esperança de que sempre estarão vivendo sob o olhar de Deus e, mesmo passando por dificuldades na vida matrimonial, encontrarão forças n'Ele para superá-las. Porém, aqueles que colocam, em primeiro lugar, o glamour da celebração, não terão forças para superar as dificuldades; não porque Deus os abandonará, mas porque não saberão os reconhecer.

Padre Reginaldo Lima 


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/convide-deus-para-participar-da-sua-familia/

12 de agosto de 2025

Juventude e radicalidade

Missão jovem

Radicalidade significa ir até a raiz de algo (do latim radix, que significa raiz). No contexto cristão e vocacional, ser radical não é ser extremo ou intolerante, mas sim viver com coerência total aquilo em que se acredita. Quando, em Mt 16,24, Jesus faz a proposta: "Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo", Ele diz de um seguimento acompanhado de uma renúncia, de um preço. Seguir a Cristo precisa nos custar algo, pois aquilo que vem fácil vai fácil.

Crédito: piola666/ Getty Images

Na geração presente em que vivemos, o jovem precisa viver um despertar radical de propósitos em Deus, precisa ser confrontado pela verdade de Cristo a ponto de se indagar e se deixar perpassar por ela.

Deus realiza grandes revoluções

É próprio do jovem ser um inconformado, muitas vezes com o mundo, com suas realidades sociais, estruturais, culturais. Ele traz em si um potencial de mudança e revolução muito forte, não é atoa que um dia foi dito pelo Monsenhor Jonas Abib, "comece com os jovens, que é mais fácil", não fácil pelo fato do jovem ser bobo, mais sim por abraçar as propostas com radicalidade e firmeza. Quando o desejo de mudança se aloja no coração de um jovem, um ideal é estabelecido, pois um ideal fora de Deus pode culminar em grandes revoltas, mas, quando vividos, Deus realiza grandes revoluções. 

No ímpeto santo de sua juventude, o coração do jovem não se contenta com meias respostas, meias ideias ou meias verdades; para ele, a vida e suas propostas precisam fazer sentido. Nunca será "não pecar por não pecar", sempre precisará de um ideal maior, um ideal tão grande que o leve a dar a vida por isso, como já nos dizia Bento XVI: "O presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho."(SPE SALVI,1)

Ou Santos ou Nada!

Na ocasião em que nosso pai fundador, Monsenhor Jonas Abib, proclamou "Ou Santos ou Nada!", ele mal poderia imaginar o sentido profundo que isso causaria nas gerações futuras, em um tempo onde tudo é subjetivo, onde as propostas de vida até mesmo em Deus trazem por muitos um viés secularizado, o Santos ou Nada, deixa de ser um uma frase de efeito e se torna um estilo de vida.


Diante de um mundo que abraça um estilo de vida semelhante ao nada, sem expectativas de transcender o agora, sem um olhar voltado para o Eterno, como disse São Paulo aos Efésios, "sem Deus e sem esperança" (Ef 2,12), só uma proposta radical acompanhada de uma renovação de mentalidade pode levar o jovem a ter a santidade como uma meta de vida, não uma meta subjetiva ou ilusória, mas uma meta que já começa a se construir no agora, com passos curtos, mas concretos.

Por fim, aquilo que era um desafio se torna um estilo de vida, que, uma vez impregnado e assumido, levará esse mesmo jovem a repetir as palavras ditas por São Pedro: "A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna" (Jo, 6,68).

 

Carlos Henrique (Rick)
Membro do Núcleo da Comunidade Canção Nova – Atua no Núcleo Jovem da Canção Nova e é Apresentador na TVCN do Programa Revolução Jesus.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/juventude-e-radicalidade/

11 de agosto de 2025

O matrimônio como expressão da doação de Cristo na cruz

Christianus alter Christus! Essa antiga expressão da Igreja significa que o "cristão é outro Cristo". Esse mistério de configuração se dá por uma especial participação na vida de Jesus de que o sacramento do batismo nos confere. O Catecismo da Igreja Católica elucida isso quando ensina que "a graça é uma participação na vida de Deus, introduz-nos na intimidade da vida trinitária: pelo Batismo, o cristão participa na graça de Cristo, cabeça do seu corpo" (n. 1997). Ainda no Catecismo, percebe-se a profundidade e a beleza desse mistério de participação do Ser de Cristo quando se lê:  "Tudo o que Cristo viveu, Ele próprio faz com que o possamos viver n'Ele e Ele vivê-lo em nós. Pela sua Encarnação, o Filho de Deus uniu-Se, de certo modo, a cada homem. Nós somos chamados a ser um só com Ele; Ele faz-nos comungar, enquanto membros do seu corpo, em tudo o que Ele próprio viveu na sua carne por nós, e como nosso modelo" (n. 521).
O caminho de santidade no matrimônio

Créditos: nortonrsx by GettyImages / cancaonova.com

O matrimônio e a participação na vida de Deus

Ora, um grande fruto dessa participação na vida de Deus é a reprodução ou expressão de seu mistério no mundo. Em outras palavras, isso significa que, quando estamos imersos no mistério de Deus, nos tornamos sinal e expressão desse mistério no mundo. Por isso o Papa Francisco exclamou: "Oxalá consigas identificar a palavra, a mensagem de Jesus que Deus quer dizer ao mundo com a tua vida" (Gaudete et exsultate, n.24).

Sendo assim, pensemos qual é a Palavra e o mistério da vida de Jesus que aqueles que vivem a vocação ao matrimônio são chamados a reproduzir. São João Paulo II, na exortação apostólica Familiaris Consorti, nos ajuda a intuir esse mistério quando diz: "Os esposos são, portanto, para a Igreja o chamamento permanente daquilo que aconteceu sobre a Cruz […].  Deste acontecimento de salvação, o matrimônio, como cada sacramento, é memorial, atualização e profecia" (n. 13).

Dessa forma, o matrimônio, marcado pela definitiva e constante entrega dos esposos, é sinal daquela entrega que Jesus faz de Si pela e para a Igreja. Por isso o Apóstolo Paulo dá uma medida específica do amor matrimonial quando ordena: "Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela" (Ef 5,25).


O matrimônio traduzido em atitudes concretas

Portanto, enquanto sinal da entrega de Jesus, o matrimônio pressupõe uma forma peculiar de participação em sua Páscoa. Isso deve se traduzir em atitudes concretas que, por si só, serão sinal eloquente da entrega de amor que Jesus ofertou à humanidade.

Por fim, vale lembrar de algumas dessas atitudes com as palavras do teólogo Walter Kasper: "Quando se contempla o amor matrimonial sob o signo pascal da cruz, aí então se começa a viver da doação, do perdão, a partir de inícios constantemente renovados… E assim como Cristo ama sua Igreja, embora como Igreja de pecadores, e como tal a purifica e santifica, da mesma maneira os cônjuges deverão aceitar-se mutuamente em todos os conflitos, deficiências e culpabilidades que aparecem no dia a dia."

Wilker Henrique Costa Fiuza
Membro da Comunidade Canção Nova desde 2008. Mestre em Teologia Sistemática (2023). Formado em Filosofia (2011). Professor na Faculdade Canção Nova (www.fcn.edu.br). Casado e pai de dois filhos.

Referências:
KASPER, Walter. Teologia do matrimônio Cristão. São Paulo SP: edições paulinas, 1993.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/casamento/o-matrimonio-como-expressao-da-doacao-de-cristo-na-cruz/

10 de agosto de 2025

Carta aberta aos portadores do dom da paternidade

Uma esperança na impossibilidade

Vejam, os filhos são um dom de Deus, é uma recompensa o fruto das entranhas (Sl 127, 3). Todo filho é um dom de Deus, e cada história traz em si a beleza da unicidade, da iniciativa de Deus. Por mais difícil que seja a minha e a sua história, é inegável: houve um desígnio criador, um gesto de amor de um Deus que pensou em mim e em você, que me quis e quis você, independentemente da dor ou do louvor que habita a minha e a sua gestação. Há uma iniciativa amorosa de um Pai que nos quis e, por isso, somos um dom de Deus.

Ser pai, Vocação de proteção

Foto Ilustrativa: Brenda Sangi Arruda by GettyImages / cancaonova.com

E é assim que eu volto ao ano de 2022, ano da graça extraordinária de Deus em minha vida e na de minha esposa, ano em que fomos visitados por este desígnio de amor de que falava há pouco. Existe uma história não contada, de uma multidão de homens e mulheres que esperam a fiel manifestação de Deus não em suas potências, mas em sua incapacidade, sua impossibilidade de gerar.

No ano em questão, casados há cinco anos, vivíamos um luto silencioso. O luto pelos filhos que nunca havíamos gerado. Após tantas e tantas consultas, com tantos médicos, os diagnósticos, nem um pouco animadores, cada vez mais arrastavam-nos à certeza de que não poderíamos gerar filhos.

Reserva ovariana baixa e espermogramas praticamente zerados eram apenas alguns dos problemas que nos rodeavam. A cada novo problema diagnosticado, ocultava-se, cada vez mais, as esperanças daquela promessa feita no altar, de receber com amor os filhos que Deus nos confiaria. 

Os filhos são um dom

Quando tudo parecia conduzir-nos a uma direção que não esperávamos, às vezes sem força, nos lançamos naquela correnteza, desfalecidos seguindo qual rio para o seu destino. Foi nesse turbilhão, sem forças para nadar, quase afogado, que fui resgatado. A conversa gentil de uma amiga com minha esposa, questionando-a se ela não havia entendido que receber os filhos que Deus queria nos dar incluía a possibilidade de nenhum filho, tocou forte em meu coração. Eu estava tão apegado à ideia de que, obviamente, eu seria pai, que não podia conceber o contrário. Eu achei que era meu direito, esqueci-me de que os filhos são um dom. 


E foi assim que, naquele início de ano, pedi ajuda d'Ele! Pedi que me ajudasse a superar o desejo de ser pai por meios naturais. Pedi que me ajudasse a entender e aceitar que, diante dos exames e diagnósticos, aquele não era o caminho natural para mim. Pedi que Deus tirasse o desejo de ser pai por meios naturais e, quem sabe assim, se Ele permitisse, que eu me abrisse para a adoção.

Sem saber, eu pedia para que Ele me ensinasse novamente que não era um direito meu, mas um dom. E Deus inclinou-se para mim… "este infeliz gritou a Deus e foi ouvido" (Sl 33,2). De fato, não foi "natural" o que experimentamos, mas uma intervenção poderosa de Deus. E concebemos… rimos e choramos de felicidade. Nosso milagre fará três anos no próximo mês de setembro. 

A graça de reconciliar-se com Deus

Não quero ser imprudente nem enganoso. Experimentamos a dor de não poder gerar por anos, e sei que nem todos que passam pelo que passamos conceberão. Talvez você pense que é fácil para mim contar esta história depois de ter experimentado um milagre, mas eu quero que você saiba que eu entendo a sua dor. Talvez a sua dor não seja não poder gerar, mas os desvios de um filho ou até mesmo o seu sentimento de improdutividade e estagnação.

Os anos em que vivemos a expectativa da gravidez, foram anos de uma dor silenciosa e sem nome. Dor que só entendi quando o nosso milagre nos alcançou. Sei o quanto doem as cobranças familiares pelos filhos, as brincadeiras dos amigos ou a simples participação em um chá de fraldas, o peso dos anos que passam enquanto teimamos em apenas sobreviver.

Talvez o maior milagre que eu tenha experimentado tenha sido esse, entender e aceitar que havia dor, entender que precisava sair daquela situação de morte para a VIDA, e é essa graça que eu peço sobre você no dia de hoje. A graça de reconciliar-se com Deus, com sua história, com sua condição, e voltar à vida, deixando o sepulcro do escondimento, da amargura e do isolamento. 

Tempo de espera

O que aprendi com este tempo de espera e com o milagre que alcançamos é que toda vida é um dom extraordinário de Deus. Que, como pai, (por um desígnio amoroso de Deus, como todo pai) não sou dono do meu filho, e por isso preciso educá-lo para Deus, como um professor que ensina as crianças para os pais. Aprendi que a paternidade que faz parte de mim eu preciso levar para o meu próximo, não o retendo para mim, mas devolvendo-o para si, e assim devolvendo-o para Deus. Essa paternidade que já existia em mim, Deus precisou cavar fundo para trazê-la para fora. Talvez em você, caro amigo, ela não esteja tão escondida. 

A vida que se pode ofertar dia a dia

Quer você tenha filhos ou não. Neste Dia dos Pais, quero que saiba que há um povo carente de pai, da firmeza que corrige, da ternura que acolhe e dá segurança, da paternidade que existe em você, HOMEM. Enquanto os mais novos chegam com muita energia e vida nos nossos trabalhos e nas nossas comunidades, eles precisam encontrar em mim e você a sabedoria provada e experimentada na vida. A sabedoria de quem superou a dor sem culpar a Deus, a resiliência de quem suportou a aspereza do caminho e permaneceu.

A perenidade silenciosa e, ao mesmo tempo, escandalosa de uma vida que só um pai pode ofertar, porque ser pai não é sobre gerar biologicamente um filho, mas sobre a vida que se pode ofertar dia a dia, para que esse ser que recebe tenha vida. 

Rogo a Deus, o nosso Pai e doador de nossa vida, que saibamos, a Seu exemplo, ser pais, doadores de vida por onde passarmos e a quem encontrarmos. Doadores da vida verdadeira que só se alcança plenamente no céu, Amém!

 

Rafael Oliveira
Missionário da Comunidade Canção Nova no modo de compromisso "Núcleo" desde janeiro de 2010. Natural de Brasília, casado e pai de um pequeno milagre. Formado em Ciências da Computação, Especialista em Gestão de Projetos e Data Science e Analytics.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/paternidade/carta-aberta-aos-portadores-do-dom-da-paternidade/

8 de agosto de 2025

Só é feliz quem realiza a própria vocação

A vontade de Deus

Muita gente sabe da definição clássica de vocação como vocare (chamado). Pensando nisso, lembro-me das palavras do Padre Guedes – salesiano amigo do Padre Jonas – num encontro vocacional há tempos em Lorena: "Só é feliz quem realiza a própria vocação!".

Créditos: SVPhilon / GettyImagens / cancaonova.com

Essa frase foi muito importante para dirigir a minha motivação em servir a Deus. Todos nós queremos ser felizes, mas felicidade de verdade só vem quando realizamos a vontade de Deus em nossa vida.

Todos passam por essas interrogações:

– Qual é minha vocação?
– Fui feito para quê?
– Profissionalmente, o que vou fazer?

Para todas essas perguntas, a resposta virá de uma vontade firme em servirmos ao Senhor. Deus fala a caminho. Precisamos dar passos e, dando passos, descobriremos a vontade de Deus em nós. Foi dando um passo de cada vez que fui descobrindo a minha vocação.


É impressionante ver que, quando nós temos uma motivação verdadeira de servir ao Senhor, as coisas vão se esclarecendo, clareando, falando dentro de nós. Até mesmo o estado de vida vai se definindo. Eu senti o desejo, quando bem jovem, de ser padre; depois, fui vendo que o meu chamado era mesmo para o casamento.

Muitos veem, no casamento, uma barreira à santidade, mas não é! É vocação! Depois de toda uma caminhada, fui ordenado diácono. Hoje, como diácono, marido e pai, sinto-me totalmente realizado no Sacramento da Ordem e do Matrimônio, e essa realização desemboca numa missão vivida de maneira intensa e tranquila, obedecendo à voz do Senhor.

A felicidade é possível! "Senhor, eis-me aqui! Envia-me!"

Diácono Nelsinho Corrêa
Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/so-e-feliz-quem-realiza-propria-vocacao/

6 de agosto de 2025

A transfiguração do Senhor em nossa vida

Somos com Deus os construtores de nossa eterna felicidade. Sua graça nunca faltará, mas nossa colaboração nunca será dispensável. E nós a estaremos dando, com certeza, sempre que soubermos olhar para Cristo com a mesma fé simples e profunda com que o contemplou o centurião naquela tarde no alto do calvário.

Foto Ilustrativa: by Getty Images / Halfpoint

A Transfiguração de Jesus é reveladora

Deus quer nos salvar, para isso mandou Seu Filho ao mundo. Não quer condenar ninguém, mas Ele quer a colaboração da nossa liberdade. Não nos quer autômatos irresponsáveis. Precisamos aprender a percorrer os caminhos que nos aproximam de Deus e nos colocam num serviço generoso aos irmãos. Deus se manifesta totalmente a quem a Ele se doa, e a quem o procura de coração. Quantas vezes buscamos a Deus e nos perguntamos onde Ele está escondido.

São João da Cruz responde com simplicidade: "Deus está escondido no mais íntimo de nós mesmos, e é dentro de nós que devemos procurá-Lo". É dentro do nosso coração que acontece o encontro mais íntimo e profundo com o Mistério Trinitário. É Jesus quem nos convida a fechar a porta, entrar no quarto do nosso coração e lá rezarmos ao Pai, e o Pai que tudo vê nos atenderá.

Num mundo agitado que nos obriga a tanta correria, redescobrir o valor do silêncio e da contemplação é muito necessário. A transfiguração de Jesus nos revela a distância que existe entre a glória à qual todos nós somos destinados e a situação na qual vivemos no presente, porque os nossos pecados são o grande obstáculo para que a glória dos filhos de Deus se manifeste na sua plenitude.

A misericórdia é nosso socorro

A Misericórdia Divina vem em nosso socorro de modo que, pela graça, o pecado é vencido e nós somos transfigurados aos poucos até o dia da ressurreição, quando todos os que foram resgatados na morte com Cristo irão viver com ele para sempre; e como diz o apóstolo São João, seremos semelhantes a Deus, porque o veremos tal qual Ele é.


Sempre que nos vemos diante de uma grande dificuldade ou de um grande problema, a nossa tendência é clamarmos a Deus para que Ele venha em nosso socorro com a Sua graça e nos ajude a superarmos os obstáculos. E, de fato, Deus vem em nosso socorro com Seu amor e com Sua misericórdia. Mas Deus é solidário conosco e não nosso suplente. Jesus manda que os discípulos deem de comer às multidões e multiplica os cinco pães e os dois peixes que eles tinham. Portanto, somente quando fazemos a nossa parte e Deus age conosco é que há a plena saciedade para todos.

Eduardo Rocha Quintella


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/a-transfiguracao-do-senhor-em-nossa-vida/

5 de agosto de 2025

Chegou a hora de abandonar aqueles maus hábitos

A vida é marcada por desafios, tarefas, responsabilidades cotidianas, encontros, desencontros, realizações e frustrações. Ainda mais para um jovem que se encontra dando passos para a construção da sua vida.

O contexto em que o jovem se encontra no mundo atual é marcado pela brevidade dos tempos, dos dias, onde parece que "não se encontra tempo pra nada" ou se "sente um desânimo pra tudo". Mas o que tem acontecido em nossos dias?

São informações excessivas que nos envolvem. Um minuto no feed, nos stories, tem-se acesso a muitos conteúdos, muitas vidas diferentes e seus padrões. E, de repente, sente-se "sugado", sem energias, pois a dopamina é consumida e a produção do cortisol aumenta, bem como sente-se um vazio, uma "bad", uma "deprê" que não se sabe de onde vem.

Créditos: Juergen Bauer Pictures by Getty Images / cancaonova.com

O mau hábito

O acesso é excessivo a tantos assuntos e pessoas; no fim, o jovem se encontra sem conteúdo, não se recordando da última coisa que leu ou viu, e sente-se sozinho, um vazio toma conta dele, e nem se lembra mais da missão daquele dia ou o que havia proposto fazer, perdendo-se em meio às informações.

Imagine a cena de mais de 20 pessoas num quarto pequeno, vários assuntos rolando, falando-se de tudo ao mesmo tempo, e você tentando se conectar, raciocinar e interagir, mas não consegue, uma agonia toma conta, uma vontade de gritar e sair correndo por se sentir sufocado; não é possível nem encontrar a porta de saída, pois são tantas barreiras que se torna difícil enxergar a meta.

Assim é a vida de um jovem que não tem seus propósitos bem definidos, que não tem disciplina nos seus horários. Em frações de segundos, sente o seu tempo roubado, a sua vida frustrada, o seu rumo perdido e já nem sabe mais o sentido da sua vida, o que almeja ser e construir, pois, ao longo dos seus dias, pouco a pouco a sua energia esvai-se.

Essa cena pode acontecer na vida de muitos, onde se alimenta o prazer rolando a tela, e seu dia não flui; quando vê, não fez a tarefa que tinha proposto, não organizou a casa nem o quarto, não fez o exercício físico, não se alimentou de forma saudável por não ter tempo para fazer etc. Tudo porque o consumo das telas atrapalhou a produção da substância melatonina (hormônio essencial para o corpo) que ajuda a regular o seu relógio biológico.

O impacto das telas

A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) lista uma série de malefícios que o uso excessivo de telas pode causar às crianças: problemas de saúde mental como ansiedade e depressão; transtornos psiquiátricos como déficit de atenção e hiperatividade; transtornos alimentares e do sono; sedentarismo etc.

Contudo, esses dados também são para os jovens. Leia um trecho a seguir pela BBC News "Como uso excessivo de celular impacta cérebro da criança" – BBC News Brasil:


Para entender como o contato excessivo com as telas afeta o bem-estar mental dos jovens, é preciso considerar que o cérebro não nasce pronto: ele se desenvolve pouco a pouco ao longo das primeiras três décadas de vida. Algumas partes desse órgão vital só amadurecem completamente quando chegamos lá pelos 25 ou 30 anos. É o caso, por exemplo, do córtex pré-frontal. Essa região cerebral é responsável, entre outras coisas, por controlar impulsos, fazer julgamentos, resolver problemas, manter a atenção e tomar decisões.

"É por isso que os adolescentes são mais impulsivos e têm esse comportamento típico de explorar e experimentar", relaciona Rodrigo Machado. "Com o córtex pré-frontal ainda imaturo nessa faixa etária, ficamos mais propensos a buscar o prazer sem pensar em todas as consequências", complementa o psiquiatra. Agora, imagine o que acontece quando esse cérebro em formação é exposto a um turbilhão de estímulos prazerosos, disponíveis facilmente em qualquer plataforma on-line.

Pare tudo e reflita sobre seus hábitos

Conseguiu imaginar? É URGENTE que você jovem que faz a leitura deste texto faça um exame de consciência, refletindo o uso do seu tempo, como estão os seus hábitos, como estão seus propósitos, como está a sua vida em geral.

Eu o convido a pegar uma folha de papel em branco e escrever os seus horários, o que gostaria de fazer em seu dia hoje e nos próximos, realizar um planner, definindo cada hora do seu dia. E assim, você não seja roubado por você mesmo e seus maus hábitos, chegando no fim do dia como um derrotado. NÃO!

É preciso foco, atenção, contemplação e parada! Escreva mesmo, e, se preciso, cole no seu guarda-roupa, em um lugar bem visível para você: tal horário, eu vou acordar; em seguida, vou preparar um café saudável, vou investir no meu estudo, num curso, numa atividade física, no meu trabalho, numa leitura e, por último, ao menos uma hora antes do horário que vou dormir, vou me desligar das telas, preparar-me para dormir bem etc.

Ei, jovem, essa é a hora!

E lembre-se: se você não se responsabilizar pela sua vida, por criar hábitos saudáveis, você fugazmente estará envolvido por maus hábitos incontroláveis, buscando prazeres sem consequências, sem analisar sequer os prejuízos, comendo o que der na telha, não cuidando do seu corpo, não praticando atividades físicas; logo, você estará rendido ao que é mais rápido e saciável, porém, com o tempo, será destrutivo (vícios, envolvimento afetivo com o primeiro que aparecer, álcool etc).

Jovem, valorize-se! Você tem uma missão, e parte dela eu já posso lhe dizer aqui… VIVA A SUA VIDA COM DIGNIDADE E RESPONSABILIDADE, não deixando que seu tempo precioso seja roubado por maus hábitos, mas sim que a sua vida seja construída com hábitos valorosos que o tornem mais humano e quem você é!

"Cada homem tem uma missão a realizar. Cada ser humano é único tanto em sua essência quanto em sua existência […], é um indivíduo particular, com suas características pessoais únicas, experimentado num contexto histórico único, num mundo que há oportunidades e obrigações especiais reservadas somente a ele". (Viktor Frankl, Psicoterapia e Existencialismo, pg. 63)



Rafaela Rodrigues

Rafaela Rodrigues, natural de Caçapava-SP, é missionária da Comunidade Canção Nova, no modo núcleo, desde 2018. Psicóloga desde 2017, Pós-graduada em Análise Existencial e Logoterapia Frankiliana. A missionária atua no Núcleo de Psicologia Canção Nova que tem por objetivo assessorar e auxiliar a formação dos membros desta instituição. E realiza pregações, bem como auxilia nos conteúdos midiáticos.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/chegou-a-hora-de-abandonar-aqueles-maus-habitos/

4 de agosto de 2025

Ensina-nos a rezar

Encontrar aqueles que se sentem sozinhos, estabelecendo relações de carinho, afeto, cuidado e gratidão

Em visita a uma anciã, cega de nascença, ouvi uma edificante declaração: "Ouço o Bispo pelos programas de Rádio, quando convida à participação na vida da Igreja. Sendo cega, descobri que minha contribuição é a oração, e rezo, nas intenções da Igreja, dez terços por dia! Penso que serve para alguma coisa!"

Certamente, essa pessoa faz mais do que o Bispo, ou os Padres, ou quem quer que esteja nas frentes pastorais de uma Diocese, pois oferta sua vida, suas limitações de saúde e, mais ainda, suas orações diárias! É com esse rico testemunho que desejamos celebrar o Dia dos Idosos e dos Avós, no domingo mais próximo da Festa de Sant'Ana e São Joaquim, pais da Virgem Maria e Avós de Jesus Cristo.

Créditos: doidam10 / GettyImagens

Trago, aqui, uma reflexão do Papa Leão XIV, na Mensagem para o Dia dos Idosos e Avós (Tema: "Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança" – cf. Sir 14,2), que nos introduz o tema da oração: "É necessária uma mudança de atitude, que testemunhe uma assunção de responsabilidade por parte de toda a Igreja. Cada paróquia, associação ou grupo eclesial é chamado a tornar-se protagonista da "revolução" da gratidão e do cuidado, a realizar-se através de visitas frequentes aos idosos, criando para eles e com eles redes de apoio e oração, tecendo relações que possam dar esperança e dignidade àqueles que se sentem esquecidos. A esperança cristã impele-nos, continuamente, a ousar mais, a pensar grande, a não nos contentarmos com o status quo. Neste caso específico, a trabalhar por uma mudança que devolva aos idosos a estima e o afeto. Por isso, o Papa Francisco quis que o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos fosse celebrado, em primeiro lugar, encontrando aqueles que estão sozinhos. E decidiu-se, pela mesma razão, que aqueles que não puderem vir a Roma, neste ano, em peregrinação podem "obter a Indulgência jubilar se se deslocarem para visitar, por um côngruo período, idosos em solidão, quase fazendo uma peregrinação em direção a Cristo presente neles (cf. Mt 25, 34-36)" (Penitenciaria Apostólica, Normas sobre a Concessão da Indulgência Jubilar, III). Visitar um idoso é um modo de encontrar Jesus, que nos liberta da indiferença e da solidão." Assim também, em nossa Igreja de Belém, é possível obter a Indulgência Plenária visitando um doente ou um idoso!

O fortalecimento do vínculo com Deus através da oração

Falamos de oração, indulgência, terço! Por que rezar? Como rezar? É bom lembrar nossa condição de criaturas. Não nos inventamos a nós mesmos, mas fomos resultado de um ato de amor, vindo da eternidade, chegados a esta terra pela Providência de Deus através de nossos pais. Só seremos felizes e realizados na comunhão com Aquele que nos criou e pôs em nossos corações uma sede de infinito, que chega à sua realização quando nos abrimos para este relacionamento com o Senhor. Em poucas palavras, rezamos ou oramos, como quisermos dizer, porque Deus nos fez para sermos felizes e realizados na comunhão com Ele, e nosso coração anda inquieto enquanto não encontrar este caminho.

A oração começa no alto, pelo que sua forma mais perfeita é a Oração de Eucaristia, quando o próprio Filho de Deus, em sua Morte e Ressurreição, faz presente seu Mistério, envolvendo-nos com sua Palavra, seu Corpo e Sangue e a participação em sua vida. Cada Missa bem participada é um mergulho na vida de Deus, quando nos dirigimos com Jesus presente em nosso meio, ao Pai, por Cristo e no Espírito Santo. Preparando-nos bem e comungando o Corpo e o Sangue de Cristo, saímos da Missa como verdadeiras procissões, na simplicidade de nosso dia a dia, mas capazes de fazer transbordar o que vivemos na Eucaristia.

Entretanto, entremos em nossos corações. No Sermão da Montanha, há um precioso ensinamento: "Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está no escondido. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa" (Mt 6,6). Entrar no quarto escondido de nossa alma, ouvir o Senhor, que nos fala no silêncio, agradecer, pedir, chorar, reclamar, acolher seus planos de amor. Ninguém precisa saber! Deus sabe! Este é um ato profundo de fé! Deus está presente e acolhe nossas preces!


Adorar é colocar o Senhor no centro para deixarmos de estar centrados em nós mesmos

E dele passamos à oração de adoração, diante de Jesus Eucaristia, presente em todos os Tabernáculos pelo mundo afora. Cresce a prática da Adoração em tantos lugares, e vale a pena acolher o precioso ensinamento do Papa Francisco na Epifania de 2020: "Descubramos de novo a adoração como exigência da fé. Se soubermos ajoelhar diante de Jesus, venceremos a tentação de olhar apenas aos nossos interesses. Adorar é fazer o êxodo da maior escravidão: a escravidão de si mesmo. Adorar é colocar o Senhor no centro para deixarmos de estar centrados em nós mesmos. É predispor as coisas na sua justa ordem, reservando o primeiro lugar para Deus. Adorar é antepor os planos de Deus ao meu tempo, aos meus direitos, aos meus espaços.

É aceitar o ensinamento da Escritura: 'Ao Senhor, teu Deus, adorarás' (Mt 4,10). 'Teu Deus': adorar é sentir que nos pertencemos mutuamente, eu e Deus. É tratá-lo por 'tu' na intimidade, é depor a seus pés a nossa vida, permitindo-lhe entrar nela. É fazer descer sobre o mundo a sua consolação. Adorar é descobrir que, para rezar, basta dizer 'Meu Senhor e meu Deus!' (Jo 20, 28) e deixar-me invadir pela sua ternura. Adorar é ir ter com Jesus, não com uma lista de pedidos, mas com o único pedido de estar com ele."

Mas a oração pode e deve acontecer também nos momentos mais difíceis. Tive a alegria de ouvir do Servo de Deus Cardeal Van Thuan o relato de que, nos períodos mais duros de sua longa estada de treze anos na prisão, quando sentia a tentação do desespero, apenas repetia os nomes de Jesus e Maria, o que lhe restituía a paz e a serenidade. Vale experimentar!

E como nos conhece, o Senhor nos deu de presente o "Pai-Nosso", na qual todos os sentimentos de fé em relação a Deus se fazem presentes na primeira parte da oração, assim como todas as necessidades essenciais da vida são resumidas na segunda parte. No rastro da oração do Pai-Nosso, encontramos uma infinidade de orações nascidas da piedade dos cristãos, na sucessão dos tempos, assim como tantas preces espontâneas com as quais o Espírito Santo nos ilumina para entrarmos em comunhão com Deus. E não nos esqueçamos da "Ave-Maria", oração de profunda raiz bíblica e de verdade professada pela Igreja!

É preciso rezar sempre! Demos a palavra ao Senhor, que tem toda a autoridade para recomendar-nos: "Pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a porta vos será aberta. Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate, a porta será aberta. Algum de vós que é pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu saberá dar o Espírito Santo aos que lhe pedirem!" (Lc 11,9-13).



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/ensina-nos-rezar-2/

3 de agosto de 2025

Confira o que é preciso para seguir a vocação sacerdotal

A vocação sacerdotal é um chamado amoroso de Deus que elege os que Ele deseja para continuar neste mundo a vida e a obra redentora de Seu Filho Jesus. Sendo um ministério de total consagração e configuração a Cristo, o sacerdócio é uma vocação que exige tempo, escuta e discernimento para se cumprir plena e conscientemente na vida daqueles que foram chamados por Deus.

O padre é um homem que vive em si a vida de Jesus, que sente e vive intimamente como seu tudo aquilo que é de Cristo: seu amor pelo Pai, seu zelo pelas almas, seu ardente desejo de salvá-las, seu sacrifício, sua entrega, seu Coração. O sacerdote compartilha do caráter de Cristo e faz as suas vezes santificando, abençoando e atuando como cura das almas, levando a todos os remédios eficazes advindos do mistério da Cruz do Senhor.

Aqueles que se sentem chamados a essa tão bela e sublime vocação devem viver um sério e profundo tempo de discernimento quanto a este modo e estado de vida, para que sua decisão pelo sacerdócio seja madura, clara e consciente, para o bem da Igreja e para a glória de Deus.

Créditos: Wesley Almeida/cancaonova.com

Passos para um bom discernimento da vocação sacerdotal

Um bom discernimento para a vocação sacerdotal pode ter como base cinco meios que ajudam os jovens que trazem este anseio no coração: a oração, a direção espiritual, a leitura, o autoconhecimento e a amizade espiritual.

Oração

Sendo a oração um diálogo de amor e amizade com Deus, e sendo o sacerdócio uma vocação por meio da qual Cristo chama a Si amigos mais íntimos para cuidar de seus interesses, é fundamental para aquele que deseja descobrir sua vocação estar, muitas vezes, a sós com Deus, em diálogo e em silêncio. A oração é o meio principal por meio do qual Deus fala aos seus eleitos e confirma-os na Sua vontade. É importante, portanto, trilhar um caminho sério e disciplinado de vida de oração, tendo como elementos centrais a Palavra de Deus e a Eucaristia, com momentos de leitura e meditação das Sagradas Escrituras, bem como a adoração do Santíssimo Sacramento e a participação da Santa Missa. São nesses momentos de encontro com Deus que a alma se dilata para ouvi-Lo, para descobrir Sua voz e para se decidir segundo a vontade divina.


Ninguém é bom juiz em causa própria, a natureza humana necessita de auxílios humanos para se desenvolver e amadurecer. Sendo o homem limitado nos seus juízos, o auxílio de uma pessoa experiente, de preferência um sacerdote que já trilhou este caminho, ajudará o jovem vocacionado a lidar com dúvidas, medos, crises e dificuldades que, porventura, pode viver neste caminho de descobertas. A direção espiritual é fundamental para se seguir com segurança e sem erros o caminho da vocação.

Ler e estudar sobre o tema do sacerdócio também auxilia o jovem que vive este discernimento, uma vez que o estudo voltado para essa temática o ajudará a descobrir as ressonâncias e as correspondências que existem em seu interior quanto ao sacerdócio. Ler e aprofundar os documentos e catecismos da Igreja sobre o sacerdócio, bem como livros sobre o tema, é um apoio salutar e enriquecedor na caminhada de todo vocacionado.

O autoconhecimento

Conhecer-se é um aspecto fundamental para um bom discernimento. Quem aspira ao sacerdócio deve mergulhar dentro de si e perguntar-se sobre suas aspirações, sonhos e desejos. Conhecer e reler sua história à luz da salvação de Jesus e encontrar nela os sinais e os traços da vocação. A história pessoal pode se tornar caminho de muitas descobertas com relação ao futuro e à vocação. Não ter medo de se conhecer é um passo importante e salutar no caminho para descobrir o querer e a vontade de Deus.

Amizades que levam você à sua vocação

Na vida, ninguém pode viver sem os amigos. Na amizade, experimentamos um amor gratuito, seguro e saudável. As amizades verdadeiras, ancoradas em Deus, são meios preciosos de encontro com Deus e com Sua vontade. A partilha do coração com os amigos, com aqueles que nos conhecem em profundidade, também nos coloca em segurança na descoberta da vocação. Se os amigos aspiram também à vocação sacerdotal, esse caminho se torna mais suave, feliz e seguro.

Assim, por essas vias tão importantes, o jovem — que se sente chamado ao sacerdócio —, poderá encontrar com serenidade e confiança o desígnio de Deus para sua vida e a realização plena de sua existência. É muito feliz quem realiza sua vocação. E o caminho até ela também pode ser marcado pela alegria e pela segurança se formos dóceis e abertos aos benditos meios que Deus nos dá. Deus abençoe você!

Padre Willian Guimarães – Comunidade Canção Nova 


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/sacerdocio/confira-o-que-e-preciso-para-seguir-a-vocacao-sacerdotal/

2 de agosto de 2025

Discernir a vocação: um caminho de fé e santidade

Matrimônio: um chamado universal para a santidade no amor

A fé da Igreja nos permite dizer que o casamento é uma vocação, que convém preparar-se para ele e vivê-lo como um chamado para a santidade. Chamando-nos para a vida, Deus nos chama para a liberdade, para o compromisso concreto da nossa inteligência e da nossa vontade. Deus nos ajuda no discernimento que devemos fazer. Mas, em nenhum caso, Ele nos substitui na escolha que nos cabe.

Se o casamento é uma autêntica vocação, ele deve conduzir os felizes beneficiários a viver no amor e a realizar, nesta condição de vida, a vocação universal ao amor, que é próprio de todo homem. Portanto, é com esses sentimentos que convém nos prepararmos para o casamento. Para saber se amamos realmente alguém com o objetivo de nos casar, devemos observar se existe em nós o 'desejo de fazer o outro feliz'. Estou pronto para lhe dar tudo, até a minha própria vida, realizando assim o mandamento do amor que Cristo confiou aos Seus discípulos na véspera da Sua morte?

Discernir a vocação: um caminho de fé e santidade

Créditos: FG Trade / GettyImagens

Somos vocacionados ao amor

O casamento é a realização deste chamado universal para a santidade no amor, que caracteriza toda a vida humana. Se o casamento pode ser considerado uma autêntica vocação, é porque ele só pode ser vivido, pelos batizados, sob o olhar de Deus. Já que a liberdade consiste em realizar plenamente, na fidelidade, aquilo para que o Senhor nos chama, convém nos encontrarmos sempre com Deus para viver plenamente a graça do casamento.

Toda vocação concerne, em primeiro lugar, ao próprio interessado, mas visto que ela é um ato de Deus, inclui os outros. Nesse sentido, um lar cristão, por sua existência, é uma testemunha viva prestada ao amor de Deus. 'Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu'. ( Mt 5,14-16).

Doar-se por amor a Deus e à Igreja através do sacerdócio

Ser padre é, primeiro, uma dádiva que Deus faz livremente à sua Igreja, sem nenhum mérito da parte deles, homens que servirão o povo de Deus pelo anúncio da boa nova. É uma dádiva que Deus faz livremente àquele que Ele está chamando: 'Não foram vocês que me escolheram, diz o Senhor, mas fui eu que escolhi vocês' ( Jô 15,16). Ser padre é uma graça feita à Igreja, pois o ministério do padre estrutura o corpo de Cristo, que é a Igreja. Ser padre é também uma responsabilidade para aquele que, dia após dia, deve guiar e santificar seus irmãos, levando-os pelo caminho da santidade.

Ser padre, enfim, é uma alegria profunda para aquele que, com seus irmãos padres, torna-se o colaborador do bispo no anúncio da boa nova da salvação e o dom da vida através dos sacramentos, o da Eucaristia em particular. O sacerdócio é um dos sinais do amor e fidelidade de Deus. Ele escolhe homens para colocá-los a serviço do povo numa dádiva definitiva da sua existência a Cristo, cabeça da Igreja. Este chamado de Deus pode se manifestar muito cedo. É preciso acolher com muito respeito o que a criança pode viver, sem substituir a vontade de Deus colocando-se depressa no lugar d'Ele.

Quando o chamado se faz mais preciso, na adolescência, surgem muitas perguntas, e o jovem precisa então encontrar, no seu caminho, testemunhas confiáveis. A direção espiritual é mais do que nunca benéfica e deve ocorrer num clima de liberdade, em contato com os pais, quando isso for possível, pois a direção espiritual acompanha o crescimento humano e intelectual do jovem.

Vocação não é fuga, mas chamado de Deus

São muito importantes os estudos. Uma coisa é certa: não entramos para o seminário porque fracassamos em outras atividades. Não entramos para o seminário porque não nos interessamos pelos outros estudos, mas somos, segundo pretendemos, atraídos unicamente pelos estudos religiosos, pois ser capaz de mais tarde dar nossa vida para o serviço da Igreja supõe que somos capazes, no momento presente, de dar o melhor de nós mesmos. A vocação sacerdotal é um chamado de Deus que se exprime subjetivamente pela alegria e pelo desejo de responder generosamente a este chamado.

As vocações chamadas 'tardias' são cada vez mais frequentes hoje em dia. Elas demonstram as dificuldades que os jovens encontram para fazer o discernimento da sua vocação antes de entrar para a vida ativa. O chamado de Deus pode assim ser ouvido em todas as idades, e é normal que todo cristão se questione sobre ele num momento ou noutro da sua vida.


Nada é mais precioso que o testemunho dado pelos próprios padres sobre a beleza de sua vocação e a alegria que proporciona o serviço do povo de Deus e o anúncio da boa nova. Um padre feliz no seu ministério faz, sem ele mesmo o saber, muito bem, pois é certo que a identificação possível com um padre é para um jovem critério importante no desenvolvimento da sua própria vocação.

A vida religiosa e a consagração total a Deus

Entre as numerosas vocações que o Senhor suscita na sua Igreja, há uma que fascina e desconcerta ao mesmo tempo: é a vida religiosa. Ela fascina porque exprime com firmeza que Deus pode satisfazer uma vida a ponto de podermos abandonar tudo para nos ligarmos somente a ele.

O que caracteriza de fato o chamado para a vida religiosa é esta consagração total de todo o ser a Deus, através da imitação de Cristo na profissão dos conselhos evangélicos: a pobreza, a castidade e a obediência. A vida religiosa é o cumprimento pleno da graça recebida no batismo e na confirmação que um homem ou uma mulher pode entregar totalmente sua vida a Deus vivendo como Cristo, pobre, casto e obediente.

Discernimento vocacional exige orientação espiritual

As formas de vida religiosa são múltiplas adaptadas aos diferentes chamados que Deus suscita: vida contemplativa, vida ativa a serviço do apostolado, vida consagrada ao serviço dos mais pobres, mais necessitados. Portanto, é essencial que o jovem ou a jovem tenham, conhecimento da existência de tais instituições. Os pais possam encarar serenamente uma vocação religiosa entre os seus próprios filhos. Reza-se muito pelas vocações, desde que elas não sejam da sua própria família.

O acompanhamento espiritual é aqui mais que necessário. Somente depois de uma orientação espiritual e de um discernimento, é possível visar a uma experiência mais concreta numa comunidade particular. O discernimento espiritual permite ganhar tempo e evitar desilusões.

A vida consagrada no mundo

Sempre mais numerosos são os cristãos que consagram suas vidas ao serviço da Igreja sem ter, por isso, adotado a vida religiosa. Esta dádiva de Deus constitui uma das riquezas da vida da Igreja após o Concílio Vaticano II. Os batizados são como o fermento no meio da massa, eles são do mundo sem serem do mundo. ( cf. Jô 17,14-19). Lembra assim, que todo batizado é chamado de uma maneira ou outra para prestar testemunho de Deus por toda a sua vida.

FONTE: Como discernir sua vocação
Pe. Hervé Soubias – Ed. Paulinas.
http://www.catolica.com.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/discernir-a-vocacao-um-caminho-de-fe-e-santidade/


1 de agosto de 2025

Deus chama o Seu povo a viver a santidade

Desde a Antiga Aliança, realizada por meio dos Patriarcas, Deus chama o povo à santidade: 'Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque Eu sou Santo' (Lv 1,44-45).

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT.

O desígnio de Deus é claro: uma vez que fomos criados à sua "imagem e semelhança" (Gen 1,26), e Ele é Santo, nós temos que ser santos também. O Senhor não deixa por menos. A medida, a essência dessa santidade é o próprio Deus. São Pedro repete essa ordem dada ao povo no deserto, em sua primeira carta, convocando os cristãos para imitar a santidade de Deus: "A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: 'Sede santos, porque eu sou santo'" (1Pe 1,15-16).

São Pedro exige dos fiéis que "todas as vossas ações" espelhem esta santidade de Deus, já que "vós sois uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiqueis o poder daquele que das trevas vos chamou à sua luz maravilhosa" (1Pe 2,9). Para São Pedro, a vida de santidade era uma imediata consequência de um povo que ele chamava de "quais outras pedras vivas (…), materiais deste edifício espiritual, um sacerdócio santo" (1Pe 2,5).

O cristão é chamado a viver a santidade

Neste sentido, exortava os cristãos do seu tempo a romper com a vida carnal: "Luxúrias, concupiscências, embriagues, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias" (1Pe 4,3), vivendo na caridade, já que essa "cobre a multidão dos pecados" (1Pe 4,8).

Jesus, no Sermão da Montanha, chama os discípulos à perfeição do Pai: "Sede perfeitos assim como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48). Essas palavras fazem eco ao que Deus já tinha ordenado ao povo no deserto: "Sede santos, porque eu sou santo" (Lv 11,44). Jesus falava da bondade do Pai, que ama não só os bons, mas também os maus, e que "faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos" (Mt 5,45). Jesus pergunta aos discípulos: "Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?"(46). Para o Senhor, ser perfeito como o Pai celeste é amar também os inimigos, os que não nos amam. "Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e vos maltratam"(44). E mais ainda: "Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra"(39).

Sem dúvida, não é fácil viver essa grande exigência que Jesus nos faz, mas é por isso mesmo que, ao cumpri-la, vamos nos tornando santos, perfeitos, assim como o Pai celeste.

O caminho de santidade não é fácil

Todo o Sermão da Montanha, que São Mateus relata nos capítulos 5, 6 e 7, apresenta-nos o verdadeiro código da santidade. É como dizem os teólogos, a "Constituição do Reino de Deus". Santo Agostinho nos assegura que: "Aquele que quiser meditar com piedade e perspicácia o Sermão que nosso Senhor pronunciou no Monte, tal como o lemos no Evangelho de São Mateus, aí encontrará, sem sombra de dúvida, a carta magna da vida cristã" (CIC, Nº 1966). Por isso, na festa de todos os santos, a Igreja nos faz ler, no Evangelho as Bem-aventuranças, que são o início, e como que o resumo, de todo o Sermão do Monte.

É importante perceber que São Paulo começa quase todas as suas cartas lembrando os cristãos do seu tempo de que são chamados à santidade. Aos romanos, logo no início, ele se dirige dizendo: "A todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos" (Rom 1,7). Aos coríntios, ele repete: "à Igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Cristo Jesus chamados à santidade com todos" (1Cor 1,2). Aos efésios, ele lembra, logo no início, que o Pai nos escolheu em Cristo: "Antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos" (Ef 1,5). Aos filipenses, ele pede que "o discernimento das coisas úteis vos torne puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo" (Fil 1,10).

"Fazei todas as coisas sem hesitações e murmurações, a fim de serdes irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus íntegros no meio de uma geração má e perversa" (Fil 2,14) .


Para o Apóstolo, a santidade é a grande vocação do cristão. Ele diz aos efésios: "Exorto-vos, pois (…), que leveis uma vida digna da vocação a qual fostes chamados, com toda humildade, mansidão e paciência" (Ef 4,1). De maneira mais clara ainda, ele fala aos tessalonicenses sobre o que Deus quer de nós: "Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza; que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santificação e honestidade, sem se deixar levar pelas paixões desregradas como fazem os pagãos que não conhecem a Deus" (1 Tess 4,3-5).

Aos cristãos de Corinto, Paulo volta a insistir na sua segunda carta: "Purifiquemo-nos de toda a imundice da carne e do espírito realizando a obra de nossa santificação no temor de Deus" (2 Cor 7,1). Para o Apóstolo, a santificação de cada um é como a realização de uma obra muito importante.

E também a carta aos Hebreus, escrita por São Paulo ou algum dos seus discípulos, nos manda procurar a santidade: "Procurai a paz com todos e, ao mesmo tempo, a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor" (Heb 12,14).

Todas essas passagens da Sagrada Escritura, e muitas outras, deixam claro a nossa vocação para uma vida de santidade. Santa Teresa de Ávila afirma: "O demônio faz tudo para nos parecer um orgulho o querer imitar os santos". A santidade ainda não é um fim, mas o meio de voltarmos a ser "imagem e semelhança" de Deus, conforme saímos de suas mãos.

A imagem e semelhança de Deus

São Paulo ensina, na Carta aos Romanos, que Deus nos quer como autênticas imagens de Jesus: "Os que ele distinguiu de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que este seja o primogênito entre uma multidão de irmãos" (Rom 8,29).

A santificação, portanto, consiste em cada cristão se transformar numa cópia viva de Jesus, "um outro cristo" como diziam os santos Padres. Quando a imagem de Jesus estiver formada em nossa alma, então teremos chegado à meta que Deus nos propõe. É aquele estado de vida que levou, por exemplo, São Paulo a exclamar: "Eu vivo, mas já não sou mais eu, é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus" (Gal 2,20).

Jesus sofreu toda a Sua Paixão e Morte a fim de que recuperássemos, diante do Pai, a santidade. É o que o apóstolo nos ensina: "Eis que agora Ele vos reconciliou pela morte de seu corpo humano, para que vos possais apresentar santos, imaculados, irrepreensíveis aos olhos do Pai"(Col 1,22).

 



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/deus-chama-o-seu-povo-a-viver-a-santidade/

31 de julho de 2025

Vencer a si mesmo, ordenar a vida e os afetos

O jovem Iñigo, antes de se tornar Inácio de Loyola

O jovem Iñigo (1491), antes de se tornar Inácio de Loyola, viveu intensamente uma vida como a maioria dos jovens rapazes do seu tempo. Iñigo, antes da conversão, arriscou a vida toda por suas paixões e pela meta que ele tinha, ser grande, alcançar a glória do mundo. Mas foi na batalha de Pamplona (1521) que a vida dele deu uma guinada.

Santo Inácio de Loyola.

Uma bala de canhão foi suficiente para redimensionar tudo em sua vida. Acamado e impossibilitado de voltar às batalhas e defender o reino ao qual servia, iniciou uma grande batalha de volta à sua própria vida e história. Pouco a pouco, ele foi sendo conduzido ao que hoje chamamos de primeira conversão a partir da leitura espiritual da vida de Cristo e dos Santos. Percebeu o quão vazia e desprovida de sentido estava a sua vida. Entrou em crise e optou por ir atrás de responder as perguntas que bateram à sua porta naquele momento da vida: qual o sentido da minha vida? O que posso fazer por Cristo? Se alguns santos fizeram tanto, por que eu também não posso? E assim, deixou tudo para trás e saiu meio manco em busca de si mesmo e de Deus.

A profunda experiência mistica de Inácio de Loyola

Em Manresa, à beira do Rio Cardoner, ele fez uma profunda experiência mistica, quando percebeu que tudo vinha de Deus e para ele voltava. Viu, aí, o movimento da sua vida, e que esta deveria voltar para Deus como serviço e amor. Serviu aos pobres, mendigou, mas nunca mais abandonou a sua vida interior.

Foi sentado à beira do rio da sua vida que ele se abriu à nova etapa da peregrinação interior, a qual chamamos de segunda conversão. Ele percebeu que era necessário sair do centro, sentir e saborear o modo como Deus trabalha sempre e como cuida de tudo e de todos. Percebeu como todas as coisas brotavam do alto, e também que tudo o que tinha e era, assim como os dons particulares, provinha de Deus.

Passo a passo, Inácio de Loyola vai anotando tudo o que vivia internamente e, assim, nasceram os Exercícios Espirituais e o Diário Espiritual. Dois registros fundam então uma escola nova, conduzindo homens e mulheres na direção daquele que tudo habita.

As duas etapas da conversão de Inácio

As duas etapas da conversão de Inácio fizeram brotar para a Igreja um vasto material escrito e, ao mesmo tempo, prático, uma vez que Inácio aplicava o que escrevia na vida de várias pessoas. O seu ministério, primeiro como leigo e depois como padre, foi a escuta profunda e a pregação de Exercícios espirituais.

Inácio inaugurou alguns novos modos de orar a partir da atenção e da respiração, ao mesmo tempo, do encontro com o Senhor "como um amigo fala a outro amigo", fazendo brotar uma oração que criava relação da criatura com o Criador.

Essa nova relação, em silêncio e escuta profunda, ajudou que fossemos em direção àquilo que nos falava dentro, ajudando-nos a perceber que o que sentíamos tinha nomes: consolação e desolação. Essa identificação, silêncios, orações, atenção plena na vida e na palavra, nos ajudariam a tomar decisões e fazer escolhas, "eleições" para a vida, ou mesmo reformá-las, mas sempre a partir da ordenação dos afetos e da vida interior, para que não nos deixássemos decidir por afetos desordenados. Sendo assim, a espiritualidade inaciana é fruto da experiência vivida por Inácio, aplicada por ele na vida de outras pessoas, e que hoje figura como um tesouro cada dia mais atual.

Inácio de Loyola, o santo do discernimento

Inácio de Loyola, o mestre dos desejos, é o santo do discernimento. Ele aponta para esta mais do que nunca necessária vida interior e, ao mesmo tempo, aponta para uma fé acompanhada, ou seja, potencializou o papel fundamental da orientação espiritual, mostrando que Deus fala e se relaciona, mas que é necessária uma terceira escuta, a de uma pessoa que ajuda a discernir as "moções interiores" em busca da tão desejada vontade de Deus. Imaginemos que estamos falando do século XVI, quando tudo estava se abrindo ao mundo moderno e que, ao mesmo tempo, estava a Igreja vivendo um momento de mística profunda com os tão grandes místicos espanhóis, como Teresa e João da Cruz.

Neste caminho, Inácio de Loyola torna-se referência para quem quer entrar neste caminho de peregrinação interior, afinal, ele mesmo se intitulou de o Peregrino em sua autobiografia. Ele tinha muito claro que habitava um momento da história em que era necessário lucidez, discernimento e generosidade para servir e amar a Cristo e a Igreja de Cristo.


Vencer a si mesmo, ordenar a vida e os afetos

A história de Inácio de Loyola é um hino de gratidão ao modo como Deus trabalha em nossa alma, mesmo que não tenhamos a clareza suficiente, mas ele nos revela na história de tal santo que o seu amor nunca nos abandona, e que sempre é tempo de voltar para casa, habitar a sua casa interior e não ter medo de fazer as perguntas fundamentais para a vida e para vencer as batalhas mais profundas: o que fiz por Cristo? O que faço por Cristo? O que devo fazer por Cristo? Com estas perguntas, nunca estaremos longe de conhecer a Sua vontade.

Vencer a si mesmo, ordenar a vida e os afetos será sempre um convite para quem deseja ir na contramão de uma sociedade sem espírito, sem alma e sem eternidade, que valoriza o estético, o tétrico e a falta de empatia com os irmãos e irmãs, de modo especial os preferidos do Reino, os mais pobres.

O Exemplo de Inácio de Loyola nos ajuda, hoje, a entender que sem a oração pessoal, sem o silêncio e sem o discernimento, não estaremos prontos para escutar o Espírito que fala à Igreja, como nos lembrava tanto o Papa Francisco em seu caminho sinodal, sendo hoje, aprofundado pelo Santo Padre Leão XIV. A santidade hoje passa pela vida interior, pelo serviço e pela generosa abertura ao "Espírito que ora em nós", para que aprendamos dele, "pois não sabemos orar como convém".

Santo Inácio, interceda por nós. Amém.

Pe. José Laércio de Lima SJ


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/vencer-a-si-mesmo-ordenar-a-vida-e-os-afetos/

30 de julho de 2025

Como está o barco da sua vida: estacionado ou navegando?

Você já viu algum barco lindo, porém, parado, estacionado? Sempre quando vejo, fico pensando como eles estariam mais "bonitos" se estivessem sendo utilizados. Se eles estivessem transportando pessoas, com certeza, eles alegrariam o coração de todos que estivessem a bordo através de seus passeios em alto mar, trariam a felicidade da descoberta de um local desconhecido.

A paz vinda pelo avanço nas águas, a suavidade interior ocasionada pelo frescor do vento em seus rostos, aquele friozinho gostoso na barriga pelos balanços provocado pelo movimento da água; enfim, muita coisa poderia acontecer se eles estivessem em exercício, e não estacionados.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / Chat GPT.

Como está o seu barco?

Muitas vezes, nós somos esse barco lindo, mas ancorado, que esqueceu que não foi feito para ficar no porto, mas para navegar. Podemos pensar em nossos dons como esse barco lindo, mas parado. Quantos dons carregamos em nós! Mas, em vez de usá-los, nós os deixamos ali guardados dentro de nós.

Às vezes, algumas pessoas até sabem que temos esses dons, e elas só podem ter uma lembrança ou um "ouvir falar", mas nunca vão vê-los em ação, porque não os colocamos em prática. Por inúmeros motivos, não expomos nossos dons, ora porque não achamos que sejam tão bons quanto deveriam ser, ora por vergonha, ora por não querer assumir as responsabilidades que vêm com eles, e então nos fechamos, não os colocamos a serviço do outro, não beneficiamos alguém com aquilo que nos foi dado pelo próprio Deus.


Como você tem usado seus dons?

Todo dom vem de Deus, e mesmo que tenhamos despejado esforços para que eles fossem aprimorados ou se tornassem naturais em nós, foi o bom Senhor que nos concedeu. E nos deu com um propósito.

Que nunca nos esqueçamos: é dom, mas também é tarefa. É um presente que recebemos para presentear a outros.

Você já sabe quais são os seus dons? Eles estão sendo usados ou estão guardados?



Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). É graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido. Instagram: @regianecn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/como-esta-o-barco-da-sua-vida-estacionado-ou-navegando/