O estilo de Deus é a paciência
 Ao receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1970,  Alexander Soljenítsin, famoso historiador e escritor russo, pronunciou  essas palavras: "Consagrei-me durante 50 anos ao estudo. Li centenas de  livros, reuni muitos testemunhos pessoais, publiquei oito obras. Hoje,  se tivesse de resumir o mais brevemente possível a verdadeira causa de  nosso problema, só teria uma explicação: o homem esqueceu-se de Deus...  E se me pedissem que dissesse claramente qual a maior ameaça, ainda  assim não acharia outra coisa a dizer, senão que o homem se esqueceu de  Deus".
Os jornalistas não deram muita atenção a este chamado para voltarmos ao Senhor. Contudo, reconheçamos que a conclusão do escritor é oportuna. A Sagrada Escritura apresenta a história da humanidade, que optou por viver sem Deus como um drama renovado constantemente. Os progressos que o homem faz só mostram, de maneira mais evidente, as limitações e o abismo que o separa da satisfação plena. De fato, os progressos não beneficiam a todos e não preenchem o vazio do coração.
A constatação de Soljenítsin nos lembra que Deus, amorosamente, sempre nos convida a voltarmos para Ele.  Primeiro, é necessário reconhecer, diante d'Ele, que O temos  desprezado. De muitas maneiras O temos desprezado. Peça perdão ao Pai e  volte para Ele, que é bom e misericordioso em perdoar, "e pronto a renovar sua vida, e abundante em benignidade para todos os que te invocam" (Salmo 86,5). "Vinde e tornemos ao Senhor" (Oséias 6,1). Só no bom Deus se encontra o verdadeiro sentido para a vida.
  
  "A tentação de colocar Deus de lado para, assim, colocarmos a nós  mesmos no centro, está sempre à espreita. Deus é paciente com os  homens, porque os ama; e quem ama compreende, espera, dá confiança, não  abandona, não corta as pontes, sabe perdoar. O estilo do Senhor é a  paciência. Ele nunca se cansa de perdoar. Somos nós quem nos cansamos  de Lhe pedir perdão. Voltemos ao Senhor, pois ele nos espera para nos  perdoar", assim declara como pastor amoroso o Papa Francisco  (L'osservatore Romano, 14/04/2013, pp.1 e 3).
 O bom Deus vive  em amor nas profundezas do nosso ser. O grande gênio, bispo e doutor da  Igreja, Santo Agostinho exclamava: "Deus me é mais íntimo que meu  íntimo, mais íntimo que eu a mim mesmo".

Padre Inácio José do Vale
pe.inacio.jose@gmail.com
  
Padre Inácio José do Vale é professor de História da Igreja no Instituto de Teologia Bento XVI (Cachoeira Paulista). Também é sociólogo em Ciência da Religião.
