A tarefa de ser portadores de uma vida nova
 Como o bem tende a se   difundir, todos os discípulos autênticos de Jesus Cristo são igualmente   chamados à missão para sair de si mesmos e trabalhar pelo Reino de   Deus. São palavras que caminham juntas, de tal forma que "discípulo"   quer dizer "discípulo missionário". Não faz parte de sua proposta de   vida o acomodamento e a passividade, mas a audácia, a criatividade e o   testemunho. O mesmo Senhor que chamou Seus discípulos enviou-os em   missão (Cf. Lc 10,1-20). Cristo lhes oferece indicações precisas, cuja   atualidade deve ser reconhecida em nosso tempo pelos cristãos de todos   os estados de vida e condições sociais.
São enviados! Não vivem apenas para defender suas próprias ideias, mas abraçaram com liberdade e coragem a tarefa de ser portadores de uma vida nova, descoberta no próprio Senhor. Não vivem para os próprios sentimentos ou segundo as emoções e humores de cada momento, mas se transformam em verdadeiros embaixadores. São ousados, a ponto de tomarem como próprias palavras exigentes como as pronunciadas por São Paulo, nascidas de profunda convicção: "Quanto a mim, que eu me glorie somente da cruz do nosso Senhor, Jesus Cristo. Por ele, o mundo está crucificado para mim, como eu estou crucificado para o mundo" (Gl 6,14). Onde quer que estejam possam dizer com o Apóstolo: "Trago em meu corpo as marcas de Jesus" (Gl 6, 17).
Enviados   dois a dois! Para que o Senhor esteja sempre entre eles (Mt 18,20),   preferem a comunhão ao isolamento, compartilham ideias e experiências,   ajudam-se mutuamente, descobrem a luz que lhes vêm da caridade vivida,   acolhem a correção fraterna.
 Cordeiros no meio de lobos! Suas   "armas" não são a agressividade e a desconfiança. Acreditar na "não   violência ativa" é o desafio para sua presença na sociedade, a fim de se   tornarem capazes de dialogar, acolher as diferenças entre as pessoas e   tecerem novas relações, pouco a pouco, "fazendo a hora acontecer",   presentes em todos os setores da vida social e política, fazendo a   diferença para melhor!
 Não levam bolsa, sacola nem sandálias   pelo caminho! São expressões fortes usadas por Jesus para indicar aos   discípulos missionários, de qualquer tempo ou cultura, que sua segurança   não está na riqueza ou na quantidade de bens materiais disponíveis, mas   na força da mensagem de que são portadores. Saberão, sim, usar todos os   meios disponíveis, das caminhadas pelas estradas da Galileia, passando   pelas grandes incursões missionárias de todos os tempos, para depois   usar com inteligência e perspicácia os meios disponíveis em nossa época,   sem desprezar, em qualquer circunstância, o contato pessoal.
 "A   paz esteja nesta casa". Dizer isso com a boca ou com o testemunho é   tarefa indispensável para todos os cristãos. Serão homens e mulheres   portadores daquele que traz a paz e é, ele mesmo, a paz. Sua presença   ouvirá os contrários e descobrirá caminhos de reconciliação e amizade   sem tomar partido que não seja o da verdade.
 Aonde chegam, os   discípulos missionários valorizam o que lhes é oferecido, curam os   doentes e anunciam a chegada do Reino de Deus. Se o Senhor lhes concede o   dom da cura e dos milagres, usam-no com humildade. Mas saberão sempre   sanar pessoas e relacionamentos, com o dom mais sublime, o da caridade   (Cf. 1 Cor 12,31 – 13,13).
 Como encontrar tais pessoas, já que parecem tão raras, pelas suas características? "A   colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao   Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua messe" (Lc 10,   2). Só o Senhor pode transformar em operários os que se encontrarem   ociosos (Cf. Mt 20, 1-16) ou fazer de possíveis mercenários autênticos   pastores, dispostos a darem a própria vida. Em todos os setores da vida,   da sociedade e da Igreja existem, tenho certeza, homens e mulheres que,   hoje, não amanhã, podem dar uma resposta genuína ao chamado de Deus,   vindo a se tornarem autênticos missionários. Encontram-se espalhados por   aí e podem ser despertados pelas gritantes realidades que nos cercam,   através das quais o Senhor lhes fala e convoca! Há que pedir que   o Pai do Céu os acorde! Misteriosamente, Deus quer depender de nossas   orações para que surjam novos missionários e para que todos os   discípulos de Jesus sejam transformados em missionários!
   Temos a alegria de ver que jovens nascidos em nosso meio respondem ao   chamado de Deus. No dia seis de julho, data em que agradeço a Deus os   vinte e dois anos de Ordenação Episcopal, quatro jovens de nossa Igreja –   Everson Vianna Corrêa, Fabrício da Silva Albuquerque, Maurício Henrique   Almeida dos Santos e Valdinei de Lima Silva – serão ordenados diáconos,   assumindo o serviço da Caridade, da Palavra e do Altar. Assumirão   publicamente, "nadando contra a correnteza" no mundo em que vivemos, o   compromisso do celibato pelo Reino de Deus. Farão, conscientemente, a   promessa de obediência, nas mãos do bispo, para servir o povo de Deus.   Daqui a alguns meses, serão padres para a Igreja de Belém (PA). Eles   aceitaram ser resposta amorosa e providente de Deus ao pedido por novas e   santas vocações! Seu gesto seja testemunho vivo para muitas pessoas,   crianças, adolescentes, jovens e adultos. Rezemos com a Igreja: "Enviai,   Senhor, operários para a vossa messe, pois a messe é grande e poucos   são os operários!".

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA
Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.

 
 
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